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Lit 289
2. TriVWH ÀP GH 3ROLFDUSR 4XDUHVPD (1915) é o livro b) para investigar os pensamentos da personagem, o
mais conhecido de Lima Barreto. Segue-se um excerto narrador empregou o discurso indireto-livre. Quais
SUy[LPRGRÀQDOGRHQUHGR são as marcas formais (estruturais) que comprovam
“Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? seu uso?
E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda
ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e
querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua feli-
cidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a
sua virilidade também; e, agora que estava na velhice,
como ela o recompensava, como ela o premiava, como
ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de
ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brin-
cara, não pandegara, não amara — todo esse lado da
existência que parece fugir um pouco à sua tristeza
necessária, ele não vira, ele não provara, ele não ex-
perimentara. Desde dezoito anos que o tal patriotismo 3. 5HFRUGDo}HV GR HVFULYmR ,VDtDV &DPLQKD (1909)é o
OKHDEVRUYLDHSRUHOHÀ]HUDDWROLFHGHHVWXGDULQXWLOL primeiro livro de Lima Barreto e um dos mais contun-
dades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois dentes em relação ao preconceito racial que sofreu em
que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade vida. Segue um trecho:
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O impor-
Cri-me fora de minha sociedade, fora do agrupa-
tante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se
mento a que tacitamente eu concedia alguma coisa e
das suas coisas de tupi, do folclore, das suas tentativas
que em troca me dava também alguma coisa.
agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satis-
Não sei bem o que cri; mas achei tão cerrado o ci-
fação? Nenhuma! Nenhuma!
poal, tão intrincada a trama contra a qual me fui de-
2 WXSL HQFRQWURX D LQFUHGXOLGDGH JHUDO R ULVR D
bater, que a representação da minha personalidade na
PRIDRHVFiUQLRHOHYRXRjORXFXUD8PDGHFHSomR
minha consciência se fez outra, ou antes, esfacelou-se
(DDJULFXOWXUD"1DGD$VWHUUDVQmRHUDPIHUD]HVHHOD
a que tinha construído. Fiquei como um grande paque-
QmRHUDIiFLOFRPRGL]LDPRVOLYURV2XWUDGHFHSomR
te moderno cujos tubos da caldeira se houvessem rom-
( TXDQGR R VHX SDWULRWLVPR VH À]HUD FRPEDWHQWH R
pido e deixado fugir o vapor que movia suas máquinas.
TXHDFKDUD"'HFHSo}HV2QGHHVWDYDDGRoXUDGHQRVVD
JHQWH" 3RLV HOH QmR D YLX FRPEDWHU FRPR IHUDV" 3RLV
QmRDYLDPDWDUSULVLRQHLURVLQ~PHURV"2XWUDGHFHS
omR$VXDYLGDHUDXPDGHFHSomRXPDVpULHPHOKRU
XPHQFDGHDPHQWRGHGHFHSo}HV
$SiWULDTXHTXLVHUDWHUHUDXPPLWRHUDXPIDQ
WDVPDFULDGRSRUHOHQRVLOrQFLRGRVHXJDELQHWHµ
a) O termo “epifania” tem sido usado em literatura
para indicar momentos de iluminação ou reconheci-
mento de uma verdade ou de visão nítida da reali-
dade por parte de um personagem. Podemos dizer
que acima ocorre uma epifania. Explique por quê.
290 Lit
b) H[SOLTXHDDOHJRULDXVDGDSRU,VDtDV&DPLQKDQRÀ Aproveitando-se do grande sucesso do livro 8UXSrV
nal do texto. (1918), a empresa acima fez um inteligente reclame de
seu produto para “amarelão”. Embora a conversa re-
vele uma certa simpatia do autor pelo caipira paulista,
não é bem o que se percebia no seu primeiro livro. O
TXHVLJQLÀFDDPHWiIRUDXVDGDQRWtWXOR"
6. Leia o trecho:
Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no
mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza,
em companhia da mulher, muito magra e feia e de vá-
ULRVÀOKLQKRVSiOLGRVHWULVWHV
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enor-
mes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa ne-
nhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos
de brejaúva, mas não tinha ideia de plantar um pé de
couve atras da casa. Perto um ribeirão, onde ele pes-
(Caipira picando fumo, 1893, Almeida Júnior)
cava de vez em quando uns lambaris e um ou outro
bagre. E assim ia vivendo.
O grande pintor de Itu foi um dos primeiros artistas
a retratar o caipira, antes mesmo de Monteiro Lobato. Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis
Pode-se dizer que a pintura acima é idealizada? QHP URXSDV QHP QDGD TXH VLJQLÀFDVVH FRPRGLGDGH
Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas,
a espingardinha de carregar pela boca, muito ordiná-
ria, e só.
