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NOTAS BÍBLICAS
ISBN:
978-85-52993-16-2
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Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
G = texto grego
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A BR E V IAT U R AS
V = versão Vulgata
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BIBLIOGRAFIA
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VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA
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(Lc 1, 39-56)
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Dubium: Por que então diz o Batista (Mt 3, 14) : “Sou eu que devo ser ba-
tizado por ti, e tu vens a mim”? Se já no útero foi santificado e purificado do
pecado original, por que devia ser batizado? Responde Pedro Comestor:
“<João> compreendeu em si mesmo o gênero humano, como se dissesse: O
homem deve ser purificado por ti; ou, quanto à plenitude da purificação,
disse que ainda devia ser purificado porque, se já estava puro, também pelo
sangue de Cristo seria mais plenamente purificado, assim como alguém,
após receber um remédio eficaz, diz-se curado pela causa, mas curável pela
plenitude do efeito” (HS 33: ML 198, 1555). Com isto parece estar de acor-
do o Aquinate, ao distinguir a purificação pessoal de alguns antes do ad-
vento de Cristo e a purificação de toda a natureza após a Paixão (cf. Super
Matthæum, 3.2). Cornélio a Lápide interpreta: “Por devo, em grego está
χρείαν ἔχω, i.e., preciso, necessito ser batizado por ti, quer dizer, ser espiri-
tualmente purificado de pecados leves e aperfeiçoado por teu Espírito e
por tua graça. Não significa, pois, um dever de preceito, como se o Batista
estivera obrigado a receber o batismo de Cristo” (In Matthaeum, 3.14). Mas
a explicação pode ser mais simples. Simón Prado assim parafraseia o que
para ele significam as palavras de João: “Se algum de nós precisa ser batiza-
do, então sou eu, pecador, que devo pedir o batismo a ti, que és santíssimo
e digníssimo”. Embora santificado no ventre de Isabel, João Batista — como
todos os homens, com exceção de Cristo e de Maria Imaculada — pode ser
dito pecador por ter sido concebido em pecado, assim como a concupis-
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cência pode ser dita pecado, embora não o seja formalmente, na medida
em que tem origem no pecado e inclina ao pecado (cf. Concílio de Trento,
5.ª sess., 17 jun. 1546, Decreto sobre o pecado original, Cân. 5: Denzinger-Hü-
nermann 1515).
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3. Não falta entre os teólogos quem queira ver no Magnificat uma base bí-
blica, ao menos indireta, para a conceição imaculada de Maria. Veja-se, por
exemplo, Lépicier, De beata Virgine, 101s, n. 12: “Tendo ouvido a beatíssima
Virgem a saudação de Isabel, entoou aquele célebre cântico do Magnificat, no
qual enaltece os atributos de Deus e, devidamente cônscia de sua humilda-
de, proclama com palavras amplíssimas sua própria excelência. Nele, entre
outras coisas, proferiu o seguinte: ‘Porque me fez grandes coisas o que é po-
deroso e cujo nome é santo’... a partir do que é possível argumentar assim: na
beatíssima Virgem, Deus manifestou sua onipotência de modo tão singular,
que a mesma Virgem bendita pode ser justamente considerada um milagre
ou, antes, o ápice de todos os milagres; ora, a divina onipotência manifesta-se
sobretudo quando Deus vence totalmente seus inimigos; logo, na beatíssi-
ma Virgem fez grandes coisas Deus onipotente, nela debelando totalmente
e superando os poderes diabólicos... Ao que se soma outro argumento... Em
seu cântico, a beatíssima Virgem expõe todos os argumentos em razão dos
quais se rebaixou, como humilde escrava de Deus, perante o anjo; ora, se ela
realmente houvera sido concebida no pecado original, com certeza o teria
reconhecido, de modo que não deveria ter dito: ‘Olhou para a humildade de
sua escrava, mas: Para a iniquidade de sua inimiga’, como todos os santos fi-
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5. “Esta exultação não foi um ato pontual e transitório, senão que perdurou na
Virgem à maneira de hábito por toda a sua vida” (atribuído a Alberto Magno).
6. O paralelismo sinônimo consiste em exprimir com outras palavras de
sentido equivalente uma ideia já apresentada. Trata-se de um dos recursos
estilísticos mais frequentes na poesia hebraica (cf., por exemplo, Sl 113, 1-4).
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(de Abraão etc.) aquele que traria a salvação para todos os po-
vos (Gn 17, 17; 18, 18; 22, 17s; 26, 4; 28, 14).
