Você está na página 1de 20

Aulas 25 e 26

A coesão
Redação
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
AS Atividades de Sala TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO. Por exemplo, TEXTO
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
A coesão, grosso modo, são os recursos que usamos TO TEXTO TEXTO. Logo, TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
para tornar a relação entre frases e períodos e entre TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO.
os parágrafos do texto mais clara e precisa. No geral, TEXTO TEXTO TEXTO, em suma, TEXTO TEXTO TEX-
utilizamo-la apoiada no léxico e na gramática. TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
• Coesão apoiada no léxico: repetição, sinônimos ou TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
palavras quase sinônimas, hipônimos, hiperônimos, TO TEXTO TEXTO, na medida em que TEXTO TEXTO
nominalizações, substitutos universais, enunciados TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
que estabelecem a recapitulação da ideia global. TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
• Coesão apoiada na gramática: pronomes, advér- TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO. A partir
bios e expressões adverbiais, artigos, conjunções disso, TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
ou locuções conjuntivas, numerais, elipses, as con- TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
cordâncias verbais e nominais, a correlação entre TO TEXTO TEXTO TEXTO.
os tempos verbais. /HPEUHVH GH TXH XP WH[WR HÀFLHQWH VHUi DTXHOH
Espera-se que a coesão esteja marcada na disserta- que puder apresentar uma coesão interna (cronologia,
ção pelo intraparágrafo (dentro) e pelo interparágrafo dedução, contra-argumentação etc.) e externa (cau-
(entre): sa-consequência, cronologia, maior-menor etc.) com
equilíbrio e pertinência.
TEXTO TEXTO TEXTO
Estudando Juntos
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
O longa-metragem nacional “Na Quebrada” re-
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
vela histórias reais de jovens da periferia de São
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violên-
TEXTO. Nesse contexto, TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
cia e pobreza, encontram no cinema uma nova pers-
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
pectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
transformador da cultura por intermédio do Institu-
TO TEXTO TEXTO TEXTO. $ÀQDO, TEXTO TEXTO TEXTO
to Criar, que promove o desenvolvimento pessoal,
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
VRFLDOHSURÀVVLRQDOGRVDOXQRVSRUPHLRGDVpWLPD
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO?
arte. Apresentando-se como um retrato social, tal
TEXTO TEXTO, inicialmente, TEXTO TEXTO TEXTO obra, contudo, ainda representa a história de parte
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX- PLQRULWiULDGDSRSXODomRKDMDYLVWDRGHÀFLWiULRH
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX- classes menos favorecidas. Todavia, para que haja
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO. Consequentemente, uma reversão do quadro, faz-se necessário analisar
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX- as causas corporativas e educacionais que contri-
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO buem para a continuidade da problemática em ter-
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX- ritório nacional.
TO TEXTO. Desse modo, TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
Deve-se destacar, primeiramente, o distancia-
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX-
mento entre as periferias e as áreas de consumo de
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO
DUWH $FHUFD GLVVR RV ÀOyVRIRV $GRUQR H +RUNKHL
2EM2021AP3

TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO.


mer, em seus estudos sobre a “Indústria Cultural”,
Não só TEXTO TEXTO TEXTO, como também TEXTO DÀUPDUDP TXH D DUWH QD HUD PRGHUQD WRUQRXVH
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO. Segundo o objeto industrial feito para ser comercializado, ten-
TEXTO TEXTO TEXTO, TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEX- GRÀQDOLGDGHVSULRULWDULDPHQWHOXFUDWLYDV6REHVVH
TO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO SULVPD HPSUHVDV IRUQHFHGRUDV GH ÀOPHV FRQFHQ
TEXTO TEXTO TEXTO TEXTO. De fato, TEXTO TEXTO

Red 249
tram sua atuação nas grandes metrópoles urbanas, sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, po-
regiões onde prevalece a população de maior poder der-se-á expandir a ação transformadora da sétima
aquisitivo, que se mostra mais disposta a pagar um arte retratada em “Na Quebrada”, criando um legado
maior valor pelas exibições. Essa prática, no entan- duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento
to, fomenta uma tendência segregatória que afasta social em território nacional.
o cinema das camadas menos abastadas, contribuin- Gabriel L.
GR SDUD D GLÀFXOGDGH QD GHPRFUDWL]DomR GR DFHVVR Tema (ENEM/2019): Democratização do acesso ao cinema no Brasil.
https://g1.globo.com/educacao/enem/2019/noticia/2020/01/17/
a essa forma de expressão e de identidade cultural
enem-2019-veja-integra-de-redacoes-nota-1-mil.ghtml. Consulta:
no Brasil. 22/01/2021.
Ademais, uma análise dos métodos da educação
Anotações
nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se
uma insuficiência de conteúdos relativos à apro-
ximação do indivíduo com a cultura desde os pri-
meiros anos escolares, fruto de uma educação tec-
nicista e pouco voltada para a formação cidadã do
aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para memo-
rização teórica, o sistema educacional vigente pou-
co estimula o contato do estudante com as diversas
formas de expressão cultural e artística, como o
cinema, negligenciando, também, o seu potencial
didático, notável pela sua inerente natureza esti-
mulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera
Maria Candau, que afirma que o sistema educacio-
nal atual está preso nos moldes do século XIX e não
oferece propostas significativas para as inquietu-
des hodiernas. Assim, com a carência de um ensino
que desperte o interesse dos alunos pelo cinema,
a escola contribui para um afastamento desses in-
divíduos em relação ao cinema, o que constitui um
entrave para que eles, durante a vida, tornem-se
espectadores ativos das produções cinematográfi-
cas brasileiras e internacionais.
eHYLGHQWHSRUWDQWRTXHDGLÀFXOGDGHQDGHPR
cratização do acesso ao cinema no Brasil é agrava-
da por causas corporativas e educacionais. Logo, é
necessário que a Secretaria Especial de Cultura do
Ministério da Cidadania torne tais obras mais alcan-
çáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer
parcerias público-privadas com empresas exibidoras
GH ÀOPHV EHQHÀFLDQGR FRP LVHQo}HV ÀVFDLV DTXHODV
que provarem, por meio de relatórios semestrais, a
expansão de seus serviços a preços populares para re-
giões fora dos centros urbanos, de forma que, com
maior oferta a um maior número de pessoas, os indi-
víduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para
o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o
Ministério da Educação deve levar o tema às escolas
públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da
substituição de parte da carga teórica da Base Nacio-
nal Comum Curricular por projetos interdisciplinares
TXH HQYROYDP H[LELomR GH ÀOPHV FRQGL]HQWHV FRP D
prática pedagógica e visitas aos cinemas da região
da escola, para que se desperte o interesse do aluno
pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve

250 Red
Anotações:
TO Tarefa Obrigatória

https://i.pinimg.com/564x/ee/d9/be
eed9be70b127b59a6aef702fdd2e7c1e.jpg
Consulta: 22/01/2021.

1. O que a passagem dos quadrinhos da tirinha de Gus


Morais representa?

2. Pode-se dizer que os quadrinhos estão dispostos em


RUGHPFURQROyJLFD-XVWLÀTXHHVVDDÀUPDomRSRUPHLR
de elementos da própria tirinha.

3. A linguagem verbal praticamente não aparece na ti-


rinha. Por que o autor pode ter feito essa opção?