Todos que passavam por ali murmuravam:
– Que grandíssimo preguiçoso!
Lit 291
rém, não me confortava naquele tempo, porque sen-
TO Tarefa Obrigatória tia na baixeza do tratamento todo o desconhecimen-
to das minhas qualidades, o julgamento anterior da
minha personalidade que não queriam ouvir, sentir e
Aula 25
examinar. O que mais me feriu, foi que ele partisse de
um funcionário, de um representante do governo, da
1. Como podemos caracterizar a personagem Policar-
administração que devia ter tão perfeitamente, como
po Quaresma? Baseie sua resposta no trecho que se
eu, a consciência jurídica dos meus direitos ao Brasil e
segue:
como tal merecia dele um tratamento respeitoso.
Era onde estava bem. No meio de soldados, de ca-
Em 5HFRUGDo}HV GR HVFULYmR ,VDtDV &DPLQKD, o
nhões, de veteranos, de papelada inçada de quilos de
narrador faz comentários que interrompem o relato
pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de arti-
para tecer comentários. Como se chama esse recurso?
lharia, aspirava diariamente aquele hálito de guerra,
Como o narrador conseguiu se proteger do preconceito
de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito
racial que sofreu em toda a sua vida?
da Pátria.
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estu- 3. Leia o trecho:
dou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua histó-
“Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agen-
ULDQDVXDJHRJUDÀDQDVXDOLWHUDWXUDHQDVXDSROtWL
te do Correio pudera apenas informar que acudia ao
ca. Quaresma sabia as espécies de minerais, vegetais
nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a
e animais que o Brasil continha; sabia o valor do ouro,
correspondência que recebia. E era grande. Quase dia-
dos diamantes exportados por Minas, as guerras holan-
riamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da cida-
desas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso
de, onde morava o desconhecido, sopesando um maço
de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a
alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas re-
proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios
vistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes... Quan-
do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns
do Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa
quilômetros ao Nilo e era com este rival do “seu” rio
do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe
que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua
que trabalho lhe tinha sido determinado. — Vou fazer
IUHQWH(PJHUDOFDOPRHGHOLFDGRRPDMRUÀFDYDDJL
um forno, disse o preto, na sala de jantar.”
tado e malcriado, quando se discutia a extensão do
O célebre conto $QRYD&DOLIyUQLD, de Lima Barreto,
Amazonas em face da do Nilo.
faz uma interessante referência intertextual no nome
de seu personagem principal. Pesquise essa referên-
2. Considere o excerto abaixo:
cia.
Não tenho pejo em confessar hoje que quando me
ouvi tratado assim, as lágrimas me vieram aos olhos.
Eu saíra do colégio, vivera sempre num ambiente arti- Aula 26
ÀFLDOGHFRQVLGHUDomRGHUHVSHLWRGHDWHQo}HVFRPL
go; a minha sensibilidade, portanto, estava cultivada e 1. Fale sobre as críticas tecidas por Monteiro Lobato
tinha uma delicadeza extrema que se ajuntava ao meu ao caipira do Vale do Paraíba, inspirando-se na gravura
orgulho de inteligente e estudioso, para me dar não sei abaixo:
que exaltada representação de mm mesmo, espécie de
homem diferente do que era na realidade, ente supe-
rior e digno a quem um epíteto daqueles feria como
uma bofetada. Hoje, agora, depois não sei de quantos
pontapés destes e outros mais brutais, sou outro, in-
sensível e cínico, mais forte talvez; aos meus olhos,
porém, muito diminuído de mim próprio, do meu pri-
mitivo ideal, caído dos meus sonhos, sujo, imperfei-
to, deformado, mutilado e lodoso. Não sei a que me
compare, não sei mesmo se poderia ter sido inteiriço
DWpDRÀPGDYLGDPDVFKRURDJRUDFKRURKRMHTXDQ
do me lembro que uma palavra desprezível dessas não
me torna a fazer chorar. Entretanto, isso tudo é uma
questão de semântica: amanhã, dentro de um século,
QmRWHUiPDLVVLJQLÀFDomRLQMXULRVD(VVDUHÁH[mRSR
292 Lit
2. Que tipos de preconceitos estão implícitos na char-
ge abaixo: AC Atividades Complementares
Lit 293
Aulas 27 e 28
Os Anjos de Augusto Literatura
A Poesia Escatológica de Augusto dos Anjos
294 Lit
LL
b) Que visão o eu lírico apresenta da existência? 4. Leia o poema:
Psicologia de um vencido
(XÀOKRGRFDUERQRHGRDPRQtDFR
0RQVWURGHHVFXULGmRHUXWLOkQFLD
6RIURGHVGHDHSLJrQHVHGDLQIkQFLD
$LQÁXrQFLDPiGRVVLJQRVGR]RGtDFR
3URIXQGLVVLPDPHQWHKLSRFRQGUtDFR
c) Como o eu lírico pretende permanecer após sua
morte? (VWHDPELHQWHPHFDXVDUHSXJQkQFLD
6REHPHjERFDXPDkQVLDDQiORJDjkQVLD
4XHVHHVFDSDGDERFDGHXPFDUGtDFR
-iRYHUPH³HVWHRSHUiULRGDVUXtQDV³
4XHRVDQJXHSRGUHGDVFDUQLÀFLQDV
&RPHHjYLGDHPJHUDOGHFODUDJXHUUD
$QGDDHVSUHLWDUPHXVROKRVSDUDURrORV
(KiGHGHL[DUPHDSHQDVRVFDEHORV
d) Veja a imagem abaixo: 1DIULDOGDGHLQRUJkQLFDGDWHUUD
Lit
LL 295
b) Retire do texto imagens tipicamente expressionis-
tas.
