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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade

Tema: “Método”

Centro Espírita Léon Denis

23o Encontro Espírita sobre


Mediunidade

Tema: “Método”

Patrono: Ernesto Bozzano

26 de junho de 2016

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Coordenação Geral: Márcia Cordeiro e Alexandre Lobato


Coordenação Imediata: Colegiado
Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Finalização: Setor Editorial CELD

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Outras Casas Espíritas participantes

CASAS ESPÍRITAS LOCAL

C.E. Antonio de Aquino Mallet

26/6 C.E. Irmão Clarêncio Vila da Penha

N.E. Antonio de Aquino Bangu

2/7 G.E. Fraternidade e Amor Vila Aliança


Ass. Cristã Espírita Chico Xavier Nova Iguaçu
3/7
N.E. Rabi da Galileia Santa Cruz

C.E. Ismael Mag. Bastos

C.E. Maria de Nazaré Nilópolis


10/7
C.E. Inácio Bittencourt Unamar

C. de Est. Esp. Francisco Cândido Xavier São Joaquim

16/7 C.E. Abigail Santa Cruz

17/7 Gr. Est. Esp. Maria de Nazaré Madureira

C.E. Bezerra de Menezes Duque de Caxias

C.E. Casa do Caminho Taquara


24/7
C.E. Léon Denis Cabo Frio

União Kardecista Nilópolis

31/7 C.E. Balthazar Nova Sepetiba

16/8 Várias Cidades Minas Gerais

21/8 G.E. Benef. Dr. Hermann Campos

17/9 G.E. Allan Kardec Bangu/Sen. Camará

16/11 Várias Cidades Minas Gerais

27/11 C.E. Leopoldo Machado Olinda

17/1 Várias Cidades Rio Grande do Sul

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Temas estudados até a presente data

1994 – Mediunidade psicográfica


1995 – Mediunidade de incorporação
1996 – Influência moral do médium
1997 – Da natureza das comunicações
1998 – Da natureza da crença
1999 – Da influência do meio
2000 – Das evocações
2001 – Modos de se distinguirem os bons dos maus espíritos
2002 – Influência do exercício da mediunidade sobre a saúde
2003 – Da influência moral do médium (II)
2004 – Aplicação moral e frutos do Espiritismo: inibições dos médiuns
2005 – Educação e função dos médiuns
2006 – Reencarnação e mediunidade: a mediunidade no pensamento
de André Luiz
2007 – Reencarnação e mediunidade: os bons médiuns
2008 – Reencarnação e mediunidade: da formação do médium
2009 – As leis da comunicação espírita: a construção da Casa Espírita
2010 – A Casa Espírita e os médiuns
2011 – A Casa Espírita e o trabalho em equipe
2012 – A Casa Espírita, o corpo mediúnico e o trabalho assistencial
2013 – A Casa Espírita, o médium e a divulgação doutrinária
2014 – Existem espíritos?
2015 – O maravilhoso e o sobrenatural
2016 – Método

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Tema: “Método”

Indica que uma leitura posterior deverá ser feita para


aprofundamento da ideia.

Indica que há material em Anexos para melhor


entendimento da ideia.

Indica pausa para reflexões.

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Objetivo Geral:

• Identificar os obstáculos que o materialismo antepõe à compreensão do


tríplice aspecto do Espiritismo: Ciência, Filosofia e Religião.

Introdução:

O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida é o que


há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos
inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E essa verdade não é ina-
cessível, como veremos; é simples e clara; está ao alcance de todos. Basta
procurá-la, sem preconceitos, sem reservas, ao lado da consciência e da
razão.
Não lembraremos aqui as teorias e os sistemas inúmeros que as reli-
giões e as escolas filosóficas arquitetaram através dos séculos. Pouco nos
importa hoje as controvérsias, as cóleras, as agitações vãs do passado.
Para elucidar tal assunto, temos agora recursos mais elevados que os do
pensamento humano; temos o ensino daqueles que deixaram a Terra, a
apreciação das Almas que, tendo franqueado o túmulo, nos fazem ouvir, do
fundo do mundo invisível, seus conselhos, seus apelos, suas exortações. (...)
Que não nos falem de dogmas! O Espiritismo não os comporta. Ele nada
impõe; ensina (grifo nosso). Todo ensino tem seus princípios. A ideia de Deus
é um dos princípios fundamentais do Espiritismo. (Grifo nosso.)
Léon Denis — O Grande Enigma, capítulo V — “Necessidade da Ideia de Deus”. CELD.

Léon Denis nos mostra que a Ideia de Deus é uma necessidade para a
alma humana e que, para chegarmos ao Criador, é preciso procurá-lo sem
preconceitos e sem sistemas. Os espíritos nos lembram de que o homem
sempre teve horror ao nada e que, por isso, perguntas significativas sempre
pairaram sobre as cabeças humanas no que se refere à sua destinação:
— Quem sou eu?
— De onde eu vim?
— Para onde vou?

O materialismo com suas consequências é o principal opositor às ideias


espíritas. Ainda que se mostre crendo no nada, a dúvida quanto ao seu
futuro, nos dizem os espíritos, é algo pungente. Para o materialista, a vida
cessa ao findar a vitalidade do corpo físico.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Aqui está uma filosofia de vida que traz sérios prejuízos para as relações
sociais e comprometimento para o futuro da Humanidade; nela encontramos
um estímulo para viver somente o agora, mostrando total despreocupação com
os laços de fraternidade e de caridade. Estamos diante de uma forma de viver
totalmente voltada para a vida presente e com graves consequências para o
homem terreno.
Ao Espiritismo foi dada uma missão: abrir os olhos dos homens não só
para a existência dos espíritos, mas elucidar questões filosóficas relacionadas
às ações da vida presente e responsáveis pelo estado em que a alma se
encontrará na vida futura.
A espiritualidade, em nossa Casa, nos convidou a rever as noções prelimi-
nares de O Livro dos Médiuns.
No 21o Encontro Espírita sobre Mediunidade, conversando com os espiri-
tualistas, Kardec perguntou se há espíritos. Respondemos que sim, existem
espíritos (capítulo I). No capítulo II, conversando com os cientistas e sábios,
compreendemos que os fenômenos medianímicos estão assentados em leis
naturais. Agora, vamos verificar como estão nossa crença e fé, de acordo com
a metodologia apresentada por Kardec. (Grifo nosso.)

