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Centro Espírita Léon Denis

o
25 Encontro
Espírita sobre

Mediunidade
TEMA:

“Ação dos
Espíritos
sobre a Matéria”

Patrono:
24 de junho de 2018 Ernesto Bozzano
25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

25º Encontro Espírita sobre


Mediunidade
Tema:
“Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

24 de junho de 2018

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

1 – Temário:
Tema Central: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Tema 1 – Considerações morais: a existência dos Espíritos e suas


manifestações

Tema 2 – Que corpo é esse?

Tema 3 – Mecanismo da ação dos Espíritos sobre a matéria: uma


explicação necessária.

2 – Informações Gerais:
Data: 24/6/2018

Horário: 8h30min às 13h

Coordenação Geral: Márcia Cordeiro e Alexandre Lobato


Coordenação Imediata: Colegiado
Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Finalização: Setor Editorial

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Centros Espíritas Participantes e Internet:

Data Instituição Local


C. E. Abigail de Lima Madureira
C. E. Antonio de Aquino Mallet
24/jun
C. E. Irmão Clarêncio Vila da Penha
N. E. Antonio de Aquino Bangu
C. E. Abigail Santa Cruz
1/jul
N. E. Rabi da Galileia Santa Cruz
7/jul G. E. Fraternidade e Amor Vila Aliança
15/jul União Kardecista Nilópolis
C. E. Bezerra de Menezes D. de Caxias
22/jul
C. E. Léon Denis Cabo Frio
29/jul C. E. Casa do Caminho Taquara
25/nov C. E. Leopoldo Machado Olinda
Gr. de Divulgação Leopoldo Machado Várias cidades

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Temas estudados até a presente data:

1994 – Mediunidade psicográfica.


1995 – Mediunidade de incorporação.
1996 – Influência moral do médium.
1997 – Da natureza das comunicações.
1998 – Da natureza da crença.
1999 – Da influência do meio.
2000 – Das evocações.
2001 – Modos de se distinguirem os bons dos maus espíritos.
2002 – Influência do exercício da mediunidade sobre a saúde.
2003 – Da influência moral do médium II.
2004 – Aplicação moral e frutos do Espiritismo: inibições dos médiuns.
2005 – Educação e função dos médiuns.
2006 – Reencarnação e mediunidade: a mediunidade no pensamento
de André Luiz.
2007 – Reencarnação e mediunidade: os bons médiuns.
2008 – Reencarnação e mediunidade: da formação do médium.
2009 – As leis da comunicação espírita: a construção da Casa Espírita.
2010 – A Casa Espírita e os médiuns.
2011 – A Casa Espírita e o trabalho em equipe.
2012 – A Casa Espírita, o corpo mediúnico e o trabalho assistencial.
2013 – A Casa Espírita, o médium e a divulgação doutrinária.
2014 – Existem espíritos?
2015 – O maravilhoso e o sobrenatural.
2016 – Método.
2017 – Sistemas.
2018 – Ação dos Espíritos sobre a Matéria

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Objetivo Geral:

• Apresentar a ação dos espíritos sobre a matéria como um


fenômeno natural.

Introdução:

“O Espiritismo é a nova ciência que veio revelar aos homens, com


provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as
suas relações com o mundo corporal. O Espiritismo nos mostra esse
mundo, não como algo sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças
vivas e incessantemente atuantes da Natureza; como a fonte de uma
infinidade de fenômenos, até então incompreendidos e, por essa razão,
rejeitados como pertencentes ao domínio do fantástico e do maravilhoso”.
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, item 5.)

A Doutrina Espírita nos revelou a existência de um mundo invisível, que


acotovela o mundo corpóreo, habitado por seres incorpóreos. Esses seres
são as almas dos homens despojadas de seu envoltório corporal. Toda uma
nova ordem de ideias sobre esse mundo invisível chegou ao homem.
O século 19 foi o espaço-tempo escolhido pelos Espíritos para uma nova
revolução de ideias. A compreensão e os conceitos sobre mundo e vida
espiritual foram modificados pela Ciência, naquele século. Não foi apenas a
confirmação da existência dos Espíritos, mas a comprovação da sua indivi-
dualidade e da comunicabilidade entre os dois mundos.
Qual a autoridade da Doutrina Espírita, em seus novos conceitos, sobre
os Espíritos e a vida espiritual?
Como agem os Espíritos sobre a matéria?
Agora, no capítulo I, da segunda parte – Ação dos Espíritos sobre a
Matéria – Kardec nos apresenta o elemento básico ao entendimento de
todos os fenômenos mediúnicos.

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Tema 1 – Considerações morais: a existência dos Espíritos e suas


manifestações

Deste modo, também nós,


circundados como estamos de tal nuvem de testemunhas,
deixando de lado todo o impedimento e todo o pecado,
corramos com perseverança a prova que nos é proposta(...)
Paulo de Tarso
(Hebreus, 12:1.)

Objetivos específicos:

– Reconhecer que o fato espírita foi testemunhado por diversas


civilizações e fundamenta crenças antigas e modernas.
– Apresentar a natureza do ser inteligente.

Pode a alma se manifestar após a morte aos vivos?


Como a hipótese espírita comprovou a manifestação dos Espíritos junto a
nós?

“Poder-se-ia perguntar por que seres inteligentes, que vivem, de algum


modo, no nosso meio, embora invisíveis pela sua natureza, não poderiam
demonstrar, de alguma forma, sua presença.”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 2 parte, cap. I, item 52.)

A crença universal nas manifestações das almas aos vivos encontra-se


nos Livros Sagrados de todas as religiões e é sancionada pelo testemunho
dos Pais da Igreja.1

1
Padres da Igreja, Santos Padres ou Pais da Igreja foram influentes teólogos, professores e mestres cristãos na grande
maioria católicos e importantes bispos. (Wikipedia)

O título “Pai”, aplicado historicamente a alguns líderes cristãos, surgiu devido à reverência que muitos nutriam pelos bispos dos
primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de “Pais” devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja. (Comunidade A
Bíblia.net)

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As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos e


os mortos eram gerais entre os povos da Antiguidade. (...)
Os anais de todas as nações mostram que, desde épocas remotíssimas
da História, a evocação dos Espíritos era praticada por certos homens que
tinham feito disso uma especialidade.
O mais antigo código religioso que se conhece, os Vedas, aparecido
milhares de anos antes de Jesus Cristo, afirma a existência dos Espíritos.
(...)
Desde tempos imemoriais, os padres iniciados nos mistérios preparam
indivíduos chamados faquires para a evocação dos Espíritos e para a
obtenção dos mais notáveis fenômenos do magnetismo.
(Gabriel Delanne. O Fenômeno Espírita, cap. I.)

Por que, então, os fenômenos não foram interpretados do mesmo modo até
o advento da Doutrina dos Espíritos?

O Espiritismo se encontra por toda a parte na Antiguidade e em todas as


épocas da humanidade. Em todas as regiões acham-se vestígios dele nos
escritos, nas crenças e nos monumentos; é por isso que, se a Doutrina
Espírita abre novos horizontes para o futuro, também lança uma luz não
menos elucidativa sobre os mistérios do passado.
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução.)

