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escrevinhação n. 510
DO O MITO AO MITO
Breves reflexões sobre um dilema demasiadamente humano

Por Dartagnan da Silva Zanela1

“O mito é o nada que é tudo2”.


(Fernando Pessoa)

“Não será verdade que cada ciência, no fim,


se reduz a um certo tipo de mitologia?3”
(Carta de Sigmund Freud a Einstein)

INTRODUÇÃO

Uma das perguntas que com relativa freqüência é

formulada frente a qualquer assunto que é proposto para uma

discussão é o que viria a ser este “algo” que se pretende

discutir ou se haveria uma definição simplificada para

podermos pensar o assunto, não é mesmo?

Entretanto, somos partidários da posição de que

toda tentativa de simplificação com vistas a uma possível

compreensão acaba, na maioria das vezes, levando-nos a


1
Professor da UNICAMPO, UNILAGOS e da Rede Pública Estatal do Paraná.
2
PESSOA, [s/d], pág. 06.
3
FREUD; 2001.

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cometer equívocos no processo de reflexão, visto que, dentro

das ciências de um modo geral e, de modo bastante específico,

na seara das Humanidades.

Nas Humanidades nós encontramos a discussão sobre

inúmeras questões que, por essa mesma razão, nos leva a

enveredarmos por um gratificante caminho não de “definições”

razas, mas sim, de compreensões que se entrelaçam na

construção do que pode vir a ser a nossa interpretação sobre

um determinado assunto.

Sendo assim, estamos através deste breve ensaio nos

propondo a discutir o que pode vir a ser um mito e o que vem

a ser uma consciência mítica procurando refletir sobre as

transformações que esta categoria existencial sofreu através

dos tempos e de que modo ela integra a vida do ser humano

moderno.

O QUE É UM MITO

O mito, antes de qualquer coisa, é um problema

existencial do ser humano expresso em forma de narrativa4 que

de modo superficial ou profundo acaba por expressar dilemas

humanamente vivenciados por todo o corpo societal enquanto

4
BARTHES; [s/d].

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fruto de uma articulação dos anseios dos indivíduos. Por

isto, concordamos com o historiador Romeno-Americano Mircea

Eliade quando este afirma que:

[...] o mito é uma realidade cultural


extremamente complexa, que pode ser abordada e
interpretada em perspectivas múltiplas e
complementares. [...] O mito conta uma história
sagrada, relata um acontecimento que teve lugar
no tempo primordial, o tempo fabuloso dos
começos. [...] O mito conta graças aos feitos dos
seres sobrenaturais, uma realidade que passou a
existir, quer seja uma realidade tetal, o Cosmos,
quer apenas um fragmento, uma ilha, uma espécie
vegetal, um comportamento humano, é sempre
portanto uma narração de uma criação, descreve-se
como uma coisa foi produzida, como começou a
existir5.

E sendo assim, segundo o referido autor, um mito só

narra aquilo que realmente aconteceu, sendo os seus

personagens principais seres que seriam entendidos como sendo

sobre-humanos, conhecidos devido aquilo que se fez no tempo

primordial. Os mitos, de um modo geral, nos revelam a sua

atividade criadora e mostram um caráter de

“sobrenaturalidade” e de sacralidade dos feitos e obras que

são apresentados em suas narrações, ou seja, os mitos nos

revelam e nos descrevem as diversas e freqüentes

manifestações dramáticas do que a sociedade elege como sendo

sagrado e do que ela compreende como sendo sobrenatural e


5
ELIADE; [s/d]. pág., 12 – 13.

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assim dar-se-ia origem ao mundo tal como ele é compreendido e

percebido pelos indivíduos.

Lembramos, neste ínterim, que procuremos

compreender o sagrado enquanto algo (lugar, objeto, palavra

ou pessoa) que tem foro de inviolabilidade. Ou seja,

entendamos por sagrado tudo aquilo que seja tido como sendo

inquestionável e que, por essa mesma razão, fundamenta a vida

social e individual.

