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Jul/Ago/Set/2013 | edição 118 | Edição Especial | ano XI | www.nossolarcampinas.org.

br | R$10,00

APOMETRIA:
AVANÇO OU RETROCESSO?

EDIÇÃO ESPECIAL

A
Revista que
se Responsabiliza
Doutrinariamente
pelos Textos Publicados
Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013
expediente sumário

03. O que é Apometria e diferenças


entre ela e o Espiritismo
Editor
Emanuel Cristiano

Jornalista Responsável
Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Design Gráfico
Rodrigo Diniz

Revisão
Zilda Nascimento

Administração e Comércio 08. Análise científica da teoria da


Elizabeth Cristina S. Silva
Apometria
Apoio Cultural
Braga Produtos Adesivos

Impressão
Citygráfica

ASSINATURAS
Assinatura: 12 Edições
Revista Trimestral
R$ 100,00 ou 4 X R$ 25,00

Centro de Estudos Espíritas 22. Recomendações de Kardec para as


“Nosso Lar” novidades
Rua Dr. Luís Silvério, 120
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O Centro de Estudos Espíritas “Nosso


Lar” responsabiliza-se doutrinariamente
pelos artigos publicados nesta revista.

Nesta edição foi mantido o texto fiel ao


original do Autor.

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editorial

APOMETRIA,
CORRENTE MAGNÉTICA E
CROMOTERAPIA
POR Divaldo Pereira Franco*

O
médico carioca residente doutrinadores, depois de realizarem
em Porto Alegre desde os uma contagem cabalística ou um
anos 50, Dr. José Lacerda, gestual muito específico, as expul-
espírita que era então, começou a rea- sam com violência para o magma da
lizar atividades mediúnicas normais Terra, substancia ainda em ebulição
numa pequena sala de Hospital Espí- do nosso planeta, ou as colocam em
rita de Porto Alegre e ali realizou in- cápsulas espaciais que são disparadas
vestigações pessoais que desaguaram para o mundo da erraticidade.
no movimento denominado Apome- Não iremos examinar a questão
tria. esdrúxula desse comportamento, mas
Não irei entrar no mérito nem no se eu, na condição de espírito imper-
estudo da Apometria, porque eu não feito que sou, chegasse desespera-
sou apômetra: eu sou espírita, mas o do num lugar pedindo misericórdia
que posso dizer é que a Apometria, e apoio à minha loucura, e outrem,
segundo os seus próprios seguidores, o meu próximo, me exilasse para o
não é Espiritismo. Suas práticas estão magma da Terra, para eu experimen-
em total desacordo com as recomen- tar a dureza de um inferno mitoló-
dações de “O Livro dos Médiuns”. gico, ou ser desintegrado, ou se me
A presunção de alguns chegou a mandassem expulso da Terra numa
afirmar que a Apometria é um passo cápsula espacial, renegaria aquele
avançado ao Movimento Espírita e Deus que inspirou esse adversário da
que Allan Kardec encontra-se total- compaixão.
mente ultrapassado, já que sua pro- A Doutrina Espírita, baseada no
posta era para o século XIX e parte ensino de Jesus, centraliza-se no
do século XX, e que a Apometria é o amor e todas essas práticas novas,
degrau mais evoluído. A prática e os das mentalizações, das correntes
métodos violentos de libertação dos mento-magnéticas, psico-telérgicas,
obsessores que este e outros métodos que, para nós, espíritas, merecem
correlatos apresentam, a mim me pa- todo respeito, mas não tem nada a ver
recem tão chocantes que me fazem com Espiritismo.
recordar da lei de talião, que já foi O mesmo se dá com as práticas
suavizada por Moisés, com o código da Terapia de Existências Passadas
legal, e que Jesus sublimou através realizadas dentro da casa espírita ou
do amor. da cromoterapia ou da cristalterapia,
De acordo com aqueles métodos, que fogem totalmente da finalidade
quando as entidades são rebeldes os do Espiritismo. 

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A Casa Espírita não é uma clíni- que o termo “caindo em si” signi-
ca alternativa. Não é lugar onde toda fica que a capa do ego cedeu lugar
experiência nova deve ser colocada ao encontro com o ser profundo. Ele
em execução. Tenho certeza de que despertou, e graças a ele nós conhe-
aqueles que adotam esses métodos cemos Jesus pela sua palavra, pelas
novos não conhecem as bases karde- suas lutas, pelo alto preço que pagou,
quianas e, ao conhecerem-nas, nunca apedrejado várias vezes, jogado por
as vivenciaram. detrás dos muros nos lugares do lixo,
Temos todo o material revelado foi resgatado pelos amigos e conti-
pelo mundo espiritual nestes tantos nuou pregando.
anos de codificação, no Brasil e no Então, os espíritos perversos me-
mundo, pela mediunidade incompa- recem nossa compaixão e não nosso
rável de Chico Xavier; as informa- repúdio. Coloquemo-nos no lugar
ções que vieram pela notável Yvonne deles.
do Amaral Pereira; por Zilda Gama Não temos nada contra a Apome-
e por tantos médiuns nobres conheci- tria, as correntes mento-magnéticas,
dos e desconhecidos. aquelas outras de nomes muito es-
Então, se alguém prefere a Apo- drúxulos e pseudocientíficos. Mas,
metria, divorcie-se do Espiritismo. como espíritas, nós deveremos cui-
É um direito! Mas não misture para dar da proposta Espírita.
não confundir. A nossa tarefa é de ilu- Na minha condição de Espírita,
minar, não é de eliminar. O espírito exercendo a mediunidade por mais
mau, perverso, cruel é nosso irmão de 60 anos, os resultados têm sido
na ignorância. Poderia haver alguém todos colhidos na árvore do amor e
mais cruel do que o jovem Saulo de da caridade e a nossa mentalidade

.
Tarso? Ele havia assassinado Estevão espírita não admite ritual, gestual,
a pedradas, havia assassinado ou- gritaria, nem determinados compor-
tros, e foi a Damasco para assassinar tamentos.
Ananias. Jesus não o colocou numa
cápsula espacial e disparou para o in- * Transcrito do programa Presença
finito. Apareceu a ele! Conquistou-o Espírita, da Rádio Boa Nova, a par-
pelo amor. “Saulo, Saulo, por que me tir de palestra de Divaldo Pereira
persegues?” pode haver maior ter- Franco.
nura nisso? E ele tomado de espanto
perguntou: “Que é isto?” “Eu sou Je- Fonte:
Jornal Mundo Espírita. Agosto/2011. nº 1525.
sus, aquele a quem persegues”. E ele,
Curitiba. Paraná.
então, caiu em si. Emmanuel ensina

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O QUE É APOMETRIA E
DIFERENÇAS ENTRE ELA E O
ESPIRITISMO
POR Alexandre Fontes da Fonseca1

A
pometria é uma técni- realização de ações sobre os desen- Espírita e as propostas da Apome-
ca de desdobramento, carnados como, por exemplo, a con- tria. A seguir, enumeramos ao Leitor
desenvolvida na dé- tenção de Espíritos obsessores [1,2]. algumas das principais diferenças
cada de 70 pelo Dr. José Lacerda entre conceitos e práticas genuina-
de Azevedo, com o objetivo de A Apometria é apresentada mente espíritas e os da Apometria:
auxiliar encarnados e desencarna- como uma teoria de caráter
dos em problemas físicos ou espi- científico avançado, por ser a) Conceitos esotéricos: a Apo-
rituais [1,2]. Uma vez em desdo- baseada em conceitos da Físi- metria adota sem demonstração
bramento, o Espírito do médium ca na formulação de suas leis conceitos comuns das diversas teo-
atua observando o enfermo ou e equações. Por essa razão, rias esotéricas como, por exemplo,
alguns Espíritos desencarnados; ela se apresenta como uma o conceito de vários corpos (astral,
executa comandos de ação do di- técnica científica inovadora e mental, etc.) incluindo o conceito
rigente ou doutrinador; e descreve de consequências mais efica- místico do número 7. O Espiritismo
o que acontece no plano espiri- zes que o Espiritismo [1]. adota terminologia a mais simples
tual. Essas técnicas se baseiam possível, de acordo com os fenôme-
em processos de contagem em Diversos confrades espíritas já nos que podem sustentá-la, como se
que energias do corpo físico ou do falaram [3] e escreveram [4-7] so- faz em toda disciplina científica e
espaço vazio se aglutinariam para bre os desacordos entre a Doutrina filosófica. Ele ensina que temos ape-

¹Alexandre Fontes da Fonseca é Professor de Física da Universidade Estadual de Campinas/SP (Unicamp). Espírita desde criança, iniciou suas
atividades doutrinárias a partir dos cursos do Centro Espírita "Allan Kardec" de Campinas/SP, no qual atua como colaborador. É membro da Liga de
Pesquisadores Espíritas (LIHPE), fundador do Jornal de Estudos Espíritas (http://sites.google.com/site/jeespiritas/) e articulista da revista Fidelidade
Espírita de Campinas/SP.

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nas um corpo espiritual, o perispíri- ritismo, não são gestos nem rituais
to, que sobrevive à morte do corpo de natureza material que terão maior
físico e com o qual nos apresenta- ou menor efeito sobre os Espíritos
mos perante outros Espíritos ou en- desencarnados. Ver também o cap.
carnados. A existência do perispírito VIII da 2ª parte de O Livro dos Mé-
é demonstrada através dos fenôme- diuns [9], intitulado “Do laborató-
nos de aparições e é responsável, rio do mundo invisível”.
dentre outras coisas, pela constata-
ção da individualidade do Espírito c) O trato com sofredores encar-
desencarnado. Nas palavras de Kar- nados: a Apometria propõe levar ao
dec (ítem 17 do cap. XI de A Gênese desdobramento os enfermos encar-
[8]): “Esse envoltório, denominado nados para serem tratados no plano
perispírito, faz de um ser abstrato, espiritual (seção 4 do capítulo Apo-
do Espírito, um ser concreto, defi- metria – I. Generalidades da obra da
nido, apreensível pelo pensamento. Ref. [1]). O Espiritismo não reco-
Torna-o apto a atuar sobre a ma- menda forçar o desdobramento nem
téria tangível, conforme se dá com outro tipo de transe mediúnico nas
todos os fluidos imponderáveis, que pessoas que não possuem mediuni- de enfermos na reunião mediúnica,
são, como se sabe, os mais podero- dade (ver ítem 208 do cap. XVII de assim se expressa: “... o doente e os
sos motores.” O Livro dos Médiuns [9]). Como o acompanhantes podem ser admiti-
propósito maior do Espiritismo é a dos por momentos rápidos, na fase
b) Técnicas baseadas em práticas regeneração da humanidade através preparatória dos serviços progra-
materiais: a Apometria adota a uti- da transformação moral de cada um mados, recebendo passes e orienta-
lização de processos de contagem (ver artigo de Kardec na Revista ção para que se dirijam a órgãos de
para direcionar energias e agir sobre Espírita de Agosto de 1865 [10]), assistência ou doutrinação compe-
os desencarnados, incluindo a gera- a orientação do Espiritismo para os tentes ... Findo o socorro breve, re-
ção de ruídos através, por exemplo, enfermos do corpo e da alma é as- tirar-se-ão do recinto.” Como se vê,
de estalos nos dedos. O Espiritismo sistirem preleções de natureza evan- os bons Espíritos não recomendam a
ensina que o pensamento e a vonta- gélica e moral, tomar passes, e se presença e o tratamento de enfermos
de são as forças que agem sobre os esforçarem por sua transformação dentro do recinto onde ocorrerá a
fluidos espirituais (cap. XIV de A moral. André Luiz, no cap. 23 de reunião mediúnica. É digno de nota
Gênese [8]). Logo, segundo o Espi- Desobsessão [11], sobre a presença lembrar que durante o sono do cor-
po físico, o Espírito do encarnado
pode se afastar do seu corpo físico
e receber no plano espiritual a as-
sistência espiritual de acordo com o
merecimento e necessidade. Porém,
isso não substitue a importância do
esforço individual na sua transfor-
mação moral.

