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Medicina do Futuro:

Uma aula de Espiritualidade


No último dia 13 de junho foi realizado, “no
Ano XIII INTO” (Instituto Nacional de Traumatologia e
EDIÇÃO 147 Ortopedia), o II Simpósio de Ciência, Saúde e
Agosto e Setembro Espiritualidade.
de 2023
“A educação... é o mais poderoso fator do progresso.” – Léon Denis.  www.celd.org.br

Doenças da alma
Se o corpo reflete o que há no Espírito,
quem deve ser curado primeiro?

Mediunidade: Para quem e A importância da Estudo das Teorias Sobre a


para quê? prevenção do suicídio Terra:
“300 Encontro Espirita sobre Os suicidas, no mundo espiri- Mundo de expiações e de pro-
Mediunidade” tual, só encontram dor, desen- vas, rumo à regeneração
“Não creiais que a faculdade me- canto, frustração e outros so- O estudo das “Teorias sobre a
dianímica tenha sido dada ape- frimentos relacionados à não Terra” se insere perfeitamente no
nas para corrigir uma ou duas resolução dos problemas dos contexto científico do século em
pessoas; não, o objetivo é muito quais esperavam fugir ou que que viveu Allan Kardec.
maior: trata-se da Humanidade. esperavam deixar para traz,
Um médium é um instrumento além da necessidade de superar
pouquíssimo importante, como a mesma prova futuramente (...)
indivíduo.”
NESTA EDIÇÃO Revista CELD de Estudos Espíritas
Ano 13 | № 147 | Agosto e Setembro de 2023

Editorial
CELD e parte de sua história! 5
Poesia
Aprendendo a amar 6
José Márcio de Almeida
Anotação, do livro Evolução em Dois Mundos 8
Mediunidade
Mediunidade: Para quem e para quê? 12
Trabalhadores do Senhor
A importância da prevenção do suicídio 16
Kardec e a REVISTA ESPÍRITA
A eficácia da oração 22
Léon Denis
Léon Denis, o trabalhador espírita 24
Acervo CELD
A Epístola de Tiago 26
Capa
Doenças da alma 32
Mensagem dos Benfeitores
Banquete de estudos 38
Fala, CELD Jovem!
Gabriel: Em busca da felicidade 44
Encontros
Estudo das Teorias Sobre a Terra 46
Espiritismo pelo Mundo
Medicina do Futuro: Uma aula de Espiritualidade 50
Revista CELD de Estudos Espíritas 3
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4 Revista CELD de Estudos Espíritas


EDITORIAL

CELD e parte de sua


história!

O Centro Espírita Léon Denis (CELD) está em festa neste mês de agosto, pela comemoração dos
62 anos de sua existência.
Tudo começou no início da década de 1960 quando um grupo de amigos liderados pelo
jovem Altivo Pamphiro, passaram a se reunir na residência de D. Glória, mãe de um dos participantes
do grupo, aos sábados para o “Culto no Lar”.
O que inicialmente era um momento de estudos de O Evangelho Segundo o Espiritismo e de O
Livro dos Espíritos, evoluiu para outras tarefas, já em outro local, mas ainda uma residência. Com o
crescimento dos trabalhos e com a orientação espiritual, se fez necessário procurar um novo endereço.
O terreno em Bento Ribeiro foi comprado e construído um pequeno prédio, de acordo com as tarefas
e com os parcos recursos que possuíam.
Ficou convencionado que a data de fundação do CELD seria agosto de 1961, e a escolha do mês de
agosto foi por ser o mês de aniversário de Dr. Bezerra de Menezes, Espírito que orientou os estudos
na casa de D. Glória.
Todos nós, médiuns e frequentadores, que estamos ligados de alguma forma ao CELD, temos um
sentimento de profunda gratidão por aqueles abnegados fundadores, já desencarnados, mas sempre
presentes nas atividades da Casa.
Para o leitor que tiver interesse em conhecer com riqueza de detalhes a história da formação do
CELD, recomendamos o livro “O Espírita Altivo” da nossa editora. 

Presidente
presidencia@celd.org.br

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POESIA

Aprendendo a amar
No auge da minha dor,
Foi difícil segurar
Pedi socorro à família
E todos estavam lá

Ajudaram com amor


E muito entendimento,
Até para encontrar forças Reencarnação bendita,
E sair do sofrimento. Oportunidade sagrada,
Corrigenda com amor,
Não foi fácil, eu garanto. Deus Pai, Amor e Bondade!
Porém nunca esqueci
Dos conselhos dos meus pais; As bênçãos que recebi
Roguei a Deus e pedi: Desta abençoada Casa,
O carinho de vocês
Dar-me forças e entendimento, É aprendizado sagrado.
Determinação e Coragem,
Preciso vencer a mim mesmo Vamos semear bondade,
Deus é Pai, Amor e Bondade! Compreensão e amor,
E vamos colher mais tarde
Foi assim que eu cheguei As bênçãos do Criador!
Aos meus 80 anos de vida;
Agradecendo a Maria Santíssima
Pela beleza da vida! Maria
Maria de
de Lourdes
Lourdes Luna
Luna

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Revista CELD de Estudos Espíritas
7
CELD

Arte sobre imagem de Corina Ardeleanu em Unsplash.com


Arte sobre imagem de domínio público
ESPECIAL

Comentários aos prefácios de Emmanuel para a


coleção “A Vida no Mundo Espiritual”, de André Luiz

Anotação, do livro
Evolução em Dois
Mundos
“Em sua primeira parte, esta obra instrui

“E
José Márcio de Almeida
sobre fluido cósmico, corpo espiritual, evolução
volução em Dois Mundos é o déci- e sexo e muitos outros temas.”
mo livro da lavra de André Luiz e da “Na segunda parte, por meio de perguntas e
série “A Vida no Mundo Espiritual”. respostas, trata de questões sobre a alimentação
Foi publicado em 1959 pela Federação Espírita dos desencarnados, matrimônio e divórcio, ges-
Brasileira, que assim o apresentou ao público: tação frustrada, determinação do sexo, além de
“Nesta obra altamente reveladora, o autor outros assuntos relevantes.”
espiritual nos convida: ‘Estudemos a rota de nos- Emmanuel, nesse prefácio, dá especial desta-
sa multimilenária romagem no tempo para sen- que ao perispírito.
tirmos o calor da flama de nosso próprio Espírito Traça, desde os tempos imemoriais, as con-
a palpitar imorredouro na Eternidade [...]’.” cepções que lhe eram emprestadas, destacando
“Para estudar o processo evolutivo do ser, que a sua existência – a do perispírito – era fato
André Luiz alia os conceitos da Ciência com a patente: “Desde tempos remotos, a Humanida-
mensagem consoladora de Jesus reavivada pelo de reconheceu-lhe a existência como organismo
Espiritismo, oferecendo admirável estudo cien- sutil ou mediador plástico, entre o Espírito e o
tífico sobre o harmonioso elo existente na evo- corpo carnal”; “No Egito, era o Ka para os sacer-
lução da alma nos dois planos da vida: o mundo dotes; na Grécia. era o eidolon, na evocação das
material e o mundo espiritual.” sibilas”; “Ontem, Paracelso designava-o como

8 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

sendo o corpo sidéreo e, não faz muito tempo, mesmo” – não deixando de apreciar a justiça e as
foi nomeado como somod nas investigações de oportunidades trazidas pelas múltiplas existên-
Baraduc”. cias – referindo-se, expressamente, ao princípio
Não deixa, Emmanuel, de recorrer à sábia da reencarnação.
afirmação do Apóstolo da Gentilidade em sua “Evolução em Dois Mundos”, segundo Emma-
primeira carta à comunidade cristã de Corinto, nuel, é “preciosa síntese” “da evolução filogenéti-
contida no versículo 44, do capítulo 15: ca do ser”, esteja ele encarnado ou desencarnado.
“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo Por fim, deste prefácio, alerta-nos Emmanuel:
espiritual. Se há corpo animal, há também corpo a “peregrinação ascensional para Deus” requer a
espiritual”. nossa atenção, “a fim de que, por nossa condu-
Aproveita, também, de consignar, o Sábio ta reta de hoje, possamos encontrar a felicidade
Instrutor, que André Luiz vem “acordar em nós pura e sublime, ao sol de amanhã”.
outros a noção da imortalidade” e a inexorabi- Estejamos, portanto, atentos! 
lidade da evolução do princípio espiritual – “o
José Márcio de Almeida
homem não está sentenciado ao pó da Terra e Advogado
que da imobilidade do sepulcro se reerguerá Casa de Caridade Herdeiros de Jesus (BH).
para o movimento triunfante, transportando Vinculado às tarefas:
consigo o céu ou o inferno que plasmou em si Exposição e Reunião de Intercâmbio Mediúnico

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MEDIUNIDADE

Mediunidade:
Para quem e para quê?

Alexandre Lobato “Não creiais que a

É
faculdade medianímica
tenha sido dada apenas
inegável que a vivência mediúnica dá ao para corrigir uma ou duas
médium aprendizados pessoais, tanto
pessoas; não, o objetivo
quanto o convívio com a vida nos dois
é muito maior: trata-se
mundos, quanto, se ele for bom observador,
da Humanidade. Um
com os mecanismos do processo mediúnico. Há
mesmo fatores como a relação fluídica com os
médium é um instrumento
desencarnados ou até o controle do acionamen- pouquíssimo importante,
to dos seus fluidos, ou a qualidade e direção das como indivíduo.
suas preces que se desenvolvem pela repetição, O Livro dos Médiuns, edições
ou seja, meios mecânicos, de tantas vezes que Celd, cap. XX, item 226.
age de uma forma ele acaba aprendendo, quase
1
que “pela força mesma das coisas ”.
Porém, quando estamos a estudar mediuni- Claramente o codificador aponta na direção
dade a partir do Livro dos Médiuns, da percep- de uma importância maior para o coletivo. No
ção de Kardec sobre o fenômeno mediúnico, a Evangelho segundo o Espiritismo, outra de suas
compreensão é outra, como podemos ler no tre- obras, chega a afirmar que a partir da mediuni-
cho a seguir: dade é que se estabelece “o caráter essencial da

