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102 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR espago (reconhecem os objetos virados do outro lado, ou os que aparecem em um local inabitual), ¢ a caleular © tamanho dos objetos independentemente da distincia a que estejam. Assit, portanto, as impresses se transformam em ima- gens da percepeio, representando as propriedades estaveis dos objetos que a crianga manipula. A criana se apOla nessas proptiedades para resolver novos problemas. Nos Gltimos me ses do primeiro ano de vida a crianga jf & capaz de aches que’ se baseiam em um conhecimento das relagdes elementares en- tre 08 objetos ¢ de suas propriedades, isso &, & capaz de agdes refletoas. 020.16, Loran descobre as relagdes autlaticas entre 0 su porte € 0 objeto e se vale do primeiro para atrair 0 ogo ( Ponho meus relogio, sobre uma almofada vermelha, diante dal crlanga, Loran venta alcangar diretamente © relogio, mas na consegue; puxa entio a almofada ¢ a atrai até ele, (Observad por J. Piaget) Todas esses fatos demonstram que no final do primeird ano, a partir dos movimentos organizados pelo adulto ages da crianga nesse periodo, formam-se as primeiras in pressées sobre o mundo circundante e as formas elementare de percepcio e teflexio, que pemmitem a crianga se orien neste mundo e constituem uma premissa indispenséivel para passage para a assimilacio de distintas formas de experié Gia social, 0 que ocorre na primeira infancia, capinutov CARACTERISTICAS DA PRIMEIRA INFANCIA 1. AS CONQUISTAS MAIS IMPORTANTES. DA PRIMEIRA INFANCIA Ao completar 1 ano, a crianca entra numa nova etapa de desenvolvimento, Durante o primeiro ano ela se habituow a ver, a escutar, a Wiigir © movimento das’ ta0s. A partic da, a craig ndece lesamparado ¢ Ja extremamente ativa em seu Bitmporlamenio ¢ em sua dnsia dle estabelecer coniato com 0 J erlang assimilou a con- prOpria do homer Agora, depois da pré- Plsioria co desenvolvimento psiquico, comeca a auténtica his- la.Os dois anos compreendidos pelo periodo da_primeir ia sa was € grandes conquista “ s$5es quantitativas que a crlanga experimen, Primeiros anos de vida so téo notdveis que certos icdlogos.consideram_que o desenvolvimento do homem ixle ser dividido em duas metades: do nascimento até os 3 nos & dessa idade | 104 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR, As conquistas mats tmportantes da primeira inféricia e de- Jerminantes do progresso psiquico da crianga sto 0 andar ereto, o| desenvolvimento da atividade objetal eo dominto dea Knguagern ‘O andar ereto ‘Ao término do primeiro ano a crianga dé seus primeiros ppassos. Deslocarse conservando a vertcalidade do compo ¢ um ‘empreendimento dificil Os pés da crianga se movem coma muito esforgo. A crianga ainda no sabe controlar sew caminhar e pe de continuamente o equiloio. Qualquer obsticulo, uma mes que precisa ser contomada, um objeto em que topeca, faz 9 ctianga dar um ou dois passos inseguros cair nos bracos dq adulto ou no cho. Entilo, o que obtiga a crianca a tentar an uma € outa vez, superando © medo da queda? Inicialmente, ‘que a anima € 0 aplauso do adulto. Pouco depois, apés os p meiros éxitos, a crianga se sente satisfeita de dominar seu prd prio corpo, procura aumentar 0 poder sobre si mesma, super do 0s obsticulos. Além disso, 0 andar se converte no princip melo de deslocamento, de alcancar o objetivo deseiado. Exercitando 0 ato de andar, logo ela ganha maior estab dade. Cai cada vez menos, caminha com seguranca cada maior até seu objetivo, mas durante bastante tempo ainda pe siste uma cootdenagio insuficiente. 1.00 - 1.1.0. Kiril caminta esticando muito as mos, tronco inelinado para a frente. Seu rosto esti risonho. AS ¥ alegria € t40 grande que comega a agitar as mAs e, claro, Mas esses episédios nto dimiauem seu desejo de andar, turvam sua alegeia, ‘Andiusha € totalmente diferente. Mede com o olhar a g tancia até um objeto préximo e se dirige para ele correndo, pois procura outro objetivo e se joga em sua diregio. Em locasides, € tomado pelo medo e s0 cuninhs se sentir que protegido por um mével, pela parede ou se puder contar, caso de necessidade, com 0 apoio do adulto. Se © caminkd “acidentado’, ele se desloca de quatro, para maior segura velocidade. (Do didtio de V. S, Mukhina.) CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 105 Pouco a pouco a crianga adquire uma liberdade muito maior. Seus movimentos jé n4o registram a enorme tensio an- terior. Rarece até que deseja tomar mais complicado 0 ato de andar, procurando desigualdades: uma elevagao, a escada ‘Com 1 ano € iieio a crianca vive exercitando © movimento. O simples correr ou o simples caminhar jé nao a satisfazem, Complica propositalmente seu caminhar: isa sobre pequenos objetos, anda de costas, core no meio de arbustos, mesmo ‘que baja um caminho livre 20 lado, ou anda de olhos venda- dos Glustragio). Nessa idade, gosta de realizar exercicios espe- ‘iais sob orientagato do educador Glustragao), Assim, pois, a primeira etapa da aprendizagem do andar € vista pela crianca como uma missio especial que lhe proporcio- hha fortes emogies, Somente quando © processo de andar se sutomatiza ela perde esse interesse especial A crlanca torna mate compl (trac ma print fc rom uke «ato de andar (.,.) vena i : eercteos especies.) 108 —_PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR A capacidade de andar verticalmente proporciona & crian- 2 um contato mais livre ¢ indlependente com o mundo exted rior. © dominio dessa habilidade desenvolve a capacidade de| orientagao no espago. A capacidade muscular passa a ser ‘medida com que se calcula a distincia e a situago espacial do objeto. Ao se aproximar do objeto, a crianga estabelece ni pritica a dizegao e a distincia no momento em que comega df movimento. uando.a.crianga aprende.a andar siderivel.a..compreensto do. mundo. dos objetos.. Adqu possibilidade de manipulas objetos muito variados, que 0s pi ‘do [puserain a seu aleance ‘A Gtianca se dé conta, por experiéncia propria, de qui para ir do portdo até a drvare & preciso passar perto de um busto com espinhos, que no trajeto encontraré uma valeta qu precisara evitar, que a superficie do banco pode machutcar su mio, que os pintinhos sio muito macios ¢, a0 contrario, a g Jinha tem um bico bem duro, que o triciclo se movimenta for conduzido pelo guidto € que nao ha forma de mover: catrinho de mio etc. © caminhar da maior autonomia a crianca, permite-Hf ‘conhecer um niimero maior de objetos e aprender @ manej Desenvolvimento da atividade objetal lino primeiro ano a crianca realiza manipulagses plexas com OBjEt6s, aprende ceitas acoes que 6 adulio Tl sina, consegue F para um novo objeto a acho apren da. Mas aan fealizdea nessa idade s6 pretende u 28 a8 proptiedades externas dos objetos ~ a cslanga mani a.colher da mesma maneira que o pau, o lépis,ou a pi. ‘A passage para a primeira inflneia traz consigo uma va atitude frente ao mundo dos objetos, que comegam a a recer no como simples coisas que se prestam & manipula ‘mas como objetos com um destino determinado e com umaif ma determinada para seu uso, 1850 4, para que cumpra fiungao que Ibes designou a experiéncia social. A crianga de ‘CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 107 «a seus interesses principais para a assimilagdo de novas agdes com 08 objetos € 6 adulto assume 6 papel de preceptor, de colaboridor Ue" ajidarite nesse propésito. Na primeira infin. tia prods a passage para a atvidade objetal que serd a atividade Principat de todo 0 periodo : A atividadlé cbjetal oferece a paricularidade de que por tmeio dela a crianga descobre pela primeira vez a fun¢ao do objeto. “A funcio “do Objeto, seu destino, occulta, fipoReWver We tee He i arma i @ colher ho chao € isso 'denada ser Wir pata a compreénsto da functo do objeto. Somiente’ o -tclulto pode revelar para a crianga, de uma ou de outra manei 3, para que serve 0 armrio ou a colher = A.sssimilagie do destino dio objeto pela crianca € algo ra slicalmente distinto das formas d@ Tanita ‘wacos, por éxemplo, Um macaco te de aildacde objet erica descobre pte primo vex o fungao do eta Co) 108 _PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR uma xfcara, mas a xicara no adquire para ele o significado constante de que se trata de um/objeto para beber. Se 0 animal vé ‘igua na xicara e tem sede, ele bebe. Mas com a mesma ati- tude pode beber do balde, ou do cho, se houver Agua ali, Da ‘mesma forma, se nao estiver com sede, o macaco vitliza a xica- ra para as mais variadas manipulagées: atiré-la, bater no chlo ‘rianga, 20 contri, assimila 0 significado permanente do Sbjeto, 0 destino que a sociedade conferiu ao objeto © que fio varia por necessidades de momento, Isso, € claro, no sige ‘que Ua Vez assimilada uma atividade objetal a crianga passe @ utilizar 0 objeto @Xclusivamente dessa forma. Mesmo que aprenda a garatujar com o ligis, a crianga pode fazé-lo c0- dar pelo chao, ou construir com lapis os murés de um