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Coordenação editorial: Jean Bastardis


Revisão: Enzeo Emmanuel Lima dos Santos
Capista: Yuri Silva
Diagramação: Fabiana Mattos

Dados de catalogação da publicação


Desurmont, Aquiles, padre, 1828-1898
A meditação ao alcance de todos / Padre Aquiles Desurmont,
C. SS. R.
Rio de Janeiro: Caritatem, 2022

ISBN: 978-85-53152-32-2

1. Espiritualidade 2. Meditação 3. Oração I. Título


II. Autor
Índice para catálogo sistemático:
1. Espiritualidade 2. Meditação 3. Oração

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Sumário

Advertência prévia........................................... 9

A meditação ao alcance de todos.......................... 11

Primeira parte
Princípios e explicações sobre o exercício da medita-
ção em geral e sobre as considerações em particular

Primeira lição – Natureza da meditação.................. 15

Segunda lição – Artes da consideração.................... 19

Terceira lição – Importância do exercício da medita-


ção............................................................. 23

Quarta lição – Diminutivos e equivalentes da medita-


ção............................................................. 27

Quinta lição – Os bons pensamentos...................... 31

Sexta lição – Os bons afetos................................ 35

Sétima lição – As boas resoluções.......................... 39

Oitava lição – As boas petições............................. 43

Nona lição – Constância no exercício da meditação.... 47

Décima lição – Últimas advertências sobre o exercício


da meditação................................................. 49
Segunda parte
Exemplo prático de meditação conforme as lições
dadas acima

Preparação para a véspera, à noite....................... 55


Divina eloquia cum legente crescunt

Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo:


Ó Senhor Jesus Cristo, abre meu coração para que
possa ouvir e entender Tua palavra e fazer Tua
vontade, pois sou um residente temporário nesta
terra. Não oculte Teus mandamentos de mim, mas
abre meus olhos para que possa compreender as
maravilhas de Tua lei. Dizei-me as coisas ocultas e
secretas de Tua sabedoria. Em Ti deposito minha
esperança, ó Deus meu, de que Tu iluminarás
minha mente e meu entendimento com a luz de
Tua sabedoria, não apenas para cultivar as coisas
que estão escritas, mas para cumpri-las, para que
não peque ao ler as vidas, obras e provérbios dos
santos, mas para que sirvam à minha restauração,
iluminação e santificação, para a salvação da minha
alma e herança da vida eterna. Pois Tu és a luz
daqueles que residem nas trevas, e de Ti vem toda
boa obra e dádiva. Amém.
† S. João Crisóstomo
† Pater Noster
† Gloria
Advertência prévia

Santo Afonso Maria de Ligório, insigne Doutor da


Igreja, foi uma alma abrasada de amor a Deus e de zelo
pela salvação das almas, especialmente das do povo hu-
milde e necessitado de auxílios espirituais. Esse ardente
amor a Deus e esse zelo incansável do bem espiritual do
próximo impeliram-no a um apostolado inteligente e deci-
dido a favor dos meios mais necessários e mais ao alcance
de todos.
Entre esses meios descobriu como um grande recur-
so salvador e santificador o da oração. Seus esforços e os
resultados foram tão felizes que a posteridade lhe conferiu
o honroso título de Doutor da oração.
Ao mesmo tempo compreendeu Santo Afonso que
não poderia encontrar-se elemento mais poderoso e eficaz
para favorecer e cimentar a prática da oração do que a me-
ditação; e, por isso, depois de inculcar em todas as circuns-
tâncias e em todas as formas possíveis a necessidade da
oração, sobretudo no caráter particular de súplica e peti-
ção a Deus, insistiu com igual empenho na importância da
meditação a fim de que os fiéis rezassem muito e rezassem
bem.
Eis por que não considerou a meditação como um ar-
tigo de luxo, reservado à aristocracia de pequeno número
de almas, mas ao contrário reputou-a como um meio mui-
to ao alcance de todos.
9
A meditação ao alcance de todos

Essa é a razão por que em todas as igrejas de sua


Congregação, erguidas no meio das povoações rurais, in-
troduziu a prática diária da meditação para o povo; em
todas as suas missões, que foram em sua grande maioria
missões rurais, praticou com o povo o exercício da medita-
ção; estabeleceu além disso por toda parte, como meio de
perseverança, a prática da meditação diária para os fiéis
nas igrejas e capelas dos povoados e aldeias por ele mesmo
missionados.
Entregue a esta empresa de popularizar a oração
mental, bem depressa notou a falta de livros simples e apro-
priados a esse fim. Seu zelo incansável sugeriu-lhe então o
projeto de compor e difundir tais obras, o que realmente
fez com imenso proveito para as almas. As meditações do
Santo Doutor são até hoje as mais apreciadas.
Santo Afonso expôs em várias obras as regras práti-
cas para facilitar o salutar exercício da meditação. Um de
seus filhos, o Pe. Aquiles Desurmont, reuniu e explicou es-
sas regras, que ora apresentamos aos nossos leitores.
Que Santo Afonso se digne abençoar este nosso mo-
desto trabalho a fim de que numerosos fiéis abracem o
salutar e salvador exercício da meditação cotidiana, meio
poderoso de salvação e santificação para todos.

10
A meditação ao alcance de todos

Doutrina sobre a oração mental - noções pre-


liminares

1. O exercício da meditação compreende três partes,


a saber: a preparação, a consideração ou meditação pro-
priamente dita, e a conclusão.
Segundo Santo Afonso, a preparação consta de três
atos.
Um de fé e adoração, por meio do qual a alma entra
em comunicação com Deus presente, embora não o veja,
ou com Jesus presente na Eucaristia a quem os sentidos
não percebem.
O segundo ato é de humildade e arrependimento,
por meio do qual nos pomos em condições de tratar con-
fidencialmente com Deus, que só nos corações humildes e
contritos se compraz.
Acrescenta-se, por último, um ato de petição para
tornar-nos merecedores da graça de Deus; pois sem oração
não há graça atual.
2. O mais difícil no exercício da meditação é a con-
sideração ou meditação propriamente dita. Para facilitar
essa tarefa e pô-la ao alcance de todos, vão aqui as lições
do presente opúsculo, o qual, para melhor inteligência, foi
dividido em duas partes.
11
A meditação ao alcance de todos

Na primeira expõem-se dez lições com seus princí-


pios ou bases gerais e as respectivas explicações em forma
de catecismo por perguntas e repostas.
Na segunda parte põe-se um exemplo prático de me-
ditação.
3. A conclusão ocupa a última parte no exercício da
meditação. Segundo Santo Afonso e outros autores, a con-
clusão compreende quatro coisas:
1ª A ação de graças, quando a meditação saiu bem;
ou o arrependimento se por nossa culpa saiu deficiente.
2ª A renovação das resoluções tomadas, feita breve-
mente.
3ª A recomendação da Santa Igreja, dos pecadores,
dos parentes e benfeitores e das almas do purgatório.
4ª O ramalhete espiritual, que pode ser uma jacula-
tória, máxima ou pensamento que conserve vivas durante
todo o dia a lembrança e as graças da meditação realizada.

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Primeira parte

Princípios e explicações sobre o


exercício da meditação em geral
e sobre as considerações em
particular
Primeira lição
Natureza da meditação

I. Princípios
1. Nunca se deve esquecer que a meditação é uma
conversação da alma com o céu e consigo mesma sobre
coisas de Deus. Os personagens celestiais com quem con-
versamos na meditação, nós não os vemos nem ouvimos;
sabemos, porém, que eles nos veem e nos atendem. Esses
personagens podem ser Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora,
algum santo ou as almas do purgatório.
2. Não nos esqueçamos de que o tom dessa conversa-
ção deve ser muito singelo, cordial e confiante; e que nessa
conversação podem repetir-se as mesmas coisas quantas
vezes se quiser e até intercalar orações vocais.