Observemos as diferentes interpretações sobre os fenômenos naturais


antes das descobertas científicas do século 19...

• Muitas doenças foram consideradas o resultado da ação de demônios.


Epidemias, que dizimaram populações na Idade Média, foram
compreendidas após a descoberta do mundo invisível, infinitesimal,
dos micro-organismos. O microscópio e Pasteur apresentam os
agentes responsáveis por doenças que foram incuráveis e mortais
durante séculos. O conhecimento da microbiologia revolucionou os
diagnósticos e tratamentos dessas patologias.

• Esses mesmos demônios também foram responsabilizados pelos


fatos mediúnicos em todos os tempos, pelos teólogos ortodoxos.
Desse modo, a comunicação mediúnica foi temida e proscrita dos ritos
religiosos ocidentais.

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

• Numa corrente oposta, muitas manifestações foram atribuídas aos


santos e aos seus milagres, pois promoviam curas, prodígios e tantos
outros atos “extraordinários” que nada mais eram que efeitos de uma
lei natural ainda desconhecida.

A Doutrina dos Espíritos revelou que:


• Não existem demônios nem santos.
• Os comunicantes são as almas dos homens que viveram na Terra.

À semelhança da Ciência do século 19, o Espiritismo também alargou o


conhecimento do homem sobre si mesmo e o mundo que o cerca.

Não é apenas um homem, um profeta que vem nos advertir, a luz surge
de toda a parte; é todo um mundo novo que se desenrola aos nossos olhos.
Como a invenção do microscópio nos revelou o mundo dos infinitamente
pequenos, de que nós não suspeitávamos; como o telescópio nos revelou
os milhares de mundos, de que também não suspeitávamos, as comuni-
cações espíritas nos revelam o mundo invisível que nos cerca, nos
acotovela incessantemente e toma parte, contra a nossa vontade, em tudo
o que fazemos.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, Conclusão VIII.)

Se devêssemos acreditar apenas no que vimos com os nossos olhos,


nossas convicções se reduziriam a bem pouca coisa.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. II, item 17.)

Estabelecida a realidade do mundo invisível e da ação dos seus


habitantes junto aos homens pelos fatos mediúnicos, a doutrina dos espíritos
ofereceu condições de compreender a variedade das manifestações.

Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens e não sendo os


homens perfeitos, daí resulta que há Espíritos igualmente imperfeitos e cujo
caráter se reflete nas suas comunicações. É um fato incontestável haver,
entre eles, maus, astuciosos, profundamente hipócritas, contra os quais é
preciso acautelar-se; mas, o fato de encontrarmos, no mundo, homens
perversos, será motivo para fugir de toda a sociedade? Deus nos deu a
razão e o discernimento para apreciar os Espíritos, tanto quanto os
homens.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 46.)

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O conhecimento sobre a diversidade dos habitantes do mundo invisível,


obtido pela observação dos fatos mediúnicos, estabeleceu novas regras de
convivência entre os homens e os Espíritos; assim como as forças da
natureza, temidas, e, por isso, reverenciadas, tornaram-se compreensíveis
com o avanço da Ciência. Mais ainda, passaram a ser utilizadas em benefí-
cio do homem.

Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, esta crença está
necessariamente baseada na existência de um princípio inteligente fora da
matéria (...)
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 1.)

Desde o momento em que se admita a existência da alma e sua


individualidade após a morte, é preciso admitir também: 1o) que ela é de uma
natureza diferente da do corpo, já que, uma vez separada deste, não mais
possui suas propriedades; 2o) que ela goza da consciência de si mesma,
visto que a ela se atribuem a alegria ou o sofrimento (...)
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 2.)

Conclusão:

(...) o Espírito é o ser principal, já que é o ser que pensa e que sobrevive.
O corpo é, portanto, apenas um acessório do Espírito, um envoltório, uma
veste que ele deixa, quando está usada. (...) O Espírito não é, portanto, um
ponto, uma abstração, mas um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser
visível e palpável para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então,
não agiria sobre a matéria?
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 3.)

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Tema 2: Que corpo é esse?

“Há corpos celestes e há corpos terrestres.


São, porém, diversos o brilho dos celestes
e o brilho dos terrestres.”
Paulo de Tarso
a
(1 Epístola aos Coríntios, 15:40.)

Objetivos Específicos:

– Reconhecer a existência de um elo semimaterial entre a alma e o corpo


material.
– Constatar que esse elo é parte integrante do espírito e constitui seu corpo
de relação, mesmo após o desencarne.
– Compreender a participação desse corpo nos fenômenos anímicos e
mediúnicos.

A alma escapa, por sua natureza, à destruição, pois que se manifesta, em


toda sua plenitude, após a desagregação do corpo; é, pois, imaterial e
imortal.
(...)
Corpo e alma são, portanto, essencialmente distintos: um, notável por suas
transformações incessantes; a outra, pela imutabilidade de sua essência.
Apresentam qualidades radicalmente opostas, mas verificamos que vivem
em perfeita harmonia e exercem influências recíprocas.
a
(Gabriel Delanne. O Espiritismo Perante a Ciência, 4 parte, cap. 1.)

Sendo o Espírito imaterial e imortal, como pode agir sobre a matéria,


inclusive a do próprio corpo?

Para responder a esta pergunta, temos que refletir:

O que é matéria para ciência humana?

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Matéria é qualquer substância que ocupa lugar no espaço. Do latim, materia


(substância física), é qualquer coisa que possui massa. É tudo o que tem
volume, podendo se apresentar no estado sólido, líquido ou gasoso.
(www.significados.com.br)

Quanto o entendimento de matéria se modificou ao longo do tempo?

O conceito de matéria vem mudando ao longo da história da Humanidade.


Inicialmente, eram questionamentos empíricos. À medida que os ramos das
ciências foram se organizando, as pesquisas sobre matéria se tornaram cada
vez mais sofisticadas, utilizando tecnologia avançada. Contudo, até hoje, a
Ciência ainda não tem um conceito definitivo sobre matéria.

Demócrito e Leucipo, filósofos gregos, em meados de 450 a.C., foram os


primeiros a considerarem que tudo era formado por partículas indivisíveis,
que eles denominaram de átomo. Hoje se sabe que o átomo é formado de
partes ainda menores e que “a matéria é mais um grande vazio do que algo
realmente compacto, uma vez que a quase totalidade da massa do átomo
está concentrada no seu núcleo”.
(Allan Kardec. A Gênese, cap. XIV, item 6, nota 198.)

Q. 22 – Geralmente, define-se como matéria, o que tem extensão, o que


pode impressionar nossos sentidos, o que é impenetrável; estas definições
são exatas?
“Do vosso ponto de vista isto é exato, porque não falais senão do que
conheceis; mas a matéria existe em estados que vos são desconhecidos;
ela pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão
cause nos vossos sentidos; entretanto, é sempre matéria; mas para vós,
não o seria.”
a) Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o elo que acorrenta o espírito; é o instrumento que lhe serve e
sobre o qual, ao mesmo tempo, ele exerce sua ação.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.)

Apesar dos diversos conceitos de matéria formulados pelos cientistas, os


Espíritos nos revelaram, no século 19, a existência de estados da matéria
que desconhecíamos.