pogo. O} ‘bjéto. Quad umi garotinho de 2 anos se emipenii “ha cabeca seu sapatinho, ele ri porque compreende a incom] vatibilidade entre seu propésito € a fungao do sapatinho, Na etapa ini cham muito rigidamente 1 ai ianga rcaliza d agio assimilada apensis com © objeto designado para Ihe propdem, por exemplo, pentear-se com um pau. ou bebe de win cubo de madeira, seré incapaz de Hiender a0 to, € como resultado disso a crianga na primeira infancia podd realizar uma acto com objetos que nio sé destinam 2 -\ tim, ou utlizar 0 objeto para uma funcio diferente da designada ~~ Assim, pois, a relacio entre.2 ag2o e o objeto apresend nb Aeto tres fuses de desenvolvimento. Na primeira fase, a crianca pod mina, Na segunda fase, utiliza 0 objeto de acordo com su fingdo direta, Finalmente, na terceira fase, produz-se algo cd mo um retorno & primeira fase: a livre utiliza¢a0 do objetg mas em nivel totalmente distinto: agora, 2 crianca” conhece funcio principal do objet, i cofidianos, a evanga aprende ao mesmo tempo a8 resias “comportamento social. Ao zangat-se com o ado, a criang Pode atirat @ xicara no ch4o. Imediatamente em seu rosto CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 109 ATWIDADE OBIE TAL 1 Fase: uso do objeto apenas para stun fungho directa t Fase: uso Livre do objeto, mas contciente de am miso especrfica estampars o temor ¢ o pesar: compreende que violow as re- bras de utilizacdo do objeto, obrigat6rias para todos. Com a assimilagio da atividade objetal muda 0 tipo de fientagio da crianga em wma situagao nova na qual depara tom novos objetos, Na etapa da manipulaclo, ao perceber um dbjet0 desconhecido, a crianga emprega todos os métodos ‘que conhece paid manipulé-to; posteriormente, tenta estabele- SCT Para qué serve esse objeto, como pode ser utilizado; & a ‘orlentacio do tipo “o que se pode fazer com isso?" Nem todas as ages que a crianga assimila nesse periodo ‘Mo do mesmo tipo, nem tém valor igual para seu progresso DPafquico. As patticularidades das agées estio na dependancia ireta das propriedaces do objeto. Certos objetos podem ser ulllizados de uma forma determinada e univoca. #0 caso da louca, da roupa e dos méveis, Uma utilizacio diferente desses Phjetos pode ser considerada como uma altera¢do das regras os (as pirdmides, pinos do jogo de boliche); outros podem ser utilizados de Mirias manciras (os blocos e as bolas). Para o desenvolvimento petiuico da‘ctianca o mais importante so os objetos utiliza: Huos de nufieita bastante univoca. Por outro lado, existem diferentes formas de utilizar os ios objetos, Em | 410 PsicoLoaia DA DADE PRE-ESCOLAR | t98 objetos (por exemplo, cavar com a pé um fosso na area) { ~ Aquelas agdesquie mais exigem da psique sao a¥ que mais | conteibuem pata o desenvolvimento psiquico, | Entre ag ages que a crianga assimila na primeira inffncia, {as mais importantes para seu desenvolvimento psiquico sto. ‘coelativas e as instrumentais, S40 agdes correlativas aquela @ue pretendem estabelecer uma relagio espacial reciproca en- ire dois ou mais objetos (ou entre suas partes). B 0 caso di formacdo de pirimides com argolas, de diversos brinquedoy conde montar e de caixas com tampas. \\ © ja antes de completar 1 ano as criangas comegam a mani } pular os objetos: enfiam, empitham, tampam etc, Mas_nesses / casos a ctianga ndo leva em conta as propriedades dos obj A %05, nao escollté 05 objetos de acordo com sua forma ¢ magni \ :tude © nfo os coloca em ordem, Em contrapatida, pata re Zar as aces contelativas, que a crianga assimila na primeira jo, \_ inci, ela precisa levar em conta essas circunsténcias, Assit “para armar cortetamente uma pirimide & preciso considera elwGiS enue as argolas segundo seu tamanho: primeiro,enca ar no eixo a atgola maior e depois as demaais, ent 6fdém da crescefite dé tainaitio. Ao armnar e desarmar esse tipo de brig ‘quedo a crianga respeita as propriedades cos objetos, esc 08 que so iguais ou se coresponder; em suma, coloca-os d icordo uma ordem, Essas aces S40 reguladas pelo resultado obtido (a piri de armada), mas a ctianga ndo consegue alcangar esse result do por si mesma; além disso, na primeira etapa nem se pr 1pOe @ isso. Quando arma uma pirimide conforma-se em intrd duzit as argolas de qualquer maneira. © adulto vem em sif ajuda e lhe mostra como agit, apontando os erros que dei corrigit para obter o resultado correto, Assim a crianga ass a acdo, Mas hd diferentes formas de realizar a agio. Em um 80, a crlanca vai desatmando a pirimide ¢ lembrando conf colocou cada argola, de modo que ao armé-la respeitard mesma ordem, no sentido inverso. Em oulyos casos, a cria experimenta, observa os eros cometidos € os corrige; nu tetceito caso, seleciona as angolas adequadas com 0 olhar passa a introdu CARACTERISTICAS PSICOLGGICAS DO DESENVOLVIMENTO 114 AA ctianga realiza as ages correlativas da maneita que the tnsinam. Seo adulto apenas lhe mostrar o modelo, anmando & esarmando a pirimide varias vezes dante dela, ela terminart lembrando o lugar onde deve ir cada argola. Se o aduito fixar -t alencao. da crianga nos erzos e na forma de Eoriigtlos, a erinn. Si provavelmente comecari a agit por meio de tentativas, Por fim, se'The"Ghsinais a comparar as aigolas e escolher desde a tmaior até a menor, eld pode aprender a selecionar as argolas upenas olhando, Esse dltimo metodo & o tinico que explica o Dropésito da ago e permite que a crianga repita a ago de. pois, nas mais variadas condi¢Ses (por exemplo, as eriangas {ite aprendlem pelos dois primeiros métodos no conseguem fiontar uma pirdmide com dez ou doze atgolas, em yer das cinco a que est acostumada) S-aGSes instrumentals sio aquelas nas quais a erianca se wma. feramenta — um instrumento ~ para agir sobre intro bjet. As fenamenas mais simples, dékataeeteae, ts miquinas, multipleaii ‘a forga natural do homem e lhe per. item realizar diversas agdes que ele no conseguiria efetuar tlmplesmenté ‘com as mdos. As feramentas slo, por assim di. tet, Grados artificiais que o homem intespie enire ele a na. lureza. Seria suficiente citar o machado, a colhet, a seta, o Imartelo, 0 alicate, a plaina F A Grianca sem davidd aprende a manejar 56 alguns inst Mentos, G8 mais elenientares, coliet, xicara, pé, lpia, Mog ‘ino assifi les tém enorme importéncia para seu desenvol, Vimento psiquico, porque nesses instrumentos estio presentes 8 tracos que Caracterizam toda ferramenta, A maneira de utili A ferramenta entra na categoria de intermedidsia entre a ilo da ctianga © os objetos sobre os quais age, e a agio de. unde da forma da ferramenta. Quando a crianga remove a apanha.acomida com uma colher, age 'a do que fatia com a mao, Por isso, 4 28. piinilacdo da ago instrumental requer uma total reconversio Plus mnovimentos da mao da criana, a total sujeicdo dos movi. Mentos 2 forma do instrumento, Tomemos como exemplo o ¢ \ 112 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR A assimilagéo da aco instrumental requer una totelreconcersto des mov ‘mentos cia mo da crianga(.) ‘emprego da colher, Sua forma requer que, uma vez apanhad! a comida, a crianga eleve a cother na vertical para levi-la ex linka reta a boca, A.comida apanhada diretamente com descreve outra trejetoria: € diretamente levada 3 BoC to, o moviitiefts da mao’ com a colher tem de se reorgafia Mas a reorganizagdo dos movimentos da mio 86 € consejiuig Se a crianga aprenide @ estabelecer uma relagio entre 0 ins ‘mento € os objetos sobre os quais dirige sua ago; entre a Iher € a comida, entwe a pie 2 areia, entre 0 lapis e 0 pip Nao € uma tarcfa ficil, Todas as experiéncias que a cra adquiriu mediante a. manipulagao dos objetos ensifiavarnl felacionar 0 resultado das agdes com a mao e no com a da de oiitro Bbjeto:- 5 Durante © processo de aptendizagem a crianga domina ‘agoes instrumentais com a orientagao constante do adulto, the demonstra a aco, dirige sua mao e chama atengio so © resultado, Mas mesmo quando esas condicdes sio obser das, a assimilago das agdes instrumentais no ocorre i tamente; ela passa por varias etapas, Na primeira etapa, 0 i trumento é para a erianca somente a prolongayao de soa fi FF “frome gato frOv.onaeaqae do, 1 CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVINENTO 113 Pola mio e ela tenta instrumento como se fosse a io. Bafa @ Golher no punho, segurando-a o mais perto pos. sivel da concha ¢ chegando até a pér os dedos nela; com a sida do adulto, pega a comida no prato com a colher, mas 19 exgué-a faz com que se incline, como se Fosse sua mao, Toda ‘sua atencdo estf colocada na comida e nao na collher. Como & natural, comida ‘eal ea cother chega na béca quase vazia, Nessa etapa, embora a crianca tenha uum instrumento na mic, suas ages ainda nao so instrumentais, mas manuals Na eta, pa seguinte, a crianga comesa a se orientar para a propria re- 30 entze 0 instrumento © 0 objéio' sobre o qual incide a led0 (Resse caso, a colher com a comida), mas tem éxito ape- has éventiialmente, a0 tentar repetir os movimentos que tive- fam