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Arte sobre imagem de domínio público
Doutrina Espírita, a sua força, a sua autoridade” passes no salão de reunião pública, portanto
e que “foi por isso que ele não a colocou sobre passes comuns, percebi um leve obscurecimento
a cabeça frágil de uma única pessoa.” Ele aqui, sobre o peito da pessoa que recebia meus passes.
entenda-se Deus. Nunca havia acontecido aquilo e resolvi levar
2
O que pretendemos expor aqui são somente minha percepção ao mundo espiritual . O Espí-
outros momentos da vida do médium, e quere- rito que respondeu chamava-se Sebastião Cara-
3
mos fazer isso sob a luz do Livro dos Médiuns e muru e em sua resposta, me disse: “inicialmen-
de No invisível, de León Denis, que referendam, te deves entender que é só para seu aprendizado
no nosso modo de ver essa concepção da impor- sobre as consequências dos estados emocionais
tância maior da mediunidade para a coletividade das pessoas, mais tarde, mais maduro, isso te
e não para o indivíduo que, circunstancialmente ajudará sempre que puseres tuas mãos a serviço
a possui e que por isso é chamado de médium. de Jesus”. Ora, claramente temos aí uma obser-
Começo por uma experiência pessoal, há vação quanto ao significado para o médium,
uns trinta anos, médium iniciante ainda, ao dar progresso e amadurecimento, e outra acerca

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CELD

do objetivo, tornar o médium um instrumento Temos aqui, o mesmo raciocínio, é para o


melhor, e melhor para quem? Para a coletividade médium como indivíduo? Até o será, se ele con-
que ele atenderá. cordar em atender as exigências do trabalho que
Com León Denis vemos a mesma coisa, em pretende participar, mas visa ao fim um objetivo
sua obra No Invisível, capítulos cinco e seis, maior, o bem da coletividade, no texto de Denis,
dedica-se a descrever os caminhos e percalços belamente representado na referência a “obra de
dos médiuns, desde o começo ao lado de Espí- regeneração” que os Espíritos bons e superiores
ritos simples, familiares, outras vezes embrute- promovem.
cidos que provocam fenômenos grosseiros ou Ao fim dessas nossas reflexões, retornemos ao
sem maiores conteúdos, período que ele chama Livro dos Médiuns em que o tempo todo Kardec
de “escola em que a paciência e o discernimento” aponta para o médium os caminhos para que se
referindo-se ao médium, são testados; passando torne o que eu costumo chamar de um “presta-
pelos dissabores que estes momentos muitas dor de serviços à coletividade” melhor. Para o
vezes significam até chegar ao ponto em que codificador isso não se estabelece sem o estudo;
esse processo, se conduzido de forma persistente sem a observação de si próprio, do fenômeno
pelo médium, se ele não esmorecer, se ele buscar que produz, dos habitantes do mundo invisível
sempre a calma e o silêncio durante essa prepa- e visível que o cercam, tudo isso com a seriedade
ração, lhe será possível: de propósitos cristãos que um dia o fará mere-
cedor de estar na categoria chamada por Allan
Kardec de “médium espírita cristão”. 
Colher o fruto de seus
Notas:
perseverantes esforços; 1 Expressão consagrada pelos Espíritos em outra obra de Kardec,
receber dos Espíritos O Livro dos Espíritos que significa o aprendizado que ocorre
elevados à consagração pelos desdobramentos mesmos da vida e sem propriamente o
concurso da vontade do indivíduo.
de suas faculdades, 2 No CELD, há o serviço da psicografia que permite esse tipo de

amadurecidas no consulta.
3 No CELD seguimos Kardec que da mesma forma que Kardec
santuário de sua alma, ao em suas obras, ao citar as respostas e orientações somente
abrigo das sugestões do se refere ao nome dos Espíritos. Entendemos ser suficiente
orgulho. Se guarda em seu para casos em que o público venha a desejar tirar alguma
dúvida a respeito da mensagem recebida, quando então, uma
coração a pureza de ato vez identificado pelo nome assinado, o médium deverá se
e de intenção, virá, com a disponibilizar para atendê-lo.

assistência de seus guias, Referências bibliográficas:


a se tornar cooperador KARDEC, Allan. “O Livro dos Médiuns”, Ed.CELD, RJ, 2010
utilíssimo na obra de DENIS, Léon. “No Invisível”, Ed.CELD, RJ, 2020
regeneração que eles vêm Apostila do 30º Encontro Espírita Sobre Mediunidade

realizando. Alexandre Lobato


No Invisível, Edições Celd, cap 6 Médium do CELD
da primeira parte. Coordenador do Encontro de Mediunidade e do Curso de
Orientação Mediúnica e Passes (COMP)

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Revista CELD de Estudos Espíritas 15
TRABALHADORES DO SENHOR

A importância da
prevenção do suicídio

dos índices de suicídio entre os encarnados para

N
Márcio, voluntário do CVV
reduzir o número de sofredores no mundo espi-
o livro “Memórias de um suicida”, da ritual e as reencarnações em situações constran-
médium Yvonne do Amaral Pereira, e gedoras destes mesmos irmãos no futuro. É mui-
noutros livros e notícias trazidas pelos to importante, nesse sentido, nossa participação
mentores espirituais, através de vários medianei- nos movimentos de apoio à valorização da vida
ros, há informações sobre a situação dos irmãos e à prevenção do suicídio.
que morrem pelo suicídio e as experiências que Para este fim, foi criado o CVV – Centro de
vivenciam tanto no mundo espiritual, quanto Valorização da Vida –, um trabalho humanitá-
nas reencarnações futuras, relacionadas ao ato rio e voluntário de apoio emocional, visando à
do suicídio. prevenção do suicídio. Movimento constituído
Os suicidas, no mundo espiritual, só encon- por aproximadamente três mil pessoas que se
tram dor, desencanto, frustração e outros sofri- revezam 24 horas por dia, nos sete dias da sema-
mentos relacionados à não resolução dos pro- na, em todo o Brasil, atendendo por telefone,
blemas dos quais esperavam fugir ou que espe- chat e e-mail quem precise desabafar. Por ser
ravam deixar para traz, além da necessidade de um movimento de extrema relevância, o CVV
superar a mesma prova futuramente, adicionada necessita de voluntários.
aos agravantes do ato suicida, que deixa marcas Caso você saiba de alguém com necessidade
na consciência e no corpo espiritual. de falar sobre algo que não consiga dividir com
Ajudar os suicidas através de preces e nos pessoas próximas, indique o CVV – telefone 188,
atendimentos mediúnicos para socorro e ampa- ligação gratuita, por celular ou telefone fixo, a
ro aos sofredores que morreram pelo suicídio qualquer hora do dia em qualquer dia da sema-
é muito importante. Urgente também é nosso na. As ligações são sigilosas. Quem telefona tem
engajamento nos movimentos para diminuição direito ao anonimato e pode falar sobre o que

16 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

quiser. O voluntário conversará com a pessoa de nosso trabalho, vídeos para serem baixados gra-
forma respeitosa, sem julgamento e com empa- tuitamente, etc.
tia. Um amigo temporário para ouvir naquele Segundo estatísticas de órgãos oficiais, como
momento de sofrimento, tristeza, desespero, etc. a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada
Uma das formas de ajudar o CVV é tornar-se ano, mais de 700.000 pessoas se suicidam no
voluntário. Instituição sem orientação religiosa, mundo, quantidade de mortes maior do que
qualquer pessoa pode se candidatar ao volunta- HIV, malária ou câncer de mama. O suicídio
riado. Há um curso de capacitação e seleção com também é uma das principais causas de morte
duração aproximada de três meses, totalmente de jovens entre 15 e 29 anos. No Brasil, as esta-
gratuito. Os voluntários podem possuir as mais tísticas de mortes e tentativas também são altas.
diversas religiões, profissões e idade a partir dos Muitos pensam em suicídio nos momentos de
18 anos, bastando a disponibilidade de tempo crise ou devido à depressão, ansiedade ou demais
para o curso, os plantões semanais e as reuniões de questões ligadas à saúde mental e essas pessoas
apoio e capacitações que ocorrem internamente. podem estar próximas. Então precisamos divul-
Há postos do CVV na cidade, que oferecem gar serviços como o CVV através do numero
a possibilidade de cursos online e presenciais. 188 e estarmos atentos às pessoas à nossa volta
O CVV Bangu, bangu@cvv.org.br, por exem- para ajudar, orientando para psicólogos, clínicas
plo, oferece cursos regulares para quem deseja da família, UPAS e outros locais onde onde as
colaborar com a causa da prevenção do suicídio. pessoas recebam ajuda e sejam diminuídas estas
Para mais maiores informações, os interessados estatísticas tão tristes.
podem acessar também o site www.cvv.org.br, Fiquem atentos aos seus amigos e a familia-
em que poderá saber mais sobre a prevenção res para ajudar, divulguem o CVV e, se possível,
do suicídio, nossas redes sociais, outros tipos de tornem-se voluntários. Prevenção do suicídio é
voluntariado na instituição, artigos referentes ao tarefa de todos! 

Revista CELD de Estudos Espíritas 17


KARDEC E A REVISTA ESPÍRITA

A eficácia da oração

Arte sobre imagem de domínio público


que aquele era um Espírito da pior espécie, um

N
Mário Coelho
verdadeiro monstro e que ele teve participação na
a Revista Espírita de fevereiro de 1860, morte súbita do Sr. D. e foi ele mesmo que deu a
Allan Kardec é informado por um dos bofetada no filho do Sr. D. Orienta. disse ainda o
membros titulares da Sociedade Pari- Benfeitor que poderiam desalojá-lo de lá, desde
siense de Estudos Espíritas (SPEE) que havia que orassem por ele, e deixa claro que era para
perto de Castelnaudary, uma comuna francesa, orarem por ele e não mandarem orar. Kardec até
uma casa conhecida por ser mal-assombrada, pergunta se ele seria susceptível a melhoras, mes-
tendo sido até exorcizada, segundo relatos, onde mo sendo uma alma inferior, e São Luiz pede para
várias imagens de santos foram colocadas para a orarem por ele. Em seguida, diz para evocarem-
que a moradia estivesse protegida. Um certo Sr. -no após um mês. Um casal presente à reunião,
D... decidiu habitá-la, fez reparos na casa e reti- futuros sócios da SPEE, ouvintes, presentes na
rou todas as imagens. Passados anos, um dia ele reunião, passam a orar daí em diante por aquele
morreu subitamente. Depois, em uma ocasião, espírito tão sofrido.
seu filho ganhou uma bofetada de uma mão Após um mês, ele é evocado e ficam saben-
invisível. Não quis mais ali ficar e mudou-se. A do que ele se considerava “um danado”, jogado
tradição dizia que ali, no passado, tinha ocorri- em um inferno para a danação eterna, pois via
do um grande crime. sempre a cena do crime cometido por ele há 200
Kardec pergunta ao Espírito São Luiz se pode- anos e, quando ele tentava sair da casa, conse-
riam evocar o autor da bofetada, e São Luiz diz guia; ao se afastar um pouco, tudo se escurecia.
que poderiam fazê-lo. Quando ele é evocado, nada Kardec o evoca várias vezes, tira dúvida com
escreve; vem de maneira agitada, quebra os lápis, São Luiz sobre o crime ocorrido e evoca os que
rasga a folha, e Kardec não consegue nenhum foram assassinados por ele, que eram seu irmão
diálogo com ele. Em seguida, São Luiz esclarece e sua cunhada, mortos em períodos diferentes e