296 Lit
LL
7. Veja as duas imagens:
($IDQWiVWLFDIiEULFDGHFKRFRODWH 2005)
Lit
LL 297
8. 9HUVRVtQWLPRV é o mais popular de todos os poemas c) Qual traço da humanidade o eu lírico mais ataca?
de A.A.. Saboreie-o antes de ser questionado:
Versos Íntimos
d) TXHÀORVRÀDDSUHVHQWDVHXVUHÁH[RVQDVHJXQGDHV
Acostuma-te à lama que te espera!
trofe?
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
TO Tarefa Obrigatória
Aula 27
Leia o soneto abaixo para responder às três ques-
b) Que elemento do texto é considerado moderno para tões:
os padrões da época?
Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
298 Lit
LL
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -
AC Atividades Complementares
3. Por que o poema adquire um ar de acusação?
Aula 28
1. Considere o poema abaixo:
Para responder às questões propostas, é mister ler
o soneto que se segue, curioso aluno: Vozes da morte
&DQWDDDOHOXLDYLUJLQDOGDVFUHQoDV
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
(DVDPHWLVWDVHRVÁRU}HVHDVSUDWDV
Não morrerão, porém, tuas sementes!
E erguendo os gládios e brandindo as hastas, Pelo muito que em vida nos amamos,
OKHXPVLJQLÀFDGR
Lit
LL 299
4XHÀJXUDGHOLQJXDJHPFRQIHUHSURIXQGRKXPDQLV O EGO (outra denominação estrutural psíquica),
mo ao texto? tem como base o princípio da realidade. Essa realida-
de é adquirida através do meio sociocultural, onde o
2. ego, ao assimilar esse meio, começa a se esforçar para
TEXTO 1 satisfazer os desejos do ID de forma realista e social-
mente adequadas.
O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Ego, o que pode-se chamar como o princípio de rea-
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
lidade, pondera sobre os custos e benefícios de uma
Na bruta ardência orgânica da sede,
ação, antes de decidir agir sobre desistir ou ceder aos
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. impulsos.
a. Id
b. Ego Indicações do Professor:
O ID
O ID é impulsionado pelo princípio do prazer, que
WUDEDOKDGLJDPRVDVVLPSDUDDJUDWLÀFDomRLPHGLDWD
de todos os desejos. Também trabalha em virtude das
vontades e necessidades de ordem primária, ou seja,
SDUDRDWHQGLPHQWRGDVQHFHVVLGDGHVÀVLROyJLFDV
O EGO
300 Lit
LL
Aulas 29 e 30
Lit 301
2. Veja as imagens e diga qual é a que apresenta uma e)
QtWLGD IUDJPHQWDomR GD UHDOLGDGH MXVWLÀFDQGR VXD
conclusão.
a)
302 Lit
c) Qual parágrafo mais apresenta cortes abruptos nas b) Como deve ser a produção artística, segundo
imagens, as quais parecem superpostas? Tristam Tzara?
