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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

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22 Encontro Espírita sobre

Mediunidade
Tema: “O Maravilhoso e o Sobrenatural”

Patrono: Ernesto Bozzano

28 de junho de 2015
Coordenação Geral: Márcia Cordeiro e Alexandre Lobato
Coordenação Imediata: Thereza Chauke, Edson Damião, Rosa Carla, Cida, Jorge Bazeth,
Lucia Ventura, Eneida Caruso, Letícia Deodato
Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Finalização: Depto Editorial CELD.
Temas estudados até a presente data

1994 – Mediunidade psicográfica


1995 – Mediunidade de incorporação
1996 – Influência moral do médium
1997 – Da natureza das comunicações
1998 – Da natureza da crença
1999 – Da influência do meio
2000 – Das evocações
2001 – Modos de se distinguirem os bons dos maus espíritos
2002 – Influência do exercício da mediunidade sobre a saúde
2003 – Da influência moral do médium (II)
2004 – Aplicação moral e frutos do Espiritismo: inibições dos médiuns
2005 – Educação e função dos médiuns
2006 – Reencarnação e mediunidade: a mediunidade no pensamento de André
Luiz
2007 – Reencarnação e mediunidade: os bons médiuns
2008 – Reencarnação e mediunidade: da formação do médium
2009 – As leis da comunicação espírita: a construção da Casa Espírita
2010 – A Casa Espírita e os médiuns
2011 – A Casa Espírita e o trabalho em equipe
2012 – A Casa Espírita, o corpo mediúnico e o trabalho assistencial
2013 – A Casa Espírita, o médium e a divulgação doutrinária
2014 – Existem Espíritos?
22o Encontro Espírita sobre Mediunidade – 2015

Objetivo Geral

Refletir sobre a indagação “Quem prova a intervenção dos Espíritos?”, a


partir de argumentos da ciência humana e da revelação das leis da
comunicação espírita, desmistificando o aspecto do maravilhoso e do
sobrenatural no que tange aos fenômenos espíritas.

Indica que uma leitura posterior deverá ser feita para aprofundamento da
ideia.

Indica uma pausa para reflexão.

Indica que há material em Anexo para melhor entendimento da ideia.


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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Introdução

“A alma, livre e imortal, não mais se afirma como entidade vaga e


ideal, mas como um ser real, associado a uma forma e produtor de uma
força sutil cuja manifestação constante solicita a atenção dos investigadores.
Desde as pancadas e os simples fatos de tiptologia até as aparições
materializadas, o fenômeno espírita se desdobrou, sob formas cada vez mais
imponentes, levando a convicção aos mais céticos e mais desconfiados.
É o fim do sobrenatural e do milagre; mas desse conjunto de fatos,
tão antigos como a própria Humanidade, até aqui mal observados e
compreendidos, resulta agora uma concepção mais alta da vida e do
Universo e o conhecimento de uma Lei Suprema que vai guiando os seres,
em sua ascensão através dos esplendores do infinito, para o bem, para o
perfeito!”
(Léon Denis – No Invisível, cap. “A Ciência Espírita”.)

Antes do aparecimento das ideias espíritas, com todo seu arcabouço


acerca do Espírito imortal e sua destinação, fatos inexplicáveis já aconteciam
a olhos vistos e precisavam ser compreendidos. Muitas foram as tentativas
dos homens para explicar o que até então fazia parte do que se denominava
“sobrenatural”.
Afinal, será que existia algo por trás daqueles fenômenos que
aconteciam à revelia dos homens?
De um lado, uma corrente de pensamento totalmente voltada para o
aspecto material negava o fenômeno espírita por não conhecer as leis que o
regem. De outro lado, já despontavam alguns homens de Ciência dispostos a
investigar o fato.
Haveria uma causa? Que causa seria essa? Se fosse descoberta a
causa, qual seria a razão desses fenômenos? Haveria então um propósito
superior na direção dos homens da Terra? Se havia, qual seria esse
propósito?
Mesmo sem intenção, a ciência humana deu sua contribuição à
Doutrina Espírita, na medida em que desvendou leis da Natureza e ofereceu
novos elementos ao progresso da Humanidade. De certa forma, esses
estudos validaram a ideia da existência de um ser inteligente intervindo no
mundo corporal – uma nova força estava sendo descoberta, apesar de
sempre ter existido.
Com seu senso observador e método científico, Kardec começa a
organizar as informações colhidas junto ao mundo espiritual e os frutos de
suas pesquisas. Desse conjunto de observações nasceria a ciência espírita.

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TEMA 1: Maravilhoso, sobrenatural ou milagre?


“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades,
nas aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças
e lhe rogavam que os deixassem tocar ao menos na orla do seu vestido;
e todos os que nele tocavam, saravam”.
(Marcos, 6:56.)

Objetivos Específicos

• Analisar o porquê da intervenção dos Espíritos no mundo corporal ter


sido entendida como milagrosa ou sobrenatural ao longo do tempo.
• Compreender o papel da Ciência na desmistificação do milagre.
• Refletir sobre como a Doutrina Espírita entende o que é chamado de
milagre, sobrenatural e maravilhoso.

Recordemos com Kardec, no L.M.*, cap. I:


“Seja qual for a ideia que se faça dos Espíritos, esta crença está
necessariamente baseada na existência de um princípio inteligente fora da
matéria; ela é incompatível com a negação absoluta deste princípio.”

Todas as crenças espiritualistas admitem a sobrevivência de um


princípio inteligente fora da matéria. Este princípio inteligente foi denominado
alma.

“(...) essas almas que povoam o Espaço são precisamente o que se


chama de Espíritos; “os Espíritos não são, portanto, outra coisa senão as
almas dos homens, despojadas de seu envoltório corporal.”
“Resta agora a questão de saber se o Espírito pode se comunicar
com o homem, isto é, se ele pode trocar ideias com ele.”
(Resumo de O Livro dos Médiuns*, cap. I, itens 1, 2 e 5 – CELD.)

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E por que não?

Se a crença nos Espíritos e nas suas manifestações constituísse uma


concepção isolada, o produto de um sistema, ela poderia, com aparente
razão, ser suspeita de ilusória; mas, digam-nos mais uma vez, por que a
encontramos tão viva em todos os povos antigos e modernos, nos livros
santos de todas as religiões conhecidas?
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 7 – CELD.

Desde tempos remotos, os fenômenos de intervenção dos Espíritos no


mundo corporal foram designados como maravilhosos, sobrenaturais ou
milagrosos.
Como compreendemos esses vocábulos?

 Dicionário:

Maravilhoso: Adj. Extraordinário, admirável, sobrenatural. O que causa


ou encerra maravilha.

Sobrenatural: Adj. de dois gêneros.


1. Superior à Natureza.
2. Fora das leis naturais; extraordinário.
3. O que tem o caráter de sobrenatural.

Milagre: Maravilha; coisa extraordinária; fato sobrenatural oposto às


leis da Natureza; maravilha; prodígio.

*Fonte: Dicionário Priberam: http://www.priberam.pt/DLPO/sobrenatural


(...) milagre, (de mirari, admirar) significa: admirável, coisa extraordi-
nária, surpreendente. (...) No pensamento das massas, um milagre implica a
ideia de um fato sobrenatural;
(...) uma das características do milagre propriamente dito é a de ser
inexplicável, pela razão de ocorrer à revelia das leis naturais;
(...) outra característica do milagre é a de ser insólito, único, excep-
cional.
A Gênese, cap. XIII, item 1 – CELD.

