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Ambiente e linguagem
Três diferenças:
b) Para João, a atividade pública de Jesus dura não um, mas três anos (três festas da
Páscoa: 2,13; 6,4; 11,55). O centro do ministério de Jesus não é mais a Galiléia,
mas Jerusalém (o Cristo joanino faz, pelo menos, três viagens a Jerusalém). Por
outro lado, João relata menos acontecimentos da vida de Jesus e conta-nos numa
ordem diferente (exemplo: a purificação do Templo abre a atividade pública de
Jesus, e não a Paixão).
João escreveu para os cristãos de sua época, pois sofriam grande influência das
heresias do gnosticismo. O evangelista tinha em mira fortalecer na fé os leitores,
agitados pelas falsas ideias de Cerinto e Ebion; estes negavam a Divindade de Jesus. Por
isso, afirma João: “[...] Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o
Messias, e, acreditando, tenhais vida em seu nome.” (20,30s). Portanto, podemos
afirmar que João tinha como meta combater o gnosticismo, que negava o “Jesus
Divino”.
Traços divinos: Desde o início de sua vida pública, Jesus é reconhecido como
Messias e Deus (1,15.29.35s.41.49); Jesus aparece cheio de majestade, de modo
que, quando querem prendê-lo antes da “sua hora”, não o conseguem (7,30;
8,20); por 38 vezes em João ocorre nos lábios de Jesus a expressão “Eu Sou...”,
que lembra o nome de Deus (Yahweh).
Traços humanos: Por ocasião da morte de Lázaro, quando Ele revela seu coração
(cf. 11,5.11.33-38); quando, cansado e sedento, se senta junto ao poço de Jacó
(cf. 4,6-8.31); quando manifesta angústia diante da Paixão (cf. 12,27).
I. Prólogo (1,1-18);
1. Cristo, a Palavra Eterna (1,1-13);
2. Cristo, a Palavra encarnada (1,14-18);
3. Fora do “Prólogo”, mas dentro do c.1: O testemunho de João Batista e a
convocação dos discípulos (1,19-51);.
II. O Livro dos Sinais (2,1 – 12,50): A Revelação do Filho para a humanidade
1. O lava-pés (13,1-30);
2. O Sermão da Última Ceia (13,31 – 16,33);
3. A narrativa da Paixão (18,1 – 19,42);
4. Ressurreição e aparições (20,1-31);
Obs.: O “Livro da Glória” também pode ser chamado de “Livro da Paixão”, pois João
considera a “elevação” de Cristo na cruz um símbolo de sua “elevação” aos céus pela
ressurreição e ascensão. Para o evangelista, a morte, a ressurreição e a exaltação de
Cristo são, todas elas, aspecto do mesmo mistério; pode, por conseguinte, considerar as
duas como um só movimento.
Sinal: quer significar mais do que a si próprio, pois vai além daquilo que se contempla.
Deve-se observar o sinal e extrair dele o seu significado. Exemplo: semáforo (a luz
vermelha, por exemplo, quer indicar mais do que uma lâmpada vermelha acesa, mas
significa que você deve parar até que o verde acenda). Quem não enxerga o que quer
dizer o sinal, fica nele mesmo e de nada adianta.
Para os sinóticos, as obras poderosas que Jesus fez são chamadas de “milagres”.
Em João, são chamadas de “sinais”. A restauração da vista de um homem cego em Siloé
é, realmente, um milagre, exatamente como os milagres relatados nos sinóticos. João,
porém, está interessado em ir além, pois se concentra no simbolismo deles, no seu
significado. Para ele, a luz que se dá a um cego é sinal de luz espiritual que Cristo, que é
a Luz do Mundo, pode dar, pois essas ações de Jesus indicam uma verdade mais
profunda e espiritual.
Todos os sinais apontam para Jesus, o Filho de Deus no meio de nós. Aquele que
só fica no sinal e não consegue interpretar o seu significado, deixa de depositar sua fé
no Cristo e receber a vida que só Ele pode dar.
O número de sinais em João é sete. Isto não significa que Jesus só tenha
realizado sete sinais (cf. 21,25). O sete em questão indica a perfeição do agir de Jesus
para revelar-se aos homens como Filho de Deus. Logo, os sete sinais de João são
suficientes para que o leitor perceba neles quem é Jesus e, por conseguinte, depositar
sua fé Nele.
O Livro da Glória