22 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

que dirá ele como teve participação da morte do de um Espírito desses demanda tempo, tal qual
Sr. D... ocorre nos relatos feitos por muitos Espíritos
Com os meses passando e as orações sendo que chegam à reunião de desobsessão e, quan-
feitas, vamos vendo a modificação que ocorre do o doutrinador fala com eles, dizem não ser
nesse Espírito. a primeira vez que estão vindo à Casa Espírita,
Em um dos esclarecimentos, é feita uma per- ou seja, aquele endereço que foi colocado para
gunta a São Luiz sobre a ação da oração sobre socorro da desobsessão está sendo socorrido
aquele Espírito: Malgrado a sua inferioridade, novamente.
esse Espírito sente os bons efeitos da prece. O (Abrimos um parêntese para recomendar
mesmo vimos quanto a outros Espíritos igual- também o Livro “Diálogo com os médiuns”, que
mente perversos e da mais bruta natureza. Como traz a experiência do fundador do CELD, Altivo
é que Espíritos mais esclarecidos, de inteligência Pamphiro, contendo orientações sobre as ses-
mais desenvolvida, mostram completa ausência sões de desobsessão.)
de bons sentimentos; riem-se de tudo quanto há Kardec, após todo esse trabalho, finaliza o
de mais sagrado; numa palavra, nada os toca e artigo, mostrando que, se aquele Espírito não
deixa nunca o seu cinismo? tivesse sido evocado, nem por isso deixaria de ser
“A prece só tem efeito sobre o Espírito que se socorrido: “Esta evocação não foi casual. Como
arrepende. Aquele que, levado pelo orgulho, se devia ser útil a esse infeliz, os Espíritos que vela-
revolta contra Deus e persiste nos seus desvios, vam por ele, vendo que começava a compreender
ainda os exagerando, como fazem os Espíritos a enormidade de seus crimes, julgaram chegado
infelizes, sobre esses nada pode a prece e nada o momento de lhe prestar socorro eficaz, e, então,
poderá, senão quando um clarão de arrependi- trouxeram-lhe as circunstâncias propícias. É um
mento neles se manifestar. Para eles, a ineficácia fato que vimos muitas vezes repetido.
da prece é um castigo. Ela só alivia os não total- A propósito, perguntam o que teria sido dele
mente endurecidos.” se não tivéssemos podido evocá-lo, bem como
— Quando vemos um Espírito inacessível de todos os Espíritos sofredores que também
aos bons efeitos da prece, há uma razão para nos não o podem ser e nos quais não se pensa. A
abstermos de orar por ele? resposta é que as vias de Deus para a salvação
“Não, de maneira nenhuma, pois cedo ou das criaturas são inumeráveis. A evocação pode
tarde ela poderá vencer o seu endurecimento e ser um meio de presenciá-las, mas certamente
despertar nele pensamentos salutares.” não é o único. Deus não deixa ninguém esque-
Nosso objetivo, diante do breve resumo do cido. Aliás, as preces coletivas devem também
artigo trazido por Kardec, é chamar os leitores ter influência sobre os Espíritos acessíveis ao
para se inteirarem de todo o artigo na Revista arrependimento.” 
Espírita. Há muitos detalhes que merecem ser
Referência bibliográfica:
refletidos e que nos darão a certeza da eficácia da
oração, conseguindo, ao longo do tempo, tocar Revista Espírita 1860 – Editora FEB
o sentimento de Espíritos que, à primeira vista, Mario Coelho
seriam insensíveis à ação da prece. Compreen- CELD
deremos que este processo de esclarecimento Médium e trabalhador voluntário.

Revista CELD de Estudos Espíritas 23


LÉON DENIS

Arte sobre imagem de domínio público


Léon Denis,
o trabalhador espírita
“O estudo de uma doutrina, assim como a Doutrina Espírita, que nos lança, de
repente, numa ordem de coisas tão nova e tão grande, só pode ser feito com proveito
por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenções e animados de firme e sincera
vontade de chegar a um resultado.”
(Allan Kardec. “O livro dos Espíritos”, Introdução VIII)

“Minha vontade me encoraja: Avante, sempre adiante; sempre mais conhecimento,


mais vida, vida divina!”
(Léon Denis. “O Problema do Ser e do Destino”, cap.20)

J esus nos abençoe o esforço em torno do


bem! Apresentamo-nos para o trabalho
do “Encontro sobre a vida e obra de Léon
Denis”. O patrono da casa sempre deve ser lem-
brado; mas, no dia dedicado ao estudo de sua vida
representava, como representa ainda hoje, uma
aurora para a humanidade. Cria ele, e isso decla-
rava formalmente aos seus, que os espíritas deve-
riam conhecer muito da natureza humana, mas
muito mais ainda da natureza divina, para pode-
e obra, alguns fatos devem ser trazidos, como rem dirigir-se aos homens, transmitindo-lhes as
marcas características de sua personalidade. Um noções de divindade ou de divinação da Terra.
desses traços a serem analisados deve ser o da Por isso, ao lidarmos com sua obra, podemos
absoluta austeridade com que ele tratava as coisas – e devemos – distinguir nele o homem comum
do Espiritismo. Sua natureza comumente alegre, do trabalhador. O homem feliz, alegre e o traba-
transparente, feliz, apesar das dores de sua vida, lhador sensato, centrado, não admitindo que se
transforma-se em austera, enobrecida e grave, em tivesse discussão improfícua em torno de qual-
se tratando do Espiritismo. Para ele, o Espiritismo quer tema doutrinário.

24 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

Falem, assim, do seu trabalho em torno da Não esqueçam, caros filhos, que, de ago-
vontade. Comentem bastante sobre sua obra. ra em diante, a responsabilidade de vocês
Distribuam conceitos, mostrem aspectos novos aumenta, pois irão atrair – repito – com suas
para criaturas que estão conhecendo pela pri- vibrações de paz, de equilíbrio, de alegria pelo
meira vez esse Mestre; mas não deixem, em trabalho, aqueles que devem comparecer ao
momento algum, de ressaltar este clima de encontro.
elevação que ele dava ao trabalho em torno da Que Deus ensine a cada um como agir e lhes
Doutrina Espírita. Assim fazendo, terão certeza mostre a responsabilidade de que estão investi-
de que não só falarão da obra, mas sobretudo da dos na prática do ensino deste “Encontro sobre a
vida do Mestre Denis, e de muitos de nós. Vida e a Obra de Léon Denis”.
Que Deus conduza a este trabalho as melho- Muita paz para todos vocês!
res vibrações de carinho e de apoio, e que todos Balthazar, pela graça infinita de Deus. 
os envolvidos na tarefa se ponham agora a vibrar,
Balthazar (Espírito). Em torno de Léon Denis, Lição 8. Psicofonia
atraindo os companheiros para o trabalho do de Altivo Carissimi Pamphiro (médium), em 03/031/1993, no
Encontro. Celd RJ. 1ª ed. Rio de Janeiro: CELD, 2012.

Revista CELD de Estudos Espíritas 25


ACERVO CELD

A Epístola de Tiago
(Revista n° 12/ Setembro de 1994)

dos profetas (2011), “O Apocalipse é História”

O
Roberto Lota
(2013) e “Paulo Polêmico” (2014). Todos pela
texto estudado hoje é de contribuição Editora CELD, do Rio de Janeiro.
de Pinheiro Martins. Nascido em 1967, Na análise a seguir, ele demonstra a base de
Sebastião Pinheiro Martins formou- argumentos concordantes entre Paulo e Tiago
-se em História e, mais tarde, especializou-se em relação aos ensinamentos de Jesus muito
em Filosofia. Na seara espírita, colaborou com embora há quem fale em discordâncias entre os
as publicações “Visão Espírita” e na “Revista dois apóstolos. Mais do que somente confirmar
de Estudos Espíritas”, com artigos sobre histó- posicionamentos, o autor entende que algu-
ria bíblica e as origens do Cristianismo. O autor mas especificidades do tempo, em que ambos
também publicou livros como “Além da história viveram, interferem tanto no entendimento do
da formação do Novo Testamento” (1ª edição público cristão quanto na própria construção
em 1993, esgotada), “Dos apóstolos aos bispos” da mensagem. Diante disso, aprendamos com
(1998, esgotada); “Os fundamentos históricos da este grande estudioso da Doutrina Espírita,
pedagogia espírita” (2006, esgotada), O silêncio Pinheiro Martins.

26 Revista CELD de Estudos Espíritas


Arte sobre imagem de domínio público

A epístola de Tiago
Por Pinheiro Martins 1) As dádivas do Pai:
“Toda dádiva boa e todo dom perfeito vem de
“Propomo-nos, neste artigo, a fazer um breve cima: desce do Pai das luzes, no qual não há mudan-
exame do conteúdo doutrinário desta epístola, ça, nem mesmo aparência de instabilidade” (Tg.I,
verificando até onde ela permanece fiel aos ensi- 17). “Se vós, pois, que sois maus. sabeis dar boas
namentos do Cristo. Escrita antes dos evangelhos, coisas a vossos filhos. quanto mais vosso Pai celeste
a Epístola de Tiago contém, talvez, a mais antiga dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mt. VII, 11).
exposição sobre os ensinamentos do Cristo, tendo
havido mesmo quem sugerisse que ela teria sido 2) Pôr em prática os ensinamentos do Mestre:
escrita antes das viagens de Paulo (1).Seu autor “Sede cumpridores da palavra e não apenas
teria sido aquele Tiago cognominado “O irmão do ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós
Senhor”, e que teria exercido a liderança da Igreja mesmos”(Tg. I. 22). “Aquele, pois, que ouve estas
de Jerusalém até o seu martírio, ocorrido em 62. minhas palavras e as põe em prática é semelhan-
O historiador Ernest Renan nos deixou, a res- te a um homem prudente, que edificou sua casa
peito do conteúdo dessa carta, uma das melhores sobre a rocha”(Mt. Vll. 24).
descrições que poderiam ter sido feitas:
“O escrito de Tiago está todo impregnado 3) O maior dos mandamentos:
dum como que perfume evangélico: ouve-se, “Se cumpris a lei régia da Escritura: Amarás o
por vezes, como que um eco direto da palavra de teu próximo como a ti mesmo, sem dúvida fazeis
Jesus; o sentimento da vida da Galileia aparece bem”(Tg. li. 8). “O que vos mando, é que vos
ainda com grande vivacidade”. ameis uns aos outros”(Jo. XV, 17).
Por isso, propomo-nos, neste artigo, a fazer
um breve exame do conteúdo doutrinário desta 4) Misericórdia para com o próximo:
epístola, verificando até onde ela permanece fiel “Haverá juízo sem misericórdia para aquele
aos ensinamentos do Cristo. Logo em seguida, que não usou de misericórdia. A misericórdia
esclarecemos outra questão que, por vezes, é pro- triunfa sobre o julgamento” (Tg. II, 13). Bem-
posta, a respeito de Tiago e de sua epístola; teria -aventurados os misericordiosos porque alcan-
havido algum conflito ou discordância entre ele çarão misericórdia.(Mt. V.7)
e Paulo, no que se refere aos ensinamentos que
Jesus lhes havia legado? 5) Pelo fruto reconhece-se a árvore:
“Acaso, meus irmãos, pode a figueira dar
TIAGO E JESUS azeitonas ou a videira dar figos? Do mesmo
Mostraremos, agora, como, em muitos pon- modo, a fonte de água salobra não pode dar água
tos particulares, a pregação de Tiago correspon- doce”(Tg. 111, 12). “Pelos seus frutos os conhe-
de rigorosamente a aspectos bem característicos cereis. Colhem-se porventura, uvas nos espinhos
do ensinamento de Jesus. e figos dos abrolhos?”(Mt. VII, 16).

