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Q.780b - O moral e a inteligência são duas forças que só se equilibram com o tempo.
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Deolindo Amorim – A Ordem Econômica e A Ordem Moral
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Perceber que Existem Leis em toda a Natureza, e que a Ordem Econômica obedece às leis que
lhe são inerentes;
Compreender que Deus não derroga as leis da natureza, mas permite ao homem descobrir
essas leis, à proporção que se lhe apresentam problemas circunscritos ao mundo que vive;
Entender que a tese espírita demonstra como consequência das relações entre o mundo físico e
o mundo espiritual, que o espírito imortal, que sobrevive à matéria, responde pelos
desvirtuamentos dos bens materiais e pela desobediência às leis da moral divina;
Observar que a reforma econômica reclama a reforma moral e que o denominador comum de
todas as reformas está, portanto, na reforma moral do homem;
Entender que a reforma das estruturas sócio-econômicas não exclui a necessidade da reforma
individual,
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3. Procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da
multidão, pois era de baixa estatura.
4. Correu então à frente e subiu num sicômoro para ver Jesus que passaria por ali.
5. Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: Zaqueu desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa.
8. Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém,
restituo-lhe o quádruplo.
9. Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão.
10. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
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Senhor, eis que eu dou metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei
alguém, restituo-lhe o quádruplo.
11. Como eles ouvissem isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava
perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus se manifestaria
imediatamente.
12. Disse então: Um homem de nobre origem partiu para uma região longínqua a
fim de ser investido na realeza e voltar.
13. Chamando dez de seus servos, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Fazei-as
render até que eu volte.
14. Ora, seus cidadãos o odiavam. E enviaram atrás dele uma embaixada para dizer: Não queremos que este reine sobre
nós.
15. Quando ele regressou, após ter recebido a realeza, mandou chamar aqueles servos aos quais havia confiado
dinheiro, para saber o que cada um tinha feito render.
16. Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
17. Muito bem servo bom, disse ele, uma vez que te mostraste fiel no pouco, recebe autoridade sobre dez cidades.
18. Veio o segundo e disse: Senhor, a tua mina produziu cinco minas.
19. Também a este ele disse: Tu também ficas à frente de cinco cidades.
20. Veio o outro e disse: Senhor, eis aqui a tua mina, que depositei num lenço,
21. Pois tive medo de ti, porque és homem severo, tomas o que não depositaste, e colhes o que não semeaste.
22. Então ele disse: Servo Mau julgo-te pela tua própria boca. Sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não
depositei, e colho o que não semeei.
23. Por que, então, não confiaste o meu dinheiro ao banco? À minha volta eu o teria recuperado com juros.
24. E disse aos que lá estavam: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.
26. Digo-vos, a quem tem, será dado, mas àquele que não tem, será tirado até mesmo o que não tem.
27. Quanto a esses meus inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e trucidai-os em minha
presença.
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A Parábola dos Talentos tem a mesma significação que as das Minas. Aquela narrada por
Mateus, e esta por Lucas, exprimem perfeitamente os deveres que nos assistem material, moral e
espiritualmente.
Todos somos filhos de Deus; o Pai das Almas reparte com todos igualmente os seus dons; a uns dá
mais, a outros dá menos, sempre de acordo com a capacidade de cada um.
A uns dá dinheiro, a outros sabedoria, a outros dons espirituais, e, finalmente, a outros concede
todas essas dádivas reunidas. De modo que um tem cinco talentos, outro dois, outro um; ou então
um tem dez minas, outro cinco, outro duas.
Não há privilégios nem exclusões para o Senhor; e se cada qual, cônscio do que possui e
compenetrado de seus deveres agisse de acordo com os preceitos da Lei Divina, estamos certos de
que ninguém teria razão de queixar-se da sorte ou de clamar contra a “má situação” em que a maioria se diz achar.
Não existe um só indivíduo no mundo que não seja depositário de um talento ou de duas minas. Ainda mesmo aqueles que se
julgam miseráveis e mendigam a caridade pública, se perscrutarem as suas aptidões, o que trazem oculto nos recônditos de
sua alma, verão que não são tão desgraçados como se julgam.
