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CRIANÇAS ÍNDIGO
Seita da Nova Era invade o movimento espírita
EDITORIAL
Em junho de 1975, o Centro Espírita Cairbar Esta edição mostra que a idéia das crianças
Schutel, sob a direção de José Herculano Pires, índigo, que instituições e lideranças do movi-
lançou o jornal Mensagem, para denunciar a mento espírita estão divulgando, não passa de
adulteração do livro O Evangelho segundo o Es- um modismo comercial. Vincula-se a uma seita
piritismo, por um grupo da Federação Espírita norte-americana, que, para dizer o mínimo,
do Estado de São Paulo. Quase sem apoio de vende sessões de energização para mudar o
outras liderança do movimento, Herculano en- DNA das pessoas!
frentou uma luta intensa para fazer retirar das Será possível que não resta mais nenhum res-
livrarias a tradução modificada do texto de Kar- peito ao bom senso? Fica demonstrado o quanto
dec. o movimento espírita está distanciado do espí-
Passados mais de 30 anos, o movimento espí- rito de Kardec, o pesquisador sério, criterioso,
rita brasileiro enfrenta sérias crises de identida- que se debruçou sobre a alma humana, para
de, dando cada vez mais espaço ao misticismo sondar-lhe a natureza, com ética impecável e
comercial, descomprometido e anti-científico que cientificidade até hoje não desmentida.
toma conta do mercado editorial. Há mais de 30 anos, Herculano denunciava os
Afastados dos critérios de cientificidade, bom desvios do movimento epírita. Agora, do outro
senso e desinteresse, que Kardec propunha para lado, com certeza, está vendo que as coisas pio-
a busca da verdade, muitos espíritas embarcam raram muito. Esperemos que as novas gerações
em novidades atraentes, mas vazias de conteúdo tratem melhor o tesouro que recebemos, para
moral e estranhas aos princípios de Kardec. que o espiritismo possa dar sua sólida contribui-
Não tomamos aqui o espiritismo como sistema ção cultural ao mundo contemporâneo e não se
fechado e dogmático – que está longe de ser deixe contaminar pela leviandade do mercado,
a proposta de Kardec – mas reivindicamos um que está apenas interessado em vender.
mínimo de critério científico, de espírito crítico e
de seriedade!
J.
H
E
Defendemos a doutrina R
C
ou nos acomodamos U
na falsa tolerância L
A
Na luta contra os conceitos absurdos dos fal- N
sos profetas que teimam em deturpar a Doutri- O
na dos Espíritos, José Herculano Pires estabe-
leceu uma linha de conduta firme e esclarecida
que marcou toda sua vida. Um trecho bastante P
atual da obra O Verbo e a Carne revela a cla- I
reza de sua visão: R
E
S
“Infelizmente a maioria das criaturas não
gosta de reconhecer os seus limites. A vai-
dade e a ambição levam muita gente a
dar passos mais largos do que as pernas lho. O desejo de elevar-se acima dos ou-
permitem. É o que hoje vemos, de manei- tros, conhecendo mais e sabendo mais, é
ra assustadora, em nosso meio espírita. Os praticamente incontrolável na maioria das
casos de fascinação multiplicam-se ao nos- pessoas. O resultado é o que vemos. Há
so redor. Pessoas que podiam ser úteis se mais joio do que trigo em nossa seara es-
transformam em focos de confusão e per- pírita.
turbação, entravando a marcha do Espiri- A luta contra essa situação é das mais ár-
tismo com a sustentação de teorias absur- duas. Mas, árdua ou não, tem de ser enfren-
das que levam a doutrina ao ridículo. tada pelos que vêem as coisas de maneira
Em nosso país esses casos se tornam mais mais clara. Temos de ferir suscetibilidades,
graves por causa da falta geral de cultura. magoar os amores próprios de amigos e
As pessoas incultas e ingênuas se deixam companheiros, levantar no próprio meio es-
levar muito facilmente ao fanatismo, ante pírita inimigos gratuitos, provocar revides
o brilho fictício de pessoas inteligentes e apaixonados. Mas, de duas, uma: ficamos
cultas, mas dominadas por fascinações pe- com a verdade ou ficamos com o erro, de-
rigosas. fendemos a doutrina ou nos acomodamos
A mania de cientificismo vem produzindo na falsa tolerância, clamando por uma paz
grandes estragos em nosso movimento es- de pantanal, que nada mais é do que co-
pírita. Qualquer possuidor de diplomas de vardia e traição à verdade. Aí estão, diante
curso superior se julga capacitado a trans- de nossos olhos, as fascinações da vaidade
formar-se em cientista do dia para a noite. nos empantanando os caminhos da evolu-
E logo consegue uma turma de adeptos ção natural e necessária da doutrina. Ou
vaidosos, prontos a seguir o iluminado que lutamos contra elas ou incentivamos a sua
lhes empresta um pouco do seu falso bri- propagação e proliferação”.
