Questão 1 Questão 3

A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. LOBO E A CABRA

Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada Um lobo viu uma cabra pastando em cima de um
casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos rochedo escarpado e, como não tinha condições de subir
seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer até lá, resolveu convencer a cabra a vir mais para baixo.
as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, –– Minha senhora, que perigo! – disse ele numa voz
uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante amistosa. – Não seja imprudente, desça daí! Aqui embaixo
soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação e, está cheio de comida, uma comida muito mais gostosa.
por isso, é a mais igualitária, a mais socialista, a mais Mas a cabra conhecia os truques do esperto lobo.
niveladora das obras humanas. –– Para o senhor, tanto faz se a relva que eu como é
RIO, João do. A alma encantadora das ruas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>.
Acesso em: 20 ago. 2018. boa ou ruim! O que o senhor quer é me comer!
O narrador do texto personifica a rua para evidenciar o seu Moral: Cuidado quando um inimigo dá um conselho amigo.
Fábulas de Esopo – Companhia das Letrinhas.
caráter
A fábula, uma subdivisão do gênero épico, como o texto de
A rude, que impõe aos passantes um esforço impossível de
Esopo, apresenta como característica essencial
suportar.
A uma mistura de tragédia e comédia.
B entristecedor, que faz com que os transeuntes se
B uma narrativa com linguagem coloquial.
cansem e solucem.
C uma moral implícita no último parágrafo.
C esotérico, que provoca sentimentos transcendentais
D um breve relato de um episódio corriqueiro.
naqueles que passam.
E uma antropomorfização de suas personagens.
D democrático, que possibilita até mesmo a passagem dos
menos favorecidos.
Questão 4
E estático, em que as construções se perpetuam da forma
como foram concebidas. LIXOLÂNDIA, NÃO!
É com grande satisfação que tenho visto o apoio e
Questão 2 cobertura do Diário do Norte nos municípios que lutam para
manter suas ruas bem cuidadas e fugir da ameaça do
Abancado à escrivaninha em São Paulo mosquito da dengue. Sobre a cidade de Formoso, a
Na minha casa da rua Lopes Chaves
jornalista Sheilismar Ribeiro nos presenteou com uma
De supetão senti um friúme por dentro. matéria superpositiva, onde a Prefeitura Municipal realizou –
Fiquei trêmulo, muito comovido com o apoio e participação da comunidade e do respeitado
Com o livro palerma olhando pra mim.
deputado estadual Júlio da Retífica – um exemplar mutirão.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! Com as cidades mais limpas, cabe aos seus moradores a
muito longe de mim
conscientização no sentido de dar sua parcela de
Na escuridão ativa da noite que caiu contribuição, evitando assim que os municípios sejam
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos, transformados em grandes “Lixolândias”. É dever de cada
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
morador a responsabilidade da prática de bons e novos
Faz pouco se deitou, está dormindo. hábitos, a fim de evitar que suas casas e quintais fiquem
Esse homem é brasileiro que nem eu.
com aspecto de pequenos lixões. Como profissional de
“Descobrimento”, de Mario de Andrade. teatro, tenho algumas peças com temas sobre o assunto,
No poema de Mario de Andrade, o título se explica como
entre elas, destaca-se uma intitulada “Lixolândia, Uma
uma referência à(ao) Cidade Boba” e posso afirmar que foi muito gratificante
A viagem imaginária do eu lírico a um lugar do Brasil que presenciar e participar desse esforço coletivo que aconteceu
ele não conhece.
em Formoso.
B reconhecimento da cidade de São Paulo como um lugar Disponível em Cartas do Leitor no Jornal Diário do Norte
(jornaldiariodonorte.com.br). Acesso em: 21 abr. 2019.
melhor para se viver.
Todo gênero textual se agrupa em um domínio discursivo
C tomada de consciência do eu lírico sobre a dimensão
espacial e cultural do país. maior. A carta de leitor, por exemplo, está inserida entre os
D evolução dos meios de comunicação, que permitem gêneros que pertencem ao domínio jornalístico, tais como:
editorial, artigo e notícia. A carta de leitor, no entanto,
saber o que acontece no país.
E possibilidade de se comparar a um outro ser humano em apresenta uma função social específica que consiste em
A mostrar uma solução a respeito do problema abordado
iguais condições de vida.
no jornal.
B conscientizar as pessoas quanto a um problema social
discutido na reportagem.
C caracterizar os responsáveis pelo problema apresentado Se eu morresse amanhã!
“Se eu morresse amanhã!”, de Álvares de Azevedo.
na matéria.
No poema romântico, o eu lírico manifesta
D expressar o posicionamento do leitor em relação a
alguma matéria abordada em um determinado meio de A o encerramento de uma vida monótona e sem
comunicação. perspectivas.
B o significado do auge de sua gloriosa e curta passagem
E relatar uma história vivida pelo leitor que seja semelhante
ao assunto explicitado na reportagem. pela vida.
C o encerramento de sua dor, apesar da morte lhe privar de
Questão 5 um bom futuro.
D a compensação pelas diversas frustrações em vida, que
Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia surge através da morte.
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível E a incapacidade de despertar compaixão por parte dos
Porque de barro e palha tem sido esta viagem familiares, principalmente sua irmã.
Que faço a sós comigo.
Isenta de traçado Questão 7
Ou de complicada geografia, sem nenhuma
bagagem PACTO NARCÍSICO
Hei de levar apenas a vertigem e a fé: As organizações constroem narrativas sobre si próprias
Para teu corpo de luz, dois fardos breves. sem considerar a pluralidade da população com a qual se
Deixarei palavras e cantigas. E movediças relacionam, que utiliza seus serviços e que consome seus
Embaçadas vias de Ilusão. produtos. Muitas dizem prezar a diversidade e a equidade,
Não cantei cotidianos. inclusive colocando esses objetivos como parte de seus
Só cantei a ti valores, de sua missão e do seu código de conduta. Mas
Pássaro-Poesia como essa diversidade e essa equidade se aplicam se a
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo maioria de suas lideranças e de seu quadro de funcionários
A convulsão do Homem. é composta quase exclusivamente de pessoas brancas?