Todos, todos trazem a este mundo talentos e minas para garantir não só o estado presente, como sua situação futura,
porque o mundo não é mais que uma estância onde viemos fazer aquisições, provisões para construir e abastecermos
a nossa morada futura.
http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/3761/2/JO%C3%83O%20C%C3%82NDIDO%20BARBOSA.pdf
2 - O Texto em seu Contexto - Na narrativa do encontro de Jesus com Zaqueu, uma questão se destaca: a relação entre os
fatores socioeconômicos e a espiritualidade. Assim como na história da viúva de Naim e do samaritano que socorre o homem
assaltado e ferido, Lucas descreve o quadro deste encontro com detalhes, explicitando o contexto no qual ele ocorreu quem
eram seus personagens e o resultado produzido na vida de Zaqueu e de seus contemporâneos.
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http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/3761/2/JO%C3%83O%20C%C3%82NDIDO%20BARBOSA.pdf
4 - Com estes objetivos em mente, este evangelista inicia sua narrativa apresentando a cidade em que Jesus se encontrou
com Zaqueu, Jericó. A cidade de Jericó possuía certa proeminência no primeiro século, visto ser um centro tributário na Arábia
e possuir em seu seio um lucrativo negócio de exportação de bálsamo. Jericó, situada perto da margem ocidental do Jordão
que marcava o limite com a Peréia, era ponto de passagem obrigatória não só para os que da Galiléia demandavam Jerusalém
via Jordão, mas também para todo o tráfico que da Transjordânia e da Arábia se dirigia para a Judéia: daí a importância de seu
posto aduaneiro.
5 - Como citado acima, o Evangelho de Lucas é o único que narra a conversão de Zaqueu. A última sentença da perícope –
“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – serve de reflexão sobre a perspectiva do Evangelho
de Lucas a respeito de quem realmente está perdido. Para Lucas, a percepção da sociedade de seu tempo estava equivocada,
pois os ricos eram vistos como pessoas ilustres, auto-suficientes, não dadas aos interesses das questões espirituais e/ou eram
pessoas rejeitadas por Deus devido ao pecado da ganância.
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6 - Com a expressão “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”, Lucas
expressa a condição existencial na qual estão todos aqueles que, tendo recursos neste mundo, são
incapazes de perceber que as posses obtidas devem ser revestidas em atitudes de compaixão e
serviço para com o próximo, e que qualquer condição de existência que esteja fora deste padrão
ético coloca o ser humano em situação de perdição.
7 - Vivendo a partir desta posição socioeconômica, Zaqueu vivia à margem da sociedade judaica. Zaqueu, nome próprio, sinal
de realismo histórico, apresentado como “chefe dos cobradores de impostos” e “rico” (19,2), polariza em sua pessoa todas as
iras da sociedade israelita, uma vez que se tinha enriquecido à custa da miséria do povo submetido. Olhando pela perspectiva
religiosa, Zaqueu era um injusto, um pecador.
8 - Sua elevada posição na estrutura de dominação romana servia-lhe de meio de enriquecimento ilícito. Zaqueu era a
representação de uma sociedade dividida e que possuía em seu seio grandes insatisfações para com aqueles que serviam ao
Império por meio da exploração do povo, pela cobrança de elevada carga tributária. Zaqueu era beneficiado por ser chefe de
cobradores de impostos e viver em meio a uma cultura helenista.
9 - “Os judeus ortodoxos ficavam ofendidos ainda mais pelo fato de que os publicanos
ficavam impuros mediante o contato contínuo com os gentios”. Zaqueu se coadunava
com os mecanismos promotores de injustiça social e assimetria entre as pessoas.
Zaqueu servia aos romanos. A sociedade judaica havia sido “invadida por uma nação
estrangeira e obrigada a pagar pesadíssimos
impostos”.
10 - Dessa forma, Zaqueu estava absorvido pela cultura romana de poder e isso contrariava os costumes judaicos. Zaqueu
vivia praticando a injustiça, suas atitudes não eram de alguém justo. “A chamada de Jesus, dirigida aos publicanos e
pecadores, no sentido de abandonarem suas antigas associações a fim de serem discipulados, indica algo do entendimento
que ele tinha de si próprio, bem como a natureza especial deste discipulado”.