Caminhando por esse viés, temos também as

observações pontuais tecidas por Joseph Campbell que nos

ensina que:

[...] A definição de dicionário seria: História


sobre deuses. Isso obriga a fazer a pergunta
seguinte: Que é um deus? Um deus é a
personificação de um poder motivador ou de um
sistema de valores que funciona para a vida
humana e para o universo – os poderes do seu
próprio corpo e da natureza. Os mitos são
metáforas da potencialidade espiritual do ser
humano, e os mesmos poderes que animam nossa vida
animam a vida do mundo. Mas há também mitos e
deuses que têm a ver com sociedades específicas
ou com as deidades tutelares da sociedade. Em
outras palavras, há duas espécies totalmente
diferentes de mitologia. Há a mitologia que
relaciona você com sua própria natureza e com o
mundo natural, de que você é parte. E há a
mitologia estritamente sociológica, que liga você
a uma sociedade em particular. Você não é apenas
um homem natural, é membro de um grupo
particular6.

6
CAMPBELL; 1990, pág. 23 – 24.

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De certo modo, os sistemas simbólicos que aqui

nominamos de mitologia nada mais são que um grande mapa

imaginário onde os indivíduos colocam-se a afirmar o seu

lugar no mundo ao mesmo tempo que afirmam o que é o mundo e,

conseqüentemente, o que eles são. O mesmo autor também nos

lembra que um mito exerce sempre algumas funções básicas que,

segundo suas próprias palavras seriam:

[...] a função mística – e é disso que venho


falando, dando conta da maravilha que é o
universo, da maravilha que é você, e vivenciando
o espanto diante do mistério. Os mitos abrem o
mundo para a dimensão do mistério, para a
consciência do mistério que subjaz a todas as
formas. Se isso lhe escapar, você não terá uma
mitologia. Se o mistério se manifestar através de
todas as coisas, o universo se tornará, por assim
dizer, uma pintura sagrada. Você está sempre se
dirigindo ao mistério transcendente, através das
circunstâncias da sua vida verdadeira. A segunda
é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a
ciência se ocupa – mostrando qual é a forma do
universo, mas fazendo de uma tal maneira que o
mistério, outra vez, se manifesta. Hoje, tendemos
a pensar que os cientistas detêm todas as
respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos:
“Não, não temos todas as respostas. Podemos dizer
lhe como a coisa funciona, mas não o que é”. Você
risca um fósforo – o que é o fogo? Você pode
falar de oxidação, mas isso não me dirá nada. A
terceira função é a sociológica – suporte e
validação de determinada ordem social. E aqui os
mitos variam tremendamente, de lugar para lugar.
Você tem toda uma mitologia da poligamia, toda
uma mitologia da monogamia. Ambas são
satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi
essa função sociológica do mito que assumiu a
direção do nosso mundo – e está desatualizada.7

7
Idem; 1990, pág. 26.

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Todos os mitos, cada qual a seu modo, procuram

munir os indivíduos com uma direção para as três questões

básicas que minam a existência humana. Essas indagações

seriam: (a) de onde eu vim? (b) Qual é o sentido da vida? (c)

Para onde eu vou? Essas são as três indagações básicas que

todo indivíduo, pelo menos em algum momento de suas vidas,

acaba por levantar no intento de, através destas dúvidas

existenciais, encontrar um caminho para o grande problema da

existência humana que é, o próprio Ser do ser humano. Esse

caminho, no caso, seriam os sistemas míticos que se encontram

a nossa volta e no âmago de nosso ser.

Primeiro astronauta Brasileiro

Como esses caminhos vêm ao encontro de nossas

dúvidas mais profundas, lembramos aqui que, de certa maneira,

não é o mito que pertence ao indivíduo, mas sim, o indivíduo

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que passa a pertencer ao mito8. Ora, a partir do momento que

aderimos a um sistema de valores, que adotamos um sistema

simbólico como sendo a própria ordem do mundo, este não seria

mais um simples elemento externo a nós, mas sim, uma parte

integrante de nossa pessoa onde toda e qualquer agressão a

esse sistema soa como se fosse uma agressão a nós mesmos,

pois, o mito não é apenas uma alegoria externa a nós. Ele é

parte constitutiva e fundante do “eu” e do “nós” e que nos

permite transcender este mundo de aparências.