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Como Kardec nos mostra esses fatos, na concepção


espírita?

“Aos olhos daqueles que veem a matéria como a única potência da


Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é
maravilhoso ou sobrenatural; e, para eles, maravilhoso é sinônimo de
superstição.”
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 10, – CELD.

Os séculos de ignorância foram fecundos em milagres, porque se


considerava miraculoso tudo aquilo cuja causa era desconhecida. À medida
que a Ciência revelou novas leis, o domínio do maravilhoso se restringiu,
mas como a Ciência não havia explorado todo o vasto campo da Natureza,
restou ainda uma parte bem grande para o maravilhoso.
(...) Expulso do domínio da materialidade pela Ciência, o maravilhoso
se encastelou no da espiritualidade, que foi o seu último refúgio.
A Gênese, cap. XIII, itens 2 e 3 – CELD.

Usada por espiritualistas e materialistas, a palavra “milagre” não


designa o mesmo fenômeno. Os espiritualistas entendem como milagre
ações das almas que derrogam as leis da Natureza. Já os materialistas
chamam “milagres” fatos que consideram supersticiosos, porque não
admitem a existência de um princípio inteligente além da matéria.
Foi preciso que a Ciência evoluísse, trazendo novas descobertas à
condição da vida humana, para que novos conceitos da vida física
surgissem. Só dessa forma, poderíamos começar a compreender as leis que
envolvem os fenômenos da vida espiritual.
Allan Kardec foi um estudioso dos fenômenos espíritas. Com seu olhar
crítico, fundamentado nos conhecimentos científicos de sua época,
demonstrou a impossibilidade do “sobrenatural”, analisando os fatos que
traziam, em si, um caráter inteligente, dotados de uma vontade, indepen-
dente dos participantes das experiências dirigidas pelo nosso mestre.

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Revendo conceitos

(...)[milagre] no sentido litúrgico é uma derrogação das leis da Natureza,


pela qual Deus manifesta o seu poder. Essa é, com efeito, sua acepção
vulgar, que se tornou o sentido próprio, de modo que só por comparação e
por metáfora a palavra se aplica às circunstâncias normais da vida.
A Gênese, cap. I, item 1 – CELD.

Aos olhos do homem comum, todo fenômeno cuja causa lhe é


desconhecida é considerado como sobrenatural, maravilhoso e miraculoso.
Uma vez conhecida a sua causa, reconhece-se que o fenômeno, por mais
extraordinário que pareça, é apenas a aplicação de uma lei da Natureza. É
assim que o círculo dos fatos sobrenaturais se reduz, à medida que o da
Ciência se amplia.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXI, item 5 – CELD.

Conclusão do tema 1:

Dois elementos, ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o


elemento espiritual e o elemento material. Da ação simultânea desses
dois princípios nascem fenômenos especiais que são naturalmente
inexplicáveis, se não considerarmos um dos dois, exatamente como a
formação da água seria inexplicável se deixássemos de levar em conta um
de seus dois elementos constituintes: o oxigênio e o hidrogênio.
A Gênese – Introdução – CELD.

O Espiritismo vem, portanto, por sua vez, fazer o que cada ciência fez
quando surgiu: revelar novas leis e, consequentemente, explicar os
fenômenos que são da competência dessas leis.
A Gênese, cap. XIII, item 4 – CELD.

Para saber mais: Introdução III e IV, de O Livro dos Espíritos;


O Evangelho..., cap. XXIV: 4; XIX:12.

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TEMA 2: Onde está a oposição?

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,


tanto o seu eterno poder como a sua divindade se estendem
e claramente se veem pelas coisas que estão criadas”.
(Romanos, 1:20.)

Objetivos Específicos

• Identificar a contribuição da ciência espírita na compreensão da ação


do Espírito sobre a matéria.
• Compreender como o conhecimento e a prática do magnetismo
favoreceram o entendimento da existência dos Espíritos e a possibilidade da
sua ação sobre a matéria.
• Compreender que o avanço da ciência humana também pôde
favorecer o entendimento da existência dos Espíritos e a possibilidade da
sua intervenção no mundo corporal.

Desde os primórdios, o homem busca o conhecimento do mundo em


que vive, seja de forma intencional ou não. Esse conhecimento, que se
constituiu em diversas ciências humanas, progride e, cada vez mais, se
aproxima das Leis de Deus para o Universo.
Dia virá em que essas ciências fatalmente esbarrarão nas leis
espirituais, reveladas pela ciência espírita.
Nesta trajetória, os estudos humanos já demonstram a impossibilidade
dos chamados milagres.

Observemos a convergência de ideias entre os textos


científicos e doutrinários:

Toda a história do progresso do conhecimento humano nos mostra que


o controverso prodígio de uma era se transforma em fenômeno natural
aceito na próxima e que muitos aparentes milagres eram decorrentes de
leis da Natureza subsequentemente descobertas. Muitos fenômenos da
mais simples feição pareceriam sobrenaturais aos homens que possuem
conhecimento limitado.
O Aspecto Científico do Sobrenatural – Alfred Russel Wallace –
a
cap. II, Lachâtre, 1 Edição.

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É princípio elementar que se julgue uma causa pelos seus efeitos, mesmo
quando não se vê a causa. A Ciência vai mais longe: ela calcula o poder da
causa pelo poder do efeito, e pode até determinar-lhe a natureza. É assim,
por exemplo, que a Astronomia concluiu pela existência de planetas em
determinadas regiões do Espaço, pelo conhecimento das leis que regem o
movimento dos astros; procurou-se e encontrou-se os planetas podendo-se
dizer, na realidade, que eles foram descobertos antes de serem vistos.
A Gênese, cap. II, item 1 – CELD.

As grandes descobertas da Física na última metade do século empurraram


esse movimento [em torno das discussões, na época, sobre o que era o milagre]
com ainda maior rapidez e levaram a uma firme convicção, nas mentes da maioria
dos homens instruídos, de que o Universo é governado por leis amplas e imu-
táveis, às quais subordinam-se todos os fenômenos que possam ser classi-
ficados e contra as quais nenhum fato natural pode se opor.
O Aspecto Científico do Sobrenatural – Alfred Russel Wallace – cap. II, Lachâtre.

Há relatos semelhantes tanto nos livros sagrados como nos estudos da


ciência espírita. Tomemos como exemplos, dados por Kardec, no cap.II, item
16, em O Livro dos Médiuns, os casos de São Cupertino e do Sr. Home
(sobre levitação) ou o caso de La Salette (de aparição), no item 17.

(...) Porém, desde o momento em que esses agentes estão na


Natureza e as manifestações ocorrem em virtude de certas leis,
não há nada de sobrenatural ou de maravilhoso. Antes de se
conhecer as propriedades da eletricidade, os fenômenos elétricos
eram considerados como prodígios por certas pessoas; desde que a
causa foi conhecida, o maravilhoso desapareceu. O mesmo acontece
com os fenômenos espíritas, que não fogem da ordem das leis naturais
mais que os fenômenos elétricos, acústicos, luminosos e outros, que são a
origem de uma imensidade de crenças supersticiosas.
A Gênese, cap. XIII, item 6 – CELD.