Revista CELD de Estudos Espíritas 27


6) A bem-aventurança dos pacíficos: mas não se pode negar que haja uma conexão
“O fruto da justiça semeia-se na paz. Para entre elas, tão semelhantes são a linguagem usa-
aqueles que praticam a paz”(Tg. III. 18). “Bem- da e os sentimentos expressos nesses versículos.
-aventurados os pacíficos, por que serão chama- Devem-se as diferenças, provavelmente, ao fato
dos filhos de Deus!” (Mt.V.9). de o autor da Epístola de Tiago ter conhecido
esses ensinamentos de Jesus numa forma algo
7) Não Julgar o próximo: diferente da que está registrada nos evangelhos.
“Não há mais que um legislador e um juiz: O material utilizado na composição dos
aquele que pode salvar e perder. Mas quem és tu, evangelhos circulou oralmente durante algum
que julgas o teu próximo?”(Tg. IV, 12). tempo, antes de ser posto por escrito, e o fato
“Não julgueis, se não queres serdes julgados. de que parte desses ensinamentos tenha uma
Porque do mesmo modo que julgardes, se reis forma mais arcaica em Tiago do que em algum
julgados e com a medida com que tiverdes medi- dos evangelhos – Mateus, por exemplo, de onde
do, também vós sereis medidos” (Mt. VII, I s). tiramos quase todas as citações de Jesus – parece
indicar que Tiago tivera acesso a ele num estágio
8) Não jureis: mais antigo que os escritores dos evangelhos (3).
“Antes de mais nada. meus irmãos, absten- Isto parece bem claro quando comparamos
de-vos de jurar. Não jureis nem pelo céu nem Tg.V, 12 e Mt. V. 34-37. Em Mateus, o conselho
pela terra, nem empregueis qualquer fórmula de de Jesus para que se evitem juramentos é redi-
juramento. Que vosso sim, seja sim: que vosso gido numa forma bastante rebuscada. O evan-
não, seja não. Assim não caireis ao golpe do jura- gelista leva Jesus, ainda, a utilizar uma imagem
mento”. (Tg. V. 12). demasiadamente antropomórfica e ingênua de
“Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo Deus, dizendo que o céu é o trono de Deus; e
algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; que a terra é o escabelo de seus pés, culminando
nem pela terra, porque é o escabelo de seus tudo isso ainda, com uma desnecessária referên-
pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do cia ao maligno.
grande rei. Nem jureis pela sua cabeça, porque A versão de Tiago parece bem mais de acordo
não podes fazer um cabelo tornar-se branco com a simpli-
ou negro. Dizei somente: ‘sim’, se é sim; e ‘não’, cidade habitual
se é não. Tudo o que passa além disto, vem do do Cristo. Con-
Maligno”(Mt. V, 34-37). cluindo esta par-
Como se pode observar, as palavras de Tiago te, então, pode-
e as de Jesus não parecem exatamente idênticas; mos dizer que a

Tiago, o Justo, morto em 62 d.C., também conhecido como Tiago de Je-


rusalém ou Tiago, irmão do Senhor, foi uma importante figura nos primeiros
anos do Cristianismo. A Enciclopédia Católica conclui que, baseado no relato
de Hegésipo, Tiago, o Justo, é o mesmo que o apóstolo conhecido por Tiago
Menor, e, em linha com a maior parte dos interpretes católicos, é também
Tiago, filho de Alfeu e o Tiago, filho de Maria de Cleofas. Ele não deve ser con-
fundido, porém, com o também apóstolo conhecido por São Tiago Maior.
(Wikipédia)

28 Revista CELD de Estudos Espíritas


A Epístola de Tiago é uma das cartas do Novo Testamento, as-
sim conhecidas porque foram escritas como cartas circulares, isto é,
para serem lidas em várias igrejas, ao contrário das “Epístolas de Pau-
lo” que eram enviadas a igrejas específicas ou a determinados indiví-
duos. Entretanto fica evidenciado pelo conteúdo da carta que o au-
tor direciona seus conselhos aos cristãos judeus recém-convertidos.
(Wikipédia)

Epístola de Tiago traz, em si, a marca inegável de como o homem


sua procedência dos tempos apostólicos, tendo é justificado
sido escrita, provavelmente, por alguém que tinha pelas obras e
acesso às mais antigas tradições sobre os ensina- não somente pela fé?”(Tg.II. 241. “Porque julga-
mentos de Jesus. Pode bem ser, portanto, o mais mos que o homem é justificado pela fé, sem as
antigo registro disponível sobre a doutrina cristã. obras da Lei”(Rm.III, 28).
Estes dois versículos, aparentemente, con-
TIAGO E PAULO tradizem-se: estariam dizendo coisas opostas,
uma da outra. Mas, quando os analisamos mais
Há quem interprete a Carta de Tiago como atentamente, colocando-os em seus devidos
uma réplica aos ensinamentos de Paulo, de contextos, vemos que a contradição desaparece.
quem Tiago, supostamente, discordaria – isto se Veremos, mais adiante, como esta confusão teria
a Epístola de Tiago não houver sido escrita antes sido provocada, inclusive, por um entendimento
mesmo das cartas de Paulo. Um dos defensores errôneo dos ensinamentos de Paulo.
da teoria segundo a qual haveria um antagonis- Falando ambos de Tiago e Paulo, na verdade,
mo doutrinário entre Tiago e Paulo foi Ernest referem-se a coisas bem diferentes. Nos escritos
Renan, o notável historiador francês, que chegou de Paulo, o termo tem um sentido mais específi-
mesmo a apontar determinadas passagens em co, referindo-se, particularmente, àquela adesão
que Tiago pareceria afrontar Paulo diretamente: a Jesus que caracteriza a vida cristã (5). Tiago,
ele teria contestado a doutrina e Paulo, sobre a porém, utiliza a palavra atribuindo-lhe um signi-
inutilidade das obras e sobre a salvação pela fé. ficado bem mais amplo. Sem excluir a fé especi-
Seria este o objetivo de um parágrafo inteiro da ficamente cristã, Tiago acentua a fé como crença
Epístola de Tiago; Tg. II. 14-26; passagem que em Deus, em oposição ao ateísmo ou descrença:
termina com a célebre frase; “Assim como o cor- “Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também
po sem a alma é morto, assim também a fé sem os demônios creem e temem”(Tg. II. 19). Tiago
obras é morta”(Tg. II, 26). fala, então, da aceitação intelectual de proposi-
Renan também aponta um versículo espe- ções teológicas, enquanto Paulo refere-se, parti-
cífico da Epístola de Tiago como sendo uma cularmente, à adesão ao Cristianismo. Do mesmo
negação direta a uma frase da Epístola de Paulo modo, Paulo e Tiago empregam a palavra diferen-
aos Romanos; e os tais versículos. com os quais temente, aplicando-lhe sentidos distintos.(6)
ele pretendia provar a discordância doutrinária Tiago fala de “obras” se referindo ao tipo de
dos dois apóstolos, (4) são os seguintes: “Vedes comportamento caridoso que se espera de um

Revista CELD de Estudos Espíritas 29


CELD

cristão, enquanto Paulo fala aludindo às ações Caridade não pratica o mal contra o próximo.
e ritos prescritos na Lei do Velho Testamento. Portanto, a Caridade é o pleno cumprimento da
Aliás, ele mesmo o afirma taxativamente, no Lei” (Rm. XIII, 8-10).
supracitado versículo da Epístola aos Romanos: Compare-se a passagem acima com Tiago II,
“Porque julgamos que o homem é justificado 8: “Se cumpris a lei régia da Escritura: Amarás o
pela fé sem as obras da Lei”(Rm. III, 28). teu próximo como a ti mesmo, sem dúvida fazeis
Em suas epístolas aos Gálatas e aos Romanos, bem”, e ver-se-á que não existe discordância algu-
Paulo combatia a ideia de que a observância pura ma entre os dois apóstolos.
e simples da Lei recomendaria alguém a Deus, Recordemos, ainda, que Paulo afirmou que
e nisto, aliás, ele estava em pleno acordo com a seremos, realmente, julgados pelas nossas obras:
doutrina de Jesus.(Mt. V, 3; Lc XVIII, 9-14). porque teremos de comparecer diante do tribu-
Enquanto isso, Tiago combatia a ideia de que nal de Cristo. Ali, cada um receberá o que mere-
ter fé era a única coisa que importava. Daí que ele ceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito
afirmasse que as doutrinas sem efeito prático não enquanto estava no corpo” (II. Cor. V. 10)
tinham valor algum:
“Sede cumpridores da palavra e não ape- CONCLUSÃO:
nas ouvintes” (Tg. I. 22). Com isso, também ele Não havia discordância alguma entre as doutri-
punha-se em pleno acordo com a doutrina de nas pregadas por Tiago e Paulo, pois elas, na verda-
Jesus.(Mt. VII. 24-27). de, eram uma só e tinham a mesma origem: Jesus.
O próprio Paulo, na verdade, nunca defen- Cada apóstolo pregou e transmitiu a mensagem
deu a ideia de que um cristão apenas se salvaria evangélica à sua maneira e de acordo com suas pos-
através de sua fé, desobrigando-se da prática da sibilidades e circunstâncias, dando maior ênfase a
caridade. Todo o capítulo XIII de sua Primeira este ou àquele ponto, de acordo com as necessida-
Epístola aos Coríntios é dedicado a deixar bem des do momento. Daí, então, a confusão surgida em
claro que a Caridade é o mais importante de alguns Espíritos, que imaginaram haverem, Paulo e
tudo, afirmando, mesmo, nos versículos 2 a 13 Tiago, divergido em pontos importantes da Doutri-
que a caridade supera até a fé em importância. na Cristã. Na verdade, ambos concordavam com o
E é também interessante observar como, nesta que fora pregado pelo Mestre Jesus. 
Epístola aos Romanos – cujos ensinamentos Tia- Referências bibliográficas:
go supostamente combateria – Paulo, na verda-
1. DRANE.John. A vida da Igreja Primitiva.São Paulo: Paulinas.
de, reforça e confirma a pregação de seu colega 1985,p. 103.
de Jerusalém: 2. RENAN, Ernest. O Anticristo. Porto; Lello & Irmão. 1953.
p. 40
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma a 3. DRANE. John. Obra citada, p. 99.
não ser o amor recíproco: porque aquele que ama 4. RENAN. Ernest. Obra citada, p. 36.
5. DEANE. John. Obra citada, p. 104.
o seu próximo cumpriu toda a Lei. Pois os precei-
6. idem. ibidem. pp. 104-105.
tos: “Não cometerás adultério, não matarás, não Roberto Lota
furtarás, não cobiçarás e, ainda, outros manda- CELD
mentos que existam, eles se resumem nesta pala- Revisor da Revista CELD, evangelizador
Trabalhador OSAA e a Casa Lar Condessa Paula.
vra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A