II. Explicações
1. Por que se diz que a meditação é uma conversação?
Porque não é um trabalho exclusivo do entendimen-
to, como seria um estudo; mas é uma verdadeira entrevista
e prática da alma com o céu e consigo mesma.
2. Por que se acrescenta que não se deve esquecer
isso?

15
A meditação ao alcance de todos

Porque muitos o ignoram e até muitos livros pare-


cem dizer o contrário, fazendo da meditação um mero tra-
balho intelectual.
3. Com quem se conversa na meditação?
Com alguém que não se vê.
4. Pode conversar-se com uma pessoa invisível?
Por que não? Se soubesses que alguém está detrás de
uma cortina, não poderias falar com ele sem vê-lo?
5. Com que personagens se pode falar na meditação?
Com Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Maria Santís-
sima, com os anjos e os santos e com as almas do purgató-
rio.
6. Mas estão estes personagens sempre presentes à
nossa meditação?
Deus está presente em todo lugar; Jesus Cristo está
no céu e no Sacrário e dali nos ouve; Maria Santíssima está
no céu e de lá nos atende; os anjos e santos estão igualmen-
te atentos quando lhes falamos; as benditas almas podem
relacionar-se conosco devido ao dogma da comunhão dos
santos.
7. É legítima esta conversação com o céu e com esses
seres invisíveis?
Sem dúvida, pois o próprio Jesus Cristo nos autori-
zou a dizer “Pai nosso, que estais nos céus”.
8. De que necessitamos para falar com esses seres in-
visíveis?
Necessitamos da fé que avive em nós a convicção de
sua presença e nos ponha em relação com eles.
16
Padre Aquiles Desurmont

9. Por que se disse que o tom da meditação deve ser


muito singelo?
Porque com Deus não se usa de etiqueta e toda com-
plexidade põe a perder a meditação.
10. Por que se diz que a meditação há de ser cordial
e confiante?
Porque precisa ser uma conversação familiar sem
buscar emoções sensíveis, que facilmente multiplicam as
dificuldades de uma boa meditação.
11. Não desagrada a Deus essa linguagem simples e
familiar?
Ao contrário, Ele encontra nela seu maior prazer. As-
sim, agrada-lhe, por exemplo, que lhe digamos com sim-
plicidade e confiança: Meu Deus, eu vos amo. Meu Deus,
eu vos peço perdão.
12. Por que se disse que a meditação é uma conversa-
ção da alma consigo mesma?
Porque nesse exercício conversamos também com a
nossa consciência, para ver se o estado atual está em con-
formidade com as luzes recebidas.
13. Por que se disse finalmente que a meditação é
uma conversação sobre as coisas de Deus?
Porque o objeto predominante dessa conversação
deve ser o nosso duplo fim, a saber: nosso fim último, que
é Deus, e nosso fim próximo, que é nossa salvação e santi-
ficação.
14. Ficará bem repetir as mesmas coisas na meditação?
17
A meditação ao alcance de todos

Não há dúvida de que agrade a Deus a repetição das


mesmas coisas, como o vemos fazer a Igreja nas ladainhas
que aprovou.
15. Podem intercalar-se orações vocais na meditação?
Por que não? Contanto que se digam bem e não se
contente com recitá-las mecanicamente sem atender-lhes
ao sentido.

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Segunda lição
Artes da consideração

I. Princípios

1. A consideração compõe-se de quatro partes, a saber:


1° De bons pensamentos (por exemplo: Jesus morreu
por mim).
2° De bons afetos (por exemplo: Ó Jesus, que morres-
tes por mim, eu vos agradeço!).
3° De boas resoluções (por exemplo: Ó Jesus, que
morrestes por mim, eu quero amar-vos!).
4° De boas petições (por exemplo: Ó Jesus, que mor-
restes por mim, ajudai-me a renunciar a todo pecado!).
2. Estas quatro partes devem ser mais ou menos
iguais.

II. Explicações
1. Convém dividir sempre a consideração em quatro
partes?
Sim, a não ser que a alma se veja favorecida extraor-
dinariamente por Deus com uma oração superior, o que
ordinariamente não se dá com os simples fiéis.
19
A meditação ao alcance de todos

2. Em que sentido se diz que estas quatro partes de-


vem ser mais ou menos iguais?
No sentido de que se há de consagrar mais ou menos
tanto tempo a uma como à outra. Por exemplo, sendo a
meditação de um quarto de hora, dedicar-se-ão uns quatro
minutos a cada uma.
3. São estas quatro partes igualmente importantes?
Cada uma tem sua importância particular. Com
efeito, os bons pensamentos afervoram o espírito e deles
brotam os bons afetos; os bons afetos produzem as boas
resoluções e estas fazem com que as petições sejam igual-
mente boas. As petições constituem, entretanto, a parte
mais importante da meditação.
4. Por que a petição é a parte mais importante?
Porque as petições são, afinal, as que alcançam as
graças por meio das quais podemos realizar as boas obras
necessárias à nossa salvação.
5. São os bons pensamentos realmente necessários na
meditação?
Sim, por serem as fontes ordinárias dos bons afetos e
porque sendo o homem um ser racional não costuma resol-
ver-se a praticar bem senão quando pensa bem.
6. Pode-se dar um exemplo disso?
Sim, por exemplo: a experiência ensina que aquele
que pensa no inferno evita o pecado e o que pensa nos pa-
decimentos de Jesus Cristo, guarda com mais cuidado os
mandamentos deste bom Mestre.
7. Por que são os bons afetos igualmente necessários?
20
Padre Aquiles Desurmont

Porque para inclinar-se ao bem não basta ilustrar


o entendimento; tem-se de mover também o coração, do
contrário as ilustrações da mente ficariam estéreis. É o que
se dá com os condenados, que pensam eternamente na
bondade de Deus e, contudo, não podem ver-se movidos
a amá-lo.
8. Deve-se, pois, ao bom pensamento acrescentar o
bom afeto?
Sim, depois de haver pensado na malícia do pecado
deve acrescentar-se: Senhor, perdoai-me as ofensas que
vos fiz.
9. Por que depois dos bons afetos hão de acrescentar-
-se as boas resoluções?
Porque a razão e o coração assim o exigem. Por exem-
plo, depois de haver pedido perdão é justo acrescentar: Se-
nhor, não quero mais pecar, não quero ofender-vos.
10. Por que, enfim, tomadas as resoluções há de acres-
centar-se a petição?
Porque, faltando a oração (petição), as resoluções não
se cumprem.
11. Donde provém isso?
Provém de que Deus não concebe as suas graças se-
não aos que as pedem; assim pois, tendo dito: Quero ser
casto, quero ser humilde, quero ser cumpridor das obri-
gações de meu estado, etc., é preciso pedir a castidade, a
humildade, a fidelidade ao dever, etc..
12. Quais são, pois, em resumo, as partes necessárias
de uma boa consideração?
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A meditação ao alcance de todos

São quatro, a saber: a renovação da mente pelos bons


pensamentos; a renovação do coração pelos bons afetos; a
renovação da vontade pelas boas resoluções e a renovação
da graça pelas boas petições.
13. É útil esta divisão?
É utilíssima porque torna fácil e proveitosa a medi-
tação e impede que se descuide alguma parte essencial da
mesma.

22
Terceira lição
Importância do exercício
da meditação

I. Princípios

1. A meditação está relacionada com o mistério das


operações da graça e com a cooperação humana. Deus ope-
ra nas almas; quer, porém, que elas se prestem a esta ação,
favorecendo-a e provocando-a.
2. Por isso a meditação vem a ser na vida cristã o que
é o uso da razão na vida natural.
3. Assim, pois, quem se acostuma a meditar regular-
mente rezará muito, rezará bem e assegurar-se-á o tesouro
abundante das graças.

II. Explicações

1. Por que o exercício da meditação é necessário e


deve pôr-se ao alcance de todos?
Porque está relacionado com o mistério das opera-
ções da graça e da cooperação humana na vida cristã.
2. Que é que faz a graça na vida cristã?