O que a ciência humana conhece como eletricidade e como magnetismo,


a ciência espírita nos apresenta como derivações do Fluido Cósmico Universal.
De nossa parte perguntamos: Se nós não vemos esses elementos da
Natureza, mas eles produzem efeitos patentes, não seriam também eles os
agentes das manifestações tidas como espirituais?
Certamente isso poderia ser verdade, se o movimento dos objetos
fosse sempre igual, ou seja, mecânico. Contudo, isso não se dava. Foi
observado que esses movimentos obedeciam a ordens dadas ou respondiam
a perguntas que, muitas vezes nem haviam sido formuladas.
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Como explicar, então, a origem dessas respostas?

Ocorriam demonstrações claras de uma inteligência e de uma vontade


independentes dos assistentes.
Concluiu-se, a partir de observações recorrentes desse gênero de fatos,
a existência de um ser invisível.

Pensemos com Kardec:


O Espiritismo, esclarecendo-nos sobre essa potência, nos dá a chave
de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro
meio e que passaram por prodígios, em épocas remotas; ele revela, assim
como o magnetismo, uma lei, se não desconhecida, pelo menos mal com-
preendida; ou melhor dizendo, conheciam-se os efeitos, pois eles se
produziram em todos os tempos, mas não a lei e foi a ignorância desta lei
que engendrou a superstição.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 15 – CELD.

Por que, então, um fluido desconhecido, em dadas circunstâncias, não


teria a propriedade de contrabalançar o efeito da gravidade, como o
hidrogênio contrabalança o peso do balão? Isto, observemos de passagem, é
uma comparação, não, porém, uma assimilação e, unicamente para mostrar,
por analogia, que o fato não é fisicamente impossível. Ora, foi precisamente
quando os sábios, ao observarem essas espécies de fenômenos, quiseram
proceder pela via da assimilação que se equivocaram. De resto, o fato aí
está; negação alguma poderá fazer com que ele não exista, pois negar não é
provar. Para nós, nada há de sobrenatural; (...)
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 8 – CELD.

Se o fato for comprovado, dirão, aceitá-lo-emos; aceitaremos mesmo a


causa que acabais de citar, a de um fluido desconhecido; mas quem prova
a intervenção dos Espíritos?
(...) diremos que ela está fundamentada, teoricamente, neste princípio:
todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente (...)
A existência dos Espíritos não é, portanto, um sistema preconcebido, uma
hipótese imaginada para explicar os fatos; é um resultado de observações e a
consequência natural da existência da alma; negar esta causa é negar a alma e
seus atributos. Que os que pensam poder dar uma solução mais racional para
esses efeitos inteligentes, podendo, sobretudo, explicar a causa de todos os
fatos, o façam e, então, poder-se-á discutir o mérito de cada uma.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 9 – CELD.

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A existência de seres invisíveis, uma vez constatada, sua ação sobre a


matéria, resulta da natureza de seu envoltório fluídico: esta ação é inteli-
gente, porque, ao morrerem, perderam apenas seus corpos, mas conserva-
ram a inteligência que lhes constitui a própria essência; aí está a chave de
todos esses fenômenos considerados, erradamente, sobrenaturais.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 9 – CELD.

Vemos aqui que a chave do fenômeno espiritual está na compreensão


desse envoltório fluídico, ou seja, o perispírito. Ele é o instrumento através do
qual os seres invisíveis podem se manifestar, pois é uma das derivações do
Fluido Cósmico Universal; elemento intermediário entre o Espírito (do qual
desconhecemos a essência) e o corpo físico (matéria bruta).
Com Kardec, na Introdução de O Livro dos Espíritos, item VI, temos a
explicação necessária à compreensão desse gênero de fenômenos:

Os Espíritos exercem, sobre o mundo moral e até sobre o mundo físico,


uma ação incessante; agem sobre a matéria e sobre o pensamento, e
constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão
de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados, e que não encon-
tram uma solução racional senão no Espiritismo.
O Livro dos Espíritos – Introdução – CELD.

Quando uma mesa se move, não é o Espírito que a prende com as


mãos e a ergue com a força do braço, pela razão muito simples que, embora
tenha um corpo como nós, esse é corpo fluídico e não pode exercer uma
ação muscular propriamente dita. Ele satura a mesa com o seu próprio
fluido, combinado com o fluido animalizado do médium; por esse meio, a
mesa é momentaneamente animada de uma vida factícia; ela obedece então
à vontade, como o faria um ser vivo; exprime, pelos seus movimentos, a
alegria, a cólera e os diversos sentimentos do Espírito que dela se serve; não
é ela que pensa, ela não é alegre nem colérica; não é o Espírito que se
incorpora nela, porque ele não se metamorfoseia em mesa (...)
Revista Espírita, fevereiro de 1861 – EDICEL.

Os médiuns de efeitos físicos exteriorizam essa força em grande


abundância; mas nós a possuímos, todos, em graus diversos. E por meio
dessa força é que se produzem os levantamentos de mesas, o transporte
dos objetos sem contato, o fenômeno dos aportes, a escrita direta sobre
ardósias. Sua ação é constante em todas as manifestações espíritas.
Léon Denis, No Invisível, cap. 15 – CELD.

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Conclusão do tema 2:

(...) diremos que, em teoria, ela se funda neste princípio: “todo efeito
inteligente deve ter uma causa inteligente; e, na prática, na observação de
que os fenômenos ditos espíritas, tendo dado provas de inteligência, sua
causa devia estar fora da matéria; de que essa inteligência, não sendo a dos
assistentes —, isto é, um resultado da experiência — devia estar fora deles;
já que não se via o ser que agia, tratava-se, portanto, de um ser invisível.
(...) ao qual se deu o nome de Espírito”.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 9 – CELD.

O Espiritismo dá-nos a conhecer a alma; a Ciência nos descobre as


leis da matéria viva. Trata-se, portanto, para nós, de conjugar os dois
ensinos, mostrar que eles mutuamente se auxiliam, se completam, tornam-
se mesmo inseparáveis e indispensáveis à compreensão dos fenômenos da
vida física e intelectual, por isso que de tal concordância resulta, para o ser
humano, a mais esplêndida de quantas certezas lhe seja facultado adquirir
na Terra.
Gabriel Delanne – Evolução Anímica – Introdução.

Cremos em vós, Senhor, porque tudo revela o vosso poder e a vossa


bondade. A harmonia do Universo nos dá o testemunho de uma
sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam
todas as faculdades humanas. O nome de um ser soberanamente grande
e sábio está inscrito em todas as obras da criação, desde o raminho de uma
erva, e o mais pequenino inseto, até os astros que se movem no Espaço. Por
todas as partes vemos a prova de uma solicitude paternal. Eis por que é
cego aquele que não vos reconhece nas vossas obras, orgulhoso o que não
vos glorifica, e ingrato o que não rende ação de graças.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 3 – CELD.

Para saber mais: O Livro dos Espíritos, q. 21, 22, 30, 31, 555 e
(Nota de Kardec).

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Tema 3: A fé e o conhecimento

Jesus lhes respondeu:


“Não está escrito em vossa lei:
Eu disse: sois deuses”?
Jesus. João, 10:34.

Objetivos Específicos

• Compreender que a Providência Divina induz a Humanidade ao


progresso moral e intelectual, facilitando ao homem a comunhão com Deus.
• Perceber que a Providência Divina promoveu uma “invasão organi-
zada” dos Espíritos do Senhor, através da mediunidade, para nos provar a
imortalidade e construir a fé raciocinada.
• Concluir que a Ciência e a Religião, aliadas à humildade, levam o
homem à compreensão das Leis de Deus e à sua obediência.