Que método é esse?

Como buscamos o conhecimento espírita?

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Tema 1: O Livro dos Médiuns... Para quê?

Objetivos Específicos:

• Identificar as etapas para o aprendizado da Doutrina Espírita.

• Reconhecer que O Livro dos Médiuns é o roteiro para os interes-


sados em conhecer os fenômenos mediúnicos.

• Compreender os obstáculos ao entendimento da mediunidade,


estudando a primeira parte de O Livro dos Médiuns.

“Quem lê, atenda.”


Jesus
(Mateus, XXIV:15.)

Todos os dias, a experiência nos confirma a opinião de que as dificulda-


des e as decepções, que se encontram na prática do Espiritismo, têm sua
origem na ignorância dos princípios desta Ciência.
O Livro dos Médiuns, Introdução. CELD.

Para muitos simpatizantes e mesmo para alguns adeptos (espíritas


experimentadores), o Espiritismo é simplesmente uma ciência de observação.
Por isso, não se preocupam com as questões relevantes que a Doutrina apre-
senta ao Espírito imortal.

O mesmo ocorre com aquele que, do Espiritismo, só conhece o movimen-


to das mesas; nele, apenas vê um divertimento, um passatempo de sociedade
e não compreende que esse fenômeno tão simples e tão comum, conhecido
da Antiguidade e até dos povos semisselvagens, possa ter ligação com as
questões mais graves da ordem social.
O Livro dos Espíritos, Conclusão I. CELD.

O que é o Espiritismo?

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma


doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se
podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as
consequências morais que decorrem dessas relações. (Grifo nosso.)
Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Preâmbulo. CELD.

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Tema: “Método”

“As pessoas que têm apenas um conhecimento superficial do Espiritismo


são naturalmente levadas a manifestar certas dúvidas que, por certo, um
estudo completo da Doutrina lhes daria a solução; mas falta-lhes o tempo,
e muitas vezes a vontade, para se dedicarem a seguidas observações. Muitas
desejariam, antes de tentar essa tarefa, pelo menos saber do que se trata e
se vale a pena dela se ocuparem.” (Grifo nosso.)
Allan Kardec, O Que é o Espiritismo, Preâmbulo. CELD.

Como se aprende o Espiritismo?

“A ciência espírita é uma ciência que se aprende. E, quando se diz apren-


de, se diz que se estuda. Não se pode ser espírita sem estudar.
O que vem a ser estudar? Aplicar-se no conhecimento de alguma coisa.
Então, quando a gente diz que quer aprender Espiritismo, nós que-
remos dizer assim: eu quero conhecer a Filosofia Espírita; eu quero
conhecer a prática da mediunidade; eu quero conhecer a evangelização
do próprio ser humano e eu quero conhecer também a lei de Causa e
Efeito que está muito bem e claramente colocada no livro O Céu e o
Inferno.
Quando nós estudamos O Livro dos Médiuns, nós estamos conhecendo
uma parte da ciência espírita.
Quando nós estudamos O Livro dos Espíritos, nós conhecemos a filosofia;
quando nós estamos estudando O Livro dos Médiuns, nós conhecemos ou
procuramos estudar apenas a prática do movimento mediúnico.
Então, não se pode dizer que verdadeiramente se conhece Doutrina Espí-
rita, se nós não aprendemos a estudar os livros todos de Kardec; se nós
não conseguimos “fechar” o conhecimento doutrinário dentro dessa leitura am-
pla de todos os seus livros. (Grifo nosso.)
o
Estudo do 5 EEMED – Altivo Pamphiro. CELD.

Vimos acima que a ciência espírita se aprende através de um estudo sério


de todas as obras da Codificação. A partir daí, cabe refletir:

O que é um estudo sério?

“Acrescentamos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita,


que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só
pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de
prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um
resultado.” (Grifo nosso.)
O Livro dos Espíritos, Introdução, item VIII. CELD.

O que faz a moderna ciência espírita?

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Reúne num corpo o que estava esparso; explica, com termos próprios, o
que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a superstição e a
ignorância criaram, para só deixar o que é real e positivo: eis o seu papel;
mas, o de fundadora não lhe pertence; mostra o que existe, coordena,
entretanto, nada cria, pois as suas bases são de todos os tempos e de
todos os lugares; (...) (Grifo nosso.)
O Livro dos Espíritos, Conclusão, item VI. CELD.

Àquele que tem o desejo de se instruir, eu direi: “Não se pode fazer um


curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de Física ou de
Química, já que nunca se é senhor de produzir os fenômenos por livre
determinação, e porque as inteligências que são os agentes desses
fenômenos muitas vezes frustram todas as nossas previsões. (...) Instrua-se
primeiro pela teoria; leia e medite as obras que tratam dessa ciência,
nelas aprenderá seus princípios, encontrará a descrição de todos os
fenômenos, compreenderá sua possibilidade pela explicação que é dada
sobre eles, e pela narração de inúmeros fatos espontâneos, dos quais o
senhor pode ter sido testemunha sem se dar conta, e que lhe voltarão à
memória. O senhor se esclarecerá sobre todas as dificuldades que podem se
apresentar e formará, assim, uma primeira convicção moral. (Grifo nosso.)
O Que é o Espiritismo, Primeira Conversação – “O Crítico”. CELD.

Qual é o papel de O Livro dos Médiuns no Espiritismo?

É o “guia dos médiuns e dos evocadores”; é o “ensino especial dos Espíri-


tos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comuni-
cação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificul-
dades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo dando
sequência a O Livro dos Espíritos”.
O Livro dos Médiuns, página de rosto. CELD.

Esta obra destina-se a aplainar o caminho, fazendo-os tirar proveito


de nossos longos e laboriosos estudos, pois faria uma ideia muito falsa
quem pensasse que, para ser perito nesta matéria, bastasse saber colocar os
dedos sobre uma mesa para fazê-la mover-se, ou segurar um lápis, para que
ele escrevesse. (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, Introdução. CELD.

Anexo — Lição O Livro dos Médiuns

Um estudo, nestas condições, então, requer tempo e grande desen-


volvimento da inteligência? Há alguma exigência para um neófito apren-
der o Espiritismo?

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Tema: “Método”

É necessária uma inteligência fora do comum para compreendê-la?