AC Atividades Complementares

No Canvas, ler e/ou ver o que está indicado em


“Tarefas”.
2EM2021AP3

Red 251
Aulas 27 e 28

A coerência
Redação
democrática, hão de ser analisadas as verdadeiras cau-
AS Atividades de Sala sas desse mal.
Em uma primeira abordagem, é importante sina-
A princípio, a inteligibilidade da redação depende lizar que, ainda que leis como a “Maria da Penha”
dos seguintes fatores [Guia do Participante – ENEM – tenham contribuído bastante para o crescimento do
(adaptados)]: número de denúncias relacionadas à violência – física,
• relação de sentido entre as partes do texto; moral, psicológica, sexual – contra a mulher, ainda se
• precisão vocabular; faz presente uma limitação. A questão emocional, ou
seja, o medo, é uma causa que desencoraja inúmeras
• progressão temática adequada ao desenvolvimento
denúncias: muitas vezes, a suposta submissão econô-
do tema, revelando que a redação foi planejada e
PLFDGDÀJXUDIHPLQLQDDJUDYDRGHVFRQIRUWR(PRX
que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco apre-
tros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos
sentadas, em uma ordem lógica; e
da perpetuação da violência o medo de uma retaliação
• adequação entre o conteúdo do texto e o mundo
do agressor e a “vergonha social”, o que desestimula a
real.
busca por justiça e por direitos, peças-chave na manu-
“Os fatores de coerência são os que dão conta do tenção de qualquer democracia.
processamento cognitivo do texto e permitem uma Em uma análise mais aprofundada, devem ser con-
análise mais profunda. Os de coesão são os que dão siderados fatores culturais e educacionais brasileiros.
FRQWD GD HVWUXWXUDomR GD VHTXrQFLD VXSHUÀFLDO GR Por muito tempo, a mulher foi vista como um ser su-
texto. Enquanto a coerência se caracteriza como o bordinado, secundário. Esse errôneo enraizamento
nível de conexão conceitual e estruturação do sen- moral se comunica com a continuidade da suposta “di-
tido, manifestado em grande parte macroestrutu- PLQXLomRµ GD ÀJXUD IHPLQLQD R TXH HYHQWXDOPHQWH
ralmente, a coesão se dá microestruturalmente. A acarreta a manutenção de práticas de violência das
coesão textual é elemento facilitador para a com- mais variadas naturezas. A patriarcal cultura verde-
preensão do texto, mas é a coerência que lhe dá -amarela, durante muitos anos, foi de encontro aos
sentido.” (p. 65) princípios do Iluminismo e da Revolução Francesa: nes-
CASTRO, Adriane BelluciBelório de; ARANTES,Helena Aparecida se contexto, é fundamental a reforma de valores da
Gica; SÁ, Léa Sílvia Braga de Castro.A construção do texto.
In: Dos alicerces da leitura à construção do texto. Bauru, SP:
sociedade civil.
Edusc, 2013. Torna-se evidente, portanto, que a persistência da
violência contra a mulher no Brasil é grave e exige
Em resumo, um excelente texto argumentativo é soluções imediatas, e não apenas um belo discurso. Ao
aquele em que o autor mostra-se capaz de selecionar Poder Judiciário, cabe fazer valer as leis já existentes,
informações e opiniões, de relacioná-los, organizá-los oriundas de inúmeros discursos democráticos. A mídia,
e interpretá-los de forma a tornar a defesa da tese em SRUPHLRGHÀFo}HVHQJDMDGDVGHYHDERUGDUDTXHVWmR
algo coerente. instigando mais denúncias – cumprindo, assim, o seu
importante papel social. A escola, instituição forma-
Estudando Juntos
dora de valores, junto às Ong’s, deve promover pa-
Da teoria à prática lestras a pais e alunos que discutam essa situação de
Desde o Iluminismo, já sabemos – ou deveríamos sa- PDQHLUDFODUDHHÀFD]7DOYH]GHVVDIRUPDDYLROrQFLD
ber – que uma sociedade só progride quando um se mo- contra a mulher se faça presente apenas em futuros
biliza com o problema do outro. No entanto, quando se livros de história e a sociedade brasileira possa trans-
observa a persistência da violência contra a mulher no formar os ideais iluministas em prática, e não apenas
Brasil em pleno século XXI, percebe-se que esse ideal em teoria.
LOXPLQLVWDpYHULÀFDGRQDWHRULDHQmRGHVHMDYHOPHQWH Richard W. C. N.
na prática. Muitos importantes passos já foram dados Tema (ENEM/2015): A persistência da violência contra a mulher na
sociedade brasileira.
na tentativa de se reverter esse quadro. Entretanto,
https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-do-enem-
para que seja conquistada uma convivência realmente 2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml. Consulta: 22/01/2021.

252 Red
Anotações $SVLFRSHGDJRJDDUJHQWLQD$OLFLD)HUQiQGH]QRVHX
livro “A Atenção Aprisionada”, advertia que estar no
silêncio não é o mesmo que estar em silêncio, muito
menos se calar: “habitar o silêncio para não silenciar”.
Como referência, a grande e saudosa mestra evoca
a inestimável beleza e perturbadora clareza de uma
FHQDGRÀOPH´5DSVyGLDHP$JRVWRµGHAkira Kurosa-
wa. É o encontro de duas amigas que haviam perdido
seus maridos nos bombardeios de Nagasaki. Sentam-se,
uma junto à outra, e compartilham um chá em silên-
FLR2VQHWRVHVSLDPRHQFRQWURSHODMDQHODHDRÀQDO
assombrados, perguntam para a avó o porquê de não
falarem nada durante toda a visita. A avó explica que
“só em silêncio podem comungar alguns sentimentos
SDUDRVTXDLVQmRKiSDODYUDVµ)RLRTXHWDPEpPHQVL
nou – em ato – R3DSD)UDQFLVFRFRPVXDVLOHQWHRUDomR
ao visitar Auschwitz, da memória cruel do campo de
concentração nazista. Arte e fé se encontram e se to-
cam, na humildade do silêncio, produzindo fagulhas de
esperança para nossas almas ensurdecidas pelo barulho
de tantas guerras.
(...) Mas essa sangrenta rapsódia vem sendo escrita
há muito tempo, e não é possível ouvi-la sem lembrar
do abandono, descaso e negligência dos poderes públi-
cos ao longo de todos esses anos. A recusa em naciona-
lizar o debate sobre segurança pública e em criar um
TO Tarefa Obrigatória sistema integrado e duradouro – como o da Saúde e o
da Educação, apesar de suas falhas – tem persistido por
muito tempo. E a causa de tamanha negligência, todos
Por quem tocam os alarmes
sabemos, é política e eleitoreira: tudo para não perder
Antes de tudo, um minuto de silêncio. Estamos “popularidade”.
assistindo, há algum tempo, o terrível espetáculo da
O diagnóstico já vem sendo feito há muito tempo por
torpeza e do horror. No palco não estão apenas os
quem conhece o problema em profundidade, pessoas
personagens psicopáticos na arte de sublimar a vida,
que agora, mesmo cumprindo o dever de apresentar
FRPRGHÀQLX)UHXG$YLGDPHVPDVHWRUQRXWUDJpGLDH
suas contribuições na mídia, sequer estão sendo chama-
DPRUWHHVWiQDFHQDFRWLGLDQD+iPXLWRÀFDUDPSDUD
dos pelo governo para ajudar a construir saídas viáveis.
trás os limites do intolerável.
O governo parece ignorar a contribuição da sociedade
Para conseguirmos ver e perceber, ouvir e compreen- diante de uma crise com esse contorno e proporção.
der a violência extrema nas prisões precisamos ter cla-
(...)
reza de que os massacres* não estão apenas mostrando
e dizendo algo para nós, mas estão, sobretudo, falando Diagnósticos, alertas e propostas não faltaram ao
algo de todos nós. longo de todos esses anos, em que as políticas públi-
cas na área de segurança foram se decompondo. Aos
Os massacres nos dizem que somos impotentes. Ao
governos faltou o básico: silêncio para ouvir e compro-
reconhecermos essa verdade, antes mesmo de “en-
misso para agir.
frentar o problema”, podemos retomar a racionalidade
que nos foi subtraída ao longo do tempo, voltando, por Grandes fracassos, sejam eles políticos, econômi-
um momento que seja, ao abrigo silencioso da nossa cos, sociais ou todos ao mesmo tempo, como os que
herança humanista e aos valores que baseiam as atitu- vivenciamos agora, nunca acontecem de uma hora
2EM2021AP3

des que nos constituem como humanidade. para a outra. Resultam de um descaso prolongado e
uma omissão amadurecida em sucessivos governos, em
3ULPHLURGHWXGRQmRWHQKDPRVPHGRGHÀFDUVHP
cumplicidade com parcelas privilegiadas da sociedade.
palavras. Quebrar o silêncio com palavras desprovidas
Sua descontinuidade, entretanto, é possível e aconte-
de sentido e compromisso pode agravar ainda mais o
cerá se ouvirmos os sinais de alarme - depois de termos
prejuízo, que já é imenso.
ignorado os sinais de alerta.

