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PENTECOSTALISMO

MODERNO
EDITORIAL

e bom pocler recomeçar um empre- cle nosso Deus e Pai, m vinda de nosso Se-

Q,: ndimento que sabemi)s ile modo ge~


ral s-erá de grande impt)rtância para o Semi~
nário Teológico e para a lgreja.
nhor Jesus." (1 Tess. 3: 19). Assim sendo, tern
que ver com o retorno, ou segunda vinda
de Crist(), que resultará na Sua PRESEN-
Por vários anos o Semiiiárit> Ailvciitista çA entre Seu povo.
htino~Americano de TeoloLJh -Si.(1e Bm~ É desejo clo corpo eclitorial ciesta pulili~
sil Sul, deixou cle publicai- siia Rt`vista cle cação considemr os vários aspectos da reve-
Pesiiuisa Teológica. Ainda quando instalí`- lação bíblica, com a coloração própria do
dos no lnstituto Adventista de Eiisino - momento prescnte, que, para o povo de
Santo Amaro, os professores de então edi- Deus, é de preparo, vigilância e de
tavam a revista PrJ.JJma, que por razõ€s ili- expectação (Mt. 24:43). A Verdade Bíblica
versas, deixou de circular. Ocorreu, então, será aqui proclamada com aquela alegria e
a transferência do Seminário Teológico para com aquele sopro de esperança próprios
o inteTior do Es[ado de São I'aulo (Enge- daqueles que aguardam o retorno dc) Senhor
"sobre as nuvens dos céus" (Mt. 26:54),
nheiro Coelho) e continuou a lacuna.
quando então restaurará todas as coisas à
Sentindo a necessidade de se retomar a
sua perfeição original.
comunicação do "pensar teológico" com
obreiros, lícleres eclesiásticos e alunos do Neste primeiro número, PariotJsf.a consi~
curso de Teologia, através de uma publica~ derará vários aspectos do chamado Movi~
Ção própria, há muito sonhávamos com este mento Pentecostal Modemo.
momento. 0 professc>r Edilson Valiante faz uma
Num esforço de eciujpe, i-enasce iim pe- abordagem histórica e aponta As Rcizões do
riódico que se destim à pesquisa teológica. CTescimeT\to do Pentecostalisrru).
Ressurge com o mesmo objetivo, porém com Da lavra do professor Gerhard F. Hasel,
outro nome, num outro t:empo e com uma falecido diretor do Seminário Teológic.o da
nova formatação. Será a pi-incípio, semes- Andrews University (Michigan), temos 0
tral. Esperamos que venh` `supi-ir as necessi~ Dom de Línguas em I CoTíntiós 12-14. É \\mii
dacles da lgreja em nos`so país, sírva como contribuição para entenclermos melhor o
veíci`1o cle c`s[i'miilo :`o t`rescimento ile obrei- fenômeno da glossol{ilia, do p()nto cle \ ista
i`os estuiliitms, bt`m como {ios aliiiios (lo hi'lllict) e como ele se api-esenta m ci-íL`Lin+
ciirm reolóL7ico 11(`lte h(,je.

( `,ailti iliililict\çâ(` tcrá `im t-em`ci prini`i'ptil, 0 texto i]o pri>t-c>ssor Alliei`ro R. Tímm
sem liu(. ``e ileixl` ilt` ili\'ul,`Lztii-[irti.ç;yo> iliJ 1`.` i-..i, \ t=rs<n so+m :\ T.OioçlLI Licl pTO.`i)CTLLiLLLic - B-IL'\ L
tei. `L"al, |iui` iitc`!iih à nc`|\i```iilí`ilc c`\`iu íti, `\1`tí!L`l' Crífll`tL o tTlltor {ltlalísa íT` llí`itol-ç`l`~`c``

ca ih ILJi.ei£` em ilaii.o moni.ento. iiiic e\istem nii> mli\Jimenti`s iiue ciit-ati=t\n`i