Não, pois veem-se homens de uma capacidade notória que não a com-
preendem, enquanto que inteligências vulgares, de jovens mesmo, ape-
nas saídos da adolescência, aprendem com uma admirável justeza os
seus detalhes mais delicados. Isso ocorre porque a parte, de alguma
forma, material, da Ciência só requer olhos para observar, enquanto que a
parte essencial necessita de um certo grau de sensibilidade, que se pode
chamar de maturidade do senso moral, maturidade independente da
idade e do grau de instrução, porque é inerente ao desenvolvimento, em um
sentido especial, do espírito encarnado. (Grifo nosso.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4. CELD.

Por que frequentemente veem-se pessoas que de maneira nenhuma


se convencem diante dos fatos mais patentes? A que se deve isto?

O materialismo sistemático, a negação absoluta da existência da alma, é a


base da descrença em fatos patentes observados na história da Humanidade,
em diferentes épocas, por diversas pessoas.
Os materialistas por sistema, admitindo que o homem é apenas uma
máquina que funciona quando está organizada, que se estraga, e da qual, após
a morte, só resta a carcaça, não podem acreditar em espíritos exteriormente a
eles porque não creem possuir um em si mesmos.

Os fenômenos espíritas são contestados por algumas pessoas, precisa-


mente porque parecem escapar à lei comum e à compreensão. Dai-lhes uma
base racional e a dúvida desaparece.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 17. CELD.

16a) Como um homem pode aperfeiçoar-se através do ensino dos Espí-


ritos, quando não possui, nem por si mesmo, nem pelos outros médiuns, os
meios de receber, diretamente, este ensinamento?
“Não tem ele os livros, como o cristão possui o Evangelho? Para praticar a
moral de Jesus, o cristão não necessita ter ouvido suas palavras saírem de
sua boca.”
O Livro dos Médiuns, cap. XVII, item 220. CELD.

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Tema: “Método”

Conclusão:

A ciência espírita compreende duas partes: uma, experimental, sobre as


manifestações em geral; a outra, filosófica, sobre as manifestações inteligen-
tes. Quem quer que apenas tenha observado a primeira está na posição
daquele que só conhecesse a Física pelas experiências recreativas, sem ter
penetrado no âmago da Ciência. A verdadeira Doutrina Espírita encontra-
se no ensino dado pelos Espíritos e os conhecimentos que este ensino
comporta são graves demais para serem adquiridos de outra forma, que
não por um estudo sério e contínuo, feito no silêncio e no recolhimento;
pois, apenas nessa condição, pode-se observar um número infinito de fatos e
de particularidades que escapam ao observador superficial e permitem firmar
uma opinião. (Grifo nosso.)
O Livro dos Espíritos, Introdução, item XVII. CELD.

• O que é o Espiritismo, cap. I, Terceira Conversação –


“O Padre” (diálogos finais). CELD.
• O que é o Espiritismo, cap. II, itens 101 a 104. CELD.
• O Livro dos Espíritos, Introdução VI, “Resumo da
Doutrina Espírita”. CELD.

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Tema: “Método”

Tema 2: Materialista... Eu?

Objetivos:

• Conhecer a conceituação de materialismo segundo a Doutrina


Espírita.

• Identificar as características da incredulidade e do materialismo.

• Reconhecer nos adeptos da Doutrina Espírita as manifestações de


materialismo e incredulidade.

Então Jesus disse estas palavras:


“Graças vos dou, meu Pai, Senhor do Céu e da Terra,
porque escondestes essas coisas aos sábios e aos
prudentes e as revelastes aos simples e aos pequenos”.
(Mateus, XI:25.)

(...) há pessoas que só veem nos seres orgânicos a ação da matéria e a


ela atribuem todos os nossos atos. No corpo humano, apenas viram a má-
quina elétrica; apenas pelo funcionamento dos órgãos, estudaram o mecanis-
mo da vida; muitas vezes, viram-na extinguir-se pela ruptura de um fio e nada
mais viram senão esse fio; procuraram saber se alguma coisa restava e, como
só encontraram a matéria que se tornara inerte, como não viram a alma
escapar e não puderam retê-la, daí concluíram que tudo estava nas proprie-
dades da matéria e que, portanto, após a morte, apenas existe a aniquilação
do pensamento (...)
O Livro dos Espíritos, questão 148. Nota de Kardec. CELD.

Por que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que se aprofun-


dam nas ciências da Natureza, são, com tanta frequência, levados ao mate-
rialismo?

“O fisiologista refere tudo ao que ele vê. Orgulho dos homens que creem
tudo saber e que não admitem que coisa alguma possa ultrapassar o seu en-
tendimento. Sua própria ciência dá-lhes a presunção; pensam que a Natureza
nada lhes pode ocultar.”
O Livro dos Espíritos, questão 147. CELD.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Duas grandes correntes de ideias dividem a sociedade atual: o Espiritua-


lismo e o materialismo; embora este último forme uma incontestável minoria,
não se pode dissimular que haja tomado uma grande extensão há alguns anos.
Um e o outro se fracionam em uma multidão de nuanças que podem se resumir
nas principais categorias seguintes (...)
Allan Kardec, Revista Espírita – 1867,
“Golpe de vista retrospectivo sobre o movimento do Espiritismo”. FEB.

Kardec, no estudo de O Livro dos Médiuns, item 20, categoriza duas clas-
ses de materialistas: por sistema e por falta de coisa melhor.

(...) os que negam qualquer poder e qualquer princípio inteligente fora da


matéria; a maioria deles obstina-se em sua opinião por orgulho e crê que seu
amor-próprio os obriga a nela persistir; e eles nela se mantêm, a despeito de
todas as provas contrárias, porque não querem ficar por baixo.
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 20. CELD.

A segunda classe de materialistas (...) compreende aqueles que o são por


indiferença e, pode-se dizer, por falta de coisa melhor; eles não o são delibe-
radamente e o que mais desejariam é crer, pois a incerteza constitui um
tormento para eles. (...)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 21. CELD.

(...) há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas,


pelo menos de nome, são tão refratários quanto aqueles; são os incrédulos
de má vontade. Estes ficariam aborrecidos por acreditar, porque isto pertur-
baria sua quietude nos prazeres materiais; temem ver aí a condenação de sua
ambição, de seu egoísmo e das vaidades humanas com que se deliciam;
fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir. (Grifo
nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 22. CELD.

