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Economia

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Por Robert Sirico

24/12/2020

A parábola dos talentos: a Bíblia, os


empreendedores e a moralidade do lucro
A moralidade da livre iniciativa anda de mãos dadas à ética cristã

As parábolas de Jesus nos ensinam verdades eternas, mas também oferecem lições práticas
inesperadas para as questões mundanas.
No Evangelho de Mateus (Mt 25:14-30), encontramos a parábola dos talentos de Jesus. Como
todas as parábolas bíblicas, elas têm muitos níveis de significado. Sua essência se relaciona a
como utilizamos o dom da graça de Deus. Com relação ao mundo material, trata-se de uma
história sobre capital, investimento, empreendedorismo, e o uso adequado de recursos
econômicos escassos. É uma refutação direta àqueles que veem uma contradição entre o
sucesso dos negócios e a vivência da vida cristã. 

A parábola

Um homem rico, prestes a iniciar uma longa viagem, chamou os seus três servos e lhes disse
que eles seriam os guardiões de seus bens enquanto estivesse ausente. Após o mestre analisar
as habilidades naturais de cada um, ele deu 5 talentos a um servo, 2 a outro, e 1 ao terceiro. Em
seguida, partiu para sua viagem.

Os servos não perderam tempo e imediatamente adentraram o mundo do empreendimento e


dos investimentos.  Aquele que recebera cinco talentos empreendeu e ganhou outros cinco.  Do
mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que havia recebido apenas um fez
uma cova no chão e escondeu ali a propriedade do seu mestre.

Depois de muito tempo, o mestre retornou e foi acertar as contas com seus servos. O servo que
havia recebido 5 talentos se apresentou. "Meu senhor", ele disse, "o senhor me confiou 5 talentos;
veja, aqui estão mais cinco que eu consegui!".

"Muito bem, servo bom e fiel!" o mestre respondeu. "Já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o
muito; entra no gozo do teu senhor!"

Em seguida, o servo que havia recebido 2 talentos se aproximou do mestre. "Meu senhor", disse,
"o senhor me confiou 2 talentos; veja, obtive mais dois!" O mestre disse: "Muito bem, servo bom
e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor". 

Finalmente, aquele que havia recebido 1 talento se aproximou de seu mestre. "Meu senhor",
disse, "eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não
joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu!".

A resposta do mestre foi rápida e severa: "Servo mau e preguiçoso! Se sabias que ceifo onde não
semeei e que recolho onde não joeirei, devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos
banqueiros e, ao meu retorno, teria recebido o que é meu com juros".

O mestre ordenou que o talento fosse tomado do servo preguiçoso e dado àquele que tinha dez
talentos: "Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem,
dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai
o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes!"

Essa não é a história que frequentemente ouvimos nos púlpitos e sermões. Nossos tempos ainda
exaltam uma ética socialista na qual o lucro é suspeito, e o empreendedorismo é visto com
suspeita e desagrado. Porém, a história apresenta um significado ético facilmente perceptível, e
apresenta lições profundas que ajudam a compreender qual é a responsabilidade humana na
vida econômica.

Uma análise mais atenta


Nessa parábola, a palavra "talento" possui dois significados. É uma unidade monetária: era a
mais utilizada da época. O estudioso bíblico John R. Donovan relata que um único talento era
equivalente ao salário de 15 anos de um trabalhador comum. Portanto, sabemos que a quantia
dada a cada servo era considerável.

Se interpretarmos de uma forma mais ampla, os talentos se referem a todos os dons que Deus
nos deu. Essa definição abarca todos os dons -- naturais, espirituais e materiais. Inclui,
também, nossas habilidades e recursos naturais -- saúde e educação --, bem como nossas
posses, dinheiro e oportunidades.

Uma das lições mais simples dessa parábola é que não é imoral lucrar por meio do uso de
nossos recursos, inteligência e trabalho. A alternativa ao lucro é o prejuízo; e a perda de
riqueza, especialmente por falta de iniciativa, certamente não constitui uma boa e sensata
administração.