Progresso moral e intelectual

Não seria viável ao ser humano o entendimento de qualquer


manifestação espiritual sem o amadurecimento das ideias, ocorrido ao longo
dos séculos, especialmente nos dois últimos (19 e 20). Saímos das comuni-
cações através de cartas, que, às vezes, levavam meses até chegarem aos
seus destinos, e estamos vivenciando a era das comunicações virtuais
(celular, tablet, internet), em que as informações nos chegam imediatamente.
A Ciência nos surpreende a cada dia com novas tecnologias, invenções e
descobertas, promovendo o bem-estar da Humanidade.

Mas qual a finalidade de tanto conhecimento?

É fazer com que o homem, através da evolução do conhecimento


intelectual, caminhe para o discernimento entre o BEM e o MAL, despertando
para a necessidade do desenvolvimento moral.

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O Espiritismo é estranho a toda questão dogmática. Aos materialistas


prova a existência da alma; aos que não creem senão no nada, prova a vida
eterna; aos que pensam que Deus não se ocupa das ações do homem,
prova as penas e recompensas futuras; destruindo o materialismo, destrói a
maior chaga social. Eis o seu objetivo. Quanto às crenças especiais, delas
não se ocupa e deixa a cada um inteira liberdade.
Revista Espírita, 14/10/1861 – EDICEL.

O Estudo da Doutrina Espírita, que reúne conceitos filosóficos,


religiosos e científicos, ajuda a desenvolver, em nós, uma fé inabalável na
bondade de Deus, o nosso Pai e Criador. É a fé raciocinada de que nos fala
Kardec.

A fé raciocinada, que se apoia nos fatos e na lógica, não deixa


nenhuma obscuridade: crê-se, porque se tem a certeza, e só se está certo
quando se compreendeu. Eis por que ela não se dobra: porque só é
inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face, em todas as
épocas da Humanidade.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 7 – CELD.

Qualquer ciência só se adquire com o tempo e o estudo.


A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e suas
consequências morais constituem toda uma ciência e toda uma filosofia que
requer um estudo sério, perseverante e aprofundado.
O Livro dos Médiuns, cap. II, itens 13 e 14 – CELD.

“Aqueles que atacam o Espiritismo, em nome do maravilhoso, apoiam-


se geralmente, portanto, no princípio materialista, já que negando todo efeito
extramaterial, negam, por isso mesmo, a existência da alma.”
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 11 – CELD.

Mas, para a aceitação desses novos conceitos, é preciso nos


libertarmos das ideias preconcebidas; reconhecer que não sabemos tudo;
entender a necessidade de desenvolvermos o sentimento da humildade,
abrindo nossas mentes para novas revelações.

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Quando se recusam a admitir o mundo invisível e um poder extra-


humano, não é porque isso esteja acima da sua capacidade de compreen-
são, mas porque o seu orgulho se revolta com a ideia de algo acima do qual
eles não se podem colocar, isso os faria descer do seu pedestal. É por essa
razão que eles só têm sorrisos de desdém para tudo o que não pertence ao
mundo visível e tangível; eles se acham possuidores de grande inteligência e
de muito conhecimento para acreditarem em coisas, segundo sua concep-
ção, para as pessoas simples, e consideram como pobres de espírito
aqueles que levam tais coisas a sério.
O Evangelho Segundo o Evangelho, cap.VII, item 2 – CELD.

Não é pela opinião de um homem que os outros se congraçarão, mas


pela voz unânime dos espíritos. Não será um homem, muito menos nós ou
qualquer outro, que fundará a ortodoxia espírita; também não será um
espírito, vindo se impor a quem quer que seja: será a universalidade dos
espíritos comunicando-se em toda a Terra por ordem de Deus; aí está o
caráter essencial da Doutrina Espírita, a sua força, a sua autoridade. Deus
quis que a sua Lei fosse assentada sobre uma base inabalável, foi por isso
que ele não a colocou sobre a cabeça frágil de uma única pessoa.
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução II – “Autoridade da Doutrina Espírita –
Controle universal do ensinamento dos Espíritos” – CELD.

Invasão organizada

A compreensão da escala espírita, disposta em O Livro dos Espíritos,


nos faz ver que não somos os únicos seres inteligentes do Universo. E
aqueles que estão à nossa frente em conhecimento e moralidade, vêm, por
permissão de Deus, até nós para nos instruir e auxiliar no progresso.

Centenas de Espíritos superiores planam acima de nós e dirigem o


movimento espiritualista, inspirando, controlando os médiuns, espalhando
sobre os grupos, sobre os homens de ação as vibrações de suas vontades, a
irradiação de seus gênios.
(...)
Através da pena, através dos lábios dos médiuns, os Espíritos guias
fazem ouvir suas instruções, suas exortações; e, apesar das imperfeições do
meio, apesar das sombras que enfraquecem e velam as radiações de seus
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pensamentos, é sempre um encanto penetrante, uma alegria do coração, um


reconforto, experimentar a beleza de seus ensinamentos escritos, ouvir os
sotaques de suas vozes que nos chegam como eco longínquo das esferas
celestes.
No Invisível, cap. V – “Educação e papel dos médiuns” – CELD.

Deus nos permite, então, a comunicação com o mundo invisível, pelos


canais da mediunidade. Dos fenômenos mais ostensivos aos mais sutis, os
espíritos estão sempre nos dando provas de suas presenças em nosso dia a
dia. Cabe a nós, portanto, um estudo sério da Doutrina Espírita, a fim de que
nos conscientizemos do compromisso assumido junto à mediunidade cristã.

Os médiuns modernos — visto que os apóstolos também tinham


mediunidade — igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem
intérpretes dos espíritos na instrução dos homens, a fim de lhes mostrar o
caminho do bem e conduzi-los à fé (...). Deus quer que a luz chegue a todo o
mundo; ele não deseja que o mais pobre seja deserdado e que possa dizer:
“Eu não tenho fé, porque não pude pagá-la; não tenho a consolação de
receber o encorajamento e os testemunhos de afeição daqueles por quem
choro, porque sou pobre”. Eis por que a mediunidade não é um privilégio, e
se encontra por toda parte; fazer com que se pague por ela, seria, portanto,
desviá-la da sua finalidade providencial.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVI, item 7 – CELD.

As religiões do futuro terão como base, a comunhão dos vivos com os


mortos; o ensino mútuo das duas humanidades. Apesar das dificuldades que
a comunicação com o invisível ainda apresenta — é provável que elas se
aplainem com a experiência dos tempos — pode-se ver, desde agora, que há
aí uma base, diferentemente ampla do que todas aquelas em que se apoia a
ideia religiosa. Será um dos maiores méritos do Espiritismo o de tê-la
proporcionado ao mundo. Dessa forma ele terá preparado, facilitado a
unidade religiosa e moral. A solidariedade que une os vivos da Terra àqueles
do céu se estenderá, pouco a pouco, a todos os habitantes do nosso globo, e
todos comungarão, um dia, na mesma crença, no mesmo ideal realizado.
No Invisível, cap. XI – “Aplicação moral e frutos do Espiritismo” – CELD.