23
A meditação ao alcance de todos

A graça deposita no entendimento os gérmens dos


bons pensamentos; na vontade desperta os bons afetos e
resoluções que levam à virtude.
3. Que oferece a cooperação humana na ação da gra-
ça?
Primeiro a atenção e um consentimento espontâneo
aos bons pensamentos que vêm do céu; depois favorecer
esses impulsos com os esforços da boa vontade e, por fim,
avivar esses esforços pela oração.
4. Que acontece ordinariamente quando o cristão não
medita nada absolutamente?
Esse cristão se fecha à ação da graça, não oferecendo
a tríplice cooperação que deveria prestar.
5. A que extremos leva esse estado de negligência?
A uma total indiferença religiosa na qual faltam por
completo os bons pensamentos, afetos, resoluções e peti-
ções.
6. Que riscos representa essa indiferença?
Nesta vida frustrará sempre mais a ação da graça até
chegar à impenitência e na outra cairá na perdição eterna.
7. É, por conseguinte, necessária a meditação para
salvar-se?
Sim, pelo menos enquanto facilita o esforço pessoal
em ordem a corresponder à influência da divina graça, so-
bretudo porque a meditação ajuda poderosamente a rezar
bem.
8. Por que a meditação na vida cristã é o que na vida
é o uso da razão?
24
Padre Aquiles Desurmont

Porque, entre outros motivos, nela e por ela se encon-


tram a fé, a esperança, a caridade e tudo o que constitui a
verdadeira sabedoria e a verdadeira direção da vida hu-
mana para o fim último, isto é, para Deus.
9. Quanto tempo deve durar a meditação?
Isso depende da situação de cada um. Uma pessoa
muito ocupada poderá contentar-se com dedicar um quar-
to de hora diariamente a tal exercício e talvez menor e, se
o faz bem e com constância, se salvará. Mas pessoas que
dispõem de algum tempo terão de consagrar à meditação
ao menos meia hora diariamente.
10. Por que se salvará aquele que medita com regula-
ridade e esmero?
Porque alimentará sua alma diariamente com aque-
les bons pensamentos, afetos, resoluções e petições que, se-
gundo o desígnio divino, atraem as luzes e auxílios do alto.
11. Qual deverá ser, pois, o maior empenho do cris-
tão precavido?
Aumentar em sua alma a estima pela meditação e
abraçar resolutamente o costume de fazê-la cada dia, custe
o que custar.
12. Bastará que o cristão alimente só para si este apre-
ço e este costume?
Não por certo; o espírito de caridade cristã deverá
fazer todo o possível por comunicar a outros a estima que
sente pela meditação e facilitar-lhe a prática, ensinando a
outros como podem fazê-la e pedindo a outros fomento de
um meio tão necessário.

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Quarta lição
Diminutivos e equivalentes
da meditação

I. Princípios

1. Conciliando a necessidade da meditação com sua


frequente impossibilidade têm-se de admitir algumas prá-
ticas que equivalham à meditação, embora em grau ínfimo;
esses equivalentes podem chamar-se muito bem diminuti-
vos da meditação.
2. A Providência, a Igreja e o zelo de almas fervorosas
e santas empenham-se em fazer chegar às almas impossibi-
litadas de meditar esses diminutivos em múltiplas formas.

II. Explicações

1. Se a meditação é tão necessária para salvar-se, tem-


-se de admitir então que poucos são os que se salvam, visto
que poucos são os que meditam?
Assim é, infelizmente; pois, como são poucos os que
fazem meditação, por isso são tantos os homens que se
perdem.
27
A meditação ao alcance de todos

2. E como é que tão poucos homens meditam sendo a


meditação um exercício tão necessário e salutar?
Essa deficiência se explica pelas dificuldades que se
encontram na prática desse exercício.
3. Quais são essas dificuldades?
São em geral de duas classes e de tal natureza que
tornam verdadeiramente impossível a meditação. A pri-
meira procede da incapacidade por falta de instrução, de
tempo, de gosto, de livros, de mestres, de costumes rela-
cionados com esse santo exercício e por falta de tudo. A
segunda provém de indisposições corporais ou de defi-
ciências espirituais.
4. Que diminutivos de meditação têm os que perten-
cem à primeira classe?
A Providência de Deus, que costuma oferecer-lhes
múltiplos diminutivos, a uns aviva repentinamente o es-
pírito e a outros desperta-lhes pouco a pouco na alma os
bons pensamentos que hão de levá-la a afetos, resoluções e
petições salutares.
5. Que faz a Igreja por sua parte para fazer chegar a
essas mesmas almas os ditos diminutivos?
A Igreja esforça-se de maneira incansável por influir
nessas almas, por meio dos sentidos, impressionando-as e
avivando nelas pensamentos, afetos, resoluções e petições
que as confirmem no bem ou as afastem do mal e da per-
dição.
6. Quais são essas indústrias?
São a música, as cerimônias, as orações e lições com
que realiza seu culto; são as artes ornamentais e estatuárias
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Padre Aquiles Desurmont

com que aformoseia os seus templos; são a pregação, as


festas e solenidades extraordinárias com que inculca sua
doutrina e recorda as esperanças e os castigos temporais e
eternos.
7. Quais são em particular os diminutivos que a Divi-
na Providência oferece?
A morte, que impressiona e faz pensar no próprio
fim; a tempestade ou acidente, que lembra a morte repen-
tina; sucessos que despertam de modo impressionante a
lembrança dos novíssimos do homem e as máximas cristãs
sobre o além-túmulo; incidentes fortuitos que reavivam os
remorsos entorpecidos, etc..
8. Que fazem as almas fervorosas e santas a respei-
to desses diminutivos oferecidos pela Providência e pela
Santa Igreja?
Com uma santa importunidade (oportuna e impor-
tunamente, como diz o Apóstolo) tratam de fazer frutifi-
car essas indústrias avivando nessas almas a inteligência e
a impressão desses diminutivos, valendo-se dos diversos
meios de apostolado que sua vocação ou situação social
lhes põem nas mãos.
9. Que diminutivos de meditação têm os pacientes de
enfermidade, cansaço, desânimo espiritual?
Esses dispõem também de meios valiosíssimos, como
sejam: a leitura meditada, quer da Escritura, quer de livros
edificantes, nutridos de bons e salutares pensamentos; a
assistência à pregação em suas diversas formas (retiros,
missões, novenas, etc.); a recitação refletida de orações vo-
cais; uma lembrança da eternidade quando o relógio nos
fala do tempo; um pensamento sério da fugacidade das
29
A meditação ao alcance de todos

coisas terrenas, etc. Todos estes meios podem fazer que


haja na vida do cristão mais meditação do que se pensa.
10. Que é que resultará do descuido destes diminu-
tivos?
Que o cristão, privado de toda meditação até em seu
grau ínfimo, carecerá por completo de todo bom pensa-
mento, afeto, resolução e oração, e por isso já estará com
toda a certeza a caminho do inferno.
11. Pode a gente contentar-se só com estes diminuti-
vos?
De modo algum, porque sua importância é relativa e
supõe impossibilidade; pois, havendo facilidade de fazer
devidamente sua meditação cada dia em hora fixa, não é
prudente contentar-se com a que se oferece de passagem,
assim como ninguém que deseje ter boa saúde se contenta-
rá com o que puder comer de passagem e fora de hora, mas
alimentar-se diariamente a horas marcadas.

30
Quinta lição
Os bons pensamentos

I. Princípios

1. A alma para mover-se a fazer qualquer bem pre-


cisa pensar nele; assim, pois, a primeira coisa que há de
fazer, depois de pôr-se pela fé em comunicação com o ce-
lestial interlocutor, ao qual quer falar, tendo-lhe prestado
suas homenagens, é inspirar-se num ou mais pensamentos
dos que buscou nos livros, recordou de memória ou lhe
ofereçam os acontecimentos pessoais que se apresentem
então ao espírito.
2. O trabalho sobre estes pensamentos deve ser sim-
ples e sólido, isto é, uma mistura de considerações, de atos
de fé, de reflexões sobre a própria conduta e de petições.
3. Se este trabalho se acabou logo, é necessário re-
peti-lo.