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A matéria aparece aos nossos sentidos sob três estados bem diferentes:
sólido, líquido e gasoso. Existe, provavelmente, uma infinidade de estados da
matéria, mas não conhecemos senão três. Crookes nos fez entrever um
quarto.
Por uma série de experiências, feitas com rara exatidão, demonstrou ele o
estado entrevisto por Faraday, denominando-a matéria radiante.
(Willian Crookes. Fatos Espíritas, Introdução.)

Para saber mais:

História da Matéria em vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=yFNXCagvPM4&feature=youtu.be

Estudo sobre Ondas em vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=vFAMkaVWiAU&feature=youtu.be

Gravidade em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=J8MzNTbQmfQ&feature=youtu.be

Tubos de Crookes em vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=_Pwrvn2Zl5U&feature=youtu.be

A matéria que não impressiona os sentidos é apresentada sob o conceito de


fluido.

Q. 27 – “(...) ao elemento material é preciso acrescentar o fluido universal


que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria,
propriamente dita, muito grosseira para que o espírito possa exercer uma
ação sobre ela. Embora, sob um certo ponto de vista, se possa identificá-lo
com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais;
se ele fosse positivamente matéria, não haveria razão para que o espírito
também não o fosse. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido,
como a matéria é matéria, suscetível, por inúmeras combinações com esta e
sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas das quais
conheceis apenas uma parte insuficiente.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.)

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Posteriormente, em A Gênese, cap. XIV, item 2, Kardec nos explica que o


fluido cósmico universal apresenta dois estados: o de eterização e o de
materialização. A transformação deste fluido primitivo dá origem aos diversos
corpos da Natureza.

Transformação do fluido em matéria tangível: seus pontos intermediários.

Eterização Materialização

Pois bem, por mais quintessenciada que seja a matéria, por minúscula e
impalpável que a Ciência no-la mostre, ela é, ainda, grosseira em relação ao
Espírito, que é uma essência, um ser ainda infinitamente mais sutil. É neste
sentido que entendemos a palavra imaterial, aplicada à alma; esta é de tal
forma imponderável, que não pode ter nenhum ponto de contato com a
matéria que conhecemos na Terra.
a
(Gabriel Delanne. O Espiritismo Perante a Ciência, 4 parte, cap. 1.)
www.autoresespiritasclassicos.com

Cogitando sobre a natureza dos Espíritos e sabendo que a matéria se


apresenta em estados desconhecidos por nós, Kardec pergunta, em O Livro
dos Espíritos:

Q. 93. O Espírito, propriamente dito, está a descoberto ou, como alguns o


pretendem, encontra-se envolto numa substância qualquer?

“O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para ti, porém, ainda
muito grosseira para nós; todavia, bastante vaporosa para poder elevar-se na
atmosfera e transportar-se para onde ele queira.”
NK: Como o gérmen de um fruto está envolto pelo perisperma, assim
também o Espírito, propriamente dito, reveste-se de um invólucro que, por
comparação, pode-se chamar de perispírito.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.)

O perispírito, “apesar de fluídico, etéreo, vaporoso, invisível para nós, no seu


estado normal, não deixa de ser matéria, embora, até o presente, não
tenhamos podido apropriar-nos dela e submetê-la à análise.”
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 54.)

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Pela observação e pela experiência, fomos levados a comprovar que o


invólucro da alma é material, pois que pode ser visto, tocado, fotografado.
Mas, é evidente que essa matéria difere, pelo menos quanto ao seu estado
físico, da matéria com que estamos diariamente em contato.
O perispírito existente no corpo humano não nos é visível; não tem peso
apreciável e, quando sai do corpo para se mostrar longe deste, verifica-se
que nada lhe pode opor obstáculo.
a
(Gabriel Delanne. A Alma é Imortal, 3 parte, cap. 1, O que é preciso se estude.)
www.autoresespiritasclassicos.com

Portanto, para agir sobre a matéria, seja sobre seu próprio corpo material,
estando encarnado, ou para produzir as manifestações sensíveis, o Espírito
necessita de um instrumento ou agente. Esse instrumento é o perispírito.

Assim entendemos melhor a resposta dos Espíritos, em O Livro dos


Espíritos, na subquestão:

Q. 22a) “A matéria é o elo que acorrenta o espírito; é o instrumento que lhe


serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, ele exerce sua ação.”

NK – Desse ponto de vista, pode-se dizer que a matéria é o agente, o


intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual o espírito age.

“O corpo perispiritual e o corpo carnal têm, assim, a sua origem no mesmo


elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que sob dois estados
diferentes.”
(Allan Kardec. A Gênese, cap. XIV, Os Fluidos, item 7.)

Pôde-se concluir então que há, no homem, três coisas:


1o) a alma ou Espírito, que é o princípio inteligente;
2o) o corpo, envoltório material e temporário;
3o) o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de elo entre a
alma e o corpo.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questão 135 e O Livro dos Médiuns, cap. I, item 54.)

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Esse segundo envoltório da alma, ou perispírito, existe, portanto, durante a


vida corporal; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito
percebe, aquele através do qual o Espírito transmite sua vontade ao exterior
e age sobre os órgãos. Para nos servir de uma comparação material, é o fio
elétrico condutor, que serve para a recepção e transmissão do pensamento.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 54.)

Mas, se verdadeiramente a alma possui um envoltório, há de ser possível


comprovar-se-lhe a realidade durante a vida terrena. É, com efeito, o que se
dá. Abriram-nos o caminho os fenômenos de desdobramento do ser humano,
denominados por vezes de bicorporeidade.
(Gabriel Delanne. A Alma é Imortal, Introdução.)
www.autoresespiritasclassicos.com

O Livro dos Espíritos (2a edição. CELD.)


Q. 400 – O Espírito encarnado permanece de bom grado sob seu envoltório
corporal?

“É como se perguntasses se ao prisioneiro agrada estar encarcerado. O


espírito encarnado aspira, incessantemente, à libertação e, quanto mais
grosseiro é seu envoltório, mais deseja dele se livrar.”

Q. 407 – O sono completo é necessário para a emancipação do Espírito?

“Não; o Espírito recobra a sua liberdade, quando os sentidos se entorpecem;


ele aproveita, para emancipar-se, todos os instantes de trégua que o corpo
lhe dá. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende
e, quanto mais fraco for o corpo, mais livre é o Espírito.”
É assim que a sonolência ou um simples torpor dos sentidos apresenta, frequentemente, as mesmas
imagens do sonho.

Para saber mais (anexo):


Sonambulismo Natural, em O Espiritismo perante a Ciência,
de Gabriel Delanne (www.autoresespiritasclassicos.com)

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Léon Denis nos esclarece ainda:

Às vezes, a alma, desligada dos laços corporais, comunica-se por meio do


sono, com outras pessoas vivas ou falecidas, e delas recebe indicações e
avisos.
(Léon Denis. No Invisível, cap. XII.)