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Paulo Henrique de Figueiredo
Reuniões da seita
D esde 2006, pesquisadores espíritas, como
Rita Foelker, Dora Incontri, Heloísa Pires, e a A pedra angular é a fraternidade
Revista Universo Espírita vêm alertando para as
inúmeras contradições entre a Doutrina Espírita Os Espíritos da Codificação realmente anun-
e o best-seller Crianças Índigo, publicado nos ciaram uma nova geração, mas nos seguintes
Estados Unidos em 1999, e no Brasil em 2005. termos: “Cabendo a eles fundar a era do pro-
Algumas das características das crianças índi- gresso moral, a nova geração se distingue por
go são alarmantes: uma precoce inteligência e razão, juntas ao
“Nascem, sentem-se e agem com realeza. (...) sentimento inato do bem e das crenças espiri-
Conseguem inverter as situações, manipulando tualistas, constituindo um sinal indiscutível de
ao invés de serem manipulados, especialmen- um adiantamento anterior”, explicaram em A
te seus pais. (...) Não se relacionam bem com Gênese.
pessoa alguma que não seja igual a elas. (...) Os Espíritos estão falando de progresso mo-
Alguns têm propensão ao vício, especialmente ral e de uma geração com o sentimento inato
drogas durante a adolescência”. do bem. Isso pressupõe a habilidade de resol-
Citada em Crianças Índigo como a primeira ver conflitos, paciência, solidariedade e tole-
a supostamente reconhecer a aura azul dessas rância. Segundo o Espiritismo, “a fraternidade
crianças, diz a vidente Nancy Ann Tappe: será a pedra angular da nova ordem social”.
“Todas as crianças que mataram colegas de Já as crianças índigo descritas são revoltadas,
escola ou os próprios pais, com as quais pude agressivas e prepotentes. A chegada de uma
ter contato, eram índigos. Eles tinham uma vi- nova geração anunciada na Doutrina Espírita
são clara de sua missão, mas algo entrou em nada tem a ver com o conceito de Crianças Ín-
seu caminho e elas quiseram se livrar do que digo pertencente à seita estrangeira criada por
imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um Lee Carroll.
novo conceito de sobrevivência. Todos nós As suspeitas levantadas sobre essa obra nos
possuíamos esse tipo de pensamento macabro motivaram a investigar mais profundamente
quando crianças, mas tínhamos medo de colo- seus autores, a origem, as finalidades de sua
cá-lo em prática. Já os índigos não têm esse publicação, e quem está divulgando seus con-
tipo de medo”. ceitos no país em que surgiu, os Estados Uni-
Esse é o novo conceito de sobrevivência das dos. O que encontramos é grave e é preciso
crianças índigo? Matar os pais e colegas de es- esclarecer os fatos.
cola? O que isso tem a ver com o Espiritismo?
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Ainda há muito mais. De acordo com Kryon,
Deus não existe. Ele propõe o panteísmo, ou
seja, segundo ele, “todos os seres do Universo
são parte de um todo e as individualidades são
apenas ilusões”.
O Grupo Iluminação Kryon Esse pensamento panteísta se opõe clara-
mente aos ensinamentos do Espiritismo. Basta
Um dos autores de Crianças Índigo é Lee Car- ler a o seguinte diálogo em O Livro dos Espí-
roll, formado em Economia pela Universidade ritos: “Que pensar da opinião segundo a qual
da Carolina do Norte. Durante 30 anos traba- todos os corpos da Natureza, todos os seres,
lhou em sua empresa de engenharia de som, todos os globos do Universo, seriam partes da
em Del Mar, San Diego, onde vive até hoje. Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto,
O ano em que tudo começou foi1989, quan- a própria Divindade; ou seja, que pensar da
do um sensitivo disse ter visto ao lado de Lee doutrina panteísta?”, perguntou Allan Kardec.
Carroll uma entidade extraterrestre que se iden- E os Espíritos responderam: “Não podendo ser
tificou pelo nome “Kryon”. Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte
Intrigado, Lee começou a “canalizar” (esse de Deus.”.
é o nome que ele dá para as psicografias) tex-
tos da entidade extraterrestre Kryon num grupo Quem são as crianças índigo
esotérico de sua cidade.
A co-autora do livro Crianças Índigo é a can- A doutrina do Grupo Iluminação Kryon vai
tora Jan Tober, ex-mulher de Lee Carroll. Ela ainda mais longe. Damos aqui apenas um resu-
o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo mo das palavras de Krion:
Iluminação Kryon, em 1991. “Os seres humanos que vivem na Terra eram
Durante 10 anos, as mensagens renderam a anjos muito evoluídos que assinaram um con-
publicação de 12 livros, As edições, traduzidas trato para vivenciar uma experiência humana
para 23 línguas, venderam mais de um milhão no planeta Terra, motivo pelo qual seríamos
de exemplares. honrados e celebrados em todo o Universo.”
Os encontros do Grupo Iluminação Kryon, De acordo com o “extraterrestre”, “a huma-
onde é possível consultar-se pessoalmente com nidade atingiu a ‘Convergência Harmônica’ ne-
Kryon por meio de Lee Carroll, reúnem pla- cessária. Essa experiência é a de vivermos com
téias pagantes de 3 mil pessoas. Elas lotam ca- um nível vibracional rebaixado para a terceira
ríssimos salões e teatros da Europa e Estados dimensão, sem as memórias ou lembranças de
Unidos. Lá também são vendidos livros, filmes, nossa origem divina”.
souvenires e bijuterias. As mensagens do extra- O que seria “Convergência Harmônica”?
terrestre Kryon na internet recebem cerca de Nos livros psicografados por Lee Carroll, infor-
20 mil visitas por dia. mações pseudocientíficas como essa estão por
todo o texto, sem explicação alguma.