Carrega-me contigo. Assim vem sendo construída a história de instituições e
No Amanhã. da sociedade onde a presença e a contribuição negras se
Disponível em: <http://www.hildahilst.com.br>. Acesso em: 30 jun. 2018. tornam invisibilizadas. As instituições públicas, privadas e da
A presença da metalinguagem é uma característica sociedade civil definem, regulamentam e transmitem um
frequente na literatura de Hilda Hilst. Nesse poema, essa modo de funcionamento que torna homogêneo e uniforme
função da linguagem evidencia a não só processos, ferramentas, sistema de valores, mas
A recusa de aceitar a condição de perecibilidade do ser também o perfil de seus empregados e lideranças,
humano. majoritariamente masculino e branco. Essa transmissão
B resistência em relação a outros temas além do fazer atravessa gerações e altera pouco a hierarquia das relações
poético. de dominação ali incrustadas. Esse fenômeno tem um
C identificação da poesia como algo fugaz e inalcançável. nome, branquitude, e sua perpetuação no tempo se deve a
D consciência de que o fazer poético é um trabalho vão. um pacto de cumplicidade não verbalizado entre pessoas
E busca pela imortalidade por meio da poesia. brancas, que visa manter seus privilégios. E claro que elas
competem entre si, mas é uma competição entre segmentos
Questão 6 que se consideram “iguais”
Se eu morresse amanhã, viria ao men Bento, Cida. Pacto da branquitude, 2022.

Fechar meus olhos minha triste irmã O uso adequado de recursos coesivos contribui para a
Minha mãe de saudades morreria construção de um texto argumentativo e para que a intenção
Se eu morresse amanhã! do autor seja atingida. A análise desses mecanismos
Quanta glória pressinto em meu futur linguísticos, destacados no texto, mostra que
Que aurora de porvir e que manhã! A o conectivo “mas também” introduz uma ideia de soma
Eu perdera chorando essas coroas em relação ao argumento anterior.
Se eu morresse amanhã! B a expressão “seus produtos” refere-se ao termo
Que Sol! que céu azul! que doce n'alv “população” citado anteriormente no texto.
Acorda a natureza mais louçã! C o operador “mas” prenuncia um argumento alternativo a
Não me batera tanto amor no peito respeito do que foi supracitado.
Se eu morresse amanhã! D o termo “esse fenômeno” mantém uma interdependência
Mas essa dor da vida que devora com a expressão “essa diversidade”.
A ânsia de glória, o dolorido afã... E o pronome “elas” faz referência à expressão “iguais” de
A dor no peito emudecera ao menos maneira catafórica.
Questão 8
O objetivo deste pequeno manual é apresentar alguns
caminhos de reflexão — recuperando contribuições
importantes de diversos autores e autoras sobre o tema —
para quem quiser aprofundar sua percepção de
discriminações estruturais e assumir a responsabilidade pela
transformação de nossa sociedade. Afinal, o antirracismo é
uma luta de todas e todos.
Ribeiro, Djamila. Manual antirracista, 2019.
Os elementos constitutivos fazem parte da estrutura dos
gêneros textuais. Desta forma, o fragmento textual é parte
integrante de um (a)
A resenha, porque avalia o tema abordado pela autora.
B artigo científico, já que expõe resultados sobre pesquisas
raciais.
C editorial, visto que traz a opinião da editora do livro.
D prefácio, pois apresenta informações gerais sobre a obra.
E crônica, porque mostra uma reflexão sobre uma temática
atual.
Questão 9
HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na
Terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma
explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa
sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por
ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é
que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada.
Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta,
antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas
começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de
uma pessoa...”
[...] Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em
vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e
verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência;
mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais?
A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.
ASSIS, Machado de. A cartomante. In: ______. Várias histórias. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 3 dez. 2018.
No trecho, a imagem da personagem Rita é construída, pelo
narrador, como uma mulher
A grosseira e desprovida de sentimentos.
B ingênua e facilmente impressionável.
C inteligente e à frente de seu tempo.
D segura e conhecedora da literatura.
E culta e apegada à espiritualidade.
Questão 10
Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira
coisa a aparecer no mundo, antes mesmo dos vulcões e dos
cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio
Vargas mandar construir casas populares. O bairro do
Queím, onde nasci e cresci, é um deles. Aconchegado entre
o Engenho Novo e Andaraí, foi feito daquela argila
primordial, que se aglutinou em diversos formatos: cães
soltos, moscas e morros, uma estação de trem, amendoeiras
e barracos e sobrados, botecos e arsenais de guerra,
armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terreno enorme
reservado para o cemitério. Mas tudo ainda estava vazio:
faltava gente. Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira
que o homem não teve escolha a não ser passar a existir,
para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e
reclamar da pobreza, falar mal dos outros e olhar para as
calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho
sujando tudo de novo.
HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016.
Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador
imprime ao texto um sentido estético fundamentado na
A excentricidade dos bairros cariocas de sua infância.
B perspectiva caricata da paisagem de traços deteriorados.
C importância dos fatos relacionados à história dos
subúrbios.
D diversidade dos tipos humanos identificados por seus
hábitos.
E experiência do cotidiano marcado pelas necessidades e
urgências.
Questão 11
TEXTO I
Na opinião do presidente da FIFA, Gianni Infantino, não
haverá mais gol em impedimento:
“O VAR dá a possibilidade de checar duas vezes.
Nas decisões claras não há interpretação. O gol em
impedimento está finalizado. Não veremos mais um gol
marcado em impedimento na era do VAR. Ou você está
impedido ou não. As decisões são mais claras. Tivemos zero
cartões vermelhos por violência”.