“Os fantasmas dos vivos agem sobre a matéria; eles abrem e fecham portas,
agitam sinetas, fazem ouvir acordes em pianos fechados. Eles impressionam
os animais domésticos, deixam marcas de mãos e de dedos sobre a poeira
dos móveis, e até, às vezes, comunicações escritas que permanecem como
uma prova irrecusável de sua passagem.”
(Léon Denis. No Invisível, cap. XII.)

No estado de desprendimento durante o sono, o Espírito atua às vezes sobre


a matéria e produz ruídos e deslocamento de objetos. Manifesta-se
finalmente, depois da morte, em graus diversos de condensação, nas
materializações parciais ou totais, nas fotografias e nos moldes, até a ponto
de reproduzir certas deformidades.
(Léon Denis. No Invisível, cap. XII.)

Portanto:

(...) seja durante sua união com o corpo, seja depois de sua separação, a
alma nunca está separada de seu perispírito.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 54.)

A morte é a destruição, ou melhor, a desagregação do grosseiro envoltório,


aquele que a alma abandona; o outro se desliga deste e segue a alma, que,
desta maneira, tem sempre um envoltório (...)
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 54.)

(...) Este invólucro semimaterial, que tem a forma humana, constitui para ele
um corpo fluídico, vaporoso, mas que, por ser invisível para nós, no seu
estado normal, não deixa de possuir algumas das propriedades da matéria.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 3.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

“A forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, é,


geralmente, aquela com a qual conhecemos o Espírito, enquanto encarnado.
(..). A forma humana, com mínimas diferenças e excetuando-se as
modificações orgânicas necessárias ao meio no qual o ser é chamado a
viver, encontra-se nos habitantes de todos os globos;(...) é aquela com que,
em todos os tempos, representaram-se os anjos ou puros Espíritos. Daí,
devemos concluir que a forma humana é a forma típica de todos os seres
humanos, qualquer que seja o grau em que se achem.”
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. I, item 56.)

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma, após a morte?


“Não tendes esta prova, através das comunicações que recebeis? Se não
fôsseis cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois, com muita
frequência, uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está
fora de vós.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.)

284. Como os Espíritos, que não possuem mais corpo, podem constatar sua
individualidade e se distinguir dos outros seres espirituais que os rodeiam?
“Constatam suas individualidades através do perispírito, que deles faz seres
distintos uns dos outros, como o corpo faz, entre os homens.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.)

Conclusão:

A alma, para progredir, sempre tem necessidade de um agente; ela, sem


agente, nada é para vós, ou, melhor dizendo, não pode ser concebida por
vós. O perispírito, para nós outros, Espíritos errantes, é o agente pelo qual
nos comunicamos convosco, quer indiretamente, através do vosso corpo ou
vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; daí, infinitos matizes
de médiuns e de comunicações.
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 51.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Tema 3: Mecanismo da ação dos Espíritos sobre a matéria: uma


explicação necessária.

“Examina, pois, se a luz que há em ti não é escuridão.


Se todo o teu corpo está iluminado,
não tendo parte alguma tenebrosa, todo ele será luminoso,
como quando a candeia te ilumina com o seu fulgor.”
Jesus
(Lucas, 11:35 e 36.)

Objetivo específico:

– Reconhecer que o perispírito permite ao Espírito agir sobre a matéria, em


razão de propriedades específicas.

Nos temas anteriores, Kardec nos trouxe significativas considerações sobre a


natureza do ser pensante para compreensão de sua ação:

São elas:
• O corpo físico é apenas um acessório.
• O ser pensante é limitado e circunscrito.
• Após a morte, o ser pensante conserva sua individualidade; pode ser
reconhecido.
• A forma humana é a forma de todos os Espíritos.
• Diante do fenômeno “morte”, o Espírito carrega consigo o corpo fluídico:
perispírito.
• Esse corpo fluídico é formado de matéria sutil.
• Existem mais estados da matéria, além dos que conhecemos (mais
rarefeitos).

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

É Gabriel Delanne quem nos diz:

Há, pois, numerosos pontos de contato entre a humanidade e a espiri-


tualidade, e a distância que parecia separar o mundo visível do invisível está
consideravelmente diminuída. Se demonstrarmos que esse mundo é
formado de matéria como o nosso, que os Espíritos também têm um
corpo material, as diferenças que pareciam tão radicais se reduzirão a
simples nuanças.
a
(Gabriel Delanne. O Espiritismo Perante a Ciência, 4 parte, cap. 1, Que é o perispírito.)
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Com as descobertas científicas do século 19, muitas concepções caíram por


terra. A ciência espírita comprovou a existência de um mundo invisível no
qual vivemos, que nos cerca e incessantemente nos acotovela.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 1 parte, cap. 1, item 2.)

É preciso refletir com Kardec:

Qual a contribuição da Doutrina Espírita para o entendimento do mecanismo


da ação dos Espíritos sobre a matéria?

Vejamos, com o codificador, o item 57, de O Livro dos Médiuns:

(...) embora fluídico, ele (o perispírito) não deixa de ser uma espécie de
matéria, e isto resulta do fato das aparições tangíveis, às quais
retornaremos. Sob a influência de certos médiuns, tem-se visto aparecerem
mãos com todas as propriedades de mãos vivas, que possuem calor, que
podem ser apalpadas, que oferecem a resistência de um corpo sólido, que
vos seguram e que, de repente, se dissipam, como uma sombra. (...)

Pelo desconhecimento da verdadeira natureza do Espírito à época, teve-se


dificuldade em perceber como ele pode atuar sobre a matéria. “O Espírito
não é, portanto, um ponto, uma abstração, mas um ser limitado e circuns-
crito, ao qual só falta ser visível e palpável para se assemelhar aos seres
humanos. Por que, então, não agiria sobre a matéria?”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 1 parte, cap. 1, item 3.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Constatamos que para que essa ação se faça presente, o ser pensante
necessita de um agente (semimaterial): o perispírito.

E que este agente:


• É parte integrante do Espírito.
• (...) sozinho não representa o Espírito (...), pois não pensa.
• Teve sua existência, função e propriedades (meios de percepção e
desprendimento) reveladas pelos Espíritos e comprovadas pela ciência
espírita, através da observação incansável dos fatos (anímicos e mediú-
nicos), que se fizeram presentes nas mais diversas materializações, que
evidenciaram partes do corpo humano com características específicas:
textura, tangibilidade e calor.