sucesso, © resultado definitivo $6 se aleanca quando a imiio se adapta bem as propriedaces do instrumento; surge en lo @ agao instrumental 4s agies instrumentais que a erianga domina na primeira Jnfancla’ S40 nilito imperfeitas © continuam a se aperfeigoar no Mlecorrer do tempo, Mas o que importa nao € o grau de aper felgoamiento com que ela realiza os movimentos, mas em que inedid@ assinilla a, utifizagdo dos instrumentos, um dos princi Dlos basices da atividade humana. A assimilagao dus acoes Instrumentais permite & crianca passar, eit delenminadas situa: ‘Goes, 20 emprego auiténomo dos objetos como instrumentos slementares (utilizar um pawr para alcangar um objeto distante, por exemplo). ot spe ‘Aperecimento de novos tipos de atividades na primeira infancia >> 7 Ao término da primeira inffincia (no terceito ano de vida) furgem novas formas de atividade, qué aleanam sit plenitu: (le mais adiante e comecam a determinar 0 desenvolvimento iquico. Sao 0 jogo e as formas produtivas de azao(o dese- ‘nho, a modelagem, # Goastiigzo): Sree (0 jog6 como foriia especial de atividade infantil tem sua hisiorla relacionada ‘com as mudsnigas’ da situacao da erianca fi Sociedade. © jogo da crianga ndo pode ser equiparado 20 > reeds 2 D&, ea oP oe ee 114 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR chamado jogo dos filhotes dos animais, que so exescicios ins- ‘intivos, formas de conduta hereditiria. Sabemos que o com portamento humano nao € de natureza instintiva € que a crians rilzes comestiveis com um pau.escavador. A exianga, desde seus primeiros anos de vida, incorporava-se as atividades dG, ‘adulfo, assimilando ha pritica a foima de objér 6 suste ‘manejar os instrumentos primitivos. Naquela época, no exis: tia © jogo separado do trabalho, Com a passagem para a caga, para a criacio de enimais € para a agricultura de enxada, os instrumentos de trabalho ¢ as formas de producio deixam de estar ao alcance da erianga, pois requerem uma preparaco especial. A formagao do futuro cagador, do futuro pastor etc. surge como necessidade social, © adulto constréi para a crianca facas, arcos, fundas, varas ¢ lagos, cOpias exatal e reduzidas cas ferramentas que ele pid prio maneja, Esses brinquedos sui generis crescem junto com a crianga ¢ paulatinamente adquirem todas as propriedades ¢ o tamanho dos instrumentos utilizados pelos adultos. A socieday de esta sumamente.interessada em uma infancia preparada pa #2 participar dos camos mais importantes do trabalho ¢ 0 adi fo anima esses jogos-exercicios da crianga. Ness ainda nao existe a escola como centro especial de formagag da crianga. A crianga assimila o manejo dos instrumentos atta vés de exercicios sob a diregio do adulto, que de vex eng quando convoca para jogos-competicées, a fim de saber com a crianga maneja os instrumentos de trabalho. ‘A maior complexidade dos instrumentos de trabalho ta bém torna mais complexas as relagdes de produglo. A criang ‘comeca a ser deslocada cada vez para mais longe da esfera d produclo, que se toma por demais complexa e inacessivel 1 ela, mesmo quando so feitos modelos reduzidos. Ou se © adulto continua proporcionando 4 crianga modelos reduzi dos, que conservam seu aspecto exterior, mas perdem si Propriedades basicas. Um arco reduzide serve para disp: uma flecha e acertar no alvo, mas uma escopeta reduzida te CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 115, © aspecto exterior da escopeta e 86 serve para representar ou imitar 0s disparos. Aparece assim o brinquedo figurative, Ao tnesmo tempo, a ctianga € separida das relacbes socais da so. ciedade adulta Nessa etapa de desenvolvimento da sociedade aparece twma nova forma de jogo = o jogo dramatico, Através ko, a ctlanga satisfaz sua print s¢ suciais © @ atividade de irahalho dos adultos e na qual inter Pretam o papel de adultos, Assitn, por causa do lugar especf 0 que a erianga ocupa fa sociedade devido a uma maior complexidader do trabalho é das relagées de produgio, surge 0 jogo dramatico “como fori especial de convivencia da cre nga contre chu ~~ ~ No JOR riamdtico, a reproducdo das agdes objetats passa para segundo plano, enquanto a reprodugdo das relages sociais \, de irabalbo toma a dianteira. Dessa forma a crianga como onte social saisfaz sua necossidade Bisica de comunicarso ¢ le conviver com 0 adhutto, AS premissas do jogo dramalico slo, crladas na primeira Infancia, dentro da atividade objetal, iS premissas so ag vies que a crianga realiza com certos objetos especiais, os JE nO comego da primeica infancia, em sua ativi ce cSnjunta com o adulto, a crianga assimila com os brit. queclos cereas agSes que depois reproduz de forma autonome sas agoes geralmente so chamadas de jogo, embora nessa fluago a definigao seja um tanto convencional 1.10, Tania levanta uma almofadla e a coloca sobre a pol evanta um gato de botracha € 0 caloca sobre a almofaca, 4 palmadinbas no gato com a mio pars adormect-lo. Reticase © volta, Repete suas agdes. B assim mutas vezes. CObeetvado Por F. 1, Fradkina.) CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 117 Os jogos iniciais reduzem-se a duas ou trés agées, como, mentar a boneca; com um pauzinho mede @ temperatura; com dar comida para a boneca ou colocé-la para doitilr. Na verdax lima vela, corta seus cabselos e unhas, ¢ assim sucessivamente de, as criangas dessa idade nfo reproduzem ne jogo fatos de Na primeira etapa de substituicdo de um objeto por outro, sua prépria realidade (a0 contrivio do que ocorteré mais tar tanga nad Ud ad objeto-substituto o nome lidico, Continua / e),nids'manipulam os objetos tal como véem o adulto fazer, vhamando-o por seu nome verdadeiro, independentemente ly {Nao dio comida para a boneca, ndo a poem para dormir, ni0 tnissio que ele desempenhe no jogo concteto, *) _représentam essas coisas mas, imitando 6 adulto; aproxt " jxicara da boca da boneca, cotocamna deitada ¢ Ihe di6 pal] 2-10. Lida, sentada no tapete, segura nas mios a toda de miadinhas. A marca caracteristica desses jogos espectticos um cavalo de castolina € um prego. O educador entregalhe 2 que a ctiahiga tealiza determinadas acdes somiente com_os| bonecit ¢ the dia: ‘D2 comida para a boneca’, Lida leva 6 prego brinquedos que os adultos utilizam em seu contato com ela a onan Baa rie, Pee eae ies cme per- ctianga nao esten és noon ive & i880, Lida responde: “Lm pego” (prego). Depots ~~ erlang nfo estende esas agdes a outros objeto. Encontra no cho uma panels, coloca o prego nela em sacede, Um pouco mais tarde, a crianca transpora_as_ formas, dizendo: “So Gopa); volta-se para a boneca e Ihe di de come, agic do aduito para outros objetos. Pela primeira ved aparece 4 panel, uslizando © prego. O prego Contin sc ere J0808 que sao uma recriagdo do real em novas situacdes. Prego; para a criangs, no jogo, alma ato € uma colher, ember © ute como cxlher, com> ti suplemevo de er ne 1.30, trina, depots de observar como misturam a semoling| (CObservado por F. 1! radicina,) pega uma xicara esmaltads, coloce-a sobre a eadeira ¢ comera remener com a colher dentio da xfcura vania ~ na verdade, bat Na etapa seguinte, além de utilizar certos objetos c alm de ut tos objetos como ‘com a coher no fundo da xicara, exguendlo-a ¢ abaixando-; de sucedaneos cle outros, a crianga os nomeia de acordo com 0 pois bate contra a borda da xicara com a colher pata fazer papel que desempentamn seo corter a semolina que tiver ficado grudada, (Observado por F. If Pradkina,) 240. Lids passa muito tempo brincando com a boneca Ness petfodo pode-s indir erlanga prea de us fi, sana pn pee ye it 2 jogo de contetido novo, se ela conhecer a agio comrespond. fear boneca”. Mostra a veta para a educadora e diz "Ponte" De. te, Se.a ctianca transpée a acdo de um objeto para outro, € sf Pois passa de novo a vela pela cabeca da boneca e diz: * a rigida ligagdo com 0 objeto fica mais fraca, € porque ela pr comar"; mostra novamente a vela para a educadora e diz: "Te. Brédiu muito nia assimilagao das agdes, Mas ainda nao exerd] soura’. (Observado por P. 1. Fradkina) Ag a tranaformacio Kidica dos objets, a subsuiuiggo de cen ’ ‘objetos por outros, Essa capacidade viré mais tarde e é 0 p 4 crlanca na. primeira infancia age iniclalmente.com o meiro passo pafa a transformagdo da ado objetal em aio Id ohjeto e mais tarde compreende o significado do objeto no jogo. \. ‘ica propriamente dita, — A crlanca precisa manejar 0 objeto-sucedineo como se s2 ta : ‘Como complemento do jogo dramitico, a crianga come isse do auténtico, Nessa etapa prescinde da coincidéncia em >< utilizar todo tipo de objeto em substituigio a outros que ni ‘Sor, forma, tamanho € iiatétial P possui. Desss forma, um bloco de madeira, Um caret! d A constiuigso de pape ainda est susente no jogo da wma peda podem ser de sabio par var a honece, unl nia apne infec, mas Peace 280 pedra, uma pulseira de osso ou um cilindro servem para al AS premissas para 0 jogo com papéis. Ao mesmo tempo que 118 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR aparecem no jogo os objetos-sucedaneos, a crianga comeca a representar agées de adultos concretos (da mae, da educadora, do médico, do cabeleireira) 2.400, Tania deita a boreca e a cobte, enfiando a coberta por baixo da bonece, como a educadora faz ¢, ditgindo-se & boneca, diz: "Vamos dormis". Nessa mesnnt idede despeja todo. © contetido na xicara e dz: “Nao gana compota®, Taz a bone- ca, sentaa e di: “Come. Nao, nao. Nio te dow sobremesa’, (6.0 que 2 educedora diz para as crltacas que alo comem 0 prato principal) 2.6.0. Arita lava 2 porta com um pano ¢ um pedago de pau, que utliza como sabio; depois diz: “Anie-Mausia”. (A faxineina se chama Marusia.) 