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COEM

1 Sessão Teórica

A mediunidade através dos tempos: a MEDIUNIDADE, por ser uma faculdade inerente ao ser
humano, tem se manifestado em todos os tempos. Desde os escritos religiosos mais antigos,
como os VEDAS (cerca de dois mil anos antes de Cristo), já se tem notícias de intercâmbio
espiritual com os chamados “mortos”. Tal intercâmbio, porém, era feito somente por homens
e mulheres dedicados especialmente ao mister religioso; eram os iniciados que as vezes
levavam dezenas de anos se preparando para poderem, depois de desenvolvidas as suas
faculdades mediúnicas, exercitar o seu poder sobre o povo, governantes, etc... por isso, eram
pessoas temidas e respeitadas por todos.

Como tais fenômenos eram tidos como maravilhosos, sobrenaturais, por desconhecimento das
leis que os regem, os indivíduos que podiam manter tal intercambio eram considerados
privilegiados. Formados tais círculos sacerdotais, eram eles os responsáveis pela orientação
religiosa da massa. Na India, na Pérsia, no Egito, na Grécia ou em Roma, sempre foi utilizada
como meio de dominação e poder, dando nascimento a seitas e fraternidades que
funcionavam baseadas em longas e difíceis iniciações, que tinham por fim estabelecer um
certo espirito de disciplina e seleção.

“A iniciação – segundo Gabriel Delanne em “O Fenômeno Espirita” – comportava 3 graus: no


primeiro, eram formados todos os brâmanes do culto vulgar e os ecônomos dos pagodes
encarregados de explorar a credulidade da multidão. Ensinava-se-lhes a comentar os três
primeiros livros dos Vedas, a dirigir as cerimonias e a cumprir os sacrifícios: os brâmanes do
primeiro grau estavam em comunicação constante com o povo: eram seus diretores imediatos.

O segundo grau era composto dos exorcistas, adivinhos, profetas evocadores de espíritos que,
em certos momentos difíceis, eram encarregados de atuar sobre a imaginação das massas, por
meio de fenômenos sobrenaturais. Eles liam e comentavam o Atarva-Veda, repositório de
conjurações mágicas.

No terceiro grau, os brâmanes não tinham mais relações diretas com a multidão: o estudo de
todas as forças físicas e naturais do Universo era a sua única ocupação e, quando se
manifestavam exteriormente, o faziam sempre por meio de fenômenos aterrorizadores, e de
longe.

Os sacerdotes do antigo Egito eram tidos como pessoas sobrenaturais, em face dos poderes
mediúnicos que eram misturados maliciosamente com práticas mágicas e de prestidigitação.
Na Bíblia são relatados vários fatos e eles se repetiam com tanta frequência e de forma tão
abusiva que Moises, obrigado a comandar o povo hebreu pelo deserto em busca da TERRA
PROMETIDA, acaba por proibir no Deuteronômio, o uso da faculdade mediúnica.

O Século XIX e as Irmãs Fox – Mesas Girantes: Entre proibir o uso indevido, abusivo, ilícito, da
mediunidade e a comunicabilidade com o plano espiritual de uma forma genérica, há uma
distância bastante grande. Assim é que os espíritos (que nada mais é do que a alma dos que já
partiram para o mundo espiritual), continuaram a usar o canal mediúnico, para
testemunharem a sua existência e imortalidade.

O Século XIX prenunciava grandes conquistas do homem em todos os setores e o espiritual


não poderia permanecer sob a escravidão do tradicionalismo religioso. Assim é que uma
plêiade de espíritos comandados por Jesus, teve a incumbência de reavivar as verdades
espirituais que jaziam sob o pó do convencionalismo religioso. Este momento surgiu em
seguida as célebres mesas girantes, que foram a coqueluche da sociedade francesa, que por
sua vez se tornaram populares após os acontecimentos mundialmente conhecidos da pequena
cidade de Hydesville, próxima a Nova York, nos EUA, onde duas irmãs, com 11 e 14 anos,
respectivamente, eram as médiuns de efeitos físicos, nas manifestações de “raps”.

Meninas criadas em ambiente religioso adverso a tais ideias, pois eram metodistas, foram as
responsáveis pelos fenômenos, graças a mediunidade que possuíam. No ano de 1848, os
fenômenos alcançaram todos os jornais da época, abalando conceituações cientificas,
filosóficas e até religiosas, com a evidencia de que os mortos nos rodeiam e que podem usar
de vários meios para se comunicarem conosco.

