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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

o
27 Encontro Espírita sobre

Mediunidade
Tema:
Manifestações
Inteligentes

70. Num navio da


marinha imperial
francesa, ancorado

Foto de autor desconhecido. Domínio Público.


nos mares da China,
toda a tripulação, desde
os marinheiros até
o estado-maior, Patrono do Encontro
ocupava-se em fazer Ernesto Bozzano
com que as mesas falassem.
Imagem: favpng.com

28 de junho de 2020
27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

27o

Tema:
Manifestações Inteligentes

28 de junho de 2020

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

I – Temário:

Tema Central: Manifestações Inteligentes

Tema 1 – A Potência Oculta em Ação

Tema 2 – Qual é a Natureza da Potência Oculta?

Tema 3 – Manifestação Inteligente: Veículo de Transformação do Homem

II – Informações Gerais:

Data: 28/06/2020

Horário: 8h30min às 13h

Coordenação Geral: Márcia Cordeiro e Alexandre Lobato


Coordenação Imediata: Colegiado
Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Finalização: Setor Editorial

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Temas estudados até a presente data:

1994 – Mediunidade Psicográfica


1995 – Mediunidade de Incorporação
1996 – Influência Moral do Médium
1997 – Da Natureza das Comunicações
1998 – Da Natureza da Crença
1999 – Da Influência do Meio
2000 – Das Evocações
2001 – Modos de se Distinguirem os Bons dos Maus Espíritos
2002 – Influência do Exercício da Mediunidade sobre a Saúde
2003 – Da Influência Moral do Médium ( II )
2004 – Aplicação Moral e Frutos do Espiritismo: Inibições dos Médiuns
2005 – Educação e Função dos Médiuns
2006 – Reencarnação e Mediunidade: a Mediunidade no Pensamento
de André Luiz
2007 – Reencarnação e Mediunidade: os Bons Médiuns
2008 – Reencarnação e Mediunidade: da Formação do Médium
2009 – As Leis da Comunicação Espírita: a Construção da Casa Espírita
2010 – A Casa Espírita e os Médiuns
2011 – A Casa Espírita e o Trabalho em Equipe
2012 – A Casa Espírita, o Corpo Mediúnico e o Trabalho Assistencial
2013 – A Casa Espírita, o Médium e a Divulgação Doutrinária
2014 – Existem Espíritos?
2015 – O Maravilhoso e o Sobrenatural
2016 – Método
2017 – Sistemas
2018 – Ação dos Espíritos sobre a Matéria
2019 – Manifestações Físicas: Mesas Girantes
2020 – Manifestações Inteligentes

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Objetivo Geral:

• Reconhecer que a sucessão dos fatos observados, nos fenômenos espíritas, levou a
constatar a intervenção de inteligências ocultas, ou seja, dos Espíritos.

Objetivos Específicos:

• Constatar, nos fenômenos espíritas observados, que há manifestação de inteligência.

• Identificar, nas provas de inteligência, a existência de uma potência oculta.

• Compreender o que é manifestação inteligente.

• Identificar, na sucessão dos fatos, a natureza e a origem da inteligência oculta que intervém
nas manifestações.

• Concluir que as manifestações inteligentes comprovam a imortalidade da alma.

• Reconhecer que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra e que eles
podem se comunicar com os homens.

• Compreender que um dos principais objetivos da mediunidade é promover o progresso da


Humanidade, esclarecendo-a sobre a vida futura.

• Identificar o valor e o fim útil da mediunidade, para o médium espírita, frente à adesão
consciente ao exercício da mediunidade.

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Tema: Manifestações Inteligentes

Introdução:

A crença em um ser (princípio inteligente) fora da matéria e que se manifesta aos vivos é tão antiga
quanto a própria História da Humanidade, visto que há registros dessa manifestação pelo homem
primitivo.
Como esse princípio inteligente e suas manifestações foram interpretados ao longo da história? Era
um ser especial, um deus? Ou um ser criado à parte: anjo ou demônio? Era o homem, após a morte?
A partir dessas interpretações, cada cultura assentou sua crença religiosa e estabeleceu uma forma
de se relacionar com esses seres incorpóreos. A ação espiritual, através da mediunidade, se fazia
presente junto aos homens, auxiliando-os no processo evolutivo.
O contato com os seres incorpóreos se dava através da figura dos “iniciados” (médiuns), nos
colégios de iniciação. Essas relações eram secretas. (Léon Denis, em Depois da Morte)
A proibição do intercâmbio com o mundo invisível1privou os homens de receberem orientações
importantes para suas vidas. Desprezando a mediunidade, as religiões criaram dogmas sobre a
existência dos seres espirituais, a ação deles sobre o mundo material e a ligação do homem com
Deus.Esses dogmas não podiam ser discutidos.
Iniciou-se, então, o período de fé cega, que atendia aos interesses dos poderosos e sem proveito
real para os grupamentos sociais.
Contudo, o Século das Luzes2 trouxe grandes mudanças para o pensamento humano,
desdobrando-se, até o século XIX, e promovendo consequências tanto no campo social quanto
científico: revoluções Industrial e Francesa, movimentos de independência e de unificação de países,
artistas engajados nas questões sócio-políticas, ideias renovadoras na Filosofia e na Ciência.
O Positivismo3, corrente filosófica fundamentada na racionalidade, acreditava que a Ciência
desvendaria os mistérios do mundo e resolveria os problemas humanos. Os movimentos sociais e
científicos, embasados no Positivismo, começaram a confrontar os dogmas e as práticas religiosas,
tornando as religiões tradicionais vulneráveis. Com isso, o Materialismo avançou, ganhou força,
espalhando a ideia do nada após a morte.
Foi nesse turbilhão social que a Espiritualidade Superior determinou a Invasão Organizada dos
Espíritos do Senhor4. Era chegada a hora de renovar a crença na existência do ser inteligente fora da
matéria, em bases mais sólidas e de religar os homens a Deus, atendendo ao antigo anseio do homem
na Terra: Quem sou? De onde vim? Para onde vou?
Por um lado, a Ciência defrontava o espiritualismo teórico e dogmático; por outro, o avanço do
conhecimento sobre a matéria permitiu aos homens que os Espíritos lhes revelassem, através das
manifestações espirituais, a realidade do mundo invisível e as leis que regem a comunicação com seus
habitantes.
Havia um fim providencial nas patentes manifestações espirituais que começaram com a diversão
das mesas girantes.
O que a sucessão dos fatos provocados pela invasão organizada revelou a Kardec e à
Humanidade?
Vamos compreender por que as pesquisas e observações de Allan Kardec e seus colaboradores
foram tão significativas para a Humanidade, não só em sua época, como também para os dias atuais.