2.6.0. Borla coloca um coetho de petticia sentado sobte um! jornal, cobre seu peito com outro pedago de jornal como se fos se um guardanapo e pega uma escova. Quando @ educadora Ihe Pergunia © que esti fazendo, Boria responde: “Boya cabeleio’ (cabeleizeizo) © passa 2 escova na cabega e nas orelhas do coe] Iho ~ comta-he 0 cabelo. (Observado por F. 1, Fradkina.) 1 Mé 0 final da primeisa infincia a extanga se arroga o nog me do adulto apés a ago. Ou seja, primeio ela brinca, depot se atribui o nome daquele a quem representa ~'em sua ackq reconhece a agio do a tulto, = NO A erianga a prima inf la gate com prs () CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 119, As premissas do jogo dramatice, isso &, rebatizar og obje- ical a8 prOprias agdes com as do adilto, alrogar-se 9 nome de outta pessoa ov atu representando aches de ou-, tras pessoas, tudo lss6€ aBsimiil2d6 pela ctianca sob a direciol do adiilto. aa 7 a O desenvolvimento da atividade objetal na primeira infin ‘a € premissa para que a ctianga aprenda a desenhas, o que, & na idade pré-escolar, constitu a chamada atividdde represen | tativdi Na primiéita infancia, a crianga aprende a garatujar e a Similar a. fungdo, representativa do desentio, isso ¢, a com. | “preender que o desenho € a representagio de tal ou qual obje- 0, Iinitando 9 aculto, a crianga passa o lapis pelo papel e ob- |” Serva que deixa marcas (ilustracio), As garatujas que a crianga lraca S20 linhas intermpitentes, ligeiramente asredondadas, feitas com uma débilpresab do lipis sobre o papel (ilustracio). Rapidamente a cfianca assimila a fungao do lapis como Instrumento para tragtr linhas. Todos seus movimentos e, em Particular, seus tragos, sobre o papel se tornam mais seguros € varlados. A crianga concentra-se neles, Comeca a preferir cer- tos tragos a outros e repete os preferidos; quando obtém um resultado que desperta seu interesse, ela cbserva bem, inter- fompe o movimento, depois volta a tragar outras garatulas pa- tecidas com as primeiyas ¢ também as observa Geralmente a crianga prefere reproduzir garatujas prect- sas, inhas retas ¢ curtis (linhas horizontais) ou pontes, volteios ¢ espirais. Nessa etapa, as linhas.nada representam ainda; por isso € chamada de etapa pré-representativa lA passagem da etapa bré-representatina para a imagem divide-se em duas fa- Se mutto\bem definidas: na primetna, a crianga recenbece 0 \ : 5 QUE NL MA', ChAT 4s primetras garatjas, ti ‘nbas intermitones,Higetra ‘ente aredtonddias, de ra (odébil) 120 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR objeto numa combinagéo casual de tragos; na segunda, desco- bre a imagem feita intencionalment, © adulto procura dirigir 0 desenho da crianga, mosttan- dose como se desenha uma bola, o sol, perguntando-lhe o ‘que significam as garatujas que acaba de fazer. Mas até certo momento a crianga nao aceita essas indicagées © perguntas. ‘Traga suas garatujas e estd contente com elas, A mudanga sur- ge quando cla comeca a identificar alguma garatuja com um au, um homem etc., dando-lhe nome desse objeto, Em sua nsia de conseguir realizat tragos identificéveis com algum ob- jeto, a crianga tabisca vigorosamente, & espera do momento de reconhecer tum objeto em uma combinagao de tragos que te- sham com esse objeto alguma semelhanca remota; fica to ab sorta nesse processo que pode reconhecer dois objetos no mesmo (ago. ("Uma janela.. no, um armasio” ou: "Um ho- ‘mem, no, um tambor... Um homem toca o tambor") Mas a reproducdo intencional do objeto € posterior. Pau latinamente, a crianga passa da definigao das garatujas jé dese, hadas para a formulago verbal do que se dispoe a desenhat, © aniincio verbal do que pretende desenbar assinala o comes da attuidade représentatioa Quando a crianga, na primeira infancia, expressa a inten: so de desenhar algo ('Vou desenhar um homem..., 0 s0l.. um coetho") refere-se a imagem grafica que conhece: & com ago de tragos que por suas experiéncias anteriores conheci com 0 nome de um objeto determinado. A imagem grifica de muitos objetos € a curva fechada, Por exemplo, uma menis de 2 anos cobriu: profusamente o papel com curvas semeltia tes a citcunferéncias, que ia denominando “uma mulher", "un homem’, “um globo” etc ; na verdade, os citculos néo se dif renclavam entte si, A crlanga comeca a compreender que simples denominagao do objeto, sem que haja certa semelhan 2 com esse objeto, ndo satisfaz os que a rodeiam. O proprid desenhista também se sente insatisfeito, pois ele mesmo ‘quece rapidamente o que desenhou. A crianga comega a des har aqueles objetos que “saem”, que t@m ceria semelhangd ‘com essas imagens gréficas. Ao mesmo tempo procura no\ imagens. Quando ndo encontra as imagens grificas de um o CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 121. ieto Cou seja, ndo sabe como desenhar esse objeto) nao 0 de- senha, mesmo que Ihe pegam, Um menino se negava categori- camente a desenhar uma casa, um homem ou um passaro, mas se oferecia para desenhar outras coisas: “Quer que eu fa. a'uma escada?” As imagens grificas que a crianga utiliza tém diferentes Procedéncias. Algumas ela mesma encontta a0 garatujat, ou- tras resultam da c6pia de modelos que os adultos the ofere- ccem, embora muito simplificados. Um desses desenhos tipicos € a “figura humana rudimentar’, um cisculo que representa a ccabeca e duas linhas que partem dela, representando 0 torax & (0s memisros (ilustracao). No perfoclo em que sua reserva de imagens gréficas € mut {o limitada, a crianca pode “combinar" a tepresentacio inten ional do objeto, para o qual jé existe uma imagem dada (co- ‘mo a figura humana rudimentar que representa o homem) ¢ 0 feconhecimento em garatujas feitas 20 acaso de objetos conhe. ‘idos, cuja imagem gratica ainda nao domina. A primeira ropresentagia de um ‘momenzinbo”. Desenbade par uma erianca de 2 amos w tres ses.) 122 _PSICOLOGIA DAIDADE PRE-ESCOLAR 2.114, Kirill brinca com as tintas. Passa o pincel pelo papel ¢ observa com expectativa o resultado: “Oh, grama, Agont Kila val pisar nela”. Deseriha uma figura humana. Faz pontos colori dos por todo © papel: "Sto passares. Agora vo sair mais cok sas". (idtio de V. 8. Mukhina.) A ctianga desenha uma imagem grifica de cesta complexi- dade com muito esforco. £ dificil determinar 0 objetivo, realie lo € controlar seus proprios atos, tudo ao mesmo tempo. Sel quero mais". Mas 0 desejo de desenhar objetos ¢ t4o forte qui pouco a pouco supera as dificuldades, Contudo, existem ca de criangas normais que, por uma ou outta raz4o, nio saben desenhar imagens graficas. Um menino dizia enquanto des hava: “Vamos ver o que vai sair agora”, © comecava a tragat linhas no papel e a observi-las detidamente, Num determina do momento, unia combinaglo de linhas Ihe sugeria uma imad gem determinada, que em seguida nomeava e completav com novos detalhes. Quando 0 menino néo conseguia desco: brir una imagem entre suas garatujas, constatava desapontado} “Nao saiu nada", (Esse menino continuou desenhando assinl ME 08 5 anos, quando passou para o jardim-de-infincia) | é um caso excepcional, Quando nao recebe uma ori entacdo por parte des adultos, a crianga permanece muitd tempo na etapa de reconhecimento das garatujas, atividade ng qual atinge a perfeicio, com o perdio da palavra. A criang aprende a criar combinagdes complexas de linhas, com a pa ticularidade de que cobre cada folha com uma combina, nova, ja que, em busca da imagem, tenta niio se repetir, Para aprender a desenhar, nio basta para a crianga aperfel soar a “técnica” do tragado de linhas, mesmo que alcance a feicao nisso. £ necessario que se formem imagens grificas nel © que é possivel por meio da influéncia sistemética do adult, Desenvolvimento da linguagem na primeira infancia ‘A primeira infancia € o petiodo sensivel de aprendizado linguagem. O preparo intensivo para assimili-ta j4 se produz ‘CARACTERISTICAS PSICOLEGICAS DODESENVOLVIMENTO 123 ‘prima sofia 8. periodo sensivel de aprendizagems da linguagem (9 twimeiro ano, quando a crianga aprende @ pronunciar os sons e omefa a aprender ¢ a pronuncia as primeira palaveas ara a assimilac%o da linguagem vet gem na primeira infancia {mportancia decisiva recai sobre a mudanga das formas de cor tnunicagdo da erlanga com o alulto, porque aquela assimilon ‘A atividsde objetal. Agora, para ensinar a