II. Explicações

1. Qual é a primeira parte da consideração ou da me-


ditação propriamente dita?
Os bons pensamentos.
31
A meditação ao alcance de todos

2. Que se há de fazer antes de começar esta primeira


parte?
Começar pondo-se em comunicação com a pessoa ce-
lestial com o qual se queira falar, fazendo os atos prepara-
tórios, como se disse ao tratar das noções preliminares (cf.
página 11) neste mesmo livro.
3. Que é que vem depois dos atos preparatórios?
Procuram-se os bons pensamentos sobre os quais se
há de meditar.
4. Onde podem achar-se esses bons pensamentos?
Num livro de meditação, na Sagrada Escritura, numa
leitura edificante, na própria memória ou nos aconteci-
mentos de que nos ocupamos e que relacionamos com a
divina Providência.
5. Quais são os melhores assuntos de meditação?
Os que se referem ao amor de Deus e a Jesus Cristo,
ao ódio e ao temor do pecado, à nossa salvação eterna, por-
que se referem diretamente ao fim do homem.
6. Como deve ser o trabalho da mente nesta primeira
parte?
Há de ser sólido e simples. Cada um repetirá a si mes-
mo os pontos ou pensamentos que o tiverem impressiona-
do, como o menino que quer fixar em sua mente a lição de
catecismo. Fazem-se em seguida atos de fé, porque só pela
fé os pensamentos da mente chegam a ser sobrenaturais e
eficazes; depois, tendo presente a verdade que nos impres-
sionou, volte-se cada um para si mesmo e diga: Tem sido
a minha vida o que devia ser em relação a esta verdade?
32
Padre Aquiles Desurmont

Reza-se, finalmente, pedindo uma fé mais viva e para


se viver cada vez melhor.
7. Quanto tempo deverá consagrar-se aos bons pen-
samentos?
Ordinariamente três ou quatro minutos numa medi-
tação de um quarto de hora, seis ou sete minutos numa de
meia hora; mas nisto deve proceder-se com simplicidade
e liberdade, dando mais ou menos extensão conforme nos
pareça mais conveniente.
8. É necessário que haja em cada meditação vários
pensamentos?
Isto depende do tempo que dure a meditação, da ap-
tidão de cada um e da impressão que cause cada pensa-
mento; pois às vezes um pode bastar e outras vezes vários
apenas ajudam.
9. Convirá repetir a si mesmo os pensamentos?
Sim, e convém fazê-lo lentamente para ter tempo de
saborear quanto encerram e poder aplicá-los a si mesmo.
10. Que é que se deve evitar nesta repetição?
Devem evitar-se os raciocínios longos e difíceis, con-
tentando-se com uma espécie de simples olhar da mente.
11. Como poderá fazer-se essa repetição?
Por exemplo, tendo-se lido que Jesus Cristo morreu
por todos e cada um dos homens, pode-se parar aí, dizen-
do a si mesmo: Que amor prodigioso! Jesus morreu por
todos e cada um de nós: morreu por mim, por meus pais,
por meus irmãos, por todos...
12. Depois de haver-se embebido dos bons pensa-
mentos, que convirá fazer?
33
A meditação ao alcance de todos

Convém formular sobre cada um algum ato de fé,


por exemplo: Creio que Jesus Cristo morreu por mim e
pelo grande amor que me teve. Estes atos de fé podem re-
petir-se e variar em formas diversas.
13. Por que se há de tornar a fazer atos de fé?
Porque assim os pensamentos impressionam e ficam
mais bem gravados na alma.
14. Além dos atos de fé deverão acrescentar-se algu-
mas súplicas?
Sim, para se alcançar aumento de fé a respeito do que
se pensou e aumento de fervor para se viver melhor.
15. Quais serão os frutos desta primeira parte da con-
sideração?
Iniciar imediatamente uma vida mais cristã; porque
os bons pensamentos, acompanhados de atos de fé e de
orações curtas e fervorosas, encherão pouco a pouco a
alma de santas verdades que influirão poderosamente na
ordenação da vida.
16. E se antes do tempo se acaba o assignado a esta
parte, que se poderá fazer?
Tornar-se-á a começar com toda a simplicidade, pois
a Deus agradam muitíssimo essas singelas repetições.

34
Sexta lição
Os bons afetos

I. Princípios

1. Os bons afetos nascem ordinariamente dos bons


pensamentos desabrochados ao calor do ato de fé, da sú-
plica e da aplicação à própria vida.
2. Se dos bons pensamentos não brotaram afetos, mas
ao contrário alguém se sentiu frio e insensível depois dos
pensamentos, não deve desanimar e sim passar logo aos
afetos. Entre estes são fundamentais os afetos das virtudes
teologais e da contrição.
3. Note-se bem que os afetos verdadeiros nascem do
coração, isto é, da vontade e não tanto da sensibilidade,
razão por que se há de voltar ao ato de fé e à súplica para
obter resultado nos afetos, fazendo-os tranquila e familiar-
mente, como quem expressa seus sentimentos a um ho-
mem benévolo.
4. Se, apesar dessas indústrias, alguém não se sente
com disposição e espontaneidade nos afetos, diga a Deus
a pena que experimenta por essa insensibilidade para com
Ele e avive os desejos de fazer os afetos do modo melhor
possível.
35
A meditação ao alcance de todos

5. Se se terminar muito depressa com os afetos con-


vém repeti-los.

II. Explicações

1. Que é que se faz depois dos bons pensamentos?


Avivam-se os bons afetos, porque os bons afetos é
que movem a vontade e esta é a que opera o bem.
2. Que se fará quando os bons pensamentos excita-
rem na alma fervorosos afetos?
Então convém demorar-se nesses afetos, por exem-
plo, quando a lembrança da flagelação de Jesus excitar ao
ódio do pecado, façam-se repetidos atos de contrição.
3. Que se fará quando os bons pensamentos não pro-
duzirem nenhum bom afeto?
Convém ter em reserva para esses casos alguns afe-
tos determinados.
4. A que classe de afetos se deverá recorrer, no caso
que não se ofereça nenhum espontaneamente?
Os afetos fundamentais são os das virtudes teologais
e os da contrição, e a estes ajuntar-se-ão os de humildade,
agradecimento, desejos de amar a Deus e de conformidade
com sua santa vontade.
5. Por que se diz que são fundamentais os afetos das
virtudes teologais e da contrição?
Porque são os que nos levam mais diretamente a
Deus, devendo-se, pois, dar-lhes sempre a primazia sobre
os outros.
36
Padre Aquiles Desurmont

6. Que afetos de humildade devemos ter à mão?


O que nos move a esta dupla confissão: 1º que sem a
graça nada podemos; 2º que somos indignos da graça. Esta
dupla confissão honra a Deus e nos atrai as suas graças
7. Por que se acrescenta o afeto de agradecimento?
Porque: o dar graças a Deus é coisa muito justa, mui-
to legítima, muito agradável ao Senhor, muito suave ao co-
ração humano e muito útil à alma.
8. Por que se acrescentarão afetos de desejos de amar
a Deus?
Porque a alma sempre ama a Deus muito menos
do que deve e até amiúde não consegue amá-lo como se
propôs; por isso, por meio dos desejos, deverá sanar es-
sas duas deficiências. Esses desejos agradam a Deus e des-
troem os desalentos que podem sentir-se pelas falhas nos
propósitos.
9. Que afeto é esse da conformidade com a vontade
de Deus?
É aquele pelo qual a alma, porque ama a Deus e sabe
que nada lhe agrada senão a sua santíssima vontade, se
apega a essa santa vontade por amor daquele a quem quer
agradar.
10. Pode exprimir-se este afeto de diversos modos?
Sim, pode protestar-se ora que se quer cumprir os de-
veres impostos por Deus; ora que se aceitam de bom grado
as penas impostas por Deus; ora, sem nada especificar, de-
seja-se e quer-se fazer toda a vontade de Deus e nada mais
que ela.
37
A meditação ao alcance de todos