Ver anexo 1: Materialismo e Positivismo

1
Proibição feita por Moisés, cerca de 1800 a.C; o legislador hebreu queria que seu povo rompesse com
os costumes trazidos do Egito, onde as evocações eram usuais. A proibição se justificava porque os mortos não
eram evocados por respeito ou afeição, nem com sentimento de piedade; era um meio de adivinhação, explorado
pelo charlatanismo e pela superstição.
2
Iluminismo, conhecido como Século das Luzes, foi um movimento intelectual e filosófico, predominante
na Europa, durante o século XVII. Suas ideias eram centradas na razão como fonte de autoridade e legitimidade;
defendia ideais como: liberdade, progresso, fraternidade, governo constitucional e separação Igreja-Estado.
3
Positivismo: corrente filosófica que surgiu na França, no começo do século XIX. Principais
idealizadores: Auguste Comte e John Stuart Mill. Ganhou força na Europa, na segunda metade do século XIX e
começo do século XX. Para Comte, o Positivismo era uma doutrina filosófica, sociológica e política que propunha
valores completamente humanos à existência do homem, afastando radicalmente a teologia e a metafísica;
defendia a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeira.
4
A História do Espiritualismo, Arthur Conan Doyle, 1. ed. Rio de Janeiro, FEB, 2013.
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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Tema 1: A Potência Oculta em Ação

Acerca dos dons espirituais,


não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
(1a Carta aos Coríntios, 12:1.)

Quando os estranhos fenômenos do Espiritismo começaram a se produzir, ou, melhor dizendo,


quando se renovaram, nestes últimos tempos, o primeiro sentimento que despertaram foi o da dúvida,
quanto à sua própria realidade e, mais ainda, quanto à sua causa.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 1 Parte. Cap. IV. Item 36. CELD.)

Allan Kardec, ao ingressar nas reuniões que promoviam esses fenômenos, averiguou a realidade
dos fatos e buscou compreender o que provocava os movimentos de objetos e os ruídos.

O fenômeno espírita mais simples observado e estudado por ele foi o das mesas girantes;
fenômeno este provocado, visto que as pessoas se reuniam com o objetivo de colocar as mesas em
movimento, como uma forma de diversão.

Entrevi, sob essas aparentes futilidades e a espécie de divertimento que com esses fenômenos se
fazia, alguma coisa de sério e como que a revelação de uma nova lei, que a mim mesmo prometi
aprofundar.
(Allan Kardec. O que é o Espiritismo. Biografia de Allan Kardec. FEB.)

Kardec descobriu que, para que o fenômeno acontecesse, havia a necessidade da presença de
uma ou mais pessoas com aptidão especial (médiuns) e que estas possuíam uma força, a força
medianímica, proveniente do perispírito. Também percebeu as condições favoráveis para as
manifestações espirituais: recolhimento, silêncio e paciência. (Estudo do 26o EEMED, Manifestações
Físicas, em 2019.)

Se o fenômeno se restringisse ao movimento de objetos e ruídos, estaríamos diante de uma causa


possivelmente física, contudo, parecia haver uma ação inteligente por trás das manifestações.

Se os fenômenos com os quais nos ocupamos se tivessem limitado ao movimento dos objetos,
eles teriam permanecido, como o dissemos, no domínio das ciências físicas; mas isto não ocorreu: (...)
a impulsão dada aos objetos não era somente o produto de uma força mecânica cega, mas que havia
nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente. (...) era um campo totalmente novo de
observações; era o véu levantado de sobre muitos mistérios. Haverá, com efeito, um poder
inteligente? Essa é a questão.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução IV. CELD.)

Kardec se encontrava diante de fatos inexplicados, que se opunham às Leis da Natureza


conhecidas à época.

No que acabamos de ver [fenômenos de efeitos físicos], nada, certamente, revela a intervenção de
uma potência5 oculta (...).Ela [essa solução / corrente elétrica ou magnética] teria prevalecido, sem
dúvida alguma, se outros fatos não tivessem vindo demonstrar-lhe a insuficiência;esses fatos são as
provas de inteligência que eles deram; ora como todo efeito inteligente deve ter uma causa
inteligente, ficou evidente que, mesmo que se admitisse que a eletricidade ou qualquer outro fluido aí
desempenhasse um papel, a esta uma outra causa se unia. Qual era ela? Que inteligência era essa?
Foi o que a sequência das observações nos fez conhecer.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns.2 Parte. Item 65. CELD.)

5
O que é potência? (lat. Potentia) – Definição dada por Aristóteles: capacidade de realizar mudança em
qualquer coisa ou em si mesmo ou de sofrer a mudança, causada por outra coisa ou por si mesmo.

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Tema: Manifestações Inteligentes

Acompanhemos, então, a sequência de observações apresentada por Kardec:

1º) O primeiro efeito observado que denotava inteligência foi a obediência a um comando, com
mudanças significativas nos movimentos das mesas e/ou objetos.

Vimos a mesa mover-se, levantar-se, dar pancadas, sob a influência de um, ou de muitos médiuns.
O primeiro efeito inteligente observado foi o de ver esses movimentos obedecerem a um
comando; (...) a mesa, sem contato de pessoa alguma, passeava sozinha pelo cômodo, indo para a
direita ou para a esquerda, para frente ou para trás, executando diversos movimentos sob a ordem
dos assistentes.”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 67. CELD.)

Que potência dava à mesa, ou ao movimento, a capacidade de mudança de ação, visto que uma
força mecânica cega não poderia ser responsável por movimentos resultantes da obediência a
comandos?

2º) Efeitos mais inteligentes:

Por meio de pancadas e, principalmente, pelos estalidos dos quais acabamos de falar, obtêm-se
efeitos ainda mais inteligentes, como a imitação das diversas batidas do tambor, do combate entre
tropas, com tiros por fila ou pelotão, de um bombardeio; depois, do ranger da serra, de marteladas, do
ritmo de diferentes árias, etc.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 68. CELD.)

O que ou quem pode imitar sons diversos?

3º) Os fatos se tornavam cada vez mais complexos:

As primeiras manifestações inteligentes aconteceram por meio de mesas que se levantavam e


batiam, com um pé, um número determinado de pancadas, e respondendo, assim, através de sim ou
de não, conforme a convenção, a uma pergunta feita.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução IV. CELD.)

4º) A “inteligência” apontava para a possibilidade de uma comunicação:

Aperfeiçoou-se a arte de se comunicar por pancadas alfabéticas, mas o meio era sempre muito
demorado; entretanto, se obtiveram comunicações de uma certa extensão, (...)
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 71. CELD.)

Analisemos:

• Essas ações demonstram uma inteligência?

É importante lembrar que:

Estes fatos, repetidos à vontade por milhares de pessoas e em todos os países, não podiam
deixar dúvida sobre a natureza inteligente das manifestações. Foi então que surgiu um novo
sistema, segundo o qual esta inteligência não seria outra senão a do médium, do interrogador, ou até
dos assistentes.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 69. CELD.)

Kardec apresentou argumentos lógicos a respeito deste sistema(sistema do reflexo), sempre se


baseando nos fatos observados, como por exemplo:

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• A dificuldade para explicar como essa inteligência podia refletir-se na mesa e traduzir-se
através de pancadas. (O Livro dos Médiuns, Item 69)
• E ainda: os movimentos se apresentaram com novas características, próprias de uma
ação inteligente e que muitas vezes divergia do pensamento dos presentes.

• Que “potência oculta” era essa que manifestava inteligência?


• De onde ela proviria?

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Tema 2: Qual é a Natureza da Potência Oculta?

Jesus lhe disse: "Maria!"


Então, voltando-se para ele,
Maria exclamou em aramaico: “Rabôni!" (Mestre).
Jesus disse: "Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai.
Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes:
Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês,
para meu Deus e Deus de vocês".
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos:
"Eu vi o Senhor!
(João, cap. 20: 16-18.)