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11 - Jesus buscava pessoas que estivessem dispostas a romper com um modo de vida
conveniente para si próprio, e ser um agente promovedor de ações que visassem à
justiça social.
Sem que pudesse traduzir o que se passava em seu coração, o publicano de Jericó desceu de sua
improvisada galeria, possuído de imenso júbilo. Abraçou-se a Jesus com prazer espontâneo e
ordenou todas as providências para que o querido hóspede e sua comitiva fossem recebidos em
casa com a maior alegria. O Mestre deu o braço ao publicano e escutava, atento, as suas
observações mais insignificantes, com grande escândalo da maioria dos discípulos.
“Não se tratava de um rico que devia ser condenado?” perguntava Filipe a si próprio.
E Simão Pedro refletia intimamente: “Como justificar tudo isto, se Zaqueu é um homem de dinheiro
e pecador perante a lei?”
A breves instantes, porém, toda a comitiva penetrava na residência do publicano, que não ocultava
o seu contentamento inexcedível.
Jesus lhe conquistara as atenções, tocando-lhe as fibras mais íntimas do Espírito, com a sua presença generosa. Tratava-se
de um hóspede bem-amado, que lhe ficaria eternamente no coração. Aproximava-se o crepúsculo, quando Zaqueu mandou
oferecer uma leve refeição a todo o povo, em sinal de alegria, sentando-se com Jesus e os seus discípulos sob um vasto
alpendre
A palestra versava sobre a nova doutrina e, sabendo que o Mestre não perdia ensejo de condenar as riquezas criminosas do
mundo, o publicano esclarecia, com toda a sinceridade de sua alma: Senhor, é verdade que tenho sido observado como um
homem de vida reprovável; mas, desde muitos anos, venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente
benefícios para todos os que me rodeiem na vida
Compreendendo que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de
animais e de cultivo permanente da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o
indispensável recurso à vida!...
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Nada impede que os dois objetivos se encaminhem pela via pacífica da simultaneidade. Queremos,
como sempre, desprezar o amontoado das sutilezas verbais e as fórmulas enigmáticas, tão do
gosto de certa literatura econômica, e observar os fatos como a experiência do dia-a-dia no-los
apresenta:
E por que não se aguentaram? Por falta de capacidade humana? Não. Por falta de recursos materiais?
Não. Mas por falta de ordem na gestão do dinheiro alheio, falta de escrúpulo administrativo.
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(...) Quando encarecemos o fator moral no plano socioeconômico, tanto quanto no plano político,
vamos invocar dois depoimentos de homens públicos completamente estranhos às idéias que
professamos.
"O único tipo de Estado a que devemos fidelidade é o Estado em cuja existência descobrimos
uma base moral". ("O Estado Moderno", transcrição de 1948).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Harold_Laski
F.Nitti, Francesco Saverio Nitti, pensador político, envolvido nos acontecimentos conexos à
Segunda Guerra, admite que "existem vários fatores de ordem econômica que podem
contribuir para criar-se um meio apto ao desenvolvimento de uma moral superior", mas
afirma, ao mesmo tempo, que "nenhuma transformação de ordem econômica pode modificar
o estado presente de insegurança e de instabilidade se não é acompanhada de
transformações de ordem moral". É exatamente a postura que nos propõe o ensino espírita.
(EPH, Cap.IX, 2º§)
Nascido em Melfi, Basilicata, 19 de Julho de 1968, Francesco Nitti estudou direito em Nápoles e
posteriormente atuou como jornalista. Em 1891 escreveu a obra Il socialismo cattolico ("O Católico - Socialismo"). Em 1898,
com apenas 30 anos, tornou-se professor de finanças na Universidade de Nápoles. Nitti foi escolhido em 1904 pelo Partido
Radical para servir no parlamento italiano. De 1911 a 1914, foi ministro da Agricultura, Indústria e Comércio do primeiro-
ministro Giovanni Giolitti. Em 1917, ele se tornou ministro das finanças de Orlando; este último cargo manteve até 1919. Em 23
de junho de 1919, Nitti tornou-se primeiro-ministro e ministro do interior. Um ano depois, acrescentou a essas funções o cargo
de ministro das colônias. Seu gabinete teve que lidar com grande agitação social e insatisfação com os resultados do Tratado
de Versalhes. Nitti teve grande dificuldade em manter a administração funcionando, graças à inimizade entre as facções
políticas extremamente divergentes: os comunistas, anarquistas e fascistas. Depois de menos de um ano como chefe do
governo, ele renunciou e foi sucedido pelo veterano Giolitti em 16 de junho de 1920. Na política social, o governo de Nitti
aprovou uma lei estabelecendo seguro obrigatório para desemprego, invalidez e velhice.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francesco_Saverio_Nitti
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Ainda que possa parecer redundante, a ordem social não pode ter base
exclusivamente material, pois também lhe é indispensável à ordem moral. (...)