11. Qual é o valor do afeto de conformidade?


Sem ele, os atos de amor quase nunca são verdadei-
ros; com ele se está seguro de amar a Deus, consegue-se a
paz da alma e tem-se direito aos benefícios que Deus pro-
mete aos que o amam.
12. Conhecidos os diversos afetos que convém ter de
reserva, como se procederá para avivá-los bem?
É preciso pôr-se de novo na presença daquele a quem
vão ser oferecidos (Deus, Jesus Cristo, a Santíssima Vir-
gem), e logo pedir a graça de fazê-los bem.
13. Que é que devemos ter presente ao exprimir os
afetos?
Devemos ter bem presente que Deus só exige que ex-
primamos os afetos com simplicidade e boa vontade; por-
tanto, não é necessário sentir-se comovido. Muito importa
não olvidemos isto, porque os afetos devem vir do coração,
isto é, da vontade e não do sentimento.
14. Que faremos quando não nos vierem os afetos?
Confessar a Deus essa impossibilidade e dizer-lhe os
bons desejos que temos, e com isso agradaremos a Deus.
15. Temos de acrescentar ainda alguma coisa?
Sim, temos de acrescentar que, se se acabarem logo
os afetos, convém começar de novo com eles, até completar
o tempo destinado.

38
Sétima lição
As boas resoluções

I. Princípios

1. Se os bons afetos despertam boas resoluções, sejam


estas aproveitadas e desenvolvidas como bons propósitos.
2. Além disso, renovar-se-á cada vez uma resolução
geral que compreenderá o propósito de evitar todo pecado
voluntário e praticar o bem que Deus quer de cada um.
3. Essas resoluções deverão ser renovadas cada dia e
para esse mesmo dia.
4. Tomar-se-ão essas resoluções com a intenção de
cumpri-las por amor de Jesus Cristo e contando com o so-
corro da Santíssima Virgem.

II. Explicações

1. Que é que se faz depois dos bons afetos?


Tomam-se boas resoluções ou propósitos.
2. Por que isso?
Porque se medita precisamente não como uma
mera consideração, mas para formar pouco a pouco uma
39
A meditação ao alcance de todos

vontade decidida para o bem.


3. É necessário que as boas resoluções venham dos
bons afetas?
Absolutamente falando, não; ordinariamente, sim;
contudo, se os bons sentimentos e afetos não especializam
boas resoluções, algumas devem ser tomadas.
4. Que boas resoluções deverão ser tomadas em cada
meditação?
São duas as resoluções necessárias em cada medita-
ção: uma contra o mal e outra a favor do bem.
5. Que é que encerra cada uma?
Cada uma encerra uma resolução geral e outra par-
ticular.
6. Como pode ser isso?
Muito simples. Na resolução relativa ao mal diz-se
em geral: Quero evitar todo pecado; e em particular: Quero
evitar sobretudo este ou aquele pecado. Na resolução con-
cernente ao bem diz-se em geral: Quero fazer todo o bem
que Deus quer de mim; e em particular: Quero fazer isto
ou aquilo.
7. Por que essa resolução geral?
Porque é bom que a alma se consolide cada dia na
generosa disposição de fugir de todo mal e de fazer todo o
bem prescrito.
8. Por que ajuntar a resolução particular?
Porque do contrário a alma fica indecisa sem saber
em que ocupar-se e não faz progressos.
40
Padre Aquiles Desurmont

9. A que há de aplicar-se a resolução contra o mal?


Ao pecado que estamos mais expostos a cometer e
que os bons pensamentos e afetos nos fizeram conhecer,
ou àquelas faltas que não nos atrevemos a confessar per-
feitamente.
10. A que se aplicará a resolução particular em favor
do bem?
Ao ato de virtude que nos parece ser atualmente do
maior agrado de Deus.
11. Devem-se variar estas resoluções todos os dias?
Depende das luzes recebidas e das novas circunstân-
cias que possam apresentar-se depois da última medita-
ção; em geral, porém, deve-se dizer que convém insistir
nas mesmas resoluções até que se chegue a pô-las perfeita-
mente em prática.
12. Mas que se fará quando não se as tiver cumprido?
Será preciso retomá-las de novo e cada vez com o
mesmo ânimo como a primeira vez.
13. E aquele que não faz nenhum esforço por cumprir
as resoluções tomadas, que fará?
Antes de tudo peça a Deus que lhe conceda pouco a
pouco vontade mais decidida para não se deixar dominar
por essa desídia nem pelo desalento.
14. Para quanto tempo se hão de tomar as resoluções?
Para o mesmo dia e, às vezes, só para algumas horas;
terminado esse tempo é preciso renová-las brevemente.
15. Com que intenção se tomarão as resoluções?
41
A meditação ao alcance de todos

Nas resoluções tomadas na meditação devem entrar


estas duas palavras saídas do coração: Proponho-me isto
ou aquilo por amor de Jesus confiado no socorro de Maria
Santíssima.
16. Por que acrescentar essa primeira intenção?
Porque essa intenção de amor a Jesus agrada muito
a Deus, nos une mais intimamente com Ele e nos assegura
facilmente o êxito em nossas resoluções.
17. Por que acrescentar a segunda intenção?
Para avivar a persuasão de que sem o socorro de nos-
sa Mãe do céu não podemos tomar nenhuma boa resolu-
ção e muito menos cumpri-la.

42
Oitava lição
As boas petições

I. Princípios

1. Repetidas vezes se insistiu na necessidade de rezar


para acertar nos bons pensamentos, afetos e resoluções;
agora trata-se de entrar em cheio nas petições.
2. Quanto às petições é preciso demorar com maior
insistência nestas três coisas: nos desejos virtuosos que a
meditação houver despertado; nas graças de amar a Deus
e a de nos salvar; em súplicas pelo aumento da glória de
Deus e salvação das almas.

II. Explicações

1. Por que tanta insistência em recorrer à oração?


Porque ela é a fonte ordinária e eficaz das graças; por
isso, depois de a ter empregado em cada uma das partes
precedentes, se lhe dá um lugar especial como comple-
mento dos pensamentos, afetos e resoluções.
2. Que se há de pedir em primeiro lugar depois das
resoluções?
43
A meditação ao alcance de todos

A graça de cumprir no presente dia as resoluções um


pouco melhor do que na véspera.
3. Que súplicas se acrescentarão depois?
Súplicas gerais relativas aos bens supremos do ho-
mem que são: a graça de amar a Deus e a de salvar-nos.
4. Que bens traz consigo a graça de amar a Deus?
Traz consigo uma dupla ventura: a de converter os
que estão em pecado mortal, restituindo-lhes a amizade de
Deus, e a de fazer progredir nesta amizade os que estão em
estado de graça.
5. Que bens encerra a graça da salvação?
Orienta a vida para um acréscimo de méritos e asse-
gura definitivamente nossa sorte eterna.
6. Que palavras resumem estas duas graças?
O amor e a perseverança.
7. Por que se deverá pedir estas duas graças todos os
dias na meditação?
Porque encerram toda uma cadeia de graças exterio-
res e interiores que exigem contínua vigilância e oração,
como disse o divino Salvador: “Vigiai e orai para não cair-
des em tentação” (Mt 26, 41).
8. Mas esta súplica diária não se torna afinal monó-
tona?
Ao contrário, pois à medida que se repete esta dupla
petição, mais se aprecia a sua importância e melhor é ela
entendida.
9. Por que se deve fazê-la pelo fim da meditação?
44
Padre Aquiles Desurmont

Porque frequentemente só então é que a alma se acha


com bastante luz e ânimo para desejar deveras amar a
Deus e salvar-se.
10. Que outra coisa se deverá pedir?
Tudo o que se veja que convém para nosso adianta-
mento espiritual, para a vitória sobre as dificuldades. Além
disso convém rogar a Deus pelo próximo, pelas obras de
zelo e pelas necessidades da Igreja.