Uma tese panteísta Segundo Kryon, desde 1987 estariam nas-
cendo crianças com o DNA alterado, que se-
Quem é esse ser que se diz extraterrestre e riam as tão comentadas “crianças índigo”. Há
que revelou as crianças índigo? também referências às crianças cristal.
O site oficial da seita dá sua versão: Todavia, de acordo com a Doutrina Espírita a
“Kryon é o mais evoluído ser de luz a que a moral é um atributo do Espírito e não do corpo.
Terra jamais teve acesso. Proveniente do ‘Sol Nenhuma alteração do DNA transformaria mo-
Central’, com a função primordialmente técnica ralmente indivíduo algum.
ligada ao ‘serviço eletromagnético’. Foi envia- E quais as conseqüências dessa suposta mu-
do por um grupo de ‘Mestres Extrafísicos’, cha- tação das crianças? Segundo o extraterrestre
mado ‘A Irmandade’. Veio dessa vez para reor- Kryon, “elas se tornarão uma nova raça que
denar a ‘rede magnética planetária’, visando irá habitar uma galáxia que está sendo criada
uma série de mudanças magnéticas no eixo da a 12 bilhões de anos-luz da Terra”. A astrofísica
Terra, que se encerrará no ano de 2012”. está bastante avançada e podemos afirmar que
Em O Livro dos Espíritos, “Jesus foi o ser mais a idéia da criação tardia de uma galáxia não
puro que já apareceu na Terra”. tem embasamento científico algum.
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veis da Natureza, denuncia um Espírito atrasa-
do e, portanto, pouco merecedor de confian-
ça”, em O Livro dos Médiuns.
A fragmentação de um meteoro
Outra questão intrigante proposta por um se-
Lee Carrol e Jan Tobler guidor da seita é sobre o fim do mundo: “Algum
Os mentores da idéia planeta irá se chocar com a Terra? Irá haver ex-
tinção da raça humana?”. E Kryon respondeu:
“Depende do que os Humanos fizerem. Já re-
Mais uma vez, é Kardec quem alerta: “Toda velamos que, antes de começar a canalizar, em
heresia científica notória, todo princípio que 1989, o primeiro trabalho conjunto de Kryon e
choque o bom-senso, aponta a fraude, desde Lee Carroll foi fragmentar um meteoro (Myrva)
que o Espírito se dê por ser um Espírito esclare- que vinha, realmente, em rota de colisão com a
cido”, em O Livro dos Médiuns. Terra. Era um dos instrumentos das catástrofes
previstas para o fim do século”.
Idéias estranhas O Espiritismo afirma com clareza que o mun-
do não será destruído fisicamente: “Não é ra-
As mensagens publicadas no site da seita cional se suponha que Deus destrua o mundo
criada por Lee Carroll falam do novo aconte- precisamente quando ele entre no caminho do
cimento programado, segundo ele, para 2012: progresso moral, pela prática dos ensinos evan-
“Celebremos o fim do teste! As estrelas são gélicos”, em A Gênese.
nossas. Agora é chegado o momento de uma Além dos milhares de dólares arrecadados
parte da família ir para casa, precisamente em pela venda de produtos, nos encontros da seita,
2012. E ele, Kryon, estará lá quando chegar- há outra fonte de renda: os tratamentos paten-
mos”. teados por Peggy Phoenix Dubro, parceira de
Sobre questões como essa, disse Kardec: Lee Carroll.
“Os bons Espíritos nunca determinam datas. A Segundo as idéias da seita, as pessoas que
previsão de qualquer acontecimento para uma nasceram antes de 1987 não são índigo, mas
época determinada é indício de mistificação”, para ganhar o direito de habitar a nova “galá-
em O Livro dos Médiuns. xia” poderiam ter seu DNA alterado por meio
Nos encontros do grupo, Kryon responde in- do tratamento proposto por Peggy Dubro.Eles
dagações do público que paga para ser aten- criaram uma empresa, A Energy Extension In-
dido. Um adepto perguntou: “Querido Kryon, corporation (Empresa de Ampliação Energéti-
na Califórnia você nos falou que segurar pílu- ca) que detém os direitos da Universal Calibra-
las na mão pode curar. Isso eliminará os efeitos tion Lattice® (Malha de Calibração Universal),
colaterais? É seguro ficar segurando Prozac?”. e também da EMF Balancing Technique® (Téc-
A resposta foi: nica de Equilíbrio). São tratamentos pagos apli-
“Seu corpo sabe que substância vocês estão cados nas sedes espalhadas pelo mundo (inclu-
segurando. Portanto, é possível impregnar as sive no Brasil).