Aliás, a pregação do Cristo veio sempre ao encontro dos que tinham "sede
de justiça".
Ninguém, afinal, em sã consciência apóia a injustiça, a não ser por força de uma deformação
incorrigível. (EPH, Cap.IX, 3º§)
A origem do antagonismo entre as coisas de Deus e as de César está no falso pressuposto de que as
ações da terra confinam com a terra e por isso não têm relação alguma com as ações da vida espiritual.
Tal concepção que já serviu muitas vezes para justificar transações ilícitas ou acomodar situações
comprometedoras criou o abismo entre o que é da terra e o que é de Deus, como se o mundo material
não tivesse comunicação com o mundo espiritual. (EPH, Cap.XI, 4º§)
6. A questão proposta a Jesus foi devida ao horror que os judeus tinham ao tributo que lhes era imposto pelos romanos,
fazendo dele uma questão religiosa; um numeroso partido se havia formado para recusar o imposto, portanto, o pagamento do
tributo era, para eles, uma questão irritante da atualidade, sem o que a pergunta feita a Jesus: “É lícito pagar o tributo a César,
ou não”? Seria sem nenhum sentido. Essa questão era uma cilada, porquanto eles esperavam, de acordo com a resposta de
Jesus, colocar contra ele as autoridades romanas ou os judeus dissidentes. Mas Jesus, “conhecendo a sua malícia” esquiva-se
da dificuldade dando-lhes uma lição de justiça, ao dizer que se dê a cada um o que lhe é devido.
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7. Não se deve entender a afirmativa: “Dai a César o que é de César” de maneira restritiva e absoluta. Como todos os ensinos
de Jesus, trata-se de um princípio geral, resumido sob uma forma prática e usual e deduzido de uma circunstância particular.
Esse princípio é uma consequência daquele que diz que devemos agir com os outros como gostaríamos que eles agissem
conosco; condena todo prejuízo material e moral causado aos outros, toda violação dos seus interesses; prescreve o respeito
dos direitos de cada um, como cada um deseja que se respeite os seus. Ele se estende ao cumprimento dos deveres para com
a família, a sociedade, a autoridade, assim como para todos os indivíduos. (ESE, Edições CELD, Capítulo XI)
Para resolver o problema social, vimos que os teóricos nos propõem diversos
sistemas... Mas, acima de todos os sistemas, surge uma questão: para melhorar a sorte
dos humanos, para uma repartição equitativa dos bens, para pôr um termo aos abusos,
à especulação desenfreada; para apagar os traços do que foi, ontem ainda, a
exploração do homem pelo homem, será preciso recorrer a instituições, a regulamentos,
a leis?
Todas as obras humanas mudam e passam todas as formas sociais, que acabamos de enumerar, foram aplicadas através das
idades por civilizações diversas, porém nenhuma resistiu à ação do tempo e ao choque das paixões. A história registrou as
tentativas sucessivas, os esforços dos renovadores para realizar seus sonhos sempre seguidos de fracassos clamorosos. E,
de tantas vicissitudes, uma consideração se depreende: é que no socialismo, como na política, os homens não têm jamais o
que merecem; suas obras sociais estão sempre relacionadas com o estado de aperfeiçoamento que puderam atingir.