as curas, bênçãos e as i+oítçõcs cle dmhc`it.i) t\
0 novo nome ila Re\'i`sta será Pzzr()uó`/.c?,
igreja por parte dos membros, com o objeti-
termo grego para a \rísim ile im rei ou impe~
vo deliberado de buscar o favor divíno no
mdor e incorporailo ao v()cabulário clo Novo
âmbito físico, espiritual e material.
Testcimento por váriiis dt`s seus aLitores. 0
apóstolo Paulo empregou o termo quanilo Na igreja cristã primiti\'a, o Espírito San~
rmnif-estoii o ilesejo ile que os crentes to criava condições clos apóstolos colocíirem
tesstilonicenses fo`ssem "cont-irmaclos em a Cristo c Seu poder em evidência através
saiitichde, isentt``` ile ciilp:i, m PRESENÇA cle ciiTas e milagres. Na história do cristia`

-3-
ÍQ Sem€stTe 2000

Temática: Pentecostalismo Modemo

Editorial

Artigos.
Movimento Pentecostal no Brasil:.
Breve Análise Histórica e as Principais Razões para o Seu Crescimento .......................... 5
Edibon Va[ícmt€

0 Dom de Línguas em I Coríntios 12-14


Gerl"rd F. Haset
Teologia da Prosperidade: Breve Análise Crítica
Aü]eTto R. Timm

Carismas no Século XI?


Análise de Três Teorias sobre a Existência de
Dons Miraculosos na Atualidade
Mcircos de Bcnedícto

Ação Evangelística Junto às lgrejas Pentecostais:


Refletindo Em Termos de Possibilidades
]uan MiLhnao

Resumo de Pesquisa
Crises iia lgreja Apostólica e na lgreja Aclventista do Sétimo Dia:
Análise Comparativa e lmplicações Missiológicas
Luir~Nunes
Pai.ousia lÊsemestre 2000, Vol.1, No 1, 5-18
CopyTigt`t ° 2000 SALT.

MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRAsiL:


BREVE ANÁLisE IIISTómcA E AS PE"cip4ns
RAZÕES PARA 0 SEU CRESCIMENTo
EDILSON VALIANTE
ProSessor de T;eologia Sistemática rio SAI;T (BTasiL - SuL)

Neste artigo são revistos os mais significa- no Brasil, tem desafiado a certeza histórica
tivos marcos do movimento pentecostal do protestantismo tradicional e até da pró-
no Brasil através de uma resenha históri- pria lgreja Católica Romana.3 Seu cresci-
ca das igrejas rrLai§ representativaLs. A mento extraordinário tem despertado inte~
seguir são analisadas algumas das possí- resse e questionamentos até em alguns cír-
veis razões psicorreligio§as, econômicas e culos adventistas. Teríamos chegado, como
insi§tem os pentecostais, à Era do Espírito?4
políticas para o crescimento considerável
do carismatismo autóctone. Por fim, Neste artigo apresentaremos, em primei-
buscarse uma compreensão escatológica ro lugar, um sumário do desenvolvimento
quanto a "explosão" do pentecostalismo histórico das igTejas penteco§tais mais signi-
em nos§os diaLs. ficativas no Brasil. Depois, faremos uma aná-
lise dos possíveis fatores que contribuíram
In this article the author reviews the para o crescimento desta recente manifesta~
most §ignificant landmarks o£ the ção de espiritualidade cristã. Por fim, fare-
Brazilian pentecostal movement by mos uma breve`avaliação crítica, tendo como
means of a historicaL overview of its most base o pensamento escatológico da lgreja
represent`ative churche§. Then, some of Adventista do Sétimo Dia.
the possible reasons (psychcrreligious,
economical, and political) for the DESENVOLVIMENT0 HISTÓRIC0
considerable growth of the charismatic
0 movimento pentecostal moderno deve
movement in this country are
seu surgimento e institucionalização à influ.
considered. Finallv an atempt is made £or
ência do pregador reavivamentista america-
an eschatological understanding in
no Charles Finney que, junto com o Movi~
relation to the "boomíng" of the
mento de Santidade (Holiness Moviment),
pentecostalism nowadays.
promoveram a idéia de que o verdadeiro cris-
tão deveria passar por uma experiência sub-
seqüente à conversão, chamada de "batis-
Todocessidade
o cristianismo
de ser parece sentir
repensado a ne-
diante da mo do Espírito Santo." Pouco tempo mais
explosão das "religiões do Espírito," coni
uma capacidade invejável de influenciar e :.::fae.,::al:.:3:,:is?,nà`:eÉ:á::.tàfsltceasdàecoA=oç
mobilizar as massas.' De um singelo culto
2. Tal manifestação especial, às vezes consi~
de ação cle graças regado por manifestações derada como a segunda ou até como a ter-
glossolálicas realizado na viragem do sécu- ceira bênção, tornou~se a base do movimen-
lo, sob a liderança de Charles Parham na to iniciado por William J. Seymour que, a
presença de alguns de seus alunos na Esco~
la Bíblica Bethel, em Topeka, KA, para um partir de 1906, toma famosa a antiga lgreja
Metodista Episcopal Africana da Rua Azuza.
movimento considerado como a terceira
312, em Los Angeles, agora sob o nome
gra.nde força da história da igreja,2 o cresci~ lgreja da Fé Apostólica.5 `
mentc) do pentecostalismo, especialmente