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

União da Ciência e da Religião

A Ciência e a Religião percorreram caminhos distintos. De um lado, a


Ciência desvendou leis do mundo físico. De outro lado, o Espiritismo
investigou e concluiu que havia uma força que não estava assentada apenas
no elemento material.

E o que a lógica dos estudos vem nos mostrar?

A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana;


uma revela as leis do mundo material e a outra, as leis do mundo moral. No
entanto, tendo essas leis o mesmo princípio, que é Deus, elas não se podem
contradizer. (...) A incompatibilidade que se acredita ver entre as duas ordens
de ideias, deve-se a um erro de observação e ao excesso de exclusivismo de
uma e de outra parte; daí resultou um conflito, que deu origem à increduli-
dade e à intolerância.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, item 8 – CELD.

A Ciência e a Religião até hoje não puderam se entender porque, cada


uma encarando as coisas do seu ponto de vista exclusivo, se repeliam
mutuamente. Era preciso alguma coisa para preencher o vazio que as
separava, um traço de união que as aproximasse; esse traço de união está
no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com
o mundo corporal, leis também tão imutáveis quanto às que regem o
movimento dos astros e a existência dos seres. Essas relações, uma vez
comprovadas pela experiência, fizeram surgir uma nova luz: a fé se
dirigiu à razão, a razão nada encontrou de ilógico na fé, e o materia-
lismo foi vencido.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.I, item 8 – CELD.

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Conclusão do tema 3:

Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por um caminho
mais rápido e mais autêntico; eis por que ele encarregou os espíritos de levá-
la de um polo ao outro da Terra, manifestando-se em todos os lugares, sem
dar a pessoa alguma o privilégio exclusivo de ouvir sua palavra. Um homem
pode ser enganado, enganar a si mesmo, mas não pode ser assim quando
milhões de pessoas veem e ouvem a mesma coisa: isso é uma garantia para
cada um e para todos.
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução – item 2 – CELD.

(…) enfim, porque a Doutrina não foi ditada completa, nem imposta à
crença cega; porque ela é deduzida, pelo trabalho dos homens, a partir da
observação dos fatos que os espíritos colocam sob os seus olhos, e das
instruções que dão a eles, instruções que os homens estudam, comentam,
comparam e das quais tiram suas próprias conclusões e aplicações.
A Gênese, cap.I, item 13 – “A revelação científica e divina” – CELD.

O Espiritismo, explicando a maioria desses fatos, dá a eles uma razão


de ser. Ele vem, portanto, auxiliar a religião, demonstrando a possibilidade de
certos fatos que, por não terem mais o caráter miraculoso, não são menos
extraordinários, e Deus não fica menor nem menos poderoso por não ter
derrogado suas leis.
O Livro dos Médiuns, cap. II, item 16 – CELD.

Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, vossa voz louvar o


Senhor, o anjo, à vossa cabeceira, vos indicará o sinal da salvação e o lugar
que deveis ocupar um dia. A fé, é o remédio certo para o sofrimento; ela
sempre mostra os horizontes do infinito diante dos quais desaparecem os
poucos dias sombrios do presente.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 19 – CELD.

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Resumo das ideias

Estamos revalidando nossa crença atendendo às diretrizes espirituais


de nossa Casa Espírita, ou seja, dar continuidade ao estudo de O Livro dos
Médiuns. Estudamos, no 21o EEMED, o capítulo I, e compreendemos a exis-
tência do mundo espiritual e dos Espíritos, seres imortais, que sobrevivem à
morte do corpo e que povoam o Espaço.
Concluímos que o Espírito, portanto, não é uma abstração, mas um ser
limitado, circunscrito, que só falta ser visivelmente palpável para se asseme-
lhar aos seres humanos.
Por que então não agiriam sobre a matéria?

Vimos em nosso estudo de hoje que o sobrenatural, o maravilhoso e o


milagre permaneceram no imaginário dos povos, devido ao desconhecimento
das leis que regiam esses fatos.
A ciência humana, à medida que avança e oferece novos elementos ao
progresso da Humanidade, desvenda leis físicas (que são Leis Divinas) e,
mesmo sem intenção, favorece o entendimento do raciocínio espírita.
Foi com seu olhar observador e seu pensamento científico que Kardec
concluiu que havia uma causa inteligente que promovia efeitos inteligentes.
Através dos estudos, observações e experimentações do codificador
um novo mundo se revelava. Mundo esse que sempre existiu, mas que ainda
não tinha sido investigado.
Do estudo de hoje, concluímos que:
• Deus existe e criou o Universo;
• os Espíritos são os seres inteligentes da criação;
• esses seres podem se comunicar e atuar sobre mundo material;
• há um propósito divino para a intervenção dos Espíritos no
mundo corporal;
• a fé raciocinada nos permite mudar nosso ponto de vista sobre
nós, a vida e, principalmente, fortalecer a ideia de Deus;
• somente os orgulhosos não admitem a existência de Deus e a
intervenção dos Espíritos no mundo material.

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Anexo

Breve biografia de:


• Alfred Russel Wallace
• São Cupertino
• La Salette
• Sr. Home
• Aos Médiuns com Carinho, lição 40 – “Mediunidade – Fator de Reajuste”

Alfred Russel Wallace

O naturalista Alfred Russel Wallace tornou-se célebre pela formulação


de uma teoria da origem das espécies, pela seleção natural, em estudos
realizados independentemente de Charles Darwin. Alfred Russel Wallace
nasceu em 8 de janeiro de 1823, em Usk, Monmouthshire, Inglaterra. De seu
interesse inicial pela botânica passou ao estudo dos insetos por influência do
naturalista britânico Henry Walter Bates, que conheceu por volta de 1844.
Ambos empreenderam uma expedição pela Amazônia, em 1848, onde
permaneceram por dois anos. Com exceção do material que Wallace enviou
para a Inglaterra, a valiosa coleção acumulada na expedição foi consumida
pelo fogo, na viagem de volta. O naturalista conservou também anotações
que lhe permitiram escrever, em 1853, Narrativa de Viagens pela Amazônia e
pelo Rio Negro. De 1854 a 1862, Wallace viajou pelo arquipélago malaio.
Fixou-se depois em seu país e se dedicou a pesquisas científicas. Em
1858, apresentou o trabalho Sobre a Tendência das Variedades de se
Afastar Indefinidamente do Tipo Original, ao mesmo tempo em que Darwin
apresentava sua Teoria da Evolução das Espécies. Wallace divergiu de
Darwin, pois este defendia a tese da seleção sexual, enquanto Alfred preferia
a da sobrevivência do mais forte e, coerente com sua tendência espiritualista,
aceitava a intervenção de forças superiores na evolução das espécies.
A obra O Arquipélago Malaio,de 1869, foi resultado de pesquisas feitas
no arquipélago malaio, onde Wallace investigou a distribuição geográfica dos
animais. Sua Distribuição Geográfica dos Animais, de 1876, deu-lhe papel
relevante na história da zoogeografia e divulgou estudos precursores sobre a
influência da divisão de terras emersas e dos mares sobre a genealogia das
espécies.
Wallace interessou-se ainda por questões tão diferentes quanto a da
nacionalização da Terra, do sufrágio feminino (que defendia) e da vacinação
(que combatia, por considerá-la inútil e perigosa).