(...) incrédulos interesseiros ou de má-fé. Estes sabem muito bem em


que se apoia o Espiritismo, mas ostensivamente, eles o condenam por moti-
vos de interesse pessoal. (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 23. CELD.

Além dessas diversas categorias de opositores, há uma infinidade de


matizes de incrédulos por:

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Tema: “Método”

• covardia,
• escrúpulos religiosos,
• orgulho,
• espírito de contradição,
• negligência,
• leviandade, etc.
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 24. CELD.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VII, item 2.

Os incrédulos por decepções. (O Livro dos Médiuns, cap. III, item 25. CELD.)

Desde a Introdução da obra, Kardec já sinalizava a questão das decep-


ções ao escrever:

1o) As dificuldades e as decepções, que se encontram na prática do Espi-


ritismo, têm sua origem na ignorância dos princípios desta Ciência.

2o) A má impressão que produz sobre os novatos ou sobre pessoas de má


vontade a visão de experiências feitas levianamente e sem conhecimento de
causa.

3o) A ignorância e a leviandade de certos médiuns causaram mais


enganos do que se possa imaginar, na opinião de muita gente. (Grifo nosso.)

(...) incertos; eles são, geralmente, espiritualistas por princípio; na maio-


ria, há uma vaga intuição das ideias espíritas, uma aspiração em direção a
algo que não podem definir; aos seus pensamentos só falta serem coorde-
nados e formulados; o Espiritismo é, para eles, como um raio de luz: é a
claridade que dissipa o nevoeiro; assim o acolhem, solícitos, porque ele os
libera das angústias da incerteza. (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 26. CELD.

Se, daí, lançarmos o olhar sobre as diversas categorias de crentes,


encontraremos, primeiramente, os espíritas sem o saber; (...) Sem nunca ter
ouvido falar da Doutrina Espírita, possuem o sentimento inato dos grandes
princípios dela decorrentes (...) (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 27. CELD.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Dentre os que se convenceram através de um estudo sério podem-se


destacar:
• Os que creem pura e simplesmente nas manifestações. O Espiritismo
constitui para eles apenas uma ciência de observação, (...) nós os
chamaremos de espíritas experimentadores.

• Os que veem no Espiritismo algo além dos fatos; dele compreendem a


parte filosófica; admiram a moral dele decorrente, mas não o praticam.
(...) para eles, a caridade cristã é apenas uma bela máxima; são os
espíritas imperfeitos.

• (...) os espíritas exaltados. (...) O exagero, em tudo, é nocivo; no


Espiritismo, ele dá uma confiança cega demais e, geralmente pueril, nas
coisas do mundo invisível (...) o pior, é que oferecem, sem o saber,
armas aos incrédulos, que procuram muito mais as ocasiões de zombar
do que de se convencer e não deixam de imputar a todos o ridículo de
alguns.

• Os que não se contentam em admirar a moral espírita, mas que a


praticam, aceitando-lhe todas as consequências. (...) a convicção deles
os afasta de qualquer pensamento do mal. A caridade constitui, em todas
as coisas, sua regra de conduta, aí estão os verdadeiros espíritas, ou
melhor, os espíritas cristãos. (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 28. CELD.

Quanto de materialismo há em mim?


E de incredulidade?
O quanto isto tem me dificultado chegar à condição de espírita
esclarecido e espírita cristão?
Materialista Espírita
cristão

• Revista Espírita, 1867, “Golpe de vista retrospectivo sobre o


movimento do Espiritismo”. FEB.
• Cinco Casos Excepcionais de Identificação de Espíritos –
Ernesto Bozzano. Lachâtre.
• Apostila do 5o Encontro de Mediunidade – www.celd.org.br
(Estudos Espíritas/Download/Apostila de Mediunidade –
“Da Natureza da Crença”.) CELD.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

As ideias se modificam, pouco a pouco, conforme os indivíduos, e são ne-


cessárias gerações, para apagar completamente os traços dos velhos hábitos.
A transformação, portanto, só pode efetuar-se com o tempo, gradual e pro-
gressivamente; a cada geração, uma parte do véu se dissipa; o Espiritismo
vem rasgá-lo completamente. (...)
O Livro dos Espíritos, questão 800. CELD.

Anexo — Lição “Materialismo”

Não; não é por meio dos prodígios que Deus quer conduzir os homens; na
sua bondade, ele quer deixar-lhes o mérito de se convencerem pela razão.
O Livro dos Espíritos, questão 802. CELD.

Conclusão:

“Não procureis os gentios nem entreis nas cidades dos samaritanos, ide
antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
(Mateus, X:5 a 7.)

Essas mesmas palavras também podem se aplicar aos adeptos do


Espiritismo. Os incrédulos sistemáticos, os zombadores obstinados e os
adversários interessados são, para eles, o que os gentios eram para os
apóstolos. Seguindo o exemplo dos apóstolos, devem procurar adeptos entre
as pessoas de boa vontade, aqueles que desejam a luz, nos quais se
encontra um germe fecundo e cujo número é grande, sem perder seu tempo
com aqueles que se recusam a ver e a ouvir.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 10. CELD.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Tema 3: A Fé e o Espírita Cristão

Objetivos:

• Compreender que a crença nos Espíritos não é suficiente para


fazer do adepto um espírita esclarecido.
• Compreender o conceito de espírita esclarecido.
• Compreender o valor do estudo da Doutrina Espírita no desenvolvi-
mento da fé raciocinada.

“(...) mas a profecia não é para os incrédulos,


e sim para os que creem.”
(Paulo, I Coríntios, XIV:22.)

O Espiritismo é diariamente solicitado por pessoas que, embora possuindo


esta ou aquela religião, não se mostram satisfeitas. A culpa não é dele, nem
dos espíritas, mas da evolução. Os homens de hoje já não podem crer
ingenuamente. Precisam de princípios racionais, querem ter aquela fé, de que
falava Kardec, que pode enfrentar a razão face a face. (Grifo nosso.)
Herculano Pires, O Homem Novo.
“Os que têm uma fé religiosa não precisam do Espiritismo”. Ed. Esp. Correio Fraterno.

O Livro dos Espíritos, Introdução VIII.

Assim como a teologia humana das diversas crenças espiritualistas, nos


dias atuais, não é suficiente para sustentar a fé na Justiça e na Misericórdia
Divina, o conhecimento do fenômeno mediúnico não é a base da fé raciocinada
preconizada pelo codificador.