_5-
Primeira Onda de 15 mil membros no Brasil. Com o cres-
cente fenômeno de urbanização proletária
Embora o movimento iniciado por
ocorrido nas grandes cidades, a igreja se de-
Seymour deva ser reconhecido como pre-
senvolveu consideravelmente. Hoje, de acor-
cursor de uma tendência religiosa que se
do com a Associação Evangélica Brasileira,
espalhou pelo mundo, tendo como base o
"dom" glossolálico enquanto evidência da são cerca 15 milhões de fiéis. No entanto,
estimativas mais conservadoras apontam
plenitude do recebimento do Espírito San-
to, foi a igreja do pastor batista W. H. para um número que não ultrapassa os sete
milhões de membros praticantes. Com a
Durham, em Chicago, que serviu como
ascensão social de muitos de seus membros,
prí ncipal protagonista para o estabelecimen~
ocorreram mudanças significativas em vá-
to das duas primeiras igrejas pentecostais no
rios dos costumes tradicionais cla igreja, tais
Brasil: a lgreja Assembléia de Deus e a Con-
como: a proibição da TV, rádio, cinema e o
gregação Cristã ii.o Brasil.6
uso de vestimentas "indecorosas." 9

AssembLéia de Deus As Assembléias de Deus estão organiza~


das em uma Convenção Nacional que sofre
Daniel Berg e Gunnar Vingren, os fun- limitaçõe§ administ[ativas decorrentes do
dailores da lgreja Assembléia de Deus no congregacionalismo. Mesmo assim, existe
Brasil, eram dois operários suecos que imi- iima hierarquia institucional gestada por
graram para os EUA no início do século. pastores. A divisão em ministérios regionais
Berg logo entrou em contato com a igreja semi-autônomos, como por exemplo o do
de W. H. Durham, sendo pouco empo mais Belém, de Santos e de Madureira, lembra o
tarde "batizado com o Espírito." Vingren, sistema administrativo presbiteriano. Hoje,
por sua vez';- chega a estudar num seminá~ possuem uma série de institutos bíblicos (se-
rio batista de origem sueca, mas em 1909 minários) e uma editora de renome, a Casa
também recebe o "o dom de línguas." Os Publicadora das Assembléias de Deus
amigos Berg e Vingren se encontravam em (CI)AD).'O
visita a Adolfo Uldin, em South Bend, IN,
quando tiveram a "revelação" de que deve~ Cor.gTegação Cristã no Brasil
riam pregar no "para." Com o auxílio de
um mapa~múndi, acharam o Estado do Pará, A origem da Congregação Cristã no Bra~
no Brasil, e reconheceram que seria este o sil é, em muitos aspectos, semelhante à da
seu território missionário. Buscaram recur- Assembléia de Deiis. 0 fundador da igreja
sos financeiros e em seguida viajaram para é também um imigrante, o ex{atólico itali-
o Brasil, saindo de Nova York em 5 de no~ ano Luigi Francescon que, 1ogo após chegar
vembrc> de 1910.7 aos EUA, também na região de Chicag(),
converteu~se ao presbiterianísmo. De igual
Berg e Vingren chegaram a Belém ainda
modc), após assistir ti i-euniões na igi-eja (le
no tinal cle ] 910 e logo se hospedaram numa
W. H. Dui-ham, recebl` o "cl(m cle língm``,
igreja 1`atisca pastoreada poi- Euric Nels()n,
em 25 cle agosto ill- 1907. Moviclo pelo sen~
também cle origem sueca. Ali, iiiíeiaram ti
timento missionário` \'ííijou primeiramenti`
c`x[ior siias idéias "pentecostais." despertan~
it(), m`timlmente, séi-iíi itposição. Em con~ para Buenos Aires, tlepois pam Santo Aii~
tônio iti P1`c`tina, PR. t' tim`lmente parii São
uJiiuênciii, foi-{m desligados da igreja em 13
Paulo, onde acabou se csttibelecendo, em
de junho cle 1911 com outros 18 adeptos.
Assim, com este petiueiio grupo, em 1911,
1909, no bairro do Bràs.
em Belém do Pará, é funclada a lgreja As- Francescon agregou~se a uma igreja
sembléia de Deus no Brasil.8 presbiteriana de origem itciliana. Mas, após
A expansão das Assembléias de Deus se envolver~se em vários atritos e divergêncjas
cleu, em primeiro lugar, nas regiões Norte e c()m os líderes dessa igreja por i-ausa da sin-
Nordeste, chegando a São Paulo somente gularidacte das idéias que defendia, é final~
em 1927. Por vt->lta de 1930, eram já cerca mente expiilso. Logo depois, funcla siia pró-