Aula 29
fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza dis-
to,
3DUD D EHOH]D GLVWR WRWDOPHQWH GHVFRQKHFLGD GRV
Lit 303
DQWLJRV 2. Leia abaixo um capítulo de Memórias sentimentais
de João Miramar (1924):
ÐURGDVyHQJUHQDJHQVUUUUUUUHWHUQR O Pensieroso
)RUWHHVSDVPRUHWLGRGRVPDTXLQLVPRVHPI~ULD “Jardim desencanto
(PI~ULDIRUDHGHQWURGHPLP O dever e processões com pálios
3RUWRGRVRVPHXVQHUYRVGLVVHFDGRVIRUD E cônegos
3RUWRGDVDVSDSLODVIRUDGHWXGRFRPTXHHXVLQWR Lá fora
7HQKRRVOiELRVVHFRVyJUDQGHVUXtGRVPRGHUQRV E um circo vago e sem mistérios
'HYRVRXYLUGHPDVLDGDPHQWHGHSHUWR Urbanos apitando noites cheias
(DUGHPHDFDEHoDGHYRVTXHUHUFDQWDUFRPXP Mamãe chamava-me e conduzia-me para dentro do
H[FHVVR oratório de mãos grudadas.
'HH[SUHVVmRGHWRGDVDVPLQKDVVHQVDo}HV – O anjo do Senhor anunciou à Maria que estava para
ser a mãe de Deus.
&RP XP H[FHVVRFRQWHPSRUkQHR GH YyVyPiTXL
QDV Vacilava o morrão do azeite bojudo em cima do
copo. Um manequim esquecido avermelhava.
– Senhor convosco, bendita sois entre as mulheres,
as mulheres não tem pernas, são como o manequim de
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se ex-
mamãe até embaixo. Para que nas pernas, amém.”
prime!
a) O que é motivo de deboche no capítulo acima?
Ser completo como uma máquina!
b) A linguagem fragmentada, entrecortada, sobrepos-
Poder ir na vida triunfante como um automóvel úl- ta teve qual intenção?
timo-modelo!
3RGHU DR PHQRV SHQHWUDUPH ÀVLFDPHQWH GH WXGR 3.
isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-
-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
'HVWDÁRUDHVWXSHQGDQHJUDDUWLÀFLDOHLQVDFLiYHO
a) Que relação o eu lírico estabelece com a moderni-
GDGH"(XIyULFDRXGLVIyULFD"-XVWLÀTXH
b) Por que o poema acima pode ser chamado apolo-
gético?
(Aula 30)
1. Veja os quadros abaixo:
304 Lit
a) Além do fato óbvio de o poema possuir sete estro-
AC Atividades Complementares fes, que outra razão explicaria o título?
b) Encontre uma estrofe que faça intertextualidade
religiosa.
1. Leia abaixo o célebre “Poema de sete faces”, de c) (PTXDOYHUVRWHPRVXPDUHÁH[mRPHWDOLQJXtVWLFD"
Carlos Drummond de Andrade, presente em sua obra Transcreva-o.
Alguma poesia, de 1930: G 3HUQDVEUDQFDVSUHWDVDPDUHODV
Poema de Sete Faces O verso acima propositalmente não apresenta vír-
gulas, nesse caso exigidas pela gramática normativa.
4XDQGRQDVFLXPDQMRWRUWR Que efeito o poeta pretendeu ao suprimir as vírgulas?
'HVVHVTXHYLYHPQDVRPEUD
'LVVH9DL&DUORV6HUJDXFKH
QDYLGD
Indicações do Professor:
• $VVLVWDDRÀOPH´0HLDQRLWHHP3DULVµGH:RRG\$OOHQ
$VFDVDVHVSLDPRVKRPHQV 2011
4XHFRUUHPDWUiVGHPXOKHUHV • Assista “Caçadores de obras-primas”, de George Cloo-
$WDUGHWDOYH]IRVVHD]XO ney. 2014
1mRKRXYHVVHWDQWRVGHVHMRV
2ERQGHSDVVDFKHLRGHSHUQDV Anotações:
3HUQDVEUDQFDVSUHWDVDPDUHODV
3DUDTXHWDQWDSHUQDPHX'HXVSHUJXQWDPHXFR
UDomR
3RUpPPHXVROKRV
1mRSHUJXQWDPQDGD
Lit 305
Aulas 31 e 32
AS Atividades de Sala
$FRPSDQKDGRSHODVURVDVPLJUDGRUDV
$SDVFHQWRRVSLDQRVTXHJULWDP
(WUDQVPLWHPRDQWLJRFODPRUGRKRPHP
4XHUHFODPDQGRDFRQWHPSODomR
(Golconde, 1953)
6RQKDHSURYRFDDKDUPRQLD
7UDEDOKDPHVPRjIRUoD
(SHORYHQWRQDVIROKDJHQV
3HORSODQHWDSHORDQGDUGDVPXOKHUHV
3HORDPRUHVHXVFRQWUDVWHV
&RPXQLFDVHFRPRVGHXVHV
0XULOR0HQGHV
a) 2TXHVmRLPDJHQVRQtULFDV"2SRHPDDFLPDDSUH
VHQWDDOJXPD"7UDQVFUHYDRVYHUVRVHPTXHHODV 3. Veja a imagem:
RFRUUHP
306 Lit
Que efeitos são produzidos no espectador por essa e complemento. Outra curiosidade a respeito do mé-
imagem surreal? todo é que agrega mais de um autor. Cada um deles
intervém da maneira que desejar, porém, dobrando o
papel para que os demais colaboradores não tenham
conhecimento do que foi escrito.