30 Revista CELD de Estudos Espíritas


CAPA

Doenças da alma
Se o corpo reflete o que há
no Espírito, quem deve
ser curado primeiro?
O espírito! (Ignácio Bittencourt)

32 Revista CELD de Estudos Espíritas


Arte sobre imagem de Imagem de Joyce Huis em unsplash.com

“Todas as criaturas humanas adoecem, todavia,


são raros aqueles que cogitam de cura real.”
(Emmanuel)

médico mandou eu fazer e eu não consigo obter

C
Marcelo Rolemberg
a cura de minha enfermidade”; ou também,
aríssimos irmãos, quando paramos para “fui naquele médico que cuidou de você e que
analisar essa exortação do amigo espi- lhe curou daquela doença, porém comigo não
ritual Emmanuel, na obra psicografada adiantou nada”. Muitas vezes ouvimos ainda: “Já
por Francisco Cândido Xavier, intitulada “Fon- iniciei os passes na Casa Espírita e até agora não
te Viva” (lição 86), somos compelidos a refletir vi melhora alguma”. Diante de todas essas colo-
acerca do processo de cura, das marcas profun- cações, somos levados a fazermos as seguintes
das que trazemos no âmago de nossas almas, considerações: o comprimido ajuda, a injeção
sob a forma de enfermidades, e de nossa total melhora, entretanto, os verdadeiros males pro-
responsabilidade no mecanismo de atuação, que cedem do coração, assim como de nossas men-
levem à cicatrização plena de tais marcas. tes criadoras.
Ao longo de muito tempo, mais especifica- Podemos receber a mesma formulação medi-
mente 33 anos, um grupo de trabalhadores do camentosa, seja através dos produtos farmaco-
Centro Espírita Léon Denis vem estudando lógicos, das substâncias homeopáticas dinami-
sobre a medicina espiritual, no qual tenho a zadas ou mesmo através dos fluidos dos passes
alegria de fazer parte da equipe que se dedica a magnéticos reequilibrantes, na casa Espírita, mas
aprofundar estudos sobre questões da atualida- se o indivíduo não estiver ajustado devidamente
de, junto com os queridos irmãos Hélio Washin- em suas emoções, para uma melhor e mais efi-
ton, Iole de Freitas e Paulo Nagae. ciente assimilação fluídica, nenhuma terapêutica
Durante todo esse período que nos reunimos alcançará seus objetivos.
para os estudos de preparação para o Encon- Nesse particular, vamos abrir um parêntese
tro Espírita sobre Medicina Espiritual, tive a para trazermos uma explicação técnica-cientí-
bendita oportunidade de ampliar meus limita- fica, a fim de auxiliarmos os nossos irmãos no
dos conhecimentos e mergulhar nos profundos entendimento em torno do funcionamento do
ensinamentos do Cristo e dos bondosos Espíri- metabolismo absortivo.
tos Superiores, que apresentaram um verdadei- A ciência já é capaz de demonstrar que a célu-
ro corolário de fatos em torno deste importante la atua na síntese proteíca, ou seja, exprimindo
aspecto, em torno do fator de origem das nossas um caráter, não tão somente a partir de uma
1
enfermidades, estar situado em nossa própria informação em seu código genético (figura 1),
essência espiritual, em nossa alma. Utilizando mas principalmente através de um importante
uma impactante expressão do Espírito André processo que é a permeabilidade absortiva da
Luiz: “Somos herdeiros de nós mesmos!” membrana celular (figura 2), que acaba sendo o
Muitas vezes, ouvimos de nossos irmãos de principal agente na relação da célula com o meio
jornada indagações, como, “fiz tudo o que o intra e extra celular. Isso porque o mecanismo

Revista CELD de Estudos Espíritas 33


Figura 1 Figura 2

de comunicação de nossas mentes com as nossas para que a cura possa se estabelecer; e ainda mais,
células são as substâncias químicas provenientes o Espírito demonstra através de uma postura
de todo o metabolismo neuronal e que desem- mental correta, que o processo pedagógico das
bocam em nossa corrente sanguínea e atingem leis divinas foram devidamente assimilados e,
nossos órgãos e tecidos, como veremos um pou- como consequência, a disciplina do pensamento
co mais a frente. e a reforma do caráter, como condição primor-
Esse conceito está fundamentado no princí- dial para qualquer processo transformador.
2
pio científico da epigenética , que leva em con- Entretanto, até agora falamos, de forma sin-
sideração as influências do meio externo, como tética, sobre o processo de reparação e reetrutu-
condições ambientais e mentais advindas dos ração orgânica e cura da alma; mas então, o que
outros, assim como, e principalmente, a própria seriam as doenças da alma?
influência do pensamento da própria criatura, Como afirmar que a origem de nossas enfer-
modificando os genes e a síntese protéica na midades estão em nós mesmos?
3
célula . (Figura 3) Como pode ser a minha própria alma a cau-
Podemos notar que tais conceitos estão com- sadora de todas essas mazelas?
pletamente alinhados com muitos ensinamen- E ainda, o que é doença da alma?
tos de nosso Mestre Jesus, quando disse para a Com o conceito em torno do papel que cada
mulher hemorroísa: “Filha, a tua fé te curou!” um nós exercemos nos processos de reparações
(Lucas 8:48). físicas e das curas de nossas mazelas morais,
E o que isso tem a ver com a base científi- desenvolvido até agora, e com a perspectiva bio-
ca que trouxemos? Justamente para demonstrar lógica em torno da possibilidade de sermos o
como se processa dentro de nós, o mecanismo da agente fundamental na cessação de nossas dores
fé lógica e racional nas leis naturais que regem a e sofrimentos, tais fundamentos nos ajudam a
relação Espírito-matéria. Quando estamos con- fazermos uma leitura mais precisa e ajustada em
victos destes mecanismos, quando entendemos torno das doenças da alma.
seu funcionamento e quando observamos que Primeiramente, é sempre muito importante
não há nada de extraordinário ou milagroso na entendermos que nós somos seres emocionais,
absorção dos fluidos magnéticos curadores, a e, assim sendo, nossa linguagem fundamental
alma oferece as condições propícias e adequadas se estabelece entre os nossos órgãos sensoriais,

34 Revista CELD de Estudos Espíritas


Figura 3
nosso Espírito e a neurofisiologia dos nossos ao medo, como a adrelina, que chega em nossas
sentimentos, no nosso corpo, como forma de células, mais especificamente na membrana celu-
respostas aos estímulos externos e a leitura que lar, e se conectam aos receptores adrenérgicos
eu, como Espírito, faço em relação ao que chega correspondentes, estabelecendo assim uma forma
até o meu cérebro.
Vamos dar um exemplo:
quando estamos diante de
um estímulo ameaçador,
como uma víbora, nosso
corpo reage produzindo
sucessivas reações quí-
micas, através da emoção
produzida pelo medo, que
aquele estímulo faz com que
a alma acione o “gatilho” da
ameaça a nossa integridade
física. (Figura 4)
Daí resulta que, uma
série de substâncias de
natureza adrenérgica, ou
seja, que ativam uma série
de respostas ao estresse e Figura 4

Revista CELD de Estudos Espíritas 35


de expressão e comunicação que colocam todo o Desta forma, quando consideramos tal refle-
nosso organismo em estado de alerta e que cau- xão proposta por Emmanuel, vamos concluir
sam muitos danos físicos, energéticos e espirituais. que devemos estar vigilantes, em tempo integral,
Nossos pensamentos são expressos através da em relação aos sentimentos e emoções que sedi-
produção de uma matéria quintensenciada, cha- mentamos, o tempo todo, em nossas mentes e
mada matéria mental, e essa matéria atua dentro em nossos corações, na nossa redentora jornada
de nós e ao redor de nós. Dentro de nós, afe- aqui na Terra, para identificarmos o quanto nos
tando o nosso universo celular; ao redor de nós, autoflagelamos e o quanto nos autodestruímos,
influenciando nossa vida de relação. pois a grande maioria de nós, ainda se permi-
Se alma está desequilibrada e sem a devida ges- te ataques coléricos infamantes, pensamento
tão de suas emoções, ela produz, constantemente, negativo desconstrutivo, desespero atordoante
uma material mental de alto poder destrutivo, e demais flagelos nos quais somos os próprios
fazendo com que suas células sofram com proces- verdugos.
sos de toxidade química, através das substâncias Considerando ainda a questão reencarnacio-
nocivas (tais quais as que foram acima citadas) nista, sempre muito relevante, pontuamos que
que são despejadas por toda corrente sanguínea, tais desequilíbrios e quistos espirituais já podem
como também fluidos de natureza deletéria. estar estabelecidos em nossas organizações
perispirituais, também conhecidos pelo termo
“doenças cármicas”, mas que, na verdade, repre-
É assim que a alma sentam as marcas das imprevidências e dos des-
desajustada estabelece caminhos de outrora, que ficam impressas em
em si mesma os distúrbios nós, nas camadas constitutivas do nosso corpo
físicos, assim denominados espiritual.
doenças da alma. Tais marcas são resultantes das energias
emocionais desequilibradas ou dos excessos
que cometemos ao longo de nossas existências,
Muitas vezes, por tais distúrbios ainda não tisnando assim as tessituras delgadas do nosso
estarem sendo expressos na organização do perispírito e vincando seus elementos constituti-
corpo físico, criamos uma falsa ideia de que vos nas camadas mais grosseiras, que ali adiante
estamos gozando de uma relativa saúde física e deverão ser expurgados, para a depuração total
não nos damos conta das consequências destes do Espírito.
desalinhos, que estão sendo implementados em Para fecharmos nossos raciocínios em torno
nossa própria essência espiritual e que poderão da temática que estamos tratando, precisamos
desembocar em nossa organização física, no sempre considerar os meios de podermos nos
momento oportuno. reequilibrar diante das nossas lutas reparadoras,
O querido benfeitor, na obra acima mencio- ou mesmo, para superar nossos medos, nossos
nada, ainda na lição que nos referimos, nos traz traumas e fobias, que sempre acabam desem-
a seguinte provocação: “Como regenerar a saú- bocando no nosso veículo carnal, através das
de, se perdes longas horas na posição da cólera substâncias químicas com alto poder destrutivo,
ou do desânimo?” resultantes dos nossos desajustes emocionais.