Disponível em: https://ludopedio.org.br/arquibancada/o-var-faz-bem-para-o-futebol/. Acesso em: 24
set. 2023.
TEXTO II
Penso que o futebol poderá ficar mais chato do que tem
sido nos últimos tempos. Especialmente na intenção dos
jogadores em querer tumultuar a vida do árbitro, induzindo-o
ao erro a todo instante. Alguns irão dizer que é do jogo. Que
faz parte do espetáculo.
Porém, o espetáculo precisa se recriar e não sei se o
árbitro de vídeo ajudará nesta direção. Se já temos os
jogadores que colocam a mão para cobrir suas palavras
quando direcionadas para os demais jogadores ou mesmo
para a arbitragem também teremos muitos atletas fazendo o
gesto com as duas mãos de modo a indicar uma tela para
que o árbitro possa pedir o auxílio. E o futebol vai ficando em
segundo plano.
Disponível em: https://ludopedio.org.br/arquibancada/o-var-faz-bem-para-o-futebol/. Acesso em: 24
set. 2023 (adaptado).
Os textos I e II abordam a situação da presença do VAR em
jogos de futebol. Contudo, a discrepância entre os textos é
provocada por causa da (o)
A qualidade das imagens geradas nos monitores.
B seleção dos árbitros para jogos que tenham a presença
do VAR.
C atitude dos jogadores quanto a sua privacidade em
campo.
D índice de violência dentro de campo e nas arquibancadas.
E futuro do esporte após a implantação do equipamento.
Questão 12
“Corrigir” sem humilhar
Se você dá aulas de português, diante de um dado que
todos consideram “errado”, pode escolher entre diversas
abordagens. Uma é humilhar o aluno dizendo que ele não
sabe nem falar. Outra é manter uma lista de CERTO X
ERRADO e acrescentar o erro (digamos, MENAS) ao lado
do CERTO (MENOS). É uma atitude dogmática. Outra é
“corrigir” sem humilhar, dizendo que muita gente fala assim,
mas que, na escrita e em certas outras ocasiões, é melhor
dizer / escrever MENOS (e dar as razões). Outra, ainda, é
ter um espírito de pesquisa e observar (mandar os alunos
observar) quem diz MENAS e em que contexto. Vão concluir
que MENAS sempre ocorre diante de nome feminino, o que
motiva a concordância. Ainda outra, na continuação, é
(tentar) verificar se alguém tratou da questão. Uma saída é
ver um dicionário, digamos, o HOUAISS (aqueles dicionários
escolares (que eliminam tudo o que é heterogêneo) não
servem pra isso... na verdade, servem pra pouca coisa). No
HOUAISS, você encontra “a) como adv. quantitativo, é
antônimo funcional de mais e, por isso, invariável; b) no
Brasil, na linguagem coloquial desescolarizada, ocorre a
forma deturpada menas (pron.indef.), em concordância de
gênero com o substantivo que se segue (menas confiança
comigo, hein?)". Relevem-se os termos um tanto
preconceituosos...
Disponível em: https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/blogger/sirio-possenti. Acesso em:
24 set. 2023.
No texto, o autor discute as possibilidades de abordagens
pedagógicas do ensino de Língua portuguesa em sala de
aula. Para ele, a norma-padrão
A não deve ser utilizada em dicionários.
B não deve ser um instrumento de segregação.
C não é utilizada pelos jovens de periferia.
D não se enquadra como um objeto de pesquisa.
E não representa uma visão dogmática da língua.
Questão 13
Menina
A máquina de costura avançava decidida sobre o
pano. Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na boca.
Gostava de olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto
recortava retalhos de pano com a tesoura. Interrompia às
vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura.
Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não
hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita
chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as
palavras, mas sabia que na mesma hora da tentativa tinha-
as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela
queria perguntar-lhe intensamente agora quase com fome
depressa depressa antes de morrer, tanto que não se
conteve e — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida
com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém
gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia — sentia Ana
Lúcia. Era muito forte aquele instante, forte demais para uma
menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem
solução podendo desabar a qualquer pensamento, a
máquina avançando desgovernada sobre o vestido de seda
brilhante espalhando luz luz luz.
ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência
uma dramaticidade centrada na
A insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da
figura paterna.
B associação entre a angústia da menina e a reação
intempestiva da mãe.
C relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a
emancipação feminina.
D representação de estigmas sociais modulados pela
perspectiva da criança.
E expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela
percepção do abandono.
Questão 14
O motivo da prisão parece ter sido uma carta
enviada por alguns amigos exilados no Chile. Uma amiga da
família, Cecília Viveiros de Castro, depois de visitar o filho no
Chile, foi detida no aeroporto, onde os agentes de segurança
descobriram as cartas. Dali ela foi levada para a 3a Zona
Aérea (para onde, no dia seguinte, levaram meu pai),
comandada pelo brigadeiro João Paulo Burnier.
Segundo versão de dona Cecília, ela, outra mulher e
meu pai permaneceram de pé muito tempo, com os braços
pra cima, num recinto fechado. Com a longa duração do
castigo, dona Cecília fraquejou, sendo amparada por meu
pai, que estava ao lado dela. A atitude dele irritou o chefe do
interrogatório, descrito como “um oficial loiro, de olhos
azuis”, que atacou meu pai e começou a surrá-lo.
— Vocês vão matá-lo! — gritou uma das mulheres.
Isto fez com que esse oficial ficasse completamente fora de
si e, agarrando a mulher pelos cabelos, forçou-a a
aproximar-se do meu pai, já estirado no chão.
— Aqui não se tortura, isto é uma guerra — gritou o
oficial.
PAIVA, Marcelo Rubens. Feliz ano velho. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.
Considerando-se o contexto político e social da Ditadura
Civil-Militar, verifica-se que o narrador, nesse romance, tece
um discurso
A desmistificador, ao afirmar que aquilo que se chamou de
tortura é apenas o retrato político de uma guerra ficcional
criada pelos guerrilheiros.