A parábola existente no Evangelho de São Mateus pressupõe uma compreensão básica da


correta administração do dinheiro. De acordo com a lei rabínica, o ato de enterrar o dinheiro
era considerado a forma mais segura contra o roubo. Se a uma pessoa fosse confiada uma
quantia em dinheiro e ela o enterrasse tão logo estivesse em seu poder, ela estaria livre da culpa
se algo acontecesse com ele. O oposto era verdade se o dinheiro fosse enrolado em um pano. 
Nesse caso, a pessoa era responsável por cobrir qualquer perda (prejuízo) incorrida devido à má
administração do depósito que lhe foi confiado.  

Ainda nessa história, o mestre inverte o entendimento da lei rabínica. Ele considerou enterrar o
talento -- ficando elas por elas -- como um prejuízo, pois ele pensava que o capital deveria
receber uma taxa de retorno razoável. De acordo com esse entendimento, tempo é dinheiro (ou
juros).

A parábola também contém uma lição crítica sobre como devemos utilizar as habilidades e
recursos dados por Deus. No livro de Gênesis, Deus deu a Adão a Terra à qual ele deveria
misturar seu trabalho para seu próprio uso. Na parábola, de forma similar, o mestre esperava
que seus servos buscassem ganhos materiais. Em vez de preservar passivamente o que lhes
tinha sido dado, o mestre esperava que investissem o dinheiro. O mestre ficou furioso diante da
timidez do servo que tinha recebido um talento. Deus nos ordena a utilizar nossos talentos para
fins produtivos. A parábola enfatiza a necessidade do trabalho e da criatividade, e condena a
preguiça.

A busca por segurança

Ao longo da história, as pessoas tentaram construir instituições que assegurassem uma


segurança perfeita, como o servo fracassado tentou. Tais esforços variam dos estados de bem-
estar greco-romanos, passando pelo totalitarismo soviético em grande escala, até as
comunidades luditas da década de 1960.

De tempos em tempos, esses esforços foram adotados como soluções cristãs para inseguranças
futuras. Ainda assim, na Parábola dos Talentos, a coragem frente a um futuro incerto é
recompensada no primeiro servo, que recebeu mais. Ele havia empreendido os 5 talentos, e ao
fazê-lo, obteve mais 5. Teria sido mais seguro para o servo investir o dinheiro no banco para
obter juros. Pela fé que demonstrou, foi-lhe permitido manter os 5 iniciais mais os 5 que havia
recebido, compartilhando da alegria do mestre. 

Isso implica uma obrigação moral de confrontar a incerteza de maneira empreendedora. E


ninguém o faz melhor que o empreendedor. Muito antes de saber se haverá retorno aos seus
investimentos ou ideias, ele arrisca seu tempo e sua propriedade. Ele tem de pagar os salários
de seus empregados muito antes de saber se o seu empreendimento terá algum retorno. Ele
incorre em gastos muito antes de saber se previu os eventos futuros de forma acurada. Ele vê o
futuro com esperança, coragem e um senso de oportunidade. Ao criar novos negócios, ele
oferece alternativas para os trabalhadores, que agora podem optar por receber um salário e
desenvolver suas habilidades.

Por que, então, os empreendedores são frequentemente punidos como maus servos de Deus?

Muitos líderes religiosos falam e agem como se o uso dos talentos e recursos naturais dos
empresários em busca do lucro fosse imoral, uma noção que deveria ser descartada à luz da
Parábola dos Talentos. O servo preguiçoso poderia ter evitado seu destino sombrio ao ser mais
empreendedor. Se houvesse feito um esforço para empreender o dinheiro do seu mestre e
retornado com prejuízos, ele não teria sido tratado tão mal, pois ao menos teria trabalhado em
nome do seu mestre.

Empreendedorismo e ganância

A religião deve reconhecer o empreendedorismo pelo que ele é: uma vocação. 

A capacidade de sucesso nos negócios, na bolsa de valores ou em um banco de investimentos é


um talento. Como outros dons, não deveriam ser desperdiçados, mas usados em sua plenitude
para a glória de Deus. Críticos ligam o capitalismo à ganância, mas a natureza fundamental da
vocação empresarial é se concentrar nas necessidades dos consumidores e se esforçar para
satisfazê-las. Para ter sucesso, o empreendedor tem de servir aos outros.