-6-
pria igreja, em setembro de 1910, com uns nenhuma literatura religiosa, com exceção
poucos seguidores. " da Bíblia (na versão Almeida Revista e
A Congregação Cristã manteve seus cul, Corrigida). E§ta prática caracteriza uma cul~
tos em italiano por vários anos, com mem, tura religiosa de transmissão semi®ral.
bros concentrados especialmente nos esta- No início da década de 1970, com sua
dos de São Paulo e Paraná. Contudo, com a expansão para outros países latino-america-
chegada da mãode-obra nordestina à capí- nos, deixou de ser a Congregação Cristã "do
tal paulista a partir da década de 1950, a Brasil" para ser "no Brasil." Como destaque,
Congregação passa por um crescimento nu~ observa-se que a maioria de seus templos
mérico considerável. Por causa da "proibi~ seguem um padrão arquitetônico, que in-
ção bíblica" de não se contar o "povo~de clui identificação, cor, es.tilo de janelas e até
Deus," a Congregação não mantém regis- sistema de iluminação interna. Antônio G.
tros de seus membros, rnas calcula-se que Mendonça considera a Congregação como
passem hoje de um milhão. a primeira igreja pentecostal legitimamente
brasileira.L3
Como decorrência da origem pres~
biteriana de seu fundador, a Congregação
Cristã conserva a doutrina reformada da Segumla Onda
predestinação. Assim, sÓ os "eleitos, verda~ Enquanto que as igrejas da primeira
deiros chamados," permanecem na igreja. onda colocam ênfase na prática glossolálica,
Não fazem campanhas evangelísticas, não as igrejas da "segunda geração," também
são feitos apelos à conversão, nem mesmo identi€icadas como neopentecostais, vão
uma declaração de fé antes do batismo. No incorporar um caráter mais eclético, tanto
sétimo item dos "Pontos de Doutrina e da em termos de origem quanto de prática
Fé que uma Vez Foi Dada aos Santos," as carismática. Esta diversidade torna mais
crenças fundamentais da igreja, está defini~ complexa a caracterização deste segmento.
do o caráter pentecostal do movimento:
"Nós cremos no batismo do Espírito Santo Quanto à origem, essas igrejas não são
como evidêncía de riovas línguas, confc>rme diretamente oriundas dos círculos de santi~
o Espírito Santo concede que se fale." dade da viragem do século nos EUA, mas
da influência do "reavivamento" pentecostal
A Congregação Cristã impõe, ainda hoje, sobre o protestantismo tradicional. Assim,
um código de comportamento ético razoa- ramos das igrejas históricas passam a expe~
velmente rigoroso a seus membros, incluin~ rimentar e a assimilar o "gozo dos dons es~
do a maneira de se trajar. Adotam, de modo
pirituais," result.ando em cisões inevitáveis.
peculiar, a prática do Ósculo santo, o uso do Com isto, metodistas, episcopais,
véu pelas mulheres e as orações são feitas
presbiterianos e até adventistas passam a ter
todas de joelhos. Ao contráriti clo q`ie se ima~ suas consortes pentecostais. Sãó as chama-
gina, possuem um cult(` ()rdem`il(), com a das igrejas "rencivadas," "independentes,"
valorização da mi'isica t`onLn-i``Lnc`ioml c` ins- etc.
trumental. Seguem estrirllmelltc` o lmnual
de proceclimentos Íntcrno``, infii`ihclo "Reii, Como parte da segunda onila também
niões e Ensinamei`tos:"`-` podem ser identit-icadas uma quantiilacle
consiclerá\'elcle igrejas i`(m lideranças
Embora não possimn [ii`stores assalari{i- autóctctnes e até particulares, onde iiiiliví~
dos e negi[em a existêncií` de l`ierarquia, a duos, aiitodenominados pastores, passam
Congregação Cristã possui uma administra~ a ser "donos" de igrejas. Muitas destas no`
ção central. A uniformidade doutrinária é vas igrejas são decorrentes de divisões ocor-
mantida por uma assembléia anual dos seus ridas dentro do próprio movimento
obreiros (anciãos voluntários), no templo
Pentecosta|.14
sede, no bairro do Brás, em São Paulo. Pu.
blicam apenas um relatório ou circular 0 aspecto mais evidente, contudo, des~
bimestral e não recomendam a leitura de ta segunda onda é a ênfase colocada na