Allan Kardec estudou atentamente a sucessão dos fenômenos espirituais, desde a simples
movimentação de objetos (em especial as mesas girantes) e ruídos até as manifestações que
respondiam a perguntas e pensamentos. Nesta sequência de fatos, ele percebeu a existência de uma
ação inteligente nos efeitos observados. Havia, portanto, manifestações inteligentes.

• Mas o que é uma manifestação inteligente?

Para que uma manifestação seja inteligente, não é necessário que ela seja eloquente, espirituosa
ou erudita; basta que ela prove ser um ato livre e voluntário, que exprima uma intenção, ou
responda a um pensamento.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 66. CELD.)

Ressaltamos da definição:
• Ato livre e voluntário/ vontade própria;
• Sinal intencional;
• Respostas a pensamentos.

Evidentemente, observando a sucessão dos fatos, percebemos que havia nas manifestações
uma inteligência atuando, pois os efeitos eram inteligentes.

• Que potência (inteligência) poderia produzir atos livres e voluntários, que exprimem uma
intenção ou respondam a um pensamento?
• Qual a natureza dessa potência oculta?
• Qual a sua origem?
• Está acima da Humanidade? (O Livro dos Espíritos, Introdução IV)

“(...) teoricamente ela se baseia neste princípio: todo efeito deve ter uma causa; todo efeito
inteligente deve ter uma causa inteligente. Na prática, observou-se que os fenômenos ditos espíritas
deram prova de inteligência e deveriam ter sua causa fora da matéria, que essa inteligência não
sendo dos assistentes, que é um resultado da experiência, devia estar fora deles e desde que o
agente não era visto, seria um ser invisível.”
(Allan Kardec. Revista Espírita.Setembro/1860. O Maravilhoso e o Sobrenatural. EDICEL.)

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Outro fato significativo chamou a atenção de Kardec:

(...) Se, portanto, ele [o médium] não cede ao desejo da assembleia, corroborado pela sua própria
vontade, é que ele obedece a uma influência estranha a si mesmo e aos que o cercam, e que esta
influência atesta, por esse fato, sua independência e sua individualidade.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução XVI. CELD.)

A potência oculta:

• era de um Ser invisível;


• dava provas de inteligência;
• era independente;
• tinha consciência de sua individualidade;
• dava provas de sua identidade.

Finalmente o mistério foi desvendado:

“O ser misterioso que assim respondia interrogado sobre sua natureza, declarou que era Espírito
ou gênio, atribuiu-se um nome, e forneceu diversas informações a seu respeito. Isto é uma
circunstância muito importante que deve ser assinalada. Porquanto ninguém imaginou os Espíritos
como um meio de explicar o fenômeno, foi o próprio fenômeno que revelou a palavra.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução IV. CELD.)

No Espiritualismo, tem-se a demonstração teórica e dogmática da sobrevivência da alma, mas o


Espiritismo nos trouxe a sua demonstração patente. “A existência dos Espíritos não é, portanto, um
sistema preconcebido, uma hipótese imaginada para explicar os fatos; é um resultado de observações e
a consequência natural da existência da alma.” (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns.Cap. II.Item9.)

(...) A individualidade se torna mais evidente ainda, quando esses seres provam a sua identidade,
através de sinais incontestáveis: das particularidades pessoais relativas à sua vida terrestre, que podem
ser constatadas. (...)
a
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 2 Parte. Cap. III. Questão 152. NK. CELD.)

Ver anexo 2: Temos a comprovação desta identidade no caso do tenente da Marinha


Francesa, narrado por Kardec, no item 70, em O Livro dos Médiuns.

A sobrevivência da alma depois da morte está provada, de maneira irrecusável e de alguma sorte
palpável, pelas comunicações espíritas. Sua individualidade está demonstrada pelo caráter e pelas
qualidades próprias de cada uma; essas qualidades, distinguindo as almas uma das outras, constituem
a sua personalidade; (...)
a
(Léon Denis. Depois da Morte. 2 parte. Cap. X. CELD.)

Uma vez comprovada a existência de seres invisíveis, a ação deles sobre a matéria resulta da
natureza do envoltório fluídico que os reveste. É inteligente essa ação, porque, ao morrerem, eles
perderam tão-somente o corpo, conservando a inteligência que lhes constitui a essência mesma.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. II. Item 9. CELD.)

Assim sendo, Kardec e seus colaboradores puderam perceber que além do perispírito, da aptidão
especial e da força medianímica, havia também, nos fenômenos estudados, uma “potência oculta”, ou
seja, um quarto elemento essencial às manifestações espíritas: o Ser inteligente, o Espírito.

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Tema: Manifestações Inteligentes

O codificador da Doutrina Espírita classificou os fenômenos vistos, de acordo com os efeitos por ele observados. Assim, temos nas Revistas
Espíritas (1858 e 1860) informações
ções que nos possibilitaram a elaboração de um quadro sinótico, facilitando-nos
facilitando a compreensão dos fatos
espíritas.

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Tema: Manifestações Inteligentes

Tema 3: Manifestações inteligentes: Veículo de Transformação do Homem

Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um,


para o que for útil.
(1a Carta aos Coríntios, 12:7.)

A certeza da continuidade da vida e de todo um mundo de fenômenos invisíveis aos olhos


comuns, mas que nem por isso são menos reais, trouxe ao homem uma nova compreensão de si
mesmo como alma e sobre a Justiça de Deus.

Descortinou-se todo um universo novo de possibilidades e de conhecimentos que cabia ser


explorado. Partindo desse ponto de vista, naturalmente surge, até hoje, o interesse pela
comunicação com os habitantes desse novo mundo, a troca de ideias, impressões e expectativas.

Estudaremos agora alguns desdobramentos do capítulo Manifestações Inteligentes, de O


Livro dos Médiuns, a partir das seguintes perspectivas: a instrução moral, para a vida, e a
instrução mediúnica, para o exercício do médium espírita. Assim faremos, apenas para efeito de
organização de ideias, uma vez que, no dia a dia, não é possível separar estes dois aspectos.

1. Instrução moral:

As almas ou espíritos daqueles que viveram, constituem o mundo invisível que povoa o
espaço e no meio do qual vivemos; daí resulta que, desde que haja homens, há espíritos, e que
se estes últimos têm o poder de se manifestar, puderam fazê-lo em todas as épocas. É o que
constatam a história e as religiões de todos os povos.
a
(Allan Kardec. Obras Póstumas.1 Parte. Manifestações dos Espíritos –
Caráter e consequências religiosas das manifestações espíritas. Item 1. CELD.)

1.1. Somos todos espíritos:

Relembraremos aqui alguns passos importantes dados nos últimos anos pelo Encontro de
Mediunidade, que tem estudado o Livro dos Médiuns, desde o primeiro capítulo, e que nos
levaram sistematicamente à compreensão da nossa natureza espiritual.

As almas e os espíritos são, portanto, identicamente, a mesma coisa?

“Sim, as almas são apenas os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres
inteligentes que povoam o mundo invisível e que revestem, temporariamente, um envoltório
carnal, para se purificarem e se esclarecerem.”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 2 Parte. Cap. II. Questão 134/b. CELD.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Ora, essas almas que povoam o espaço são precisamente o que se chama de Espíritos; os
Espíritos não são, portanto, outra coisa senão as almas dos homens, despojadas de seu
envoltório corporal.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 1 Parte. Cap. I. Item 2. CELD.)