E isto é o que há de maior, de mais nobre na destinação humana: a conquista da liberdade por esforços constantes para o
bem, o franqueamento gradual das baixas servidões, a educação, o aperfeiçoamento da alma que se busca de século em
século, pelo retorno à carne através das vidas sucessivas, vidas de trabalho, de atividade, de elevação elas quais o ser se
desenvolve tornando-se uma força maior, mais e mais evoluída e desempenha um papel sempre maior no Universo. O homem
é livre na medida em que coloca seus atos em harmonia com as leis universais. Para reinar a ordem social, o Espiritismo, o
Socialismo e o Cristianismo devem dar-se a mão; do Espiritismo pode nascer o Socialismo idealista. Há um interesse capital
em congraçar estas três ordens de ideias. O ser deve se aperfeiçoar desenvolvendo suas qualidades inatas e apagando os
estigmas de suas vidas anteriores. O conhecimento das leis espirituais é, pois, indispensável para estabelecer a verdadeira
natureza do ser e sua possível adaptação aos diferentes meios sociais.
Para o indivíduo que interpreta a história sob o ponto de vista materialista, que vê na evolução social
exclusivamente o fator econômico, as ações deste mundo não têm repercussão da vida espiritual. Para
o espiritualista, porém, que vê no processo histórico a conjugação de forças harmônicas oriundas do
espírito e da matéria, afirmando-se ao mesmo tempo o fato biológico e o princípio espiritual, as
atividades humanas, embora circunscritas à terra, são responsáveis perante Deus. Prevalecem,
porém, as leis peculiares tanto à matéria como ao espírito. (EPH, Cap.IX, 5º§)
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O fato econômico, portanto, embora seja parte integrante da ordem material, não está inteiramente fora
da ordem moral, desde que se tenha concepção imortalista da História. Não a concepção idealista da
escola hegeliana, mas a interpretação da História à luz da crença na imortalidade do espírito, Ratzel
admitiu o determinismo geográfico na urdidura da História. Sua concepção da geografia social é bem
avançada. Por associação de idéias, quando se trata do homem - elemento capital da História -, logo se
pensa na terra, porque não se compreende o valor humano sem o meio físico, como não se admite a
existência de peixe sem água. Marx viu no fator econômico uma força determinante da História,
concepção que não se concilia com o Espiritismo. Gobineau partiu da desigualdade das raças
humanas para explicar a História. (EPH, Cap.IX, 6º§)
(O Conde de Gobineau esteve no Brasil como representante diplomático da França junto ao governo
imperial a exemplo de outros estrangeiros - naturalistas, escritores, artistas -, correspondeu-se, depois,
com o Imperador Pedro II, que era grande admirador dos homens de estudo, embora tivesse idéias
inteiramente opostas às do antigo diplomata francês.)
A teoria de Gobineau, com a sua perigosa interpretação da História, concorreu para a formação da
mística raça pura de povo superior causadoras de tantas tragédias.
Freud interpretou a História de outro modo, dando muita ênfase aos complexos individuais, sem
considerar a importância dos conflitos morais, das lutas ideológicas, por exemplo.
Como se vê, a interpretação da História pode trazer muitos erros, muitos choques,
muita desordem material e espiritual em função de sua base filosófica.
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A vontade divina preside a toda a criação, mas a sabedoria dessa vontade suprema e onisciente está
justamente na distribuição das leis, nunca no arbítrio ou no acaso. A interferência da ação divina nos
atos humanos não se confunde com a presença de Deus nas mínimas coisas de nossa economia
interna. A vontade divina rege o Universo, estabelece leis, mas não se vai admitir que Deus fique sujeito
às mutações da matéria. Deus criou a natureza, mas nem por isso se crê que Deus esteja dentro de
uma rocha ou plasmado nas formações geológicas. Tal suposição levaria à descrença e à zombaria.