crianca a manvjar os 124 —_PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR (CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 126 objetos e as regras de uso ja nao bastam as formas “mudas Pondente, a crianga aprende rapidamente a reagdo de respos- (ensinando-Ihe, guiando seus movimentos, aprovando ou de ‘a, Contudo, no reage apenas as palavras, mas a toda a situagio, saprovando sua atiuude por meio de gestos); 0 crescente inte Mais tarde, a importancia da situagao desaparece ¢ a crian- resse da crianga pelos objetos leva-a a procurar a ajuda dq $2 comeca a compreender as palavras, ndo importa quem as adulto. £ esse o principal estimulo que anima a crianga Prouncie ¢ quais gestos as acompanhem. Mesmo assitn, a 1¢- aprender a linguagem, |hgdo das palavras com os objetos mantém-se instavel durante ‘Aqui, muito depende do adulto, de seus contatos com bastante tempo € depende das circunsténcias em que 0 adulto crianga e do que exige dela, A crianga com quem o adukq faz suas indicages verbais, mantém pouco contato apresenta um forte atraso no desenvol Nos primeiros meses do segundo ano, a crlanga responde vvimento da linguagem. Por outro lado, quando © adulto as palavras do adulto referentes a um objeto quando 0 objeto cura captar 0 menor gesto da crianca para satisfazéla em ty ti diante de seus olhos. Se o adulto disser: “Dé-me a bene. do, ela pode preseindir por muito tempo da linguagem. O re cu © @ boneca estiver visivel, a crianca estende a mao para sultado € diferente quando 0 adulto exige da etianca que fal egé-la. Se a crianea ndo vir a boneca reagird a voz do adulto, claramente ¢ formule seu pedido com as palavras correta ‘mas no comesard a procurar a boneca, Mesmo que 0 objetc cumprindo esse pedido apenas sob essa condicao, Peclido esteja dentro de seu campo visual, sua atengdo se des. Juntamente com a necessidade de comunicay via faciImente para os objetos mais vistosos, mais proximos ou desempenham um papel importante no desenvolvimento tmais novos, Se a ctianca tiver diante de si um petxe, um galo linguagem as impressées que a crianga acumula durante sug € uma xicara e 0 adulto the pedir varias vezes: “Dé-me um atividades objetais. Essas atividades servem de base para eine", percebe-se como seu olhar passeia pelos objetos, se aprendizagem das palavras, que a crianga relaciona com 9 dletém no peixe € sua mio se estende para alcancéslo, Mas, objetos ¢ fendmenos do mundo circundante. om freqiiéncia, seu olhar volta 2o brinquedo que lhe interes, Na primeira infincia, a linguagem progride por duas ca ‘i mais © entio em vez do peixe entrega o galo, por exemplo, ‘588: porque a ctianga aperfeicoa sua compreensao da linguagk Passado o primeiro ano ¢ meio de Vida, a crianga se rmos- do adulto € porque desenvolve sua linguagem ativa propria, tra mais segura no cumprimento das indicagées vetbais clo A crianga demora bastante para atribulr as palavras ag ‘nlulto, mas pode falhar quando transcore um ceito tempo objetos ou agdes corespondentes. Inicialmente, ela compred tntre a indicagto € seu cumprimento, ou quancio a indicacio de a situagio em geral e niio uma ago concreta, Assim, ur contradiz. uma ado fa arraigada na erianca, Diante da crianga, crianga que realiza determinadas agées diante da palavra q lum peixe com o qual ela costuma brincar € colocado embaixo ‘um adulto talvez nao reaja a essas mesmas palavias pronunk tle uma xicara ¢ Ihe dizem: *O peixe esti embaixo da xicara, das por outro adulto. A pedido da mae, a crianca de 1 a Pegue-o”: mas seguram a mio dela por vinte ou trinta segun, mostra a cabeca, o nariz, os othos, as pernas etc.; mas se ouf dos. Depois disso, a crlanca sente dificuldade para cumprir a pessoa pedir, talvex. ndo reaja, A crianga e a mae mantém lwrefa, jd que sua atenc2o foi distraida por outros objetos Contato tio intimo que, para a ctianga, 0 sinal de agir aio pi Em outro caso, péem diante da crianga uma xicara ¢ vvém apenas das palavras, mas também dos gestos, do tom tolher ¢ the dizem: "Dé-me a xicara, dé-me vor € até da situac Nica’; tla esta a mio para aleancar a xicara, Apos repeti ‘A ctianga reage corretamente as palavras do adtulto qué ssa ordem varias vezes, dizem: ‘Dé-me a colher". A erianga do essas palavras sto repetidas em combinagao com © ges tNlende a mio em direp4o 8 xicara, sem se dar conta de que jd ‘Quando 6 adulto Ihe diz: "Dé-me a mio”, e faz 0 gesto cor hilo esté cumprindo as instrugdes do adulto, uma a xicara, dé-me a 426 _PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR No segundo ano de vida, a crlanga tem mais facilidade para scelerar do que para brecar, dante de uma ordem verbal, Pena anais facil comegar uma 2¢40 do que interrompé-a, Por cxemplo, se mandam a crianga fechar a porta, pote ser due tla fique abtindo e fechando a porta por algum tempo diferente o que ocorre com a contengio da ago. J4 20 comeco da primeira infincia a crianga compreende a frase “pio faca isso", Essa proibigto ndo atua com a rapidex que 0 ‘adulto desejaria. © pequeno Andriusha enfiou um prego no thugs de uma tomada, enquanto gritavam “Nao faga isso", ele se apressou em introduzit 0 prego na tomada. rsomente no terceiro ano de vida as indicagbes vesbais Co advlto comegam a regular comportamento da crianga em die ferentes condigdes, a provocar e a brecar suas agdes, a exercet sobre ela uma influéncia tanto imediata quanto retardada, Nes- fa epoca, a compreensio da linguagem do adulto se reveste de wen cariter qualitativamente novo, A crianga compreende cada palavza e & capaz de realizar aqées objetas por indicacio) @o adulto, A crlanga escuta com interesse as conversas dos Gnais velhos, tentando compreender, Nessa idade, gosta de es: ccutar hist6rias e versos de contetido dlifiil ‘s capacidade de escuiar compreender mensagens albelas 2 situagio imediata em que se produzem € uma im pontante conquista da crlanga, pois Ihe permite utiliza & br Buagem como meio principal para conhecer a realidade qe ee eata diretamente a seu alcance, Levando isso em considey taglo, o educador orienta a ctianga para que escute © com preenda uma linguager que no se refere a sua situata0 con creta ‘© desenvolvimento da linguagem ativa da erianga até ‘ano e meio transcorre lentamente, Nesse perfodo, ela conhec de trinta a cem palavras, que utiliza bem poucas vezes. Depols essa idade em geral se produz uma mudanca brasca, A ctia ta toma iniiativa, exige constantemente que Ihe digam 08 no Sue dos obfetos ¢ tenta pronunciar as palavras que designarg fetes objetos. O ritmo de desenvolvimento da linguagem cre fe constantemente. No final do segundo ano a erianga ut até trezentas palavras; no final do terceiro, 1.500. CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVINENTO 127 Mas a linguagem da crianga se parece pouco com a do adulto e é denominada linguagem auténoma. A crianca utiliza palavras diferentes das do adulto, Essas palavras procedem de lués fontes, Em primeito lugar, da linguagem das maes e ba- bis, que faventm palavmas supondo que a cian entende ne er Bn segundo haga, sfo pelavas contin, co so a crianga akera, Em so palavra crs terceiro lugar so palavras que a crianga in- Com uma educacio linghistica correta, a linguagem aut6~ noma logo desaparece. Se 0 adulto exige que a ctianga pro- nuncie bem, seu ouvido fonemitico € sua articulagdo progri- dem rapidamente, Mas se 05 que a rodelam apoiam a lingua~ tem auténom, ela pode pera por muito tempo, Bil 0 taso dos gemeoe Uyrs Lsha, com poucos canals com silos ¢ otras criangas, que se comunzavam entre sl quase acisvamente meciari ua Ingagem anna lém de enriquecer seu vocabulério e pronunciar melhor, sma a prime inflncia assimila 0 sistema gramatical da A linguagem tem enorme importincia para o desenvolvi- tnento dos distintosagpectos do psiquismo infant lingua em converte-se paulatinamente na principal via de acesso & experiéncia social. Com a assimilagdo da linguagem muda a puropeo, a mentldade media ede ors gor tose 1s processos psiquicos da erianga. ; ‘Mas a aprendizagem da lingua linguagem depende, por sua vez, do desenvetunente das atvidates de percpeto ede mental che da cranca. Numa primeia etapa da aprendizagem, a crian- 61 comunica as palavras que escuta € pronuncia um sentido distinto daquele do adulto, Ao longo da primeira inféncle © significado das palavras muda, 0 que é uma das principais mostras do progresso mental da crianca ; “pare ALUM © # Yuwie 7 doves Lego 9 desl ne eetuai on el nifo, Madrid, Pablo del Rio, 1978. eee 128 —_PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR 2. DESENVOLVIMENTO MENTAL DA CRIANCA NA PRIMEIRA INFANCIA ‘Ao comegar a primeira infincia, a crianga percebe as pro- priedades dos objetos que a rodeiam, capta as relagdes mais simples entre 05 objetos ¢ vale-se dessas relagdes para suas{ manipulagées. Isso cria as premissas para um ulterior desen- volvimento mental relacionado com a atividade objetal (poste- riormente com as formas elementares do jogo e do desenho) e com a linguagem. O