A ganância se torna um risco espiritual -- que ameaça a todos nós, independentemente de


nossa riqueza ou vocação -- quando passa a haver um desejo excessivo ou insaciável por ganhos
materiais, independentemente de nossa condição financeira. O desejo se torna excessivo
quando, nas profundezas do seu ser, ele supera as preocupações morais e espirituais. 

Mas a parábola deixa claro que a riqueza por si só não é injusta -- pois o primeiro servo recebeu
mais do que o segundo e o terceiro. E quando o lucro é o objetivo a ser alcançado pelo uso do
talento empresarial, isso não configura ganância. É apenas o uso apropriado do dom.

Além de condenar o lucro, os líderes religiosos frequentemente favorecem diversas variedades


de igualdade social e redistribuição de renda. Sistema de saúde universal, maiores gastos com
políticas assistencialistas, e tributação pesada sobre os ricos são todos promovidos em nome da
ética cristã. O objetivo supremo de tais políticas é a igualdade, como se as desigualdades inatas
que existem entre as pessoas fossem, de alguma forma, inerentemente injustas.

E não é assim que Jesus se posiciona na Parábola dos Talentos. O mestre confiou talentos a cada
um de seus servos de acordo com suas respectivas habilidades e capacidades. Um recebeu 5,
enquanto outro recebeu somente 1. Aquele que recebeu menos não recebe compaixão do
mestre pela sua falta de recursos em comparação ao que seus outros colegas receberam. 

Podemos inferir dessa parábola que a igualdade de renda ou a realocação de recursos não é uma
questão moral fundamental. Os talentos e matérias-primas que cada um de nós tem não são
inerentemente injustos; sempre existirão desigualdades desenfreadas entre as pessoas. Um
sistema moral é aquele que reconhece tal fato e permite que cada pessoa utilize seus talentos
em sua plenitude. Todos nós temos a responsabilidade de empregar as capacidades e
habilidades das quais fomos dotados.

Também podemos aplicar a lição dessa parábola às nossas políticas sociais. No sistema vigente,
o salário do trabalhador é tributado para pagar os benefícios daqueles que não trabalham. 

Frequentemente ouvimos que "não existem empregos" para a grande maioria dos pobres. No
entanto, sempre existe trabalho a ser feito. A necessidade de trabalho é, por definição, infinita.
Um homem com duas mãos saudáveis pode encontrar trabalho que pague $1 por hora. Em tese,
ele deveria decidir se trabalhar ou não. No entanto, é o governo quem decide se ele pode ou não
aceitar tal valor. Por isso, nosso sistema de bem-estar desencoraja o trabalho. Além de o
governo proibir aqueles que aceitariam trabalhar por menos que o salário mínimo, ele também
cria um incentivo perverso para se recorrer ao assistencialismo: ninguém aceitará um trabalho
que pague pelo menos o mesmo que o seguro-desemprego.

Deus ordena que todas as pessoas utilizem seus talentos; todavia, em nome da caridade, nosso
sistema assistencialista encoraja as pessoas a deixarem que suas habilidades naturais atrofiem,
ou que nem mesmo as venham a descobrir. Dessa maneira, estimula-se o pecado. 

A Parábola dos Talentos implica que a inatividade -- ou o desperdício de talento


empreendedorial -- incita a ira de Deus. Afinal, o servente mais baixo não havia desperdiçado o
talento; ele simplesmente o havia enterrado: algo que era permissível (aceitável) pela lei
rabínica. A rapidez da reação do mestre surpreende. Ele o chama de "mau e preguiçoso" e o
expulsa para sempre de sua convivência.

Aparentemente, não é somente a preguiça do servo que motiva tanta ira. Ele não mostrou
nenhum arrependimento, e ainda culpou seu mestre pela sua timidez (incompetência). Sua
desculpa para não investir o dinheiro é que ele considerava o seu mestre duro e exigente,
embora a ele houvessem sido confiados recursos generosos. Por medo do fracasso, ele se
recusou até mesmo a tentar ter sucesso.