A Doutrina Espírita esclarece a questão do seguinte modo: As propriedades da matéria não podem se
aliar à idéia de Deus, sem rebaixá-lo em nosso entendimento, e nenhuma sutileza do sofisma
conseguirá resolver o problema de sua natureza íntima. (...) A inteligência de Deus se revela nas suas
obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, tanto quanto
o quadro não é o pintor que o concebeu e executou. (O Livro dos Espíritos, Cap. I, Q.16, comentários
de Kardec)
Se a Doutrina Espírita reconhece, (...) que a necessidade fez o homem criar a riqueza, isto é, promover
o desenvolvimento econômico, aperfeiçoar os meios de que carece para aumentar a produção e
aproveitar os recursos da terra, evidentemente o homem não deve nem pode abrir mão de seu livre
arbítrio para esperar que a natureza trabalhe por si mesmo ou que a inteligência divina se imiscua nas
atividades privadas, na orientação das minúcias e particularidades do plano material. Tal interpretação
da História, excluindo a responsabilidade humana dos atos concernentes à ordem material, conduziria
inevitavelmente ao transcendentalismo puro.
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A ordem econômica obedece às leis que lhe são inerentes. (...) O homem é livre, mas a sua liberdade
não pode ultrapassar a organização da natureza. (EPH, Cap.IX, 12º§)
A inteligência do homem há de render-se à sabedoria de leis contra as quais não há recurso que
prevaleça. (...) Quando o homem começa a entrar no conhecimento da natureza, cuja revelação exige
estudo e trabalho, vai observando e compreendendo melhor a harmonia dessas leis.
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Agora, nesta nova ordem de idéias, vamos tratar, não mais com o mundo físico, mas com o mundo
moral. A questão, uma vez formada no espírito, escapa ao círculo de correspondência com os sentidos
humanos, porque pertence ao foro da consciência.
A Tese Espírita demonstra como consequência das relações entre o mundo físico e o mundo espiritual,
que toda a riqueza da terra deve ter fim útil, aplicação honesta, porque o espírito, que é imortal, que
sobrevive à matéria, responde pelos desvirtuamentos dos bens materiais, pela desobediência às leis da
moral divina. A Doutrina condensa esta parte no quadro das Leis Morais.
Sem aceitar o panteísmo que confunde Deus com o mundo, a causa com o efeito, a inteligência com o
objeto, o Espiritismo interpreta a História sem, também, admitir a exclusão das formas materiais, o que
seria o mesmo que ver em tudo uma espécie de fatalismo ou absolutismo da vontade divina. Sem
apelar, finalmente, para o idealismo puro, recusando, porém a interpretação materialista da História, o
Espiritismo nos leva à convicção de que a ordem econômica não pode dispensar a ordem moral.
A ciência econômica jamais proporcionará o bem estar aos homens, enquanto o mundo dos negócios
não se inspirar na Justiça, no comedimento, na honestidade pessoal.
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2. Sob o ponto de vista terrestre, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta: Ajuda-te, e o céu te
ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e, por consequência, da lei do progresso, porquanto o
progresso é filho do trabalho, porque o trabalho põe em ação as forças da inteligência. Na infância
da humanidade, o homem só aplica a sua inteligência na busca do alimento, dos meios de se
preservar do mau tempo, e de se defender contra seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do
que ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo do melhor que o impele para a
procura dos meios de melhorar sua posição, que o conduz às descobertas, às invenções, ao
aperfeiçoamento da Ciência, porque é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Por suas
pesquisas, sua inteligência cresce, seu moral se depura; às necessidades do corpo sucedem as
necessidades do espírito; após o alimento material, é preciso o alimento espiritual; é assim que o
homem passa da selvageria para a civilização. Entretanto, o progresso que cada homem realiza
individualmente durante a vida é bem pouca coisa, imperceptível mesmo em um grande número deles; como, então, a
humanidade poderia progredir sem a preexistência e sem a reexistência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os
dias para não mais voltar, a humanidade se renovaria sem cessar com os elementos primitivos, tendo tudo a fazer, tudo a
aprender; não haveria, pois, razão para que o homem fosse mais avançado atualmente do que nos primeiros tempos do
mundo, pois que, a cada nascimento, todo o trabalho intelectual teria que recomeçar. A alma, ao contrário, voltando com o seu
progresso realizado, e adquirindo, a cada existência, alguma coisa a mais, passa gradualmente da barbárie à civilização
material, e desta à civilização moral. (Ver o cap. IV, item 17.)
Convém, mais uma vez, pedir luzes à Doutrina Espírita: “Porém, os males mais numerosos são aqueles
que o homem cria por seus próprios vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua
ambição, da sua cobiça e dos seus excessos em todas as coisas: aí está a causa das guerras e das
calamidades que elas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, enfim,
da maior parte das enfermidades. (Allan Kardec - A Gênese, cap. III, item 6).