propriedades da intenção de usar a substân- Acreditamos que as informações listadas são
cia em suas células. Assim não há o efeito co- suficientes para dar uma idéia do que está por
lateral de uma droga, por exemplo. Apenas trás da obra Crianças Índigo. Quem ainda de-
pensem... um frasco de aspirina ou antiácidos sejar conferir os volumosos livros e mensagens
durará anos!”. “canalizadas” por Lee Carrol e tudo mais sobre
Kardec alertou: “Jamais os bons Espíritos a seita Grupo Iluminação Kryon basta digitar
aconselham senão o que seja perfeitamente ra- “Kryon” nos sites de busca da internet.
cional. Qualquer recomendação que se afaste
da linha reta do bom-senso, ou das leis imutá-
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A maquiagem na edição brasileira
As obras de Lee Carroll adotam o panteísmo, Depois sorri, dá a mão ao anjo,
e os dois vão cavar túneis na
doutrina negada pelo Espiritismo. Mas na areia”.
edição brasileira os trechos panteístas foram Há uma menção em Crianças
Índigo sobre os livros psicogra-
alterados fados do “extraterreste” Kryon
por Lee Carroll. Mas na tradução
Lee Carroll, que com Jan Tober escreveu Crianças brasileira há uma alteração que
Índigo, publicou outros 11 livros. Dez deles são psi- modifica o sentido, e faz parecer
cografados, com a autoria creditada ao “extrater- que Kryon é um médium, e que nada tem a ver com
restre” Kryon.Esses volumosos livros trazem muitos Lee Carroll. Veja:
conceitos conflitantes com a Doutrina Espírita. “I sent him all the Kryon books by Lee Carroll…”
Já no primeiro, Os Tempos Finais, publicado em (Versão original, p. 147).
1990, Kryon descreve seu ensinamento panteísta: “Enviei todos os livros de Kryon por Lee Carroll...”
“Todos nós estamos vinculados. Eu assino Kryon, (Tradução correta).
mas pertenço à totalidade. Você é uma parte de “Enviei todos os do médium Kryon e Lee Carroll...”
Deus. Todos somos coletivos em espírito, mesmo en- (Trecho alterado da edição brasileira, p. 162).
quanto vocês estão encarnados na Terra”. Peggy Dubro é uma integrante da seita “Grupo
Allan Kardec explicou essa doutrina em O Céu e Iluminação Kryon”, onde atua como médium. Os
o Inferno: “O panteísmo propriamente dito consi- seres que dirigem o grupo teriam transmitido a ela
dera o principio universal de vida e de inteligência o “tratamento magnético para alterar o DNA”, de-
como constituindo a Divindade. Todos os seres, to- nominada EMF Balancing Technique. Na versão
dos os corpos da Natureza compõem a Divindade brasileira, o fato foi alterado:
(...). Esse sistema não satisfaz nem a razão nem a “She also channeled the Phoenix Factor informa-
aspiração humanas”. tion, which contained the EMF Balancing Techni-
Constatamos, porém, um fato intrigante: todos os que...”. (Versão original, p. 226)
livros de Lee Carroll trazerem afirmações panteís- “Ela também recebeu mediunicamente a informa-
tas, mas na edição brasileira não há uma só frase. ção Phoenix Factor, que inclui a EMF Balancing Te-
Assim, consultamos a edição original em inglês, chnique...”. (Tradução correta).
The Indigo Children, de 1999. Estava lá, no depoi- “Desenvolveu, igualmente, a informação Phoenix
mento da psicóloga Doreen Virtue, a seguinte frase, Factor, que inclui a EMF Balancing Technique...”.
que traduzimos: “Todas as crianças de Deus são (Trecho alterado da edição brasileira, p. 243)
iguais, porque todos são um só ser”. A mesma frase Na descrição do comportamento do rapaz Mark,
na edição brasileira, na página 153, foi alterada ele demonstra o comportamento esquizofrênico de
para: “Todas as crianças de Deus são iguais, pois não distinguir o certo do errado. Na versão brasilei-
somos todos iguais”. ra do livro Mark se torna apenas irresponsável.
Encontramos outra alteração na página anterior, “... could never see the consequences of his in-
na qual lemos a seguinte frase: “Não existem indiví- tended actions. He literally just did not get it. After
duos, apenas uma ilusão de que somos diferentes”. the fact, his face would always be so blank, as if
Mas a tradução da versã original é mais extensa: he couldn’t believe he hadn’t realized that what he
“Não existem indivíduos separados, apenas a ilu- was doing would get him into trouble…” (Versão
são de que os outros estão separados de nós mes- original, p. 145).
mos”. Esta reproduz o panteísmo do extraterrestre “... O problema é que não entendia as conseqü-
Kryon, mentor de Lee Carrol. ências de seus atos. Ele literalmente não compre-
A constatação desse fato nos levou a folhear o endia. Depois do ocorrido, ficava com o rosto sem
livro para conferir o restante da tradução. expressão, como se não acreditasse que tivesse fei-
No depoimento da reverenda Laurie Joy, na pá- to algo que lhe trouxesse problemas...” (Tradução
gina 164 do livro brasileiro, lemos a seguinte fra- correta).
se: “Kathryn Elizabeth, fala sempre de seu anjo da “... O problema é que não entendia as conseqü-
guarda. Depois vai brincar com as outras crianças”. ências de seus atos. Cometia erros, mas não perce-
Mas a tradução da obra original é diferente: “Ka- bia que teria que pagar por eles...” (Trecho altera-
thryn Elizabeth fala sempre de seu anjo da guarda. do da edição brasileira, p. 161).