A crença nos Espíritos forma-lhe, sem dúvida, a base, mas ela não é mais
suficiente para fazer um espírita esclarecido, como a crença em Deus não
basta para fazer um teólogo. (Grifo nosso.)
O Livro dos Médiuns, cap. III, item 18. CELD.

Muitas pessoas, ao terem contato com a Doutrina Espírita, formam uma


primeira ideia equivocada do Espiritismo e da ação da espiritualidade sobre o
mundo corpóreo.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Por isso, Kardec, em O Livro dos Espíritos, Conclusão V, apresenta três


períodos distintos do contato do homem com as ideias espíritas: “o primeiro é o
da curiosidade, provocada pela estranheza dos fenômenos que se produziram;
o segundo, o do raciocínio e da filosofia; o terceiro, o da aplicação e das conse-
quências”.
1o) Da curiosidade: passa rapidamente.
2o) Da filosofia: é mais extenso, pois se dirige à meditação e ao raciocínio.
Requer um estudo sério, perseverante e sem ideias preconcebidas da filosofia
espírita. É o período de maturação das ideias.
3o) Da aplicação e das consequências: a pessoa passa à aplicação dos
preceitos doutrinários, visto que vai compreendendo a essência íntima do Espi-
ritismo, percebendo-lhe o alcance.

R. 7 – Nós estamos caminhando com lentidão para esse 3o período. Nós ainda
estamos em pleno desenvolvimento do 3o período.
R. 8 – Neste 3o período é que nós vamos encontrar os espíritas esclarecidos.
(Grifo nosso.)
o
Estudo do 5 EEMED – Altivo Pamphiro. CELD.

Mas o que vem a ser o “espírita esclarecido”? O que o caracteriza?


Eu creio na existência dos espíritos e na possibilidade da comunicação.
Já sou espírita esclarecido?

Conhecimento da Doutrina. Aplicação da Caridade, que é a Evangelização


da criatura e também a capacidade de fazer da Doutrina um elemento, uma
alavanca para cultura acerca do mundo invisível.
Nós temos uma tarefa de alavancar a cultura do mundo invisível que a
maioria das pessoas ainda não percebe.
o
Estudo do 5 EEMED – Altivo Pamphiro. CELD.

• Léon Denis, No Invisível, cap. XI. CELD,


• O Livro dos Espíritos, questão 886. CELD.
• O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XX, item 4. CELD.

19
23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

(...) que ninguém se engane: o estudo do Espiritismo é imenso; ele tem


relação com todas as questões da metafísica e da ordem social; é todo um
mundo que se abre diante de nós. É de admirar que se precise de tempo, de
muito tempo para adquiri-lo? (Grifo nosso.)
O Livro dos Espíritos, Introdução XIII. CELD.

Como o estudo do Espiritismo poderá conduzir o homem a esse


resultado?

Ora, eu sou visitado todos os dias por pessoas que nada têm visto e que
creem tão firmemente quanto eu, somente pelo estudo que fizeram da parte
filosófica. Para essas pessoas, o fenômeno das manifestações é acessório, a
essência é a doutrina, é a ciência; elas a veem tão grande, tão racional, que
nela encontram tudo o que pode satisfazer suas aspirações interiores, à parte a
ocorrência das manifestações, de onde elas concluem que, supondo-se que as
manifestações não existissem, a doutrina não deixaria de ser aquela que
melhor resolve uma multidão de problemas considerados insolúveis. (Grifo
nosso.)
Allan Kardec, Viagem Espírita em 1862. FEB.

Eu já havia tido a prova de que o Espiritismo conta, nesta cidade, nume-


rosos adeptos sérios, devotados e esclarecidos, compreendendo perfeitamente
o objetivo moral e filosófico da Doutrina (...) Entre estes últimos, devem colocar-
se em posição de destaque todos os que militam pela causa com coragem,
perseverança, abnegação e desinteresse, sem segunda intenção pessoal,
que buscam o triunfo da doutrina pela doutrina, e não pela satisfação de
seu amor-próprio; enfim, aqueles que, por seu exemplo, provam que a
moral espírita não é uma palavra vã, e se esforçam por justificar esta notável
afirmação de um incrédulo: Com uma tal doutrina, não se pode ser espírita sem
ser homem de bem. (Grifo nosso.)
Allan Kardec, Revista Espírita de 1864. “O Espiritismo é uma Ciência Positiva”.
Alocução de Allan Kardec aos espíritas de Bruxelas e Antuérpia.FEB.

Temos um método pessoal de estudo das obras espíritas?


Como estamos realizando nossos estudos? Estamos meditando sobre os
temas estudados? Estamos avaliando a sua aplicabilidade na vida diária?

Anexo — Lição “Pregações”

20
23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

A verdadeira Doutrina Espírita encontra-se no ensino dado pelos Espíritos


e os conhecimentos que este ensino comporta são graves demais para serem
adquiridos de outra forma, que não por um estudo sério e contínuo (...)
Tendo este livro (O Livro dos Espíritos), como resultado, apenas o de
mostrar o lado sério da questão e provocar estudos nesse sentido, já seria
muito. (...) Esperamos que dê um outro resultado, o de guiar os homens desejo-
sos de se esclarecer, mostrando-lhes, nestes estudos, um grande e sublime
objetivo: o do progresso individual e social e o de indicar-lhes o caminho a
seguir para atingi-lo. (Grifo nosso.)
O Livro dos Espíritos, Introdução XVII. CELD.

Agora, sabendo que Kardec nos apresenta um método de estudo do


Espiritismo, qual o papel de cada Obra do Pentateuco na consolidação da
crença espírita?

Meditemos nas palavras do Espírito Luís, orientador dos estudos em


nossa Casa, diante da ordem que deve ser seguida no estudo da Doutrina
Espírita, realizado sob a forma de cursos patrocinados pela Casa Espírita.