5.
“Cadáver elegante é um jogo coletivo surrealista
Man Ray, Yves Tanguy, Joan Miró e Max Morise. Le Cadavre exquis
inventado por volta de 1925 na França. (O cadáver requintado), 1926-27. Tinta, lápis, crayin colorido sobre
No início do século XX, o movimento surrealista papel, 37 x 23 cm.
IUDQFrV LQDXJXURX R PpWRGR GR TXH ÀFRX FRQKHFLGR Procure fazer um “cadáver requintado ou saboro-
2EM2021AP3
Lit 307
Volta de novo a noite e um mortal lamenta-se
E com ele sofre um outro.
308 Lit
2. Qual continente está chorando? Haveria uma razão
histórica para tal choro?
Lit 309
2. Há uma poderosa metáfora no verso:
+RMHRVUDWRVGDQoDPVREUHDVWHFODV
Quais os sentidos possíveis de tal metáfora?
AC Atividades Complementares
310 Lit
Aulas 33 e 34
AS Atividades de Sala
nhã.
a) qual é a oposição básica que o poema acima apre-
senta? Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir se-
não no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gos-
Lit 311
tasse. Isso exige um estudo profundo,
Por isso, se morrer agora, morro contente, Uma aprendizagem de desaprender
Porque tudo é real e tudo está certo. E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as frei-
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. ras eternas
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. (DVÁRUHVDVSHQLWHQWHVFRQYLFWDVGHXPVyGLD
Não tenho preferências para quando já não puder 0DVRQGHDÀQDODVHVWUHODVQmRVmRVHQmRHVWUHODV
ter preferências. 1HPDVÁRUHVVHQmRÁRUHV
O que for, quando for, é que será o que é. 6HQGRSRULVVRTXHOKHVFKDPDPRVHVWUHODVHÁRUHV
(Poemas inconjuntos, Alberto Caeiro)
a) O eu lírico acima pode ser considerado narcisista? a) É possível dizer que o eu lírico defende uma desme-
taforização da realidade?
b) FRPRRHXOtULFRHQWHQGHRSHQVDPHQWRHDÀORVRÀD"
312 Lit
/HLVIHLWDVHVWiWXDVDOWDVRGHVÀQGDV
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, porque não elas?
O que fazemos é o que somos. Nada
Nos cria, nos governa e nos acaba.
Somos contos contando contos, cadáveres
Adiados que procriam. 6. Veja a ode abaixo:
a) Em que os textos acima se assemelham? Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Com o Inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o Estio, de quem somos mortos,
6HQmRSDUDRTXHÀFDGRTXHSDVVD³
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
b) RTXDGURGRWH[WR,pFODVVLÀFDGRFRPR´PHPHQWR
PRULµ2TXHVLJQLÀFDLVVR"
TO Tarefa Obrigatória
2EM2021AP3
Aula 33
Lit 313
(RVÀOyVRIRVVmRKRPHQVGRLGRV Amar é a eterna inocência,
3RUTXHRVSRHWDVPtVWLFRVGL]HPTXHDVÁRUHVVHQ E a única inocência não pensar...
tem
E dizem que as pedras têm alma TEXTO II
E que os rios têm êxtases ao luar. Estranhamento ou RVWUDQHQLHƶƹƺƸƨƵƭƵưƭIRLXP
termo utilizado pelo formalista russo Viktor Chklovski
0DVDVÁRUHVVHVHQWLVVHPQmRHUDPÁRUHV em seu trabalho “Iskusstvo kak priem” (“A Arte como
processo”) ou (“A Arte com procedimento”), publicado
Eram gente;
pela primeira vez em Poetika (1917). (...)
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas,
3DUD&KNORYVNLDRFRQWUiULR´$ÀQDOLGDGHGDDUWH
não eram pedras;
é dar uma sensação do objeto como visão e não como
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
reconhecimento; o processo da arte é o processo de
Os rios seriam homens doentes. singularização RVWUDQHQLH - (estranhamento) dos obje-
tos e o processo que consiste em obscurecer a forma,
a) 4XHÀJXUDGHOLQJXDJHPRHXOtULFRUHQHJDQRSRH HPDXPHQWDUDGLÀFXOGDGHHDGXUDomRGDSHUFHSomR
ma acima? 2DWRGHSHUFHSomRHPDUWHpXPÀPHPVLHGHYHVHU
b) Por que ele defende essa ideia? prolongado; a arte é um meio de sentir o devir do obje-
to, aquilo que já se ‘tornou’ não interessa à arte.” (...)