Diversas pesquisas comprovaram a existência e sobrevivência dos Espíritos:

Foi mediante provas positivas que a questão da existência da alma e sua imortalidade ficaram
resolvidas. Fotografaram-se as radiações do pensamento; o espírito revestido de seu corpo
fluídico, de seu invólucro imperecível aparece na placa sensível, a sua existência se tornou tão
evidente como a do corpo físico.
o
(Léon Denis. Cristianismo e Espiritismo. Notas Complementares N 12:
Os fenômenos espíritas contemporâneos; provas da identidade dos Espíritos. CELD.)

1.2. Realidade da vida futura:

Estabelecido o conhecimento de que os habitantes desse novo mundo, que é invisível, são os
mesmos que um dia viveram na Terra, conhecimento agora acessível a todos, naturalmente se
intensificou o intercâmbio entre esses dois planos da vida.

O que esses seres teriam a nos dizer sobre a vida pós-túmulo?

A possibilidade de estabelecer relação entre o mundo visível e o invisível apareceu como


um fato imenso, derrubando as ideias herdadas, derrubando os ensinamentos habituais, mas
abrindo sobre a vida futura uma saída que o homem não se atrevia ainda a transpor,
deslumbrado pelas perspectivas que se apresentavam a ele.
(Léon Denis. Espíritos e Médiuns. Cap. I. CELD.)

Mas a mediunidade não apenas prova a sobrevivência da alma; demonstra, ainda, que o
Espírito no espaço, não deixa de percorrer a senda evolutiva, apreendendo e trabalhando, em
ambientes e edificações verdadeiros, embora fluídicos. Destrói-se, assim, a errônea crença de
que existem regiões de sofrimento perene (o inferno), onde as almas sofreriam eternamente um
suplício inútil, que, não as levaria ao amor de Deus.
(Therezinha Oliveira. O Espírita: na Mediunidade e no Meio Social. Mediunidade e Espiritismo. Editora Allan Kardec.)

Graças ao Espiritualismo Experimental, o problema da sobrevivência, cujas consequências


filosóficas e morais são incalculáveis, recebeu uma solução definitiva. A alma tornou-se objetiva,
por vezes tangível, sua existência se revelou, após a morte como durante a vida, por
manifestações de toda ordem.
o
(Léon Denis. Cristianismo e Espiritismo. Notas Complementares N 12:
Os fenômenos espíritas contemporâneos; provas da identidade dos Espíritos. CELD.)

Portanto, como uma das consequências da certeza da sobrevivência da alma temos:

(...) A vida futura, ao passar do estado de teoria vaga e incerta para o de fato incontestável e
positivo, vem demonstrar a necessidade de se trabalhar, o mais possível, durante a vida presente,
que é de curta duração, em proveito da vida futura que é indeterminada.
(Allan Kardec. O que é o Espiritismo.Cap. II.Consequências do Espiritismo. Item 100. CELD.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

• Como se torna possível a percepção desse mundo?

Léon Denis nos ajuda nesse entendimento:

A escala ascensional comporta planos sucessivos e superpostos; em cada um deles os


seres são dotados do mesmo estado vibratório, de meios de percepção análogos que lhes
permitem reconhecerem-se uns aos outros, enquanto permanecem invisíveis, e frequentemente
até desconhecidos para eles, os seres dos planos superiores, em consequência de seu estado
vibratório mais rápido e de suas condições de vida mais sutis e mais perfeitas.
(Léon Denis. No Invisível. Cap. VIII: As Leis da Comunicação Espírita. CELD.)

1.3. Os espíritos intervêm na nossa vida

Tendo comprovado a existência e sobrevivência do Espírito de forma patente, o Espiritismo


também nos comprovou e explicou a influência deles no nosso mundo material.

(...) as comunicações espíritas nos revelam o mundo invisível que nos cerca, nos acotovela
incessantemente e toma parte, contra a nossa vontade, em tudo o que fazemos.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Conclusão VIII. CELD.)

O que acabamos de dizer não se aplica somente aos médiuns, mas a todas as pessoas, já
que não existe ninguém que não receba a influência dos Espíritos.
(Allan Kardec. O que é o Espiritismo. Cap. II. Qualidade dos Médiuns. Item 85. CELD.)

Exercem os Espíritos alguma influência nos acontecimentos da vida?


“Certamente, pois que vos aconselham.”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 2 Parte. Cap. IX. Questão 525. CELD.)

A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém,
procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde
cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções
que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há
quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos
salutares ideias.
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. XV. Item 182. CELD.)

1.4. Leis da comunicação espírita

Não obstante, para certas comunicações, sejam necessários médiuns especiais, que
atendam a condições especiais, está claro que a possibilidade de contato com o mundo espiritual
é um recurso ao alcance de todos, independente da crença que se tenha na existência dos
Espíritos e em tudo o mais que envolva esta realidade.

• Há condições especiais para o intercâmbio com esse mundo invisível? Para senti-lo?

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

A lei das atrações e das correspondências rege todas as coisas; as vibrações, atraindo
vibrações similares, reaproximam e unem os corações, os pensamentos, as almas.
(Léon Denis. No Invisível. Cap. VIII: As Leis da Comunicação Espírita. CELD.)

Para se comunicar conosco deverá o Espírito amortecer a intensidade de suas vibrações,


ao mesmo tempo em que ativará as nossas. Nisso o pode o homem voluntariamente auxiliar; o
ponto a atingir constitui para ele o estado de mediunidade.
(Léon Denis. No Invisível. Cap. VIII: As Leis da Comunicação Espírita. CELD.)

(...) É na combinação das forças psíquicas e dos pensamentos entre o médium e os


experimentadores, de um lado; entre estes e os espíritos, de outro, que está toda a lei das
manifestações.
(Léon Denis. No Invisível. Cap. VIII: As Leis da Comunicação Espírita. CELD.)

Para isso, será necessário, ao mesmo tempo, paciência, perseverança, continuidade e


regularidade de esforços. Essas qualidades, vós as tendes?
(Léon Denis. No Invisível. Cap. VIII: As Leis da Comunicação Espírita. CELD.)

Como podemos associar esses conhecimentos a nossa prática mediúnica?

2. Instrução mediúnica

2.1. Proveito da faculdade mediúnica

Com o conhecimento que a Doutrina Espírita nos trouxe, através das manifestações
inteligentes, a possibilidade de termos a companhia dos seres invisíveis deixou de ser apenas
uma crença. Saber que não estamos sós, simplesmente por nossa conta, mas cercados de seres
incorpóreos e que podem se comunicar conosco, leva-nos à certeza de que existem recursos
infinitos, disponibilizados pelo Criador, para nosso esclarecimento, proteção, conforto e progresso.

O ser humano, segundo sua evolução espiritual, encara a mediunidade por um aspecto
particular e a emprega para satisfazer suas próprias aspirações e ideias, tornando-a um
instrumento de auxílio e esclarecimento ou de egoísmo e trevas.
(Therezinha Oliveira. O Espírita: na Mediunidade e no Meio Social. Mediunidade e Espiritismo. Editora Allan Kardec.)