B engajado, que propõe uma revisão dos direitos humanos
para não haver punição aos torturadores em espaços de
guerra.
C contraditório, ao acusar a mulher portadora das cartas
como uma agente comunista responsável pela morte de seu
pai.
D politizado, que procura retratar a crueldade com que eram
tratados os presos políticos nos porões da ditadura no Brasil.
E resignado, que procura mostrar que os atos de tortura
serviram para a manutenção da paz institucional no Brasil.
Questão 15
Macacos não transmitem febre amarela
Os macacos não transmitem febre amarela. Assim
como os seres humanos, eles também são infectados pelo
vírus, mas não podem contaminar as pessoas com a
doença. Mesmo assim, casos de macacos agredidos e
mortos pela população têm aumentado no país, devido ao
alarde provocado pela febre amarela em diferentes estados
e municípios. Para evitar uma situação semelhante no
Distrito Federal, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) da
Secretaria de Saúde reforça à população que os macacos
não são o problema.
"Pedimos que as pessoas não agridam os macacos.
Pelo contrário, precisamos preservá-los, porque se estiver
ocorrendo a morte deles em uma região, que não seja pelas
mãos humanas, é um evento que chama a atenção da
Vigilância Ambiental de que pode haver circulação do vírus
da febre amarela naquele local, e precisamos investigar",
explica o diretor de Vigilância Ambiental, Denilson
Magalhães.
Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/macacos-nao-transmitem-febre-
amarela. Acesso em: 20 set. 2023.
Essa notícia, além de informar que os macacos não
transmitem a doença, cumpre um objetivo de
A investigar as ações humanas contra os animais.
B melhorar os serviços prestados pela Vigilância Ambiental.
C conscientizar a sociedade sobre uma prática cruel.
D sugerir ações governamentais mais efetivas para a cura
da doença.
E apontar os culpados pela disseminação da febre amarela.
Questão 16
Andar Com Fé
Andar com fé eu vou
Que a fé não costuma faiar
Andar com fé eu vou
Que a fé não costuma faiar
Andar com fé eu vou
Que a fé não costuma faiar
Andar com fé eu vou
Que a fé não costuma faiar
Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Oh, num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Oh, na luz, na escuridão
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Oh, no calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Oh, triste na solidão
Disponível em: https://www.letras.mus.br/gilberto-gil/. Acesso em: 24 set. 2023.
Nos versos da canção, há a utilização de uma base
linguística ligado à (ao)
A emprego de um vocabulário arcaico.
B uso de gírias nordestinas.
C emprego de expressões inadequadas ao contexto.
D variedade popular do Brasil.
E prescrição formal da língua portuguesa.
Questão 17
E aqui, antes de continuar este espetáculo, é
necessário que façamos uma advertência a todos e a cada
um. Neste momento, achamos fundamental que cada um
tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma
posição definida, não é possível continuarmos. É
fundamental que cada um tome uma posição, seja para a
esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns
tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas
é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique
nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro
rangem muito e ninguém ouve nada.
FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.
A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta
o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do
regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento
pelo(a)
A barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do
teatro.
B constatação da censura em função do engajamento social
do texto dramático.
C correlação entre o alinhamento político e a posição
corporal dos espectadores.
D indicação da neutralidade como a melhor opção
ideológica naquele momento.
E interrupção do espetáculo em virtude do comportamento
inadequado do público.
Questão 18
Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, fazendo
a porcelana estalar. Joaquim, meu primo, continuava com o
queixo suspenso, batendo com o garfo nos lábios,
esperando a resposta. Beatriz ecoou a palavra como
pergunta, “o que é lésbica?”. Eu fiquei muda. Joaquim sabia
sobre mim e me entregaria para a vó e, mais tarde, para
toda a família. Senti um calor letal subir pelo meu pescoço e
me doer atrás das orelhas. Previ a cena: vó, a senhora é
lésbica? Porque a Joana é. A vergonha estava na minha
cara e me denunciava antes mesmo da delação. Apertei os
olhos e contraí o peito, esperando o tiro. [...]
[...] Pensei na naturalidade com que Taís e eu
levávamos a nossa história. Pensei na minha insegurança de
contar isso à minha família, pensei em todos os colegas e
professores que já sabiam, fechei os olhos e vi a boca da
minha vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar de
todos os impedimentos. Eu quis saber mais, eu quis saber
tudo, mas não consegui perguntar.
POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015
(fragmento).
A situação narrada fala a respeito do processo de aceitação
– dos outros e de si – de pessoas LGBTQ+ e revela uma
tensão fundamentada na perspectiva do
A conflito com os interesses de poder.
B silêncio em nome do equilíbrio familiar.
C medo instaurado pelas ameaças de punição.
D choque imposto pela distância entre as gerações.
E apego aos protocolos de conduta segundo os gêneros.
Questão 19
COP30 no Brasil será marco na diplomacia do clima,
mas sucesso depende de participação popular
Especialistas veem oportunidade de cúpula mais
democrática, enquanto ativistas amazônidas preparam
mobilização para 2025
O Brasil sediará pela primeira vez uma cúpula
mundial do clima das Nações Unidas, o evento mais
relevante do segmento. De forma inédita e emblemática, a
COP30 acontecerá em novembro de 2025 em Belém (PA),
uma metrópole no coração da floresta amazônica, seis anos
após o governo Bolsonaro se negar a receber o encontro no
país.
A COP é um evento anual que reúne dezenas de
milhares de autoridades governamentais, cientistas,
organizações e ativistas de todo o mundo. A realização em
solo brasileiro coloca o país como centro da discussão sobre
como salvar o planeta.
Especialistas afirmam que a conferência poderá ser
um marco histórico para a diplomacia mundial do meio
ambiente e tem o potencial de gerar resultados concretos em
termos de proteção dos biomas e diminuição das emissões
de carbono.