2. Considere os textos abaixo: A tradução do termo RVWUDQHQLH, para o português
O Meu Olhar ou para o inglês tem sido escolhida como singulariza-
ção ou desfamiliarização (defamiliarization) e estra-
nhamento (estrangement).
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Como o poema de Alberto Caeiro comprova o con-
Olhando para a direita e para a esquerda,
ceito acima? Cite versos que corroborem sua resposta.
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento 3. Qual das imagens abaixo mais se liga à poesia do
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, KHWHU{QLPR$OEHUWR&DHLUR"-XVWLÀTXH
(XQmRWHQKRÀORVRÀDWHQKRVHQWLGRV
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
314 Lit
c) Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
3HUHQHÁXLDLQWHUPLQiYHOKRUD
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
a) DTXDOÀORVRÀDJUHJDVHOLJDRSRHPDDFLPD"&RP
prove com um verso do texto.
b) qual classe de palavras é fundamental no poema
para valorizar o momento presente? Tais palavras
são enfatizadas, repetidas. Como se chama essa
ÀJXUDGHOLQJXDJHP"
d)
e)
Lit 315
Que não espera nem lembra. b) ao contrário de Tomás Antônio Gonzaga, o eu lírico
Com mão mortal elevo à mortal boca de Ricardo Reis parece valorizar algo que permane-
ce na correnteza brutal da vida. O que é?
Em frágil taça o passageiro vinho,
Baços os olhos feitos
Para deixar de ver. Indicações do Professor:
• Leia os heterônimos de Fernando Pessoa no livro Ficções
a) Como se caracteriza a linguagem do poema acima, do interlúdio, Companhia das letras, 1998.
pertencente ao heterônimo Ricardo Reis? • $VVLVWDDRGRFXPHQWiULR´)HUQDQGR3HVVRDRSRHWDÀQ
b) 2TXHpXPKLSpUEDWR"([HPSOLÀTXHFRPYHUVRVGR gidor” , no youtube.
poema.
0LQKDEHOD0DUtOLDWXGRSDVVD
DVRUWHGHVWHPXQGRpPDOVHJXUD
VHYHPGHSRLVGRVPDOHVDYHQWXUD
YHPGHSRLVGRVSUD]HUHVDGHVJUDoD
4XHKDYHPRVGHHVSHUDU0DUtOLDEHOD"
TXHYmRSDVVDQGRRVÁRUHVFHQWHVGLDV"
$VJOyULDVTXHYrPWDUGHMiYrPIULDV
HSRGHHQÀPPXGDUVHDQRVVDHVWUHOD
$KQmRPLQKD0DUtOLD
$SURYHLWHVHRWHPSRDQWHVTXHIDoD
RHVWUDJRGHURXEDUDRFRUSRDVIRUoDVHDRVHPEODQ
WHDJUDoD
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA,” Marília de Dirceu”)
4XDQGR/tGLDYLHURQRVVRRXWRQR
&RPRLQYHUQRTXHKiQHOHUHVHUYHPRV
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(DVWRUQDGLIHUHQWHV
(RICARDO REIS, “Odes”)
a) (PTXHFRQVLVWHD´ÀORVRÀDGHYLGDµTXHDSDVVD
gem do tempo sugere ao eu lírico do poema de To-
más Antônio Gonzaga?
316 Lit
Aulas 35 e 36
Não: não quero nada Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tar-
do...
Já disse que não quero nada.
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar
Não me venham com conclusões!
sozinho!
A única conclusão é morrer. Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática,
Não me tragam estéticas! 1944 (imp. 1993).
4XHPDOÀ]HXDRVGHXVHVWRGRV"
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da
técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Lit
LL 317
b) 'HÀQDRSHUÀOGRHXOtULFRGRSRHPDDFLPD Percebo que não ajo com orgulho mas elevado que
RQtYHORQGHSODQWRPLQKDFDVDDÀQDO
318 Lit
LL
ject won;
Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.
b) O que explica a confusão percebida pelo eu lírico na a) As metáforas empregadas pelo poeta pertencem a
última estrofe? que campo semântico?
still;
My father does not feel my arm, he has no pulse
nor will; (“Arquitetura”, 1939, de Tullio Crali)
The ship is anchored safe and sound, its voyage clo- Como a pintura acima se aproxima da poesia do he-
sed and done; terônimo Álvaro de Campos?