45
Nona lição
Constância no exercício da
meditação

I. Princípios

1. Não obstante as numerosas aparências de esteri-


lidade que desconcertam, a meditação deve ser feita com
constância, voltando-se a ela cada dia com novo ânimo e
confiança.
2. A fim de que esta constância seja cada vez mais
abençoada por Deus, ponha-se cada um em condições de
meditar virtuosamente.

II. Explicações

1. Por que meditar cada dia?


Porque cada dia a meditação é necessária.
2. Mas como se volverá a meditar quando todo o tra-
balho foi estéril e sem fruto?
Primeiro é necessário convencer-se de que, por mais
infrutuosa que pareça ter sido a meditação, nunca terá sido
inútil, porque todo esforço por aproximar-se de Deus, por
47
A meditação ao alcance de todos

pequeno que seja, recebe sempre sua recompensa. Quem o


diz é o Espírito Santo: “Aproximai-vos do Senhor e sereis
iluminados e as vossas faces não se cobrirão de vergonha”
(Sl 33, 6).
3. Mas não há casos em que a meditação se torna in-
suportável pelas dificuldades que nela se encontram?
Quem quer que haja praticado o exercício da medita-
ção terá experimentado mais de uma vez essas dificulda-
des; mas não se deve esquecer que essas dificuldades são
muitas vezes uma cilada do demônio, o qual tem um ódio
mortal a esse meio tão eficaz de salvação e o estorva de
todos os modos possíveis.
4. Como se poderão simplificar e até eliminar as difi-
culdades que se encontram na meditação?
Antes de mais nada dispondo-se virtuosamente a ela,
por uma preparação conveniente. O Espírito Santo diz ex-
pressamente: “Antes da oração prepara a tua alma e não
queiras ser como um homem que tenta a Deus” (Eclo 18, 23).
5. Como se fará essa preparação?
Primeiro pelos atos preparatórios explicados no prin-
cípio nas notas preliminares; e depois tratando de escolher
os bons pensamentos e afetos na forma exposta nas Lições
quinta e sexta.
6. Será necessário preparar também as resoluções e
petições?
Ordinariamente não, porque as resoluções decorrem
dos pensamentos e afetos; ao passo que os propósitos ge-
rais e as orações não variam cada dia, como se viu ante-
riormente.

48
Décima lição
Últimas advertências sobre o
exercício da meditação

I. Princípios

As nove lições que precedem explicam o que é pro-


priamente a meditação e como deve desenvolver-se. Note-
-se, porém, ainda o seguinte:
1. Embora para regular a meditação os santos hajam
ideado formas ou métodos diversos, no fundo todos coin-
cidem.
2. Dentro deste fundo comum, o melhor método para
cada cristão será aquele que corresponda à sua vocação e
estado particular de consciência.
3. Haverá dias e circunstâncias em que será impossí-
vel valer-se de qualquer método; nesse caso é preciso pas-
sar o tempo da meditação rezando orações vocais o melhor
que se possa.
4. Amiúde se sentirá alguém tentado a omitir ou
abandonar por completo a meditação; por isso, peçamos a
Deus todos os dias que nos livre dessa desgraça.

49
A meditação ao alcance de todos

II. Explicações

1. Como é que são tão diversos os métodos de medi-


tação ensinados pelos santos?
De acordo com sua especial vocação e apostolado os
santos ensinaram a seus discípulos e a grupos de fiéis for-
mas especiais de meditação, mas no fundo todos os méto-
dos reduzem ao exposto, a saber: que a meditação é uma
conversação e que esta conversação consta de bons pensa-
mentos, afetos, resoluções e petições.
2. O método desenvolvido nas lições precedentes não
parece demasiado simples?
Tanto melhor; pois então estará ao alcance de todos
os fiéis que tenham desejos de unir-se a Deus e assegurar-
-se a salvação.
3. Contudo, por que se diz que cada qual deve cingir-
-se ao método mais conforme com sua vocação e estado de
consciência?
Porque a meditação do religioso, do cristão virtuoso,
do tíbio ou pecador deverá ser adaptada às suas necessida-
des próprias e especial condição.
4. Qual deverá ser propriamente a meditação do
pecador?
Deverá ser uma conversação com o céu e a própria
alma, devendo os pensamentos, afetos, resoluções e peti-
ções concorrer para avivar o ódio ao pecado e o temor dos
tremendos juízos de Deus.
5. E qual há de ser a do cristão tíbio?
A que o faça compreender melhor o perigo do pe-
cado venial habitual e os males que sua falta de decisão e
50
Padre Aquiles Desurmont

seus descuidos lhe podem acarretar a ponto de convertê-lo


em pecador.
6. Qual será a meditação do cristão virtuoso e do re-
ligioso fervoroso?
A que mais confirme no exercício das virtudes, espe-
cialmente no amor a Deus e no afã pela perseverança.
7. Podem dar-se dias e circunstâncias em que a medi-
tação se torne impossível?
Sim, por certo, e em tais casos a alma já se sente tão
triste ou tão árida e esgotada, tão entregue à fadiga, afas-
tada ou como que arrastada para longe de Deus, que é in-
capaz de produzir ou ocupar-se em bons pensamentos e
afetos.
8. Que se fará em tais casos?
Empregar-se-ão orações vocais, rezando-as com pau-
sas e do melhor modo possível e em forma de jaculatórios.
9. Quando se recorrerá a este expediente?
Quando a meditação nos for deveras impraticável;
porque se nos for somente difícil, temos de esforçar-nos
por avivar os pensamentos, afetos, resoluções e petições
em forma de conversação com Deus.
10. Que se fará quando se sentir tentado a omitir ou a
deixar por completo a meditação?
Pedir-se-á a Deus e à Virgem que nos aumentem a
estima por um meio tão necessário e nos ajudem com sua
graça e assistência a empregá-lo com regularidade, custe
o que custar. E enquanto durar esta tentação renovar esta
súplica diariamente.
51
A meditação ao alcance de todos

11. Que recompensas receberão os que forem perse-


verantes no santo exercício da meditação?
Receberão nesta vida as luzes e consolações do Espí-
rito Santo e na outra um alto grau de glória.

52
Segunda parte

Exemplo prático de meditação


conforme as lições dadas acima
Preparação para a véspera, à noite1

Os bons pensamentos para minha meditação da ma-


nhã serão que o tempo é um grande tesouro que só se acha
neste mundo; é um tesouro menosprezado em vida e em
vão desejado na morte; é um tesouro que se deve saber
guardar.
Os bons afetos que excitarei serão de estima pelo
tempo que Deus me concede e de contrição pelo que perdi
até ao presente.

I. Meditação

1º Entrada em conversação com Deus (ou com Jesus


sacramentado, se a meditação se faz numa igreja ou capela).
Ó meu Deus, creio que estais aqui presente. Não vos
vejo, mas creio firmemente que estais aqui. Quero conver-
sar convosco e creio que me escutais e me atendeis. Ado-
ro-vos, humilho-me na vossa presença, e arrependo-me de
vos ter esquecido e ofendido.

1. Meditação com Deus sobre o valor do tempo. Cf. LIGÓRIO,


Santo Afonso Maria de, Preparação para a Morte, Considera-
ção XI.

55
A meditação ao alcance de todos

Peço-vos me concedais a graça de fazer bem esta me-


ditação. Virgem Santíssima, meus santos patronos, rogai
por mim e assisti-me. Assim seja.
2º A meditação propriamente dita.