d) O trato com Espíritos obsesso-


res: a Apometria propõe a contenção
da liberdade de ação de Espíritos
obsessores através da utilização de
técnicas que, segundo sua teoria,
seriam capazes de prender, tolher,
afastar, mover para locais ou dimen-
sões distantes e até mesmo apagar
a memória desses Espíritos [1]. A
Apometria deixa claro que suas 

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técnicas seriam mais eficientes do


que o diálogo esclarecedor com es-
ses Espíritos. O Espiritismo ensina
que não é possível prender os Espí-
ritos desencarnados, e que nenhum
tipo de fórmula ou ritual é capaz de
intimidá-los. Em resposta à questão
553 de O Livro dos Espíritos [12],
os bons Espíritos dizem que “Não
há palavra sacramental nenhuma,
nenhum sinal cabalístico, nem ta-
lismã, que tenha qualquer ação
sobre os Espíritos, porquanto estes
só são atraídos pelo pensamento e
não pelas coisas materiais.” Nessa
resposta, os bons Espíritos deixam
claro que não há técnica alguma ba-
seada em conceitos materiais (como
os conceitos da Física empregados
na teoria da Apometria) que garan-
tam a eficácia de qualquer tipo de
ação sobre os Espíritos. Kardec,
em observação feita após o ítem Espiritismo para a tarefa de esclare- ensinamentos de Jesus.
84 do cap. XVIII de O Evangelho cimento de Espíritos obsessores está
Segundo o Espiritismo [13], reafir- sintetizada nos seguintes comentá- e) Dependência da Ciência: a
ma: “Qualquer que seja, porém, o rios feitos por Kardec no ítem 81 Apometria baseia seus princípios e
caráter do Espírito, nada se obtém, do cap. XXVIII de O Evangelho Se- práticas em conceitos extrapolados
é isto um fato incontestável pelo gundo o Espiritismo [13]: “... neces- da Física. Portanto, suas bases es-
constrangimento ou pela ameaça. sário, sobretudo, é que se atue sobre tão assentadas na forma como esses
Toda influência reside no ascenden- o ser inteligente, ao qual importa se conceitos da Física foram utilizados.
te moral. Outra verdade igualmente possa falar com autoridade, que só Se a forma de se usá-los estiver er-
comprovada pela experiência, tanto existe onde há superioridade moral. rada toda a teoria da Apometria se
quanto pela lógica, é a completa Quanto maior for esta, tanto maior desmorona, assim como no comen-
ineficácia dos exorcismos, fórmu- será igualmente a autoridade. E tário de Jesus sobre o homem insen-
las, palavras sacramentais, amule- não é tudo: para garantir-se a li- sato que construiu sua casa sobre a
tos, talismãs, práticas exteriores, ou bertação, cumpre induzir o Espírito areia (Mateus 7:26). O Espiritismo
quaisquer sinais materiais.” Sobre perverso a renunciar aos seus maus não baseia a definição de seus prin-
a ação de uma terceira pessoa para desígnios; fazer que nele despon- cípios e conceitos nos de outras
ajudar um obsidiado, os bons Espí- tem o arrependimento e o desejo do Ciências. O Espiritismo apoia-se na
ritos afirmam, em resposta à questão bem, por meio de instruções habil- Ciência no tocante a questões de na-
476 de O Livro dos Espíritos [12], mente ministradas, em evocações tureza material, mas não é usada na
que “... quanto mais digna for a particulares, objetivando a sua formulação dos conceitos espíritas.
pessoa, tanto maior poder terá so- educação moral. Pode-se então lo- Como disse Kardec (ítem 16 do cap.
bre os Espíritos imperfeitos, para grar a dupla satisfação, de libertar I de A Gênese [8]) “O Espiritismo
afastá-los, e sobre os bons, para os um encarnado e de converter um e a Ciência se completam recipro-
atrair. (...) Qualquer, porém, que Espírito imperfeito.” Como se vê, camente; a Ciência, sem o Espiritis-
seja o caso, aquele que não tiver o trato com Espíritos obsessores, mo, se acha na impossibilidade de
puro o coração nenhuma influên- segundo o Espiritismo, se baseia no explicar certos fenômenos só pelas
cia exercerá. Os bons Espíritos não conhecimento espírita e na transfor- leis da matéria; ao Espiritismo, sem
lhe atendem ao chamado e os maus mação moral de cada um de nós, o a Ciência, faltariam apoio e com-
não o temem.” A recomendação do que está em perfeita sintonia com os provação.”

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palavras de Kardec quando diz (ítem Nos artigos a seguir, analisa-


55 do cap. I de A Gênese [8]) que o remos cientificamente a teoria da
Espiritismo tem caráter progressis- Apometria. Essa análise será feita
ta e, portanto, “assimilará sempre da mesma forma como novas teo-
todas as doutrinas progressivas, de rias nas áreas de Física e Matemá-
qualquer ordem que sejam...” . tica são analisadas. Os ítens a serem
analisados são: i) a coerência entre
O que fazer, então? Se os conceitos nas áreas da Apometria
realmente a Apometria for e os da Física e da Matemática; ii)
um avanço científico no mais a existência de contradições entre
puro sentido do termo, talvez conceitos próprios da Apometria; e
devamos rever os conceitos iii) verificação da existência de res-
espíritas. Mas e se ela não for paldo experimental. Veremos, dessa
um avanço científico? Como forma, que na verdade a teoria da
podemos verificar? Apometria não constitue um avanço
científico e, portanto, não tem méri-
Se notarmos bem a citação acima to para propor alterações ou se inse-
Mesmo sabendo que a proposta de Kardec, em A Gênese, percebe- rir nos conceitos e práticas espíritas.
da Apometria não está de acordo remos que após dizer que o Espiri- Após essa análise e para comple-
com o Espiritismo conforme enu- tismo “assimilará sempre todas as mento deste estudo, apresentaremos
merado acima e estudos prévios doutrinas progressivas, de qualquer um guia de orientação segura e com
(ver, por exemplo, as referências [3- ordem que sejam...”, ele diz “ ... base no próprio Espiritismo sobre
7]), diversos agrupamentos espíritas desde que hajam assumido o estado como proceder perante novidades
tem acatado e adotado a Apometria de verdades práticas e abandonado que surjam no movimento espírita,
como atividade de desobsessão e o domínio da utopia, sem o que ele mesmo aquelas que se apresentem
tratamento espiritual. Isso ocorre se suicidaria.” Será que a Apome- como avanços científicos ou aca-

.
porque seus defensores alegam que tria assumiu o estado de uma verda- dêmicos, quando não temos conhe-
ela seria um avanço científico que de prática? Ou ainda está no domí- cimento científico suficiente para
deveria ser aceito de acordo com as nio da utopia? avaliá-las

Referências:
[1] J. L. de Azevedo, Espírito / teixeiraresponde.html (1995).
Matéria – Novos Horizontes Para A [5] J. Hessen, “A apometria e as [9] A. Kardec, O Livro dos Mé-
Medicina, 7ª edição, VEC Gráfica e práticas espíritas”, O Consolador 67 diuns, Editora FEB, 1ª Edição, Rio
Editora Ltda, Porto Alegre (2002). (3 de Agosto de 2008), link: http:// de Janeiro (2008).
[2] J. L. de Azevedo, Energia e www.oconsolador.com.br/ano2/67/ [10] A. Kardec, “O Que Ensina o
Espírito, 2ª edição, Comunicação Im- especial.html Espiritismo”, Revista Espírita Jornal
pressa, Porto Alegre (1995). [6] A. O. de Oliveira Filho, “Apo- de Estudos Psicológicos Agosto p.
[3] D. P. Franco, entrevista ao pro- metria não é Espiritismo”, O Conso- 219 (1865), reproduzido pela Editora
grama Presença Espírita da Rádio lador 130 (25 de Outubro de 2009), Edicel, Sobradinho - DF.
Boa Nova, de Guarulhos (SP), em link: http://www.oconsolador.com. [11] A. Luiz, Psicografia de F. C.
Agosto/2001. Ver, por exemplo, o br/ano3/130/especial.html Xavier, Desobsessão, Editora FEB,
seguinte link: http://jornaloespirita. [7] G. J. de Sousa, “Apometria não 13ª Edição, Rio de Janeiro (1992).
blogspot.com.br/2012/02/divaldo- convém às Casas Espíritas”, O Con- [12] A. Kardec, O Livro dos Espí-
-franco-esclarece-sobre.html solador 139 (3 de Janeiro de 2010), ritos, Editora FEB, 76ª Edição, Rio
[4] J. R. Teixeira, entrevista ao link: http://www.oconsolador.com. de Janeiro (1995).
periódico O Consolador em 5 de Ju- br/ano3/139/gebaldo_sousa.html [13] A. Kardec, O Evangelho Se-
nho de 2011. Ver o link: http://www. [8] A. Kardec, A Gênese, Edito- gundo o Espiritismo, Editora FEB,
oconsolador.com.br/ano5/212/raul- ra FEB, 36ª Edição, Rio de Janeiro 112ª Edição, Rio de Janeiro (1996).