desenvolvimento mental da crianga na primeira infancia apbia-se em novos tipos de agdes perceptivas & mentais, Desenvolvimento da percepgdo e das nogées sobre as propriedades dos objetos No primeiro ano, a0 manipular os objetos a crianga adqui re ages visuals por meio das quais estabelece certas propre dades dos objetos, mas se trata de uma percepgio mult i petfelta, A primeira vista, parece que se orienta bem no an tea seu redor, reconhece seus familiares € os objetos que hhabitualmente, Mas esse reconhecimento se baseia em dete nadas propriedades e caracteristicas dos objetos, Nessa icade, ctianga no € capaz de uma exploragio sistemtica do objetd que Ihe permita descobrir todas suas propricdades. Geralmer te, a ctiangs se aferra a um aspecto chamativo do objeto, rea somente a ele, © por meio dele reconhece todo o objeto, freqiiéncia esse aspecto é um pequeno detalhe do contorn objeto, Assim, a crianga que aprendeu a palavra “passaro” esse nome a todos 0s objetos que tiverem uma saliéncia ed forma de bico, mesmo que se trate de uma bola de plasico, Isso explica a assombrosa capacidade de a crianga no sq gundo ano de vida reconhecer seus familiares em fotos, ¢ d objefos em desenhos que transmitem apenas alguns detalha caracteristicos do objeto (por exemplo, a cabeva cle um cav Jo), Poder-se-ia pensar que esse reconhecimento mostra a acidade da crianga de saber © que & uma fotografia e de 1 ‘CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO. D] — us dots ans, 9 crianga tem sma eapacidade assombrasa de reconhscerobe- os que contervam apenas alguns detalbes carecteriaies C.) a tonhecer um objeto por um detalhe insignificante. Na verds- We, is80 demonstra 0 contririo. A crianga no segundo ano de Vida ndo considera o desenho ou a fotografia como a repre- tentagdo de um objeto ou de uma pessoa, Para cla, os objetos fepresentados sto totalmente independentes. A crianca di a0 objeto © a sua imagem © mesmo nome porque o toma pela tmesma coisa. Essa identificagio se faz possivel porque no ob- {eto © em sua imagem ela destacou um detalhe que chamou fun atengao. Para ela, o restante no existe 130 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR © fato de a ctianga perceber somente determinados detalhes do abjeto explica sua indiferenga pela posicio espacial da imagem. 17.15, Ginter, deitado de brugos, fotheia umn livro de ilus:| tragdes, Para ele no tem importineia que 2 imagem esteja de} ponta-cabera, (Observado por W. Sterm,) As ages visuais que permitem a erianga perceber 05 ob jelos resultam de sua manipulacio, Bssas ages permitem cap: tar a forma e 0 tamanho dos objetos. Nesse periodo, a cor nad tem importincia para a identificagio dos objetos. A crianga conhece indistintamente imagens pintadas, outras sem pintar ¢ as que estio pintadas com uma cor inabitual, pois se orient apenas pela forma. Isso nio significa que a crianga nao disting ‘gue as cores, Bla jé as distingue no primeiro ano & prefere cer tas cores a outras. Mas @ cor ainda ndo € para ela uma caracte tistica do objeto; nao a leva em conta, Para que a crianga perceba os objetos de forma ma completa € multilateral deverdo surgir novas agoes de percep lo. Essas sutgem ao assimilar a atividade objetal, sobretud com as ages correlativas e instrumentais ‘A crianga aprende a realizar uma a¢ao correlativa seleciq nando e acoplando os objetos ou suas partes de acordo cot forma, tamanho € cor e conferindo-lhes determinada posigg ‘tua no espaco. Ja sabemos que as acdes correlativas pode ser realizadas de diferentes maneiras, de acordo com os mel dos de ensino, Algumas criangas, imitando 0 adulto, record a ordem de realizagio da acdo (por exemplo, armar ¢ des mar uma pirimide) e repetem-na sem levar em considerags as propriedades dos objetos (nesse caso, o tamanho das a las), Is30 dé bom resultado quando as condigdes néo se al ram. Se as argolas da piramide se misturarem, a crianga nto cangaré 0 resultado procurado. Por isso, mais cedo ou tarde, o adulto exige da ctianga que ela mesma selecione acople as pecas na ordem requerida, No principio, a cria 86 teré éxito através de tentativas, ja que as aes percepth que ela domina impedemrna de comparar visualmente os d tintos objetos com base em suas propriedades. CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 131 Quando acopla a metade supetior da matrioshka a inferior © comprova que as duas metaces no encaixam, experimenta outta; e assim até achar a metade comespondente, Da mesma forma, para escolher dois cubos, a crianga encosta um a0 0 lto para comprovar se tém 2 mesma cor, Todas essas acces orientadoras externas pesmitem a crianga alcangar um cesulta- do pratico correto, A assimilagao pela crianga das agées orientadoras exter- nas depende dos objetos que ela manipula e da ajuda que o lulto the presta. Uma parte considerivel dos brinquedos que se destinam a essa idade requer o ajuste de uma parte em ou tta, ou seja, para alcancar 0 resultado a crianga tem de selecio- bar as partes corretamente. As caixas com orificios de diferen. tes formatos, ou as casas com espagos vazios para colocar as Jmelas ¢ as portas, ensinam pot elas mesmas, se 6 que se po- We dizer, a realizar ages orlentadoras externas, Se a crianca lentar alcanear 0 resultado a forca (empurrando ou batendo as partes que no encaixam), bastard uma pequena ajuda do ‘dulto para que aprenda a ajustar e calcular. Esses jogos se chamam auiodidétices. Outros brinquedos no dependem tan- {o da acto da crianga. Por exemplo, uma pistimide pode ser formada sem levar em conta o tamanho das argolas, Nesses taisos, a ajuda do adulto deve ser maior, jé que sem ele a cri fnga ndo aprender a experimentar A crianga assimila as aces orientadoras externas que con- tduzem a0 conhecimento das propriedades do objeto no ape- has quando aprende as agées correlativas, mas também as ins- teumentais, Quando tenta alcangar um objeto distante com um Pau € pega um pau muito curto, percebe que nao serve fubstitut por outro mais comprido, isso €, comelaciona a dis- Uncia do objeto e a longitude do pat, Da comparagéo das propriedades dos objetas por meio de \ipbes orientadioras externas a crianca passa A correlagao visual das propriedades dos objetos. Assim se forma um novo tipo de Percepeio, A propriedade de um objeto se converte para a crian- ‘gu em modelo, em medida, que lhe petmite determiinar as proprie- des de outros objetos. O tamanho de uma argokt da pirsimide Convertesse em medida para todas as outras argolas, 0 compri- 132 PSICOLOGIA DAIDADE PRE-ESCOLAR mento do pau em medida da distancia, a forma do orificio na cai xa na medida da forma dos objetos que introduz na caixa, ‘A prova de que a crianga assimilou as novas agées da per- cepedo & que passa a realizar agbes instrumentais orientando- se visualmente, f ; Dessa forma, entre 2 anos e meio © 3 a ctianga jf pode escolher visualmente com base em im modelo; entre dois ob- [etos de forma, tamanho ou cor diferentes ela pode escolher a pedido do adulto um que seja exatamente igual ao terceiro que the & dado como modelo, A crianga comega a escolher, rientando-se primeico pela forma, depois pelo tamanho e de- pois pela cor. [sso significa que as novas propriedades percep- tivas se formam primeiro para as propriedades das quais de pende a manipulagto pritica do objeto e s6 depois se trans- Oem para outras propriedades. A escolha visual de acordo com um modelo € multo mais dificil do que © simples reco- nnhecimento de um objeto conhecido, pois a erianca j& com- preende que existem imultos objetos com propriedades iguats ‘Ao comparar um objeto com outro através da anilise por. ‘menorizada, a crianca nao se conforma com um certo detalhe que salte 2 vista AAs ctiangas na primeira infaincia dominam mal sua per tamente um cepeio © por isso nao conseguem escolher corret objeto de acordo com um modelo quando the propdem esco- Iher mais de dois objetos, quando os objetos tém uma forma complicada, com muitas pecas, ou quando estéo pintados com| varias cores. No terceiro ano de vida, a crianca transforma alguns obje- {08 conhecidos em modelos permanentes, com os quais co para as propriedades de quaisquer outros objetos. Esse pa pode ser desempenhado tanto por objetos reais quanto pela idéia que a crianga formou deles. Um objeto triangular & * ‘mo uma casinha’, ‘como um telhado”; um objeto redonco “como uma bola", 0 ovalaclo “como um pepino" ou *como us ovo". © objeto de cor vermelha € “como a cereja", 0 verde “como a grama ete ‘A percepcio da crianga durante toda a primeica infincis estd estreitamente relacionada com agées objetais. A crian: CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 133. define com grande exatidio a forma, o tamanho, a posigo no espago ou a cor dos objetos, quando precisa realizar determi. nada agio, dentro de suas possibilidades, Em outros casos, sua percepedo pode ser confusa im- Drecisa. Mais do que isso, a erianga pode ado perceber certas Propriedades que nio so necessirias para realizar uma aco ova