Red 253
Precisamos aprender com o belo poema de John Texto 2
Donne que os sinos dobram por todos nós. Traduzin- Com as redes sociais o próprio conceito de amizade
do para a cruel realidade de nossos dias, quando as parece ter-se alterado. Enquanto que para construir
sirenes dos presídios fazem ecoar no país seu sinal de uma amizade na vida real, é preciso que haja um dese-
alarme, é para todos nós e por todos nós. jo mutuo de conhecer o outro e a relação é construída
*em Janeiro de 2017, vários presídios no Brasil tiveram uma série
em privado, pela partilha de momentos que vão refor-
de rebeliões e disputas entre facções criminosas.
Marina Silva. çando a cumplicidade entre amigos, nas amizades nas
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/18/ redes sociais basta clicar em alguém para se tornar seu
opinion/1484695803_018865.html. amigo, e a partir desse momento o outro passa a ter
Consulta: 21/01/2017. acesso a tudo que o amigo publicar. Para além disso,
enquanto na vida real todos procuramos ter “poucos
1. Considerando o assunto e a linha argumentativa mas bons” amigos, nas redes sociais os adolescentes
abordados no texto por Marina Silva, explique a passa- habitualmente procuram ter muitas amizades, sendo
gem em negrito a seguir: “... os massacres não estão que a quantidade suplanta a qualidade.
apenas mostrando e dizendo algo para nós, mas estão,
No entanto, nem tudo são desvantagens. Num mun-
sobretudo, falando algo de todos nós.”
do em que a maior parte dos pais desenvolveu um
HQRUPHUHFHLRGHGHL[DURVVHXVÀOKRVFRQYLYHUIRUDGH
2. Quando nos deparamos com algo polêmico, violen-
casa, as redes sociais são muitas vezes o único local de
to, é comum avaliarmos o silêncio de uma pessoa como
convívio para os adolescentes. Assim, as redes sociais
uma omissão por parte dela. Por que para Marina Silva
permitem ao adolescente conviver regularmente com
isso não é, necessariamente, uma verdade no assunto
os amigos, assim como partilhar instantaneamente
abordado por ela?
ideias e sentimentos.
Outro aspecto importante é que as relações nas re-
3. No penúltimo parágrafo, a autora aponta alguns
des sociais são mediadas, isto é, a relação não é feita
responsáveis pelas mazelas em questão. Quem seriam
diretamente, como na vida real, mas através da rede
eles?
social. Isto possibilita ao adolescente pensar antes de
responder a um comentário, ao contrário da vida real,
AC Atividades Complementares em que temos de ter a capacidade de dar respostas
imediatas. Por um lado, isto acarreta vantagens: o
No Canvas, ler e/ou ver o que está indicado em
adolescente pode, de forma segura, praticar as suas
“Tarefas”.
FRPSHWrQFLDV GH FRPXQLFDomR JDQKDU FRQÀDQoD QDV
Proposta interações sociais e construir amizades de forma mais
confortável. Mas, por outro lado, o adolescente pode
Texto 1
SHUPDQHFHULQDSWRSDUDGDUUHVSRVWDDRVGHVDÀRVTXH
Em sua obra “Ética a Nicômaco”, Aristóteles dedica a vida real mais cedo ou mais tarde lhe irá trazer. Além
dois livros ao estudo da amizade – em grego philia - disso, as redes sociais permitem aos adolescentes pro-
OLYUR9,,,H,; TXHWHPXPDLPSRUWkQFLDVLJQLÀFDWLYD jetarem características idealizadas, que não corres-
para a vida humana, seja do ponto de vista existencial, pondem necessariamente ao que são ou a como se sen-
pWLFR $5®2   H DWp PHVPR SROtWLFR )(,726$ tem. Por exemplo, podem colocar uma mensagem ou
2013; RICKEN, 2008). Somente a amizade é capaz de XPDIRWRTXHWUDQVPLWHXPDHQRUPHDXWRFRQÀDQoDH
proporcionar ao homem uma relação verdadeira do alegria, quando na realidade se sente inseguro e desa-
homem com os outros homens (relação com a ética) nimado. Este facto pode levar a que os jovens, mesmo
e com a comunidade à qual pertence (relação com a com inúmeros amigos nas redes sociais se sintam extre-
política). mamente incompreendidos e sós.
A amizade é uma virtude extremamente necessária $LQÁXrQFLDGDVUHGHVVRFLDLVQDFRQVWUXomRGHDPL
jH[LVWrQFLDKXPDQDDWDOSRQWRTXHRÀOyVRIRFKHJRXD zades é inegável. No entanto, não devem servir como
declarar que “ninguém deseja viver sem amigos, mes- um substituto das amizades e do convívio na realidade
mo dispondo de todos os outros bens” (ARISTÓTELES, KWWSVZZZRÀFLQDGHSVLFRORJLDFRPDVDPL]DGHVHDVUHGHV
1999, 1155a). A amizade é necessária à vida dos ho- sociais/
mens e “conduz o homem à felicidade.” (BREA, 2009, Consulta: 22/01/2021.

p. 70).
https://www.sabedoriapolitica.com.br/news/sobre-a-amizade-em-
aristoteles/
Consulta: 22/01/2021.

254 Red
Texto 3

Google – Imagens Consulta: 22/01/2021.


Texto 4
Trecho da entrevista do sociólogo polonês Zygmunt Bauman à revista ”Isto é”:
ISTOÉ – O que caracteriza a “modernidade líquida”?
Zygmunt Bauman – Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade, são in-
capazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “líquido” da modernidade, os líquidos são
GHOLEHUDGDPHQWHLPSHGLGRVGHVHVROLGLÀFDUHP$WHPSHUDWXUDHOHYDGD³RXVHMDRLPSXOVRGHWUDQVJUHGLUGH
VXEVWLWXLUGHDFHOHUDUDFLUFXODomRGHPHUFDGRULDVUHQWiYHLV³QmRGiDRÁX[RXPDRSRUWXQLGDGHGHDEUDQGDU
QHPRWHPSRQHFHVViULRSDUDFRQGHQVDUHVROLGLÀFDUVHHPIRUPDVHVWiYHLVFRPXPDPDLRUH[SHFWDWLYDGHYLGD
ISTOÉ – As pessoas estão conscientes dessa situação?
Zygmunt Bauman – Acredito que todos estamos cientes disso, num grau ou outro. Pelo menos às vezes, quan-
do uma catástrofe, natural ou provocada pelo homem, torna impossível ignorar as falhas. Portanto, não é uma
questão de “abrir os olhos”. O verdadeiro problema é: quem é capaz de fazer o que deve ser feito para evitar
o desastre que já podemos prever? O problema não é a nossa falta de conhecimento, mas a falta de um agente
capaz de fazer o que o conhecimento nos diz ser necessário fazer, e urgentemente. Por exemplo: estamos todos
conscientes das conseqüências apocalípticas do aquecimento do planeta. E todos estamos conscientes de que os
UHFXUVRVSODQHWiULRVVHUmRLQFDSD]HVGHVXVWHQWDUDQRVVDÀORVRÀDHSUiWLFDGH´FUHVFLPHQWRHFRQ{PLFRLQÀQLWRµ
HGHFUHVFLPHQWRLQÀQLWRGRFRQVXPR6DEHPRVTXHHVVHVUHFXUVRVHVWmRUDSLGDPHQWHVHDSUR[LPDQGRGHVHXHV
JRWDPHQWR(VWDPRVFRQVFLHQWHV³PDVHGDt"+iSRXFRV RXQHQKXP VLQDLVGHTXHGHSUySULDYRQWDGHHVWDPRV
caminhando para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas.
ISTOÉ – Ao se conectarem ao mundo pela internet, as pessoas estariam se desconectando da sua própria realidade?
=\JPXQW%DXPDQ²2VFRQWDWRVRQOLQHWrPXPDYDQWDJHPVREUHRVRɝ LQHVmRPDLVIiFHLVHPHQRVDUULVFDGRV
³RTXHPXLWDJHQWHDFKDDWUDHQWH(OHVWRUQDPPDLVIiFLOVHFRQHFWDUHVHGHVFRQHFWDU&DVRVDVFRLVDVÀTXHP
“quentes” demais para o conforto, você pode simplesmente desligar, sem necessidade de explicações complexas,
sem inventar desculpas, sem censuras ou culpa. Atrás do seu laptop ou iPhone, com fones no ouvido, você pode se
FRUWDUIRUDGRVGHVFRQIRUWRVGRPXQGRRɝ LQH0DVQmRKiDOPRoRVJUiWLVFRPRGL]XPSURYpUELRLQJOrVVHYRFr
ganha algo, perde alguma coisa. Entre as coisas perdidas estão as habilidades necessárias para estabelecer rela-
o}HVGHFRQÀDQoDDVSDUDRTXHGHUYLHUQDVD~GHRXQDWULVWH]DFRPRXWUDVSHVVRDV5HODo}HVFXMRVHQFDQWRV
você nunca conhecerá a menos que pratique. O problema é que, quanto mais você busca fugir dos inconvenientes
2EM2021AP3

GDYLGDRɝLQHPDLRUVHUiDWHQGrQFLDDVHGHVFRQHFWDU
https://istoe.com.br/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR+/
Consulta: 22/01/2021.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija
uma dissertação em prosa na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: como é a amizade em tempos
de redes sociais?