Essa parábola também nos ensina algo sobre macroeconomia. O mestre seguiu viagem
deixando o total de 8 talentos; ao retornar, os 8 haviam se transformado em 15. A parábola não é
a história de um jogo de soma zero. O ganho de uma pessoa não ocorre à custa de outrem. O
empreendimento exitoso do primeiro serve não prejudica as possibilidades do terceiro servo. O
mesmo se aplica à economia atual. Ao contrário do que é normalmente pregado do púlpito, o
sucesso dos ricos não vêm à custa dos pobres.

Se por se tornar rico o servo mais bem sucedido tivesse prejudicado a outrem, o mestre não o
teria elogiado. O uso sábio dos recursos em investimentos não somente é correto do ponto de
vista individual, como também ajuda as outras pessoas. Uma onda que sobe levanta todos os
barcos. Da mesma forma, a riqueza do mundo desenvolvido não ocorre nas costas das nações
em desenvolvimento. A Parábola dos Talentos implica uma sociedade livre e aberta.

Cristãos de esquerda normalmente recorrem às palavras de Jesus em Mateus 19:24: "Como é


difícil entrar no Reino de Deus. É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que
um rico entrar no Reino de Deus". Seus discípulos foram tomados de surpresa, e se
perguntaram: quem poderia ser salvo, então? Jesus acalmou seus medos: "para um homem é
impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis".

Isso não significa que nosso sucesso material nos afastará do paraíso; implica, isso sim, a
necessidade de levarmos uma vida moralmente, a qual deve estar acima de qualquer
preocupação com bens materiais. Nossa preocupação para com Deus deve ser a mesma que os
servos tiveram com relação aos interesses do seu mestre enquanto buscavam o lucro.
Permanece verdade que, não obstante todas as nossas posses e feitos terrenos, dependemos
completamente de Deus para alcançarmos a salvação.

No entanto, para a condução da economia, dependemos fortemente do empreendedorismo, do


investimento, da tomada de risco e da expansão da riqueza e da prosperidade. Deveríamos ser
mais críticos quanto à maneira como nossa cultura trata o empreendedorismo. As revistas de
negócios estão repletas de histórias de sucesso. O herói é frequentemente o empreendedor
corajoso, visionário e alegre, que se assemelha ao servo capaz que recebeu 5 talentos. Contudo,
ao mesmo tempo, a fé religiosa popular continua a louvar e promover o comportamento
endêmico do servo preguiçoso que foi expulso do convívio do mestre.

Conclusão

O cristianismo é frequentemente culpado pelo fracasso dos projetos socialistas ao redor do


mundo. E, em muitos casos, cristãos desinformados participaram da construção desses tipos de
projetos. A lição da Parábola dos Talentos precisa ser mais bem entendida. O sonho socialista é
imoral. Ele simplesmente institucionaliza o comportamento condenável do servo preguiçoso. 

Onde Deus recomenda a ação criativa, o socialismo encoraja a preguiça. Onde Ele demanda fé e
esperança no futuro, o socialismo promete uma falsa forma de segurança. Ao passo que a
Parábola dos Talentos sugere a superioridade moral da livre iniciativa, do investimento e do
lucro, o socialismo a nega.

Todas as pessoas de fé deveriam trabalhar tenazmente para acabar com a divergência entre
religião e economia. Essa parábola de Jesus é um bom ponto para se começar a incorporar a
moralidade do livre mercado e da livre iniciativa à ética cristã.

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Leia também:

A teologia do estado no Novo Testamento - O que realmente era o "Dai a César"

A teologia do estado no Novo Testamento – Romanos 13 e a "submissão" aos governos


Sobre o autor

Robert Sirico
É fundador e presidente do Acton Institute Padre e mestre em teologia, ele tambÉm é membro
da Mont Pèlerin Society.

Comentários (149)

Hudson 08/03/2015

A teologia da missão integral (Ariovaldo Ramos/Ed René Kivitz) e a teologia da libertação (Frei
Beto e Leonardo Boff) piram!

Marcelo 21/11/2019

A esquerda nega a individualidade humana e a sua liberdade de consciência.


Deus criou o homem não como um ser completo, mas sim como uma individualidade
completa.
O dar consequência a todos os atos é o principal corolário da ética.
Na Bíblia fica claro que somente se pode colher aquilo que plantar.
Não existe igualdade, mas sim o livre exercício do direito de escolha (nisso consiste a
semelhança de Deus no homem).