22
o
22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Alfred Russel Wallace recebeu, em 1892, a Medalha de Ouro da


Sociedade Linneana, prêmio que se concede, todos os anos, a um botânico
ou zoólogo cujo trabalho tenha importância significativa para o avanço da
Ciência.
Alfred Russel Wallace morreu em Broadstone, Dorset, Inglaterra, em 7
de novembro de 1913.

Deixou extensa obra:

• Narrativa de Viagens pela Amazônia e pelo Rio Negro, em 1853


• O Arquipélago Malaio, em 1869
• Contribuições para a Teoria da Seleção Natural, em 1870, onde
divulga seus ensaios sobre o problema da evolução
• Os Milagres e o Espiritualismo Moderno, de 1875
• Distribuição Geográfica dos Animais, de 1876
• Nacionalização Agrária, em 1882
• Quarenta e Cinco Anos de Registro de Estatísticas, em 1885, em
que combate a vacinação, que considera perigosa e inútil
• Darwinismo, em 1889
• O Século Maravilhoso, no qual estuda os êxitos e fracassos do
século 19
• O Lugar do Homem no Universo
• Minha Vida, de 1905, autobiografia
• O Mundo e a Vida, de 1910
• Meio Social e Progresso Moral, de 1912

(Adaptação dos sites) www.biomania.com.br


educacao.uol.com.br/biografias
Enciclopédia Mirador Internacional

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

São Cupertino

São José de Cupertino nasceu em 1603 e morreu em 1668. Por causa


das dívidas de seu pai, no momento do seu nascimento, apreenderam o
mobiliário da sua família e ele nasceu em um estábulo. Filho de artesãos,
doente e desprezado por todos, escarnecido pelos camaradas que o
chamavam de “boca aberta”, foi repudiado até pela própria mãe.
Com uma úlcera gangrenosa, passou a infância entre a vida e a morte
numa espécie de podridão, até ser curado por um religioso.
Quando mais tarde quis abraçar a vida religiosa enfrentou as maiores
dificuldades.
Sabia-se tão pouco dotado intelectualmente que a si mesmo dava,
com humildade, o nome de Frei Asno; mas os dons mediúnicos que possuía
compensaram largamente a pouca inteligência.
Entrou para a Ordem dos Capuchinhos como converso, mas sua
incapacidade natural, tornava-o inepto para tudo, pois seu desajeitamento
patenteava-se a todo o momento.
Arrebatado em êxtase, quando cuidava do refeitório, deixava cair os
pratos e as travessas, cujos fragmentos lhe eram colados no hábito em sinal
de penitência. Os religiosos acabaram por considerá-lo absolutamente insu-
portável.
Expulso ainda de outras casas religiosas, só à custa de muita
insistência foi admitido num convento franciscano: o Convento de Grotela;
onde foi incumbido do tratamento de uma jumenta.
Ele mal sabia ler e escrever e queria ser sacerdote. Nunca pôde
explicar nenhum dos textos evangélicos, exceto o que continha as palavras
“bem-aventurado o ventre que te trouxe”. No exame para o diaconato, o
bispo abriu o livro dos Evangelhos ao acaso e mandou-o comentar
exatamente a única frase que ele sabia explicar. É por isso considerado o
patrono dos estudantes em apuros.
Restava o exame para o sacerdócio. Todos os postulantes, exceto
José, sabiam a matéria com perfeição. Os primeiros que fizeram o exame,
fizeram-no de maneira tão brilhante que o bispo parou antes de ter
examinado a todos.
Sempre foi ajudado pela espiritualidade em suas provas e exames.

Ordenado sacerdote, vivia arrebatado em êxtases e era objeto de


fenômenos mediúnicos. Era comum ser visto em levitação, erguido do solo a
alturas elevadas. Praticava “milagres” espantosos, curando doentes de todos
os gêneros. São José de Cupertino passou literalmente uma parte de sua
24
o
22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

vida no ar, de tal maneira ele voava, real e fisicamente entre o céu e a Terra.
Suspenso.
Sentia cheiros que só existiam para ele; percebia seres espirituais
que se lhe afiguravam materiais. Encontrava um homem cuja consciência
estava em mal estado: “Está cheirando muito mal”, dizia José para ele. “Vai
te lavar”. E depois da confissão, se esta tinha sido boa, ele sentia outro
cheiro no homem.
Um dia, na igreja, durante um arroubo, a sua mão achou-se
estendida sobre a chama de duas tochas. Por algum tempo, imóveis de
estupefação, os espectadores cogitaram se era o caso de remover as tochas.
Mas as mãos dele não apresentavam nenhum vestígio de queimadura. Ele
estava rezando.
Embora pouco inteligente, era auxiliado pela espiritualidade e dava
conselhos acertadíssimos, sendo procurado, por isso, por pessoas altamente
colocadas, que desejavam consultá-lo. Até o Papa quis conhecê-lo. Durante
a audiência com o Pontífice, o humilde franciscano entrou num êxtase e
deixou o Papa admirado.
A sua vida exterior foi, ao mesmo tempo, agitada e monótona. Para
evitar as multidões que o buscavam, transportavam-no de um lugar para
outro e o mantinham quase em prisão até um novo deslocamento. Diz-se que
chegaram, em determinado momento, a lhe tirar o hábito religioso.
Em suma, aquele que quase não fora admitido no convento, se
transformou numa das glórias da Ordem Franciscana.

www.arautos.org (adaptação do site)

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Nossa Senhora de La Salette

Foi o nome dado às aparições de Nossa Senhora, na montanha de La


Salette, Isére, nos Alpes franceses. Ela teria aparecido a 19 de setembro de
1846, a duas crianças: Maximin Giraud, de 11 anos, e Mélanie Calvat, de 15
anos.
Os dois pastorinhos — Maximin e Mélanie — tiveram uma visão de Maria
por volta das três horas da tarde.
A aparição consistiu em três fases diferentes. As crianças viram, numa
luz resplandecente, uma bela dama vestida como as mulheres da região,
falando alternadamente em francês e no dialeto local. Ela estava sentada
sobre uma pedra, e as crianças relataram que a "Belle Dame" estava triste e
chorando com seu rosto descansando em suas mãos. A Bela Senhora pôs-
se de pé. E disse:
"Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma
grande novidade"!
"Se meu povo não se quer submeter, sou forçada a deixar cair o braço
de meu Filho. É tão forte e tão pesado que não o posso mais".
"Há quanto tempo sofro por vós".
Então, as crianças desceram até a Bela Senhora que não parava de
chorar. Segundo os relatos, a Senhora era alta e toda de luz; rosas coroavam
sua cabeça, ladeavam o lenço que levava e ornavam seu calçado. Em sua
fronte, a luz brilhava como um diadema. Sobre os ombros carregava uma
pesada corrente. Outra mais leve prendia, sobre o peito, um crucifixo
resplandecente, com um martelo de um lado e de outro uma torquês. O
martelo simbolizaria o pecador cravando Jesus na cruz pelos seus pecados e
o alicate representaria todos nós, tentando remover os pregos da cruz pelas
nossas vidas virtuosas e pela fidelidade a Jesus.
Assim, a Bela Senhora falou em segredo a Maximin e depois à Mélanie.
E novamente os dois, em conjunto, ouviram as seguintes palavras: "Se
se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em montões de
trigo, e as batatinhas serão semeadas nos roçados". Ela ainda conclui, em
francês: "Pois bem, meus filhos, transmitireis isso a todo o meu povo".
Terminou assim a aparição. Segundo as crianças, ela andava, mas seus
pés não esmagavam a relva, quase não dobravam os talos. Mélanie correu e
a contemplou de novo lá no alto. Depois, segundo ela, viu o rosto e a figura
da Senhora desaparecendo à medida que a luminosidade aumentava.
26
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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Nas suas aparições, Nossa Senhora de La Salette falou dos Apóstolos


dos Últimos Tempos e ditou à vidente Mélanie, palavra por palavra,
orientação para que se fundasse uma ordem religiosa com o nome de
"Ordem da Mãe de Deus" e que se destinaria aos "Apóstolos dos Últimos
Tempos".
No dia 3 de outubro 1876, num interrogatório, Mélanie revelou a
finalidade desta nova ordem religiosa: trabalhar-se mais eficazmente na
santificação do clero, na conversão dos pecadores e a de propagar o reino
de Deus na Terra inteira. Quanto ao espírito da ordem, este deveria ser o
espírito dos primeiros apóstolos.