From fearful trip, the victor ship, comes in with ob-
Lit
LL 319
2. Leia o poema abaixo: Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
POEMA EM LINHA RETA E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Como posso eu falar com os meus superiores sem
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em titubear?
tudo. Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 3. Que crítica o eu lírico faz à sociedade?
Indesculpavelmente sujo,
4. 4XHÀJXUDGHOLQJXDJHPpDPSODPHQWHXVDGDSHOR
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para
eu lírico para criticar a sociedade?
tomar banho,
Aula 36
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tape-
1. 9HMDDEDL[RDOJXPDVIUDVHVGRÀOyVRIR$UWKXU6FKR
tes das etiquetas,
penhauer (1788-1860):
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e ar-
“A vida é um processo constante de morte.”
rogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
´&DVDU VLJQLÀFD UHGX]LU SHOD PHWDGH RV GLUHLWRV H
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ri-
dobrar os deveres.”
dículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
“Perdemos três quartos de nós mesmos tentando
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços
ser como as outras pessoas.”
de fretes,
(X TXH WHQKR IHLWR YHUJRQKDV ÀQDQFHLUDV SHGLGR
emprestado sem pagar, “Religião é a obra-prima da arte do adestramento
animal, porque treina as pessoas sobre como elas de-
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho
vem pensar.”
agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
“A vida balança como um pêndulo para trás e para
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coi-
a frente entre a dor e o tédio.”
sas ridículas,
(XYHULÀFRTXHQmRWHQKRSDUQLVWRWXGRQHVWHPXQ
do.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxova-
lho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes —
na vida...
Os pensamentos acima encontram eco em alguma
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana parte da poesia do heterônimo Álvaro de Campos? Jus-
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; WLÀTXH
Que contasse, não uma violência, mas uma cobar-
dia! 2. Segue-se abaixo um excerto do poema “Tabacaria”:
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam. Fiz de mim o que não soube
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra? Estava pegada à cara.
320 Lit
LL
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não Meu coração tem pouca alegria,
tinha tirado. E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Horror fechado da tabacaria!
Como um cão tolerado pela gerência Desde ontem a cidade mudou.
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou su- Mas ao menos a ele alguém o via.
blime.
(OHHUDÀ[RHXRTXHYRX
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Que condição social o eu lírico aponta como a gran-
Desde ontem a cidade mudou.
de causa da destruição do “eu”? Álvaro de Campos
a) ,GHQWLÀTXH GXDV PDUFDV IRUPDLV TXH QR SRHPD
3. Outro trecho de “Tabacaria” pode ser lido abaixo:
contribuem para criar a ideia de monotonia.
0DV R'RQRGD7DEDFDULD FKHJRX j SRUWD H ÀFRX j b) Do ponto de vista do “eu lírico”, que fato quebra
porta. essa monotonia?
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo. Anotações:
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os ver-
sos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a
tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
AC Atividades Complementares
Lit
LL 321
Aulas 37 e 38
322 Lit
3. Considere a imagem abaixo:
b) O que é o fado?
e errônea fé”?
Lit 323
6. Leia o poema abaixo: São lágrimas de Portugal!
D. SEBASTIÃO Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
REI DE PORTUGAL 4XDQWRVÀOKRVHPYmRUH]DUDP
4XDQWDVQRLYDVÀFDUDPSRUFDVDU
Louco, sim, louco, porque quis grandeza Para que fosses nosso, ó mar!
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza; Valeu a pena? Tudo vale a pena
Por isso onde o areal está Se a alma não é pequena.
Ficou meu ser que houve, não o que há. Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Minha loucura, outros que me a tomem Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Com o que nela ia. Mas nele é que espelhou o céu.
Sem loucura, que é o homem (Mensagem, “Mar português”)
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria? O primeiro texto é uma estrofe retirada do famoso
episódio de Velho de Restelo, na obra máxima de Ca-
a) de que “loucura” se fala no poema acima? mões. Tal episódio, como é sabido, deixa uma questão
por muito tempo não respondida. Até nascer Fernando
Pessoa. Em sua visão, como o poeta de Lisboa satisfez
o questionamento do Velho de Restelo?
324 Lit
b) O “mostrengo” é uma referência a uma famosa per-
sonagem de Os lusíadas, que surge no canto V. De
quem se trata e o que ele representa?
TO Tarefa Obrigatória
Aula 37
Considere o poema abaixo:
CHUVA OBLÍQUA
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto
LQÀQLWR
( D FRU GDV ÁRUHV p WUDQVSDUHQWH GH DV YHODV GH
9. Leia o texto: grandes navios
ANTEMANHÃ Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
2PRVWUHQJRTXHHVWiQRÀPGRPDU Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
Veio das trevas a procurar O porto que sonho é sombrio e pálido
A madrugada do novo dia, E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Do novo dia sem acabar; Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E disse: «Quem é que dorme a lembrar E os navios que saem do porto são estas árvores ao
Que desvendou o Segundo Mundo, sol...
