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NOTAS BÍBLICAS
ISBN:
978-85-52993-15-5
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Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
G = texto grego
V = versão Vulgata
BIBLIOGRAFIA
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N
ão há cristão que não admire a simplicidade literária
e, ao mesmo tempo, a sutileza e sublimidade incom-
paráveis do prólogo de João, conciso e imponente logo
na primeira linha, como um raio fulgurante — filho do trovão!
(cf. Mc 3, 17) — a cortar os céus de cima a baixo. Nenhum ou-
tro evangelista nos poderia introduzir tão solenemente à vida
de Cristo senão o que repousou sobre o peito dele na Última
Ceia e dali sorveu os mais profundos mistérios. 1
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4. Divisão. — Na consideração do
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1) o fato (14a),
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2) o modo (14b)
3) e a credibilidade do mistério por referência,
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I. O LOGOS ANTES DA
ENCARNAÇÃO (1, 1-5)
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vras criou e era: a primeira traz consigo a noção de tempo, enquanto a se-
gunda indica eternidade; com efeito, dado que João não diz que o Verbo
“foi criado”, mas apenas que “era” e que por ele todas as coisas foram criadas,
é evidente a intenção de afirmar a eternidade do Verbo.
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A omissão do art. def. (ὁ) antes de Θεός significa que α) o termo tem fun-
ção de predicado, não de sujeito, e é posto no início da frase seja para enfa-
tizar a natureza divina do Verbo (cf. 4, 24: πνεῦμα ὁ Θεός), seja ainda por
recurso literário (paralelismo “climático”); β) o evangelista não emprega
4. Eutímio: “Não disse que estava num lugar, pois não pode estar conti-
do num lugar o que não pode ser circunscrito [isto é, abarcado, limitado].
Nem que <estava> em Deus, para que ninguém imaginasse logo no início
uma confusão de pessoas, mas que <estava> junto de Deus, ou junto do
Pai, para que se veja o que é próprio das hipóstases [ἵνα τε παραστήσῃ τῶν
ὑποστάσεων] e que são inseparáveis Pai e Filho”. Westcott: “A frase ἦν πρός
(V erat apud) é notável. Encontra-se também em Mt 13, 56; Mc 6, 3; 9, 19; 14,
49; Lc 9, 41; 1Jo 1, 2. A ideia que ela transmite não é a de simples coexistência,
como a de duas pessoas contempladas separadamente em companhia (εἶναι
μετά: 3, 25 etc.), ou unidas sob uma noção comum (εἶναι σύν: Lc 22, 56), ou
(por assim dizer) em relação local (εἶναι παρά: 17, 5), mas como estando (em
certo sentido) direcionadas a e reguladas por aquilo em virtude do qual a
relação é estabelecida”.
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quela, denota uma hipóstase divina (isto é, o Pai, daí a presença do art., τὸν
Θεόν), nesta expressa tão somente a natureza ou essência divina (= Deus,
não como nome próprio, mas da natureza em que subsiste o Verbo).
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α) Há três lições variantes sobre a divisão dos vv. 3-4, das quais
a primeira e a última são as principais:
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3) A terceira, que separa por pontos os vv. 3-4, tem a seu fa-
vor muitos Padres gregos e conta com a aprovação de vários
expositores e críticos: “Tem um sentido melhor e mais fácil”
(Maldonado), isto é, torna coerente e natural a sucessão de
ideias: “Este era no princípio” (v. 2), “todas as coisas foram
feitas por ele” (v. 3), “nele estava a vida” (v. 4). Vejam-se as
palavras de João paralelas a estas: “Deu-nos a vida eterna e...
esta vida está em seu Filho” (1Jo 5, 11). O acréscimo do se-
gundo que foi feito, mais do que repetição inútil, serve, como
já dito, de reforço enfático.
β) Nele estava a vida. Até agora, João disse: O Verbo era Deus,
por ele todas as coisas foram criadas. E prossegue: O Verbo
era vida e luz para os homens. No Verbo, princípio da cria-
ção, estava a vida como em seu domicílio, em sede própria
ou, melhor, como em sua fonte e manancial. Não se trata aqui
da vida divina em si mesma, própria de Deus (talvez por isso
não diga: “O Verbo era vida”), mas de vida comunicável,
como fica claro pelo que segue (cf. 5, 26). O Verbo, por con-
seguinte, era o princípio e a fonte da vida, não da vida em
sentido circunscrito (isto é, nem só natural, nem só sobrena-
tural), mas da vida simpliciter, isto é, da vida enquanto tal, de
qualquer ordem ou natureza. Seja como for, o que se tem
diante dos olhos, antes de tudo, é uma forma mais nobre de
vida, qual seja a moral e sobrenatural.