Da ação dos espíritos sobre a matéria: com o advento das mesas girantes, quis se explicar os
seus movimentos usando as teorias magnéticas, porém, por mais esforços que se fizesse,
alguns fenômenos escapavam de tais explicações. Mesmo porque, desde Hydesville, o
responsável pelos “raps” já se autoafirmava como sendo um espirito, o de Charles Rosma, cujo
esqueleto mais tarde foi encontrado juntamente com o seu baú de quinquilharias numa
parede da velha casa dos Fox.

As mesas girantes não se movimentavam somente, elas também, através de pancadas,


procuravam responder inteligentemente as questões que eram formuladas e algumas que
eram somente pensadas. Isso significa que havia um elemento inteligente por trás do
fenômeno.

Seria a inteligência dos encarnados? As comunicações guardavam um sentido unitário


característico de uma personalidade. Seria o desdobramento e a projeção de uma mente de
um encarnado ali presente? As questões respondidas eram de uma característica superior à
capacidade de qualquer um dos assistentes! Seria a mente do médium que tirava a informação
de uma mente ausente e projetava sobre a mesa que se movimentava respondendo bem
completa a questão, mormente quando o próprio fenômeno teimava em se reconhecer como
sendo a manifestação de uma entidade desencarnada e dando provas de sua identidade?

Resta agora a questão de saber – diz Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns” – se o espirito
pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode haver trocas de pensamentos entre um e
outro. E por que não? O que é o homem senão um espirito aprisionado num corpo?

Por que o espirito não poderia comunicar-se com o espirito cativo, como o homem livre com o
que está preso? Desde que admitis a sobrevivência da alma, é racional não admitirdes a
sobrevivência das afeições? Uma vez que as almas estão em toda parte, não é natural pensar
que a de um ser que nos amou durante a vida, venha junto de nós, que deseje se comunicar
conosco? E que se sirva para isso dos meios que estão a sua disposição? Durante a vida, não
agia sobre a matéria do seu corpo? Não era ele que lhe dirigia o movimento?

Por que então, depois de sua morte, de acordo com um outro espirito ligado a um corpo, não
tomaria emprestado esse corpo vivo para manifestar o seu pensamento, como um mudo pode
servir-se de um que fala para se fazer compreender?

Façamos por um instante abstração dos fatos que para nós tornam a coisa incontestável;
admitâmo-la a título de simples hipótese; pedimos que os incrédulos nos provem, não por uma
simples negação, porque sua opinião pessoal não pode fazer lei, mas por razões peremptórias,
que isto não pode ser.
Coloquemo-nos em seu próprio terreno e já que querem apreciar os fatos espiritas com a
ajuda das leis da matéria, que tirem então desse arsenal alguma demonstração matemática,
física, química, mecânica, fisiológica e provem por a mais b, sempre partindo do principio da
sobrevivência da alma:

1) que o ser que pensa durante a vida, não deve pensar mais depois da morte;

2) que se pensa, não deve mais pensar naquele que amou;

3) que se pensa naqueles a quem amou, não deve mais querer comunicar-se com eles;

4) que se pode estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;

5) que se está ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;

6) que por seu involucro fluídico, não pode atuar sobre a matéri inerte;

7) que se pode atuar sobre a matéria inerte, não pode atuar sobre um ser animado;

8) que se pode atuar sobre um ser animado, não pode dirigir sua mão para fazê-lo escrever;

9) que podendo fazê-lo escrever, não pode responder sobre suas perguntas e transmitir-lhe o
pensamento.

Mediunidade – Conceito: Como vimos, se os espíritos atuam sobre os objetos inanimados,


fazendo deles instrumentos para as suas manifestações inteligentes, nada os impede de
atuarem sobre uma escritura que já lhes é conhecida (por serem eles as almas dos chamados
mortos), e que está devidamente preparada para lhes servir de meio de manifestação entre os
encarnados.

O problema reside no fato de que o corpo é utilizado pelos desencarnados é vivo, tem um
dono e responsável, está acostumado, condicionado ao modo e forma de pensar e à de ser do
espirito que o movimenta.

Assim, a faculdade que permite a um espirito encarnado “emprestar” o seu organismo (não
nos referimos somente ao corpo físico, senão ao complexo fiiol[ogico e espiritual que é a
criatura huimana), para através dele, uma inteligência desencarnada se manifeste em nosso
meio, denominamos de faculdade mediúnica ou mediunidade.

Para que o homem não se perca pelo materialismo ou pela fantasia religiosa, vieram os
espíritos através da mediunidade testemunhar que o espirito é IMORTAL, sujeito a uma
evolução permanente, realizada através das reencarnações que se repetem nos incontáveis
mundos habitados e que o Universo se acha regido pelas leis sábias de Deus.

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