Aliás, a continuidade do ser se revela bem claramente pelas apa-


rições que se verificam algumas horas depois da morte. Tudo se passa
como se o indivíduo que aparece ainda estivesse vivo. O perispírito que
acaba de deixar o corpo lhe retraça fielmente não só a imagem, como
também a configuração física, que se patenteia pelas marcas que
deixa no papel enegrecido e pelas moldagens!
(Gabriel Delanne. A Alma é Imortal, capítulo 3,
Fotografias e Moldagens de Formas de Espíritos Desencarnados.)
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Consideremos que:

O Espírito necessita, portanto, de matéria para agir sobre a maté-


ria. Possui por instrumento direto, seu perispírito, (....) tem, por agente
intermediário, o fluido universal, espécie de veículo sobre o qual ele
age (...) Encarada desta maneira, facilmente se concebe a ação do
Espírito sobre a matéria.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 2 parte, cap. 1, item 58.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Gabriel Delanne afirma:

A conservação do perispírito após a morte faculta se compreenda que


a integridade da vida psíquica não se destrói, apesar do desapare-
cimento do cérebro material que parecia indispensável à sua mani-
festação. Durante a vida, o perispírito existe, sabemo-lo sem sombra de
dúvida, e desempenha papel notável na vida fisiológica e psíquica do ser,
pois, desde que ele sobrevive ao organismo, é que era absolutamente
diferente deste. O ser humano então nos aparece qual realmente é: uma
forma, pela qual passa a matéria. Quando se acha gasta a energia que
fazia funcionar essa máquina; quando, numa palavra, a força vital se
transformou completamente, a matéria fica sem poder mais incorporar-
se, o corpo físico se desagrega, seus elementos voltam à terra e a alma,
revestida sempre de sua forma espiritual, continua no espaço a sua
evolução sem fim.
(Gabriel Delanne. A Alma é Imortal, Conclusão.)
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Talvez perguntem como o Espírito, com o auxílio de matéria tão sutil,


pode agir sobre corpos pesados e compactos, suspender mesas, etc.
(...) o que há de estranho em admitir que o Espírito, com o auxílio de seu
perispírito, possa suspender uma mesa, principalmente, quando se sabe
que este perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como
um corpo sólido?
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 2 parte, cap. 1, Item 59.)

Para saber mais:


Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 1a parte, cap. 2, item 8.

Conclusão:

Embora em diversas épocas tenha sido afirmada a existência do


perispírito, foi ao Espiritismo que coube determinar o seu papel exato
e a sua natureza. Graças às experiências de Crookes e de outros sábios
ingleses, sabemos que o perispírito é o instrumento com cujo auxílio
se executam todos os fenômenos do Magnetismo e do Espiritismo.
Esse organismo espiritual, semelhante ao corpo material, é um verdadeiro
reservatório de fluídos, que a alma põe em ação pela sua vontade. (...)
a
(Léon Denis. Depois da Morte, 3 parte, cap. 21.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Anexo:

Texto 1: Sonambulismo Natural

Após fatigante jornada, quando repousamos os membros lassos,


sentimos pouco a pouco que um bem-estar nos invade; produz-se uma
tranquilidade geral, uma calma no cérebro; nossos olhos se fecham,
dormimos. Que atos se realizam durante essa suspensão da vida ativa?
O sono tem por caráter essencial romper a solidariedade que existe,
habitualmente, entre as diferentes partes do corpo, entre as diversas funções
do organismo, entre as múltiplas faculdades do homem. Durante esse tempo,
cada uma das unidades que compõem o todo concentra em si mesma a
força que lhe é própria, isola-se das outras, e assim o corpo se separa do
mundo exterior pelo repouso dos sentidos.
Até aqui se emitiram as mais contraditórias teorias para explicar esse
estado, mas é também inteiramente difícil compreender a situação em que
nos encontramos quando não se está dormindo, porque a vida é repartida
por períodos de atividade e de repouso que não são menos naturais, nem
menos normal, um do que o outro. O sono não é, pois, como alguns o
pretenderam, a imagem da morte.
Estudando com Longet os sintomas que se manifestam nos seres que
vão dormir, verificamos que o sono não se apodera bruscamente de nós:
nossos órgãos amortecem, sucessivamente, em graus variáveis; alguns
velam ainda, enquanto outros já estão mergulhados em completo
entorpecimento. Em geral, são os músculos dos membros os que primeiro se
relaxam e enfraquecem. Os braços e as pernas, imobilizados, ficam na
posição escolhida e que está em relação com a forma das articulações e das
principais massas musculares.
Depois dos membros, são os músculos voluntários do tronco que se
afrouxam; na calma da noite, nossos sentidos inativos não recebem qualquer
impressão de fora, e esta inação, que favorece a sonolência, é logo seguida
de uma atonia completa. Quase sempre, a vista é o sentido que primeiro
enfraquece; o olhar fatigado se embacia, perde o brilho e se fixa em objetos
que não vê mais, ao mesmo tempo em que a pálpebra se fecha; depois, é o
ouvido que adormece e termina a sucessão dos fenômenos que assinalaram
a invasão do sono.
É de notar que o ouvido, tão rebelde à fadiga, resiste também por último
aos ataques da morte; ouve-se, ainda, quando os demais sentidos já
cessaram de viver, assim como se percebem sons, quando os diferentes
órgãos já se acham adormecidos. Outra circunstância singular é a seguinte:
é pelo ouvido que penetram, as mais das vezes, as influências soporíficas, e

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

o ouvido vigia, ainda, quando o corpo, por sua ação, não é mais do que
uma massa inerte. Sabe-se, com efeito, com que facilidade a monotonia de
um som aniquila o conhecimento: o ruído de uma queda d'água, o murmúrio
do vento através das grandes árvores, as melopeias dolentes, as ingênuas e
tocantes cantigas das mães, embalando os filhos, são tantas provas do que
dizemos.
O gosto, o olfato, o tato cessam, geralmente de manifestar propriedades
ativas desde os primeiros sinais do sono, que podemos encarar como o
repouso do corpo. É durante esse estado que os órgãos e os sentidos
recuperam a força nervosa que despenderam durante a vigília, e quando a
máquina humana se torna novamente apta às funções da vida de relação, o
homem desperta.
A série de atos que acabamos de descrever é a que se exerce normal-
mente. Não indicamos os casos particulares que podem apresentar-se e que
variam conforme os indivíduos, mas existe um ponto em que é bom insistir,
porque nos porá na via das explicações relativas aos sonhos: é a marcha
decrescente das faculdades, no momento do sono.
Pode muito bem acontecer que a percepção ou o poder de conhecer se
extinga em nós, antes que os sentidos adormeçam. Com efeito, quantas
vezes, após laboriosas vigílias, sucede-nos deixar cair um livro no qual já não
distinguíamos senão pontinhos pretos. Um pouco antes, víamos estas letras,
nós as reuníamos, líamos, mas já não concebíamos; mais tarde, víamos,
mas não líamos, perdíamos a consciência de nosso estado. Nesse último
caso, é incontestável que a percepção enfraquece antes do sentido que
transmite a impressão.
Outras vezes, ao contrário, o órgão sensorial adormece antes da concep-
ção, de sorte que a última imagem percebida serve de ponto de partida a
uma série de ideias que nascem em razão do gênero de trabalho do
indivíduo. Que a ideia de luz seja, por exemplo, a última recebida pelos
sentidos; ao físico, ela irá levar o espírito ao estudo da luz; ele reverá as
experiências múltiplas da refração, da polarização etc., cujos inumeráveis
problemas poderão desfilar diante dele; ao fisiologista, lembrará os mistérios
da visão; ao pintor, quadros mágicos, esplêndidos ocasos, auroras imacula-
das; ao homem do Mundo, festas e saraus.
Ora, como todas essas visões interiores podem ser determinadas por
uma ou várias sensações finais, produzidas nos órgãos dos sentidos, e como
são elas capazes de atuar simultaneamente, as faculdades do espírito se
misturam umas às outras, produzindo as mais fantásticas e extraordinárias
associações de ideias. É precisamente o que acontece no sonho habitual,
que sobrevém, muitas vezes, também, por causas puramente materiais, que
agem no corpo adormecido.