Red 255
Aulas 29 e 30

Um olhar sobre a “descrição” e a “narração”


Redação
Dê continuidade a esse relato, pondo em ação per-
AS Atividades de Sala sonagens que já estão sugeridas nesse início ou outras
que preferir. Tente surpreender o leitor, tanto pela
escolha do acontecimento, quanto pelo seu desfecho.
DESCRIÇÃO
Crie diálogos instigantes. Descreva o ambiente.
A descrição explora os sentidos (tato, visão, olfato
etc.). Neste estilo de texto, predominam frases nomi- Redação
nais e exploram-se os adjetivos. No caso dos persona- Ecos do passado
gens, o físico pode ser associado ao psicológico.
Arnaldo sentiu o coração falhar algumas batidas e
NARRAÇÃO (conto curto) acelerar. Sentiu as pupilas dilatarem, permitindo-lhe
1. Narrador ou Foco Narrativo: enxergar as garrafas vazias e bitucas de cigarro espa-
lhadas pelo chão do apartamento frio e escuro. Sentiu
Terceira Pessoa:
DV QDULQDV LQÁDUHP VXJDQGR R DURPD HWtOLFR GH VXD
• Observador: ele não apresenta pensamentos, senti-
toca. Sentiu o estômago revirar e o torpor e remor-
mentos. Narra apenas aquilo que é visto.
so nublarem sua mente; roubando as palavras de sua
• Onisciente: ele narra a partir de um domínio total: boca e as substituindo por uma crise de tosse. Perce-
sentimentos, passado, pensamentos, medos, frus- bendo que Arnaldo nada diria, prosseguiu:
trações etc.
³ (QWmR +RMH ID]  DQRV GHVGH TXH %HP R
Primeira Pessoa: senhor sabe. Eu sinto a sua falta, me preocupo com o
• Testemunha ou Observador: ele narra a história em senhor. Venha aqui em casa hoje, vamos todos juntos à
que apenas participa. É um personagem secundário. Igreja, rezar por ele... — pediu Mara, com a voz carre-
• Protagonista ou Personagem: ele narra a sua própria gada de cautela e preocupação.
história. — Não sou digno da morada do Senhor — respondeu
2. Enredo: basicamente, a história se divide em apre- Arnaldo, com a voz rouca de sono e mais trêmula do
sentação, complicação, clímax e desfecho. Os pará- que pretendia.
grafos são montados a partir de cenas. Cada um é, — Acidentes acontecem todos os dias, em todos os
no geral, uma cena. lugares do mundo... Minha mãe aprovou a ideia, se é
3. Personagem: são os que movem a história. Associar isso que te preocu...
o físico ao psicológico é interessante, pois isso am- Um suspiro impaciente calou a voz feminina, seguida
SOLÀFDDVFDUDFWHUtVWLFDVGRVSHUVRQDJHQV SRUXPDIDODPDLVÀUPHHGHFLGLGDTXHGDSULPHLUDYH]
4. Espaço: local onde a história se desenvolve. Pode — Eu não vou. Era tudo o que você precisava? — um
ser um quarto, um castelo, uma casa, um canto de pigarro a sucedeu.
jardim, uma árvore, uma folha de uma planta, pode — Não, espere! Na verdade, eu queria conversar
ser um deserto... O que determina são as caracte- FRPRVHQKRU)D]PDLVGHDQRVTXHQmRRYHMR
rísticas e o foco da história a ser contada. — É melhor assim. — Arnaldo já sentia a garganta
5. Tempo: cronológico (minutos, dias, anos, séculos...) se fechando, a mão magra e ossuda trêmula. Ele sabia
ou psicológico (sentido pelo personagem). que ter essa conversa não era uma boa ideia, mas sen-
WLDWDQWDIDOWDGHVXDÀOKLQKD
Estudando Juntos — Não, não é. Ontem minha mãe me disse que viu o
Proposta senhor caído na sarjeta, cheirando à bebida e cigarro.
)RLHODTXHPFKDPRXDDPEXOkQFLDHÀFRXHVSHUDQGR
Atente para seguinte situação:
eles chegarem, sabia!? Pai, o senhor não sabe como
Em um apartamento minúsculo qualquer de uma isso me entristeceu! Estou preocupada! Quero te ver.
grande cidade, um homem, de 60 anos, sozinho dorme.
— Não, acredite em mim, só pioraria tudo... — Ar-
De repente, o telefone toca. Ele, assustado, acorda e
naldo sentiu outra crise de tosse irromper de seu pei-
atende. Do outro lado da linha, uma voz meiga diz:
to, forçando-o a curvar o tronco esquelético sobre as
´$O{$UQDOGR"$O{6RXHX0DUD$VXDÀOKDµ
SHUQDVÀQDVHDDIDVWDURWHOHIRQHGRURVWRFDGDYpULFR

256 Red
Sentiu o tremor das mãos espalhar-se por todo o cor-
po. — Só te preocuparia mais... TO Tarefa Obrigatória
— Não importa... Estou com saudade! Foi muito di-
fícil encontrar seu número, sabia? Só de ouvir sua voz
tenho lembranças tão boas! O senhor me empurrando
no balanço do parquinho, me ensinando a andar de bi-
cicleta, me dando meu primeiro cachorro, entrando
no mar comigo pela primeira vez... — deu um suspiro
quase sonhador — Quero te ver, te abraçar, sentir que
o senhor não é somente um fantasma do meu passado!
Arnaldo sentiu um rastro quente descendo por sua
bochecha. Mas aquela conversa não podia continuar,
ela acabaria por conseguir tirá-lo de sua reclusão. Dis-
se com voz trêmula e embargada:
KWWSVIRWRJUDÀDIROKDXROFRPEUJDOHULDV
— Desculpe, mas esse não sou mais eu.
charges-janeiro-2021
Desligou o telefone e secou as lágrimas com as man- Consulta: 22/01/2021.
gas da camisa suja. Puxou o ar pesado do cômodo, sen-
tindo suas narinas arderem e os pulmões expulsarem 1. O título da charge é “Teoria da involução”. Tal men-
outra crise de tosse. Tirou o telefone da tomada, jogou ção pode ser reconhecida como uma intertextualidade
no lixo. Na volta ao sofá mofado, agarrou outra gar- com uma teoria já reconhecida e estudada há tempos.
rafa de uísque pelo gargalo. O álcool e o sono eram Qual seria ela?
seus únicos aliados. Bebeu uma golada, fazendo careta
ao sentir a garganta sendo arranhada. Deitou a cabeça 2. Qual a mensagem a que se pode chegar após inter-
na almofada poeirenta. Não adiantava, mesmo debaixo pretarmos a charge?
de suas pálpebras sonolentas a lembrança permanecia:
ele contrariando os pedidos de sua (agora ex) esposa, 3. Como a linguagem não-verbal contribui para a cons-
TXHULDEXVFDUPDLVEHELGD DÀQDORMRJRLDSDUDDSURU trução de sentido junto à linguagem verbal?
rogação!). Com algum esforço colocou a chave na igni-
ção. O motor roncou. A caminhonete se mexeu. O estalo
penetrante, agudo; de ossos se partindo acompanhado AC Atividades Complementares
do tremor na traseira do veículo e seguido pelos gritos
GHVXDHVSRVDHFRDYDHPVXDPHQWH$ÀQDOHUDD~OWLPD Elabore sua narrativa considerando a notícia a se-
OHPEUDQoDTXHWLQKDGHVHXÀOKR guir como inspiração:
%iUEDUD%²&ROpJLR)$$35LEHLUmR Como encontrar a cura para o câncer ou a Aids se
não houver pessoas dispostas a se submeter a trata-
Anotações
mentos experimentais? Mas quem são esses voluntá-
rios? O que os motiva a fazer isso? A que riscos estão
expostos?
Nos Estados Unidos, todos os anos são realizados
milhares de estudos clínicos remunerados. Há um gran-
de número de voluntários dispostos a participar desses
experimentos. Alguns são migrantes e pessoas de baixa
renda que buscam maneiras de pagar despesas básicas,
como moradia, alimentação e transporte.
A indústria farmacêutica dos EUA - conhecida como
%LJ 3KDUPD  QmR SRGH YHQGHU SURGXWRV FXMD HÀFiFLD
e segurança não tenham sido testadas antes em seres
2EM2021AP3

humanos. E precisa receber um sinal verde da agên-


cia que controla os alimentos e medicamentos do país
)'$QDVLJODHPLQJOrV 
Graças a esses estudos, são realizados avanços im-
portantes no tratamento de todos os tipos de doenças,
que salvam a vida de milhões de pessoas em todo o