36 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

Desta forma, vamos utilizar esse belíssimo sinceramente, desejam vencer a si mesmos e a
trecho da obra “Fonte Viva”, oferecida pelo insig- alcançarem o cume da montanha, das virtuosas
ne Espírito Emmanuel, na lição supramenciona- conquistas espirituais.
da, e que cala fundo em nossas almas: Que nestas singelas e ínfimas linhas aqui
deixadas, possam os nossos queridos irmãos
“Se estás doente, meu amigo, acima de qual- de caminhada, encontrar um fio condutor que
quer medicação, aprende a orar e a entender, a os possibilitem um melhor entendimento, um
auxiliar e a preparar o coração para Grande pouco mais aprofundado, sobre a natureza físi-
Mudança. ca e espiritual da construção de suas emoções e
Desapega-te de bens transitórios que te as terríveis consequências que vêm assolando,
foram emprestados pelo Poder Divino, de acor- sobremaneira, os corações distraídos e reniten-
do com a Lei do Uso, e lembra-te de que serás, tes em ignorar os desígnios de Deus e as suas
agora ou depois, reconduzido à Vida Maior, onde próprias potencialidades.
encontramos sempre a própria consciência. Muita paz e bençãos de Deus para todos! 
Foge à brutalidade.
Notas
Enriquece os teus fatores de simpatia pes-
1 Código genético é a relação entre a sequência de bases no DNA
soal, pela prática do amor fraterno.
e a sequência correspondente de aminoácidos, na proteína.
Busca a intimidade com a sabedoria, pelo Ele é equivalente a uma língua e é constituído basicamente por
estudo e pela meditação. um dicionário de palavras, a tabela do código genético, e por
Não manches teu caminho. uma gramática, correspondente às propriedades do código,
que estabelece como a mensagem codificada no material
Serve sempre. genético é traduzida em uma sequência de aminoácidos
Trabalha na extensão do bem. na cadeia polipeptídica. (https://pt.wikipedia.org/wiki/
Código_genético)
Guarda lealdade ao ideal superior que te ilu- 2 Epigenética é a área da biologia que estuda mudanças
mina o coração e permanece convicto de que se no fenótipo que não são causadas por alterações na
cultivas a oração da fé viva, em todos os teus sequência de DNA que se perpetuam nas divisões
celulares, meióticas ou mitóticas. É denominado um caráter
passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.”
epigenético quando o fenótipo é alterado por tais mudanças.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Epigenética)
3 Síntese proteica é o processo pelo qual são produzidas as
É muito evidente, que o querido benfeitor não
proteínas na célula. A síntese de proteínas é essencial para
está oferecendo aos nossos corações um receita que ocorra a manutenção e o crescimento celular.
de bolo ou uma fórmula pronta; primeiro, que é
a resultante de suas próprias conquistas espiri- Referências bibliográficas
tuais, tendo ele atravessado longos períodos tre- EMMANUEL, “Fonte Viva”, lição 86. Pela Psicografia de
vosos, por ter desprezado a nobre oportunidade Francisco Cândid Xavier, Ed. FEB, RJ, 2002
WIKIPEDIA
de poder receber as bençãos diretas e os valo-
rosos ensinamentos do nosso amado e magnâ- Marcelo Rolemberg
nimo Mestre Jesus, quando em sua experiência Trabalhador do Centro Espírita Léon Denis - CELD
Professor de biologia, palestrante Espírita e coordenador do
carnal na Terra, na condição de senador roma-
curso de Espiritismo e Genética do CELD de 2004 a 2012
no. Em segundo lugar, que tais orientações sina- Colaborador do Bezerra de Menezes Spiritist Association -
lizam na direção de um caminho que conduz às BMSA - Miami, FL - Estados Unidos da América e Coordenador
almas enfermas e vacilantes, que, verdadeira e do Curso da Família na Visão Espírita - BMSA

Revista CELD de Estudos Espíritas 37


Arte sobre imagem de domínio público
MENSAGEM DOS BENFEITORES

Banquete de estudos
“O que vos viemos dar é apenas um encorajamento, é somente para estimular o
vosso zelo e vossas virtudes que Deus permite que nos manifestemos a vós...”
(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 3 ed. Celd, Cap. XIII, item 12.)

desenvolve. Jesus Cristo foi fortalecido na sua

Q
Dr. Hermann
batalha de educação do homem terreno e a
ue a bondade do Senhor Jesus conti- Terra, ainda que lentamente, igualmente vai
nue nos abençoando, ajudando a nossa criando hábitos melhorados, diferenciados
compreensão, na noite de hoje! dos comuns, de modo que a humanidade vá
O convite para participarmos de um encon- se transformando. Cada criatura que se trans-
tro tão importante no que tange ao conhecimen- forma proporá a transformação de mais uma
to e à prática do bem foi feito. O trabalho está pessoa; esta, por sua vez, de mais outra, até
preparado, e agora convidamos, também nós, a termos uma humanidade somente de pessoas
todos vocês, para participação neste que pode voltadas para o bem.
ser chamado um banquete de estudos, de ampa- Assim, de coração feliz pelo trabalho que
ro mútuo, de felicidade decorrente de toda esta vai ser realizado, convidamos todos a virem ao
convivência fraternal. encontro e que tragam o desejo de conhecer e
O convite inclui, naturalmente, o sentimen- a alegria de aprender, porque nós também, de
to que estaremos dando a vocês: sentimento de nossa parte, estaremos com o desejo de ajudar
paz, de esforço, de aprendizado, de convivência tanto quanto a alegria de ensinar.
com outro nível de estudos, de conhecimento. Se Que Jesus Cristo nos abençoe e ilumine os
de nossa parte possuímos maior visão do assun- nossos corações! Que possamos ter um final de
to, da parte de vocês recebemos o amparo e o noite em paz!
carinho dado por quem deseja aprender. Senti- O abraço do Hermann para todos os corações
mo-nos também gratificados por essa doação de presentes
forças de gratidão e, ao final de cada Encontro Muita paz! 
Espírita, todos saímos beneficiados: vocês e nós.
Dr. Hermann (Espírito). Palavras Do Coração – Volume 3 –
A exaltação do bem é feita; a vivência Lição 21. Altivo Carissimi Pamphiro (médium). Mensagem
com os sentimentos superiores também se recebida em 20/10/2004, no Celd.

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CELD

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FALA, CELD JOVEM!

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CELD

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Imagem de Elena Mozhvilo em Unsplash.com
ENCONTROS

Estudo das Teorias


Sobre a Terra:
Mundo de expiações e de provas,
rumo à regeneração
“A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que
circulam no espaço infinito e oferecem aos Espíritos encarnados
locais apropriados ao seu adiantamento.
(“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo III,
“Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, Diferentes Estados da Alma na Erraticidade”)

Analise-se os comentários de Kardec à ques-

A
Grupo de estudos sobre “A Gênese”/CELD
tão 617: “Dentre as leis divinas, umas regulam o
s considerações deste trabalho versarão movimento e as relações da matéria bruta: são as
sobre o livro “A Gênese, os Milagres e as leis físicas; o estudo delas pertence ao domínio
Predições Segundo o Espiritismo”, mas da Ciência. As outras se referem especialmen-
especificamente o Capítulo VIII, onde percebe- te ao homem em si mesmo, suas relações com
-se o trabalho da espiritualidade gerenciando a Deus e com seus semelhantes. Elas compreen-
construção do conhecimento humano de forma dem as regras da vida do corpo, bem como as da
metódica e contínua. vida da alma: são as leis morais”.
No livro, toda a estruturação didática e racional “Deus prova sua grandeza e seu poder pela
está contida na sua página de rosto: “A Doutrina imutabilidade de suas leis, e não pela sua suspen-
Espírita é o resultado do ensino coletivo e concor- são”. Eis a Lei Natural, que também se encontra
dante dos Espíritos”. Eis a autoridade da Doutrina na questão 614 de “O Livro dos Espíritos”. Kar-
dos Espíritos. “A Ciência é chamada a constituir dec pergunta: “O que se deve entender por lei
a Gênese segundo as leis da Natureza.” Eis a base natural?” E os Espíritos respondem: “A lei natu-
para a origem, o surgimento do mundo material, ral é a lei de Deus; (...) que nos esclarece.
corporal e do mundo espiritual, onde a Gênese E na questão 615 ele pergunta: “A lei de Deus
Material e a Gênese Espiritual darão sustentáculo. é eterna?” Resposta: “Ela é eterna e imutável,

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como o próprio Deus.” As leis de Deus são per- aí a estrutura lógica da Doutrina dos Espíri-
feitas; a harmonia que rege o universo material tos, Codificada por Hippolyte Léon Denizard
e moral é baseada nas leis que Deus estabeleceu Rivail, Allan Kardec.
por toda a eternidade. “Para Deus, o passado e o
futuro são o presente.” Eis aí as Predições. O estudo das Teorias sobre a Terra
Em “A Gênese”, em seu Capítulo XVI, “Teo-
ria da Presciência”, encontra-se, no primeiro No capítulo VIII de “A Gênese”, O estudo das
item, a seguinte pergunta: “Como o conhe- “Teorias sobre a Terra” se insere perfeitamente
cimento do futuro é possível?” E a resposta é no contexto científico do século em que viveu
que “(...) as coisas futuras, dizem, não existem; Allan Kardec. Nos dias de hoje, em função do
elas ainda estão no nada, então, como saber proeminente avanço experimentado pela Ciên-
que elas acontecerão? (...) Mesmo os fatos das cia, podemos afirmar que já não haveria espaço
predições não ocorrem fora das leis naturais. para esta discussão, principalmente de “teorias”
Para o Criador o tempo não existe: o começo e como a da incrustação. De todo modo, a leitura
o fim dos mundos são o presente. Nesse imen- deste capítulo permitirá ao leitor tomar contato
so panorama, o que é a duração da vida de um com o pensamento científico, ainda difuso, da
homem, de uma geração, de um povo? Temos época do Codificador.