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

O sono, pois, no momento mesmo em que sobrevém, destrói a solidarie-


dade que existe entre as diversas faculdades do espírito, de maneira que
elas adormecem sucessivamente; quando uma delas fica em atividade,
adquire uma força tão grande que nenhuma sensação externa lhe neutraliza
a ação.
a
(Gabriel Delanne. O Espiritismo Perante a Ciência, 2 parte, Cap.II, 1º ao 12º§.)
www.autoresespiritasclassicos.com. Acessado em: 24/4/18.

Texto 2: Introdução: Demonstração experimental da imortalidade

O Espiritismo projeta luz nova sobre o problema da natureza da alma.


Fazendo que a experimentação interviesse na filosofia, isto é, numa ciência
que, como instrumento de pesquisa, apenas empregava o senso íntimo, ele
possibilitou que o Espírito seja visto de maneira efetiva e que todos se
certifiquem de que até então o mesmo Espírito estivera muito mal
conhecido.
O estudo do eu, isto é, do funcionamento da sensibilidade, da inteligên-
cia e da vontade, faz que se perceba a atividade da alma, no momento em
que essa atividade se exerce, porém nada nos diz sobre o lugar onde se
passam tais fenômenos, que não parecem guardar entre si outra relação,
afora a da continuidade. Entretanto, os recentes progressos da psicologia
fisiológica demonstraram que íntima dependência existe entre a vida
psíquica e as condições orgânicas de suas manifestações. A todo estado
da alma corresponde uma modificação molecular da substância cerebral e
reciprocamente. Mas, param aí as observações e a ciência se revela inca-
paz de explicar por que a matéria que substitui a que é destruída pela usura
vital conserva as impressões anteriores do espírito.
A ciência espírita se apresenta, justo, para preencher essa lacuna,
provando que a alma não é uma entidade ideal, uma substância imaterial
sem extensão e sim que é provida de um corpo sutil, onde se registram os
fenômenos da vida mental e a que foi dado o nome de perispírito. Assim
como, no homem vivo, importa distinguir do espírito a matéria que o
incorpora, também não se deve confundir o perispírito com a alma. O eu
pensante é inteiramente distinto do seu envoltório e não se poderia
identificar com este, do mesmo modo que a veste não se identifica com o
corpo físico. Todavia, entre o espírito e o perispírito existem as mais estrei-
tas conexões, porquanto são inseparáveis um do outro, como mais tarde o
veremos.

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Quererá isto dizer que encontramos a verdadeira natureza da alma?


Não, visto que esta se mantém inacessível, tanto quanto, aliás, a essência
da matéria. Vemos, no entanto, descoberta uma condição, uma maneira de
ser do espírito, que explica grande cópia de fenômenos, até então
insolúveis.
Evolveram, com o correr das idades, as concepções sobre a natureza
da alma, desde a mais grosseira materialidade, até a espiritualidade abso-
luta. Os trabalhos dos filósofos, tanto quanto os ensinos religiosos, nos
habituaram a considerar a alma como pura essência, como uma chama
imaterial. Tão diferentes formas de ver prendem-se à maneira pela qual se
encara a alma. Se estudada objetivamente, fora do organismo humano,
durante as aparições, ela às vezes se afigura tão material, quanto o corpo
físico. Se observada em si mesma, parece que o pensamento é a sua
característica única. Todas as observações da primeira categoria foram
atiradas ao rol das superstições populares e prevaleceu a ideia de uma
alma sem corpo. Nessas condições, impossível se tornava compreender
por que processo podia essa entidade atuar sobre a matéria do corpo ou
dele receber as impressões. Como se havia de imaginar que uma subs-
tância sem extensão e, conseguintemente, fora da extensão, pudesse atuar
sobre a extensão, isto é, sobre corpos materiais?
Ao mesmo tempo em que nos ensinam a espiritualidade da alma, ensi-
nam-nos a sua imortalidade. Como explicar, porém, que essa alma conser-
ve suas lembranças? Neste mundo, temos um corpo definido pela sua
forma de envoltório físico, um cérebro que se afigura o arquivo da nossa
vida mental; mas, quando esse corpo morre, quando esse substrato físico é
destruído, que sucede às lembranças da nossa existência atual? Onde se
localizarão as aquisições da nossa atividade física, sem as quais não há
possibilidade de vida intelectual? Estará a alma destinada a fundir-se na
erraticidade, a se apagar no Grande Todo, perdendo a sua personalidade?
São rigorosas estas consequências, porquanto a alma não poderia sub-
sistir sem uma forma que a individualizasse. No oceano, uma gota d’água
não se pode distinguir das que a cercam, não se diferencia das outras
partes do líquido, a não ser que se ache contida nalguma coisa que a
delimite, ou que, isolada, tome a forma esférica, sem o que ela se perde na
massa e já não tem existência distinta.
O Espiritismo nos leva a comprovar que a alma é sempre inseparável
de uma certa substancialidade material, porém com uma modalidade espe-
cial, extremamente rarefeita, cujo estado físico procuraremos definir. Essa
matéria possui formas variáveis, segundo o grau de evolução do espírito e
conforme ele esteja na Terra ou no espaço. O caso mais geral é o da alma
conforme ele esteja na Terra ou no espaço. O caso mais geral é o da alma
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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

conservar temporariamente, após a morte, o tipo que tinha o corpo físico


aqui na Terra. Esse ser invisível e imponderável pode, às vezes, em cir-
cunstâncias determinadas, assumir um caráter de objetividade, bastante
para afetar os sentidos e impressionar a chapa fotográfica, deixando assim
traços duráveis da sua ação, o que põe fora de causa toda tentativa de
explicação desse fenômeno mediante a ilusão ou a alucinação.
O nosso objetivo neste volume é apresentar algumas das provas que já
se possuem da existência de tal envoltório, a que foi dado o nome de
perispírito (de peri, em torno, e spiritus, espírito).
Para essa demonstração, recorreremos não só aos espíritas propria-
mente ditos, mas também aos magnetizadores espiritualistas e aos sábios
independentes que hão começado a explorar este domínio novo. Ao mesmo
tempo, facultado nos será comprovar que a corporeidade da alma não é
uma ideia nova, que teve numerosos partidários, desde que a humanidade
entrou a preocupar-se com a natureza do princípio pensante.
Veremos, primeiro, que a antiguidade, quase toda ela, mais ou menos
admitiu essa doutrina; eram, porém, vagos e incompletos os conhecimentos
de então sobre o corpo etéreo. Depois, à medida que se foi cavando o
fosso entre a alma e o corpo, que as duas substâncias mais e mais se
diferençavam, uma imensidade de teorias procuraram explicar a ação
recíproca que elas entre si exercem. Surgiram as almas mortais de Platão,
as almas animais e vegetativas de Aristóteles, o ochema e o eidolon dos
gregos, o nephesh dos hebreus, o baí dos egípcios, o corpo espiritual de
São Paulo, os espíritos animais de Descartes, o mediador plástico de
Cudworth, o organismo sutil de Leibnitz, ou a sua harmonia preestabe-
lecida; o influxo físico de Euler, o arqueu de Van Helmont, o corpo aromal
de Fourier, as ideias-força de Fouillée, etc. Todas essas hipóteses, que por
alguns de seus lados roçam a realidade, carecem do cunho de certeza que
o Espiritismo apresenta, porque não imagina, demonstra.
O espírito humano, pelo só esforço de suas especulações, jamais pode
estar certo de haver chegado até aí. É-lhe necessário o auxílio da ciência,
isto é, da observação e da experiência, para estabelecer as bases da sua
certeza. Não é, pois, guiados por ideias preconcebidas que os espíritas
proclamam a existência do perispírito: é, pura e simplesmente, porque essa
existência resulta, para eles, da observação.
Os magnetizadores já haviam chegado, por outros métodos, ao mesmo
resultado. Pela correspondência que permutaram Billot e Deleuze, bem
como pelas pesquisas de Cahagnet, veremos que a alma, após a morte,
conserva uma forma corporal que a identifica. Os médiuns, isto é, as
conserva uma forma corporal que a identifica. Os médiuns, isto é, as