“O que é o Espiritismo é um curso que consideramos dos mais impor-


tantes. É o curso que recebe as pessoas [desejosas de saber a que se refere a
Doutrina Espírita]. [É o curso que provoca] A 1a impressão,[realiza] a destruição
de mitos, a destruição de conceitos, de preconceitos, a destruição de ideias
[que] precisam ser feitas [reformuladas] e, como se pode entender, com muito
cuidado. (...) O Que é o Espiritismo tem outra função importante também, que é
( a função de ) mostrar ao aluno as perspectivas que ele tem ou terá, diante dos
próximos cursos; o valor do aprendizado, do ensino, a necessidade de se saber
alguma coisa, o porquê do ensino. Tudo isso é atribuição do 1o curso.” (Grifo
nosso.)
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

Comparemos a visão da direção espiritual do Centro Espírita Léon Denis


com a apresentação das obras doutrinárias, realizada por Kardec, na Revista
Espírita. FEB.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Sobre O Livro dos Espíritos:

Consideramos o 2o curso de maior importância, uma vez que o próprio


aluno deverá perceber a essência filosófica da doutrina, em si mesma. Sem
esta essência, sem este entendimento, sem a visão objetiva do que dizem os
espíritos, sobre as regras do comportamento das pessoas do mundo espiritual,
[e como repercutem] os resultados das ações do homem na Terra. Enfim, sem o
conhecimento da doutrina, a pessoa não será nada. (...) o curso do L.E. deveria
ser repetido para todos os alunos, após eles terem terminado toda a série dos
livros de Kardec. Ele teria outra visão de o L.E.
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

Esta obra, como o indica seu título, não é uma doutrina pessoal: é o resul-
tado do ensino direto dos próprios Espíritos sobre os mistérios do mundo onde
estaremos um dia, e sobre todas as questões que interessam à Humanidade;
eles nos dão, de algum modo, o código da vida, ao nos traçarem a rota da
felicidade futura.
Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1858. FEB.

Sobre O Livro dos Médiuns:

(...) Ele está no mesmo nível de importância do anterior, mas, inegavel-


mente, ele é um livro destinado aos que querem tratar com a mediunidade, quer
na condição de médium, quer na condição de lidador com a mediunidade. Ele
trata e deverá ser tratado como o livro de estudo do mecanismo dos fenômenos
mediúnicos; deve ser estudado assim: como o livro que estuda o mecanismo da
mediunidade. Não pode ser estudado por outro lado.
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

Representa o complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte


experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica.
(...) De acordo com os Espíritos, contém a explicação teórica dos diversos
fenômenos, bem como das condições em que os mesmos se podem reproduzir.
Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1861. FEB.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Sobre O Evangelho Segundo o Espiritismo:

(...) é um curso que precisa ser dado não como um livro religioso, mas
como norma de comportamento da maior personalidade que passou pela Terra.
(...) É um livro ético, mas é um livro que chama ao amor, à prática do amor, ao
comportamento amoroso. (...) Em nenhum momento o Cristo fala para seres
extra-humanos; ele fala para a necessidade do homem. Então, quem vive,
quem busca, quem quer saber como agir precisará ter, diante da vida, no
Evangelho, o livro de conduta. (Grifo nosso.)
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual


podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais
ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se
originaram das questões dogmáticas. (...) É finalmente e acima de tudo, o rotei-
ro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que
nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra.
Allan Kardec, Revista Espírita, abril de 1864. FEB.

Sobre O Céu e o Inferno:

(...) é um livro que prepara o homem para sua emancipação espiritual. As


suas dificuldades — porque você ainda não está emancipado de dogmas, de
conceitos arraigados…
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Aí reunimos todos os


elementos próprios para esclarecer o homem sobre o seu destino. Como nos
nossos outros escritos sobre a Doutrina Espírita, aí nada introduzimos que seja
produto de um sistema preconcebido, ou de uma concepção pessoal, que não
teria nenhuma autoridade: tudo aí é deduzido da observação e da concordância
dos fatos.
Allan Kardec, Revista Espírita, setembro de 1865. FEB.

23
23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Sobre A Gênese:

(...) deve ser o corolário de todo o embasamento doutrinário; ele tem que
ser o livro que coroa todo o ensino. Ali, o L.E. está mais claro, o L.M. mais com-
preensivo, as noções de o C.I. mais precisas. É um livro cujo estudo precisa ser
feito com critério; é o livro que enfeixa todo o conhecimento.
Reunião 16, “A Educação dentro da Casa Espírita”. Espírito Luís. CELD. (A publicar.)

Esta obra vem na hora certa, na medida em que a doutrina está hoje bem
estabelecida do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que
tome de agora em diante, tem precedentes muito arraigados no coração dos
adeptos, para que ninguém possa temer que ela se desvie de seu caminho.
O que importava satisfazer antes de tudo, eram as aspirações da alma;
era suprir o vazio deixado pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé. Esta pri-
meira missão hoje está cumprida. O Espiritismo entra atualmente em uma nova
fase; ao atributo de Consolador, alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciên-
cia e em filosofia, como em moralidade.
Allan Kardec, Revista Espírita, fevereiro de 1868 – Mensagem de São Luís. CELD.

Após o desencarne de Kardec, o Espiritismo contou com continuadores


extremamente fiéis. São eles: Léon Denis, Ernesto Bozzano e Gabriel Delanne.

É de notar, porém, que, com tantos livros excelentes, existentes na biblio-


grafia espírita, como os livros assinados por um Allan Kardec, um Léon Denis,
um Ernesto Bozzano, um Gabriel Delanne, um Conan Doyle, um Alexandre
Aksakof e tantos outros de idêntico renome, há quem se embrenhe em dúvidas
incomodativas sobre pontos que, comumente, acarretam erros de interpretação
que o impedem de distinguir o verdadeiro do falso. Está-nos a parecer, pois,
que determinados leitores desprezam o verdadeiro estudo doutrinário, prefe-
rindo aceitar o Espiritismo por ouvirem dele falar. Depreende-se, então, que as
obras de base, dos variados autores citados, nunca foram consultadas, ou o
foram superficialmente, o que é lamentável e quiçá prejudicial ao prestígio da
própria Doutrina.
Yvonne do A. Pereira, À Luz do Consolador. “Os Segredos do Túmulo”. FEB.