E a vida era a luz dos homens, isto é, a vida que estava no Verbo
era comunicada aos homens como luz (metaforicamente), isto
é, como princípio de iluminação. No mundo físico, a luz dissi-
pa as trevas e permite andar com segurança (cf. 11, 9); do mes-
mo modo na ordem humana, na ordem moral e sobrenatural,
da qual aqui se trata. A luz derivada do Verbo para os homens
é, por um lado, a luz natural do intelecto, em virtude da qual os
homens podiam preservar-se do erro, tanto ético como religio-
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nos vv. 10-11, já sem metáfora e noutro tempo verbal. — b) Hoje em dia,
muitíssimos autores, trazendo de volta à vida a interpretação de Orígenes
de alguns Padres gregos, dão ao verbo ϰατέλαβεν (latim comprehenderunt)
o sentido de coibir, sufocar, vencer etc., de forma que o sentido é: As trevas,
isto é, os homens maus, apesar de tentarem, não conseguiram suprimir ou
apagar a luz (cf. Sb 7, 20 V). Tal interpretação contém não só a ideia de re-
jeição à luz, como a primeira, mas também a de luta, sobre o que acrescenta,
por último, o triunfo da luz: As trevas não prevaleceram, o que, por sua vez,
pode entender-se ou aorística (a luz brilha, as trevas não puderam prevale-
cer) ou historicamente (como no texto).
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II. O LOGOS A PARTIR DA
ENCARNAÇÃO (1, 6-13)
O
evangelista contempla agora a vinda do Verbo ao
mundo, ainda não em concreto, mas como que meta-
fisicamente, quanto ao resultado último de seu ad-
vento: ao Logos–luz, presente no mundo, não o receberam os
homens; suscitado então por Deus, João Batista veio mostrar-
-lhes o que sozinhos não estavam vendo (v. 6ss). A luz do Ver-
bo por fim vem ao mundo. Mas o escritor sagrado não pode
não recordar o que deixara escrito no v. 3: em verdade, o Verbo
já estava no mundo, porém em vão (v. 9s); nem feito homem
foi reconhecido e recebido pelos seus (v. 11). Mas aos que o
reconheceram e receberam, com que abundância de bens os
enriqueceu (v. 12s)!
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Não só isso. Veio, ainda por cima, para o que era seu (εἰς τὰ
ἴδια) — isto é, para o mundo, que, criado por ele, era proprie-
dade sua —, agora visivelmente, pela Encarnação. Com isso
não se choca, senão que o inclui, a interpretação por muitos
adotada segundo a qual se trataria aqui da Palestina e do povo
judeu, um povo particular e consagrado ao Senhor (cf. Dt 7, 6;
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culdade (livre) de fazer ou ter alguma coisa. Aos homens, portanto, é ofere-
cida a filiação divina, mas está em poder deles aceitar ou não essa suprema
benevolência de Deus (cf. Concílio de Trento, 6.ª sess., De iust. cân. 4: Den-
zinger-Hünermann 1554). É pela fé que se adquire tal poder, o qual porém
não é levado a efeito sem a infusão da graça habitual, a única que nos pode
tornar participantes da natureza divina (cf. 2Pd 1, 4). Logo, a fé que é causa
da justificação e da filiação divina é a que opera pelo amor (cf. Gl 5, 6), isto
é, a fé viva, ou formada pela caridade.
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III. O LOGOS ENTRE
OS HOMENS (1, 14-18)
E
nuncia-se em termos expressos o mistério da Encarna-
ção (v. 14). O evangelista e seus contemporâneos con-
templaram a glória do Verbo encarnado (v. 14b), a quem
o Batista lhes apontara (v. 15). Os homens, desde então, têm
recebido abundantes graças (v. 16), bens muito superiores aos
dados por meio de Moisés (v. 17) e que de ninguém mais além
de Cristo poderiam receber (v. 18). Aqui, de modo particular,
nota-se o evangelista tomado de profundos sentimentos.
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O se fez (latim factum est, grego ἐγένετο) não diz que o Verbo se
tenha mudado ou convertido em carne (como em 2, 9, aplicado
à água transformada em vinho), mas que uniu a si uma natureza
humana, sem no entanto perder o que era: Deus (cf. v. 1).
Leão Magno, Ep. 35: “...nem o Verbo se mudou em carne, nem a carne no
Verbo, mas ambas permanecem em um só, e um só é em ambas, não divi-
dido pela diversidade, não confuso por causa da mistura, nem um da parte
do Pai e outro da parte da mãe, mas o mesmo, em um modo da parte do
Pai, antes de todo início, em outro da parte da mãe, ao fim dos séculos, para
ser ‘mediador de Deus e dos homens, o homem Jesus Cristo’ (1Tm 2, 5), em
quem habitasse ‘a plenitude da divindade corporalmente’ (Cl 2, 9); pois é
elevação de grau do assumido, não de quem assume, o fato de que ‘Deus o
exaltou…’ (Fl 2, 9ss)” (Denzinger-Hünermann 297).
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