(...) no campo tão complexo da mediunidade, ergue-se o médium Espírita com


responsabilidade mais acentuada. E por quê?
Porque a ele é dada a luz do esclarecimento como base de sustentação de todo serviço que
lhe caberá realizar, a partir do momento em que ele assume sua posição de medianeiro, para
socorro ou esclarecimento, para alívio e conforto das dores humanas.
(Mensagens de diversos espíritos, recebidos no Lar de Tereza. Brunilde do Espírito Santos (org.).
Aos médiuns, com carinho. Lição 10: Ao Médium Espírita.Lar de Tereza.)

15
27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Não fiqueis encantados com a Mediunidade em si mesma, falando somente da mesma, de


suas possibilidades, de suas forças, daquilo que se pode tirar da mediunidade, não. O Encontro é
para valorizar o aspecto moral, do médium que, assim transformado, poderá fazer uso da
mediunidade de modo bastante equilibrado.
Desse modo, começar a meditar em torno do tema propriamente dito: Sou médium? Que
valor dou a mediunidade?
(...) Qual o objetivo destas possibilidades em mim?
Assim se o fizerdes, ireis despertar nas criaturas o valor que a mediunidade tem, ou seja, um
instrumento de progresso para o Espírito que a possui.
(Balthazar. Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 19/06/96.)

(...) não basta que frequentemos uma casa espírita, é necessário tornar-se espírita, também;
não basta lutar pelo trabalho mediúnico, doutrinário ou assistencial, é preciso que o nosso coração
compreenda como este trabalho se desenvolve, para que se desenvolve, com que objetivos se
desenvolve e, acima de tudo, a experiência que tal trabalho nos traz no íntimo do ser.
(Maria Helena Rocha (org.). Focos de Luz. Vol.I. Lição: Sejamos Cooperadores. CELD.)

Tratar de Mediunidade é, assim, a mesma coisa do que falar dos valores altos que dirigem a
vida de um ser na carne.
(Balthazar. Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 05/06/96.)

(...) A Mediunidade, quando praticada por pessoas que conhecem o fenômeno, rende
muitíssimo mais. Ela rende infinitamente mais. Ela rende superiormente. Porque há a participação
do médium com o Espírito. Há a participação dupla.
a
(Altivo C. Pamphiro. Apostila do 5 EEMED. pág.24. 1998.)

A leitura dessas inúmeras mensagens, esclarecedoras, confortadoras, que tantas respostas


traziam para a humanidade estariam mesmo ao alcance de todos nós? O próprio Kardec, diante
da grandiosidade do que se descortinava, conforme avançavam seus estudos e observações, se
questionaria quanto a isso:

16) Como um homem pode aperfeiçoar-se através do ensino dos Espíritos, quando não
possui, nem por si mesmo, nem pelos outros médiuns, os meios de receber, diretamente, este
ensinamento?
“Não tem ele os livros, como o cristão possui o Evangelho? Para praticar a moral de Jesus, o
cristão não necessita ter ouvido suas palavras saírem de sua boca.”
a a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. XVII. Item 220, 16 CELD.)

Deus deu a todos os homens os meios de conhecer sua lei?

“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem; os que melhor a compreendem
são os homens de bem e os que querem investigá-la; todavia, todos a compreenderão um dia,
pois é preciso que o progresso se efetue.”
a
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 3 Parte. Cap. I. Questão 619. CELD.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Inicialmente, o destaque especial, no rol de realizações da mediunidade, está o fato de, por
meio das comunicações dos Espíritos, evidenciar, patentear e provar a imortalidade da alma,
deitando por terra a concepção materialista do nada, após a morte.
(Therezinha Oliveira. O Espírita: na Mediunidade e no Meio Social. Mediunidade e Espiritismo. Editora Allan Kardec.)

É, também, pela mediunidade que os Espíritos superiores vêm ao nosso encontro como
verdadeiros mensageiros do Pai, trazendo-nos a confirmação dos ensinos do Consolador,
ampliando a nossa visão da espiritualidade, confortando-nos com as expressões do seu carinho
fraterno, assegurando-nos a assistência necessária nas provações que nos assaltam, e
apontando-nos sempre caminho luminoso do Bem.
(Therezinha Oliveira. O Espírita: na Mediunidade e no Meio Social. Mediunidade e Espiritismo. Editora Allan Kardec.)

Ver anexos 3 e 4: Mais aspectos mediúnicos.

Conclusão:

Podemos concluir que as manifestações inteligentes representam um valioso caminho para o


entendimento de que somos almas imortais, submetidas às mesmas leis que regem o intercâmbio
entre os dois mundos: o corpóreo e o espiritual.

O intercâmbio com o mundo espiritual (manifestações inteligentes) é mais um fator de


progresso para a alma, ao alcance do homem comum, na Terra. É fator de progresso, em
especial, para o médium espírita, que se decide pela adesão consciente ao convite do trabalho
no bem e que percebe o fim útil da mediunidade.

O homem médium preocupa-se com o seu presente, sim, mas trabalha com o fito de obter
sua evolução espiritual. Ele deve saber que para isto acontecer, precisa escolher um
acompanhante espiritual que o dignifique, que o instrua e, tanto quanto ele, deseje se elevar e se
instruir.
Enfim, há que ver na mediunidade mais do que um simples exercício de comunicação entre
dois planos, tanto que não pode apenas pensar nos resultados imediatos que uma comunicação
oferece, mas, sim, na dignificação do instrumento, do instrutor e da razão de ser da mediunidade.
Deve, de forma constante, aprender a elevar-se e entender que o fenômeno mediúnico em si
mesmo é gloriosa manifestação de Deus, em favor da humanidade terrena, (...)
o
(Médium Altivo C. Pamphiro. Vibração para o 4 EEMED. 1997.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Anexo:

Texto 1:

Materialismo e Positivismo

Quando a humanidade penetra, num ponto de vista qualquer, no domínio do exagero, uma
reação vigorosa se produz cedo ou tarde. Os excessos provocam excessos contrários. Após
séculos de fé cega, o mundo, cansado do sombrio ideal de Roma, lançou-se nas doutrinas do
nada. As afirmações temerárias trouxeram negações furiosas. O combate engajou-se e a picareta
do materialismo fez brecha no edifício católico.

As ideias materialistas ganham terreno. Rejeitando os dogmas da igreja como inaceitáveis, um


grande número de espíritos cultos desertaram, de uma só vez, da causa espiritualista e da crença
em Deus. Afastando as concepções metafísicas, procuraram a verdade na observação direta dos
fenômenos no que convencionou-se chamar de método experimental.
(...)
(...) E chegamos a uma outra doutrina, que tem como o materialismo numerosos pontos de
contato. Queremos falar do positivismo.

Esta filosofia mais sútil ou menos franca que o materialismo, nada afirma, nada nega. (...)Todo
o seu método se refere à observação dos fatos constatados pelos sentidos e leis que os religam.
Admite apenas a experiência e o cálculo.