Paulo Henrique Figueiredo
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Franklin Santana Santos
O termo índigo provém de uma sensitiva cha- Outra alegada habilidade dessas crianças se-
mada Nancy Ann Tappe que, sem nenhum cri- ria a de possuírem uma estrutura cerebral dife-
tério de cientificidade, baseou-se única e exclu- rente no que se refere ao uso dos hemisférios
sivamente na sua “habilidade” em classificar as esquerdo e direito, com um predomínio do lado
personalidades das pessoas segundo a cor das direito. Em desacordo inclusive com as alega-
suas auras. De acordo com ela, essas crianças das habilidades, sendo uma delas a capacida-
apresentariam uma aura azul com predominân- de de abstração precoce, função esta coorde-
cia da tonalidade índigo. nada pelo hemisfério esquerdo. Mais uma vez
Essas crianças apresentariam algumas altera- não existe qualquer estudo evidenciando isso.
ções, seja no seu DNA ou mesmo na sua estru- Muitas dessas crianças classificadas como índi-
tura cerebral. Consultando o PubMed que é um go na verdade se enquadram dentro de uma
serviço oferecido pela Biblioteca Nacional de condição, Desordem Hiperativa do Déficit de
Medicina do Congresso dos EUA e que inclui Atenção, bastante estudada pela medicina, in-
mais de 16 milhões de citações do MEDLINE e clusive com vários estudos publicados em revis-
outros jornais de ciências da vida, não existe tas especializadas.
uma única referência, estudo ou pesquisa en- Muitas das habilidades atribuídas às crianças
volvendo essas crianças. índigo resultam de uma melhor alimentação, o
Segundo informações, descritas na literatura que permite um desenvolvimento orgânico mais
New Age, as crianças índigo nasceriam com completo, além disso as crianças do mundo mo-
parte do seu DNA mais “ativado” que a maio- derno estão sujeitas a uma grande, variada e
ria das pessoas. Essa ativação “extra” lhes per- precoce exposição a diversos estímulos intelec-
mitiria acessar informações de uma dimensão tuais tais como computador, televisão, rádio,
espiritual superior, dando-lhes como conseqüên- revistas etc.
cia habilidades especiais. Essa informação ne- Concluindo, entendemos que as afirmações
cessita de demonstração científica e não existe no que se concerne às características biológicas
qualquer teoria de como, onde e de que forma das crianças índigo carecem completamente de
ocorreria essa ativação, nem de que maneira investigação científica e devem ser tomadas
essa ativação de algo material poderia aces- como infundadas ou pseudo-científicas.
sar algo espiritual. Embora alguns dos autores
sobre a literatura índigo tenham formação e
mesmo pós-graduação em psicologia, o termo
criança índigo não é reconhecido no campo da
psicologia, nem na biologia ou da pediatria.
Reuniões da seita
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Nacy An Tappe
A visão científica sobre as crianças índigo
A tendência eugenista
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Dora Incontri
A entrada livre do movimento índigo dentro se trata de um tema vendável, na linha de au-
do movimento espírita brasileiro revela apenas to-ajuda descompromissada, aquela que agra-
o que os espíritas conscientes já sabem (e estes da ao leitor, por trazer receitinhas prontas de
infelizmente são em muito pequeno número): como tratar um filho índigo – e muitos podem se
nosso movimento anda longe da trilha propos- iludir no orgulho de ter um filho de aura azul,
ta por Kardec. Entenda-se que não tomamos predestinado a mudar o mundo, um mutante
aqui essa trilha como um conjunto de dogmas genético!
fixos, como um sistema fechado de pensamen- Os que aceitaram a idéia de boa-fé não são
to. O espiritismo – como queria Kardec – deve menos desculpáveis, principalmente em se tra-
estar inserido no mundo, na cultura de seu tando de lideranças, formadoras de opinião,
tempo, deve dialogar com outras correntes de que publicam livros, fazem palestras, porque
pensamento, deve continuar seu caminho de deveriam ter a responsabilidade ética e intelec-
ciência e de pesquisa. tual de falar apenas sobre aquilo que pesquisa-
Mas para isto é preciso um método. A prin- ram em profundidade e manifestarem uma opi-
cipal contribuição de Kardec foi a criação de nião abalizada sobre o assunto. Aos que fazem
um método de abordagem da realidade, que publicações com fins comerciais, não temos o
inclui a observação científica, a reflexão filo- que dizer. Kardec advertia que contra interes-
sófica e a revelação espiritual. Esses três ca- ses não há fatos que prevaleçam.
minhos convergem na busca da verdade e um É preciso esclarecer bem o que criticamos na
elemento controla o outro. Não se pode acei- questão de fins comerciais, pois temos também
tar cegamente o que vem pela revelação medi- uma editora e podemos ser mal interpretados.