Red 257
mundo. Mas essas pesquisas com seres humanos tam- Anotações:
bém envolvem riscos, embora nem todas as “cobaias”
sejam expostas a eles. (...)
&RQÀUD DEDL[R R UHODWR GH XP FLGDGmR FXEDQR GH
 DQRV LGHQWLÀFDGR QHVWD UHSRUWDJHP FRPR ´/XtVµ
que emigrou para Miami, nos EUA, em 2013. No mesmo
DQRHPPHLRDVpULDVGLÀFXOGDGHVÀQDQFHLUDVHOHVH
inscreveu pela primeira vez como voluntário de pesqui-
VDFLHQWtÀFD'HVGHHQWmRHOHYLDMRXSHORSDtVGHXPD
clínica para outra, participando de todo tipo de ensaio
clínico em troca de dinheiro.
´(VWDpDPLQKDÀORVRÀDQmRWHQKRPXLWRPHGRGD
morte, tampouco muito apego à vida. Se algo aconte-
cer comigo por causa de algo voluntário, paciência:
me dei mal. Talvez quando estiver à beira da morte,
lamente ter colocado minha saúde em risco para ga-
nhar US$ 6 mil em 15 dias. Mas onde você ganha tanto
dinheiro em tão pouco tempo em Miami? Decidi parti-
cipar de um estudo clínico pela primeira vez em meio
a uma situação de emergência. Eu morava sozinho em
um quartinho de 4x4 dentro de um trailer. E trabalhava
como jornalista para uma publicação digital que faliu.
0HUHVWDYDP86QREROVRHQmRWLQKDFRPRSDJDU
o aluguel. Uma amiga cubana estava participando ha-
via cerca de seis anos de estudos clínicos pagos. Ela
ganhava a vida assim porque não gostava de trabalhar
para os gringos. “Os gringos são exploradores”, ela di-
zia. Minha amiga não tinha casa. Ela vivia de hospital
em hospital, sendo submetida a estudos quase todos os
PHVHV3RUH[HPSORVHDSHVTXLVDGXUDYDGLDVHOD
YLYLDDOLGXUDQWHDTXHOHSHUtRGRHTXDQGRVDtDÀFDYD
os dez dias restantes do mês na casa de algum parente.
Eles pagavam muito bem. Ela me contava que às vezes
ganhava US$ 6 mil por apenas 15 dias de internação.
Eu criticava ela. Ria dela. Dizia que era uma rata de
laboratório.”
https://www.bbc.com/portuguese/geral-49149859.
Consulta: 22/01/2021.

Proposta

1. Imagine um personagem que vai se submeter a al-


gum tratamento experimental para ganhar dinheiro.

2. Narre o que acontece com ele, considerando um


desfecho inusitado.

3. Descreva o ambiente e use diálogos.

4. Sua história pode ser narrada em primeira ou ter-


ceira pessoa.

258 Red
Aulas 31 e 32

A “descrição” na dissertação argumentativa


Redação
da democracia após a ditadura militar. Todavia, essa
AS Atividades de Sala visão utópica nega a jovialidade do sistema democráti-
co brasileiro, o qual mantém resquícios de suas raízes
históricas na compra de votos ³ existente até hoje ³ e
Estudando Juntos
na formação educacional precária de seus cidadãos.
O QUADRO
Por conseguinte, a virtude democrática deve ser
WRUQDUXPKiELWRQRWHUULWyULRFDQDULQKRWDOTXDODÀU
ma o sociólogo Eurico Cursino. Para tanto, a obrigato-
riedade do voto é fundamental, na medida em que as
mudanças não ocorrem rapidamente nem voluntaria-
mente. A extensa trajetória direcionada à democra-
cia plena acarreta na implementação de medidas que
rompam com a cultura tradicional de alienação e de
LUUHVSRQVDELOLGDGH DLQGD HQUDL]DGD$ÀQDO ´GHVDWUR
ÀDUµPLOKDUHVGH´DEDSRUXVµGHFRUUHWHPSRHHVIRUoR
O voto facultativo, portanto, ainda não deve se
adotado no Brasil. Apesar de alguns crerem na matu-
ridade política dos brasileiros, isso não é uma verdade
DWXDO 2V ÀOKRV GD SiWULD DLQGD HVWmR DQFRUDGRV HP
resquícios do passado, o que impede a completa con-
solidação da democracia. Assim, o voto obrigatório é
uma prática de ruptura com a cultura tradicional de
alienação e irresponsabilidade. Nesse panorama, os
“abaporus” estão se levantando lentamente para a
construção de seu regime de direitos.
7HUHVD&²&ROpJLR)$$35LEHLUmR3UHWR PRGLÀFDGD
Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral Tema (UNESP/2018): O voto deveria ser facultativo no Brasil?
https://masp.org.br/exposicoes/tarsila-popular.
Anotações
Consulta: 22/01/2021.

UMA REDAÇÃO
Os Abaporus
No quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, a pin-
tora modernista representa o estereótipo brasileiro
VHQWDGR FRP XPD FDEHoD DWURÀDGD HP UHODomR DRV
demais membros (grandiosos) de seu corpo. A imagem
disforme demonstra a falta de intelectualidade da
nação brasileira quando comparada a seu abundante
potencial de trabalho. Dentro desse cenário, a maturi-
dade política é colocada em xeque, como a responsabi-
OLGDGHGRVEUDVLOHLURVIUHQWHjVXUQDV7DOGHVFRQÀDQoD
suscita a indagação: o voto deveria ser facultativo no
2EM2021AP3

Brasil?
Conforme uma parcela da população, a resposta
SDUD D SHUJXQWD VXSUDFLWDGD VHULD DÀUPDWLYD 3RVWR
que o voto, à priori, deveria ser visto como um direito
e não como uma obrigação. Ademais, esses ingênuos
“abaporus” também advogam pela plena consolidação

Red 259
de notícias e TVs jogam contra o País.
TO Tarefa Obrigatória Setores da mídia começaram a reagir aos ataques e
jGHVFRQÀDQoD$QRYDFDPSDQKDGDFolha de S. Paulo,
por exemplo, tem como mote “Sem liberdade de im-
prensa não há democracia”. Com isso, o jornal não está
só vendendo assinaturas, mas também pedindo apoio
para continuar questionando os poderosos. É uma mu-
dança importante na forma de venda, e que segue uma
tendência mundial. Mas ela também traz perigos, que
os jornalistas precisam ter em mente. (...)
$ LPSUHQVD QmR SRGH VH GHÀQLU FRPR ´SDUWLGR GH
RSRVLomRµSDUDFRPHoDU6HRÀ]HULUiDWUDLUFDGDYH]
mais um público que vai esperar – e cobrar – esse po-
sicionamento sempre. É também o que estamos vendo
em outros países. Esse comportamento faz com que
bolhas sejam reforçadas, e uma crítica a alguém que
é visto como aliado, ou o reconhecimento de uma boa
decisão do “inimigo”, é logo vista como traição. A im-
prensa deve ser independente, inclusive para desagra-
dar o seu público. Isso precisa estar claro para todo
mundo. Outro risco, para jornalistas e para o público,
é achar que a cobertura política é mais importante que
o resto. (...)
Não é que a imprensa deva ser “inofensiva”, mas
é preciso fugir da ideia de que o jornalismo de verda-
http://mentirinhas.com.br/wp-content/uploads/2015/01/ de, com valor, é feito para “incomodar”. Há jornalis-
mentirinhas_751b.jpg. Consulta: 22/01/2021. mo de soluções, há crítica cultural, crônica esportiva,
dicas de saúde e um universo de coisas que não são,
1. Considerando o contexto e a mensagem proposta em uma visão estrita do termo, “fundamentais para a
pelo autor, elabore um tema curto para a tirinha aci- democracia”, mas que são importantíssimas para fazer
ma. com que sejamos seres humanos melhores. Quando um
político, qualquer político, atacar a função da mídia,
2. Em uma tirinha, sabe-se que os “traços” dos per- é importante lembrar que todo esse ecossistema está
sonagens são importantes para determinar o compor- sob ataque. Todo jornalismo precisa ser valorizado – e,
tamento deles. Comparando o segundo quadro (“No claro, melhorado.
dia seguinte”) e o terceiro (“na semana seguinte”), https://super.abril.com.br/sociedade/o-jornalismo-tradicional-
perdeu-o-poder-que-tinha-e-agora/. Consulta: 22/01/2021. (adaptado)
notamos que o jovem comporta-se de forma distinta.
Considerando o sentido geral, é possível inferir que tal Texto 2
mudança se deve principalmente a algo. Seria o quê?
Ameaças, agressões, assassinatos ... O Brasil con-
tinua sendo um dos países mais violentos da América
3. Qual seria a crítica proposta pelo autor?
Latina para a prática do jornalismo. Em 2018 ao menos
quatro jornalistas foram assassinados no país em de-
AC Atividades Complementares corrência da sua atividade. Na maioria dos casos, es-
ses repórteres, locutores de rádio, blogueiros e outros
comunicadores mortos cobriam e investigavam tópicos
Texto 1
relacionados à corrupção, políticas públicas ou crime
Historicamente, a imprensa fazia JDWHNHHSLQJ: a organizado, particularmente em cidades de pequeno e
mediação entre a fonte de informação e o público, médio porte em todo o país, nas quais estão mais vul-
além da escolha do que é e do que não é notícia. Isso neráveis. (...) O horizonte midiático ainda é bastante
hoje mudou. Mas talvez o mais difícil para a mídia nem concentrado no Brasil, sobretudo ao redor de grandes
seja a diminuição da sua importância em pautar os as- famílias, com frequência, próximas da classe política. O
suntos e dar a notícia em primeira mão. E sim a ideia, direito ao sigilo das fontes é já foi questionado em di-
cada vez mais difundida, de que jornais, revistas, sites versas situações no país e muitos jornalistas e meios de

260 Red
comunicação são alvos de processos judiciais abusivos. dos cidadãos. Se registrar os fatos, apenas isso, “com
https://rsf.org/pt/noticia/o-brasil-recua-cinco-posicoes-no- tudo que é insolvente e provisório” (na síntese pouco
ranking-mundial-da-liberdade-de-imprensa-da-rsf
MRUQDOtVWLFDGH&DUORV3HQQD)LOKR MiWHUiSUHVWDGRXP
Consulta: 22/01/2021.
excelente serviço à sociedade. Artigos de opinião aju-
Texto 3 dam, assim como as análises menos indigentes e as in-
terpretações minimamente fundamentadas. Com esse
conjunto, um jornal honesto até pode contribuir para
“trazer luz para fatos ocultos, relacioná-los a outros”,
mas “a verdade”, bem, “a verdade”, na verdade, não
tem quase nada a ver com isso.
http://loja.espm.br/revista/da-febre-da-pos-verdade-ao-risco-da-
pos-imprensa. Consulta: 22/01/2021.

