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PROFISSÃO
AULA 3
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Nesta aula e em conteúdo posterior, discutiremos as relações entre
psicanálise e ciência, psicanálise e psicologia, psicanálise e psicoterapia e
psicanálise e medicina. Passemos então às construções teóricas sobre o tema.
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mago. Segundo a filósofa, essa ação pode ser considerada como uma vitória do
deus ou do rei mago sobre outras coisas colocaria ordem na realidade. O mito
se constituiria, portanto, essencialmente como uma narrativa mágica, não tendo
por definição apenas pelo tema ou objeto dessa narrativa, mas por uma forma
mágica de narrar, tendo por base narrativas, analogias, metáforas e parábolas.
Sua função é resolver, num plano imaginativo, tensões, conflitos e antagonismos
sociais cuja resolução não foi possível no plano da realidade.
1. Encontrando o “pai e a mãe” das coisas e dos seres, o mito é uma narrativa
da geração das coisas, dos seres etc. por seus pais e/ou antepassados;
2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que fazem
surgir alguma coisa no mundo;
3. Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes
obedece ou a quem lhes desobedece.
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TEMA 2 – ATITUDE FILOSÓFICA E OS PRIMÓRDIOS DA CIÊNCIA: A
CONSCIÊNCIA REFLEXIVA
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• Cosmologia: forma inicial da filosofia nascente, é a explicação da ordem
do mundo, do universo pela determinação de um princípio originário e
racional que é origem e causa das coisas e de sua ordenação.
Chauí (2000) nos situa que a ciência é aquela que nos faz desconfiar de
nossas certezas. Ela também nos diz que devemos desconfiar da adesão
imediata às coisas, da ausência de crítica e da falta de curiosidade com relação
àquilo que nos circunda. Onde o senso comum vê fatos, coisas e
acontecimentos, a ciência vê problemas a serem resolvidos e obstáculos, ou
seja, “verdades” a serem explicadas ou até mesmo destituídas. Segundo a
autora, as principais características do conhecimento científico são as seguintes:
Chauí (2000) reitera ainda que os fatos e objetos da ciência não são dados
obtidos com base em nossa experiência direta com o objeto, mas sim
construídos por trabalho de investigação científica sobre eles. Para isso, são
realizadas por meio de um método. Historicamente, três têm sido as principais
concepções de ciência ou de ideais de cientificidade: o racionalista, cujo modelo
de objetividade é a matemática; o empirista, que toma o modelo de objetividade
da medicina grega e da história natural do século XVII; e o construtivista, cujo
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modelo de objetividade advém da ideia de razão como conhecimento
aproximativo.
De acordo com Chauí (2000), a concepção racionalista afirma que a
ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a
matemática, portanto capaz de provar a verdade necessária e universal de seus
enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida possível. A concepção
empirista afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em
observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao
serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas
leis de funcionamento. A teoria científica resulta das observações e dos
experimentos, de modo que a experiência não tem simplesmente o papel de
verificar e confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los.
Ainda de acordo com Chauí (2000), a ciência era uma espécie de raio-X
da realidade. A concepção racionalista (hipotético-dedutiva) definia o objeto e
suas leis, deduzindo assim suas propriedades, efeitos posteriores, previsões. A
concepção empirista (hipotético-indutiva) apresentava suposições sobre o
objeto, realizava observações e experimentos. Com base nisso, eram
estabelecidas definições dos fatos: suas leis, propriedades, efeitos posteriores e
previsões.
Ainda segundo a autora, a concepção construtivista considera a ciência
uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma
representação da própria realidade. O cientista combina dois procedimentos –
um, proveniente do racionalismo, e outro, do empirismo – e a eles acrescenta
um terceiro, vindo da ideia de conhecimento por aproximação e corrigível. O
cientista construtivista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si
mesma, mas que ofereça estruturas e modelos de funcionamento da realidade,
explicando os fenômenos observados. Não espera, portanto, apresentar uma
verdade absoluta e sim uma verdade aproximada que pode ser corrigida,
modificada, abandonada por outra mais adequada aos fenômenos. São três as
exigências de seu ideal de cientificidade:
1. Que haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os princípios
que orientam a teoria;
2. Que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos) sejam
construídos com base na observação e na experimentação;
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3. Que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos,
mas também alterar os próprios princípios da teoria, corrigindo-a.