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

pessoas que gozam – no estado normal – da faculdade de ver os Espíritos,


confirmam, em absoluto, o testemunho dos sonâmbulos.
Essas narrativas, entretanto, constituem uma série de documentos de
grande valor, mas ainda não nos dão uma prova material. Mostraremos, por
isso, que os espíritas fizeram todos os esforços por oferecer a prova
inatacável e que o conseguiram. As fotografias de Espíritos desencarnados,
as impressões por estes deixadas em substâncias moles ou friáveis, as
moldagens de formas perispirituais são outras tantas provas autênticas,
absolutas, irrecusáveis da existência da alma unida ao perispírito e tão
grande é hoje o número dessas provas, que impossível se tornou a dúvida.
Mas, se verdadeiramente a alma possui um envoltório, há de ser possí-
vel comprovar-se-lhe a realidade durante a vida terrena. É, com efeito, o
que se dá. Abriram-nos o caminho os fenômenos de desdobramento do ser
humano, denominados por vezes de bicorporeidade. Sabe-se em que eles
consistem. Estando, por exemplo, em Paris um indivíduo, pode a sua
imagem, o seu duplo mostrar-se noutra cidade, de maneira a ser ele
reconhecido. Há, no atual momento, mais de dois mil fatos, bem verificados,
de aparições de vivos. Veremos, no correr do nosso estudo, que não são
alucinatórias essas visões e por que caracteres especiais podemos certi-
ficarmo-nos da objetividade de algumas de tão curiosas manifestações psí-
quicas.
Os pesquisadores não se limitaram, porém, à observação pura e
simples de tais fenômenos, senão que também chegaram a reproduzi-los
experimentalmente. Verificaremos, com o senhor De Rochas, que a exte-
rioriza-ção da motricidade constitui, de certa forma, o esboço do que se
produz completamente durante o desdobramento do ser humano. Chega-
remos, afinal, à demonstração física da distinção existente entre a alma e o
corpo: fotografando a alma de um vivo, fora dos limites do seu organismo
material.
Para todo pesquisador imparcial, esse formidável conjunto de documen-
tos estabelece solidamente a existência do perispírito. A isso, contudo, não
deve limitar-se a nossa aspiração. Temos que perquirir de que matéria é
formado esse corpo. Quanto a isso, todavia, estamos reduzidos a hipóte-
ses; veremos, porém, estudando as circunstâncias que acompanham as
aparições dos vivos e dos mortos, ser possível encontrarem-se, nas últimas
descobertas científicas sobre a matéria radiante e os raios, preciosas
analogias que nos permitirão compreender o estado dessa substância
imponderável e invisível. Esperamos mostrar que nada se opõe, cientifi-
camente, à concepção de semelhante invólucro da alma. Desde então,
esse estudo entra no quadro das ciências ordinárias e não pode merecer a
censura de se achar eivado de sobrenatural ou de maravilhoso.
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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Apoiar-nos-emos longamente na identidade dos fenômenos produzidos


pela alma de um vivo, saída momentaneamente do seu corpo, e os que se
observam operados pelos Espíritos. Veremos que eles se assemelham de
tal sorte, que impossível se torna diferençá-los, a não ser por seus
caracteres psíquicos. Logo, e é esse um dos pontos mais importantes, há
continuidade real, absoluta, nas manifestações do Espírito, encarnado ou
não, em um corpo terrestre. Inútil, portanto, atribuir os fatos espíritas a
seres fictícios, a demônios, a elementais, cascas astrais, egrégoros, etc.
Forçoso será reconhecer que os produzem as almas que viveram na Terra.
Estudando os altos fenômenos do Espiritismo, fácil se nos tornará
demonstrar que o organismo fluídico contém todas as leis organogênicas
segundo as quais o corpo se forma. Aqui, o Espiritismo faz surgir uma ideia
nova, explicando como a forma típica do indivíduo pode manter-se durante
a vida toda, sem embargo da renovação incessante de todas as partes do
corpo. Simultaneamente, do ponto de vista psíquico, fácil se torna
compreender onde e como se conservam as nossas aquisições intelectuais.
Firmamos alhures i como concebemos o papel que o perispírito desem-
penha durante a encarnação; bastar-nos-á dizer agora que, graças à des-
coberta desse corpo fluídico, podemos explicar, cientificamente, de que
maneira a alma conserva a sua identidade na imortalidade.
Possam estes primeiros esboços de uma fisiologia psicológica transcen-
dental incitar os sábios a perscrutar tão maravilhoso domínio! Se os nossos
trabalhos derem em resultado trazer para as nossas fileiras alguns espíritos
independentes, não teremos perdido o nosso tempo; mas, qualquer que
seja o resultado dos nossos esforços, estamos seguros de que vem
próxima a época em que a ciência oficial, levada aos seus últimos redutos,
se verá obrigada a ocupar-se com o assunto que faz objeto das nossas
pesquisas. Nesse dia, o Espiritismo aparecerá qual realmente é: a Ciência
do Futuro.
(Gabriel Delanne. A Alma é Imortal.)
www.autoresespiritasclassicos.com Acessado em: 24/4/18.

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Texto 3: Lamennais

Eis a resposta dada por um Espírito, sobre este assunto:

“O que uns chamam perispírito não é outra coisa senão o que os outros
chamam de envoltório material fluídico. Direi, para me fazer compreender, de
uma forma mais lógica, que este fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a
extensão da visão e das ideias; falo, aqui, dos Espíritos elevados. Quanto
aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são completamente
inerentes; portanto, são como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome,
do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experi-
mentar, visto que os fluidos terrestres encontram-se depurados em torno do
pensamento, isto é, da alma. A alma, para progredir, sempre tem necessi-
dade de um agente; ela, sem agente, nada é para vós, ou, melhor dizendo,
não pode ser concebida por vós. O perispírito, para nós outros, Espíritos
errantes, é o agente pelo qual nos comunicamos convosco, quer indire-
tamente, através do vosso corpo ou vosso perispírito, quer diretamente, pela
vossa alma; daí, infinitos matizes de médiuns e de comunicações. Agora,
resta o ponto de vista científico, quer dizer, a própria essência do perispírito;
isto é uma outra questão.
Compreendei, primeiro, moralmente; resta apenas uma discussão sobre
a natureza dos fluidos, o que é inexplicável, no momento; a Ciência não
conhece o bastante, mas lá chegará, se quiser caminhar com o Espiritismo.
O perispírito pode variar e mudar infinitamente; a alma é o pensamento; ela
não muda de natureza; sob este aspecto, não vades mais longe, é um ponto
que não pode ser explicado. Acreditais que eu não pesquise, como vós? Vós
pesquisais o perispírito; nós outros, agora, pesquisamos a alma. Esperai,
portanto.”
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 51.)