Responder

Carlos Eduardo 08/03/2015

É bem interessante notar que quando Jesus fala sobre ricos, camelos e buracos de agulha, os
discípulos então perguntam: Se é assim, então QUEM poderá se salvar? Ou seja, eles
entenderam que Cristo não estava se referindo apenas aos ricos "milionários", tanto é que eles
também, homens pobres, se incluíram entre os citados. Com certeza a definição de ricos ali era
algo muito mais abrangente.

Ricardo 08/03/2015
Sempre lembrando que os ricos daquela época eram os poderosos ligados ao governo,
que vivam do esbulho da propriedade alheia. Empreendedores e comerciantes
estavam longe de ser ricos.

Dalton C. Rocha 24/12/2019

"Afinal é camelo ou nó?Havia uma porta com nome de agulha?" >


www.youtube.com/watch?v=-KoksVkuVwk

Responder

Guilherme 08/03/2015

Este é um do motivos para que os Socialistas/Comunistas/Ateus/Religião ópio do povo, odeiem


o Cristianismo??? Catolicismo Humanístico X Protestantismo Mark Weber e A Ética Protestante.
Na bíblia vemos Deus abençoando com riquezas, mas não permitindo a avareza, e ordenando a
caridade, pois sempre haveria pobres e ricos, não por causa de um sistema injusto e perverso
dos ricos, mas pelo uso dos dons administrativos, capacidade de gerar riqueza, à exceção de
tempos de guerra e morte.

anônimo 09/03/2015

Sim e não. Comunistas usam de ateísmo para enfraquecer a mente do povo, tirá-lo de
um rumo de benevolência e carinho pelo próximo. Isso é necessário para as ideologias
comunistas serem postas no lugar. É por isso que na Coréia do Norte a família dos
ditadores é tida como "Deus", assim como qualquer religião é ilegal na China. Porque
como comunista é necessário convencer as pessoas de que os fins justificam os meios,
e que pessoas terão de serem mortas pelo estado, assim como aquele comunista que
luta pelo estado tem que por o estado acima de Deus pra conseguir matar "inocentes"
(inocente por moralidade, culpado porque o estado decidiu). É assim que a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (sempre enfatizo de escrever o nome por extenso,
para lembrar do socialismo na união soviética. ESTÁ NO NOME!) mataram cerca de
190.000.000 de pessoas em quase 100 anos.
Porque se houver uma religião no meio, ela vai impedir as pessoas de cometerem as
barbáries que o estado mandar.
Você pode até dizer que a religião muçulmana matou 200.000.000 de pessoas, mas
isso foi ao longe de 2.000 anos! E o cristianismo matou apenas cerca de 5.000 pessoas
durante a inquisição. Incomparável.

Por outro lado, o ateísmo vai ao menos tentar purgar das pessoas as religiões ruins
que existem no mundo, como muitas religiões "evangélicas" que existem no Brasil,
estas religiões que podem ser usadas com propósitos de criar a revolução permanente
e por o comunismo como soberania no estado.
Perceba também na minúcia que mídias brasileiras tem feito nos últimos anos,
escrevendo Estado e não estado, assim como Deus. Atribuo isso ao idioma francês,
maior influência disso. Essa atitude é nojenta e doentia.

Afinal de contas, ateísmo e política estão descorrelacionados, e muitos ateus lutam


pela liberdade de religião, que o estado não imponha religião alguma, seja ela qual for.
Por mais que todo comunista de verdade precise ser ateu.

Responder

anônimo 08/03/2015

Ótimo texto IMB, obrigado pela publicação!

Responder

AnarcoPunk 08/03/2015

Não há moralidade no lucro, é simples assim. O talento para ganhar dinheiro é o menor e mais
vil do que podemos chamar de "talentos". Se colocarmos todas as grandes obras, descobertas,
invenções e tecnologias desenvolvidas em toda a história da humanidade, a esmagadora parte
delas foi feita por pessoas que não buscavam o lucro ou a fortuna e sim a própria superação e,
os mais ambiciosos, a glória e a fama.