Todavia, o rigor desse método teve que se curvar diante das exigências da Ciência, e o
Positivismo, como o materialismo, apesar do seu horror à hipótese, foi constrangido a admitir
teorias não verificáveis pelos sentidos.(...)
(...)
Contudo, não se pode desconhecer que o Positivismo não tenha tido sua razão de ser e não
tenha prestado incontáveis serviços ao espírito humano, constrangido este a seguir de mais perto
ainda seus argumentos, a precisar suas teorias, a fazer mais ampla demonstração. Cansados das
abstrações metafísicas e das vãs discussões de escola, seus fundadores quiseram colocar a
Ciência num terreno sólido; mas a base escolhida por eles era tão estreita que seu edifício deixou
de ter, ao mesmo tempo, amplidão e solidez.
(...)
No seu estudo atento e minucioso da matéria, as escolas positivistas contribuíram para
enriquecer certos ramos dos conhecimentos humanos, mas perderam de vista seu domínio
exclusivo, imitaram o mineiro que se afunda cada vez mais nas entranhas do solo, descobre, aí,
os tesouros ocultos e não vê mais o grande espetáculo da Natureza, despojando-se sob os raios
do Sol.
Essas escolas não foram fiéis nem mesmo a seu programa; pois, depois de ter proclamado o
método experimental como o único meio de chegar à verdade, nós as vimos desmentirem-se,
negando, a priori, toda uma série de fenômenos, de manifestações psíquicas, (...)

O Positivismo não pode ser considerado como a última etapa da Ciência. Esta é progressiva
em essência e saberá completar-se. O Positivismo é apenas uma das formas temporárias da
evolução filosófica. (...)
(Léon Denis. Depois da Morte. Materialismo e Positivismo. CELD.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Texto 2:

Análise do caso do navio, trazido por Allan Kardec

Vamos analisar, rapidamente, o caso trazido por Kardec, em O Livro dos Médiuns, capítulo
das Manifestações Inteligentes:

70. Num navio da marinha imperial francesa, ancorado nos mares da China, toda a tripulação,
desde os marinheiros até o estado-maior, ocupava-se em fazer com que as mesas falassem.
Tiveram a ideia de evocar o Espírito de um tenente desse mesmo navio, que morrera havia dois
anos. Ele veio e, depois de diversas comunicações que encheram todo o mundo de espanto,
disse o que se segue, através de batidas: “Peço-vos, insistentemente, que mandeis pagar a soma
de... ao capitão (indicava a cifra), que lhe devo e que lamento não ter podido reembolsar-lhe,
antes da minha morte.” Ninguém conhecia o fato; o próprio capitão havia esquecido este débito,
aliás, mínimo; mas, procurando nas suas contas, ali encontrou a menção da dívida do tenente e
cuja cifra indicada estava absolutamente correta. Nós perguntamos: do pensamento de quem esta
indicação podia ser o reflexo?
a
(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. 2 Parte. Cap. III. Item 70. CELD.)

• A tripulação já se ocupava com reuniões mediúnicas, o que criou ambiente


favorável às comunicações.
• A tripulação do navio evocou uma pessoa conhecida por todos, portanto, as
informações fornecidas nas comunicações poderiam ser reflexo de lembranças das
pessoas presentes e que conviveram com o tenente falecido.
• Contudo, “as comunicações encheram todo mundo de espanto”. Por que haveria
tanto espanto se era apenas reflexo do pensamento de um dos presentes?
• Além disso, o tenente pediu que pagassem uma quantia ao capitão, derivada de
uma dívida que nem mesmo o capitão se lembrava. Reflexo da cabeça de quem teria
saído essa informação?
• Ninguém sabia da dívida, que foi comprovada somente após o capitão vasculhar
suas contas e encontrar o registro dela.
• A cifra dada na comunicação era exatamente a que estava registrada no
documento guardado e esquecido. De onde veio essa informação exata do valor da
dívida?
• O valor desconhecido (dinheiro) de todos é um símbolo importante: o ser inteligente
tem informações que não são do domínio dos homens.

Esse fato dá provas da imortalidade da alma (sobrevivência), da sua individualidade e


personalidade. Também nos prova de que as informações dadas na comunicação não
provinham do pensamento de ninguém da tripulação; eram oriundas de uma inteligência
oculta, de um ser invisível, mas consciente de si mesmo.

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Texto 3:

A Doutrina Espírita e a comunicação segura

“Que cada um examine as diversas circunstâncias felizes ou


infelizes de sua vida e verá que, em várias ocasiões, recebeu
conselhos, que nem sempre aproveitou...”
(Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, questão 524, comentário. CELD.)

Prezados irmãos, a Ciência se esmera em discutir os meios de comunicação entre os


homens: máquinas, instrumentos os mais variados possíveis constituem todo um arcabouço para
que a humanidade se comunique entre si. Por outro lado, fazem-se pesquisas em torno dos
chamados sensitivos, criaturas capazes de orientar seus pensamentos na busca de outros
pensamentos, mas, com isso, os homens, extasiados apenas, afirmam que as comunicações
existem.

A Doutrina Espírita, falando diretamente dos espíritos, mostra que tais comunicações são
possíveis e, ainda mais, orienta-as para o terreno do bem, único lugar seguro onde elas devem
realmente ser experimentadas.

Hoje, observamos que a mediunidade, difundindo-se por todos os seres da Terra, amplia-se
de modo crescente e, por isso, os espíritos se comunicam com mais clareza e objetividade. Para
muitos, tais comunicações são apenas manifestações de ideias, pensamentos e sentimentos; para
outros, as comunicações apenas exercitam o mal; para alguns, apenas traduzem a galhofa, e para
outros, ainda, apenas ensinam o distúrbio.

Com a Doutrina Espírita, as manifestações superiores são as escolhidas e as esperadas. A


Doutrina Espírita ensina a cada um como conduzir a ideia, como conduzir o pensamento e como
conduzir-se para ser um bom médium, ou seja, um bom receptor de tais ideias, excluindo tudo
aquilo que não for útil, excluindo tudo aquilo que não for bom, excluindo tudo aquilo que não se
aproveite.

A Doutrina Espírita ensina, aos chamados sensitivos, que devem ter cuidado com o que
ouvem, com o que pensam, com aquilo que transmitem. Para muitos médiuns, essa capacidade
de percepção se torna motivo de angústia, porque alguns são perseguidos por estarem no
trabalho correto e agirem de modo claro no bem e para o bem.

É preciso que todos se fortaleçam, se instruam, se orientem, e nunca deixem de pensar em


Jesus, o Grande Mestre, que há de nos ensinar a caminhar, nesse perigoso terreno, com
segurança e com paz.

Que Deus nos ajude, nos abençoe e conduza sempre!

Paz, muita paz!


(Dr. Hermann. Mensagem psicofônica dada pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 10/07/1993 CELD.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Texto 4:

Mediunidade e Espiritismo

Quando abordamos a importantíssima e complexa questão do intercâmbio com os Espíritos, é


imprescindível que façamos perfeita distinção entre mediunidade e Espiritismo, pois que, com
muita frequência se pretende, erroneamente, identificar uma ao outro.

Entretanto, essa confusão pode ser facilmente desfeita, bastando para isso lembrarmos que
os fenômenos mediúnicos sempre tiveram seu lugar no seio da humanidade, desde os povos
antigos até os dia de hoje, manifestando-se nas mais diversas criaturas, independentemente de
sua religião, raça ou cultura.

A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus à criatura humana, faculdade que lhe
permite não só sentir a influência dos Espíritos, mas também lhes veicular o pensamento e as
ideias. Sendo faculdade da criatura humana, a mediunidade não será adstrita a esta ou aquela
religião, a esta ou aquela raça, a esta ou aquela cultura, mas funciona como elo fraterno, unindo
a Terra e o Espaço, auxiliando a humanidade no seu esforço evolutivo.