V. 56. Maria ficou com Isabel cerca de três meses; depois voltou
para sua casa. Se Maria esperou o parto de Isabel ou não, nem o
texto o diz expressamente nem é unânime o parecer dos intér-
pretes. Contudo, em razão do modo como Lucas conduz a nar-
ração até o final, mesmo que passe aqui e ali ao largo da ordem
cronológica (para não falar dos deveres de piedade e caridade
que, naturalmente, ligavam Maria à sua parenta em tais circuns-
tâncias), deve sustentar-se como mais provável que a Virgem
bendita não deixou Isabel antes do nascimento de João.
1) Para a meditação. Magnificat. Deus, a rigor, não pode ser nem se tornar
maior por causa dos homens ou deles receber qualquer benefício; de vários
modos, porém, é por nós engrandecido metaforicamente:
c) Quando levamos a muitos seu nome e sua glória; é o que fazem os que se
consagram à salvação do próximo, à instrução do povo, à educação dos fi-
lhos, à propagação da fé.
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des divinas e o nosso coração, ó Deus, do vosso amor, então se nos abrirá
um campo amplíssimo para falar santamente.
c) Por fim, que os dez versículos de que se compõem este admirável cântico
da Virgem, que passo a meditar, me sirvam de decacórdio, i.e., das dez cor-
das do saltério com que Davi entoava loas ao Senhor. Unirei aos de Maria
meus próprios afetos, buscando haurir das palavras dela seu verdadeiro
sentido e devoção (de Ponte, Meditationes, 341).
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NATIVIDADE E CIRCUNCISÃO
DE JOÃO BATISTA
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(Lc 1, 57-80)
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3) Colóquio. Não admira, Senhor, que minhas obras diante de vós tenham
em abundância tantas imperfeições e defeitos! Nascem muita vez de um
movimento cego das paixões, de um ímpeto repentino de alma, da vontade
e juízo próprios. São rebentos e frutos da natureza.
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V. 68s. Bendito (há que suprir o optativo εἴν = sit, aqui elípti-
co), i.e., seja louvado, por todos apregoado o Senhor, Deus de
Israel, porque visitou, olhou com misericórdia, manifestou mi-
sericórdia, e fez a redenção (λύτρωσιν) de seu povo, i.e., come- 8
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9. É possível que se trate de uma alusão à graça a ser concedida aos Patriarcas
no limbo, quando da descida de Cristo aos infernos. No entanto, a interpre-
tação mais óbvia de misericórdia neste contexto é fidelidade às promessas (cf.,
por exemplo, Ex 20, 6: )דֶםֶח, de modo que os v. 72s constituem mais um caso
de paralelismo sinônimo.
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Para dirigir os nossos pés no caminho da paz, i.e., este sol celeste
nos visita para que, iluminados por seus fulgores, possamos
palmilhar sem perigo o caminho da salvação e da felicidade
messiânica, o que se aplica primariamente aos judeus. Dada
porém a conexão com o versículo precedente, Cristo é procla-
mado Salvador tantos dos judeus quanto dos gentios, como
será dito mais tarde no cântico de Simeão: Luz para iluminar as
nações, e glória do teu povo, Israel (cf. Lc 2, 32).
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NAT I V I DA DE E C I RC U NC I S ÃO DE JOÃO BAT I STA
Epílogo
V. 80. O evangelista compendia em poucas palavras toda a
vida do santo Precursor, da infância até o tempo da pregação.
Ora, o menino crescia em corpo e idade e se fortificava no espí-
rito, i.e., crescia em virtude e dons espirituais; e desde a juven-
tude habitou nos desertos, provavelmente no deserto da Judeia
(Mt 3, 1), na parte ocidental do Mar Morto, até o dia da sua
manifestação a Israel, i.e., até receber de Deus a ordem de pre-
gar ao povo o batismo de penitência (Lc 3, 2s).
Nem a Escritura nem a Tradição dizem com quantos anos João partiu para
o deserto. A questão deve ser abordada com equilíbrio. Talvez o único que
possa afirmar-se é que João não foi para o deserto antes da idade da razão
nem mais tarde do que o imperfeito habitava (ἦν) e toda a cláusula de Lucas
parecem exigir. Sem se pronunciarem sobre o termo a quo, Caetano e a
Lápide dão como termo ad quem o 30.º aniversário de João, baseados pro-
vavelmente nas indicações de Lc 3, 1s, que permitem estabelecer o início da
pregação evangélica ao redor de 26 d.C. (= 779 U.C.), e em Lc 3, 21: Jesus,
nascido poucos meses depois de João, tinha cerca de trinta anos quando,
uma vez batizado, começou seu ministério, i.e., tão-logo o do Precursor
chegou ao zênite (Mc 1, 5; Mt 3, 5).