Kelvin 06/06/2015

Se não fosse o lucro nenhuma invenção, produto ou serviço estaria a nossa disposição
facilmente, o lucro é o que incentiva os mais diversos produtos e serviços se
espalharem pelo mundo.

hodrygo 30/08/2018

Desculpe amigo, mas o mundo é movido por interesses. ninguém trabalha de graça,
Abraão era comerciante e ganhava da terra. Um padeira não vai usar seu talento para
produzir um pão e te dar de graça.

Leandro C 01/11/2019

"AnarcoPunk 08/03/2015 21:15


Não há moralidade no lucro, é simples assim."
Esta expressão, como verdade absoluta, não pode ser aceita; mas, considerada como
relativa, acaba possuindo alguma margem de razão; Assim, acho que concordo
contigo, mas somente até certo ponto, pois tudo depende do conceito que se use para
se perceber o que seja moralidade e também o que seja lucro.

Entendo que seja moral você lutar para permanecer vivo, aliás, não apenas vivo, mas
com algum conforto; igualmente em relação aos seus queridos amados entes, de
sangue ou não, isto é, aqueles aos quais você entende como família, mormente, os
menores de idade sob os seus cuidados. Neste sentido, entendo que moral que você
trabalhe para que isto venha a ocorrer, preferencialmente servindo aos demais, não os
atacando; o resultado (positivo) do trabalho acaba sendo o lucro, o qual será usado
para os fins mencionados, todos positivos e moralmente aceitos. Entendido o lucro
como sendo o ganho auferido com a realização do seu trabalho, então nada mais justo
e moral, pois ele é pretendido quando da realização do trabalho, justamente para os
fins de ajudar os seus; enfim, você ajuda os não tão próximos para auferir lucros e
assim ajudar os mais próximos, e vice versa; uma situação altamente moral em que
todos ganham.

Agora, fixando-se apenas no lucro enquanto razão de existência, não como meio de
existência, e o colocando acima de tudo o mais, isto estará diminuindo a importância
não apenas de Deus (pois o lucro tirou seu lugar), como também dos demais
indivíduos (a quem ignora a própria família em busca do lucro, o que se dirá dos mais
distantes) e de si próprio (transformando-se a si mesmo de indivíduo detentor de
várias capacidades mas que precisa suprir alguma escassez para viver, para uma
simples ferramenta de obtenção de lucro que se amontoará indefinidamente para o
deleite de nada); enfim, visar o lucro como fim último (seja ou não obtido, mas visado)
para simples acumulação indefinida é justamente o que foi condenado na parábola
bíblica e neste artigo, seja para garantir segurança enterrando-a na terra, seja
acumulando-a indefinidamente e se esquecendo de que deveria servir a um propósito
maior que é o de proporcionar meios à satisfação de seu detentor.

Isto é o que diferencia a maior parte de usos de coisas boas em más; o uso comedido
de algo em uso viciado; o vício no lucro também não parece algo bom, assim como não
parece bom qualquer tipo de vício; Em nossas vidas podemos definir diversos
propósitos, ou mesmo nenhum; definir como finalidade única a obtenção de lucro
parece algo pobre, ainda que financeiramente rico; e quem mais perde com isto é a
própria pessoa que o faz.

Responder

Renato Souza 08/03/2015


Note-se que o mestre acaba com todas as desculpas do terceiro servo ao falar que este poderia
emprestar o dinheiro aos banqueiros. O servo se considerava incapaz de gerenciar uma
atividade econômica com um valor tão alto, mas seria bastante seguro (embora, em geral,
menos rentoso que a indústria e o comércio) emprestar o dinheiro aos bancos. Caso um
banqueiro respeitado fosse À bancarrota, o mestre não culparia seu servo por isso. Diria
simplesmente "você fez o certo, em geral é seguro deixar o dinheiro com os banqueiros, se você
não se sentia seguro de suas capacidades para gerenciar o dinheiro, então o banco é a melhor
opção".