e mais complexa, Assim, quando se propde uma missio construtiva simples para uma crianca que assimilou bastante hem a cor, ao escolher segundo um modelo, ela no leva em conta a cor; Entre um bloco vermelho e outro rosa, uma crian, §# entregou a0 adulto, sem se enganas, o bloco da cor solicita. ‘la; mas quando, diante da mesma crianga, 0 adulto colocou 0 hloco vermelho sobre o azul, de diferenca cromética muito: maior, ¢ the pediu; “Faga isto", a crianga uangdilamente colo cou 0 bloco azul sobre 6 vermelno, Da mesma maneira, a crianga que comeca a desenhar nao leva em conta a cor do objeto ou do modelo, mas pinta com a cor de que mais gosta, A medida que se familiariza com as propriedades dos dic {erentes objetos por suas formas, cores, relaglo de tamanho © aspectos espaciais, a crianca acumula idéias sobre essas Propriedades, coisa muito importante para seu desenvolvi. {nento mental. Mas se os objetos permanecem diante de seu clhar @ @ crianga ndo sente necessidade de se interessat por seu tamanho, forma ou cor, no forma deles idéias muito Drecisas. Essas idéias se foram depois que a crianga mani Inula os objetos. Essa manipulacio, como vemos, pertence a0 lipo de ago caracteristica da crianga, antecedendo as ages ojetais Assim, portanfo, para que a crlanga acumule na primeira Infancia idéias sobre as propriedades do objeto, ela deve reali. Jar agbes objetais que requeiram a operacio das principais Dropriedades desse objeto. Nao € correo limitar a ago da crian (i a duas ou trés formas, ow a trés ou quatro cores, No tercei, {1 ano de vida a crianga consegue assimilar idias sobre cinco (04 sels formas (circulo, oval, quadrado, retngulo, triéngulo © poligono) € sobre oito cores (vermelho, laranja, amarelo, ver. tle, azul, violeta, branco e preto) 134 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR Que relagio existe entre o desenvolvimento da percepgio © 0 da idéia sobre as propriedades dos objetos? A maioria das. palavras da ctianca de menos de 3 anos refere-se a objetos e ages. Aprender os nomes das cores e das formas (vermelho, amarelo ou redondo) € muito mais custoso; com freqiiénci ela confunde essas palavras. Por iss0, durante muito tempo s@ acrecitou que antes dos 3 anos a crianga no distinguia as co- tes, Essas dlfculdades t€m uma explicagio psicolégica. A palay vra, 0 nome do objeto, expressa antes de mais nada sua fund Jo, que perdura mesmo quando as propriedades externas mudann, A p4 é um instrumento para cavar, independentemer te de sua forma, cor ou tamanho. Ao mesmo tempo quel aptende o nome desse objeto, a crianga aprende a econhe: lo © a empregé-lo, ainda que ele sofa transformagées exter nas. E diferente com as palavras que definem as proprieda esse caso, a crianca deve abstrair © objeto e agrupar objet muito distintos de acordo com tragos que na maioria dos ‘Jo importam para sua utilizagio. Surge uma conteadico mul to dificil de resolver. Em seu contato com a crianga, 0 aclulto nomeia continus mente os objetos, mas ndo ha necessidade de insistir para qi 4 crianga na primeira inféncia lembre seu nome e 0 so Co (0, Para isso & muito mais favoravel a idade de 4 a 5 anos. Na primeira inflncia, com percepc2o visual se desenva ve ativamente a percepcio auditiva. Também aqui € valida regra de que a crianga comega a destacar as propriedades objetos e dos fendmenos (nesse caso, os sons) na medida ed ‘que necessita deles para agir. Nesse periodo desenvolve-se sq bretudo 0 ouvido fonemdtica. A erianca, que percebia as pa vras como conjuntos sonoros indivisos, que se diferenciav entre si pelo ritmo e pelo tom, pouco a pouco comeca a pg ceber a composicio sonora das palavras, a destacar na pala 08 sons de diferentes tipos, em uma ordem cleterminada (pt meiro as vogais, depois as consoantes). Com Jentidio muito maior ela assimila a altura dos son] ‘As experléncias mostram que tamhém nisso si0 possivel sgrandes progressos. & preciso relacionar © aprendizado da tura dos sons com uma tarefa que agrade 4 crianga, relad ‘CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 135: nando 0s sons de diversos tons a objetos que ela conhece. As tsiangas no terceiro ano de vida aprendem a distinguir o tom «los sons se o mais agudo for apresentado como a “vor" de um animal de brinquedo pequeno e 2 “voz" grave como a de um animal de brinquedo grande, Desenvolvimento da mente Vimmos como a crianga, no limite da primeira infancia, rea- liva pela primeira vex agdes que podem ser consideradas co- tno manifestacao da mente: tirar proveito da relagio entre os ‘objetos para alcangar seu propésito (por exemplo, puxar a a. mofada para alcangat o relogio que esta sobre ela), Mas essa intuicdo 56 surge nos casos mais simples, quando os objetos M esto relacionadas entre si (o relogio esté sobre a almofada) © 80 the cabe utlizar a relacio estabelecida. Durante toda a Drimeira inflncia a crianga utlliza cada vex mais essas relagoes Preestabelecidss, como por exemplo puxar.um carro por uma corda que jf estava amarrada ao carro, e oulras agoes seme- thantes Muito mais importante € o fato de que também aprende a llzar agoes variadas, nas quais € necessério estabelecer a tala vez novas relagbes entre objetos separados, Tais ages Pertencem ao tipo de ago correlativa e instrumental que j tnencionamos, Elas so assimiladas sem necessidade de traba- tho mental: a crianga ndo precisa resolver 0 problema, jé que ‘0 adulto the mostia 0 modelo de atuagio ¢ the ensina a 2 08 instrumentos. Mas, enquanto aprende a realizar essas ses, a crianga assimila a relagto entre os objetos e em pat ular 2 relagio entre o instrumento € 0 objeto; posteriomente fecorrerd a essas relagdes em novas condigdes, quando en- frentar problemas novos, A passagem das relagses estabelecidas, mostradas pelo tululta, para esse novo tipo de relagao & uma etapa importante tno desenvolvimento da mentalidade infantil, en wma primeira apa, as novas relagdes surgem na pritica; em mais de uma etsido © acaso ajuda a crianga. Um menino de 2 anos ests 136 —_PSICOLOGIADAIDADE PRE-ESCOLAR sentado 4 mesa. Sobre a mesa, mas fora de seu alcance, est lum brinqueda que chama sua atencl0, Ao lado da crianga ha ‘um pau. A crianga estende as méos, tentando alcangar 0 brin- quedo, mas se convence de que & impossivel; esquece o brinquedo e fixa sua atengio no pau, Apanha-o © comeca a viri-lo nas mios, Em um dos movimentos, a ponta do pau en- costa no brinquedo, que se desioca, © menino capta isso ime- diatamente, Volta 2 fixarse no brinquedo, agora procurando! especificamente mové-lo. Depois de uma série de tentativas, insiste naquelas que fazem 0 brinquedo chegar mais perto, Por fim, alcanga seu objetivo: © brinquedo esta em, seu poder, Muitas vezes a crianga transpOe a atencao do instrumento para a ago, para como intervém no deslocamento do objeto. E, 20 estudar essa relagho, 2 crianga afasta 0 brinquedo para pode aproximé-lo de novo com o pau : Nesse caso, 0 problema foi solucionado através de opera es orientadoras externas que, ndo obstante, se distinguert substancialmente das subjacentes as operagbes perceptivas| nfo levam em conta as propriedades externas do objeto, mag procuram a relagZo entre 0 objeto € as operaedes para alca ‘gar un determinado resultado. © pensamento da crianga que se expressa por meio operagies orientadoras externas & denominado pensamentd ativo, As criangas recorrem 2 inteligéncia ativa para investiga ‘as mais variadas relagbes do mundo circundante. 15.27, As ctangasbrincam com qua. Caregam a gut uma ls até um monte de ae, Alta de Wile url. A cee! ova mola igus, Kill apenas slgumas gots. Kill noe cede + i eso oh een ep, Bie ie Yen a casa baser uo reiplnte que no ete} fo He ‘Mas ndo. Kirill pega Agua, vai até o monte de areia € del coir unas gots, Em uta das viagens por acsso peg #1 cof 2 outa nao e tampa o burico. A dua pea de encore e percobe eo. Detzarse e observ ta, alta 4 mto da at ti ecomesa a pingan, Segui de novo lata na cara mo © 2 ta pi de vat Reta # hao © a Agen vole pga Sees lia B asim contin, até excertode a gun, Vo 4 ee gua repeteos genom. Andel, ue retort pido pach OARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 137. ‘gar Agua, presta atengdo a0 que © irmao esté fazendo. Quando 4 lata de Kirill “esgota todos seus recursos aquéticos", Kiril con- tinua fazendo o mesmo por um pouco mits de tempo ~ pega 4 lata e retira a mio. Andrei, depois de ollie um pouco, se viru € reloma seu cimioho em direglo a agua, Kirill © segue. Andrei apanha agua e se dirige para a arela, Kitill va ateis dele. Apexta com as mos os orifcios, tampandlo-os por completo. Nessa via gem, Kirill despeja muita agua na areia, Contente, encaminha-se ovamente part s Agua... (Do diario de V. S, Mulehina.) Como sabemos, as operagdes orientadoras externas ser- vem de ponto de partida para as operagées internas, psfqui> «as, Jé no estigio da primeira infincia, a crianga tealiza opera- ses mentais, ou seja, sem testar exteriormente, Assim, depois de descobrir cena vez que 0 pedago