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Da aparente diminuição do número de médiuns


01/04/2022

Da aparente diminuição do número de médiuns

Havíamos estudado a dissertação de Erasto, intitulada "Os Conflitos", publicada na Revista


Espírita de dezembro de 1863, da qual destacamos esta parte:

"O número dos médiuns é hoje incalculável e é desagradável ver que alguns se
julgam os únicos chamados a distribuir a verdade ao mundo e se extasiam ante
banalidades que consideram monumentos. Pobres iludidos que se abaixam ao
passar sob os arcos de triunfo, como se a verdade tivesse esperado a sua vinda
para ser anunciada."1

Para nos esclarecer sobre a passagem acima, Erasto foi evocado e dirigimos a ele a
seguinte pergunta:

1. Qual é a causa da diminuição do número de médiuns atuantes hoje em dia,


diferentemente do número incalculável a que o senhor se referiu do século XIX?

Recebemos a seguinte resposta por um dos médiuns do grupo:

"A aparente diminuição do número de médiuns tem duas causas principais: a disseminação
da explicação materialista dos fenômenos mediúnicos, e a deturpação das ideias espíritas,
urdida na sombra pelos seus inimigos.

Com o predomínio das ciências materialistas, estas passaram a tentar explicar os


fenômenos espíritas pela ótica materialista. Os médiuns naturais passaram a ser tratados
como doentes e o tratamento medicamentoso tornou-se a panacéia para recuperar a "saúde"
destes. Não raro, já os primeiros sinais da mediunidade são tratados e procura-se extirpá-los
por meios artificiais; sob essa perspectiva, os ditos doentes nada têm a aprender com as
vozes, visões ou efeitos físicos que em torno deles surjam.

Por outro lado, aqueles que notam que há uma faculdade nova despontando em si mesmo
ou num dos seus, e se dão conta de que há algo a ser observado; que gostariam de
compreender e desenvolver tal faculdade, não encontram grupos espíritas sérios que tratem
dessa questão como algo natural. Isso se dá porque os Espíritos que muitas vezes assistem
os grupos não permitem que haja proliferação de médiuns, pois se isso acontecesse suas
estratégias de dominação e suas falsas ideias rapidamente ruiriam, porque não têm a
sustentá-las a força da verdade.

Não podendo negar a mediunidade, uma estratégia utilizada foi fazer crer que certos
médiuns, cujas faculdades eram as mais promissoras, eram emissários de Jesus na Terra,

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alguém especial, e assegurar que só bem poucos teriam esse privilégio. Tais ideias eram
ditadas por falsos Guias, em meio a pequenos conselhos de moral, para que tivessem
aparência de verdade, e que tais ensinamentos vinham de Espíritos superiores. A pretenção
desses falsos Guias é a de que os bons Espíritos perdessem assim seus intérpretes e que o
Espiritismo, conforme proposto por Allan Kardec, deixasse de existir. Porém, como o
Espiritismo é o supremo apelo de Deus à humanidade, nada puderam contra a sua força.
Nem mesmo a deturpação dos conceitos espíritas foi conseguida pelos seus inimigos, pois as
obras espíritas continuaram ao alcance de todos, frustrando suas expectativas de ver as
obras de Allan Kardec transformadas em peças de museu.

É assim que, embora combatidas ferrenhamente, as ideias espíritas continuam a se


propagar. Novos médiuns surgem, novos grupos se formam, pessoas interessadas buscam se
instruir na ciência espírita. Têm muito o que enfrentar? Sim. Há obstáculos a transpor? Sim,
os há. Mas não posso dizer que são maiores do que os daquela época em que me dediquei à
elaboração da estatística que citastes acima. Muito já foi vencido. O terreno foi bem
preparado pelo mestre Allan Kardec, e todo aquele que deseja verdadeiramente avançar
pode contar com a assistência dele e também com a nossa."

Erasto.

(Psicografada em 03 de julho de 2015.)

"Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem neles os órgãos materiais
que lhes faltam para nos transmitir suas instruções; por isso são dotados de
faculdades para esse efeito. Nesses tempos de renovação social, eles têm uma
missão particular; são árvores que devem dar o alimento espiritual a seus irmãos;
eles são multiplicados para que o alimento seja abundante; há-os em toda a parte,
em todos os países, em todos os níveis da sociedade, entre os ricos e os pobres,
entre os grandes e os pequenos, a fim de que não haja deserdados, e para provar
aos homens que todos são chamados."2

__________
1
Revista Espírita, dezembro de 1863 - Instrução dos Espíritos - Os conflitos

2 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX - A fé transporta montanhas - Parábola da


figueira que secou, item 10.

3
REVISTA ESPÍRITA

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