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CIRCUNCISÃO E APRESENTAÇÃO
DO SENHOR NO TEMPLO
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(Lc 2, 21-38)
12. Cf. Bonsirven (21935) 168-172; STh III 70, 4; Vaccari, VD 2 (1922) 14-18.
Tenha-se presente que nada disso se encontra em escritos rabínicos. Fílon
é o único (De specialibus legibus, 2.2 = Cohn, 5 [1896] 39]) a mencionar a
mortificação da carne (ἡδονῶν ἐϰτομή); para os rabinos em geral, a circun-
cisão era antes de tudo condição sine qua non e, ao mesmo tempo, sinal da
aliança com Javé.
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13. A lição grega contém certa impropriedade, pois não é de todo adequado
chamar ϰαϑαρισμός à consagração de um menino. Por isso, alguns intérpre-
tes leem o pronome ‘αὐτῶν’ em referência a Maria e a José, como parece exi-
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Outro preceito (Lv 12, 1ss) mandava considerar impura por 7 dias a mulher
que desse à luz um menino (por 14, se uma menina), durante os quais devia
viver separada dos outros; em seguida, tinha de permanecer em casa 33
dias (66, se desse à luz uma menina) no sangue de sua purificação, i.e., até
purificar-se do sangue, período em que não lhe era permitido tocar nada
santo nem entrar no santuário. Passados enfim os dias de impureza legal
(40 ou 80), devia levar à porta do tabernáculo (mais tarde, no Templo) um
anelo (cabrito de até um ano) em holocausto e um filhote de pomba ou
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gir a construção da frase; mas dado que o varão não precisava, por prescrição
da lei, de qualquer purificação, explicam o uso do plural em sentido coletivo,
por influência das palavras subsequentes. Outros preferem simplesmente o
pronome singular, conforme muitas variantes. Seja como for, a lição grega
não deixa de ser admissível, porquanto o termo ‘ϰαϑαρισμός’, ao contrário de
‘ϰάϑαρσις’, embora se refira principalmente a Maria, pode todavia aplicar-se
ao resgate do Menino.
14. Oferecia-se o anelo não pelo filho mas pela mãe (Lv 12, 6.8). Se a Igreja, na
festa da Purificação, canta Obtulerunt pro eo [= Iesu] par turturum etc., deve-se
entender a partícula ‘pro’ (como é frequente noutros lugares) em sentido cau-
sal: propter eum, ou seja, propter partum eius, “por causa do parto dele”.
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15.É costume na Igreja, desde o séc. V, cantar nas preces vespertinas (Com-
pletório) o cântico de Simeão, no qual se sente como que ‘a melancolia de um
adeus’ (Lagrange [1921] 86; cf. Didaquê, 7.48.4, in: Funk [1906] 458).
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16. Joüon (1930) 302, n. 31: “ϰατὰ πρόσωπον corresponde ao hebraico ‘lip̄ nê
[’]לִפְנֵי. Usa-se geralmente em sentido próprio, mas é possível que tenha tam-
bém o sentido secundário de... ‘à disposição’... A nuance insinuaria que a sal-
vação não será imposta: as nações poderão rejeitar a luz e Israel, a glória. A
ideia prepara bem o v. 34”.
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17. Foram profetisas no Antigo Testamento Maria, irmã de Moisés (Ex 15,
20); Débora (Jz 4, 4); Holda, no tempo de Josias (2Rs 22, 14); segundo os
rabinos (Talmude, Meg., 1.14a), também Sara; Ana, mãe de Samuel (1Sm 2),
Abigail e Ester.
18.As palavras ‘desde a sua virgindade [ἀπὸ τῆς παρϑενίας αὐτῆς]’ podem
significar também ‘após a sua virgindade’, i.e., depois de ter-se casado. Po-
dem parecer inúteis ou estranhas, mas Lucas talvez queira insinuar que Ana
era ainda muito moça à época do casamento e, sendo portanto ainda jo-
vem quando da morte do marido, poderia ter-se casado de novo. O emprego
de ‘ἀπό’ corresponde ao hebraico ‘min’ com o sentido temporal de ‘depois’
(Joüon [1930] 304s, n. 29).
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