O Espiritismo, doutrina revelada pelos bons Espíritos e codificada por Allan Kardec,
constituindo-se de normas e diretivas superiores, imanando-se à mediunidade pela finalidade
comum (a elevação do ser humano), mas permanecendo no seu caráter de Terceira Revelação de
Deus a seus filhos, de Consolador Prometido que vem restabelecer o Cristianismo em toda a sua
pureza e em todo o seu esplendor.

A mediunidade só por si, isoladamente, sói estacionar em meras demonstrações curiosas e


extraordinárias. É à luz do Espiritismo que ela adquire sua verdadeira expressão e realce,
rendendo, no dizer bíblico, “cento por um”.

O ser humano, segundo sua evolução espiritual, encara a mediunidade por um aspecto
particular e a emprega para satisfazer suas próprias aspirações e ideias, tornando-a um
instrumento de auxílio e esclarecimento ou de egoísmo e trevas.

Quando utilizamos a mediunidade para contatar com os Espíritos, visando à satisfação de


interesses materiais e inferiores, desvirtuamos o objetivo providencial do intercâmbio,
contrariamos os preceitos divinos do amor e nos fazemos devedores para com o Pai.

Outras vezes, arvoramo-nos em detentores do caminho certo e, por egoísmo e orgulho,


vedamos aos demais os conhecimentos e benefícios hauridos na prática mediúnica, a pretexto da
necessidade da conservação de uma cultura de elite: tal é o caso dos templos de iniciação do
Oriente.

Podemos, ainda, ver na mediunidade um meio excelente de investigações científicas. E, na


verdade, são de suma importância a pesquisa e o estudo dos fenômenos mediúnicos, visando à
sua catalogação e organização, a fim de que a Ciência venha, assim, patentear a dignidade da
religião espírita.

Mas à luz do Espiritismo, divisamos objetivos diferentes e superiores para o emprego da


mediunidade.

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Inicialmente, o destaque especial, no rol de realizações da mediunidade, está o fato de, por
meio das comunicações dos Espíritos, evidenciar, patentear e provar a imortalidade da alma,
deitando por terra a concepção materialista do nada, após a morte. Só esse argumento já confere
à mediunidade um caráter de faculdade necessária e indispensável à evolução humana, pois leva
o homem ao conhecimento mais perfeito das realidades espirituais.

Mas a mediunidade não apenas prova a sobrevivência da alma; demonstra, ainda, que o
Espírito no espaço, não deixa de percorrer a senda evolutiva, apreendendo e trabalhando, em
ambientes e edificações verdadeiros, embora fluídicos. Destrói-se, assim, a errônea crença de
que existem regiões de sofrimento perene (o inferno), onde as almas sofreriam eternamente um
suplício inútil, que, não as levaria ao amor de Deus.

E ainda mais, ante o exemplo da evolução dos Espíritos, que ela patenteia, nós, os
encarnados, encontraremos estímulo na luta pela perfeição e a certeza de que, trilhando o
caminho do Bem, estaremos preparando para nós mesmos uma situação melhor na vida
verdadeira.

É, também, pela mediunidade que os Espíritos superiores vêm ao nosso encontro, como
verdadeiros mensageiros do Pai, trazendo-nos a confirmação dos ensinos do Consolador,
ampliando a nossa visão da espiritualidade, confortando-nos com as expressões do seu carinho
fraterno, assegurando-nos a assistência necessária nas provações que nos assaltam, e
apontando-nos sempre caminho luminoso do Bem.

Permitindo-nos o contato com os seres queridos que nos antecederam no Além, é, ainda, a
mediunidade fonte de consolações inefáveis ao coração saudoso. Facultando-nos o convívio com
entidades amigas, mais espiritualizadas, é manancial de prazeres morais e espirituais. Permitindo-
nos a assistência aos enfermos, aos obsidiados, aos sofredores, bem como o auxílio aos Espíritos
necessitados, a mediunidade é campo aberto para que nos lancemos à prática da fraternidade, ao
mesmo tempo em que contribuímos para sanear o meio fluídico em que vivemos.

Lembremos, ainda, o papel importantíssimo dos fenômenos mediúnicos que forneceram o


material necessário para Allan Kardec, também orientado pelas comunicações dos imortais e
codificando os seus ensinos, nos legasse o monumento sublime e indestrutível da Doutrina
Espírita.

(Therezinha Oliveira. O Espírita na Mediunidade e no Meio Social. Editora Allan Kardec.)

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes

Biografia de Ernesto Bozzano:

Ernesto Bozzano nasceu em Gênova, a 9 de janeiro de 1862, quarto filho de um total de cinco
irmãos. Pouco se sabe a respeito de sua infância, contudo, desde os primeiros anos de vida,
demonstrou grande interesse pelo estudo. Aos quatro anos, já queria ler uma importante obra
sobre a história de Gênova.
Sua primeira paixão foi a literatura. Leu os maiores clássicos italianos e, para ler autores da
língua inglesa, teve que se tornar autodidata nessa língua.
Aos quinze anos, já se interessava vivamente por assuntos ligados à Filosofia, Psicologia,
Parapsicologia, Astronomia, Paleontologia e demais Ciências Naturais.
Em sua autobiografia, Bozzano relata como o positivismo de Spencer exerceu tamanha
influência em sua vida; e como, posteriormente, se converteu em um defensor das ideias
espiritualistas. Diz ele:
“Tornei-me um positivista-materialista convicto a tal ponto que me parecia incrível existissem
pessoas de cultura intelectual, dotadas normalmente de senso comum, que pudessem crer na
existência ou na sobrevivência do espírito. Não somente pensava assim como até escrevia
audaciosos artigos em apoio de minhas convicções (...)
É preciso que se compreenda que, nos tempos a que me refiro, eu nada conhecia das
investigações mediúnicas ou do Espiritismo, com exceção de breves artigos que eu lia nos jornais,
sem lhes prestar maior atenção e nos quais se apontavam estratagemas de médiuns e se
comentava piedosamente a credulidade dos espíritas. (...)”
Somente aos 31 anos de idade começou a se interessar por telepatia e Espiritismo, através
de artigos publicados numa revista de Psicologia, a Revue Philosophique.
Após ler diversas outras obras, Ernesto Bozzano resolveu dedicar-se com afinco e verdadeiro
fervor ao estudo aprofundado dos fenômenos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan
Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof, Eugène
Nus, A. Russel Wallace, D. D. Home, Du Prel e outros.
Adquiriu assim uma cultura sólida sobre os fatos espíritas e, só depois, considerou ter
chegado o momento de defrontar seus conhecimentos teóricos com as pesquisas experimentais.
Pesquisador profundo e meticuloso, Bozzano começou a participar das experiências sobre
mediunidade e a escrever artigos sobre suas conclusões, a partir de 1900. Produziu mais de
sessenta obras em toda a sua vida.
Com alguns amigos, fundou a primeira Sociedade de Estudos Psíquicos: o Círculo Científico
Minerva, em Gênova, onde fez experiências de 1891 a 1906. Esse Círculo promoveu magníficas
pesquisas, nas quais os experimentadores registraram manifestações de toda espécie: pancadas,
movimento de objetos, transportes em plena luz e, além disso, provas de identificação espírita.
Dedicou-se ao estudo do metapsiquismo em todas as suas formas: telepatia, clarividência,
psicocinese, materializações e manifestações de Espíritos. Trabalhou com a famosa médium
Eusápia Palladino, para pesquisar, ordenar e sistematizar fenômenos. Também colaborou com Sir
William Crookes e Charles Richet.
A lógica irresistível dos fatos fez dele um dos defensores mais ardentes, mais autorizados,
mais prestigiosos da tese espírita.
Um fato contribuiu muito para fortalecer sua crença no Espiritismo. A desencarnação de sua
mãe, em julho de 1912, serviu de ponte para demonstração da sobrevivência da alma. Bozzano
realizava, nessa época, sessões semanais com um reduzido grupo e com a participação de
famosa médium. Durante uma sessão, na data em que completava o primeiro ano da
desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas palavras. Ao lê-las,a comoção de
Bozzano foi imensa: ali estavam escritos os dois últimos versos do epitáfio, que naquele mesmo
dia, ele havia deixado no túmulo de sua mãe.Tinha absoluta certeza de que, ao seu lado, ela se
achava.
Além disso, naquela época, ele estava um tanto desanimado, com desgostos sérios e íntimos,
mas que não havia externado ao grupo. A única pessoa que poderia lhe ser uma boa conselheira
era sua mãe. Experimentou dirigir-lhe uma pergunta mentalmente e obteve imediatamente a