Em 7 de julho de 1847, o bispo de Grenoble pediu aos cânones Pierre-


Joseph Rousselot e André Berthier – ambos professores no Seminário Maior
da cidade – que conduzissem uma investigação aprofundada da aparição, e
escrevessem um relatório completo sobre a mesma. Este relatório foi
concluído em 15 de outubro de 1847.
O Cardeal de Bonald não acreditava na veracidade da aparição. Então,
exigiu que as crianças lhe contassem os segredos que a Senhora havia-lhes
confiado, sob o falso pretexto de possuir um mandato papal.
A 2 de julho de 1851, as crianças escreveram sobre a aparição e os
segredos que Maria havia-lhes comunicado. Mélanie disse que só havia
escrito uma breve versão do segredo e insistiu para que ambos os textos
(seu e de Maximin) fossem diretamente entregues ao Papa Pio IX, o que
ocorreu em 18 de julho de 1851.

As profecias de Nossa Senhora


Maria predisse eventos futuros da sociedade e da Igreja. O cumprimento
destas previsões foi também visto como uma das indicações da veracidade
da aparição nas investigações que se seguiram à aparição.
No que diz respeito à sociedade, Maria previu que a colheita seria
completamente fracassada. Em dezembro de 1846, a maior parte das
camadas populares foi atingida por doenças e, em 1847, uma fome assola a
Europa, resultando na perda de cerca de um milhão de vidas. A cólera se
espalhou pela França e custou a vida de muitas crianças. O desaparecimento
da Segunda República Francesa, com a Guerra franco-prussiana (1870-1871)
e a revolta da Comuna de Paris, de 1871, foram igualmente previstos.

27
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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

No que diz respeito à Igreja, Ela previu que a fé católica na França e no


mundo, mesmo na hierarquia católica, iria diminuir bastante, por causa da
crise moral dos leigos e do clero: as desonras e a vergonha da Igreja com a
falta de muitos dos seus membros pelos escândalos de pedofilia, sincretismo,
apostasia e outras abominações.
Previu o surgimento de religiões e filosofias contrárias aos ensinamentos
de Jesus. E, realmente, o século 19 foi pontuado pelo surgimento de
inúmeras seitas e filosofias ditas de cunho religioso, oriundas de diferentes
nações, idiomas e raízes filosóficas ou mesmo pretensamente teológicas,
nem sempre afinadas com os tradicionais ensinamentos da Santa Igreja
Católica.
A Humanidade foi alertada para a vinda do anticristo e do fim dos
tempos.
Para Maximin, Ela previra a conversão da Inglaterra na fase final do
apocalipse. Guerras iriam ocorrer se os homens não se arrependessem,
Paris e Marselha seriam destruídas.
Também se percebeu em seus alertas um viés da crise ecológica ao
mencionar situações como: "As estações serão mudadas, a Terra não
produzirá senão maus frutos ... a água e o fogo causarão ao globo terrestre
movimentos convulsivos e horríveis terremotos, que farão tragar montanhas,
cidades, etc".

Wikipédia, a enciclopédia livre (adaptação).

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Daniel Dunglas Home

O MAIOR MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS DO SÉCULO 19

"O senhor Daniel Dunglas Home nasceu em 15 de março de 1833,


perto de Edimbourg (Escócia). Tem, pois, hoje, 24 anos (artigo escrito por
Allan Kardec, em fevereiro de 1858). Descende da antiga e nobre família dos
Douglas da Escócia, outrora soberana. É um jovem de talhe mediano, louro,
cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrico; é de compleição muito
delicada, de costumes simples e suaves, de um caráter afável e benevolente
sobre o qual o contato das grandezas não lançou nem arrogância e nem
ostentação. Dotado de uma excessiva modéstia, jamais exibiu a sua maravi-
lhosa faculdade, jamais falou de si mesmo, e se, na expansão da intimidade,
conta coisas que lhe são pessoais, é com simplicidade, e jamais com a
ênfase própria das pessoas com as quais a malevolência procura compará-
lo. Vários fatos íntimos, que são do nosso conhecimento pessoal, provam
nele nobres sentimentos e uma grande elevação de alma; nós o constatamos
com tanto maior prazer quanto se conhece a influência das disposições
morais sobre a natureza das manifestações.
O senhor Home é um médium do gênero daqueles que produzem
manifestações ostensivas, sem excluir, por isso, as comunicações inteligen-
tes; mas as suas predisposições naturais lhe dão, para as primeiras, uma
aptidão mais especial. Sob a sua influência, os mais estranhos ruídos se
fazem ouvir, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, se erguem, se
transportam de um lugar a outro através do espaço, instrumentos de música
fazem ouvir sons melodiosos, seres do mundo extracorpóreo aparecem,
falam, escrevem e, frequentemente, vos abraçam até causar dor. Ele mesmo
foi visto, várias vezes, em presença de testemunhas oculares, elevado sem
sustentação a vários metros de altura.
Do que nos foi ensinado sobre a classe dos Espíritos que produzem,
em geral, essas espécies de manifestações, não seria preciso disso concluir
que o Sr. Home não está em relação senão com a classe íntima do mundo
espírita. Seu caráter e as qualidades morais que o distinguem, devem, ao
contrário, granjear-lhe a simpatia dos Espíritos Superiores; ele não é, para
esses últimos, senão um instrumento destinado a abrir os olhos dos cegos
por meios enérgicos, sem estar, por isso, privado de comunicações de uma
ordem mais elevada. É uma missão que aceitou; missão que não está isenta
nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com resignação e
perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo
guardião.
A causa das manifestações do senhor Home é inata nele; sua alma,
que parece não prender-se ao corpo senão por fracos laços, tem mais
29
o
22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