única – é preciso passá-la pelo crivo da razão É óbvio que o setor editorial espírita precisa
e pela análise do método científico. Aliás, so- ser profissional, movimentar dinheiro, contratar
mos nós, encarnados, que fazemos a ciência, pessoas, trabalhar na base do profissionalismo
e não os Espíritos, que vêm apenas nos intuir, e não do amadorismo. Isto também vale para
nos ajudar, sobretudo no plano moral. Uma uma escola, uma universidade, um empreendi-
ciência que supostamente nos viesse pronta do mento qualquer que leve o nome de espírita.
Além já deveria ser motivo de desconfiança e Ou seja, temos pleno direito ético de vender
é própria de Espíritos pseudo-sábios. um livro espírita (porque senão não podemos
No caso de Lee Carrol, Jan Tober e o Espíri- publicar outros), de cobrar um curso ou um con-
to de Kryon (que a tradução brasileira mudou gresso, para cobrir os custos e, inclusive, para
para médium Kryon, quando se trata de um Es- reinvestirmos na própria divulgação do espiri-
pírito que se afirma extra-terrestre e o Espírito tismo. O que criticamos, que é próprio da men-
mais próximo de Deus!), defrontamo-nos com talidade capitalista, é quando passamos o lu-
uma grande mistificação, com fins comerciais, cro na frente do ideal. Ou seja, quando traímos
sem nenhuma racionalidade, sem nenhum cri- os princípios da doutrina espírita, publicamos
tério científico... e os espíritas embarcaram qualquer coisa, para ganhar dinheiro, fazemos
gostosamente na idéia. Por quê? qualquer negócio, para obter dividendos e bus-
Alguns certamente o fizeram de boa-fé, ou- camos com isso enriquecimento pessoal.
tros com claros interesses financeiros, porque
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É isso o que o capitalismo preconiza: lucro Todos os grandes pensadores agiram assim.
acima de tudo e princípios éticos totalmente Basta lembrar Sócrates, com sua fina ironia,
descartáveis e secundários. A qualidade de um debatendo com os sofistas; basta rememorar
produto, as responsabilidades social, ideoló- Descartes, com seu método racionalista, des-
gica, moral ficam subordinadas ao desejo de montando a teologia jesuítica. Toda a história
venda fácil. As editoras espíritas que trabalham do pensamento humano constitui-se no debate
seriamente, com cultura e livros de conteúdo, de idéias.
sabem o quanto é preciso se sacrificar para Quando a discussão é implicitamente proibi-
manter bem alto o ideal! da, cria-se o autoritarismo disfarçado, a idola-
tria por líderes, que passam a pontificar sem
A falta do espírito crítico nenhum questionamento, dominando as consci-
ências, e não há progresso e nem liberdade de
O outro aspecto comprometedor que afasta o pensamento.
movimento espírita do rumo de Kardec é a au- É isso o que se vê no meio espírita atualmente.
sência de criticidade, debates e exame livre das Qualquer pessoa pode publicar, falar, pontifi-
questões. Quando surgem às vezes alguns críti- car o que for, e ninguém rebate uma vírgula,
cos, cometem o deslize que discutir pessoas, ao ninguém faz uma objeção. Por isso, multiplicam-
invés de discutir idéias. Mas a grande maioria, se os absurdos e estamos imersos numa avalan-
acostumada à cultura do “brasileiro cordial”, che de frivolidades.
acrescida pelo estereótipo de “espírita carido- Enquanto não aprendermos a debater sem
so”, não está habituada a nenhum exercício de melindres, a discutir idéias sem paixões pesso-
crítica construtiva. Considera-se que crítica é ais, a criticar construtivamente e a exercitar o
falta de caridade. livre-exame (que já Lutero propunha há 500
Ora, Kardec, nos 12 volumes da Revista Espíri- anos), não teremos um movimento espírita es-
ta, estabelecia um debate eloqüente, ardido e, clarecido e progressista, que não engula misti-
muitas vezes, usando aquele fino espírito fran- ficações tão grosseiras como essa das crianças
cês de ironia, para colocar-se ante adversários índigo. Obviamente que só é possível criticar
e para esclarecer questões polêmicas. Não que construtivamente a partir de um conhecimento
transformasse as páginas da Revista em arena aprofundado das questões. Para isso, é preci-
de combate, mas não deixava de exercitar o so estudar Kardec e procurar sempre ampliar o
saudável espírito da análise crítica, inclusive horizonte cultural.
como instrumento de construção do conheci-
mento espírita.
10
Heloísa Pires
Um exército salvador?
Seres azuis, privilegiados, escolhidos,
poderão mudar o planeta? Onde estão eles?