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ANÁLISE CIENTÍFICA
DA TEORIA DA
APOMETRIA
POR Alexandre Fontes da Fonseca

A
Apometria, segundo ma, isto é, se ela apresenta contra-
seu fundador, Dr. José dições com seus próprios conceitos
Lacerda de Azevedo, é e com os conceitos da Física.
uma teoria científica desenvolvida A motivação para esse tipo de
a partir de “normas metodológicas análise não decorre somente do fato
utilizadas pelas ciências experi- da Apometria se considerar mais
mentais” [1,2] com o objetivo de eficaz que o Espiritismo. Mas, tam-
auxílio a enfermos encarnados e de- bém, do fato de que muitos espíri-
sencarnados. Como ela se apresenta tas, mesmo sabendo que a Apome-
como uma técnica inovadora e de tria é uma teoria em desacordo com
consequências mais eficazes que as o Espiritismo [3-7], propõem-na
do Espiritismo, decidimos estudá-la por acharem que ela representa um
e analisá-la da mesma forma como avanço científico. Eles alegam que
se estuda e analisa uma teoria nova Kardec disse que o Espiritismo deve
dentro da área de Física. Pretende- assimilar os progressos da Ciência
mos responder a seguinte questão: (ítem 55 do cap. I de A Gênese [8]),
seria a Apometria um avanço cien- mas se esquecem de que Kardec
tífico? Teria a Apometria um status também disse que isso só deve ocor-
de teoria científica só por citar e ex- rer “ ... desde que [as doutrinas pro-
trapolar conceitos da Física e apre- gressistas] hajam assumido o estado
sentar fórmulas matemáticas? Qual de verdades práticas e abandonado
a forma correta de verificar a vali- o domínio da utopia, sem o que ele
dade da utilização desses conceitos? se suicidaria.”
Para responder essas questões, Além disso, o Espiritismo é uma
analisaremos a coerência na utili- doutrina de fé raciocinada [9] o que
zação dos conceitos científicos da significa que nada deve ser acei-
Física e Matemátca e a consistência to sem a devida compreensão. No
da teoria da Apometria em si mes- caso de novidades, em seu discurso 

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Conceito 1: Conceito de Maté-


ria, Energia e Espaço

No capítulo intitulado “Matéria


- Energia - Espaço (Um Trinômio
Intercambiável)” da obra [1], lemos
a seguinte afirmação: “Segundo a
Física Quântica, a Matéria se dis-
solve em Energia e, esta, em algo
desconhecido. Esse algo desconhe-
cido, no entanto, nada mais é do que
... Espaço”. No capítulo 2 da obra
[2] é dito que “Nesse capítulo vimos
que a matéria pode transformar-se
aos espíritas lioneses, em 19 de se- Apometria, em complemento àque- totalmente em energia livre, da mes-
tembro de 1860 [10], Kardec reco- las já realizadas e publicadas na lite- ma forma que esta, teoricamente,
menda que é “preciso que tudo seja ratura espírita [11,12]. pode condensar-se em matéria só-
friamente examinado, maduramen- lida.”
te pesado, confrontado”, não impor- Seção I. Coerência entre Há dois conceitos acima que dis-
tando se as novidades provém “tan- os Conceitos da Apome- cordam do que a Física ensina. O
to da parte dos Espíritos, quanto da tria e os da Física e da primeiro é o conceito de que “ma-
dos homens”. Esse é, portanto, o Matemática téria se transforma” em energia e
aval de Kardec para examinarmos “vice-versa”. Essa confusão decorre
friamente a validade da utilização Conforme comentado na introdu- de uma interpretação errada da co-
dos conceitos de Física e Matemáti- ção deste artigo, analisaremos a coe- nhecida equação de Einstein E =
ca na formulação da teoria da Apo- rência na aplicação dos conceitos da mc2, onde E representa a energia, m
metria. Ao final, concluiremos se Física na proposição dos conceitos representa a massa, e c representa a
ela pode ou não ser considerada um da Apometria. Isso será feito da velocidade da luz. Essa equação re-
avanço científico. seguinte maneira. Trechos de algu- laciona o valor de massa de um ob-
O artigo está divido em quatro mas das obras básicas da Apometria jeto com o valor da energia associa-
seções: Na seção I, descrevere- (Refs. [1] e [2]) serão reproduzi- da à sua estrutura interna. Conforme
mos diversos conceitos e equações dos e uma análise dos mesmos será explica o prof. Valadares [13,14],
da Apometria, apontando falhas apresentada em seguida. quando um corpo de massa m per-
na proposição dos mesmos e mos- de ou ganha energia E, sua massa
trando que eles são, na verdade, diminui ou aumenta na proporção
incoerentes com os conceitos da E/c2. Como consequência, a massa
Física e da Matemática. Na seção de um corpo não é necessariamente
II, mostraremos algumas contradi- igual à soma das massas das partí-
ções internas, isto é, entre conceitos culas que o compõem. Mas, o con-
diferentes da própria teoria da Apo- ceito de massa não é o mesmo do de
metria. As análises apresentadas nas matéria. Conforme descrevemos an-
seções I e II serão feitas de modo teriormente [15,16], de acordo com
similar ao que se faz no trabalho de o chamado Modelo Padrão [17] das
pesquisa científica profissional, com partículas subatômicas, matéria é
relação a teorias novas. Na seção tudo o que formado por partículas
III, analisaremos a validade rela- do tipo férmions ou bósons. En-
tiva de argumentos não-científicos quanto o Leitor é referido aos arti-
em favor da Apometria. Ao final, gos das Refs. [13-17] para mais de-
as conclusões serão apresentadas talhes sobre o assunto, gostaríamos
na seção IV. Este artigo apresenta de enfatizar que, segundo o Modelo
análises adicionais dos conceitos da Padrão, matéria só se transforma

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em matéria e a energia total sempre Conceito 2: Salto Quântico em sistemas cujas partículas que o
conserva, isto é, ela é a mesma antes compõem estão confinadas, isto é,
e depois de qualquer reação em que No enunciado da décima lei da presas de alguma forma a uma outra
uma ou mais partículas de matéria Apometria (obra [1]) lê-se: “Se, parte do sistema [18], como os elé-
se transformam em outras partículas por aceleração do fator Tempo, trons que estão confinados e presos
de matéria. Se a energia total se con- colocarmos no Futuro um espírito ao núcleo dos respectivos átomos.
serva, nenhuma energia é transfor- incorporado, sob comando de pul- Quando os elétrons recebem ener-
mada em matéria ou vice-versa. sos energéticos, ele sofre um salto gia suficiente para se libertarem da
O segundo conceito é dizer que quântico, caindo em região astral força de atração do núcleo, eles se
“energia se transforma em espaço”. compatível com seu campo vibrató- tornam livres e nessa condição não
Isso é apenas uma especulação sem rio...” Adiante, é dito que “O salto mais sofrem saltos quânticos. Isso
nenhum tipo de base experimental quântico acontece imediatamente, tem como consequência a limitação
ou mesmo teórica mais robusta em e o espírito passa a se ver no novo na amplitude máxima do salto quân-
Física. A Apometria se utiliza desse ambiente, sentindo-lhe a profunda tico que é o valor do nível de energia
conceito que não existe em Física hostilidade.” No ítem “d - Atendi- chamado fundamental [18]. Em ge-
para justificar sua proposta de que mento propriamente dito” do ca- ral, esses valores são relativamente
é possível extrair energia do espa- pítulo intitulado “Normas para o baixos e menores ainda são as di-
ço vazio através de seus métodos Contato com os Espíritos” da obra ferenças entre os diversos níveis de
de contagem. Não existe na Física [2], o Autor afirma que “Desdo- energia discretos do sistema.
contemporânea nada que comprove brados, os médiuns dão verdadeiro
esse tipo de ideia. "salto quântico" da dimensão física Portanto, não há o menor
Na obra [1], é dito que “Fize- para a dimensão astral, em tudo se- sentido em falar de “salto
mos esta brevíssima digressão pelos melhante ao elétron na órbita atô- quântico” de um ente ma-
campos da Matéria e da Energia mica, que ao receber energia vinda croscópico como um Espírito
porque todo o nosso trabalho espi- de fora, salta de sua órbita original encarnado ou desencarna-
ritual e, consequentemente, todo o para outra mais externa.” do, de uma região no espaço
conteúdo deste livro trata de assun- O problema com a utilização do distante da outra, ou para
tos relativos à Energia e seu empre- conceito de “salto quântico” é que um tempo passado ou futu-
go.” Como a digressão feita sobre a além dele ser algo extremamente ro. Não existe na Física salto
relação entre matéria e energia está pequeno, isto é, só se percebe o salto quântico no tempo.
errada segundo a Física, toda a pro- quântico em escalas de energia mui-
posta de trabalho espiritual da Apo- to pequenas e comparáveis ao que Regiões distantes no espaço e no
metria com base em conceitos rela- existe nos sistemas atômicos. O con- tempo não são auto-estados de um
tivos à energia também está. ceito de “salto quântico” só ocorre sistema de partículas interagentes 

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

co e por essa razão a mente desen- serão apagados por efeito de despo-
carnada pode experimentar altera- larização magnética neuronal, e o
ções de estado de modo mais rápido. paciente esquecerá o evento relativo
Vê-se, portanto, que o fato em si é dos estímulos.” O processo de des-
muito melhor explicado pelos con- polarização magnética neuronal é
ceitos espíritas do que por conceitos baseado na forma como os impulsos
da Física indevidamente extrapola- nervosos se propagam através do
dos. sistema nervoso. Nas regiões interna
e externa de cada neurônio, se forma
Conceito 3: Corpo astral ima- uma diferença de potencial eletros-
terial tático devido à formação e manuten-
ção de diferentes concentrações de
Na seção intitulada “8 - Proprie- íons de potássio (K+) e sódio (Na+)
dades e funções do corpo astral” do nas regiões dentro e fora dos neu-
capítulo “III - Corpo Astral” de [1], rônios, respectivamente [19]. Essa
para se poder determinar os níveis é dito que “Esta facilidade de sepa- diferença de potencial eletrostático
de energia dos mesmos e, por con- rar-se do corpo físico é caracterís-
seguinte, analisar a possibilidade tica do corpo astral, imaterial e de
de haver saltos quânticos entre eles. natureza magnética, ...”. Adiante,
Portanto, a utilização equivocada na seção intitulada “9 - Alimentos e
do conceito de “salto quântico” na "morte" do corpo astral” é dito que
teoria da Apometria demonstra sim- “Nosso corpo astral perde energia
plesmente desconhecimento dos constantemente, necessitando de
conceitos básicos de Física Quânti- suprimento energético para sua sus-
ca. tentação, tal qual o corpo físico.”
Se na prática da Apometria, Espí- Em Física nada pode ser “ima-
ritos sentem que se deslocaram no terial” e, ao mesmo tempo, ser de
espaço ou no tempo, isso não signi- “natureza magnética”. Além disso,
fica um “salto quântico”, mas pode nada pode ser imaterial e perder ou
decorrer de alterações no estado ganhar “energia constantemente,
psicológico do Espírito, decorrentes necessitando de suprimento ener-
de sugestões que são feitas pelo di- gético ... tal qual o corpo físico”.
rigente encarnado ou mesmo outro Somente objetos materiais possuem
Espírito. Como sabemos, com base energia e podem trocar energia com
no Espiritismo, os fluidos espirituais outros objetos materiais.
que compõem o perispírito não tem gera uma polarização eletrostática.
a mesma “inércia” que o corpo físi- Conceito 4: Despolarização Um pulso nervoso consiste da pro-
magnética de estímulos da me- pagação, ao longo dos neurônios, de
mória uma perturbação nas concentrações
desses íons dentro e fora da célula,
O conceito acima é proposto sendo essa perturbação uma espécie
como título do capítulo 1 da parte de “despolarização” que se propa-
III da obra [1]. Nesse capítulo, a se- ga através da membrana do neurô-
guinte lei da Apometria é enunciada: nio [19]. A partir disso, podemos
“Toda vez que aplicarmos energias analisar a proposta da Apometria de
específicas de natureza magnética, que é possível, através de suas téc-
na área cerebral de espírito en- nicas, influenciar na despolarização
carnado ou desencarnado, com a dos neurônios de encarnados ou de-
finalidade de anularmos estímulos sencarnados levando ao apagamento
eletromagnéticos registrados nos dos seus registros de memória.
"bancos da memória", os estímulos Se isso é possível com encarna-

