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299 – Nossa bagagem maçônica

Hoje segunda feira e último dia de novembro eu cheguei a tricentésima


peça de arquitetura via áudio, mas contínua e diária, para cumprir uma
meta que me auto impôs, qual seja, a de dar uma pequena e modesta
contribuição, para suprir em parte é claro, as nossas ausências
compulsadas das nossas seções ritualísticas fustigadas por esta
pandemia do corona vírus.

Para comemorar o tricentésimo áudio eu hoje vou fazer este,


apresentando uma peça de arquitetura de autoria de um Irmão hoje
filiado ao Grande Oriente, porém que outrora foi meu VM e a saber,
conhecido de todos nós
Irmão Leonardo Gensem Salum do oriente de Rio Grande, RS. Cujo
título é: NOSSA BAGAGEM MAÇÔNICA.

Creio que a nossa formação cristã nos impõe como dogma a crença de
que, em algum momento, em alguma instância superior, teremos que
prestar contas sobre nossas vidas. Como num processo contábil, em
algum lugar do Oriente Eterno, estão registrados os débitos e os créditos
auferidos na nossa existência, na nossa vida como maçons.
Relembrando a Parábola dos Talentos, algum ente angelical,
por certo usando um avental, haverá que questionar-nos com a esperada
pergunta ...” O QUE FIZESTE COM OS TALENTOS QUE O PAI TE
CONCEDEU”?
Pois todos esses Talentos emprestados pelo Grande
Arquiteto do Universo, que foram lançados a débito no nosso “Conta-
Corrente” antes de virmos para esta existência, terão que ser detalhados
na prestação de contas na Oficina Suprema do GADU, o Supremo
Mestre Celestial, no Templo da Eternidade.
Será aberta, então, a programação das nossas vidas. Sim,
uma programação e não uma determinação. A sua execução terá sido
cumprida pelo uso do nosso Livre Arbítrio. Dessa forma, poderemos
seguir, até mesmo, um caminho totalmente oposto ao que foi delineado.
Temos, nesta vida, o que necessitamos para nosso
crescimento espiritual. Nascemos com as condições internas e externas
propícias ao nosso adiantamento. Estamos no lugar e hora certos para a
oportunidade recebida.
Assim, partimos para essa viagem levando na bagagem os
recursos, com os Talentos recebidos do GADU e seremos cobrados na
razão direta do que nos foi endereçado. Podemos dessa forma,
entender o dizer de Jesus: “A cada um segundo suas obras”.
No campo afetivo não é diferente. Temos ao nosso lado as
pessoas que conquistamos, seja pelo afeto ou pelo desafeto. Mas temos
com elas a inteira responsabilidade, mas, acima de tudo, belas
oportunidades.
Riqueza ou pobreza, cérebro privilegiado ou eventuais
deficiências estarão na linha dessa programação.
É importante, portanto, que lutemos por sairmos vitoriosos
dessa empreitada., pois não conhecemos o tempo que temos para bem
executá-la.
É importante que nos dediquemos a vencer as más
inclinações, resultantes da prática de hábitos equivocados.
Renascemos para sermos vencedores, jamais derrotados.
Contudo, muitos voltamos para a pátria espiritual vencidos, com uma
bagagem indigna de um maçom, depois de uma vida mais ou menos
longa.
Isso porque, além de não reciclarmos a bagagem
indesejável que acumulamos, adicionamos, por imprevidência, mais
alguns entulhos.
Vale a pena meditarmos a respeito dessa oportunidade
bendita que é viver na Terra. Mormente a partir do momento em que nos
foi tirada a venda dos olhos e nos foi disponibilizada a Luz da Verdade.
Vale a pena procedermos a uma limpeza em nossa
bagagem, jogando fora o orgulho, carga perniciosa que só pesa em
nossa economia moral.
Vale nos livrarmos do egoísmo, bagagem excessivamente
pesada e perigosa.
Importante nos desfazermos do ódio, da inveja, da
ingratidão, da preguiça, e de tantos outros entulhos indesejáveis, que
ainda guardamos muito bem nos compartimentos da nossa intimidade.
Se nossa bagagem não está muito fácil de carregar, temos
condições de promover um trabalho de qualificação dessa mala de
haveres que nos cabe, trabalhando virtudes que nos garantam outra
viagem, menos penosa.
Nossa felicidade, presente e futura, depende exclusivamente
de nós mesmos.
Às vezes, preferimos os gozos imediatos em vez de
realizarmos um investimento que nos traga bons resultados a longo
