Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trabalhadoras
Clara Zetkin
novembro de 1922
Fonte: International Socialism (1st series), No. 96, Março 1977, pp. 22–24. -
https://www.marxists.org/archive/zetkin/1922/ci/women.htm
Tradução: Talita Guglak
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Os
seguinte
s trechos
foram
retirados
do
discurso
de Clara
Zetkin
feito no
Quarto
Congress
o da
Internaci
onal
Comunis
ta em
novembr
o de
1922. À
época,
ela era a
represen
tante
alemã no
Comitê
Executiv
o da
Internaci
onal, e
Secretári
a Geral
do
Secretari
ado
Internaci
onal das
Mulheres.
O Quarto
Congress
o
acontece
u em um
moment
o de
recuo
diante
dos
ataques
da classe
patronal,
depois
da
derrota
da onda
revolucio
nária que
varreu a
Europa
no fim da
Primeira
Guerra
Mundial.
A Frente
Unida e o
trabalho
maciço
eram
agora as
estratégi
as
necessári
as.
Apesar
das
circunstâ
ncias
histórica
s serem
bem
mais
diferente
s hoje,
os
argumen
tos
levantad
os por
Zetkin
ainda
são
válidos
porque a
questão
de como
alcançar
e
organiza
r as
mulheres
da classe
trabalha
dora está
mais
uma vez
na
agenda.
Os
quarenta
anos,
desde o
início da
década
de 20 à
década
de 60,
viram
quase
por
completo
a
extinção
das
ideias
socialista
s
revolucio
nárias.
Na
atmosfer
a criada
pelo
stalinism
o, as
ideias de
combate
ao fim da
opressão
das
mulheres
e a busca
ativa à
organiza
ção
destas
não
tinham
lugar.
Somente
com os
ataques
de 1968,
a
explosão
do
movimen
to
estudanti
l, e as
imensas
possibilid
ades que
se
abriram
às
organiza
ções
revolucio
nárias, o
movimen
to das
mulheres
começou
a se
desenvol
ver
novamen
te. A
maioria
dos
socialista
s
revolucio
nários
evitou o
debate.
Eles se
opusera
m a se
envolver
no
movimen
to das
mulheres,
as vendo
como
uma
classe
média ao
invés de
elaborar
uma
estratégi
a para
envolvê-
las e
organizá
-las
entre as
mulheres
da classe
trabalha
dora.
Agora as
mulheres
estão na
linha de
frente de
ataque à
crise
econômi
ca. E
com
milhares
de
mulheres
enraiveci
das com
a
perspecti
va de
desempr
ego,
sendo
negadas
a salários
e
trabalhos
iguais, se
posiciona
ndo em
grande
número
contra os
cortes e
fechame
ntos, os
socialista
s têm de
encontra
r uma
forma de
as
trazerem
às ideias
revolucio
nárias.
Inevitave
lmente,
algo é
perdido
ao
encurtar
um
discurso
bastante
longo.
No
entanto
o cerne
do
argumen
to está
aqui. A
ideia
central
que Clara
Zetkin
levantou
é tão
pertinent
e hoje
quanto
era em
1922.
Camaradas, antes de iniciar meu relatório das atividades do
Secretariado Internacional das Mulheres e o desenvolvimento da
atividade comunista entre as mulheres, permita-me alguns breves
comentários. Eles se fazem necessários porque nosso trabalho ainda
é incompreendido não apenas pelos nossos oponentes, mas também
por nossos próprios camaradas. É resquício de uma antiga visão para
uns e um preconceito deliberado para outros, porque não se
simpatizam com a nossa causa e até, em partes, se opõem a ela.
O Secretariado Internacional das Mulheres é uma filial do Executivo
da Internacional Comunista. Conduz sua atividade não somente em
uma cooperação constante com o Executivo, mas sob sua liderança
direta. O que, em regra, designamos como o Movimento das
Mulheres Comunistas não é um movimento independente de
mulheres. Ele existe como propaganda comunista sistemática entre
estas. Isso tem um duplo propósito: Primeiro, incorporar dentro das
seções nacionais da Internacional Comunista aquelas mulheres que
já estão tomadas pelo ideal comunista, tornando-as cooperadoras
conscientes na atividade dessas sessões. Segundo, despertar para o
ideal comunista as mulheres indiferentes e atraí-las para as lutas do
proletariado. As massas das mulheres trabalhadoras devem ser
mobilizadas para essas lutas. Não há trabalho no Partido, não há luta
de movimento em nenhum país em que nós, mulheres, não
consideramos como nosso primeiro dever participar. Além disso,
desejamos ocupar nosso lugar nos Partidos Comunistas e na
Internacional em que o trabalho é mais árduo e as balas voam mais
densas, sem desviar do trabalho mais servil e modesto do dia a dia.
Uma coisa se tornou evidente: necessitamos de órgãos especiais
para levar adiante o trabalho Comunista de organização e educação
entre as mulheres e torná-las parte da vida do Partido. Agitação
Comunista entre as mulheres não é somente tarefa delas, é tarefa
de todo o Partido Comunista de cada país, da Internacional
Comunista. Para cumprir nosso propósito é necessário criar órgãos
partidários, Secretarias das Mulheres, Departamento das Mulheres,
ou como quer que possamos chamá-los, para continuar esse trabalho.
Óbvio que não negamos a possibilidade de que alguma personalidade
forte, homem ou mulher, possa fazer o mesmo trabalho em uma
organização local ou distrital. No entanto, por mais que admitamos
tais relações individuais no Partido, devemos nos perguntar como
maiores seriam os benefícios se ao invés do trabalho de um único
indivíduo, tivéssemos a cooperação de muitas forças. A ação
conjunta de muitos em prol do objetivo comum deve ser
nosso slogan no Partido, na Internacional, e em nosso trabalho para
com as mulheres.
Por conveniência, da divisão prática do trabalho, as mulheres, em
regra, são mais bem qualificadas para participar de órgãos especiais
para o trabalho Comunista entre elas. Não podemos nos desviar do
fato que a grande massa de mulheres vive e trabalha hoje sob
condições específicas. Logo, no geral, as mulheres costumam
encontrar o melhor e mais rápido método de abordar a mulher
trabalhadora para começar a propaganda Comunista. Assim como
nós, mulheres Comunistas, consideramos como nosso direito e dever
participar de todas as atividades no Partido - desde o mais modesto
trabalho de distribuição de panfletos até à derradeira, tremenda e
decisiva luta - da mesma forma que consideramos um insulto ser
consideradas não dignas de participar da grande vida histórica do
Partido e da Internacional Comunista, desta forma não excluímos
nenhum homem de participar do especial trabalho Comunista entre
as mulheres.
Durante o ano passado, tivemos evidências dos lados positivos e
negativos do trabalho Comunista entre as mulheres. Temos visto os
lados positivos nos países onde as seções Comunistas da
Internacional criaram órgãos, como na Bulgária e na Alemanha onde
as Secretarias das Mulheres continuam o trabalho de organizar a
educação das mulheres Comunistas, mobilizando as mulheres
trabalhadoras e liderando-as à luta social. Nestes países, o
movimento das Mulheres Comunistas tornou-se um dos mais fortes
pontos da vida geral do Partido. Nestes países, temos muitas
mulheres membros e militantes no Partido e massas ainda maiores
de mulheres como companheiras de luta fora do Partido.