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Fidelidad E S PÍ AR I T | Ediç ão Especial | Jul/Ago/Set3 2/10

dos, uma das falhas deste conceito variável vetorial matemática ⃗ K , ca decorre de ambas as obras [1] e
de “despolarização magnética neu- e uma força vital representada pela [2] confundirem o leitor ora dizen-
ronal” é a falta de dados experi- variável vetorial matemática ⃗ Z. do que os vetores acima são forças,
mentais quantitativos. Portanto, Em seguida, é apresentada a defini- ora dizendo que são energias. Os
não há comprovação científica da ção de um outro vetor chamado ve- conceitos de força e energia são dis-
eficácia dessa técnica de despolari- tor de fluxo resultante, representado tintos em Física [21], incluindo suas
zação magnética em encarnados. pela variável ⃗Σ , que seria resulta- características matemáticas: energia
O erro de incoerência não é representada por um
com a Física, entretanto, vetor.
decorre da aplicação des- Outro problema é a falta
ses conceitos aos Espíritos de respaldo experimental.
desencarnados. Se o corpo Não é suficiente definir ve-
astral é imaterial como dito tores para supostas forças
no conceito 3 acima, então ou energias de natureza
não pode ser formado por mental, e fazer uma analo-
partículas de carga elétrica. gia entre elas e vetores bem
Se o corpo astral é de natu- definidos dentro de uma
reza magnética, então não teoria da Física, no caso, o
pode ser formado por par- Eletromagnetismo. O cha-
tículas de carga elétrica já mado vetor de Poynting re-
que, segundo a Física, um presenta o fluxo de energia
campo magnético é o efei- por unidade de tempo e uni-
to do movimento de cargas dade de área do campo ele-
elétricas [20] e por ser ima- tromagnético e ele é deduzi-
terial não pode conter car- do de um teorema também
gas elétricas. Assim, a me- de Poynting que equaciona
mória do Espírito não pode a conservação de energia na
estar contida em estruturas dinâmica da radiação ele-
despolarizáveis, pois so- tromagnética. Isso significa
mente partículas com carga que o vetor de Poynting está
elétrica (como os íons K+ e inserido dentro do contexto
Na+) podem gerar uma po- da teoria eletromagnética
larização. Dessa forma, a enquanto que na Apome-
afirmativa em [1] de que a tria, os vetores são apenas
comprovação da “natureza definidos sem nenhum tipo
magnética” do corpo men- de respaldo, teórico ou ex-
tal advém de experiências perimental, que sustente a
de “despolarização mag- existência de cada um deles.
nética” de “estímulos de
memória” é inconsistente Equação 2: Energia do
e, portanto, equivocada. pensamento
do de um produto vetorial entre os
Equação 1: Força mental, for- dois primeiros vetores: ⃗
Σ =⃗K ×⃗Z No capítulo intitulado “Nohti-
ça vital e equação de Poynting Essa equação é chamada de equação xon - O pensamento como trabalho
de Poynting em comparação com do Espírito” da obra [1], o Autor
O capítulo “III - As forças empre- uma equação de mesmo nome for- apresenta uma análise quantitativa
gadas na apometria” da obra [1], mulada pela teoria do Eletromagne- do pensamento através de uma de-
apresenta dois conceitos de forças: tismo [20]. finição matemática. Ele afirma que:
uma força mental representada pela A falta de coerência com a Físi- “Para facilitar a compreensão das 

1. O Leitor é referido aos artigos [15] e [16] da revista FidelidadESPÍRITA para ver uma definição de partículas do tipo bósons.

A ssine 26935 1 Uma publicaç ão do Centro de Es tudos Es píritas “Nosso L ar” | C ampinas/SP 13
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equações, esclareceremos que par-


timos da evidência de que o pen-
samento constitui a conjugação de
um tipo de energia quintessenciada
(não mensurável) e espiritual - na
fórmula, "(Ψv→∞)" - com a do ar-
cabouço físico.” A lei da Apome-
tria para a energia do pensamento é
enunciada a seguir: “A energia do
pensamento manifestada no campo
físico é igual ao produto da energia
elétrica neuronal (EN) pela energia
psíquica (da alma) - Ψ na potência
v, quando v tende para o infinito.”
Em termos matemáticos, a lei acima
pode ser escrita numa das seguintes
fórmulas que são equivalentes entre
si: W = EN Ψv→∞, ou W = EN lim v→∞
(Ψv ), (1) onde W é a energia total do
pensamento, EN é a energia neuronal Ψ é um número real ou complexo? simples, a operação acima consiste
(da parte física do cérebro), Ψ é a Ψ é igual, maior ou menor que 1? de analisar para que valor numérico
energia psíquica (da alma) e Ψv, em Como distiguir valores diferentes de a função Ψv se aproxima, se a variá-
Matemática, significa: “Ψ elevado à Ψ dentre pessoas ou seres diferen- vel do limite, no caso v, adquirisse
potência v”. tes? Que experimentos permitiriam valores extremamente altos, tenden-
O primeiro equívoco do conceito medir Ψ ? do ao infinito [22].
acima é de inconsistência da defini- Já que não sabemos que valores Para realizar as estimativas de
ção matemática em si. Se a energia podemos atribuir para a variável Ψ, cálculo do limite da equação (2),
do pensamento é dita ser “não men- vamos estimar os possíveis resul- precisaremos testar todas as possibi-
surável”, então nenhuma fórmula tados da equação (1) em cada um lidades para o valor do parâmetro Ψ.
matemática envolvendo a energia dos possíveis casos. Essa análise foi As possibilidades são:
do pensamento pode ser testada e, realizada e apresentada nos artigos Ψ = 1 (possibilidade 1);
portanto, a equação (1) não tem va- das Refs. [11] e [12]. Aqui, vamos -1 < Ψ < 1 (possibilidade 2);
lor científico. reproduzir a análise anterior e apre- Ψ > 1 (possibilidade 3);
sentar uma situação extra que é a Ψ ≤ -1 (possibilidade 4);
Além disso, na definição possibilidade de Ψ ser um número Ψ = A + Bi (possibilidade 5).
da lei da Apometria para a complexo. A possibilidade número 5 não foi
energia do pensamento, re- Vamos usar nessa análise, o co- analisada ainda [11,12] e consiste de
presentada pela equação (1), mentário do Autor de que a diferen- considerar que Ψ possa ser um nú-
podemos demonstrar mate- ça entre os seres se dá através do va- mero complexo, onde A e B são dois
maticamente que ela leva ao lor do expoente v que valeria 1 (v = números reais, e i é simplesmente o
que chamamos de absurdo 1) em seres unicelulares, maior que número complexo √-1 (lê-se “raiz
matemático. 1 (v > 1) em seres animais, e v ten- quadrada de menos um”). Vamos
deria ao infinito em humanos (v → analisar cada caso a seguir:
Para isso, vamos analisar cada variá- ∞: significa “tender ao infinito” ou Se Ψ = 1, sabemos que 1 elevado a
vel matemática presente na equação “limite quando v tende ao infinito”). qualquer valor de potência é igual a
(1). Primeiro, notamos a ausência de Basicamente, vamos estimar o valor 1 [22]. Portanto, o limite da equação
definição para a variável Ψ. A teo- do seguinte termo da equação (1): (2) quando v tende ao infinito, com
ria da Apometria apenas diz que Ψ lim v→∞ (Ψv ). (2) O termo acima re- a possibilidade 1, é 1 (um).
é de natureza psíquica. Como Ψ faz presenta uma operação matemática Se -1 < Ψ < 1, então concluímos
parte de uma fórmula matemática, que, em Cálculo, se chama limite de que Ψ tem valor absoluto (em mó-
quais seriam seus valores possíveis? uma função [22]. Em termos mais dulo) menor que 1 e sabemos da 

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ou negativo [22]. Por isso o limite tender ao infinito ou indeterminado.


da equação (2) quando v tende ao Portanto, mesmo considerando que
infinito, com a possibilidade 4 é in- Ψ um número complexo, o resultado
determinado. da equação (2) com a possibilidade
Se Ψ = A + Bi, então a operação Ψv 5 é indeterminado.
deve ser dividida entre os dois ter- Assim, em resumo, obtemos as
mos A e Bi da seguinte forma: Ψv seguintes possíveis soluções para o
= (A + Bi)v e a forma de fazer esse limite da equação (5):
cálculo é transformar o número lim v→∞ (Ψv) = 1 se Ψ = 1, (3a)
complexo Ψ da forma A + Bi para lim v→∞ (Ψv) = 0 se -1 < Ψ < 1, (3b)
a forma Ceid, onde C e d são valores lim v→∞ (Ψv) = + ∞ se Ψ > 1, (3c)
reais, i é o número complexo √-1, e lim v→∞ (Ψv) = Indeterminado se Ψ
e é o número de Euler. O termo eid é ≤ -1. (3d)
dito “exponencial de i vezes d” [22]. lim v→∞ (Ψv) = Indeterminado se Ψ =
Dos livros básicos de matemática, A + Bi ou Ceid. (3e)
é possível mostrar que a relação en- A interpretação desses resultados
tre A, B, C e d é dada pelas seguintes é bem simples:
equações: C=√ ( A2 + B2 ) , e d = - Se a equação (3a) for o resultado
arctg(B/A). O leitor menos familia- válido, então a energia da alma não
rizado com matemática não precisa tem utilidade pois, que na compo-
se preocupar com essas fórmulas sição da energia do pensamento, o
que servem apenas para guiar os lei- termo associado à energia material,
tores especialistas e que desejarem EN, é multiplicado diretamente por
conferir a análise que ora fazemos. lim v→∞ (Ψv) que é igual a 1, e multi-
Matemática que um número de va- Feito isso, a análise da equação (2) plicar EN pela unidade (por um) não
lor absoluto menor que 1 elevado pode ser feita da seguinte maneira: altera o resultado e a energia do pen-
a um expoente de valor elevado, é lim v→∞ (Ψv) = lim v→∞ (Ceid)v = lim samento é apenas a energia da parte
um número tão menor quanto maior v→∞
(Cveidv). Como o termo eidv tem material.
for o expoente [22]. Assim, o limite módulo igual a 1, o lim v→∞ (Ψv) é - Se a equação (3b) for o resultado
da equação (2) quando v tende ao limitado pelo valor do lim v→∞ (Cv) válido, então a energia total do pen-
infinito, com a possibilidade 2, é 0 apenas. Mas o cálculo do lim v→∞ samento é zero pois multiplicar EN
(zero). (Cv) é feito de maneira idêntico ao por zero é igual a zero. Esse resul-
Se Ψ > 1 significa que Ψ tem valor que fizemos com as possibilidades tado não serve para nada e é con-
maior que 1, e sabemos da Matemá- de 1 a 4 acima. Portanto, dependen- traditório pois, segundo a teoria da
tica que um número de valor maior do do valor de C, o resultado do lim Apometria, a energia mental de uma
que 1 elevado a um expoente de va- v→∞
(Ψv) pode ser 1 (um), 0 (zero), ameba (para a qual v tem um valor
lor elevado é um número também
elevado [22]. Assim, o limite da
equação (2) quando v tende ao infi-
nito, com a possibilidade 3 é infini-
to, isto é, tende ao infinito à medida
que o expoente v tende ao infinito.
Se Ψ ≤ -1, então isso significa que
Ψ tem valor negativo. Sabemos
da Matemática que o limite de um
número negativo de valor absoluto
maior ou igual a 1 (um) elevado a
um expoente que tende ao infinito,
é um resultado indeterminado pois,
dependendo do valor par ou ímpar
do expoente, o resultado é positivo