1. Os bons pensamentos
a) A leitura. Lerei primeiro o que me diz o livro de
meditação por Santo Afonso; lerei pausadamente para que
as verdades me impressionem mais: “Meu filho, diz-nos
o Espírito Santo, procura bem o tempo, que é a coisa mais
preciosa e o maior dom que Deus pode conceder a um ho-
mem nesta vida...”. No céu e no inferno ele já não existe...
Em que desperdiças o tempo?
b) Repetição interior da leitura, ato de fé e de súpli-
ca. — Que é que me dizeis, meu Deus, por meio do que
acabo de ler? Que o tempo é um grande tesouro, que um
momento vale tanto como Deus, porque com um ato de
virtude se pode aumentar a posse de Deus com a graça
que aumenta e a glória que merece; e, se se estiver em pe-
cado mortal, com um ato de contrição ou de amor se re-
cupera a Deus pela graça que se recobra. Que me dizeis
mais, meu Deus? Que o tesouro do tempo produz seus
frutos só nesta vida porque no céu já não se pode adquirir
maior grau de glória e no inferno já não se poderá merecer
o menor perdão.
Creio, ó meu Deus, todas estas verdades; creio-as fir-
memente. Sim, creio que o tempo...
Súplica: Senhor, aumentai sempre mais a minha fé e
fazei que os pensamentos salutares que me vierem se gra-
vem na minha mente e sejam proveitosos à minha alma.
56
Padre Aquiles Desurmont

c) Aplicação à própria vida: E minha vida se acomo-


da a estas verdades? Em que tenho empregado até agora
o meu tempo? Que cuidados me preocupam atualmente?
Penso em fazer como no passado? Quem me autorizada a
confiar no tempo futuro, que nem sei se será meu…?!

2. Os bons afetos
Atos de fé: Meu Deus, acabo de refletir sobre o valor
do tempo que generosamente me concedeis; antes de pros-
seguir, ponho-me de novo em vossa presença. Creio que
falo convosco, e quero oferecer-vos agora os meus afetos;
fazei que sejam bons e proveitosos.
Espero de vós, Senhor, tudo quanto necessito para
aproveitar bem o tempo de vida que me concedeis. Espero
de vós o perdão para o passado e todo o auxílio de que
necessito para o futuro.
Amo-vos sobre todas as coisas. A quem hei de amar
se não vos amo? Não sois o meu maior benfeitor? Não se-
reis o meu generoso remunerador? Não sois a minha única
esperança no tempo e na eternidade? Senhor, amo-vos e
quero amar-vos cada vez mais!
Estimo sobremaneira o tempo de vida que me tendes
dado. Que seria de mim se tivesse morrido quando não me
achava na vossa graça?
Arrependo-me de todas as infidelidades passadas.
Humilho-me diante da vossa grandeza ao considerar que
nada posso sem a vossa graça e que sou tão indigno dos
vossos favores.
Conformo-me em tudo com a vossa santíssima von-
tade no longo ou curto tempo de vida que me queirais
57
A meditação ao alcance de todos

conceder; ajudai-me, porém, a crer, esperar, servir a vossa


adorável e santíssima vontade.

3. As boas resoluções
a) Resolução geral: Meu Deus, compreendo a grave
responsabilidade que tenho de aproveitar o tempo que me
concedeis... por isso, quero resolver-me antes de tudo a
praticar todo bem que possa e a evitar com cuidado todo
pecado voluntário.
b) Resolução particular: — Senhor, a vós que é quem
realmente falo neste momento e a quem quero oferecer
minhas resoluções; atendei-me e ajudai-me a cumpri-las...
Prometo-vos evitar a preguiça e as desatenções no cuidado
da minha alma, no cumprimento dos meus deveres reli-
giosos de piedade; pois agora compreendo que o tempo
que consagro a conhecer-vos, amar-vos, servir-vos e hon-
rar-vos não é tempo perdido, mas antes o mais bem apro-
veitado...
Quero evitar os descuidos nas obrigações de meu es-
tado, de meu ofício ou emprego, descuidos esses que fo-
ram a causa de tanta perda de tempo e até de pecados...
Quero corrigir-me desta falta [diga-se qual], deste costu-
me... Quero consagrar-me a cultivar a virtude da... de que
me vejo tão necessitado e que tomei como assunto de meu
exame particular (ou para corrigir-me do defeito, matéria
do mesmo exame).
c) Intenção: — E tudo isto vos prometo por amor de
Jesus, meu Redentor, e para agradar-lhe; e tudo confio a
Maria Santíssima, minha Mãe, de cujo maternal socorro
tudo espero para ser-vos fiel em aproveitar bem o tempo
desta vida...

58
Padre Aquiles Desurmont

4. As boas petições
a) Para si mesmo: — Sabeis, meu Deus, que todas
as minhas promessas, sem o auxílio da vossa graça, se
evolarão como o fumo; dignai-vos, pois, Senhor, ajudar-
-me a cumpri-las. Ó Jesus! Ó Maria! Ó São José! Ó anjo da
minha guarda, ó santos protetores meus, vinde em meu
auxílio!
E agora, Senhor, permiti que desabafe o meu coração
numa petição mais extensa e confiante: — Ó meu Deus,
criastes-me para que vos ame e me salve para sempre! Fa-
zei, pois, que me salve, fazei que vos ame. Desejo e peço-
-vos o céu, minha conversão, minha perseverança, minha
salvação, o aproveitamento do tempo de vida que me res-
ta, minha feliz eternidade.
Tremo ao pensar no que significa para mim tudo isto,
mas em vós confio... em vossas mãos encomendo o meu
espírito! Desejo e peço-vos o vosso amor, a conformida-
de com a vossa vontade, o cumprimento fiel dos deveres
de meu estado e vocação para testemunhar-vos com isso o
meu amor; desejo e peço-vos o amor de vosso divino Filho
Jesus Cristo, um amor sempre maior e mais verdadeiro!
b) Petições para outros: — Senhor, encomendo-vos o
meu próximo, os pobres pecadores, as almas do purgató-
rio, a Santa Igreja, minha mãe, minha paróquia, meu insti-
tuto, minha família, os que me tenham feito mal... Senhor,
abençoai-os, eu vo-lo rogo pelas chagas de vosso Filho, pe-
las dores de Maria Santíssima!

59
A meditação ao alcance de todos

II. Conclusão

1º Gratidão.
Adeus, meu bom e dulcíssimo Senhor; dou-vos gra-
ças pelo favor desta meditação! [Se a meditação não saiu
bem pede-se perdão, faz-se um ato de humildade, de sú-
plica e de propósito de não querer abandonar o exercício
da meditação por mais que nos custe fazê-la bem].
2º Renovação breve das boas resoluções.
Ó meu Deus, tudo quanto vos prometi nesta medi-
tação, agora o renovo e vos peço me ajudeis a renovar es-
sas resoluções várias vezes durante este dia e me assistais
com a vossa graça para cumpri-las! Desejo e prometo não
me descuidar da meditação nem desanimar nas falhas que
note no cumprimento de minhas resoluções.
3º Ramalhete espiritual.
Quero tomar como lembrança desta meditação: “Meu
filho, guarda o tempo” (Eclo 4, 23).
4º Recomendação ou oração final. — Ó meu Deus, ó
meu Jesus, ó Maria, minha Mãe! Permiti que do íntimo do
coração reze em honra vossa um Pai-nosso e Ave-Maria,
por mim e por todos os que vos recomendei nesta medita-
ção, tanto vivos como defuntos!