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Biografia de Ernesto Bozzano

Ernesto Bozzano nasceu em Gênova, a 9 de janeiro de 1862, quarto filho


de um total de cinco irmãos. Pouco se sabe a respeito de sua infância,
contudo, desde os primeiros anos de vida, demonstrou grande interesse pelo
estudo. Apesar disso, seu pai impediu-o de estudar. Sua paixão pelo conhe-
cimento não se extinguiu.
Aos quinze anos, interessava-se vivamente por assuntos ligados à Filoso-
fia, Psicologia, Parapsicologia, Astronomia, Paleontologia e demais Ciências
Naturais.
De 1882 a 1892, procurou penetrar no pensamento dos maiores filósofos;
mas esses estudos filosóficos não trouxeram nada de concreto às suas inda-
gações. Voltou-se, então, para a filosofia científica. Durante dois anos conse-
cutivos, ele se dedicou apenas a estudar, anotar e classificar o conteúdo total
do importante sistema filosófico spenceriano, que exerceu tamanha influência
em sua vida. Diz ele:
“Na mocidade, todos os ramos do conhecimento, atinentes às artes e
ciências, exerceram igualmente irresistível fascinação sobre mim, tornando-
me até difícil seguir um caminho na vida. Decidi-me, finalmente, pela
Filosofia e Herbert Spencer foi o meu ídolo.
Tornei-me um positivista-materialista convicto (...)
É preciso que se compreenda que, nos tempos a que me refiro, eu nada
conhecia das investigações mediúnicas ou do Espiritismo, com exceção de
breves artigos que eu lia nos jornais, sem lhes prestar maior atenção (...)”
Aconteceu, que, no ano de 1891, Bozzano começou a ler uma revista que
se propunha principalmente a colher e investigar certos casos curiosos de
transmissão de pensamentos à distância, ou seja, de “fenômenos telepáticos”.
Foi um artigo da Revue Philosophique, atacando com violência a intro-
missão do “misticismo” nos recintos da Psicologia oficial e explicando os
novos casos pelas hipóteses da “alucinação”, das “coincidências fortuitas”.
Tais refutações eram tão deficientes e inábeis que produziram efeito con-
trário ao que o autor pretendia; convenceu-o de que a questão era, realmen-
te, de fatos.
Passou a catalogar cada obra que lia, anotando os respectivos assuntos
por ordem alfabética, com a intenção de os utilizar para a classificação
comparativa e a análise dos fatos e casos.
Somente após ler diversas outras obras é que Ernesto Bozzano resolveu
dedicar-se com afinco e verdadeiro fervor ao estudo aprofundado dos fenô-
menos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan Kardec, Léon Denis,
Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof, Eugène
Nus, A. Russel Wallace, D. D. Home, Du Prel e outros.
30
25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

A lógica irresistível dos fatos fez dele um grande defensor da tese espírita.
Pesquisador profundo e meticuloso, assim, começou Bozzano a participar
das experiências sobre mediunidade e a escrever artigos sobre suas con-
clusões, a partir de 1900. Produziu mais de sessenta obras em toda a sua
vida.
Com alguns amigos, fundou em Gênova a primeira Sociedade de Estudos
Psíquicos: o Círculo Científico Minerva, onde fez experiências de 1891 a
1906. Esse Círculo promoveu, durante quatro anos, magníficas pesquisas,
nas quais os experimentadores registraram manifestações de toda espécie:
pancadas, movimento de objetos, transportes em plena luz e, além
disso, provas de identificação espírita.
No decurso de cinco anos consecutivos, graças ao intenso trabalho
desenvolvido, esse pequeno grupo propiciou vasto material à imprensa italiana
e, ultrapassando as fronteiras, chegou a vários países. Havia-se obtido a
realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de
seis Espíritos, de forma bastante visível, e com a mais rígida comprovação.
Ele nunca negligenciou em suas pesquisas, tendo se tornado um dos mais
produtivos cientistas dos fenômenos mediúnicos. Entre os seus trabalhos,
encontram-se relatos sobre inúmeras sessões realizadas com Eusapia
Palladino, uma das maiores médiuns de efeitos físicos que se tem notícias
até os dias de hoje, nas quais se obtiveram materializações completas de
fantasmas em plena luz e estando o médium visível ao mesmo tempo.
Um fato contribuiu muito para fortalecer sua crença no Espiritismo. A
desencarnação de sua mãe, em julho de 1912, serviu de ponte para de-
monstração da sobrevivência da alma. Bozzano realizava nessa época
sessões semanais com um reduzido grupo e com a participação de famosa
médium. Realizando uma sessão na data em que se dava o transcurso do
primeiro ano da desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas
palavras num pedaço de papel, as quais, depois foram lidas por Bozzano.
Sua comoção não teve mais limites. Ali estavam escritos os dois últimos
versos do epitáfio que naquele mesmo dia ele havia deixado no túmulo de
sua mãe.
Tinha absoluta certeza de que, ao seu lado, achava-se sua mãe. Mas há
outra coisa. Naquela época, ele estava um tanto desanimado, com desgostos
sérios e íntimos, mas que não desejou externá-los na presença do grupo. A
única criatura que poderia lhe ser uma boa conselheira era sua mãe.
Experimentou dirigir-lhe uma pergunta mentalmente e eis que obteve imedia-
tamente a resposta, formulada, porém, de tal forma, que somente Bozzano
poderia compreender o sentido. Depois do que, foi ditado: "Estou contente
contigo. Continua no nobre caminho em que sei que te engajastes. Esta é a
tua missão na Terra. Beijo-te".

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Ernesto Bozzano desencarnou em 24 de junho de 1943, em Savona,


Itália.

Algumas obras:

– Hipótese Espírita e Teoria Científica


– Cinco Excepcionais Casos de Identificação Espírita
– A Crise da Morte
– Dos Fenômenos de Bilocação
– Dos Fenômenos de Possessão
– Literatura de Além-túmulo
– Os Fenômenos de Transfiguração
– Comunicações Mediúnicas entre Vivos
– Fenômenos Premonitórios
– Os Fenômenos de Assombração
– Reminiscência de uma Vida Anterior
– Vida e Obra de Ernesto Bozzano, no Cinquentenário de sua Atividade
Metapsíquica, de Gastone de Boni (Biógrafo de Ernesto Bozzano)

Adaptado dos sites:

– www.autoresespiritasclassicos.com
– www.correioespirita.com
– www.feparana.com.br

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25º Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

Anotações:

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Tema: “Ação dos Espíritos sobre a Matéria”

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