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finito) seria maior do que a de um tromagnética fossem múltiplos de


ser humano. um determinado valor, o chamado
- Se a equação (3c) for o resultado quantum de energia, como proposto
válido, então a energia do pensa- por Planck, mas que também a ra-
mento é infinita pois multiplicar EN diação eletromagnética se compor-
por infinito é infinito. Esse resultado ta, em alguns fenômenos, como se
também não serve para nada, já que fosse formada por pacotes de ener-
em Ciências Exatas não se trabalha gia discretos, que seriam quanta de
com valores infinitos que não po- energia de radiação eletromagnética
dem ser medidos nem calculados. [18]. O raio gama é uma radiação
- Por fim, se uma das equações (3d) eletromagnética de elevada fre-
ou (3e) for o resultado válido, então quência e, consequentemente, cada
a energia do pensamento é algo in- quantum de energia dessa radiação, -Espirituais”, é dito que “Talvez
determinado pois que, multiplicar ou fóton de raios gama, é de valor pudéssemos deduzir uma fórmula
EN por um número indeterminado, elevado. matemática que equacionasse o
dá um resultado indeterminado. O Autor de [1], para introduzir deslocamento de um espírito no es-
Portanto, essa possibilidade também um conceito que não existe na Físi- paço partindo do estudo do compor-
não tem utilidade. ca, que é o de massa de um fóton, tamento dos espíritos nos trabalhos
utiliza-se da seguinte equação: M0 = mediúnicos.” A equação proposta é
Como nenhuma das pos- h / c2, onde M0 seria a massa quânti- dada a seguir:
sibilidades acima apresenta ca do fóton, h é a chamada constante
um resultado coerente com de Planck que vale h = 6.62606957 L = (h v) / (M 8), (4)
a proposta de se quantificar × 10−34 J.s, e c é a velocidade da luz,
a energia do pensamento, c ä 300000 km/s. Porém, além des- onde L é a distância percorrida pelo
em termos de uma energia sa equação estar dimensionalmente Espírito, h é a constante de Planck
psíquica, a conclusão que errada, ela está incondizente com a (veja análise da Equação 3), v é a
se pode chegar é a de que a Física que diz que a massa de qual- frequência vibratória do Espírito, M
equação (1) que representa a quer fóton é zero ou nula. Esse erro é a imantação do Espírito ou a inten-
lei da Apometria para a ener- conceitual decorre da ideia equi- sidade do seu campo magnético, e 8
gia do pensamento é o que vocada adotada pelo Autor de que é a densidade do meio ambiente.
chamamos um absurdo ma- energia se transforma em matéria. O Essa equação é um exemplo de
temático, isto é, uma equação Autor, como se pode ver nessa parte especulação sem dados experimen-
que leva a resultados contra- da obra [1], considera que um fóton tais. Apesar do Autor alegar que
ditórios ou inúteis. Portanto, é um “concentrado de energia”, obteve a mesma, a partir de estu-
a lei do pensamento da Apo- enquanto que o Modelo Padrão da dos do comportamento dos Espíri-
metria não tem valor científi- Física de Partículas considera o fó- tos, ele não descreve a metodologia
co. ton como um bóson1 de massa de utilizada para medir as grandezas
repouso nula [17].
Equação 3: Massa quântica de Nas seções seguintes o Autor usa
um fóton o mesmo tipo de equação para defi-
nir o conceito de massa magnética.
A seção 2 do capítulo “Matéria - Da mesma forma, isso não existe na
Energia - Espaço (Um Trinômio In- Física e mais uma vez a teoria da
tercambiável)” de [1], o Autor des- Apometria apresenta uma extrapo-
creve um conceito de massa de um lação incoerente com a Física.
fóton de radiação gama. A Física de-
fine o conceito de fóton como sen- Equação 4: Deslocamento do
do um quantum de radiação eletro- Espírito
magnética. Einstein foi o primeiro a
propor que não somente as trocas de No capítulo 3 da obra [2], inti-
energia entre matéria e radiação ele- tulado “Correlações Matemático- 

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físicas dadas pela equação (4). Por e Matemática que embora sejam de ondas mentais pois em Física, os
exemplo, como ele mediu a distân- difíceis de se perceber para o Lei- conceitos de frequência, vibração e
cia percorrida pelo Espírito? Como tor leigo em Ciência, aos olhos de propagação dependem dos concei-
medir a imantação do Espírito ou um especialista se tornam bem cla- tos de tempo e espaço.
sua frequência vibratória? Como ros como comentado nos diversos Na mesma seção, ao falar sobre
medir a densidade do plano espi- exemplos acima. Em Física, não se o fenômeno de previsão do futuro é
ritual? Nenhuma dessas questões extrapolam conceitos e equações de dito que: “Quando o ser consegue
é respondida o que invalida a pro- um domínio de fenômenos (no caso, transportar-se para essa dimensão
posta dada acima. Além disso, uma os fenômenos materiais) para outro [mental] e penetrar integralmente
análise dimensional simples da domínio (no caso, os fenômenos em seus parâmetros, tem possibili-
equação (4) mostra que é impossível espirituais), sem um forte respaldo dade de esquadrinhar os escaninhos
que uma grandeza de distância, que experimental quantitativo. do Tempo e vislumbrar fatos que se
se mede em unidades de metros ou situam além do tempo presente.”
quilômetros, por exemplo, seja rela- Seção II. Inconsistência Se o tempo não existe na dimensão
cionada com grandezas de energia, interna (contradições) da mental, então como saber se uma
intensidade de campo magnético e teoria da Apometria percepção dessas se refere ao pas-
densidade da forma como proposta sado ou ao futuro? Se for possível
acima. Portanto, essa equação não Aqui, analisaremos alguns con- discernir o período de tempo de uma
tem validade científica por não ser flitos internos da própria teoria da percepção da mente, então o tempo
coerente com a Física e por faltarem Apometria. Verificaremos a existên- existe na dimensão mental.
os dados experimentais bem justifi- cia de contradições lógicas entre
cados para dar respaldo à mesma. conceitos e afirmativas diferentes da Contradição 2: Vetor força
teoria. Esse tipo de análise também mental
Conclusão parcial: O espaço faz parte da forma como os cientis-
não permite enumerar todos os pro- tas analisam novas teorias. Na seção I, analisamos a equa-
blemas conceituais relacionados ção de Poynting que envolvia forças
com a Física. Porém, os exemplos Contradição 1: Tempo e Es- mental e vital. A primeira força era
acima permitem verificar que a teo- paço não existem na dimensão representada pelo vetor ⃗ K . Nisso
ria da Apometria contida nas suas mental encontramos outra contradição in-
obras básicas [1] e [2] é incoeren- terna da teoria da Apometria, rela-
te com os conceitos da Física e da O conceito acima é o título da se- cionada à contradição 1 acima. Se
Matemática, o que mostra que eles ção 7 do capítulo “IV – Corpo Men- tempo e espaço *não existem* na
foram muito mal empregados na tal” de [1]. A contradição decorre dimensão mental, então não se pode
formulação dos princípios da teo- do seguinte raciocínio: se o tempo definir um vetor força mental por-
ria da Apometria. Essas falhas de- e o espaço não existem na dimensão que um vetor é um objeto matemá-
correm da extrapolação e aplicação mental, então não se pode falar de tico que só pode ser definido dentro
superficial dos conceitos da Física frequência, vibração e propagação de um espaço.

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Contradição 3: Corpo mental estiver magneticamente muito pesa- equação (4) dizendo que um Espí-
do, procura-se cortar esses campos rito evoluído pode se deslocar mais
Na seção intitulada “3 - Outras negativos com "vento solar", a fim pois tem maior frequência vibratória
propriedades” do capítulo “IV – de cortar e fragmentar esses cam- e menor imantação magnética. Até
Corpo Mental” de [1], é dito que pos parasitas”. Em seguida, o con- aí, se a equação (4) tivesse validade,
“Não se conhece, na intimidade, a ceito de “vento solar” é explicado o comentário estaria coerente com a
fisiologia desse campo, estrutura, ser a “emanação proveniente do Sol mesma. Daí, o Autor diz que “Por
dimensão ou corpo que chamamos de bilhões de partículas sub-atômi- outro lado, a densidade do meio
"mental". Tudo indica, porém, que cas, tais como Prótons, Neutrons, ambiente em que vivem os espíritos
seja de natureza magnética, com Elétrons e uma infinidade de outras evoluídos, segundo nos revelam as
frequência vibratória muito supe- partículas...”. De fato, o “vento so- obras espíritas, também muito rare-
rior à do corpo astral.” lar” é a emissão contínua de partí- feita, compatível com a sua evolu-
Nessa afirmação encontramos culas carregadas provenientes da ção, facilitando, portanto, o movi-
duas contradições. Primeiro é dizer coroa solar [23]. Porém, o vento so- mento dos mesmos.”
que “não se conhece” a fisiologia e lar é um fenômeno que ocorre inces- A afirmativa acima parece cor-
estrutura do corpo mental e depois santemente e, portanto, está atuando reta, porém, ela suscita o seguinte
dizer que “tudo indica” que seja de em todas as regiões do nosso pla- questionamento: quando os Espí-
natureza magnética, etc. Se não se neta, independente de o evocarmos ritos evoluídos visitam regiões no
conhece uma coisa, então nada pode ou não. A recomendação de se usar plano espiritual de maior densidade
indicar a sua natureza. Ambas op- o “vento solar” para *cortar campos fluídica, ou mesmo visitam a nos-
ções são mutuamente excludentes. negativos* não tem sentido pois se sa casa espírita que está imersa na
A outra contradição também decor- de fato o “vento solar” pudesse cor- densidade material da atmosfera, o
re da contradição 1. Se tempo e es- tar e eliminar fluidos mais densos, deslocamento deles se torna menor?
paço não existem na dimensão men- não seria necessário evocá-lo já que Em outras palavras, os Espíritos
tal, então o corpo mental não pode ele por atingir o nosso planeta a todo evoluídos podem ser aprisionados
ter “frequência vibratória” alguma, momento, isso impediria a formação em regiões mais densas do mundo
já que o conceito de frequência de- de tais campos negativos. espiritual ou mesmo do plano mate-
pende do conceito de tempo. rial? Se o deslocamento dos Espíri-
Contradição 5: Deslocamento tos obedecer rigorosamente a equa-
Contradição 4: “vento solar” dos Espíritos ção (4), então é possível prender
como meio de eliminar am- Espíritos mesmo os mais evoluídos,
bientes magneticamente “pesa- Na seção I, analisamos a equação à medida que eles adentrem ambien-
dos” para o Deslocamento dos Espíritos tes densos. Portanto, além de ser
(equação 4) proposta na obra [2]. uma contradição e incoerência in-
Na obra da Ref. [2], no capítulo Após a apresentação da fórmula da terna da teoria da Apometria, o con-
“Normas para o Contato com os Es- equação (4), o Autor analisa as con- ceito de deslocamento espacial dos
píritos”, é dito que “Se o ambiente sequências da mesma. Ele analisa a Espíritos contradiz o Espiritismo 

