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de Práticas Letradas
2018
São Carlos
Resumo:
1. Introdução
Desse modo, as discussões objetivadas em razão dos estudos dos cadernos organizados
pela formação presencial do PNAIC, para a modalidade infantil, corroboram para a escolha da
temática.
Após estudo e análise dos materiais indicados nos encontros formativos, pudemos
acolher ideias e pressupostos que identificamos convergir com os pressupostos teóricos
defendidos pela Rede Municipal de Limeira e nos distanciamos dos demais.
Situar o leitor sobre a temática escolhida, o lugar de onde partimos, bem como
contextualizá-lo acerca da dinâmica organizada para o desenvolvimento do encontro
formativo, torna-se pertinente para as discussões, uma vez que reconhecemos que o trabalho
com a leitura inscrito nas práticas escolares é atravessado por diferentes abordagens
pedagógicas.
De outro modo, autorizar o não-leitor a ler, significa instaurar uma ação comunicativa
mediada pelo texto, o que possibilitará que o estudante leia para além do código escrito, isto é,
que ele leia as imagens inseridas nos textos, a disposição gráfica, a palavra que parece
“familiar”, entre outras ações. Nas palavras de Koch (2013) “a leitura é uma atividade que
solicita intensa participação do leitor”.
Enfim, incorporar essas ações à prática educativa é o grande desafio para o trabalho de
leitura na educação infantil que ora se apoia em práticas espontâneas, ora exibe práticas
tecnicistas desprovidas de conhecimentos científicos.
Desenvolvimento
Eleito o relator, entregamos um texto impresso para cada relator do grupo com o
seguinte questionamento: Quais finalidades envolvidas e quais os procedimentos mais
adequados para esta situação de leitura?
No tocante aos textos que foram entregues, com vistas a atender os propósitos
didáticos do encontro formativo, ou seja, refletir sobre a natureza dialógica da leitura e suas
especificidades, selecionamos três gêneros textuais discursivos, de três tipologias diferentes1,
a saber, ordem do narrar, a ordem do expor, e a ordem da injunção. Da ordem do narrar,
selecionamos para o grupo 1 o conto de Ruth Rocha, “O patinho feio”; Da ordem do expor,
selecionamos a ficha técnica do “Coelho”, e a entregamos para o grupo 2; Da ordem injuntiva,
entregamos para o grupo 3 o texto instrucional “Dobradura de cachorro”.
Episódio I
1
Sobre o assunto ver :SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na
escola. [Tradução e organização: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro]. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004.
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Após a socialização dos registros do grupo 12, feito pelo relator, a Orientadora de
Estudos interroga:
P1G1 – Ah, se o estudante não tiver conhecimento sobre o sistema de escrita não é possível ler este
texto. Se não souberem as letras e depois “juntá-las”... não tem como ler![...]
PG1 – Ah, acho que é por prazer, é isso? Acho que é isso?[...] mas volto a dizer, se o estudante não
sabe ler, não dá para entender [risos]...
OE – Então, nesse caso do estudante não juntar as letras, assim como vocês estão dizendo. Não é
possível a ele ler o texto?
PG1- Ler, ler não. O máximo que eles conseguem é folhear o livro da direita para a esquerda, ver as
imagens, mas não conseguem ler se não tiverem conhecimento sobre o sistema de escrita.
[...]
Episódio II
OE: E aí pessoal, de tudo o que vocês relataram quais conhecimentos vocês consideram que foram
mobilizados durante o desenvolvimento da atividade de leitura?
PG3: Olha, aqui neste grupo nós chegamos a conclusão que a criança consegue fazer a leitura do texto
se observar passo a passo da imagem. Mas eu não sei, pois, observando que o grupo 1 destacou sobre a questão
do conhecimento do sistema de escrita, eu também penso que esse conhecimento é imprescindível para o
trabalho com a leitura, pincipalmente para garantir a compreensão textual.