Mas a oportunidade de mudanças reais pode ir por
água abaixo se não forem ouvidas as populações indígenas,
comunidades tradicionais e moradores pobres das áreas
urbanas da Amazônia. Ativistas amazônidas alertam que é
preciso incluir os moradores locais nas discussões técnicas
e políticas.
Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/05/27/cop30-no-brasil-sera-marco-
na-diplomacia-do-clima-mas-sucesso-depende-de-participacao-popular. Acesso em: 24 set. 2023
(adaptado).
Considerando os processos argumentativos presentes no
texto, infere-se que a intenção do autor é
A evidenciar uma má gestão governamental nos anos
anteriores.
B apresentar o Brasil como o país mais indicado para salvar
o meio ambiente.
C criticar a não participação da comunidade civil em
discussões que afetam a sociedade diretamente.
D valorizar o trabalho dos cientistas no que diz respeito à
proteção dos biomas.
E discutir as atitudes realizadas pelas lideranças locais em
relação à participação no evento.
Questão 20
É inegável o avanço tecnológico, o quanto ele
produz efeitos promissores para a melhoria e o
desenvolvimento humano. Podemos elencar diversos
benefícios em todos os setores da vida humana com o uso
constante das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Elas proporcionam as facilidades ansiadas pela vida
moderna a partir do encurtamento do espaço e do tempo.
Também, percebemos que os obstáculos entre a distância e
o tempo são quebrados, os longínquos territórios são
conhecidos em tempo real. Além disso, o diálogo assumiu
uma velocidade incrível. Diante disso, os profissionais da
educação não podem ficar inertes à perspectiva de utilização
das Tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente
educacional. [...]. Evidente que, ao falar de uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação, pensa-se logo
no uso pedagógico, no entanto sua aplicação no contexto
escolar deve ser mais ampla, abrangendo também a parte
administrativa.
COSTA, Silvânia Santana. O uso das tecnologias da informação e comunicação no
âmbito pedagógico e administrativo, p. 23.
As Tecnologias da Comunicação e Informação mudaram a
forma de agir de bilhões de pessoas em todo o mundo.
Nesse aspecto, o texto evidência a ideia de que essas novas
tecnologias
A devem tão somente ser usadas por profissionais que
desenvolvam práticas pedagógicas.
B podem oferecer conforto aos profissionais administrativos
das repartições escolares.
C trouxeram somente melhorias aos setores administrativo
e pedagógico das faculdades.
D inviabilizam práticas que não se enquadrem nos setores
pedagógico e administrativo.
E devem percorrer o ambiente escolar, seja no uso didático,
seja no uso administrativo.
Questão 21
Em Creed III, continuação do longa de 2018, Michael
B. Jordan volta a interpretar Adonis Creed. Depois de
dominar o mundo do boxe, Adonis Creed vem prosperando
tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo
de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan
Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença na
prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance
no ringue. Damian pede a ajuda de Creed para que ele o
ajude a voltar para os campeonatos de luta. Apesar de tudo,
dezoito anos na prisão mudam a pessoa e Damian não está
nada satisfeito que Creed "tomou seu lugar" no ringue de
boxe. Dois velhos amigos então vão lutar para enfrentar
seus passados juntos e enfrentar o futuro que os
aguarda. Para acertar as contas, Adonis deve colocar seu
futuro em risco para lutar contra Damian - um lutador que
não tem nada a perder.
Disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/. Acesso em: 09 abr. 2023.
O texto mostra, de maneira sintética, o enredo central do
filme Creed III, tendo como função sociocomunicativa
A explicar toda história para o interlocutor, fazendo uma
análise do filme.
B apresentar um lançamento cinematográfico, mostrando
as vantagens de ir ao cinema.
C estimular o leitor a consumir a longa-metragem, criando
uma expectativa para o desfecho final.
D relatar uma experiência pessoal com o filme, resumindo
os pontos principais da história.
E influenciar a opinião do receptor, criticando os atores
principais em suas atuações.
Questão 22
Após o blip e o final de Ultimato, Scott Lang (Paul
Rudd) está enfim em paz consigo mesmo e até escreveu um
livro – de muito sucesso, diga-se de passagem. Sua
filha, Cassie Lang (Kathryn Newton) agora não é mais uma
criança, mas sim uma adolescente cheia de ideias e louca
para salvar o mundo com a tecnologia Pym. Cassie causa
um susto em Scott por ir presa, mesmo que por bons
motivos, levando a família Hope Van Dyne (Evangeline
Lily), Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) e Hank
Pym (Michael Douglas) a ter uma reunião. Isso revela que
Hope, Hank e Cassie estavam estudando o Reino Quântico.
(...)
Por fim, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é
um filme que vale a pena assistir no cinema caso você tenha
um IMAX perto da sua casa. O filme é bonito e tem cenas
legais. Sua história funciona no que é proposto: apresentar o
grande novo vilão dessa nova saga do MCU, o Kang. Por
aqui, vemos mais detalhes do personagem, sua origem e um
pouco dos seus atos pelo Multiverso. (...) A questão é que é
um filme que não vai te surpreender em nada e tem uma
história que você já viu centenas de vezes por aí. Sem dar
spoilers, eu detestei o final e acho que é a parte onde o lado
“Marvel/Disney” talvez tenham pesado a mão para alguns
eventos não acontecerem, gerando um clima bobinho no
filme, com um monte de decisões rasas que deixam o título
mais fraco. (...)
Disponível em: https://www.showmetech.com.br/homem-formiga-e-a-vespa-
quantumania-critica/. Acesso em: 09 abr. 2023.
A crítica de cinema foca em avaliar o enredo e as demais
partes estruturais dos filmes. Diante disso, o fator linguístico
que evidencia esse processo está no trecho:
A “Isso revela que Hope, Hank e Cassie estavam estudando
...”
B “Após o blip (...) , Scott Lang (Paul Rudd) está enfim em
paz ...”
C “Cassie Lang (...) agora não é mais uma criança ...”