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que garante que um meio material


não oferece obstáculo à passagem
dos Espíritos (ver questão 91 de O
Livro dos Espíritos [24]).

Seção III. Justificativas


não-científicas

Uma análise científica profunda


costuma ser uma atividade para a
qual apenas os cientistas estão pre-
parados e acostumados a fazer. O
Leitor espírita e leigo em Ciência,
em geral, e mesmo aquele que se
mantém informado através da leitu-
ra de livros e artigos de divulgação
científica, muito dificilmente conse-
gue captar, num primeiro olhar, os
erros básicos e a superficialidade no atendimento aos enfermos pela Os resultados positivos da Apo-
com que os conceitos da Apometria Apometria pode decorrer de razões metria não decorrem, portanto, do
foram construídos, o que destaca- como, por exemplo, merecimento que ela ensina, mas sim de outros
mos nas seções I e II. Nisso, é na- dos assistidos, bons sentimentos dos fatores.
tural que diante dos depoimentos a praticantes de Apometria que fazem
favor da Apometria de pessoas idô- atrair bons Espíritos, presença de Justificativa 2: A Apometria é
neas e sinceras, o Leitor desenvolva médiuns de efeitos físicos, ação do válida por ser feita com amor
justificativas aparentes, isto é, falsas pensamento e da vontade sobre os
justificativas com relação à validade fluidos espirituais, etc. Há um outro tipo de argumento
da prática da Apometria. A seguir, Há ainda que verificar e observar, em favor da Apometria que merece
enumeramos e analisamos algumas por outro lado, se os resultados posi- nossa atenção. Trata-se do argumen-
delas, de modo a ajudar o Leitor a se tivos da Apometria são de fato efeti- to de que “tudo é válido quando feito
posicionar perante as mesmas. vos pois, conforme descrito na obra com amor.” Ora, por quê combater
Aconteceu na Casa Espírita [25], uma teoria cujos praticantes procu-
Justificativa 1: Apometria é por exemplo, para atingir objetivos ram realizá-la com o melhor senti-
correta por dar bons resultados de prejudicar uma casa espírita, ob- mento de amor e caridade possíveis?
sessores são capazes até mesmo de Não ensina o Espiritismo que “Fora
Várias pessoas alegam que a forjarem a “cura” de inúmeras pes- da caridade não há salvação” [9]?
Apometria é algo correto e bom por soas. Mesmo diferente do que ensina o
apresentar resultados práticos posi- Espiritismo, se é feita com amor, a
tivos com relação à ajuda física e es- Em Ciência, nem sempre a Apometria também seria válida.
piritual a diversos enfermos. Porém, primeira explicação é a cor- Nesse aspecto, há que analisar a
em função dos erros científicos des- reta. Por exemplo, todos os situação com bastante cuidado para
critos nas seções anteriores, esses dias vemos o Sol nascer no compreender o significado do con-
resultados positivos não podem ser leste e se por no oeste. En- ceito de caridade. Por sermos cria-
explicados em termos dos conceitos tretanto, todos sabemos hoje turas ainda imperfeitas, nem sempre
e equações contidas nas obras bási- que é a Terra que se movi- temos a noção exata do significado
cas da Apometria. menta em torno do Sol e que do sentimento de amor e do “fazer
A solução para isso é analisar o fenômeno do dia e da noi- algo em nome do amor”. Num ex-
quais as verdadeiras explicações te decorre do movimento de tremo dessa questão, situam-se os
para esses resultados positivos. Po- rotação da Terra sobre o seu crimes que se cometem em nome do
demos sempre utilizar o próprio Es- próprio eixo. amor. Nesses extremos, facilmente
piritismo para explicá-los. O sucesso percebemos que o amor é evocado 

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

como sinônimo de excesso nas pai- Doutrina Espírita, ao ser perguntado


xões humanas. No extremo oposto, a respeito da insistência da propa-
temos o exemplo de Jesus. Porém, ganda em prol da aplicação da Apo-
estamos justamente situados entre metria e das técnicas do Reiki no
esses dois extremos, estudando e meio espírita, assim responde [4]:
trabalhando pela nossa transforma- “O fato de grande número de admi-
ção moral. Nisso, é possível nos nistradores do Movimento Espírita
equivocarmos, mesmo bem inten- – se quisermos, os chamaremos de
cionados. dirigentes espíritas – deterem bem
Em nosso caso, será que mesmo pouco conhecimento do Espiritis-
descobrindo que uma teoria é er- mo, associado à covardia moral de
rada, é correto praticarmo-la em outros tantos, tem sido responsável
nome do sentimento de amor? Se por essas discrepâncias. Começam
sabemos que ela é errada e que exis- por temer o aclaramento das coi-
tem outras teorias ou doutrinas cor- sas, porque não saberiam argumen- dessas novidades só deve ocorrer
retas, é correto praticar a primeira tar, e passam a evocar a virtude da se realmente ela passar por todos os
só por amor? Note o Leitor que não caridade para que tudo aceitem, crivos da razão. Portanto, em nome
está em questão a liberdade de esco- omissos, em nome do luminar Es- do amor e do Evangelho temos o de-
lha de seguir essa ou aquela doutrina piritismo. Assim, não têm que expor ver de por a luz sobre o candeeiro
ou teoria espiritualista. Esse direito o conjunto dos seus desconhecimen- e esclarecer o movimento espírita a
todos possuem, e nós respeitamos a tos a respeito dos princípios que respeito da validade de teorias que
escolha de cada um. A análise críti- orientam os procedimentos espíri- como a Apometria se consideram
ca da Apometria não se extende às tas.” Adiante ele diz “O Espiritismo avanços científicos e na verdade não
pessoas que têm direito de escolher ensina-nos a ser tolerantes com as o são. Se de um lado, a caridade nos
praticá-la, sabendo ou não que ela é ideias e concepções alheias e leva- ensina a respeitar a opinião e deci-
uma teoria com bases científicas to- -nos a respeitar todas as crenças e são de quem se afiniza com a Apo-
talmente erradas. interpretações espiritualistas que metria, de outro, da parte de quem
não concordem com a sua doutrina. a pratica, a caridade é respeitar o
O que está em questão é a Não nos abre qualquer ensejo, no movimento espírita no seu direito
adoção ou não de teorias ou entanto, para assimilá-las, como de não a adotar em suas práticas, já
práticas dentro do movimen- se fizessem parte dos seus ensina- que o Espiritismo orienta que só se
to espírita apenas por amor mentos, apenas pelo fato de que são deve aceitar novidades que tenham
ao próximo. espiritualistas.” Vemos das pala- respaldo da Ciência ou dos bons Es-
vras de Raul que, embora devamos píritos.
José Raul Teixeira, conhecido respeitar as concepções alheias, não Portanto, não é válida a afirmação
orador e médium espírita pela sua nos cabe como espíritas assimilá-las de que os espíritas devem aceitar
dedicação ao bem e à divulgação da sem o devido estudo e comprova- praticar a Apometria em nome do
ção. amor.
Vamos analisar o nosso maior
modelo e guia: Jesus. Não disse Ele Justificativa 3: A Apometria é
(Mateus 5:15) que a luz deva ser válida por causa do depoimen-
colocada sobre o candeeiro para to de autoridades espíritas
que todos se iluminem? Não disse
Ele (João 8:32) que “Conhecereis a Outra dúvida que surge da leitura
verdade e ela vos libertará” e que das obras básicas [1] e [2] da Apo-
(Mateus 5:37) “seja o vosso falar: metria é o grande número de citações
sim, sim; não não”? Essas citações de obras respeitadas no movimento
nos mostram que o estudo aprofun- espírita como as próprias obras bá-
dado de qualquer novidade ou teoria sicas, obras de André Luiz, Manoel
que se apresente como avanço cien- Philomeno de Miranda, etc. Citam-
tífico é um dever e que a aceitação -se, também, nomes de pesquisado- 

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FidelidadESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

tificativa 4 é de natureza filosófica.


Se Apometria fosse, de fato, 100%
Espiritismo, razão não existira para
criar um nome novo, Apometria,
para suas práticas. Bastaria dizer
que se tratam de práticas espíritas.
O termo Apometria, simplesmente
não teria razão de existir. Porém, se
o termo Apometria é relevante por-
que propõe conceitos e práticas di-
ferentes do Espiritismo (assim como
se vê nas obras básicas [1] e [2] da
Apometria), então não se pode dizer
que “Apometria é 100% Espiritis-
mo” porque ela contém conceitos
diferentes. Logo, Apometria não é
100% Espiritismo!