A partir da leitura dos textos motivadores anteriores


e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo
em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema:
O jornalismo tradicional no século XXI:
relevante ou desnecessário?

Instruções:
• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e
não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de
https://a7noticias.wordpress.com/2016/04/11/tirinha-armandinho- redação.
e-a-imprensa-brasileiro/. • Dê um título a sua redação.
Consulta: 22/01/2021.

Texto 4
Anotações:
Pravda, em russo, quer dizer “a verdade”. Em 1917,
Pravda era o jornalzinho do Partido Bolchevique. Pro-
PRYLGRDyUJmRRÀFLDOGD8QLmR6RYLpWLFDDWUDYHVVRX
o século 20 promovendo uma mentira atrás da outra.
Você até pode alegar que no Pravda ninguém nunca fez
jornalismo. Mesmo assim, de qualquer modo, não po-
derá argumentar que as palavras “jornal” e “verdade”
guardem alguma proximidade de sentido. Na melhor
das hipóteses, um jornal nos dá uma notícia, ou duas.
Se não forem mentirosas, deliberada ou inadvertida-
mente, já estamos no lucro.
Lippmann já avisava: “A hipótese, que me parece
a mais fértil, é que notícia e verdade não apenas não
são a mesma coisa como precisam estar claramente
separadas. A função da notícia é sinalizar um evento.
A função da verdade é trazer luz para fatos ocultos,
relacioná-los a outros, e traçar um retrato da realidade
a partir do qual os homens possam atuar”.
E mesmo aí já estamos diante de um entendimento
H[DJHUDGDPHQWHHVSHUDQoRVRGDYHUGDGH)UDQFDPHQ
te. Essa história de “iluminar” fatos ocultos é bastante
2EM2021AP3

problemática. Até para os iluministas, aos quais deve-


mos as ideias fundadoras da imprensa, já era muito
complicado.
Quando muito, o jornalismo pode pretender esti-
mular um ambiente de debate público em que os fatos
GHLQWHUHVVHJHUDOÀTXHPPDLVDFHVVtYHLVjLQWHOLJrQFLD

Red 261
Aulas 33 e 34

A “narração” na dissertação argumentativa


Redação
dade.
AS Atividades de Sala Nesse panorama, é evidente o papel importante da
ciência para o mundo contemporâneo. Contudo, ela
Estudando Juntos HQIUHQWDGLÀFXOGDGHVSDUDTXHVHXFRQKHFLPHQWRQmR
seja mal aproveitado ou negado. Assim, a atualidade
O Dr. Ripper e A Cassandra
é marcada pela luta entre general Ripper e Cassandra.
1DFRPpGLD´'U)DQWiVWLFRµGH6WDQOH\.XEULFNR Logo, mesmo diante de tantos avanços, a ciência pre-
JHQHUDO 5LSSHU DPHGURQWD VHXV VXERUGLQDGRV DR DÀU cisa constantemente provar a sua importância, assim
PDU TXH D ÁXRUHWDomR GD iJXD HUD QD YHUGDGH XP como Cassandra.
instrumento comunista para envenenar o mundo oci- Camila Perroud.
GHQWDO+RMHDQRVQRVDSyVRODQoDPHQWRGRÀOPH 7HPD )89(67 O papel da ciência no mundo contemporâneo.
DLQGDKiPXLWRV´5LSSHUVµQDVRFLHGDGHGLÀFXOWDQGR
Anotações
RSDSHOGRPXQGRFLHQWtÀFR$VVLPPHVPRPHOKRUDQ
do substancialmente o cotidiano dos seres humanos, a
FLrQFLDWDPEpPSRVVXLRSDSHOGHHQIUHQWDUDVGLÀFXO
dades ao lidar com pessoas que a utilizam para bene-
ÀFLDUDSHQDVXPDSDUWHGDVRFLHGDGHRXDWpPHVPR
para negar a própria existência da ciência.
+RMH GRHQoDV TXH PDWDYDP QR LQtFLR GR VpFXOR
XX, são erradicadas. As tecnologias facilitam o viver,
a expectativa de vida aumentou e, graças as redes de
comunicação, as informações chegam em segundos,
favorecendo a consolidação de democracias. Para Eric
+REVEDZPDFLrQFLD³ parte da superestrutura ³ foi
fundamental para mudar a infraestrutura da Idade
Moderna. Entretanto, na Era da Pós-verdade, as pes-
soas, não raro, não percebem a importância dos avan-
ços tecnológicos, enquanto outros os utilizam em be-
nefício próprio.
As armas químicas, as bombas atômicas e as eleições
atuais são exemplos de como a ciência pode favorecer
um determinado grupo. Atualmente, quem controla os
dados ³ “Big Data” ³ sabe exatamente as predileções
e os medos dos indivíduos conectados, podendo vender
essas informações para empresas e, até mesmo, políti-
cos. Logo, tais dados podem ser utilizados para espa-
lhar mentiras ³ como general Ripper ³ na tentativa
de alienar e amedrontar a população, tornando-a mais
vulnerável e, inclusive, contrária à ciência.
O ser humano, em seu estado de alerta, produz cor-
tisol que impede a mente de realizar análises profun-
das. Logo, ao receber uma notícia falsa, o cérebro tem
GLÀFXOGDGHSDUDYHULÀFDUDYHUDFLGDGHHDSURYHLWDQ
do essa situação, movimentos como o terraplanismo
e o antivacinismo, ganham destaque. Assim, a ciência
é, como a Cassandra personagem da mitologia grega,
sábia; porém, não raramente, fadada à descredibili-

262 Red
1. Explique por que os acontecimentos presentes no
TO Tarefa Obrigatória segundo parágrafo teriam relação com o progressivo
ÀPGDOHLWXUDGHOLYURV
Um futuro sombrio 2. Nesse mundo imaginado por Bradbury, os livros de
No romance Fahrenheit 451 (1953), Ray Bradbury ÀFomRSRGHPYLUDVHUXPSUREOHPDPDLRU"-XVWLÀTXH
imagina um futuro sombrio no qual os bombeiros se de- a resposta.
dicam não a apagar incêndios mas sim a queimar livros,
HVSHFLDOPHQWHGHÀFomR6HJXQGRRURPDQFHFRPRVH 3. Pensando no contexto do livro, explique o seguinte
chegou a esse futuro? trecho retirado do texto acima: “São bibliotecas ambu-
lantes disfarçadas de mendigo”.
À proporção que a chamada vida moderna se
acelerou, os livros se reduziram primeiro a breves
resumos de poucas páginas, depois a emissões AC Atividades Complementares
UDGLRI{QLFDVGHTXLQ]HPLQXWRVSRUÀPDQRPi[LPR
dez linhas em um dicionário. As universidades Instruções
pararam de produzir professores. Em todos os lugares,
1. Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas. O
espalharam-se “joke-boxes”, ou seja: caixas de música
que estiver fora do retângulo, no verso da página
que, em vez de tocar música, apenas contam piadas. A
ou acima do limite máximo, NÃO será considerado
palavra “intelectual” se converteu em um xingamento.
na correção.
Como as casas não pegavam mais fogo, os antigos 2. $5HGDomRGHYHVHUIHLWDFRPFDQHWDHVIHURJUiÀFD
bombeiros passaram a ter o trabalho de queimar todos os azul ou preta.
livros do mundo. Junto com os livros, eles agora queimam
3. A letra deve ser LEGÍVEL.
também as pessoas que não desistem de ler. Um bom-
4. A redação deve obedecer à norma padrão da língua
beiro chamado Montag, porém, lê os livros que deveria
portuguesa. Se errar, risque e escreva novamente a
queimar. Quando chega a vez de queimarem os seus livros
palavra. Ver exemplo.
e a ele mesmo, consegue fugir. Na fuga, Montag encontra
YiULDV SHVVRDV TXH YLYHP QDV ÁRUHVWDV FRPR Q{PDGHV caza casa
ocupando-se em guardar de memória os livros que leram.
5. Dê um título a sua redação.
São bibliotecas ambulantes disfarçadas de mendigos.
Um deles lhe explica no que eles acreditam: “A coi- Proposta
sa mais importante que tivemos de meter na cabeça Considerando as ideias contidas nos textos motivado-
é que nós não éramos importantes, que não devíamos res a seguir, além de outras informações que você julgue
ser pedantes: nós não nos sentíamos superiores a nin- pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual
guém mais neste mundo. Somos nada mais do que as você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:
capas empoeiradas dos livros, sem qualquer valor in- A desigualdade social no Brasil
trínseco.” Ao dizer que eles não são “mais do que as
capas empoeiradas dos livros”, o homem-livro enfatiza Textos Motivadores
a preocupação de guardar aquilo que torna os seres Texto 1
humanos melhores e maiores.
'DGRV GR )*9 6RFLDO GmR D GLPHQVmR GD SLRUD QD
Depois de ser apresentado a esses homens, Mon- FRQFHQWUDomRGRÀPGHDMXQKRGHDUHQGD
tag vê que a cidade mais próxima se transforma num per capita do trabalho dos 10% mais ricos subiu 2,5%
FODUmR2V(VWDGRV8QLGRVÀQDOPHQWHSDUHFHPWHUVLGR DFLPDGDLQÁDomRHDGRPDLVULFR
atingidos por uma bomba atômica (a cena é imaginada
Já o rendimento dos 50% mais pobres despencou
quase quarenta anos antes da queda das torres gêmeas).
17,1%; e dos 40% “do meio” (a classe média entre os
Ao encontrarem os sobreviventes solitários e per- mais ricos e os mais pobres), caiu 4,2%.
didos, os homens-livros dizem que eles estão ali para
Isso levou o índice de Gini a 0,629, muito próximo
lembrar. Eis como pretendem vencer a longo prazo: de
ao recorde da série desde 2012 (medido de 0 a 1, quan-
tanto recordarem, acabarão por escavar a maior sepul-
2EM2021AP3