OE: Observei que vocês destacam o conhecimento linguístico como essencial para o trabalho com a
leitura. Então faço outro questionamento a vocês, só consegue ler aquele que compreendeu o sistema de
escrita?
2
Texto utilizado pelo grupo “O patinho feio” de Ruth Rocha.
3
Utilizamos as iniciais OE para (Orientadores de Estudo) e PG1 para indicar (Professor do Grupo 1)
4
Texto utilizado pelo grupo 3, o texto instrucional “Dobradura de cachorro”, elaborado pela equipe de O.E.
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PG3: não claro, que não. Existem outros modos de ler também, mas não a leitura propriamente dita. A
criança vê a imagem, ela até consegue apresentar relação da imagem com o escrito, mas isso não significa que
ela lê. Isso para mim não é leitura. [...]
Isto exposto, para prosseguirmos com as discussões, convém retomar com o leitor os
propósitos do trabalho com a dinâmica de leitura instaurada no início do encontro formativo.
Iniciamos este tópico anunciando que o propósito didático com a dinâmica de leitura justifica-
se por possibilitar aos envolvidos, na condição de leitores proficientes, refletir sobre a
natureza dialógica da leitura e suas especificidades.
Para tanto, com base nos episódios apresentados, observa-se que as manifestações
discursivas conduzidas pelos professores e coordenadores durante o primeiro momento de
socialização revelaram linhas opostas à concepção dialógica assumida no trabalho uma vez
que os profissionais acentuaram os discursos apenas em um dos conhecimentos necessários
para a atividade de leitura – conhecimento linguístico.
Portanto, ao tomar em consideração esse tripé, salientamos que entendemos por texto
[...] um todo de sentido, marcado pelo acabamento, dado pela possibilidade de admitir uma
réplica (FIORIN, 2016, p. 57). Por leitura, entendemos uma atividade especificamente
humana,
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[
[...] altamente complexa de produção de sentidos que se realiza,
evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície
textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um
vasto conjunto de saberes (KOCH, 2013, p. 57)
E por leitor, entendemos aquele que atribui sentido ao que lê, de modo a selecionar,
antecipar, inferir e verificar as informações que tem diante de si, num constructo de sentido
tendo em vista que:
Recuperar a concepção fundante do tripé: leitura, texto e leitor assumida pela rede
municipal de Limeira foi crucial para prosseguir com o ciclo de formação continuada
organizado para o trabalho com a leitura.
Em síntese, concluímos que a escola é o espaço “in loco” para gestar movimentos
dialógicos para o trabalho com a leitura. Para tanto, há que se aclarar que esse trabalho não
pode desconsiderar o aspecto social e cultural da leitura. Reconhecemos que ler ultrapassa os
muros escolares, e que esse fenômeno de característica humana é sempre mediada pelo texto.
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O ato de ler demanda agir de acordo com as expectativas discursivas colocadas pelos
gêneros. Além disso, as práticas escolares organizadas para este fim não podem ignorar que
“a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção
com que lemos o texto, pelos objetivos de leitura” (KOCH, 2013, p. 19).
Esta assertiva coloca para o trabalho com a leitura inscrito nas práticas escolares da
educação infantil novos olhares. No que tange ao papel do professor, por exemplo, este passa
de um simples facilitador ou acompanhante do processo de aprendizagem da criança a
parceiro mais experiente. Aquele que autoriza a criança ler, que fornece pistas do que é
possível ler no texto; aquele que orienta a leitura; que fomenta a antecipação do conteúdo,
aquele que organiza as práticas de leitura o papel do professor em sala de aula.
Considerações finais
Desse modo, imprimimos em breve linhas, alguns apontamentos sobre a análise dos
episódios à luz do referencial supracitado. Haja vista que tais apontamentos realizados para
quaisquer tópicos discutidos requerem aprofundamento, que pretendemos em outras
oportunidades desenvolver.
Referências
FIORIN, J.L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
KOCH, I.V. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2013.
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