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27o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: Manifestações Inteligentes
resposta, formulada porém, de tal forma, que somente Bozzano poderia compreender o sentido.
Depois do que, foi ditado: "Estou contente contigo. Continua no nobre caminho em que sei que te
engajastes. Esta é a tua missão na terra. Beijo-te".
Durante meio século de investigações severas, nada pareceu indigno de uma análise atenta a
esse homem de inteligência prodigiosa, tendo se tornado um dos mais produtivos cientistas dos
fenômenos mediúnicos.
Como todo investigador de determinado ramo da ciência, Bozzano empregou o processo de
análise comparada, fazendo-se seguir imediatamente de uma síntese.
Nunca se aventurou a emitir conclusões de natureza geral relativamente à origem provável de
certa categoria de fatos, sem primeiro ter passado em revista, analisado, comparado, todos os
casos conhecidos e todas as hipóteses formuladas.
O seu devotamento ao trabalho fez com que se tornasse um dos mais relevantes
pesquisadores dos fenômenos espíritas, impondo-se pela projeção do seu nome, pelo acendrado
amor que dedicou à causa, pela convicção inabalável.
Foi um dos fundadores e ativo colaborador da revista Luce e Ombra (Luz e sombra), na qual
publicava os relatórios das sessões mediúnicas de que participava.
Seu mais próximo colaborador foi o médico e cirurgião Gastone de Boni, sendo que algumas
de suas obras foram publicadas postumamente por de Boni.
Ernesto Bozzano desencarnou em 24 de junho de 1943, em Savona, Itália. Quando Bozzano
morreu, Gastone de Boni, (1908 – 1986) herdou toda a sua biblioteca e criou uma sociedade
chamada de Fondazione Biblioteca Bozzano-De Boni.

Algumas obras:

– Hipótese espírita e teoria científica


– Cinco excepcionais casos de identificação espírita
– Em defesa do Espiritismo
– A Crise da Morte
– Investigação sobre as manifestações supranormais
– Animismo ou espiritismo?
– Povos primitivos e manifestações paranormais
– De mente a mente
– Literatura de além-túmulo
– Pensamento e vontade
– Círculo Científico de Minerva
– Em defesa da alma
– Metapsíquica humana
– Os Fenômenos de Assombração

Adaptado dos sites:

www.autoresespiritasclassicos.com
www.correioespirita.com
www.feparana.com.br

24
11o Encontro Espírita sobre Mediunidade
Tema: "MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES”

Meus prezados irmãos, que Jesus Cristo nos abençoe, trazendo-nos muita paz.
Nas Casas Espíritas há uma convergência muito grande de irmãos e irmãs que buscam o
aprendizado diante da mediunidade, no serviço no bem, por meio da mediunidade. E neste
aspecto, há muito a que ser considerado.
No entanto, para a conversa de hoje, buscamos analisar um elemento: o serviço que se
presta na Casa Espírita. O médium não é o anjo que, determinado por Deus, veio ao ambiente
terreno para servir. É um espírito que, aportando aqui, no mundo terreno, no ambiente de uma
Casa Espírita, determina-se a realizar um trabalho, e esse trabalho, em sua capacidade, de acordo
com seus dons, irá ser canalizado para uma atividade.
Muitos de vocês são médiuns, muitos de vocês estão tomando os seus passes, por meio dos
médiuns, muitos de vocês buscam as Casas Espíritas pelo trabalho mediúnico. No entanto, o
trabalho mediúnico precisa estar em sintonia com o mais elevado, com as lições de Jesus, com o
trabalho no bem que se deve executar, para que o serviço chegue a contento.
Os médiuns aprendem, determinam-se a ser pontuais, assíduos, a fazer os seus sacrifícios,
do ponto de vista humano, nos seus tempos, nos seus corpos, para se alinhar, do ponto de vista
das energias, com seus guias espirituais. Esse esforço, este sacrifício é um bem que se faz, para si
próprio e para o trabalho de toda a Casa Espírita.
E esse esforço, caros filhos, é, por si só, um grande aprendizado. As lições de Jesus são
elementos graciosos, convenientes, oportunos, grandiosos para o espírito que deseja trabalhar
no bem, especialmente na mediunidade.
Educar a mediunidade para o trabalho com Jesus é a tarefa principal das Casas Espíritas.
Muitos já trazem as suas sensibilidades, as suas suscetibilidades, mas também os seus
compromissos. E as Casas Espíritas precisam trabalhar no sentido de fortalecer a mediunidade, o
trabalho em equipe, os conhecimentos necessários, para que a sabedoria traga consolo, para que
todo o elemento de serviço determine, em cada um, equilíbrio e paz.
Portanto, caros filhos, esse esforço que todos fazem, que todos buscam, precisa ser sempre
analisado no ambiente da Casa Espírita. Trabalhar com Jesus, conhecer Kardec, fazer o esforço
necessário é o ponto comum, necessário, oportuno, de todos aqueles que querem se dedicar ao
trabalho no bem.
Não pensem vocês que o médium é um ser especial. Este pode ter o dom de escrever; o
outro, de falar; mas para nós, espíritos, o que importa é o dom de consolar, educar, servir,
amparar, é o dom do esforço que cada um precisará ter para direcionar o seu espírito para o
serviço no bem.
Os guias espirituais de todas as Casas Espíritas fazem o esforço necessário para educar o seu
tutelado diante da vida terrena, com a finalidade principal de servir ao próximo.
Que Deus ampare, fortaleça a todos aqui presentes, a todos que ouvem, a todos que estão
aprendendo a servir com Jesus e a todos aqueles que estão, também, iniciando neste
aprendizado, para que, nesse esforço maior, pouco a pouco, possamos construir um verdadeiro
sentimento de serviço ao próximo, sob a égide de Jesus
Um abraço do Hermann, e que todos possam ser amparados por Deus e por Jesus,
sempre e sempre.
Muita paz.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Luiz Carlos Dallarosa, em 03/09/2014, no CELD-RJ.)

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