prazo.
Se quisermos colher bons frutos, temos que proceder como
o agricultor sábio e previdente.
Preparar o solo, selecionar boas sementes, plantá-las e
esperar que germinem. Enquanto isso, ainda colhemos as safras
plantadas anteriormente. Somos hoje efeito do nosso passado, mas
estamos sendo hoje a causa do que colheremos amanhã. É a Lei de
Causa e Efeito.
No Evangelho de Mateus vamos encontrar um vaticínio, que
reproduzo: “Os espinhos que semeias hoje, serão as dores que vais
colher amanhã”.
Quem sabe rever as sementes que estamos usando? Se
semearmos rosas, colheremos beleza e perfume. Ou seja, se plantarmos
Amor, Solidariedade, Caridade, enfim, nossa colheita terá o perfume do
bem. Pensemos nisso.
Dentre tantos Talentos recebidos, destacaria aos Irmãos um
dos mais tangíveis e imediatos, visto que não terá nenhum sentido a
nossa lapidação pessoal se não a utilizarmos para bem cumprir essa
divina missão.
Sem dúvidas o Talento mais precioso é a FAMÍLIA, primeira
e grande escola de nossas vidas. Ali se resgatam dívidas antigas, se
moldam personalidades, são amalgamados princípios éticos e morais e
se implanta uma cultura, uma filosofia de vida que, invariavelmente,
busca direcionar nossos amados filhos à Luz da moral e da razão. Muitos
de nós – ou todos até – costumamos dizer que queremos educar filhos
que sejam melhores, muito melhores do que nós fomos. Conseguimos já
esse objetivo com o empréstimo do GADU chamado FAMÍLIA?
Seremos questionados, também, sobre o que fizemos com a
nossa SAÚDE. Como cuidamos do templo de virtudes desejado por
todos os maçons, material e espiritualmente.
Com essa visão, reafirmemos a necessidade de avaliação do
uso que temos feito com esses e muitos outros alentos Talentos, além da
atenção permanente que devemos ter com a Contabilidade infalível do
GADU. Assim sendo, nunca esqueçamos a primeira e
básica lição recebida no Grau de Aprendiz. A bela lição do Painel do
Grau. Haveremos de ser inquiridos sobre a tríade FÉ, ESPERANÇA e
CARIDADE. E dessa lição haveremos de ter as melhores respostas,
afinal foi dos primeiros ensinamentos recebidos na Ordem, para que nos
tornássemos verdadeiros maçons.
Nossa Fé tem sido forte o suficiente para vencermos os desafios e
adversidades da Vida? Essa Fé no GADU tem impulsionado nossa
evolução?
Temos feito da Esperança a virtude que nos impulsiona a buscar
vida melhor para nosso semelhante, para a sociedade onde estamos
inseridos? Ou apenas propalamos ser esse um princípio da Ordem?
E o quanto temos demonstrado nossa Caridade como uma filosofia
de vida? Temos notado uma gigantesca distância entre o discurso
filosófico e a prática sistemática na vida de muitos maçons. Façamos
Maçonaria Prática.
Por fim, ao sermos identificados com a marca indelével gravada em
nossos corações no dia da Iniciação, hão de querer verificar a existência
de “calosidades em nossas mãos”, por termos usado diariamente em
nossas vidas o MALHO e o CINZEL. A menos, é claro, que esses
instrumentos de trabalho não tenham passado de figura de retórica.
E quando nos pedirem para abrirmos nossa mala de haveres
levados da Terra, como avaliação preambular para iniciar-se a visitação
ao Templo de Virtudes que construímos, teremos o prazer de estender a
mão e dizer:
...” Com Prazer, Angelical Guarda do Templo Supremo. Eis a chave
com a qual tereis acesso às minhas obras, que esquadrejei com os mais
sublimes princípios do Amor e da Caridade”.
E neste momento, com um largo sorriso, nosso receptor haverá de
dizer:
...” Franqueai-lhe a porta do Templo Celeste, eis que temos aqui
alguém que trabalhou com afinco numa Casa de São João, Justa e
Perfeita. Entregai a ele o Avental Imaculado, destinado aos Obreiros
da Luz e que seja conduzido à Coluna de Trabalho que lhe
compete”.
Iniciar-se-á nesse momento mais uma jornada de trabalho de um
verdadeiro maçom. Sua mala, sua bagagem, é digna de que seja iniciada
a mais nobre iniciação, no merecido Caminho da Luz, dessa feita sob o
malhete do Grande Arquiteto do Universo.
Leonardo Gensen Salum - M.’.I.’.
Or.’. do Rio Grande – 24/11/2020

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