de pau podia servir para alcangar um objeto, a crianga utiliza-o para retirar 2 bola que rolou pata baixo do soft, Essa agio € precedida de uma tenta- (iva mental, Ao realizé-la, a crianga no atua com objetos reais, ‘mas com imagens referentes aos objetos & forma de utiliza. los. O pensamento da crianga, que se sorve de imagens para a solucao de um problema de operagdes internas chama-se ima- sinativ. Na primeira inffncia, a esianga s6 pode utilizar esse método para resolver problemas muito simples. Ela nao resol- ve 05 problemas mais complexos, ou, se 0 faz, precisa recorrer 20 método ativo, A capacidace de generaltzagdo, de agrupamento mental dos objetos ou ages com caracteristicas comuns, é de grande importéncia para a formagtio mental da crianga na primeira in- fncia, A generalizacdo basela-se na linguagem, ja que as pala- vias que o adulto ensina a crianga a compreender e 2 utilizar sempre contém uma generalizagao. A erianga aprende a atri- huir a palavra “telégio” 20 relogio de puiso, ao despertador 80 de parede; a palavra "botio" define 0 botio de plastic Preto na jaqueta do pai ¢ o branco na camisa € 0 botdo ovala- do de madeira na capa da mae, Mas a crianca no assimila de imediato 0 significado geralmente admitido das palavras, £ fre- alente que denomine com a mesma palavea objetos diferen- (es, com base apenas em aspectos parciais, inclusive mutavels. 136 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR sentado mesa. Sobre a mesa, mas fora de seu aleance, esta lum brinquedo que chama sua atencio. Ao lado da crianga ha ‘um pau. A ctianga estende as maos, tentando alcangar 0 brin- quedo, mas se convence de que € impossivel; esquece o| bringuedo e fixa sua aten¢o no pau. Apanha-o © comeca a} virélo nas maos, Em um dos movimentos, a ponta do pau en- costa no brinquedo, que se desloca. © menino capta isso ime-| diatamente. Volta a fixarse no brinquedo, agora procurande especificamente mové-lo, Depois de uma série de tentativas} insiste naquelas que fazem o brinquedo chegar mais pertoj Por fim, alcanga seu objetivo: o brinquedo esti em seu poder} Muitas vezes a crianga transpée atengao do instrumento pat 2 ago, para como intervém no deslocamento do objeto, E, ad estudar essa relagio, a ctianca afasta o brinquedo para pode! aproximd-lo de novo com o pau Nesse caso, 0 problema foi solucionado através de operay 6es orientadoras externas que, nfo obstante, se distingu: substancialmente das subjacentes as operagdes perceptivas nao levam em conta as propriedades externas do objeto, procuram a relagio entre 0 objeto € as operagdes para alc ar um determinado resultado. ‘O pensamento da crianga que se expressa por meio df eperazées orientadoras externas & denominado pensanie dativo, As eriangas recorrem & inteligéncia ativa para investig as mais variadas relacdes do mundo circundante. 1.5.27. As esiangas brincam com 4goa. Carregam a Agua eff tama lata até um monte de areia. A late de Kirill est furads, drei leva muita agua, Kiril apenas algumas gots, Kirill nto tende a casa disso: seu rosto revela espanto, Espero que ver para casa buscar outro recipiente que nilo este Farad, [Mas nao, Kill pega gu, val a o monte de areia € del coir was gotes, Ben uma dis viagens por acaso pega a lata a outra mao e tampa o buraco. A agua para de escorer e d percebe iso, Desém-se e observa a lta. Afusta a mao da lata fata recomeg: a pingar. Segura de novo a lata na outta mo e a ta plrs de vazar. Retin « mao @ a gua volta 2 pingar. Segur lata... B assim continua, até escorrer tod @ Agua. Volta a ped gua © repete os gestos. Andrei, que retotna rapido pars CARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 137, ar agua, presta atencio ao que o irmiio est fazendo. Quando a lata de Kirill “esgota todos seus recursos aquaticos", Kiel con- tinua fazendo 0 mesmo por um pouco mais de tempo - pega a lata e retira 2 mao. Andrei, depois de olhar um pouco, se viru & retoma seu caminho em direclo & égua. Kirill o segue. Andiei apanha agua e se dirige para a arela, Kini vai ateis dele, Aperta ‘com ss milos os orifcios, tampando-os por completo, Nessa viae gem, Kiril despeja muita agua na areia Contente, encemainha-se novamente para a Agua... (Do diisio de V. 8, Mukhina.) Como sabemos, as operagbes orientadoras externas ser- vem de ponto de partida para as operagées internas, psiqui- 8. Jd no estigio da primeira infincia, a erianca realiza opera ses mentais, ou seja, sem testar exteriormente, Assim, depois de descobrir certa vez que 0 pedago de pau podia servir para alcangar um objeto, a crianga utiliz-o para retizar a bola que rolou para baixo do sof, Essa acio € precedida de uma tenta- liva mental. Ao realizé-la, a crianga ndo atua com objetos reais, mas com émagens referentes aos objetos e a forma de utiliza los, © pensamento da crianca, que se serve de imagens para a soluzdo de um problema de operagées internas chaaa-se ima- inativo, Na primeira infincia, a crianga 86 pode utilizar esse inétodo para resolver problemas muito simples. Ela nio resol- ve 0s problemas mais complexos, ou, se o faz, precisa recorrer ino método ativo, A capacidade de generalizagéo, de agrupamento mental tlos objetos ou agdes com casacteristicas comuns, é de grande Importéncia para a formaco mental da crianca na primeira in fincia. A generalizacio baseia-se na linguagem, jé que as pala- vras que 0 adulto ensina a crianca a compreender e a utilizar sempre contém uma generalizagio. A crianga aprende a atri- huie a palavra “relégio" 20 rel6gio de pulso, a0 despertadot uo de parede; a palavra “boti0" define o botto de plastico Preto na jaqueta do pai ¢ o branco na camisa e © botdo ovala~ do de madeira na capa da mae, Mas a crianga nao assimila de Inediato 0 significado geralmente admitido das palaveas. f fre- (lente que denomine com a mesma palavra objetos diferen- les, com base apenas em aspectos parciais, inclusive mutiveis. 138 PSICOLOGIA DA IDADE PRE-ESCOLAR ‘Un menino chama gato de “Is”. Depois, com essa pala- vra, denomina a gola do casaco de pele (porque € macia), varios objetos brilhantes (provavelmente por sua semelhanga com os colhos do gato), 0 garfo (depois de conhecer as unkas do gato) € alé... 0 retrato dos av6s (provavelmente porque tinham olhos). Essa transposigio de palavras niio encontra apoio no adulto e a crianga, sob sua infiuéncia, assimila que entre a pa- lavra € © objeto existe uma relacio mais estreita. Em certas ‘oportunidades, o nome de um objeto acquire sentido de nome proprio: umn menino dé o nome de "bo" (bola) para sua bola vermelfa e azul; as demais bolas nfo recebem esse nome [As indicagbes do adulto ~ e seu exemplo quando denomi- na os objetos ~ mostram continuamente & erianca que © ome comum destaca 0 que objetos com distintas propriedades ex- temas, mas com a mesma fungio, podem ter em comum, Isso, provavelmente, jamais seria supetado pela crianga sem assimi- lar as operacdes objetais, sem aprender a usar os objetos de| acordo com sua designagao, A generalizagdo dos objetos segundo sua funcéo surge pri meiro na agao, para depois fixar-se na palavra. Os primeiros portadores da generalizagio sio os objetos. Uma ver tendo| aprendido a manejar um instrumento (0 pau, a colher, a pa, lapis), a crianca tentard utilizar esse instrumento em divers situagdes, destacard seu significado generalizado, com a patti cularidade de que extrairi os aspectos do instrumento que sid importantes para sua utllizago; todos os clemais passarao pa segundo plano. Uma vez tendo aprendido a aproximar os of jetos com um pau, a crianga utilizar para esse mesmo fi qualquer objeto comprido (a régua, 0 guarda-chuva, a colhen} ‘Tudo isso muda o significado das palavras que a ctianga asst mila; essas refletem de maneira cada vez mais generalizada fungao do objeto. A importincia da generalizagao obtida po meio da acdo para a generalizagao na linguagem aparece claf ramente quando se compara como a crianca assimila 2 dena minagio do objeto por meio de uma simples demonstragao como ocorre a assimilaczo quando ela manuseia 0 objeto, Em uma experiéncia, foram oferecidos brinquedos (p4 4 bolde) a algumas criangas dessa idade, ensinando-lhes a GARACTERISTICAS PSICOLOGICAS DO DESENVOLVIMENTO 199 ‘usear os objetos com seu nome. Depois de assimilar esse no- ime, as criancas recebiam esses mesmos brinquedos, mas pin- fados de outra cor. Se as criancas no tanspunham por conta Propria os nomes aprendiclos para as novos objetos, 0 educa- dor ia mudando a cor dos objetos paulatinamente, treinanda pata que nao prestassem alencZo 4 cor. Em outro grupo, atiavés de um jogo especialmente orga- hizado, as crlangas assimilavam os nomes dos objetos utilizan- ddo-os (com a pa camegavam areta, com o balde tiravam Agua do pogo). Uma vez assimilado o nome, trocaram esses objetos Por outros fguais, mas pintados de outra cor Ficou demonstrado que no segundo caso as criancas aprenderam o significado generalizado das palavras mais rapi-

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