Revista CELD de Estudos Espíritas 47


CELD

Teoria é uma estrutura que explica fenôme- Lembrando que no empirismo o conhecimento
nos, parte de uma hipótese e deve ter evidências advém da prática, não há uma lógica racional
validadas para se tornar uma lei. Exemplo: Teo- e científica, não há método de pesquisa. Assim
ria do Big Bang; nós temos a Teoria da Projeção de Buffon bus-
• Teoria da Gravidade - Lei de Newton; cando um estudo embasado em observações,
• Teoria no Método Científico; hipóteses, análise, que apesar dos erros é um
• Teoria da Projeção de Buffon; passo significativo do método científico).
• Teoria da Incrustação; A Teoria da Incrustação é claramente empíri-
• Teoria da Condensação. ca e mistura misticismo e opinião própria indi-
Elaborada no início do século XX, a Teoria do vidualizada, sendo citada somente por ter sido
Big Bang descreve a origem do nosso Universo muito divulgada à época. A Teoria da Incrus-
a partir de uma grande explosão que ocorreu há tação não tem base científica, como bem assi-
aproximadamente 14 bilhões de anos. “A Teoria nalou o Codificador. A Teoria da Condensação
do Big Bang foi sugerida pelo físico belga Geor- fundamenta-se na agregação (condensação) da
ge Lemaître (1894-1966) em um artigo, publica- matéria cósmica, tendo como base os elementos
do no ano de 1927, que discorre a respeito de constitutivos do fluido cósmico universal. Esta
como o Universo pode ter se originado a partir teoria foi rebatizada, no século XX, com o nome
da expansão, de um único átomo (o chamado de Hipótese Nebular.
átomo primordial) (Fonte: UOL).” Dito isso, qual a nossa contribuição diante
Quando Newton realizou estudos sobre o da nossa morada? O planeta Terra. Qual a nos-
movimento que a Lua descreve em volta da Ter- sa postura enquanto indivíduo, espírita e espí-
ra, ele concluiu que a mesma força que atrai os rito? Não há dúvida de que a Terra atravessa
objetos para a superfície da Terra é exercida pela um turbulento período de transformação, após
Terra sobre a Lua. Newton, então, chamou essas o que, segundo os espíritas, deverá surgir um
forças de Forças Gravitacionais criando a Teoria novo mundo, classificado como “de regenera-
da Gravidade. Para ele, essas forças eram res- ção”, onde só aqueles que souberem respeitar e
ponsáveis por manter os planetas e outros cor- seguir certos princípios éticos terão a condição
pos celestes do Sistema Solar, em órbita em volta de permanecer. Estejamos prontos para o que
do Sol, bem como explica as Órbitas Circulares vier, reconhecendo a bênção da encarnação nes-
dos Planetas. tes tempos difíceis, especialmente quando nos
“A Lei da Gravitação Universal é uma lei física encontramos aptos para o trabalho intenso e
que foi descrita pelo físico inglês Isaac Newton urgente em favor da vida. 
(1643-1727), na sua obra Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica, publicada em 1687. Ela Referências bibliográficas:
é utilizada para calcular a atração gravitacional KARDEC, Allan. “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Ed.
CELD, RJ, 2020
existente entre dois corpos dotados de massa.” KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Ed. CELD, RJ, 2022
A Teoria no Método Científico é uma hipó- KARDEC, Allan. “A Gênese”, Ed.CELD, 1998
tese que foi testada e verificada na sua legitimi- Trigueiro, André. “Espiritismo e Ecologia”, Ed. FEB, RJ.
Lachâtre Maurice. “O Espiritismo, uma nova filosofia”, Ed.
dade. (Ressaltando que temos linhas claras de Lachâtre, SP, 2015
pensamento do racionalismo e do empirismo. https://brasilescola.uol.com.br/geografia/big-bang.htm

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ESPIRITISMO PELO MUNDO

Medicina do Futuro:
Uma aula de
Espiritualidade

conhecedores da Doutrina Espírita e outros ape-

E
Mônica Soares
nas pesquisadores, estão se destacando, a passos
m comparação com outros países, o Brasil largos, nos estudos e na divulgação de fenômenos
está atrasado há pelo menos 20 anos nas que apontam para resultados bastante otimistas
pesquisas que dizem respeito aos bene- com relação ao futuro da humanidade. No último
fícios da espiritualidade junto à medicina tradi- dia 13 de junho foi realizado, “no INTO” (Insti-
cional. Em compensação, alguns nomes da área tuto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), o
médica e científica brasileiros, sendo alguns deles II Simpósio de Ciência, Saúde e Espiritualidade.

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O evento contou com a presença de nomes Em países como os Estados Unidos, pesqui-
como o Dr Paulo César Fructuoso (Profes- sas científicas já avançaram muito no setor da
sor Cirurgião do Hospital Universitário Pedro Neurociência, por exemplo, e mereceram des-
Ernesto, UERJ; Titular da Academia Brasileira taque em publicações respeitadas, depois de
de Médicos Escritores e professor de Medici- cientistas passarem de 10 a 30 anos realizando
na) entre outros pesquisadores, que revelaram entrevistas com pacientes portadores de distúr-
à seleta assistência e também aos que estavam bios psicológicos,como depressão, ansiedade ou
acompanhando em transmissão pela internet, dores crônicas. Pesquisadores de Universida-
as notícias mais recentes desta “face oculta da des na Califórnia, Geórgia e Carolina do Nor-
Medicina”. Algo que para os espíritas já não é te mediram os níveis de hormônios do estres-
novidade. se (adrenalina e cortisol) em pacientes, antes
e depois de meditarem e orarem, e atestaram
que as práticas espirituais são fontes seguras de
cura para os pacientes, em cerca de 39%. Essas
conclusões foram publicadas no Journal of The
American Medical Association.

Cirurgia microscópica

No Brasil, médicos espíritas testemunham


uma descoberta ainda mais significativa.
Cirurgias espirituais complexas podem ser rea-
O Dr. Genilson Alves Ribeiro, Vice-diretor lizadas, em pacientes graves, com obstrução no
da Faculdade de Medicina da Universidade coração, por exemplo por meio de visão micros-
Federal Fluminense e chefe do departamen- cópica, de raio-x e procedimento intracelular.
to de Cirurgia Geral e Especializada da UFF, A questão é que falta o principal: “A Ciência
foi outro pesquisador convidado a se apre- acreditar!”, como diz o Dr Paulo C. Fructuoso,
sentar no Simpósio. Ele falou sobre a imple- que realiza cirurgias mediúnicas por intermé-
mentação do curso “Medicina e Espirituali- dio do Espírito Cirurgião Frederick Von Stein,
dade” na grade de disciplinas da Faculdade por ectoplasmia.
de Medicina da UFF (Universidade Federal
Fluminense).

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precisam provocar a ‘autoanestesia’ do paciente,
por intermédio da produção de hormônios. Eles
estimulam este paciente a produzir endorfinas e
encefalinas, que pertencem à família de peptí-
deos opióides endógenos. São neurotransmisso-
res que trabalham para suprimir a dor,e, assim,
possibilitar que o corpo lide com a dor enquan-
to permanece concentrado… Só que o paciente
precisa ter fé, e muitos ainda precisam de algu-
mas “provas” para isso, como o sangue”.
Um dos diretores e principais cirurgiões espi-
rituais do Centro Espírita Lar de Frei Luiz, o Dr.
Paulo C. Fructuoso já escreveu nove livros sobre
o assunto, sendo o mais famoso “A Face Oculta
da Medicina”, e o mais recente “Medicina e Ecto-
plasmia”, e não vai parar aí, como informou. “Eu
pressinto que ainda vou escrever mais três livros,
somente nesta encarnação, tamanha é a quanti-
dade de informações que recebemos o tempo
todo”, diz ele, sempre falando muito rápido, e
bastante ágil com os slides.

“Eu sempre tive pressa em falar sobre Medi-


cina Espiritual, que é algo que eu vejo, que eu
realizo, o tempo todo, como cirurgião que sou,
há 50 anos. Mas a questão é que 80% da classe
a que eu pertenço é descrente, e não aceita nada
além da matéria”, disse o Dr. Fructuoso, durante
a sua palestra no INTO.
E ele sempre está, invariavelmente, diante
de uma audiência boquiaberta. E se alguém o
interroga, ao final de uma palestra, por exem- “Vivemos em busca de respostas que pode-
plo, e lhe pergunta: “Mas se o Dr Frederick tem mos obter se acreditarmos no que o homem
a visão microscópica, por que ele não consegue pode fazer, se ele tem a consciência espiritual
estancar a hemorragia do paciente, obstruin- daquilo que ele pode alcançar. Onde está Deus?
do alguns capilares?”. E o Dr. Fructuoso tem a Ele está ali, naquela mesa de cirurgia com um
resposta na ponta da língua: “É para aumentar paciente que tem uma obstrução no coração, por
a fé do paciente, que precisa perceber o san- exemplo. E, então, o Dr Frederick realiza a cirur-
gue”, responde. Porque os Espíritos Superiores gia pelo abdômem! Através de um túnel que é

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criado por ectoplasmia, ele vai realizar a cirur- Mas nada disso pode ser feito sem que tenha
gia... em outro local. Mas por que no abdômen? sido feito, antes, um outro procedimento que
Porque o paciente, em Espírito, ainda que anes- é tão importante para este cirurgião, quanto
tesiado, sabe que vai ser operado no coração, a correta lavagem e desinfecção das mãos, por
e seu estado mental pode atrapalhar a perfeita exemplo. “É a prece, um instrumento cirúrgico
realização daquele ato cirúrgico, realizado no poderosíssimo! Não tem uma vez que eu entre
perispírito. E dessa outra forma o procedimento no centro cirúrgico que eu não faça a minha pre-
é realizado tranquilamente”, explica. ce antes, solicitando a presença do Pai, de Jesus e
dos Espíritos Médicos Superiores”, afirma.