Conclusões finais e reco-


mendações doutrinárias
res espíritas e espiritualistas que no piritismo ou espiritualismo por não
século retrasado deram importantes passar de uma opinião, mesmo de A análise acima das obras básicas
contribuições para o conhecimento alguém reconhecido pela socieda- [1] e [2] da Apometria, em comple-
espírita. A intenção dessas citações de. Logo, usar isso para valorizar o mento às análises prévias [11,12],
é tentar indiretamente justificar ou Espiritismo ou espiritualismo é um revelam que ela não representa
validar os conceitos errados propos- argumento de autoridade e não um um avanço científico. Na verdade,
tos na teoria da Apometria. argumento que de fato demonstra a ela representa um retrocesso devi-
Esse tipo de estratégia de valori- validade dos mesmos. do aos diversos erros de natureza
zação de uma teoria nova não ser- Assim, citar passagens e afirmati- científica e filosófica que, perante os
ve como base para justificá-la. Esse vas de obras espíritas reconhecidas especialistas, comprometem os seus
tipo de argumento é, inclusive, algo não servem de justificativa para a seguidores. Em outras palavras, a
que os críticos do Espiritismo ale- demonstração da validade da teoria teoria da Apometria não é capaz de
gam que não possui validade que é o da Apometria. encarar de frente a razão da Física e
chamado “argumento de autorida- da Matemática. Assim, não se pode
de”. Um argumento de autoridade é Justificativa 4: Apometria é justificar a Apometria em termos da
uma afirmativa feita por uma pessoa 100% Espiritismo necessidade de seguir o caráter pro-
que possui, por qualquer razão, um gressivo do Espiritismo, pois suas
reconhecimento na sociedade. Por Há quem considere que por se ba- propostas são incondizentes com
exemplo, um cientista que recebeu o sear na existência da alma, na possi- a Ciência e, portanto, inadequadas
prêmio Nobel. Para a sociedade, um bilidade de intercâmbio mediúnico, para as atividades espíritas.
nobelista é uma pessoa que foi reco- por envolver técnicas de desdobra-
nhecida como quem fez importantes mento e por recomendar a caridade, Tem se desenvolvido no
contribuições em sua área de pes- que a Apometria é “100%” Espi- Movimento Espírita a ideia
quisa. Logo, ele(a) é visto(a) como ritismo, isto é, está plenamente de equivocada de se atualizar
uma pessoa de grande capacidade acordo e justificada pelo Espiritis- o Espiritismo, achando que
intelectual. Quando uma pessoa mo. o seu aspecto progressista
dessas emite uma opinião em favor Infelizmente, como as seções I e ocorrerá através da crítica e
do Espiritismo, ou do espiritualis- II mostram, a Apometria não repre- combate aos seus princípios.
mo de modo mais geral, os críticos senta um avanço científico e, por-
alegam que essa opinião, não serve tanto, não pode ser assimilada pelo Cita-se a afirmação de Kardec de
para demonstrar a validade do Es- Espiritismo. Porém, a falha da jus- que o Espiritismo deve assimilar as 

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

novidades da Ciência para justificar Espiritismo nos ensina a agir através o é de fato, não é a negação da an-
a adoção de práticas como a Apo- das seguintes regras: 1) analisar fria- terior, mas, justamente, a sua confir-
metria. Vimos, nesse artigo, que as mente tudo (Kardec, no discurso aos mação dos pontos fundamentais que
coisas não são tão simples assim e espíritas lioneses [10]); 2) seguir a lhes servirão de degraus de apoio.”
que nem sempre o discurso de “algo recomendação de Erasto (ítem 230 (Yvonne do Amaral Pereira em O
ser científico” significa que, de fato, de O Livro dos Médiuns [26]): “É zelo da tua casa [27]).
ele o seja. Como agir, então, quan- melhor repelir dez verdades do que As três recomendações acima,
do uma novidade se apresenta em admitir uma única falsidade, uma portanto, servem de guia e seguran-

.
nome da Ciência e não dispomos só teoria errônea”; e 3) nunca se ça para com relação a qualquer no-
do conhecimento e experiência ne- esquecer que “o que costuma carac- vidade que seja proposta no Movi-
cessários para avaliá-la? O próprio terizar uma nova revelação, quando mento Espírita.

Referências:
[1] J. L. de Azevedo, Espírito / gundo o Espiritismo, Editora FEB, 31, 1306 (2009).
Matéria – Novos Horizontes Para A 112ª Edição, Rio de Janeiro (1996). [18] R. Eisberg e R. Resnick, Fí-
Medicina, 7ª edição, VEC Gráfica e [10] A. Kardec, O Que É o Espi- sica Quântica – Átomos, Moléculas,
Editora Ltda, Porto Alegre (2002). ritismo, Editora FEB, Rio de Janeiro Sólidos, Núcleos e Partículas, Edito-
[2] J. L. de Azevedo, Energia e (2006). ra Campus, 21ª Reimpressão (1979).
Espírito, 2ª edição, Comunicação [11] A. F. da Fonseca, “Análise [19] Ver, por exemplo, os seguin-
Impressa, Porto Alegre (1995). Científica da Apometria”, O Conso- tes sites: http://pt.wikipedia.org/
[3] D. P. Franco, entrevista ao lador 289 (2 de Dezembro de 2012), wiki/Impulso_nervoso e
programa Presença Espírita da Rá- link: http://www.oconsolador.com. http://www.afh.bio.br/nervoso/
dio Boa Nova, de Guarulhos (SP), br/ano6/289/especial.html nervoso1.asp
em Agosto/2001. Ver, por exemplo, [12] A. F. da Fonseca, “Análise [20] D. Halliday, R. Resnick e
o seguinte link: http://jornaloespiri- Científica dos Fundamentos Teóri- J. Walker, Fundamentos da Física
ta.blogspot.com.br/2012/02/dival- cos da Apometria”, capítulo de uma – Volumes 4 – Eletromagnetismo,
do-franco-esclarece-sobre.html obra que será lançada em Agosto Editora LTC, 8ª Edição (2009).
[4] J. R. Teixeira, entrevista ao de 2013, de coletânea de trabalhos [21] D. Halliday, R. Resnick e
periódico O Consolador em 5 de Ju- apresentados no 8º Encontro Nacio- J. Walker, Fundamentos da Física
nho de 2011. Ver o link: http://www. nal da Liga de Pesquisadores em Es- – Volumes 1 – Mecânica, Editora
oconsolador.com.br/ano5/212/raul- piritismo (ENLIHPE), ocorrido nos LTC, 8ª Edição (2009).
teixeiraresponde.html dias 18 e 19 de Agosto de 2012, em [22] H. L. Guidorizzi, Um Cur-
[5] J. Hessen, “A apometria e as São Paulo, SP. so de Cálculo – Vol. 1, Editora Li-
práticas espíritas”, O Consolador 67 [13] J. A. Valadares, “O Conceito vros Técnicos e Científicos Editora
(3 de Agosto de 2008), link: http:// de Massa. I. Introdução Histórica”, LTDA., 2ª Edição (1987).
www.oconsolador.com.br/ano2/67/ Revista Brasileira de Ensino de Físi- [23] Ver, por exemplo: http://
especial.html ca 15, 110 (1993). pt.wikipedia.org/wiki/Vento_solar
[6] A. O. de Oliveira Filho, “Apo- [14] J. A. Valadares, “O Conceito [24] A. Kardec, O Livro dos Espí-
metria não é Espiritismo”, O Conso- de Massa. II. Análise do Conceito”, ritos, Editora FEB, 76ª Edição, Rio
lador 130 (25 de Outubro de 2009), Revista Brasileira de Ensino de Físi- de Janeiro (1995).
link: http://www.oconsolador.com. ca 15, 118 (1993). [25] Nora, psicografia de E. Cris-
br/ano3/130/especial.html [15] A. F. da Fonseca, “Um En- tiano, Aconteceu na Casa Espírita,
[7] G. J. de Sousa, “Apometria saio Sobre Matéria e Energia – Parte Departamento Editorial do Centro
não convém às Casas Espíritas”, 1”, FidelidadESPÍRITA 91, Abril, 6 Espírita “Allan Kardec”, 1ª Edição,
O Consolador 139 (3 de Janeiro de (2010). Campinas (2001).
2010), link: http://www.oconsola- [16] A. F. da Fonseca, “Um En- [26] A. Kardec, O Livro dos Mé-
dor.com.br/ano3/139/gebaldo_sou- saio Sobre Matéria e Energia – Parte diuns, Ed. FEB, 1ª Edição, Rio de
sa.html 2”, FidelidadESPÍRITA 92, Maio, Janeiro (2008).
[8] A. Kardec, A Gênese, Edito- 20 (2010). [27] Espíritos diversos, psico-
ra FEB, 36ª Edição, Rio de Janeiro [17] M. A. Moreira, “O Modelo grafia de E. Cristiano, O zelo da tua
(1995). Padrão da Física de Partículas”, Re- casa, Editora Allan Kardec, Campi-
[9] A. Kardec, O Evangelho Se- vista Brasileira de Ensino de Física nas (2009).

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

RECOMENDAÇÕES DE
KARDEC PARA AS NOVIDADES
POR Alexandre Fontes da Fonseca

O
Leitor espírita leigo em
Ciência, muitas vezes se
perde com relação a como
se portar perante novidades que
se apresentam no meio espírita, e
mais ainda perante àquelas que se
consideram baseadas nos avanços
da Ciência. O movimento espíri-
ta desenvolveu bastante o aspec-
to religioso e moral, o que educou
as pessoas na prática da caridade e
da fraternidade. Isso fez com que
as pessoas adotassem uma postura
aberta com relação à exposição dos
pensamentos dos confrades. Em ou-
tras palavras, não se questiona o que
um confrade ou orador diz em públi-
co ou pela literatura espírita (livros
ou artigos) porque ninguém imagina
que ele(a) pode estar enganado(a).

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Por excesso de fraternidade, o mo- progressos atuais tanto do conheci- pois, evitar o deixar-se seduzir pe-
vimento espírita tem se esquecido mento em si quanto da facilidade de las aparências, tanto da parte dos
do fato de que todos, encarnados e acesso à informação, se faz neces- Espíritos, quanto da dos homens;
desencarnados (exceto os Espíritos sário orientar o movimento espírita ... é preciso que tudo seja friamente
puros), somos ainda falíveis e não a como se portar perante novidades examinado, maduramente pesado,
detemos o conhecimento absoluto. que surgem em nome da Ciência. confrontado, e, se desconfiamos
E nos esquecemos de que, por essa Para isso, vamos citar alguns co- do próprio julgamento, (...), é pre-
razão, nunca devemos deixar de mentários e recomendações do pró- ciso recorrer a outras pessoas.” O
aplicar a razão para com tudo o que prio Kardec e, após, apresentamos comentário acima, de Kardec, é um
dizem ou escrevem. uma sugestão de postura para com dos mais importantes com relação à
A Ciência é uma ativi- questão sobre aceitação
dade humana que permi- das novidades por duas
tiu o desenvolvimento do razões. Primeiro por
conhecimento. E, com o enfatizar a necessidade
conhecimento, a saúde, de se fazer um exame
a tecnologia e o bem es- frio e maduramente
tar se desenvolveram em pesado, o que significa
nossa Humanidade. Mes- analisar todos os de-
mo com todo o avanço talhes. Segundo, por-
científico, a Humanidade que Kardec não sugere
ainda sofre com o atraso aplicar isso apenas às
moral que ainda permeia comunicações dos Es-
o coração das pessoas. O píritos desencarnados,
propósito do Espiritismo mas também às ideias
é a regeneração da Huma- e teorias que nós encar-
nidade através da trans- nados venhamos a de-
formação moral de cada senvolver. A análise das
um de nós [1]. teorias da Apometria
A forma pela qual o [3,4] foi motivada por
Espiritismo propõe aju- orientações como essa
dar a Humanidade é apre- de Kardec.
sentando uma doutrina Nos artigos anterio-
que nos explique o que res, destacamos que
somos, de onde viemos, apesar do Espiritismo
para onde vamos, e qual ter caráter progressista
as consequências de nos- e, portanto, “assimilará
sos atos. E faz isso reco- sempre todas as doutri-
mendando que tenhamos nas progressivas, de
fé raciocinada, isto é, que qualquer ordem que se-
a nossa crença seja basea- jam...” Kardec diz “ ...
da na razão para que a fé desde que hajam assu-
se torne fortalecida perante os con- relação às novidades. mido o estado de verdades práticas
vites do egoísmo e do orgulho. e abandonado o domínio da utopia,
Ciente de que os Espíritos ain- Recomendações de Kardec sem o que ele se suicidaria.” (ítem
da inferiores tentarão fazer de tudo 55 do cap. I de A Gênese [5]). Kar-
para prejudicar o desenvolvimento Numa rápida biografia de Kardec dec, em Obras Póstumas [6] no ítem
do Espiritismo, Kardec, sob inspira- contida na obra O Que é o Espiritis- intitulado “Constituição do Espiri-
ção dos bons Espíritos, nos apresen- mo, edição da FEB [2], destacamos tismo, Dos Cismas” diz “Se é cer-
ta uma série de recomendações no o seguinte trecho do discurso feito to que a utopia da véspera se torna
tocante à integridade e divulgação por ele em 19 de setembro de 1860 muitas vezes a verdade do dia se-
da Doutrina Espírita. Em razão dos aos espíritas lioneses: “É preciso, guinte, deixemos que o dia seguinte 

