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SEMINÁRIO ARQUIEPÍSCOPAL

DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – LUANDA


CURSO DE TEOLOGIA

Helton Viera Dias Arão Disciplina: Corpus Johanneum


III ano /Diocese de Caxito Docente: Pe. Cláudio Zua

RESUMO DO LIVRO: “UMA LEITURA DO APOCALIPSE”.

O livro do Apocalipse, apesar da sua linguagem aparentemente obscura, é, mesmo


parecendo contraditório, um livro de esperança; o livro usa o género literário
apocalíptico, daí o título do livro, embora, não seja o único livro a fazer recurso deste
género literário (Ex.: o livro de Enoc, dos jubilados de Sibila e outros…), no entanto,
mesmo inserido nesta corrente, como obra cristã tem um tom diferenciado.

A palavra Apocalipse (do grego - Apocaluptein) significa «tirar o véu» ou «revelação».


O género apocalíptico nasceu do profetismo, por isso, urge a necessidade de
percebermos os polos de semelhanças e diferenças entre o profetismo, o apocalipse
judaico e o de João: o profeta usa o seu nome verdadeiro e apresenta-se como
testemunha de Deus vivo e simili modo o apocalipse de João, diferente dos autores dos
apocalipses que preferem o pseudônimo. O apocalipse de João, apesar das semelhanças
aparente, a sua mensagem de esperança centra-se em Cristo e é, fundamentalmente,
optimista: a vitória já chegou, trabalhemos apenas para que ela se torne cada dia mais
verdadeira na nossa história.

O autor chama-se a si mesmo de João e Justino, como Irineu, apontam ser o mesmo que
escreveu o quarto Evangelho e as Epístolas. Foi escrito por volta dos anos 90 a 96, no
tempo do Imperador Domiciano. Em contrapartida, por causa da diferença na linguagem
e na doutrina, alguns, afirmam não ser o mesmo autor do quarto Evangelhos e das
Epístolas.

O autor do apocalipse usa a técnica do salto em comprimento: percorre a história


passada do seu povo, procura descobrir as grandes leis do agir divino e, chegando ao
seu tempo, salta para o futuro e projecta no fim dos tempos estas grandes leis.

O livro usa uma linguagem cifrada, usa símbolos e imagens codificados para que apenas
os destinatários possam entender. Como chaves para a compreensão do apocalipse, A.
Feuillet, sugere-nos as seguintes:

1. Os acontecimentos descritos não se adicionam de maneira cronológica, muitas


vezes são os mesmos, porém retomados sob uma forma diferente;
2. João não quer anunciar acontecimentos precisos, mas o sentido que podem
tomar em relação ao estabelecimento do Reino de Deus;
3. O autor explica o presente em função do futuro, porque os acontecimentos
actuais tomam o sentido verdadeiro tendo em conta o seu cumprimento final, a
parusia;
4. João apresenta-nos a passagem do judaísmo ao cristianismo e posteriormente a
queda do paganismo romano, o poder totalitário.
5. O apocalipse é uma releitura cristã do Antigo Testamento, a partir do A.T. se
descobre melhor o sentido das imagens, faz uma reminiscência dos profetas:
Isaías, Jeremias, Daniel, Zacarias e, sobretudo, Ezequiel, mas também do Exodo,
dos salmos e outros, a fim de iluminar toda a história da Igreja até ao fim dos
tempos.

Os Romanos divinizavam os seus imperadores, Domiciano intitula-se senhor e Deus, e


o culto aos imperadores era obrigatório para se ter uma vida normal, inclusive, acesso
ao comércio e João, contrariamente, proclama Deus como único Senhor, a Ele é devida
toda a honra e glória.

Numa época de perseguição, João exorta, incentiva, que o testemunho deve levar-nos ao
martírio, aliás, o martírio é testemunho. Participando da morte de Cristo, participamos
também da sua vitória. Cristo é a testemunha por excelência. A mensagem de João é
Trindade: Deus – “o que é, que era e que há-de vir” – (cfr. 1,8 e 4, 8), não é intemporal,
mas caminha com o seu povo e se revela no encontro. Fala do Espírito na sua plenitude,
o Espírito septiforme, com a expressão sete espírito e apresente Cristo que pela sua
morte é a testemunha fiel e pela sua ressurreição é o primogénito de entre os mortos, o
único Senhor. Jesus é apresentado como o Filho do Homem, mas é Deus, é o Vivente,
tal como era apresentado Deus no A.T.; Cristo é alguém que passou pela morte.

Em Patmos teve a visão e endereça a carta a sete Igrejas da Ásia Menor: Éfeso,
Pérgamo, Sardes, Laodiceia, Esmirna, Tiatira e Filadelfia. Todavia, o número sete
adverte-nos que através delas é também a Igreja universal, esta Igreja que substituiu a
Israel, excepto aqueles que são fiéis a Deus, «o Resto».

Usa os termos (ou simbolos): «os anciãos» não para designar os anjos, mas os santos, os
antepassados, e «os quatro viventes» - o cosmo, Deus não está separado da terra, num
céu, mas está presente; o número 144.000, por um lado, designa o RESTO de Israel e,
por outro lado, as virgens que resistiram a prostituição, que é a idolatria; «a criança» é
Cristo; «o Dragão» é o diabo; «a mulher» é sobretudo o Povo de Deus (pode ser Maria,
mas como figura central da Igreja; «Miguel» é o combate cósmico, participam as forças
da natureza; «as duas testemunhas» são todas as testemunhas de Cristo, sua acção e
destino; «as duas bestas» uma é o Império Romano e outra são os falsos profetas e suas
ideologias; Tanto «nas sete trombetas» quanto «nas sete taças» João faz uma
reminiscência a libertação do povo, no Exodo, pois é a mesma situação que se renova,
inclusive as pragas; «os mil anos» é a vida em ou depois Cristo ressuscitado.

O livro do apocalipse é uma grande liturgia, cheio de orações e acção de graças, o nosso
culto litúrgico é uma antecipação do Reino, apresenta o Céu como uma liturgia, a ideia
de trono, altar, incenso, o canto, o Sanctus, presente hoje em nossas celebrações, e o
Maranatha, o povo que clama: Vem, Senhor Jesus, que encerra o Apocalipse. O
Apocalipse é uma reflexão acerca do culto.

Contudo, o Apocalipse é uma mensagem de esperança e um apelo a perseverança, a


fidelidade, no meio das perseguições, das dores da maternidade, pois Jesus vem.

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