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MANÉ É MANÉ”
Sou muito fã de Nei Lopes desde no Brasil, consolidou uma obra res-
o tempo que Dondon jogava no An- peitável, de consulta obrigatória por
daraí e nossa vida era mais simples todos os estudiosos do samba. O con-
de viver. Sobre seu parceiro neste junto é formado por mais de uma de-
Dicionário da História Social do zena de livros, entre ficção e obras de
Samba (mas não no samba “Dicio- referência ou análise cultural, o que
nário”), Luiz Antônio Simas, tenho é bastante raro entre seus pares nas
pouco a dizer — mas figurar ao lado rodas de samba do Salgueiro e ou-
do sambista na capa deste livro re- tros bairros populares da zona norte
força o seu perfil de intelectual apai- carioca que, desobrigados de refletir
xonado pelo tema da “cultura popu- sobre os significados de seu trabalho,
lar carioca”. Sim, porque, do século investem todo o esforço e criativida-
XX ao XXI, Nei Lopes acumulou de (não sem razão) nas rimas e nos
²DOpPGHFDQo}HVJHQLDLV²XPD compassos. Nei Lopes é, finalmente,
carreira invejável entre os especia- presença obrigatória nos debates que
listas no tema. Em primeiro lugar cercam a questão da consciência ne-
porque, ao contrário de todos os au- gra e da militância contra o racismo.
tores publicados nesta área (exceção Por tudo isso, tornou-se quase uma
feita a Candeia, talvez, cuja obra entidade a ser reverenciada.
escrita é bastante limitada), ele tem Não estando imune a isso, sin-
o dom de compor sambas que sedu- to-me pouco confortável para co-
zem antecipadamente os leitores de mentar, com o habitual rigor crítico
seus textos, desanimando possíveis das rodas universitárias, o livro que
críticas. Em segundo porque, como acaba de ser lançado — em meio
intelectual interessado nos temas da às efemérides em torno do centená-
DIULFDQLGDGHHVXDVUHODo}HVFRPDV rio da gravação do “Pelo telefone”,
PDQLIHVWDo}HV FXOWXUDLV GRV QHJURV considerado por muitos o primeiro
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Cf. Maria Clementina Pereira Cunha,
“Candeia e o Anjo moreno”, op. cit.