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

realize a utopia da véspera, porém primeiro sopro da verdade, como


não atravanquemos a Doutrina de um monumento edificado sobre
princípios que possam ser conside- areia movediça, ao passo que, se
rados quiméricos e fazer que a repi- rejeitardes hoje algumas verdades,
lam os homens positivos.” porque não vos são demonstradas
clara e logicamente, mais tarde um
Essas duas últimas citações fato brutal, ou uma demonstração
de Kardec mostram que não irrefutável virá afirmar-vos a sua
se deve assimilar nenhum autenticidade.” Isso mostra que não
tipo de novidade antes que é problema algum rejeitarmos novi-
elas sejam testadas e aprova- dades que possam ser verdadeiras.
das por quem tenha compe- Cedo ou tarde ela se fará patente
tência para isso. A análise da por novos fatos ou estudos e a dú-
teoria da Apometria, feita no vida desaparecerá. Mas, o risco de
artigo anterior, mostra que aceitar e assimilar uma teoria errada
ela é facilmente repelida por leva à formação de práticas e ati-
homens positivos. vidades inteiramente novas e dife-
rentes do que ensina o Espiritismo
O Espírito Erasto no ítem 230 e, como dito por Erasto, quando o
de O Livro dos Médiuns [7] diz “É sopro da verdade surge e demonstra
melhor repelir dez verdades do que o erro da teoria, tudo o que se cons-
admitir uma única falsidade, uma só truiu em nome dela cai por terra.
teoria errônea”. E isso não é pro- Isso é o que está acontecendo com a
blema pois como o próprio Erasto teoria da Apometria. A própria Físi-
diz “Efetivamente, sobre essa teo- ca e Matemática se apresentam para
ria poderíeis edificar um sistema demonstrar os seus erros.
completo, que desmoronaria ao Na Revista Espírita de Julho de 

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Fidelidad ESPÍRITA | Edição Especial | Jul/Ago/Set/2013

Essa afirmativa de Kardec foi colo-


cada aqui para lembrar-nos de que
é um dever de nossa parte sempre
examinar tudo, e que isso não sig-
nifica desrespeito à opinião de ou-
trem. Com essa afirmativa, Kardec
deixa implícito a responsabilidade
que temos nas escolhas que fazemos
e nos conceitos que assimilamos de
origem espiritual ou de encarnados.
Por fim, citaremos o 19º parágrafo
do ítem II da Introdução de O Evan-
gelho Segundo o Espiritismo [10],
sobre a “Autoridade da Doutrina
Espírita” (falando das mensagens
dos Espíritos): “Daí a necessidade
da maior prudência em dar-lhes pu-
1860 [8], no artigo intitulado Ob- zêlo mais ardente do que refletido, blicidade; e, caso se julgue conve-
servação Geral (Após Exame Crí- isto é, o excesso de motivação por niente publicá-las, importa não as
tico das várias Comunicações Es- ver o Espiritismo aceito nos meios apresentar senão como opiniões in-
pontâneas do Espírito Charlet, na acadêmicos acaba por fazer aceitar dividuais, mais ou menos prováveis,
Sociedade de Paris) Kardec assim em alguns, teorias erradas como a porém, carecendo sempre de confir-
se expressa sobre as teorias científi- Apometria, só porque se conside- mação. Essa confirmação é que se
cas: “Assim, é sobretudo nas teorias ram baseadas em teorias modernas precisa aguardar, antes de apresen-
científicas que precisa haver muita da Física. tar um princípio como verdade ab-
prudência e evitar dar precipita- Retiramos da Revista Espírita soluta, a menos que se queira ser
damente como verdades sistemas de 1866 [9], as seguintes palavras acusado de leviandade ou de cre-
por vêzes mais sedutores que reais de Kardec: “Cada um é livre para dulidade irrefletida.” Nessa afirma-
e que, mais cedo ou mais tarde, po- encarar as coisas à sua maneira, e tiva, perante uma novidade que não
dem receber um desmentido oficial. nós, que reclamamos essa liberda- se pode avaliar com conhecimento
(...). Diz um provérbio: “Nada mais de para nós, não podemos recusá-la de causa, Kardec recomenda no má-
perigoso que um amigo impruden- aos outros. Mas, do fato de que uma ximo publicá-la como uma opinião
te.” Ora, é o caso dos que, no Es- opinião seja livre, não se segue que que carece confirmação! Nunca
piritismo, se deixam levar por um não se possa discutí-la, examinar- apresentá-la como verdade absolu-
zêlo mais ardente que refletido.” -lhe o forte e o fraco, pesar-lhe as ta! Isso sugere que as novidades não
Novamente, vemos a preocupação vantagens ou os inconvenientes.” devem ser apresentadas na forma de
de Kardec com a aceitação de no-
vidades e, aqui, o destaque é para
as teorias científicas, que por mais
sedutoras que pareçam, podem rece-
ber um desmentido oficial. O que se-
ria um desmentido oficial? Isso nada
mais é do que uma análise científica
profissional, feita da mesma forma
como as teorias são analisadas nos
meios científicos e acadêmicos.
Isso é exatamente o que apresenta-
mos no artigo sobre análise cientí-
fica da Apometria. Kardec, também
ressalta que a aceitação de teorias
novas sem critérios demonstra um

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Livros pois o Leitor, em geral, con- remos enumerar as recomendações 3. Se, mesmo perante as dúvidas,
sidera como verdadeiro o conteúdo de Kardec com relação às novida- decidir-se por publicar e divulgar
de um Livro, enquanto nem sempre des: uma novidade, publicar na forma de
isso é verdade. Se realmente for ne- 1. Sejam elas oriundas de encar- artigo, para que seja lido por muitos
cessário dar publicidade a uma no- nados ou desencarnados, analisar e Leitores especialistas no assunto,
vidade, uma sugestão que fazemos é examinar friamente tudo (Kardec, e analisado friamente conforme o
optar primeiro por publicá-la na for- no discurso aos espíritas lioneses ítem 1 acima, antes de se considerar
ma de artigo pois isso permite que [2], e Revista Espírita [9]); a novidade como verdade. (Ver ítem
Leitores especialistas no assunto 2. Havendo dificuldade em se II da Introdução de O Evangelho Se-
possam realizar análises críticas. O analisar a validade das novidades, gundo o Espiritismo [10]).
artigo tem um peso menor que o Li- como nos casos em que elas se ba- 4. Como mencionado na con-
vro. Ainda com relação aos comen- seiam em teorias científicas que não clusão final do artigo de análise da
tários acima, de Kardec, é curioso temos conhecimento aprofundado Apometria, nunca se esquecer que
destacar, também, que essa postura ou profissional, seguir a recomen- “o que costuma caracterizar uma
cuidadosa não é falta de tolerância dação de Erasto (ítem 230 de O nova revelação, quando o é de fato,
e, pelo contrário, é uma recomenda- Livro dos Médiuns [7]): “É melhor não é a negação da anterior, mas,
ção das mais importantes para que repelir dez verdades do que admitir justamente, a sua confirmação dos
não sejamos, posteriormente, cha- uma única falsidade, uma só teoria pontos fundamentais que lhes servi-

.
mados de levianos ou possuidores errônea.” (Ver também, ítem II da rão de degraus de apoio. ” (Yvonne
de credulidade irrefletida. Introdução de O Evangelho Segun- do Amaral Pereira em O zelo da tua
A partir das citações acima, pode- do o Espiritismo [10]). casa [11]).

Referências:
[1] A. Kardec, “O Que Ensina o Impressa, Porto Alegre (1995). [9] A. Kardec, “Considerações
Espiritismo”, Revista Espírita Jornal [5] A. Kardec, A Gênese, Editora Sobre a Prece no Espiritismo”, Re-
de Estudos Psicológicos Agosto p. FEB, 36a. Edição, Rio de Janeiro vista Espírita Jornal de Estudos
219 (1865), reproduzido pela Editora (1995). Psicológicos Janeiro p. 9 (1866);
Edicel, Sobradinho - DF. [6] A. Kardec, Obras Póstumas, reproduzido pela Editora Edicel, So-
[2] A. Kardec, O Que É o Espiri- IDE, 1ª edição, Araras (1993). bradinho - DF.
tismo, Editora FEB, Rio de Janeiro [7] A. Kardec, O Livro dos Mé- [10] A. Kardec, O Evangelho Se-
(2006). diuns, Ed. FEB, 1ª Edição, Rio de gundo o Espiritismo, Editora FEB,
[3] J. L. de Azevedo, Espírito / Janeiro (2008). 112a Edição, Rio de Janeiro (1996).
Matéria – Novos Horizontes Para A [8] A. Kardec, “Observação Ge- [11] Espíritos diversos, psicogra-
Medicina, 7ª edição, VEC Gráfica e ral”, Revista Espírita Jornal de Es- fia de E. Cristiano, O zelo da tua
Editora Ltda, Porto Alegre (2002). tudos Psicológicos Julho p. 229 casa, Editora Allan Kardec, Campi-
[4] J. L. de Azevedo, Energia e (1860); reproduzido pela Editora nas (2009).
Espírito, 2ª edição, Comunicação Edicel, Sobradinho - DF.

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