Responder

Renato Souza 08/03/2015

Aqueles que querem caracterizar Jesus como um socialista, sempre "esquecem" dessa parábola.
Há muito tempo tenho entendido os significados econômicos dessa parábola (e o seu significado
básico é econômico, logo para sua compreensão correta, é necessário entender os processos
econômicos envolvidos). Quando conheci a doutrina austríaca, isso ficou ainda mais evidente.

atorres1985 09/03/2015

Tem parábolas muito mais explícitas sobre isso. A mentalidade judaica, ainda que
fosse de "uma grande família", de "descendentes de Abraão" (e que explica muitas
associações que parecem música para socialistas, como o respeito aos sacerdotes e
profetas ou o não cobrar juros de pobres e sempre fazer caridade), tinha sua dose de
individualismo.

Tem a parábola da moeda perdida; tem a da pérola que, de tão preciosa, a pessoa
vende tudo o que tem para tê-la - mostrando o valor subjetivo.

Mas tem uma que eu acho bem interessante: a dos trabalhadores. Um senhor sai pela
cidade contratando pessoas para trabalhar. Encontra uns de manhã, outros no meio-
dia e mais outros no fim do dia. Todos trabalham até de noite. Porém, o senhor dá o
mesmo tanto de dinheiro a cada um deles. Os que trabalharam mais foram reclamar
por que ganharam proporcionalmente menos.
Ao que o senhor replica, dizendo que cada um dos trabalhadores aceitou as condições
que lhes foram impostas, e que ele fez um contrato com cada trabalhador
individualmente - logo, não tem por que um se meter nos assuntos do outro.

Responder
Adelson Paulo 08/03/2015

Apenas gostaria de acrescentar outro trecho do Novo Testamento que uso como filosofia de
vida, e que apresento sempre que discuto sobre o socialismo:
"Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode
a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom
fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis" (Mateus 7:17-20).

Responder

Alisson Pedrosa 09/03/2015

Excelente texto. Continuem com essas publicações que tratam do livre mercado sob uma ótica
bíblica.

Responder

Fabricio 09/03/2015

Pergunta de um cara meio ignorante de Biblía.

Qual é a opinião dos cristãos libertários sobre a comunidade de cristãos na epoca do apóstolo
Paulo.

Aqueles textos seriam uma apologia a uma forma primitiva de socialismo?

Gilmar 09/03/2015

Qual comunidade especificamente? Existiam comunidades cristãs em diversas


regiões, com culturas e costumes diferentes, algumas mais ricas outras mais pobres.

O suposto "socialismo" das comunidades cristãs: "O que é meu, é teu."


O socialismo do mundo, o real: "O que é teu, é meu."

Pense bem, entre essas duas frases existe um abismo intransponível.

Yonatan Mozzini 09/03/2015

Não mesmo, Fabrício. Aquele "arranjo" era totalmente voluntário. Os cristãos


primitivos vendiam suas propriedades por iniciativa própria e repartiam conforme as
necessidades. Ninguém era obrigado a vender nada nem distribuir a ninguém caso se
tornasse cristão.

Renato Souza 09/03/2015

Não se pode falar em socialismo se é tudo voluntário. Dividir voluntariamente seus


recursos com outros não é socialismo. Socialismo é O Partido tomar a força as coisas
das pessoas e "dividir" com "os pobres" (e é claro que os donos do Partido se tornam
sempre os donos reais de todos os bens, vivendo uma vida de luxo, enquanto o povo se
ferra).
.
Mas mesmo a descrição dessa divisão de bens, na época dos apóstolos é bastante
distorcida pelos socialistas. Os primeiros cristãos eram judeus, e era extremamente
mal visto que um judeu, sendo jovem a saudável, quisesse viver Às custas dos outros.
Mas o texto de Atos dos Apóstolos narra que eles eram bem vistos pelo povo. Narra-se
também que dividiam os bens, mas não se deve pensar que fosse como os essênios.
Eles não foram morar todos num comunidade, eles continuaram vivendo cada um em
sua própria casa, continuaram vivendo nas cidades em que moravam. Muitos deles
eram artesãos, comerciantes, comerciários, trabalhadores braçais. Artesãos,
trabalhadores especializados e comerciantes teriam se tornado miseráveis se
vendessem seu capital, e passariam a depender de esmolas. Logo, se agissem assim,
poucos meses após seriam dependentes de ajuda e sem trabalho. E não poderiam
gozar da admiração do povo de Jerusalém. Nada disso aconteceu, logo, eles não
venderam seu capital, seu ganha pão. Então o que eles dividiam com os mais pobres?
o próprio texto esclarece: Alguns venderam "herdades" (como algum sítio ou casa de
um avô falecido). Também se diz que "repartiam o pão". Então, este era em essência o
"repartir os bens" de que o texto fala: Pessoas que residiam nas cidades, e se
sustentavam com suas atividades profissionais, muitas vezes ao vender uma pequena
propriedade rural usavam essa valor (ou parte dele) para ajudar pessoas que
estivessem pobres, e também ajudavam na alimentação dos mais pobres (o livro fala
especificamente de viúvas). Note-se que em uma das cartas de Paulo, ele exorta os
familiares a sustentarem suas próprias viuvas, para que esse encargo não se tornasse
pesado para a congregação. Isso significa que a ajuda era para viúvas (e órfãos) que
não tivessem família para os sustentar, ou cujas famílias fosse demasiadamente
pobres.
.
Creio que é importante explicar isso, para desfazer os mitos que os socialistas tem
difundido.