Após a morte de Allan Kardec, o Espiritismo que ele havia codificado só


teve como defensores sérios apenas raros discípulos, cujos tímidos esforços

24
23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

foram embaraçados, em muitas circunstâncias, por uma ciência oficial apegada


às velhas fórmulas.
Além disso, uma multidão ignorante, presunçosa, não lhes poupou as
zombarias que eram atiçadas pelos sofistas religiosos, sempre ocupados em
fazer sombra nos cérebros humanos, a fim de melhor dominá-los.
No meio desse caos, surgiram dois homens que, muito simplesmente, sem es-
tardalhaço, sem vã publicidade, empreenderam dar ao Espiritismo desprezado
a base moral indispensável para sua difusão.
Esses dois homens foram Léon Denis e Gabriel Delanne.
Gabriel Delanne, Vida e Obra. Prefácio de Paul Bodier. CELD.

Léon Denis, trabalhador com várias facetas, foi, principalmente, um gran-


de divulgador, que utilizava a oratória e também o livro na sua tarefa de divulga-
ção. Convocou inúmeras pessoas para o estudo e práticas doutrinárias;
consolidou o conhecimento de muitos que iam ouvir, por simples prazer,
uma voz consagrada ao bem, conforme os ditames da Doutrina Espírita. (Grifo
nosso.)
Gaston Luce, Léon Denis. O Apóstolo do Espiritismo, sua Vida, sua Obra.
Prefácio de Altivo Carissimi Pamphiro. CELD.

Ernesto Bozzano é um escritor italiano que tem dedicado ultimamen-te a


sua atividade ao estudo dos problemas psíquicos. E essa sua atividade tem
sido prodigiosa. (...) Bozzano é infatigável e inimitável em sua produtivi-dade.
(...) O seu valor não consiste unicamente na sua extraordinária fecundi-dade
literária, senão também no interesse, na utilidade e na beleza de seus escritos.
(...) A sua pena nunca se maculou na agressão. Por vezes, nas obras em que
revida à crítica materialista, nota-se-lhe o calor daqueles que nasceram sob o
céu do sul da Europa e têm n’alma os arroubos do talento. Mas a sere-nidade
do hermeneuta não se turba e a sua argumentação segue, impertur-bável, até
deixar completamente arrasada, aniquilada a construção adversa.
A Morte e seus Mistérios. Prefácio de Klörs Werneck. FEB.

As decepções daqueles que chegaram a observar falhas na mediunidade


em geral provêm, portanto, do prejuízo de consideraram os médiuns instrumen-
tos infalíveis sob a ação dos Espíritos, seres privilegiados incapazes de produ-
ções menos excelentes. Provêm ainda da falta de estudo da Doutrina, pois as

25
23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

obras da Codificação espírita, como as demais que realizam a estrutura


doutrinária espírita, previnem contra todos esses contratempos, explicam-nos e
ensinam-nos a compreendê-los e contorná-los, a fim de corrigi-los, evitando
males maiores.
Yvonne do A. Pereira, À Luz do Consolador. “Lição Mediunidade e Doutrina”. FEB.

É preciso que o adepto do Espiritismo conheça a sua Doutrina normal-


mente, ao menos, se não a fundo, que a aprenda na sua verdadeira essência, a
fim de que não passe pelo humilhante vexame de não se saber conduzir diante
de possíveis ataques de adversários, não apenas da sua crença, mas mesmo
da ideia de Deus. Com o estudo sério, metodizado, bem orientado, a par dos
serviços da beneficência para com o próximo e a convivência com os fatos
mediúnicos, chegaremos a interpretar e até praticar muitos ângulos da Doutrina
que esposamos. Então seremos invulneráveis àqueles ataques, aptos a auxiliar
com acerto os que a nós se dirigem, necessitados de esclarecimentos, sem nos
chocarmos diante de quaisquer argumentos que acharem por bem nos antepor.
Yvonne do A. Pereira, À Luz do Consolador. “Lição Blasfêmia”. FEB.

Conclusão:

Para se ter fé necessita-se de uma base, e essa base é a compreensão


perfeita daquilo em que se deve crer; para crer não basta ver, é preciso
principalmente compreender. A fé cega não é mais deste século; ora, é precisa-
mente o dogma da fé cega que causa, atualmente, o maior número de incré-
dulos, porque ela quer se impor, porque ela exige a abdicação de uma das mais
preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É contra essa
fé, sobretudo, que se revolta o incrédulo, o que confirma a afirmativa de que a
fé não se impõe. Não admitindo provas, ela deixa no espírito um vazio de onde
nasce a dúvida. A fé raciocinada, que se apoia sobre os fatos e a lógica, não
deixa nenhuma obscuridade; a pessoa crê, porque tem a certeza, e só tem a
certeza porque compreendeu. Eis por que essa fé não se dobra: visto que não
há fé inquebrantável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em
todas as épocas da humanidade. É a esse resultado que o Espiritismo conduz,
triunfando também sobre a incredulidade, todas as vezes em que não encontra
a oposição sistemática e interessada.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 7. Comentário de Kardec. CELD.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Anexos:
O Livro dos Médiuns

M – Introdução

Muitos referiam-se à justiça.


Mas apenas Moisés logrou expressá-la junto aos homens.
Muitos sentiam a necessidade do amor por único recurso de sustentação
da concórdia e da fraternidade entre as criaturas.
Entretanto, somente Jesus conseguiu exemplificá-la na Terra.

Qual ocorre no plano moral, assim tem acontecido sempre em todos os


distritos do progresso humano.
Muitos registravam o impositivo de mais ampla divulgação da cultura.
Contudo, só Guttemberg pôde articular os alicerces da imprensa.
Muitos observavam que o mundo químico devia ter por base um elemento
extremamente simples.
Todavia, somente Cavendish chegou a descobrir o hidrogênio.
Muitos reconheciam a possibilidade de isolar-se a faísca elétrica.
No entanto, só Franklin levantou o para-raios.
Muitos pensavam na criação do transporte rápido.
Mas apenas Stephenson desvelou a locomotiva.
Muitos pressentiam a existência da gravitação.
Entretanto, somente Newton granjeou enunciá-la.
Muitos falavam em arquivo da voz.
Contudo, só Edison corporificou o fonógrafo.
Muitos suspeitavam da influência maléfica dos bacilos.
Todavia, somente Pasteur instituiu a imunização.
Muitos estudavam as ondas eletromagnéticas.
No entanto só Marconi estabeleceu as comunicações sem fio.

Através de séculos, muitos admitiam o intercâmbio entre os homens na


carne e os espíritos no Espaço.
Contudo, somente Allan Kardec definiu a prática mediúnica inaugurando
nova era para a vida mental da Humanidade.
Glória, pois, a O Livro dos Médiuns que consubstancia o pensamento puro
e original do codificador sobre a mediunidade com Jesus. Estudemo-lo.