to mais perto de 1, pior a desigualdade).


tura de todos os tempos para nela enterrar nada mais
Segundo o Relatório da Desigualdade Global, da Es-
nada menos do que a guerra. Os livros que começam
cola de Economia de Paris, o Brasil é hoje o país de-
a devolver às pessoas se revelarão espelhos nos quais
mocrático que mais concentra renda no 1% do topo da
todos podem voltar a se observar longamente.
CLÁUDIO CANO
pirâmide. (...)
Adaptado de http://blogderesenhas.com.br (texto via prova da UERJ) A partir de dados que combinam pesquisas domici-

Red 263
liares, contas nacionais e declarações de imposto de https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/09/Como-
o-brasileiro-v%C3%AA-as-chances-de-ascens%C3%A3o-social-e-a-
renda, o relatório mostra que esse 1% super-rico (cerca
desigualdade. Consulta: 22/01/2021.
de 1,4 milhão de adultos) captura 28,3% dos rendimen-
tos brutos totais e recebe individualmente, em média, Texto 3
R$ 106,3 mil por mês pelo conjunto de todas as suas
Duzentos e vinte e cinco anos. Esse é o tempo que
rendas –segundo valor de 2015 atualizado na base do
um brasileiro nascido entre os 10% mais pobres levaria
WID (World Inequality Database).
SDUDDOFDQoDUDUHQGDPpGLDGRSDtV³KRMHGH
Como comparação, os 50% mais pobres (71,2 mi- reais. A conclusão é da Organização para Cooperação e
OK}HVGHSHVVRDV ÀFDPFRPGRFRQMXQWRGHWR Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o estudo
dos os rendimentos, menos da metade do que é rece- da instituição, O Elevador Social Está Quebrado? Como
bido pelo 1% no topo. Promover a Mobilidade Social, a desigualdade por aqui
http://temas.folha.uol.com.br/desigualdade-global/brasil/super-
é tamanha que são necessárias nove gerações para que
ricos-no-brasil-lideram-concentracao-de-renda-global.shtml.
Consulta: 22/01/2021. o membro de uma família desafortunada conquiste
uma condição melhor.
Texto 2
Crianças cujos pais não completaram o ensino mé-
O brasileiro acredita que diminuir a desigualdade é
dio, por exemplo, têm apenas 15% de chance de chegar
necessário para que o país progrida. Essa resposta foi
à universidade, probabilidade que sobe para 60% quan-
dada por 86 de cada 100 entrevistados em uma pesqui-
do pelo menos um deles é diplomado.
sa feita pela Oxfam, organização não-governamental
que reúne entidades que abordam a questão da desi- De acordo com a Oxfam, que luta pelo combate à
gualdade no mundo, em parceria com o instituto Data- desigualdade no mundo, o Brasil é o nono país mais
folha. (...) desigual do planeta. Quem recebe um salário mínimo
hoje, por exemplo, precisa trabalhar 19 anos para ga-
O problema é percebido pela população, que vê
nhar o equivalente a um mês de rendimento do 0,1%
PDLRUGLÀFXOGDGHSDUDQHJURVHPXOKHUHV SRUH[HP
mais rico.
plo, de conseguirem oportunidades. Para melhorar de
vida, quase um terço dos entrevistados apontam a "fé )DWRpTXHGHVYDQWDJHQVQRLQtFLRGDMRUQDGDSRGHP
religiosa" como prioridade. A alternativa foi mais perseguir uma pessoa ao longo da vida, traduzindo-se
escolhida do que "estudar" ou "ter acesso a saúde”. não só em salários mais baixos, mas em mortalidade
O que o brasileiro não sabe com precisão é qual o seu precoce.
lugar na pirâmide social, qual a renda dos pobres e ´$ VLWXDomR VRFLRHFRQ{PLFD LQÁXHQFLD R DSUHQGL
quanto dinheiro tem alguém que está entre os 10% zado, as perspectivas de emprego e até a saúde. Um
mais ricos. homem de 25 anos que frequentou faculdade pode es-
(...) A grande maioria dos brasileiros acha que é po- perar viver quase oito anos mais do que seu par de
bre. Quando a pesquisa perguntou se o entrevistado pouca escolaridade. Entre as mulheres, a diferença é
achava que estava na metade mais rica ou mais pobre de 4,6 anos”, diz o relatório da OCDE, divulgado no ano
da população, 85% respondeu que estava na parte de passado.
baixo. É essa noção que faz com que o brasileiro não É dessa perspectiva que a meritocracia vem sendo
tenha total ideia do que é ser pobre no país. Para o TXHVWLRQDGD 2 FRQFHLWR ³ PLVWXUD GD SDODYUD ODWLQD
Banco Mundial, é pobre no Brasil quem tem renda fa- meritum´PpULWRµFRPRVXÀ[RJUHJRcracía, “poder”
miliar per capita menor que R$ 400 por mês. Mais da ³VXJHUHTXHRVXFHVVRpGHWHUPLQDGR~QLFDHH[FOXVL
metade dos entrevistados que acha que pobre é quem vamente pelo esforço pessoal.
ganha entre R$ 701 e R$ 1.000 mensais. Por Nataly Pugliesi, da VOCÊ S/A - 7 ago 2019.
https://exame.abril.com.br/carreira/entenda-como-a-
meritocracia-pode-prejudicar-sua-carreira/. Consulta: 22/01/2021.