O ser humano adora o mágico; no tempo
e no espaço criou histórias, mitos e as qua- crianças azuis. Ah! Finalmente seríamos
lidades e defeitos do indivíduo da Terra salvos de nós mesmos; não pelo sangue de
aparecem em mensagens fabulosas. Jesus, nem pelos espíritos de luz que nos
Jung explica que temos em nosso psiquis- protegem, estimulando-nos ao desenvolvi-
mo vários arquétipos, entre os quais o som- mento espiritual... Não, apenas um grupo
bra e o herói surgem até nas fábulas. Não de espíritos vestidos de azul (minha sorte
compreendemos que somos responsáveis então mudou), que começariam auxiliando
pela extinção da sombra pelo herói, nossa os pais na grande transformação do mundo
luz interior, acesa por nossa capacidade de provas e expiações para mundo feliz.
de amar. Políticos corruptos, profissionais incompe-
O endeusamento dos médiuns no tempo tentes, egoísmo e orgulho, seriam varridos
e no espaço e sobretudo nas casas espíri- da Terra simplesmente com o trabalho de
tas, é fruto desse desejo de milagre, da in- um punhado de crianças e adolescentes es-
tervenção espetacular do mundo espiritual peciais.
para resolver nossos problemas. Uma va- Onde está esse exército de seres lumino-
rinha mágica transformaria nosso sofrido sos e azulados? Entre os monges tibetanos,
planeta em um mundo de paz. A guerra e alguns tão necessitados? Escondidos no
o sofrimento desapareceriam, não devido Amazonas? Esperando com seus olhinhos
ao nosso amadurecimento e trabalho, mas espertos e suas flechas embebidas na es-
por processos misteriosos. sência do amor, o momento de atingir os
Livros que apresentam anjos, viagens li- habitantes ainda necessitados moralmente
bertadoras até caminhos especiais, super desse planeta da cor do céu? E o que acon-
heróis, vendem mais do que qualquer ou- teceria então? Todos se transformariam em
tro no mundo todo. Nessa linha surgiu um anjos e toda a Terra seria um palco mara-
livro: “Crianças índigo”, trazendo seres es- vilhoso no qual permaneceríamos abraça-
peciais, com o corpo energético azul, pron- dos, mergulhados em nosso sonho cor do
tos a acabar com os problemas do nosso mar. Os pássaros começariam a cantar , os
planeta que, mesmo azul, não conseguiu animais irracionais ficariam com os olhos
resolvê-los. Alguns dizem que os fumantes marejados pela emoção e até as serpen-
ficam com o perispírito azul, o que mostra tes, antes venenosas, ficariam dóceis, amo-
que a cor não é tão favorável quanto ima- rosas. Se foi pela ação de Eva que perde-
gina o casal que criou a teoria absurda mos o paraíso, agora as crianças índigos o
das crianças índigo. devolverão; sentemos e esperemos que o
O interessante é que os espíritas, os úl- milagre em breve virá. Como diria Raul Sei-
timas convidados da parábola do Festim xas, “sentados, com a boca cheia de dentes
de Núpcias, ficaram apaixonados pelas esperando a mudança chegar...”
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Mas os definitivamente rebeldes, aqueles caras ou nos tênis
que se negarem a tingirem o seu perispí- importados. Enxer-
rito de azul, o que acontecerá com eles? guei um exército
Ah! Existe em outro livro, que alguns espí- de meninas grávi-
ritas adoram, que apresenta o “Grande das, incompetentes
Planeta Chupão”, que, com um aspirador, para lidar com as
os transportará para um mundo atrasado. próprias emoções e
Perderão o paraíso que espera o azulado , incapazes de educar os filhos que carregam
não conseguindo a libertação trazida pelo no ventre. Ouvi filhos gritando com os pais e
exercito índigo. Enquanto isso nós, os bons, assustada percebi que os responsáveis pela
mas ainda não azuis, permanecemos senta- educação desses reencarnantes não sabiam
dos, não fazendo nada porque os meninos o que fazer. Encontrei nos noticiários filhos
vieram para mudar; que eles façam tudo. matando seus pais ou avós. Mas onde es-
Mas onde estão? Saí a procurá-los. Não tavam os índigo? Teria o “Planeta Chupão”
os encontrei nos lares economicamente far- ficado confuso e conduzido o grupo espe-
tos, nas mansões maravilhosas de Brasília cial para planetas primitivos? Será que o co-
ou de outro Estado. Também não estavam mandante índigo teria pensado que a Terra
nos lares da classe média, menos ainda nas não teria mais jeito? Onde estão nossos ín-
consideradas escolas boas de todo o Brasil. digos?
Será que estariam na periferia? Nas fave- Continuei minha procura e encontrei crian-
las? Onde estariam escondidos os nossos ças e jovens normais, muito inteligentes,
jovens azuis, responsáveis pela transforma- porque vieram trabalhando as suas possibi-
ção milagrosa da Terra? Não os encontrei. lidades de pensar através dos séculos, mas
Crianças mais desenvolvidas intelectual- com necessidades morais, exigindo amor e
mente do que as gerações anteriores sim, trabalho dos pais. Senti a importância da
mas necessitadas moralmente, deprimidas, apresentação adequada do trabalho de Je-
angustiadas, rotuladas de hiperativas e ou- sus para o despertar da força interior; das
tros nomes especiais, precisando urgente explicações dos livros básicos de Kardec so-
da verdadeira educação, que convenciona- bre o “Orai e Vigiai” do Cristo. Sorri feliz,
mos chamar de espírita, que vem já des- lembrando que o futuro será de luzes, não
de os druidas, antes de Jesus. Necessitam por milagre, nem pela presença de grupos
do despertar de consciência do Mestre de azuis ou amarelos ou vermelhos, mas pela
Nazaré, do “amai o próximo como a si mes- educação exercida através do esclarecimen-
mo”. to da Doutrina Espírita, na conscientização
Vi crianças e jovens desesperançados, de que todos somos especiais, criados da
olhos vermelhos, cambaleantes, dopados mesma forma por Deus, necessitando do es-
por drogas várias, morrendo como se fos- forço próprio e da educação que dilata a
sem pássaros frágeis. Encontrei olhos vazios capacidade de amar, a humildade e extin-
de amor, frios, cruéis, empunhando armas, gue o orgulho e o egoísmo...