anônimo 09/03/2015

A Igreja Primitiva Era Comunista?


https://resistireconstruir.wordpress.com/2014/03/02/a-igreja-primitiva-era-
comunista/

Brant 09/03/2015

Não se tem notícia que os cristão primitivos praticassem ou incentivassem roubos a


propriedades de terceiros e dividissem o resultado da pilhagem entre os pobres ou
entre eles mesmos. Por que é exatamente disso que se trata o socialismo.

Acho que você está confundindo uma comunidade baseada em trabalho


voluntário/comunitário com socialismo.

John Galt 05/06/2015

Na verdade você tem a resposta quando continua a ver o desenrolar da história, a


experiência do convívio múto é porque todos acreditavam que Cristo retornaria em
breve, por isso a única necessidade era pregar o evangelho e não precisavam ligar
para serem produtivos pois o fim estaria breve. Após esse tempo veio a perseguição
aos cristãos, principalmente por parte de líderes políticos e outros religiosos que
tinham influência política. Contudo essa perseguição fez com que os cristãos se
espalhassem acabando com aquele regime de vivência comum e mais tarde isso foi
considerado como um ato de Deus, pois ele queria que os cristãos espalhassem o
envangelho por todo o mundo, ao contrário de ficar vivendo de forma não produtiva
esperando o fim dos tempos(não parece similar ao que alguns socialistas chamam de
fim da história?).
Além disso o que é importante notar é que mesmo naquele convívio protocomunista
havia pontos a observar:
1 - Quem administrava os bens eram os apóstolos que eram guiados pelo Espírito
Santo. Isso novamente nos remete a ideia que tal sistema só funciona por
interferência sobrehumana e divina.
2 - As doações e convivência em comum não eram forçadas, tanto é que em Atos 5,
Ananias e Safira, um casal que doa suas propriedades para o sustento comum,
mentem quanto ao valor total que doaram falando que era tudo o que eles tinham
quando na verdade era apenas parte do que tinham. Então o apóstolo Pedro é avisado
pelo Espírito Santo que eles estão mentindo, o apóstolo pergunta a Ananias sobre o
quantia e ele mantém a mentira então ele é morto por Deus logo após Pedro dar a
sentença, e o mesmo ocorre com a Safira. Isso parece um ode ao comunismo bruto -
me entregue o que você tem ou então vai morrer, contudo há um grande revés na
história que é a fala do apóstolo que coloco com minhas palavras:
Bem tudo o que vocês tinham pertencia a vocês, se quisessem doar tudo, podem doar,
mas se não queriam doar tudo não precisava doar pois a propriedade pertence a vocês
logo são vocês que tem o poder de decidir o que fazer com isso. Vocês vão morrer não
porque não doaram tudo mas porque mentiram que doaram tudo para fingir uma
falso desapego dos bens materiais e mostrarem - se mais espirituais que os outros
irmãos.
Isso é um balde de água fria nos argumentos dos socialistas quando citam tal
passagem para comprovar que na igreja cristã primitiva o ideal era o comunismo.
E o convívio era uma opção pois quando lemos Atos dos Apóstolos notamos que
alguns cristãos continuam a viver em suas casas e não na comunidade cristã.

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