Opinião Espírita – Espírito André Luiz. FEB.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Materialismo

Reunião pública de 28/9/1959.


o
Questão n 148.

Para dissipar a sombra do materialismo a espessar-se no espírito huma-


no, é forçoso evitemos a atitude daquelas autoridades da antiga Bizâncio, que
discutiam bagatelas, enquanto os inimigos lhes cercavam as portas.
Reconhecendo a impossibilidade de vincular essa anomalia às raízes da
ignorância, de vez que o epicurista é, invariavelmente, alguém que se prevalece
da cultura intelectual para extrair da existência o máximo de prazer com esque-
cimento da responsabilidade, interpretemos o materialismo como sendo enfer-
midade obscura, espécie de neoplasma da mente, a degenerar-lhe os mecanis-
mos. Da tumoração invisível surge a violência e a crueldade, a desumanidade e
o orgulho por metástases perigosas, suscetíveis de criar as piores deformida-
des do mundo íntimo.
E tanto quanto a ciência médica ainda encontra dificuldades para definir a
etiologia do câncer, surpreendemos, de nossa parte, os maiores entraves para
explicar a causa de semelhante calamidade, porquanto, sendo a ideia de Deus
imanente em todas as leis do Universo, não é compreensível se isole, volunta-
riamente, a razão da sua origem divina.
Convençamo-nos, porém, de que todo desequilíbrio do espírito pede, por
remédio justo, a educação do espírito.
Veiculemos, assim, o livro nobre.
Estendamos a mensagem edificante.
Acendamos a luz dos nossos princípios nas colunas da imprensa.
Utilizemos a onda radiofônica, auxiliando o povo a pensar em termos de
vida eterna.
Relatemos as nossas experiências pessoais, no caminho da fé, com o
desassombro de quem se coloca acima dos preconceitos.
Amparemos a infância e a juventude para que não desfaleçam à míngua
de assistência espiritual.
Instruamos a mediunidade.
Aperfeiçoemos nossos próprios conhecimentos, através da leitura constru-
tiva e meditada.
Instituamos cursos de estudo do Evangelho de Jesus e da obra de Allan
Kardec, em nossas organizações, preparando o futuro.
Ofereçamos pão ao estômago faminto e alfabeto ao raciocínio embotado.
Plantemos no culto da caridade o culto da escola.
E, sobretudo, considerando o materialismo como chaga oculta, não nos
afastemos da terapia do exemplo, porque, em todos os climas da Humanidade,
se a palavra esclarece, o exemplo arrasta sempre.

Religião dos Espíritos – Espírito Emmanuel. FEB.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Pregações

“E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas


para que eu ali também pregue;
porque para isso vim.”
(Marcos, I:38.)

Neste versículo de Marcos, Jesus declara ter vindo ao mundo para a


pregação. Todavia, como a significação do conceito tem sido erroneamente
interpretada, é razoável recordar que, com semelhante assertiva, o Mestre
incluía no ato de pregar todos os gestos sacrificiais de sua vida.
Geralmente, vemos na Terra a missão de ensinar muito desmoralizada.
A ciência oficial dispõe de cátedras, a política possui tribunas, a religião
fala de púlpitos.
Contudo, os que ensinam, com exceções louváveis, quase sempre se
caracterizam por dois modos diferentes de agir. Exibem certas atitudes
quando pregam e adotam outras quando em atividade diária. Daí resulta a
perturbação geral, porque os ouvintes se sentem à vontade para mudar a
“roupa do caráter”.
Toda dissertação moldada no bem é útil. Jesus veio ao mundo para isso,
pregou a verdade em todos os lugares, fez discursos de renovação, comentou
a necessidade do amor para a solução de nossos problemas. No entanto,
misturou palavras e testemunhos vivos, desde a primeira manifestação de seu
apostolado sublime até à cruz. Por pregação, portanto, o Mestre entendia
igualmente os sacrifícios da vida. Enviando-nos divino ensinamento, nesse
sentido, conta-nos o Evangelho que o Mestre vestia uma túnica sem costura
na hora suprema do Calvário.

Caminho, Verdade e Vida – Espírito Emmanuel, lição 38. FEB.

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23o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: “Método”

Referências Bibliográficas:
Obras de Kardec

• O Livro dos Espíritos – 1857


• O Livro dos Médiuns – 1861
• O Evangelho Segundo o Espiritismo – 1864
• O Céu e o Inferno – 1865
• A Gênese – 1868
• Obras Póstumas – 1890
• Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – 1858
• O que é o Espiritismo – 1859
• Viagem Espírita em 1862 – 1862
• O Espiritismo em sua mais Simples Expressão – 1862

Obras de Léon Denis

• Depois da Morte
• Espíritos e Médiuns
• Joana d’Arc, Médium
• No Invisível
• O Além e a Sobrevivência do Ser
• O Espiritismo e o Clero Católico
• O Espiritismo na Arte
• O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
• O Grande Enigma
• O Mundo Invisível e a Guerra
• O Porquê da Vida
• O Problema do Ser e do Destino
• O Progresso
• Cristianismo e Espiritismo
• Provas Experimentais da Sobrevivência
• Socialismo e Espiritismo

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Tema: “Método”

Obras de Ernesto Bozzano

• A Alma nos Animais


• A Crise da Morte
• Animismo ou Espiritismo?
• Aparições de Defuntos no Leito de Morte
• Breve História dos “raps”
• Cérebro e Pensamento
• Cinco Casos de Identificação de Espíritos
• Comunicações Mediúnicas entre Vivos
• Em Defesa da Alma
• Experiências Espíritas de um Ministro da Igreja Anglicana
• Fenômenos de Bilocação/Desdobramento
• Fenômenos Premonitórios
• Metapsíquica Humana
• O Objeto da Vida
• Os Enigmas da Psicometria
• Pensamento e Vontade
• Povos Primitivos e Manifestações Supranormais
• Remontando as Origens
• Xenoglossia

Obras de Gabriel Delanne

• Pesquisas sobre a Mediunidade


• A Alma é Imortal
• O Espiritismo perante a Ciência
• O Fenômeno Espírita
• A Evolução Anímica
• As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos
• Documentos para o Estudo da Reencarnação
• A Reencarnação

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