OS MITOS E A CONSCIÊNCIA HUMANA

Comumente se afirma entre os populares que um mito

seria tão só uma história enganosa, uma forma de enganação

(ou de auto-engano9). Todavia, tal visão sobre o pensamento

mítico, seria tão só um pré-conceito nascido de uma visão

cientificista do conhecimento. Um mito, como afirmamos, é uma

forma de pensamento e, como tal, tem a sua própria lógica.

Tal lógica é perceptível com grande facilidade nas

comunidades primitivas onde,

8
JUNG; 1991.
9
Segundo as palavras do economista filósofo Eduardo Gianetti da Fonseca.
Para saber mais, recomendamos a de sua obra Engano e Auto-engano,
publicada pela ed. Cia. das Letras.

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[...] o mito desempenha uma função indispensável:


ele exprime, enaltece e codifica crença;
salvaguarda e impõe os princípios morais; garante
a eficácia do ritual e oferece regras práticas
para orientação do homem. O mito é uma realidade
viva, à qual se recorre incessantemente; não é
absolutamente uma teoria abstrata ou uma fantasia
artística, mas uma verdadeira codificação10.

Esta codificação é captada, vivenciada e

compreendida através de um sistema de ritos nos quais, o

indivíduo tem a revelação da ordem cósmica, visto que, é

justamente através desta ordenação (o rito) que o ser humano

passa a encontrar-se por estar munido de “ferramentas” que

lhe permitem controlar o tempo e o espaço.

Mas, o que seria um rito? Seria um conjunto de

práticas que permitem ao indivíduo ter acesso a determinados

mitos que lhes revelam um determinado conjunto de saberes, um

rito, em si, seria tão só a parxis do mito11.

10
RIBEIRO; 1992, pág. 44.
11
BRANDÃO, 1999, pág. 39.

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Um rito, necessariamente, deve ser composto de

alguns elementos, ou ferramentas que lhe permitam controlar

estas duas dimensões (o tempo e o espaço). Estes elementos

seria: (a) um sistema de calendário; (b) a delimitação de

locais sagrados; (c) a formação de uma casta sacerdotal e (d)

uma liturgia sacrossanta. Através do primeiro (o calendário)

o indivíduo torna-se capaz de se localizar no tempo e no

espaço habilitando-se inclusive a articular as suas ações

através destas organizando as suas possíveis ações e

pretensões. Quanto ao segundo elemento, este permite ao

indivíduo reconhecer em determinados locais a concreção, a

realização do sistema de valores e de mitos em determinados

ambientes que passam a ter um significado especial em suas

vidas, passando a serem tidos como sacros e, por isso, locais

que devem ser preservados de toda e qualquer violação

possível, tornando-se um local de reverência, por permitir um

encontro com o Sagrado. O terceiro elemento citado linhas

acima seria tão só a formação de um grupo de pessoas que

seriam tidas como especiais, que estariam autorizadas a

presidir os ritos e a interpretar a liturgia deste sistema

mítico e, por fim, a liturgia, que nada mais seria que a

literatura (ou histórias oralmente transmitidas) que revelam

as verdades fundamentais que são representadas através de

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alegorias que são vivenciadas dentro deste sistema ritual

tomando a forma do que denominamos mito e, todo esse aparato,

nada mais seria do que uma forma de pensamento através do

qual os indivíduos interpretam o mundo e organizam sua

passagem por ele.