A Doença e a reencarnação

A Medicina Espiritual tem respostas não ape-


nas para a cura das doenças, mas também para
os porquês da vida. Por suas respostas inques-
tionáveis, que mostram todo o sentido da conti-
nuidade da alma. “Por que alguns de nós, encar-
nados, carregam dores tão difíceis, tão trágicas?
Certa vez entrou na minha sala de trabalho (no
Lar de Frei Luiz) uma senhora empurrando uma
cadeira de rodas na qual estava uma jovem, de
33 anos. Essa jovem estava totalmente deforma-
da, dos pés à cabeça, de uma forma que eu nunca
havia visto. E a mãe tranquila. Aquele quadro me
chocou muito, à primeira vista. Estavam, nesse
dia, os enfermos do Lar de Frei Luiz, sendo aten-
didos pelo médico alemão Dr. Friedrich Stein
super incorporado no médium Gilberto Arru-
da (e entendam a ‘super incorporação’ como um
processo superior ao da incorporação, na qual

Revista CELD de Estudos Espíritas 53


o Espírito toma conta completamente do apa- Ao chegar em casa, o Dr. Fructuoso foi pes-
relho físico mediúnico). Neste momento, o Dr quisar o que era a Síndrome de Larsen, que afe-
Frederick se aproximou de mim e disse: ‘Veja o ta apenas um em cada 100 mil indivíduos. “Em
que nós fazíamos na Inquisição. Essa jovem era 1954, um ortopedista cirurgião, Joseph Larsen,
nossa auxiliar no manuseio dos instrumentos de descobriu que esta é uma doença genética, here-
tortura inquisitoriais’”, conta ele. ditária, que acomete um único gene, que gera
uma proteína errada. A proteína que esse gene
produz entra na concepção da organização das
articulações do embrião. Quando esse gene está
defeituoso, as articulações do embrião ficam
anormais. E o que acontece é que elas incham
e se deslocam! Sofrem desarticulações espontâ-
neas, ainda na vida intrauterina, e que se prolon-
gam pela vida! É uma doença cruel, que não tem
cura. Aí eu fui estudar as lesões e traumas cau-
sados pelos instrumentos de tortura da Insquisi-
ção, como a roda, o estralabo e tantos outros, com
seus requintes de crueldade. E fiquei estarrecido
em saber que as lesões dessa síndrome eram exa-
tamente iguais às causadas pelos instrumentos
de tortura!” “Ficou provado, pra mim, mais uma
vez, que tudo aquilo que fazemos contra o pró-
ximo (até pelas palavras e pelo pensamento), ou
até mesmo à natureza do planeta, fica gravado
no teu perispírito (envoltório fluídico do Espí-
rito) de forma mais ou menos profunda. E só
há uma forma de corrigir esse envoltório eterno
do ser espiritual: É você habitar um novo corpo
físico, e nesse corpo físico as deformações vão
corrigir o seu perispírito”, explica ele.

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fenômenos com a comprovação científica dessa
veracidade”, conclui. De certa forma, não é sobre
isso que também nos ensina o Dr. Hermann, a
respeito dos “cistos espirituais”?, citados no livro
“Instruções dos Espíritos”?

Medicina e Espiritualidade

O Dr. Genilson Alves Ribeiro, responsável


pela implementação do Núcleo de Estudos e
Saúde de Medicina e Espiritualidade no currícu-
lo escolar dos alunos e futuros médicos da UFF,
Ao falar sobre outras doenças, com as infor- falou sobre “A compreensão Espiritual do Pro-
mações que lhe foram transmitidas pelos médi- cesso de Adoecimento”.
cos do Plano Espiritual, ao longo desses 50 anos, “Esse núcleo de estudos começou com alu-
que têm origem no passado do Espírito, o Dr. nos que se interessaram pelo assunto, e durante
Fructuoso explicou que os tumores são “aspi- a pandemia esses estudos se aprofundaram, de
radores das impurezas” da alma. “Só aí você forma on-line, com palestras, sempre às sextas-
encontra explicação para tumores de alta malig- -feiras, das 18h às 20h. Chegamos à média de 80
nidade que surgem em bebês que ainda nem alunos por aula. Só que, ao término da pande-
nasceram! Salta aos meus olhos que grande mia, e como o MEC não permite mais aulas digi-
parte dessas impurezas foram conquistadas em tais de Medicina, transformamos a aula em pre-
vidas passadas. sencial. Ela acontece atualmente todas as sextas,
às 18h, na sala José Hilário, do Hospital Antônio
Pedro”, afirmou.

“Nós fomos treinados, do ponto de vista


Ou, então, por que um bebê, ainda no útero da Medicina, para lidar com a vida, mas nós
da mãe, teria aquele tumor se nem viveu ainda? não sabemos lidar com a morte. E qual seria o
Mas, infelizmente, grande parte das religiões melhor lugar do mundo para falar sobre isso? A
não aceitam. E, mais uma vez, eu entendo que Cátedra, na Universidade. Mas nós não falamos
a única solução para a pacificação e progres- sobre isso porque temos medo. Então coube à
so da humanidade está na compreensão desses Filosofia e às religiões falarem sobre este tema”.

Revista CELD de Estudos Espíritas 55


Por que associar esses dois princípios? “Por- o seu lado espiritual em especial. E precisamos
que contribui enormemente para a melhoria do saber lidar também com tudo isso”, afirmou a
paciente! E principalmente quando a doença é Psicóloga Fátima Alves, Chefe da Área de Polí-
prolongada, e ela traz outras dores, dores aos tica Nacional de Humanização do INTO.
familiares... E aí vem a descoberta do Espírito,
a descoberta de que não existe apenas aquele
corpo físico que está debilitado, e que existem
outras vidas... A Física quântica tem nos ajuda-
do enormemente na observação da importância
para esta associação, e são tantos fatores”, disse o
Dr Genilson. Alguns casos de EQM (Experiên-
cia de Quase Morte) também foram relatados
por ele e mostrados nos slides. “O que é mais
importante em uma EQM? Não é a questão do
fenômeno, do túnel de luz, relatado pela maioria
dos pacientes que voltam. É o depois. É a vida
completamente modificada para aquele ser, e
que em geral é completamente diferente da ante-
rior. É a repercussão que isso vai ter para ele: A
percepção de que a Consciência não está no cor-
po. Isso muda tudo!”, disse.
E há bases científicas para fazer essa associa-
ção? “Descobri, fazendo uma pesquisa na inter-
net – continua o Dr. Genilson –, que existem
17 mil artigos publicados sobre espiritualidade
e saúde. Vários centros universitários nos EUA
começaram a pesquisar nesse sentido. O Brasil
tem hoje um trabalho magnífico sobre o assun-
to também, feito por vários pesquisadores. Falta
conhecermos”. Segundo a OMS, o conceito de “saúde"
é “um estado de completo bem estar físico, men-
Humanização na ciência tal e social, e não apenas a ausência de enfermi-
dades”, como bem lembrou, neste simpósio, o
É preciso, por todas essas razões, destacar a Dr. Roberto Feres (Coordenador Assistencial do
iniciativa do INTO em realizar este Simpósio. INTO), presente à mesa de abertura, junto aos
Fruto do trabalho incansável de quem acredita demais representantes do hospital: a Drª Germa-
no que faz. “Aqui no INTO os médicos são de na Bähr (Diretora do INTO) e a Psicóloga Fáti-
excelência, o material é de primeira, mas a gente ma Alves (Chefe da Área de Política Nacional de
está cuidando de seres humanos que vêm aqui Humanização do INTO).
não apenas com o corpo físico e seus ossinhos O Dr. Luis Carlos da Silva, Médico Psicólo-
quebrados, mas ele traz o seu lado emocional, go do Centro Psiquiátrico do RJ, falou sobre “A

56 Revista CELD de Estudos Espíritas


CELD

influência do Grupo na Espiritualidade do Ser”, Enfim, quanto mais conhecemos sobre Espi-
outro momento bem especial. “Muitas vezes, a ritualidade, mas percebemos que nada sabemos,
dificuldade e o adoecimento estão muito além diante da grandeza e sabedoria da Criação. Res-
de um osso quebrado ou de uma dificuldade ta a nós, espíritas, reconhecer que, se já estamos
médica imediata. Na maioria das vezes, existe nesse caminho, com a oportunidade de apren-
também ali uma enorme carência por acolhi- der, é pela misericórdia divina. Portanto, que
mento ou uma luta enorme contra a rejeição ou se possa fazer o que a Espiritualidade espera de
o abandono. E isso adoece e mata. Tratar disso, cada um de nós: combater o materialismo, sem
com um olhar humanizado, auxilia, e muito, a trégua. E levar a Boa Nova onde se possa estar:
cura do paciente”, afirmou. nas relações cotidianas, nos núcleos universitá-
E como a equipe de saúde pode abordar, cien- rios e científicos e, principalmente, na educação
tificamente, a espiritualidade e a religiosidade familiar. 
do paciente? Este foi outro assunto que atraiu Monica Soares
muitos comentários dos participantes. E quem Jornalista, trabalhadora da DDDE do CELD (Divulgacao Dou-
falou sobre isso foi a Professora Drª Ana Rosa trinaria Espirita)
Airão Barboza, Doutoranda em Neurologia e Médium
Trabalhadora do Condessa Paula
Professora Pesquisadora (UNIRIO).

Ante o Divino Médico


“Não são os que gozam de saúde que precisam de médico”. – JESUS – Mateus, 9: 12.

Milhões de nós outros, – os espíritos encarnados e desencarnados em serviço na Terra, somos almas
enfermas de muitos séculos.
Carregando débitos e inibições, contraídos em existências passadas ou adquiridos agora, proclama-
mos em palavras sentidas que Jesus é o nosso Divino Médico.
E basta ligeira reflexão para encontrar no Evangelho a coleção de receitas articuladas por ele, com
vistas à terapia da alma.
Todas as indicações do sublime formulário primam pela segurança e concisão:
– Nas perturbações do egoísmo: Faze aos outros o que desejas que os outros te façam.
– Nas convulsões da cólera: Na paciência possuirás a ti mesmo.
– Nos acessos de revolta: Humilha-te e serás exaltado.
– Na paranóia da vaidade: Não entrarás no Reino do Céu sem a simplicidade de uma criança.
– Na paralisia de espírito por falsa virtude: Se aspiras a ser o maior, sê no mundo o servo de todos.
– Nos quistos mentais do ódio: Ama os teus inimigos.
– Nos delírios da ignorância: Aprende com a verdade e a verdade te libertará.
– Nas dores por ofensas recebidas: Perdoa setenta vezes sete.
– Nos desesperos provocados por alheias violências: Ora pelos que te perseguem e caluniam.
– Nas crises de incerteza, quanto à direção espiritual: Se queres vir após mim, nega a ti mesmo, toma
a tua cruz e segue-me.
– Nós, as consciências que nos reconhecemos endividadas, regozijamo-nos com a declaração conso-
ladora do Cristo: – Não são os que gozam de saúde os que precisam de médico.
Sim, somos espíritos enfermos com ficha especificada nos gabinetes de tratamento, instalados nas
Esferas Superiores, dos quais instrutores e benfeitores da Vida Maior nos acompanham e analisam ações
e reações, mas é preciso considerar que o facultativo, mesmo sendo Nosso Senhor Jesus Cristo, não pode
salvar o doente e nem auxiliá-lo de todo, se o doente persiste em fugir do remédio.
EMMANUEL (Da obra “ O Livro da Esperança” – Francisco Cândido Xavier)

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