D “Cassie causa um susto em Scott por ir presa ...”
E “O filme é bonito e tem cenas legais.”
Questão 23
TEXTO I
Chris: O que é vatapá? Vc tem uma receita?
Cayan Alves respondido 4 anos atrás
Oiii
kkkk eu sou baiano eu gosto de vatapá que é uma
comida típica da região nordeste basicamente usado em
comidas ou em acarajês que tambem usa vatápa caruru
e outros vou te passar a receita flw?
Disponível em: br.answers.yahoo.com. Acesso em: 5 mar. 2015 (adaptado).
TEXTO II
Vatapá é um prato típico da culinária do Brasil,
sendo originário da Bahia. O seu preparo pode incluir pão
molhado ou farinha de rosca, fubá, gengibre, pimenta-
malagueta, amendoim, castanha de caju, leite de coco,
azeite de dendê, cebola e tomate. Pode ser preparado com
camarões frescos inteiros, ou secos e moídos, com peixe,
com bacalhau ou com carne de frango, acompanhados de
arroz. A sua consistência é cremosa.
Disponível em: pt.wikipedia.org. Acesso em: 03 mar. 2015.
O Texto I, proveniente de um site de respostas na internet, e
o Texto II, um verbete de uma enciclopédia digital, têm
função social parecida; no entanto, ao relacionar a variação
linguística utilizada em um e outro, tem-se o uso
A do português original no Texto II e do português vulgar no
Texto I.
B da variação geográfica no Texto I, devido ao falante ser
nativo da Bahia.
C da variação situacional, já que cada texto está adequado
ao seu contexto.
D da variação relacionada à classe social do indivíduo que
produziu o Texto I.
E da variação histórica, já que o Texto II é escrito em
português de Portugal.
Questão 24
O CONCEITO DE TEXTO
(...)
É comum, até mesmo entre alguns professores, a
impressão de que a fala não é textual; ou seja, texto é
apenas o escrito. Daí, uma outra suposição: a de que a
língua falada não é regulada pela gramática. A fala seria
qualquer coisa fora das normas morfossintáticas. Algo meio
caótico. As regras – e muitas! – seriam privativas da escrita;
por isso, elas é que serviriam de parâmetro para a avaliação
da fala. Há quem acredite que fala bem, em qualquer
situação, quem fala conforme a escrita correta. Outra
compreensão infundada diz respeito à crença de que o texto,
para ser reconhecido como tal, tem que ser grande. Ora,
texto é qualquer passagem, de qualquer extensão, desde
que constitua um todo unificado e cumpra determinada
função comunicativa.
(...)
Antunes, I. Análise de texto: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial,
2010.
No texto, caracteriza-se como recurso de coesão conectiva
que funciona como operador organizacional de natureza
metalinguística o segmento destacado em:
A “Ora, o texto é qualquer passagem, de qualquer desfragmentou em 26 pedaços, caindo no mar. A
extensão” probabilidade de algum dos destroços do equipamento
B “É comum, até mesmo entre alguns professores” atingir uma pessoa foi calculada em uma em 3,2 mil. O
C “ou seja, texto é apenas o escrito” satélite foi construído com investimento de US$ 750 milhões
D “Daí uma outra suposição” e sua finalidade era medir mudanças atmosféricas e efeitos
E “As regras – e muitas!” da poluição. (...)
Disponível em: Correio Riograndense, Caxias do Sul, 05 out. 2011. Acesso em: 21 fev.
2022.
Questão 25
Os gêneros textuais nascem com uma função
sociocomunicativa definida para atender as necessidades de
A Chegada | Crítica
interação da sociedade. No caso do artigo de divulgação
Ficção científica de Denis Villeneuve ecoa Clarke e
científica, sua função social é
Asimov sem perder a pose de blockbuster. Em um dia como
A discutir temas importantes vinculados à ciência.
outro qualquer, doze naves ovaladas escuras surgem sem
B popularizar assuntos científicos relevantes para a
aviso em pontos aleatórios do globo. Imediatamente, pânico,
sociedade.
violência e confusão começam, enquanto governos tentam
C criticar conteúdos estudados pelos cientistas.
estruturar uma maneira de se comunicar com essa força
D influenciar proposições escolhidas para compor
invasora, que simplesmente paira ali, sem ação.
pesquisas.
A premissa de A Chegada (Arrival) pode até se
E apresentar matérias exploradas no decorrer dos tempos.
parecer com tantos outros longas de ficção científica, mas a
sensibilidade do canadense Denis Villeneuve (Os Suspeitos,
Questão 27
Sicario – Terra de Ninguém) dá ao filme uma qualidade
clássica, do tipo que honra luminares do gênero, como Isaac
A Panela de Ferro e a Panela de Barro
Asimov e Arthur C. Clarke.
A panela de ferro convidou a panela de barro para
[...]
um passeio, mas a segunda, muito prudente, não aceitou. E
A Chegada se parece, em alguns momentos, com
explicou à sua amiga por que não queria sair do cantinho
Contato, mas tem uma urgência de suspense blockbuster
que ocupava no fogão:
pouco comum em longas de ficção científica profunda.
— Basta um pequeno toque para que eu vire
Enquanto segue com o mistério extraterrestre, Villeneuve
pedacinhos. Lembre-se de que sou feita de argila, ou seja,
está, na verdade, discutindo a natureza da linguagem, das
totalmente frágil e indefesa. Ao contrário de você, que é de
relações, da troca e do próprio cinema, brincando com a não
ferro, que não teme nem mesmo as pancadas mais duras.
linearidade na montagem, da mesma forma como os aliens
Seu corpo forte é capaz de suportar facilmente esses golpes,
talvez percebam o tempo. Dessa forma, o filme ingressa
completamente diferente de mim.
desde já no seleto grupo dos poucos filmes de ficção
No entanto, a panela de ferro insistiu, prometeu
científica que conseguem efetivamente debater o que
protegê-la de tudo, disse até que serviria de escudo, caso
significa ser humano, ao nos cercar de desconhecido.