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Edições Caritatem
CLÁSSICOS CATÓLICOS
• Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem – São Luís
de Montfort
• Exercícios Espirituais – Santo Inácio de Loyola
• Ofício Parvo de Nossa Senhora
• A Alma de Todo Apostolado – D. Jean-Baptiste Chautard
• Sermões para a Quaresma e a Páscoa – São João Maria Vianney
• Devoto Josefino – Padre Eusebio Sacristán Villanueva
• A infância admirável da santíssima Mãe de Deus – São João
Eudes
• Hora Santa – Padre Mateo Crawley-Boevey
• Devoção a São Miguel Arcanjo – Padre Juan Eusebio Nieremberg
• O cristão prático: Exposição prática da moral cristã – Padre
Frutuoso Hockenmaier
• Jesus Cristo Rei – Mons. Tihamer Toth
• O Lar Católico – Padre Joaquim Silvério de Souza
• Preparação para a Morte – Santo Afonso maria de Ligório
• A Oração – Santo Afonso maria de Ligório

ESPIRITUALIDADE
• Comungai Bem – Padre Luiz Chiavarino
• Da devoção ao Papa – Padre Frederick William Faber
• Chave da vida interior – Frei Cassiano Karg, O. M. C.
• Da arte de estar doente – Padre Jules Chambelland
• A meditação ao alcance de todos – Padre Achille Desurmont
• Escritos Espirituais – Beato Cláudio de la Colombière
• A Humildade – Monsenhor Ascânio Brandão
• A Tibieza – Monsenhor Ascânio Brandão
• Cartas sobre a Fé – Padre Emmanuel André
• A missa e a vida interior – Dom Bernardo de
Vasconcelos

LIVRETOS E DEVOCIONAIS
– Devocionário Quotidiano – Editora Caritatem
– A Santa Missa – Santo Afonso Maria de Ligório
– O Santíssimo Nome de Jesus – Padre Paulo O’ Sullivan, O.P.
– Devoção a Sagrada Família – Editora Caritatem
– Devoção a São José – Editora Caritatem
– Devocionário Eucarístico – Editora Caritatem
– Devocionário de Santa Teresinha – Editora Caritatem
– O Preciosíssimo Sangue de Jesus – Padre Frederick William Faber
– As três Ave-Marias – Padre Bernardo Gaspar Haanapel
– As Sete Dores de Maria – Padre Frederick William Faber
– Pequeno Catecismo sobre o Santo Rosário – Beato Alano da Rocha
– Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
– Meditações para o mês do Sagrado Coração de Jesus – Padre José
Basílio Pereira
– Direção para viver cristãmente – Padre Quadrupani
– Retiro espiritual sobre as qualidades e deveres do cristão – Padre
Jean Nicolas Grou
– Ofício Parvo dos Santos Anjos
– Exame de Consciência
– Quamquam Pluries – Papa Leão XIII
– Reinado social do Sagrado Coração de Jesus – Padre Mateo
Crawley-Boevey
– Pequeno Manual do Ofício Parvo
– A vida perfeita e A direção da alma – São Boaventura
– A Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras – Padre Pio de
Pietrelcina

DOCUMENTOS PAPAIS
• Encíclica Haurietis Aquas – Papa Pio XII
• Encíclica Divini Illius Magistri – Papa Pio XI
• Encíclica Casti Connubii – Papa Pio XI

CATEQUESE INFANTIL
• Guia do Catequista, vol. único – Mons. Álvaro Negromonte
• Meu catecismo, vol. 1 – Mons. Álvaro Negromonte
• Meu catecismo, vol. 2 – Mons. Álvaro Negromonte
• Meu catecismo, vol. 3 – Mons. Álvaro Negromonte
• Meu catecismo, vol. 4 – Mons. Álvaro Negromonte
• Preparação para a Primeira Comunhão – Mons. Álvaro Negro-
monte
• Pequeno Tratado de Pedagogia – Abade Jean Viollet

LIVROS PARA CRIANÇAS


• História Sagrada – São João Bosco
• Os Sorrisos de Dom Bosco: vida anedótica de São João Bosco –
Padre Luís Chiavarino
• Ben-Hur: Um conto para todos os tempos – Lewis Wallace
• A vida de Maria narrada às crianças – Milvio, SSP
• Bíblia das Famílias Católicas – Padre Jakob Ecker

LIVROS PARA A JUVENTUDE


• Páginas para rapazes - Vigílias e Alvoradas – Padre Geraldo Pires
• Páginas para moças - Audi Filia – Padre Geraldo Pires
• Tu e ele – Padre Hardy Schilgen
• Tu e ela – Padre Hardy Schilgen
• Manual da modéstia católica – Editora Caritatem
• A virilidade católica – Padre M. S. Gillet
• O jovem instruído – Dom Bosco
• O bom amor – Frei Petit de Murat
• Da educação das meninas – Fénelon
• Conselhos sobre a vocação – Padre Jean Guibert
• Aos moços - À Vitória pelo Sacrifício – Frei Henrique G. Trindade,
O. F M.
• Os Jovens e a Pureza – Monsenhor Fracisco Olgiati

COLEÇÃO “ANO CRISTÃO”


Ano Cristão, Vol. 1 (janeiro) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 2 (fevereiro) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 3 (março) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 4 (abril) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 5 (maio) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 6 (junho) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 7 (julho) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 8 (agosto) – Padre Jean Croiset
Ano Cristão, Vol. 9 (setembo) – Padre Jean Croiset

COLEÇÃO “A MULHER CRISTÔ


• A Mulher Forte – Mons. Landriot
• A Mulher Piedosa, vol. 1 – Mons. Landriot
• A Mulher Piedosa, vol. 2 – Mons. Landriot
• Maria Falando ao Coração das Donzelas – Abade A. Bayle
• Donzela Cristã na Joia de sua Juventude – Padre Matthias
Bremscheid
• O Matrimônio Cristão – Mons. Tihamer Toth
• A Mulher como Deveria Sê-lo – Padre Marchal
• As Três Chamas do Lar – Padre Geraldo Pires
• O Meu Retiro – Padre Baeteman
• A Moça de Caráter – Mons. Tihamer Toth
• A Mulher Cristã e o Sofrimento – Padre Henri Maurice
• A Mãe Segundo a Vontade de Deus – Padre J. Berthier, M.S.
• Imitação a Santíssima Virgem – Abade D’Herowille

COLEÇÃO “O HOMEM CRISTÃO”


• O Marido, o Pai, o Apóstolo – Padre Emmanuel Gibergues
• Muito Entre Nós – Padre Geraldo Pires
• Perante a Moça – Padre Geraldo Pires

COLEÇÃO “INTIMIDADE CONJUGAL”


• Livro da Esposa – Pierre Dufoyer
• Livro do Marido – Pierre Dufoyer

COLEÇÃO “ESPOSA CRISTÔ


• A mãe de Santa Teresinha – Irmã Genoveva da Santa Face
• As heroínas do dever – León Rimbault
• A mulher na escola de Maria – M. J. Larfeuil
• A mãe cristã – Dom W. Cramer
• Manual das mães cristãs – Padre Theodoro Ratisbonna

COLEÇÃO “ESPOSO CRISTÃO”


• O pai de Santa Teresinha – Irmã Genoveva da Santa Face
• A arte de ser chefe – Padre Gaston Courtois
• A paternidade de São José – Padre Joseph Mueller, S.J.
• O pai cristão – Dom W. Cramer
• Casamento e paternidade – Padre Thomas J. Gerard
COLEÇÃO “BIBLIOTECA DA MULHER CATÓLICA”
• O Livro da Esposa – Paulo Combes
• O Livro da Dona de Casa – Paulo Combes
• O Livro da Mãe – Paulo Combes
• O Livro da Educadora – Paulo Combes

COLEÇÃO DAS SANTAS CASADAS


• Santa Margarida de Cortona – Frei Pachomio Thieman
• Santa Isabel da Hungria – Albano Stolz
• Virgem Maria – Mons. Tihamer Toth
• Vida de Elisabeth Leseur – R. P. M. A. Leseur
• Santo Elzeário e a Bem-Aventurada Delfina – Genoveva
Duhamelet
• Santa Isabel, Rainha de Portugal – J. Le Brun
• Santa Inês de Roma, Noiva Singular – Mons. Luigi de Marchi
• Santa Mônica – Mons. Bougaud
• Vida de Santa Rita de Cássia – Padre José R. Cabezas
• Guia de imitação mariana – Andre Damino, Santo S. P.
Este livro foi composto em Book Antiqua 10/5 e
terminou de ser impresso sobre papel Pólen soft 80g
em 13 de junho do ano do Senhor de 2022,
dia de Santo Antônio de Pádua.

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