tentando conseguir a ferro e fogo o amor
que lhes falta e que julgam estar nas roupas
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Rita Foelker
Quando escrevi pela primeira vez sobre os aura, indicativa de qualidades espirituais bas-
“índigos”, em fevereiro de 2006 para o site da tante diferenciadas das outras crianças.
Fundação Espírita André Luiz *, meu objetivo Tais qualidades seriam devidas à sua missão
era levantar alguns pontos de reflexão entre os de colaborar com a presente fase da evolução
espíritas, porque observava um número cres- de nosso planeta e, por esta razão, estariam
cente de questões relacionadas ao tema nos reencarnando na Terra a partir da década de
grupos onde comparecia para dar palestras e 70.
seminários. As primeiras comunicações (ou “canaliza-
Muitos pais me procuravam para falar de suas ções”) a respeito da missão dos índigos nos
crianças e solucionar dúvidas. chegaram a princípio por um único médium,
Na tentativa de me informar melhor sobre o Lee Carroll, nas comunicações de um único es-
assunto, já que não é prudente falar de coisas pírito, Kryon. Não houve o que Herculano Pires
sobre as quais pouco ou nada se sabe, busquei chamou de uma “invasão organizada” dos Es-
informações e notei, nos materiais pesquisados, píritos elevados, mas o trabalho isolado de um
diversas e graves incongruências em relação indivíduo que ganhou adeptos e publicidade, o
aos conceitos espíritas que me acompanham que explica a multiplicidade de grupos compar-
há mais de vinte anos, incongruências que tor- tilhando atualmente as mesmas idéias. Somente
navam a tese das crianças índigo, no mínimo, isto já vai de encontro ao princípio da univer-
incompatível com os princípios do Espiritismo. salidade dos ensinos dos espíritos, critério que
Apesar disso, temos visto o interesse entre os Kardec recomendou para se avaliar a veracida-
espíritas aumentar, havendo pouco ou nenhum de do conteúdo de uma mensagem.
critério doutrinário nas afirmações que se ou- Alguém, entretanto, poderia argumentar que
vem em palestras promovidas por entidades es- não importa muito quem descobriu o fato das
píritas e que se lêem nos artigos e publicações crianças índigo e cristal, quem primeiro trouxe
espíritas referentes aos índigos e, também, às à baila tais idéias, se encontrarmos formas de
chamadas “crianças cristal”. Instituições idône- justificar tal crença dentro de critérios racionais
as que patrocinam tais eventos e publicações, e e lógicos do Espiritismo.
que associam seus nomes à divulgação da tese Contudo tal justificação, com o rigor que ela
dos índigos e cristais, talvez ignorem certos fa- exigiria, não existe. E as características e o
tos relevantes. comportamento observados nessas crianças,
Até onde nos é dado saber, Nancy Ann Tappe descritos inclusive na obra dos próprios Carroll
foi a primeira pessoa a identificar e a escre- e Tober, os co-autores de “Indigo Children”, es-
ver sobre as “crianças índigo”, denominação tão muito longe de testemunhar algum progres-
que, segundo ela mesma, refere-se à cor de sua so espiritual excepcional.
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O ponto de vista das inteligências múltiplas
• As crianças que estão chegando podem ser mais adiantadas que as gerações passadas, mas isso faz
parte do processo natural de evolução do ser humano. Esse adiantamento pode ser setorial: em alguns
campos específicos, mas não se tratam de espíritos puros, que já realizaram suas potencialidades.
Espíritos inteligentes podem ter graves desajustes emocionais, que precisam ser cuidados.
•Todos os seres humanos precisam de educação. Educação com liberdade, amor, respeito, atividade.
Mas ninguém pode se desenvolver na terra sem um processo pedagógico.
• Existe a urgência de uma nova educação, que atenda aos anseios dos espíritos que estão voltando,
mais sedentos de aprendizagem, mais questionadores. A Educação tradicional não serve mais no
século XXI. Mas esta revolução pedagógica é para todos.
• Toda teoria pedagógica tem de ter respaldo científico, coerência filosófica e parâmetros altamente
morais. Lidar com a mente infantil é grave responsabilidade.
• Intuições, revelações e orientações do mundo espiritual para a prática pedagógica devem ser
sempre analisadas com muito critério e espírito crítico e os vivos da terra é que têm a responsabilidade
de constituir novas propostas pedagógicas.
• A Pedagogia Espírita coloca ênfase no aspecto moral da educação, pois trata-se do maior déficit da
humanidade. Precisamos desenvolver as potencialidades divinas do ser humano (de todos os seres
humanos).