Disponível em: https://omelete.uol.com.br/filmes/criticas/a-chegada/?key=114680. fosse necessário. E assim, convencida pelos argumentos da
Acesso em: 22 out. 2022 companheira mais forte, a panela de barro iniciou a
O gênero resenha configura-se pela sua estrutura caminhada, se bem que com certa dificuldade, pois como
argumentativa, ou seja, trazer uma opinião explícita. suas três perninhas a impediam de andar com desenvoltura,
Levando isso em consideração, a função social desse texto ela cambaleava ou tropeçava a cada passo, ameaçando cair
é a todo instante.
A analisar a produção intelectual de alguém E assim, lá iam as duas panelinhas pela estrada,
B sintetizar uma obra de ficção. esbarrando com frequência uma na outra, até que um
C discutir sobre um tema cinematográfico. encontrão da panela de ferro reduziu a panela de barro a
D apresentar informações sobre o enredo. muitos cacos.
E detalhar o processo de produção artística. Disponível em: http://pedagogiafaelcapacitar.blogspot.com/2012/03/panela-de-ferro-e-
panela-de-barro.html. Acesso em: 19 fev. 2022.
Todo gênero apresenta elementos constitutivos que o
Questão 26
configuram diferente em relação a outros gêneros. Pela
análise dos elementos característicos do texto, ele pertence
RISCO ÀS EXPLORAÇÕES
ao gênero
Mais de 16.000 detritos vagam no espaço a 28.000
A parábola, pois traz um aconselhamento para a vida.
Km/h Depois de causar polêmica em todo o mundo pela
B crônica, porque mostra uma reflexão cotidiana.
imprecisão do local da queda e, consequentemente, pelo
C fábula, pois apresenta uma moral pela personificação das
risco de causar danos materiais ou ferir pessoas, destroços
ações.
do Satélite de Pesquisa de Alta Atmosfera (UARS), da Nasa,
D aforismo, já que passa uma lição de forma rápida.
caíram ao sul do Pacífico, em uma área remota e grande do
E apólogo, pois mostra uma lição pela prosopopeia de
oceano, segundo comunicado da Agência Espacial
objetos.
Americana. Lançado no espaço há mais de 20 anos, o
satélite artificial, do tamanho de um ônibus e com peso de
quase seis toneladas, foi desativado em 2005, mas só há
cerca de dez dias entrou na atmosfera da Terra e se
Questão 28 Questão 30

O Asno e a carga de sal Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um

Um asno carregado de sal atravessava um rio. Um passo cachorro no meu sítio? — Deixo. — E um porquinho-da-
em falso e ei-lo dentro da água. O sal então derreteu e o índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos? E duzentos
asno se levantou mais leve. Ficou todo feliz. Um pouco e vinte pombas? E um boi? E vaca? E rinoceronte? —
depois, estando carregado de esponja às margens do Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas cavalo pode, não
mesmo rio, pensou que se caísse de novo ficaria mais leve e pode? O sítio é apenas um terreno no estado do Rio sem
caiu de propósito nas águas. O que aconteceu? As esponjas maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa
ficaram encharcadas e, impossibilitado de se erguer, o asno acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no
morreu afogado. céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a
MORAL: Algumas pessoas são vítimas de suas próprias bicharada toda e ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade
artimanhas. sem animais.
CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1988.
Disponível em: https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/09/fabula-o-asno-e-carga-de-sal-esopo-
com.html. Acesso em: 20 de jun. 2021. Os textos apresentam elementos constitutivos que delimitam
Os textos nascem a partir de finalidades sociais criadas pela o seu enquadramento dentro de um gênero discursivo. Por
necessidade comunicativa de uma comunidade linguística. assim dizer, o fragmento é parte integrante de uma crônica,
Pela análise do conteúdo e do formato, constata-se que a pois
função social do texto é A mostra um discurso direto a fim de dar veracidade aos
A ensinar como uma pessoa pode ter domínio das sentimentos da criança.
consequências causadas pelas suas atitudes. B apresenta uma temática corriqueira por meio de uma
B explicar que os animais podem servir de exemplos para sequência narrativa.
as pessoas não cometerem erro. C utiliza a repetição do conectivo “e” para explicitar a
C conscientizar os indivíduos de que sempre precisam da ansiedade do menino.
ajuda de alguém para alcançar seus objetivos. D usa uma linguagem informal para trazer uma proximidade
D transmitir um ensinamento sobre como os seres humanos com o leitor.
são impactados por suas ações. E recorre a um narrador observador para proporcionar uma
E discutir as várias possiblidades de escolha que podem ter narração objetiva.
um resultado inesperado.
Questão 31
Questão 29
Querido diário
Ataque a Vini Jr. é 'lembrete gritante' do racismo no Hoje topei com alguns conhecidos meus
futebol, diz agência da ONU Me dão bom-dia, cheios de carinho
Os ataques racistas ao jogador brasileiro Vinicius Jr Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
durante um jogo em Valência, na Espanha, são um Eles têm pena de eu viver sozinho
"lembrete gritante" do racismo que ainda existe no esporte, […]
disse nesta quarta-feira o alto comissário da Organização Hoje o inimigo veio me espreitar
das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Armou tocaia lá na curva do rio
Türk. Trouxe um porrete a mó de me quebrar
Turk pediu às entidades organizadoras de eventos Mas eu não quebro porque sou macio, viu
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2013 (fragmento).
esportivos mais estratégias para prevenir e combater
episódios de racismo. Pediu que os governos também se Uma característica do gênero diário que aparece na letra da
envolvam. "E precisamos começar ouvindo esportistas canção de Chico Buarque é o(a)
afrodescendentes", disse. A diálogo com interlocutores próximos.
O comissário da ONU anunciou ainda que vai B recorrência de verbos no infinitivo.
elaborar um guia com protocolos para evitar e agir em casos C predominância de tom poético.
de ataques racistas em eventos esportivos em geral. D uso de rimas na composição.
Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/05/24/ataque-a-vini-jr-e- E narrativa autorreflexiva.
lembrete-gritante-do-racismo-no-futebol-diz-agencia-da-onu.ghtml. Acesso em: 13 jun. 2023.
O discurso do representante da ONU traz uma constatação
da permanência do racismo no futebol e algumas medidas
para
A inibir e punir ofensas racistas das torcidas de futebol na
Europa.
B impedir e enfrentar situações de racismo nos esportes.
C identificar e multar clubes envolvidos em atos de racismo.
D observar e ouvir jogadores negros vítimas de preconceito
racial.
E reconhecer e denunciar casos de crime racial nos eventos
esportivos.

Questão 32
Disponível em: www.quiosqueazul.blogspot.com. Acesso em: 25 out. 2011.
O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por
turistas quando estão viajando, para enviar, aos que ficaram,
imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal
apresentado é uma peça publicitária, e reconhece-se nela a
intenção de
A apresentar uma paisagem de um local específico,
conteúdo recorrente em um cartão-postal.
B incentivar as pessoas de uma cidade a enviar cartões
postais umas para as outras.
C instituir um novo tipo de cartão-postal, o virtual, a ser
comercializado em um site da internet.
D fazer propaganda de um ponto turístico romântico
específico, atraindo a visitação por casais.
E comemorar a data da instituição do cartão-postal no
Brasil, ainda na época do Império.
Questão 33
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda
íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e
razões não tivesse para julgar, que este amor assim
absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós
somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas
cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos,
com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque
nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o
sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a
própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se
transforma, tudo varia o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é
mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos
passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os
acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das
gerações cada vez maior, o amor da rua.
RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
No trecho, de João do Rio, percebe-se que ele pode ser
classificado, levando em conta as suas características,
como um(a)
A fábula, devido ao intuito moralizante presente nas ideias
do texto.
B notícia, pois mostra um fato real vivido por um
determinado indivíduo.
C crônica, pois apresenta um conteúdo reflexivo sobre um
tema cotidiano.
D conto, pois enfatiza a plurissignificação e os núcleos
distintos de personagens.
E editorial, devido à apresentação do pensamento de um
determinado veículo de comunicação.
Questão 34
Top Gun foi o Star Wars de sua geração, e essa
geração já tinha assistido a O Império Contra-Ataca. Um
filme repleto de testosterona que, por algum motivo chamado
Tom Cruise, era igualmente atraente para as meninas. Foi
um fenômeno que ninguém conseguiu antecipar, e irrita
aviadores navais até hoje, pois passou uma imagem
glamourosa do que é ser um piloto de caça, mas não fala
das longas horas de estudos, treinos exaustivos, tensão,
medo e incerteza.
Maverick é a continuação desse grande filme. O piloto
que empresta seu apelido ao título ainda é o melhor no que
faz, mas o que ele faz está se tornando obsoleto. Drones
irão substituir pilotos, e ele não está ficando mais jovem. No
filme, o piloto precisa treinar um grupo de pilotos para
destruir uma usina de purificação de urânio de uma nação
rebelde que só pode ser alcançada voando através de um
cânion.
Quem nunca viu Top Gun não faz a menor ideia do que
seja, mas quem assistir a um ótimo blockbuster de avião vai
adorar. Tom Cruise continua tão cativante quanto era há
trinta e seis anos. O perigo soa real, os caças inimigos de 5ª
geração parecem ameaçadores. Top Gun Maverick é um
raro filme que não é um remake, não é um reboot, e não é
uma simples continuação. É a resolução de uma história,
amarração de pontas soltas, é nosso herói cavalgando rumo
ao sol poente.
CARDOSO, C. Top Gun Maverick – Deixando o passado para trás. Disponível em: Tecnoblog
– tecnologia que interessa . Acesso em: 10 jun. 2022 (adaptado).
O texto faz uma resenha de Top Gun Maverick por
apresentar um(a)
A resumo do filme sem a opinião do jornalista sobre
Maverick.
B alusão à falta de inovação na continuação da obra
analisada.
C menção a outros filmes do mesmo ator, de qualidade
inferior.
D crítica negativa ao modo como os aviadores foram
retratados.
E análise do filme, com comparações com o primeiro Top
Gun.
Questão 35
ANOTAÇÕES
A temporada de cruzeiros no Brasil, que vai até 13 de
abril, deve levar cerca de 450 mil passageiros ao porto de ________________________________________________
Santos.
Os viajantes precisam estar atentos à papelada ________________________________________________
necessária para o embarque. Somente no último dia 8 de
janeiro, 20 pessoas deixaram de entrar em um navio da ________________________________________________
MSC por falta de documentos.
Confira abaixo a documentação exigida para alguns ________________________________________________
casos.
Dentro do Brasil: ________________________________________________
RG ou CNH com emissão inferior a 10 anos.
Países do Mercosul: ________________________________________________
Carteira de identidade (RG) original com menos de 10
anos ou passaporte válido. ________________________________________________
Crianças e adolescentes:
Para menores de idade desacompanhados ou com ________________________________________________
apenas um dos pais é necessária uma autorização judicial
com firma reconhecida de ambos os pais (ou apenas do que ________________________________________________
não está na viagem).
Notícias de hoje do Brasil e do Mundo | Folha de S.Paulo (uol.com.br).
________________________________________________
A tipologia predominante em um texto está diretamente
ligada à função social. No texto, o objetivo é ________________________________________________
A mostrar um tema relevante e tratá-lo por diferentes
vieses. ________________________________________________
B relatar fatos recentes e emitir juízo de valor sobre eles.
C problematizar uma atitude e comprovar seus prejuízos. ________________________________________________
D apresentar uma situação e indicar como agir diante dela.
E questionar um problema e expor uma ação mediadora. ________________________________________________
________________________________________________ ________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________