afinidade pelo mundo espírita do que pelo mundo corpóreo; por isso ela se
prepara sem esforços, e entra, mais facilmente que em outros, em comu-
nicação com os seres invisíveis. Essa faculdade se revelou nele desde a
mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava
inteiramente sozinho, na ausência de sua babá, e mudava de lugar. Nos
seus primeiros anos, era tão débil que tinha dificuldade para se sustentar,
sentado sobre um tapete, os brinquedos que não podia alcançar, vinham,
eles mesmos, colocar-se ao seu alcance. Com três anos teve as suas
primeiras visões, mas não lhes conservou a lembrança. Tinha nove anos
quando sua família foi se fixar nos Estados Unidos; aí os mesmos fenômenos
continuaram com uma intensidade crescente, à medida que avançava em
idade, mas a sua reputação como médium não se estabeleceu senão em
1850, por volta da época em que as manifestações espíritas começaram a se
tornar populares nesse país. Em 1854, veio para a Itália, nós o dissemos, por
sua saúde; espanta Florença e Roma com verdadeiros prodígios. Convertido
à fé católica, nessa última cidade, tomou a obrigação de romper as suas
relações com o mundo dos Espíritos. Durante um ano, com efeito, seu poder
oculto parece tê-lo abandonado; mas como esse poder estava acima de sua
vontade, a cabo desse tempo, assim como lhe havia anunciado o Espírito de
sua mãe, as manifestações se produziram com uma nova energia. Sua
missão estava traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência
escolheu para nos revelar, por sinais patentes, a força que domina todas as
grandezas humanas.
Para o senhor Home, os fenômenos se manifestam, algumas vezes,
espontaneamente, no momento em que menos são esperados. O fato
seguinte, tomado entre mil, disso é uma prova. Desde há mais de quinze dias,
o senhor Home não tinha podido obter nenhuma manifestação, quando,
estando a almoçar na casa de um dos seus amigos, com duas ou três pessoas
do seu conhecimento, os golpes se fazem súbito ouvir nas paredes, nos
móveis e no teto. Parece, disse, que voltaram. O senhor Home, nesse
momento, estava sentado no sofá com um amigo. Um doméstico trás a
bandeja de chá e se apressa em colocá-la sobre a mesa, situada no meio do
salão; esta, embora fosse pesada, se eleva subitamente e se destaca do solo
em 20 a 30 centímetros de altura, como se tivesse sido atraída pela bandeja;
apavorado, o criado deixa-a escapar, e a mesa, de pulo, se atira em direção
do sofá e vem cair diante do senhor Home e seu amigo, sem que nada do que
estava em cima tivesse se desarrumado. Esse fato, sem contradita, não é o
mais curioso daqueles que teríamos a relatar, mas apresenta essa
particularidade, digna de nota, de ter se produzido espontaneamente, sem
provocação, num círculo íntimo, onde nenhum dos assistentes, cem vezes
testemunhas de fatos semelhantes, tinha necessidade de novos testemunhos;

30
o
22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

seguramente, não era o caso para o senhor Home de mostrar as suas


habilidades, se habilidades havia."

Outras manifestações

O que distingue Daniel Douglas Home é sua mediunidade excepcional.


Enquanto outros médiuns obtém golpes leves, ou o deslocamento insigni-
ficante de uma mesa, sob a influência do senhor Home os ruídos, os mais
retumbantes, se fazem ouvir, e todo o mobiliário de um quarto pode ser
revirado, os móveis montando uns sobre os outros.
Igualmente os objetos inertes, ele próprio é elevado até o teto
(levitação), depois desce do mesmo modo, muitas vezes sem que disso se
aperceba.
De todas as manifestações produzidas pelo Sr. Home, a mais extraor-
dinária é a das aparições, segundo análise de Allan Kardec. Do mesmo
modo sons se produzem no ar ou instrumentos de música tocam sozinhos.
"Seguramente, se alguém fosse capaz de vencer a incredulidade por
efeitos materiais, este seria o senhor Home. Nenhum médium produziu um
conjunto de fenômenos mais surpreendentes nem em melhores condições de
honestidade."
O senhor Home realizou várias experiências perante o Imperador
Napoleão II. Durante essas experiências, obteve-se uma prova concreta da
assinatura de Napoleão Bonaparte com a presença da Imperatriz Eugênia,
cujo fato aumentou grandemente sua fama.
Jamais esse excepcional médium mercadejou seus preciosos dons
mediúnicos. Teve inúmeras oportunidades, mas sempre se recusou. Dizia
ele: "Fui mandado em missão. Essa missão é demonstrar a imortalidade.
Nunca recebi dinheiro por isso e jamais receberei".
Como todo o médium, o senhor Home foi caluniado e ferido em sua
dignidade, mas nunca lhe faltou, nas horas mais difíceis, o amparo de seus
mentores espirituais.

Narração de Allan Kardec – Revista Espírita de 1858, mês de fevereiro.


Narração de Allan Kardec – Revista Espírita de 1863, mês de setembro.

31
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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Mediunidade – Fator de Reajuste

Por que atualmente, a Mediunidade eclode,


principalmente entre aqueles que relutam em
aceitar a Doutrina Espírita ou entre os que se
mostram rebeldes às instruções dos Espíritos?

Para os Espíritos rebelados contra as Leis Divinas, para os Espíritos


que desperdiçaram a bênção do tempo, para os orgulhosos que se deixaram
levar pela ilusão do poder, foi dado, neste final dos tempos, a oportunidade
de servir através da Mediunidade.
Sim, irmãos! A Mediunidade se apresenta como um longo caminho
eivado de dificuldades e incontáveis testemunhos. É por meio dela que os
Espíritos regularizam suas contas, reajustando seus débitos junto àqueles
que hoje ressurgem, diante de sua sensibilidade, como atormentados credo-
res, exigindo atenção e especiais cuidados – a prece, o esclarecimento e o
perdão.
Para aqueles que se sentem lesados, esses cuidados são moedas
preciosas, com as quais, seus devedores saldam suas dívidas. Assim sendo,
o médium terá como norma de conduta a oração, a vigilância e o trabalho
permanente no Bem, atitudes que demonstrarão, aos seus credores do
passado, a mudança de comportamento, induzindo-os a se empenharem, ele
também, na conquista de sua própria renovação, única forma de alcançar luz
e paz.
Repetimos que a Mediunidade é o um longo caminho eivado de
dificuldades, porque não será fácil, a um Espírito vaidoso, testemunhar
simplificar, tanto quanto ao orgulhoso testificar tolerância e brandura. Não
será fácil ao rebelde, obedecer às regras, nem ao invigilante, preguiçoso ou
comodista, perseverar no trabalho até o fim, mantendo o necessário equilí-
brio no agir ou no falar.
Por isso mesmo, tantos médiuns, portadores de Mediunidade ostensiva,
revelando compromissos sérios com tarefas redentoras, iniciaram o seu
caminho de restauração espiritual, mas estacionaram diante do primeiro
obstáculo, ou recuaram frente ao primeiro testemunho, tornando-se assim,
cada vez mais infelizes e perturbados, porque creem e duvidam, querem e
não querem, iniciam e abandonam, retornam e novamente se vão, para de
novo retornarem...

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22 Encontro Espírita sobre Mediunidade

Dessa forma, multiplicam-se os problemas da Mediunidade que,


malconduzida, incompreendida e recebida com receios, torna cada vez mais
difícil a atuação dos Benfeitores, porquanto, a rebeldia contumaz impede o
médium de aceitar as terapias do amor, da perseverança e da disciplina que
corrige e renova.
A Misericórdia Divina oferece a Mediunidade como um fator de reajuste
espiritual e emocional a todos os que desejem aceitar o seu preço a configurar-
se em esforço continuado nas tarefas do Bem.
Mas... como sempre, a opção é de cada um.

Yvonne.
MENSAGENS DE DIVERSOS ESPÍRITOS
Mensagens recebidas no Lar de Tereza.
Livro Aos Médiuns com Carinho.

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ANOTAÇÕES

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