264 Red
Aulas 35 e 36

A contra-argumentação
Redação
DR LQVWLQWR 2 SUySULR 'RVWRLpYVNL VXVWHQWD HP ´&UL
AS Atividades de Sala me e Castigo”, que uma dessas dinâmicas é a moral. A
FRQVFLrQFLDMiDWXDFRPRXPLQHYLWiYHO´ÀOWURGRVFRP
$R DUJXPHQWDUPRV XPD GDV GLÀFXOGDGHV p R FRQ portamentos”. Na presença de um “vigia externo”, essa
fronto, isto é, contra-argumentar. Para isso, é impor- E~VVRODPRUDOID]VHDWURÀDGRYLVWRTXHFHVVDRH[HUFt
tante saber mais, ter mais fundamentos, ser mais cla- cio de se decidir autonomamente o curso das atitudes.
ro, buscar estratégias mais sólidas. Para tal, em última instância, essa dependência inibe o
exercício do livre arbítrio, quem dirá da moral.
A construção da lógica contra-argumentativa se-
gue, em princípio, a seguinte raciocínio: Além de emudecer a potencialidade ética dos indiví-
duos, o monitoramento invasivo é, ele próprio, uma fonte
1. Apresentar o assunto (normalmente, polêmico,
de imoralidade. Ao se tratar o homem como um lobo, esse
complexo, divergente etc.);
homem assimila ³ mesmo que de forma inconsciente ³ a
2. ([SRU D RSLQLmR GH ž SROtWLFRV DXWRUHV ÀOyVR
violência do animal e passa a vê-la como sendo sua pró-
fos, sociólogos, atores, celebridades, senso comum
pria. Agora educado para não ser livre e para se pensar
etc.) e os argumentos deles;
traiçoeiro, quando fora do alcance do vigia, não tem di-
3. Contrapor com o ponto de vista e os argumentos
retrizes para exercer sua fugaz liberdade ³ o que leva a
próprios (autoridade, prova concreta e consenso).
práticas antiéticas, desde mentir, roubar, ou mesmo ferir.
O grande problema é tentar confrontar o pensa-
É justo concluir que a vigilância é não só dispensá-
PHQWR DOKHLR FDUUHJDGR GH SXUR UHÁH[R GH SRXFD
vel como também antagônica à constituição de uma
racionalidade, de incompetência argumentativa, de
sociedade livre. Ao inibir-se a consciência moral do
“achismos” e de proselitismo. Assim, vá por essa linha
homem e se suplantá-la pela dependência, ausenta-se
somente quando tiver os fundamentos sólidos e éticos.
GHOHROLYUHDUEtWULR$ÀQDOFRQYHQFLGRGHTXHpORER
Estudando Juntos vive em sociedade como se viveria em alcateia.
)HOLSH3LQWR&RHOKR1XWL²&ROpJLR)$$35LEHLUmR
Entre bandos e alcateias Tema: Vigiar é necessário para se construir e para se manter uma
“Se Deus não existe, tudo é permitido?” Essa é a in- sociedade mais livre?

dagação feita pelo introspectivo Ivan Karamázov, no ro-


Anotações
PDQFH ´2V LUPmRV .DUDPi]RYµ GH )LyGRU 'RVWRLpYVNL
Tamanha dúvida ³ recorrente ao longo dos séculos ³ traz
à tona a incerteza quanto à capacidade do homem de ser
ético mesmo na ausência de um “vigia”. Seja esse vigia o
próprio “Deus” de Ivan, seja ele o Estado, seja ele o cole-
tivo, é cabível questionar: será necessário vigiar para se
construir e manter uma sociedade mais livre?
Nada raros são aqueles que se precipitam em respon-
GHUDÀUPDWLYDPHQWH'L]HPHOHVLQVSLUDGRVHP+REEHV
que o homem nada é senão um aglomerado de impulsos
violentos e egoístas os quais se não monitorado e repri-
mido com veemência dão lugar a barbárie. Sentem-se,
então, confortáveis em defender uma patrulha impie-
dosa, que domestique o “lobo” que haveria no homem
suplantando-lhe a natureza com a obediência.
2EM2021AP3

Escapa da estreita visão desses indivíduos a dimen-


são do reducionismo e do erro que comentem. O ho-
mem, muito mais que o “lobo”, é um ser de comple-
xidade ímpar, carregando consigo uma pluralidade de
dinâmica que não pode, de forma alguma, ser reduzida

Red 265
TO Tarefa Obrigatória

Leia com atenção.

Orlandeli.
http://ultimaquimera.com.br/page/2. Consulta: 22/01/2021.

1. No último quadrinho, o personagem diz “pelo menos não com os outros”. Tendo a “tira” como referência, o que
LVVRVLJQLÀFD"

2. Explique o que a “mãe” representa para o personagem?

3. Qual seria a crítica proposta pela tira?

AC Atividades Complementares

No Canvas, ler e/ou ver o que está indicado em “Tarefas”.

266 Red
Aulas 37 e 38

Revendo conceitos
Redação
onde todo o material de camping se encontra desde
TO Tarefa Obrigatória HQWmRHPEDL[RGDFDPDQXPVDFmRGH/³WHQWH
você dobrar uma barraca e fazê-la caber novamente
Leia o texto de Antonio Prata: na minúscula bolsa em que ela vem da loja. (Se alguém
Lista de compras estiver interessado no material, por favor, emails à Re-
Minha primeira compra diretamente ligada à qua- dação.)
rentena foi de álcool em gel. Quando compreendi que Depois tive a fase dos jogos. Comprei pros meus
o potinho de 50 ml, nômade há anos peregrinando pe- ÀOKRV :DU %DQFR ,PRELOLiULR 3HJD 9DUHWD 7ZLVWHU e
las gavetas do banheiro e estantes da sala, não daria WXGREDUDWR$tYRFrYDLFRPSUDQGR(QRÀPGRPrV
conta do recado, já não havia mais álcool em gel para descobre o óbvio: se levar mil coisas de trinta reais,
FRPSUDU HP QHQKXPD IDUPiFLD GR EDLUUR )XL HQFRQ gastará trinta mil reais. E terá que vender o carro.
trar numa loja de posto de gasolina, meio abandonada; )HOL]PHQWH QmR FRPSUHL PLO FRLVDV $SHQDV DOJXPDV
levei uns quatro litros. dezenas. De modo que terei que vender só as rodas do
A segunda compra foi um freezer. Havia boatos de carro. (De novo, por favor, cartas à Redação.)
um possível desabastecimento. Saques a mercados. 2 PLFURVFySLR QRV GLYHUWLX SRU XPD VHPDQD ³HP
$SDJmR4XDQGRRIUHH]HUFKHJRXÀ]DWHUFHLUDFRP bora o auge do divertimento das crianças tenha sido
pra: uma quantidade de comida congelada que nos me ver furando o dedo para observarmos o sangue. O
garantirá a sobrevivência por uns cem anos. Comprei estilingue os interessou por algumas horas. Mas o cal-
também seis dúzias de velas e fósforos. Muitos fósfo- do entronou quando o pandeiro chegou em casa. Ali,
ros. Em abril, quando a OMS sugeriu comprar máscaras, minha mulher resolveu que deveríamos ter uma DR.
À]DTXDUWDFRPSUD “Você não acha que está exagerando?” “Não.” “Mas
Daí pra frente, terminaram as compras por necessi- você não sabe tocar pandeiro." “Por isso mesmo que
dade e começou o perigoso processo de, chamemos as- eu também comprei um curso online com o Suzano,
sim, compras recreativas. Meu impulso consumista na maior pandeirista do Brasil." Para o azar dela e dos
TXDUHQWHQDH[SOLFDDUD]mRGH-Hɛ%H]RVVHURKRPHP PHXVÀOKRVDLQGDQmRÀ]QHQKXPDGDVDXODVPDVWRFR
PDLVULFRGRPXQGRHHXQmR)D]RLWRPHVHVTXHWRGR todo dia.
GLQKHLURTXHHQWUDHQYLRLPHGLDWDPHQWHSUR-Hɛ1XQ -HɛQXQFDWHSHGLQDGD6HPSUHWHGHLWXGR6yR
ca recebi um obrigado, nem desconto na lojinha dele. que te imploro é para que os três fones anuladores de
Em maio eu já estava descontrolado: uma barraca UXtGR DPELHQWH FKHJXHP DQWHV GR ÀP GR PHX FDVD
de camping, quatro sacos de dormir, uma lanterna re- mento. Sou cliente Prime. Colabora aí, parceiro.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2020/12/
FDUUHJiYHOjOX]VRODUEDVW}HVÁXRUHVFHQWHVGRLVFDQ
lista-de-compras.shtml Consulta: 22/01/2021.
tis. Pensei que seria a noite mais feliz na vida dos meus
ÀOKRV HODGHVHWHHOHGHFLQFR DFDPSDQGRFRPRSDL
1. Como podemos caracterizar a evolução nas compras
e a mãe no jardim de um sítio, próximo a São Paulo. Os
feitas pelo autor, Antonio Prata, ao longo do ano que
quatro viraram três assim que contei à minha mulher
passou?
sobre o projeto. “Mas nem ferrando que eu vou dormir
numa barraca." Os três viraram dois assim que eu apa- 2. ([SOLTXHRFRQWH[WRTXHHQYROYH-Hɛ%H]RV²FLWDGR
guei a lanterna, lá pela uma da madrugada. “Papai, por Prata em seu texto.
VDEHRTXHp"µGLVVHPHXÀOKR]HORVRGLDQWHGDPLQKD
3. Ao mencionar que “Ali, minha mulher resolveu que
empolgação, “é que eu acho que tô mais acostumado
deveríamos ter uma DR.”, qual a mensagem que estava
com quarto, mesmo”. E lá se foi correndo pros braços
sendo passada pela sua esposa a Antonio Prata?
2EM2021AP3

da mãe.
(X H PLQKD ÀOKD UHVLVWLPRV EUDYDPHQWH DWp VHLV H
meia da manhã, quando os cachos róseos da aurora, AC Atividades Complementares
como diria o poeta, nos mostraram que eu havia fei-
to um excelente negócio: pelo preço de uma barraca, No Canvas, ler e/ou ver o que está indicado em “Ta-
adquiri também uma sauna. Suados, fomos pro quarto, refas”.

Red 267
268 Red

Você também pode gostar