“A moral é a regra para bem se conduzir, isto é, para a distinção entre o bem e o mal. Ela
está fundamentada na observância da lei de Deus. O homem procede bem, quando faz
tudo intencionalmente para o bem de todos, porque, então, cumpre a lei de Deus.”
“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus e o mal, tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é proceder de acordo
com a lei de Deus; fazer o mal, é infringir esta lei.”
632. O homem, estando sujeito ao erro, não pode enganar-se na apreciação do bem e do mal e acreditar que faz o bem
quando, na realidade, faz o mal?
“Jesus vos disse: vede o que quereríeis que vos fizessem ou não vos fizessem: tudo se resume nisso. Não vos enganareis.”
L.E. 3ª parte. Leis Morais. Capítulo 1. Lei Divina ou Natural. O Bem e o Mal.
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CONCLUSÃO
É bom repetir que a solução do problema social não depende exclusivamente da reorganização ou do
aparelhamento dos meios econômicos. A reforma econômica reclama a reforma moral. A riqueza pode
tornar um país muito próspero, mas não faz um povo feliz sem que desapareçam os vícios, a injustiça,
os abusos estimulados pela própria riqueza. O denominador comum de todas as reformas está,
portanto, na reforma moral do homem.
634. Por que o mal está na natureza das coisas? Falo do mal moral. Deus não podia ter criado a Humanidade em condições
melhores?
“Já te dissemos: os espíritos foram criados simples e ignorantes (ver questão 115). Deus deixa ao homem a escolha do
caminho; pior para ele, se toma o mau caminho: sua peregrinação será mais longa. Se não houvesse montanhas, o homem
não poderia compreender que se pode subir e descer e, se não houvesse rochas, não compreenderia que há corpos duros. É
preciso que o espírito adquira experiência e, para isso, é preciso que conheça o bem e o mal; é por isso que há a união do
espírito e do corpo.” (ver questão 119.)
“Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. Deu, a cada um deles, uma missão, com o objetivo de
esclarecê-los e de fazê-los chegar, progressivamente, à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para aproximá-los dele.
(...)”
119. Deus não podia isentar os espíritos das provas que devem sofrer para chegar à primeira ordem?
“Se tivessem sido criados perfeitos, não teriam mérito para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a
luta? Além disso, a desigualdade que existe entre eles é necessária às suas personalidades; e, por fim, a missão que
desempenham nesses diferentes graus está nos desígnios da Providência para a harmonia do Universo.”
Visto que, na vida social, todos os homens podem chegar às mais elevadas funções, seria o caso de se perguntar por que o
soberano de um país não faz de cada um dos seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são
funcionários superiores; por que todos os colegiais não são mestres. Ora, há a seguinte diferença, entre a vida social e a vida
espiritual: a primeira é limitada e nem sempre permite subir todos os degraus, enquanto que a segunda é indefinida e deixa a
cada um a possibilidade de se elevar à ordem suprema. (Comentários de Kardec).
Deus não derroga as leis da natureza, mas permite ao homem descobrir essas leis, à proporção que se
lhe apresentam problemas circunscritos ao mundo que vive. A inteligência divina manifesta-se por meio
das leis e não pela prepotência de uma soberania violenta, que se compraz em subverter a ordem que
ela mesma estabelece. Busquemos orientação na doutrina: (EPH, Cap.IX, 14º§)
“Deus não faz milagres, porque, sendo, como são perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-
las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários.”
(Allan Kardec, A Gênese, cap. XIII, item 15).