Nem o Terceiro quer desvendar?» Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abai-
xo...
E o som na treva de ele rodar O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Faz mau o sono, triste o sonhar, Que se levanta e se ergue como um muro,
Rodou e foi-se o mostrengo servo E os navios passam por dentro dos troncos das ár-
vores
Que seu senhor veio aqui buscar.
Com uma horizontalidade vertical,
Que veio aqui seu senhor chamar —
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a
Chamar Aquele que está dormindo
uma dentro...
E foi outrora Senhor do Mar.
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
a) Os dois últimos versos fazem referência a um fenô-
meno cultural e místico muito conhecido em Portu- E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá
gal. De que se trata? estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a
arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que
2EM2021AP3
passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta pai-
sagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
Lit 325
1. A que campo semântico pertencem as metáforas Gira, a entreter a razão,
HPSUHJDGDVQRWH[WR"-XVWLÀTXHFRPDOJXPYHUVR Esse comboio de corda
2. A qual das vanguardas estudadas em aulas anterio- Que se chama coração.
res esse poema mais se liga? Cite um verso que com-
1. A palavra título indica que:
prove sua resposta.
a) o texto apresentará a visão do eu lírico sobre os
3. 4XDLV GXDV ÀJXUDV GH OLQJXDJHP RFRUUHP QR YHUVR outros com quem convive.
abaixo: b) o poema tecerá considerações sobre a subjetivida-
“Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio” de do próprio eu lírico.
c) o texto discutirá a formação do leitor.
Aula38
d) o poema dialogará com os leitores em potencial.
Considere o poema:
e) o poema tecerá considerações sobre o amor.
O DOS CASTELOS
2. Do poema de Fernando Pessoa entende-se que
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
a) RSRHWDQmRpGLJQRGHFRQÀDQoD
'H2ULHQWHD2FLGHQWHMD]ÀWDQGR
b) DDUWHpXPDH[SUHVVmRGHGRUPHVPRTXDQGRÀF
E toldam-lhe românticos cabelos
tícia.
Olhos gregos, lembrando. c) DHPRomRTXHXPSRHPDH[SULPHpÀFWtFLD
O cotovelo esquerdo é recuado; d) nem tudo o que se sente é verdade.
O direito é em ângulo disposto. e) o poeta sofre muito para escrever.
Aquele diz Itália onde é pousado;
3. A leitura de Mensagem, de Fernando Pessoa, permi-
Este diz Inglaterra onde, afastado, WHDLGHQWLÀFDomRGHFHUWDVOLQKDVGHIRUoDTXHJXLDP
A mão sustenta, em que se apoia o rosto. e, até certo ponto, singularizam o espírito do homem
Fita, com olhar esfíngico e fatal, português, dando-lhe marca muito especial. Dentre as
O Ocidente, futuro do passado. alternativas a seguir, em qual se enquadraria melhor
essa ideia?
2URVWRFRPTXHÀWDp3RUWXJDO
(Mensagem, “Brasão”)
a) Preocupação com os destinos de Portugal do século
vinte.
1. 4XHÀJXUDGHOLQJXDJHPpHVVHQFLDOQDFRQVWUXomR b) Preocupação com a história político-social de Por-
do poema acima? tugal.
c) Recorrência de certas constantes culturais portu-
2. Pensando na resposta da pergunta anterior, que mo- guesas, como o messianismo.
WLYRV KLVWyULFRV H JHRJUiÀFRV MXVWLÀFDP 3RUWXJDO VHU
d) Reordenação da história portuguesa desde Dom Se-
visto como o rosto da Europa?
bastião.
e) A marca da religião católica na alma portuguesa
3. A expressão “olhar esfíngico e fatal” é uma alusão
como força determinante….
a qual mito grego. Pesquise-o e explique-o sucinta-
mente. Indicações do Professor:
• Leia poemas do livro Mensagem (1934), única obra de
AC Atividades Complementares Fernando Pessoa publicada em vida.
• Assista ao “Filme do Desassossego”, de João Botelho.
$XWRSVLFRJUDÀD
Portugal, 2010.
2SRHWDpXPÀQJLGRU
Finge tão completamente
4XHFKHJDDÀQJLUTXHpGRU
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
326 Lit
Respostas
Aulas 25 e 26
Aulas 27 e 28
Aulas 29 e 30
Aulas 31 e 32
Aulas 33 e 34
Aulas 35 e 36
Aulas 37 e 38
1. b
2. c
3. c
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Lit 327
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