Segundo Janito de Souza Brandão:

[...] o rito abole o tempo profano e recupera o


tempo sagrado do mito. É que, enquanto o tempo
profano, cronológico, linear e, por isso mesmo,
irreversível (pode-se “comemorar” uma data
histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o
tempo mítico, ritualizado, é circular, voltado
sempre sobre si mesmo. É preciosamente essa
reversibilidade que libera o homem do peso do
tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é
capaz de abolir o passado, de recomeçar a vida e
recriar seu mundo. O profano é o tempo da vida; o
sagrado, o “tempo” da eternidade12.

Podemos afirmar que, de certo modo, toda forma de

conhecimento partilha de elementos característicos de uma

construção mítica, visto que, em todas elas (religião,

ciência, filosofia, poesia, literatura) procuram através de

um sistema simbólico próprio e de uma ritualização singular,

elaborar uma resposta para as indagações e inquietações da

alma humana.

12
Idem; 1999, pág. 40.

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Deusa Themis

OS MITOS E A SOCIEDADE MODERNA

Muitos autores afirmam que a sociedade moderna

libertou-se do pensamento mítico. Segundo eles, a não mais

teríamos sistemas simbólicos como os que existiam e que

existem nas sociedades tradicionais. Todavia, nós não

partilhamos deste ponto de vista, pois cremos que o mito não

é apenas uma categoria de pensamento inerente a um momento

histórico da evolução da espécie humana, mas sim, uma

categoria fundante da existência da humanidade.

Sendo assim, mesmo que a modernidade tenha de uma

forma avassaladora desmistificado o mundo como era concebido

até o século XVIII, ela acabou por parir inúmeros novos mitos

como a própria idéia de “modernidade”, de “progresso”, de

“paz mundial”, de “revolução”, enfim, todo um novo arcabouço

de mitos acabou sendo edificado na tentativa de se responder

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as questões fundamentais que deixam a humanidade inquieta

desde os seus primórdios. É provável que paire sobre nossas

mentes certo índice de ceticismo em relação a este assunto o

que, não deixa de ser interessante por apontar justamente o

pensar mítico da sociedade contemporânea, pois, de maneira

muito curiosa a mesma sociedade que nega a validade dos mitos

das sociedades tradicionais ou que os contempla como uma

reles relíquia museológica, que nega a validade

epistemológica das lendas, ficções, contos e superstições é,

ao mesmo tempo,

[...] seduzida por personagens de cinema, teatro,


telenovelas, romances, e transforma figuras
históricas concretas em modelos exemplares, que
refletem qualidades ou capacidades desejadas por
todos. Políticos, artistas, poetas, militares,
sacerdotes, pensadores sobrevivem na consciência
coletiva anos depois de suas mortes. Os detalhes
concretos e históricos são esquecidos, os
defeitos e erros suprimidos. Permanecem somente
figuras perfeitas capazes de inspirar novas
gerações. Transformam-se em modelos exemplares,
mitos, arquétipos, a serem imitados13.

Exemplos disto não nos faltam em nossa sociedade.

Desde os meios populares até as rodas mais seletas da

academia, nós encontraremos construções míticas que estarão

correspondendo aos anseios, sonhos e medos de determinados

grupos de pessoas que, com toda certeza nunca concordariam


13
Op. Cit.; 1992, pág. 69.

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que suas “verdades” sejam representações míticas

(infinitamente mais rasas que as tradicionais), mas que, com

todo ar de desdém irão afirmar que todos os outros saberes

que diferem de sua cosmovisão, seriam tão só...

REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Obras Completas – vol. XXII. Rio de Janeiro:


Imago, 2001.

BARTHES, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,


[s/d].

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ELIADE, Mircea. Aspectos do Mitos. Lisboa/Portugal: Ed. 70,


[s/d].

CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Atenas, 1990.


Disponível na Internet: <http://zanela.tk>

JUNG, Carl G. O homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1991.

RIBEIRO, João. As perspectivas do Mito. São Paulo: 1992.

BRANDÃO, Janito de Souza. Mitologias – vol. I. Petrópolis: Vozes,


1999.

PESSOA, Fernando. Poesias. Porto Alegre: L&PM Pocket, [s/d].

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