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3. Critério da modalidade prática, levando à distinção entre ciências que
estudam a práxis (a ação ética, política e econômica, que tem o próprio
agente como fim) e as técnicas (a fabricação de objetos artificiais ou a
ação que tem como fim a produção de um objeto diferente do agente).
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quanto se referia ao humano era estudado pela Filosofia” (p. 345). As ciências
humanas surgiram depois que as ciências matemáticas e naturais estavam
constituídas e já haviam definido a ideia de cientificidade. Surgiram no período
em que prevalecia a concepção empirista e determinista da ciência e também
procuraram tratar o objeto humano usando os modelos hipotético-indutivos e
experimentais de estilo empirista, buscando leis causais necessárias e
universais para os fenômenos humanos.
Sendo os fenômenos humanos complexos e pouco matematizáveis, é
visível a inviabilidade de realizar uma transposição integral e perfeita dos
métodos, das técnicas e das teorias naturais (tidos como científicos) para os
estudos dos fatos humanos. Sendo assim, nas ciências humanas acaba-se
trabalhando por analogia com as ciências naturais. Por isso, seus resultados
tornaram-se bastante contestáveis e considerados, portanto, pouco científicos.
Essa situação levou muitos cientistas e filósofos a duvidar da possibilidade de
ciências que tivessem o homem como objeto. Para Chauí (2000, p. 345), quais
seriam então as principais objeções feitas à possibilidade das ciências
humanas?
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4. A ciência lida com fatos regidos pela necessidade causal ou pelo princípio
do determinismo universal. O homem é dotado de razão, vontade e
liberdade, é capaz de criar fins e valores, de escolher entre várias opções
possíveis. Como dar uma explicação científica necessária àquilo que, por
essência, é contingente, pois é livre e age por liberdade?
5. A ciência lida com fatos objetivos, isto é, com os fenômenos, depois que
foram purificados de todos os elementos subjetivos, de todas as
qualidades sensíveis, de todas as opiniões e todos os sentimentos, de
todos os dados afetivos e valorativos. Ora, o humano é justamente o
subjetivo, o sensível, o afetivo, o valorativo, o opinativo. Como transformá-
lo em objetividade, sem destruir sua principal característica, a
subjetividade?
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O historicismo resultou em dois problemas que não puderam ser
resolvidos por seus adeptos: o relativismo e a subordinação a uma filosofia da
História:
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NA PRÁTICA
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pilares que sustentam esses posicionamentos, pois entender um pouco melhor
a teoria das ciências nos permite ter uma postura mais crítica.
FINALIZANDO
1. Tanto a ciência quanto o mito são formas que o homem encontrou para
explicar o mundo ao seu redor;
2. O mito é uma narrativa fantástica, que parte da existência de deuses e
semideuses para explicar os fenômenos – seus humores, seus conflitos,
seus desejos são as explicações daquilo que acontece à natureza e ao
homem;
3. A consciência que narra a realidade pela via do mito é a consciência
mítica;
4. Com uma maior capacidade de observação e crítica, a explicação da
realidade pela via do mito vai perdendo espaço, cedendo espaço para a
atitude filosófica e a consciência reflexiva;
5. Com a aquisição de uma consciência reflexiva, o ser humano passa a
sistematizar as formas de conhecer e explorar o mundo, e a isso
denominamos de atitude científica e o surgimento da ciência;
6. Os fatos e objetos da ciência não são obtidos da experiência direta com o
objeto investigado, mas sim construídos por trabalho sistematizado de
investigação científica sobre eles. Para isso, são realizadas por meio de
um método;
7. Atualmente, a classificação existente das ciências são: ciências
matemáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais, ciências humanas
ou sociais e ciências aplicadas;
8. Sendo os fenômenos humanos complexos e pouco “matematizáveis”, é
inviável a realização de uma transposição integral e perfeita de tais
métodos, técnicas e teorias naturais tidos como “científicos”. Por isso,
seus resultados tornaram-se bastante contestáveis e considerados,
portanto, pouco científicos;
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9. Do século XV ao início do século XX, a investigação do humano realizou-
se de três maneiras diferentes: humanismo, positivismo e historicismo;
10. A constituição das ciências humanas como ciências específicas
consolidou-se em função das contribuições de três correntes de
pensamento: fenomenologia, estruturalismo e marxismo.
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REFERÊNCIAS
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