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Direito
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Por Geanluca Lorenzon
19/08/2023
Um caso encontrado apenas nos escritos de Sir Edward Coke, Darcy vs Allein foi
consagrado pela Suprema Corte americana como "O Caso dos Monopólios",
conforme descrito em Slaughter-House Cases.
As razões de julgamento tidas pela Corte à época (conhecida como King's Bench)
são surpreendentes e positivamente assustadoras para um tempo tão antigo.
Conforme reportado por Sir Edward Coke, a Corte definiu que todo homem tem o
direito a suas faculdades mentais e físicas, e que esse direito não pode ser retirado
por ninguém, nem pela autoridade pública.
Although the court, in its opinion, refers to the increase in prices and
deterioration in quality of commodities which necessarilly result from the grant of
monopolies, the main ground of the decision was their interference with the
liberty of the subject to pursue for his maintenance and that of his family any
lawful trade or employment. This liberty is assumed to be the natural right of
every Englishman.
Embora a Corte, em sua decisão, refira-se ao aumento de preços e à
deterioração da qualidade dos produtos como resultados necessariamente oriundos
da imposição de um monopólio, a razão central da decisão está na interferência
da liberdade de um indivíduo em buscar sustento para si e sua família por meio
de um trabalho ou comércio lícito. Essa liberdade é entendida pela Corte como
sendo um direito natural de todo cidadão inglês.
A decisão também destacou que qualquer monopólio nada mais é do que uma
concessão de privilégios de um sobre os outros. A busca pela felicidade (direito
natural) dentro do Império Britânico era, nas palavras da Corte, um dos mais
importantes valores da sociedade regida pela common law (direito consuetudinário).
Como destacou André S. C. Ramos em um artigo para este site, as leis econômicas
não existem para o STF. Em diversas decisões, o STF defende e mantém monopólios
e oligopólios protegidos pelo estado sob justificativas de interesse público, interesse
da coletividade e outros interesses, que no fundo nada significam.
Em que realidade vive um brasileiro que acredita que serviços estatais são mais
acessíveis à população do que aqueles ofertados pelo setor privado?
O Caso dos Monopólios foi novamente mencionado em 1948 pela Suprema Corte
americana em United States v. Line Material Co., mas, infelizmente, dessa vez para
justificar medidas que o governo julgava ser úteis para combater monopólios, como
o Sherman Act.
De qualquer forma, Darcy vs. Allein se tornou uma referência para aqueles que
acreditam que a economia tem muito a contribuir e complementar às demais
ciências sociais, criando um precedente que veio possibilitar à humanidade dar o
maior salto em sua qualidade de vida: a Revolução Industrial.
Geanluca Lorenzon
Geanluca Lorenzon é consultor empresarial em uma das maiores firmas do mundo. Foi Chief
Operating Officer (C.O.O.) do Instituto Mises Brasil e advogado. Pós-graduado em
Competitividade Global pela Georgetown University.
Comentários (18)
Obviamente, os juízes do STF não são obrigados a depender dos serviços estatais.
***
Rosa 17/03/2016
Nikus 19/08/2023
"E, se não houve ninguém para nos ensinar a humanidade nós estaremos fadados a
regredir à época das cavernas ou a extinção." À história mostra que os indivíduos que
mais insistiram em ensinar os outros "como viver" foram os que levaram aos
resultados mais desastrosos, fazendo seus filhos virarem contra eles e afins. Existem
apenas dois modos de ensinar os indivíduos "como viver em sociedade": Por exemplo
próprio e por ensinamentos didáticos sensatos, e desde que à educação tomou
dimensão extrema na vida das pessoas, contaminados por intelectuais que pouco
tinham apreço pela verdade e por pais que muitas vezes sonhavam em se tornar
funcionários públicos de alto escalão, tudo isso somou na deterioração do indivíduo,
principalmente daqueles que vivem nas classes mais altas, tais como os ditos
ministros do STF: À vida que eles levaram, sempre no meio da elite e de seus
ensinamentos, os levaram à ser agentes que agem contra à sociedade em geral.
Obviamente é totalmente improvável de esperar que um ministro do STF
genuinamente pense na condição do pobre: se cita-lo em suas decisões, será apenas
para justificativas demagogas, pois no fundo está apenas atendendo os interesses da
classe governante. O jogo da política é aonde os mais corruptos se reunem para ditar
como o populaço deve viver: ajoelhado sob suas pernas.
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Andre 15/03/2016
Pois é, também entendi isso, se é tão importante, necessário, contínuo e necessita ser
barato, deveria quebrar o monopólio, e não mantê-lo.
Responder
Esse monopólio dos Correios é uma vergonha. Com tanta tecnologia já passou e muito da hora
dos correios deixarem de ser um cabide do estado.
Auxiliar 10/03/2016
Rene 10/03/2016
Acredito que o último comentário deve ter sido irônico. Quando vamos aprender? Isso nunca foi
uma questão de aprendizagem. É uma questão de política. Para o governo, é melhor mesmo que
existam poucas empresas com uma grande fatia de mercado cativa, mantida através de pesadas
regulamentações. São menos empresas para coletar impostos e é mais fácil de pedir doações de
campanha para elas. As próprias empresas sabem que dependem do governo para manter as
regras que garantem seus consumidores. Neste sistema, elas precisam focar suas energias em
atender apenas uma entidade, que é o governo, e não se sujeitar aos caprichos de consumidores
que mudam de opinião o tempo todo.
Enfim, todos saem ganhando. Exceto talvez pelos consumidores, que realmente vão usar os
produtos e serviços destas empresas. Mas quem se importa com eles, afinal? A única função da
classe média neste sistema é pagar altos impostos enquanto tiverem força para trabalhar. E
quando forem muito velhos para trabalhar, morrer em uma fila de um hospital lotado do SUS.
Responder
Taxidermista 10/03/2016
https://store.cato.org/book/right-earn-living-economic-freedom-and-law
Abraço.
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Manda ele consultar o site dos Correios para descobrir que nem todos os lugares são atendidos
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Gostei do "tarifas módicas". Depois de viver 13 anos no Japão, está difícil achar algum preço
módico no Brasil.
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Leandro C 24/08/2018
Decisões absurdas no Judiciário, em todas as suas instâncias, infelizmente não é novidade, nem
um pouco; não é apenas o STF que parece completamente desvinculado da realidade, o salário
de qualquer aspone em qualquer comarca já dá sinais claros dessa Disneylândia onde só tem
Mickey e nós somos os patetas.
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