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Deolindo Amorim – A Ordem Econômica e A Ordem Moral
6. Porém, os males mais numerosos são aqueles que o homem cria por seus
próprios vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua
ambição, da sua cobiça e dos seus excessos em todas as coisas: aí está a
causa das guerras e das calamidades que elas acarretam, das dissenções, das
injustiças, da opressão do fraco pelo forte, enfim, da maior parte das
enfermidades. Deus estabeleceu leis plenas de sabedoria, que só têm por
objetivo o bem. O homem encontra em si mesmo tudo o que é preciso para
segui-las; a rota é traçada por sua consciência; a lei divina está gravada no seu
coração; e, ao demais, Deus as faz lembrar constantemente por seus messias
e profetas, por todos os espíritos encarnados que receberam a missão de
esclarecê-lo, moralizá-lo e melhorá-lo e, nestes últimos tempos, pela multidão
de espíritos desencarnados que se manifestam por toda parte. Se o homem se adaptasse
rigorosamente às leis divinas, não há dúvida de que evitaria os males mais agudos e de que viveria feliz
na Terra. Se não procede assim, é em razão do seu livre-arbítrio e sofre as consequências disso.
O Espiritismo
7. Assim como o Cristo disse: “Eu não vim destruir a lei, mas cumpri-la”, o Espiritismo igualmente diz:
“Eu não vim destruir a lei cristã, mas cumpri-la”. O Espiritismo nada ensina que seja contrário ao que o
Cristo ensinou, mas desenvolve completa e explica em termos claros para todas as pessoas, o que só
foi dito sob a forma alegórica. O Espiritismo veio cumprir, no tempo predito, o que Cristo anunciou, e
preparar a realização das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como
igualmente o anunciou, à regeneração que se realiza e que prepara o reino de Deus sobre a Terra.
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Deolindo Amorim – A Ordem Econômica e A Ordem Moral
Foi para o Rio de Janeiro em 1929, para prestar o serviço militar obrigatório
e aí ficou residindo em definitivo, casando-se com dona Delta dos Santos
Amorim, sua dedicada companheira, de cujo enlace nasceram Paulo
Henrique S. Amorim, Rosa Maria A. R. Valle e Marília dos Santos Amorim.
Expositor hábil, lúcido e convincente, proferiu inúmeras palestras e conferências, uma delas sobre o
"Suicídio à Luz do Espiritismo" no Instituto Pinel (Hospital de Doentes Mentais), da Universidade do
Brasil, levando, assim, as ideias espíritas ao ambiente universitário não-espírita.
Era jornalista, escritor, erudito conferencista, sócio remido da ABI, Presidente do Instituto de Cultura
Espírita do Brasil e presidente de honra da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas.
Estampou colaboração constante em diversos órgãos do Brasil e do exterior, tendo sido também redator
de Mundo Espírita (antigamente no Rio e posteriormente transferido para o Paraná) e de Estudos
Psíquicos, revista que se edita em Lisboa (Portugal).
Deolindo Amorim fez do Rio de Janeiro o grande celeiro da cultura do país centro de irradiação da
Doutrina Espírita. Deixou a todos nós uma lacuna dificilmente preenchível e uma saudade imorredoura.
Espiritismo e Criminologia;
Deolindo Amorim foi um intelectual que se dedicou ao Espiritismo, que assimilou a Doutrina integrando-
se ao mundo espírita.
Deolindo Amorim privou da amizade de grandes vultos do Espiritismo no Brasil e no exterior, como, por
exemplo, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado, Herculano Pires, Leôncio Correia e Humberto Mariotti.
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Deolindo Amorim – A Ordem Econômica e A Ordem Moral
Foi um dos mais ardorosos defensores das obras codificadas por Allan Kardec e profundo admirador de
Léon Denis.
Levou o Espiritismo ao meio universitário, proferindo bela conferência no Instituto Pinel da Universidade
do Brasil, focalizando o tema: "O Suicídio á luz do Espiritismo".
Agia sempre e invariavelmente de forma conciliadora, ponderada, não atacando ninguém, expondo o
Espiritismo sem deformações, extasiando a todos com sua didática exemplar.
Embora enfermo, bastante debilitado ante a enfermidade que o acometia, não interrompeu totalmente,
nos últimos meses, suas atividades de jornalista e grande conferencista.
Deixou viúva sua amorável companheira Delta dos Santos Amorim e três filhos.
Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista. Cerca de 750 pessoas compareceram aos
funerais. O Dr. Américo de Oliveira Borges, presidente da ABRAJEE, exaltou e ressaltou saltou a figura
ímpar do homem, do espírita e do Amigo que regressava a Espiritualidade.
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