-7-
seu ímpeto evangelístico de "cruzada," tor~
nou~se uma igreja institucionalizada depen-
=â:íesdtâç.ãuo.Ío|s=91r:::`ãàoe,redTzepraátJ:u::: dente de recursos financeiros e liderança dos
EUA. Como a maioria dos que freqüentam
;Í;:;~::Í:a:tt¥aaaL;ssetrvíá:s::t.;:Éã;;::ãe::Í::::o~ estas igrejas vêm à procura de uma "bên-
Ção" ou cura, e não necessariamente com a
)Merecemconsideraçõeshistóricasosseguin-
[es movimeritos neopentecostais: Igreja do intenção de filiarse a um corpo doutriná-
rio, o movimento evidencia uma considerá-
E:::egceáEtoa[Q.uoadÉ::sg[T[â:,r;gré,;:s:ov,ç,n[ggér,:;: vel fluidez de membros. `6 Tal fator diferen~
/Pentecostal "Deus E Amor" e lgreja cia o Evangelho Quadrangular das outras
Adventista da Promessa. duas igrejas já citadas, mas a iguala às que
/ ainda serão analisadas.
`) |gTeja do Euangelho QuadrangulaT
Do ponto de vista administrativo, a igre~
ja mundial (intemacional) está organizada
em conselhos nacionais de diretc)res. Estes
funâaldgare:àrdÃiEmv:engeel::|?#i::su::::oa:
estão subdivididos regionalmente em
) nadense de formação metodista. ApÓs sua
"conversão" ao penteco§talismo, teve uma coordenadorias (12 no Brasil), e daí em dis~
) experiência de cura na igreja de W. H. tritos, a exemplo da lgreja Metodísta,
Luterana e Adventista. De acordo com sua
t:u=hi:sTánea=,ocFol,capgaor.aToáifian:,eldoee:iíá,e. secretaria~geral, a lgreja d() Evangelho
Quadrangular tinha no Brasil, em 1999,
xoítgae[pe::ae£Tga2r3:ucaufaro;:rfíaas:g:::â,:amc::: 6.022 igrejas e 3.923 congregações, abrigan-
do um total de dois milhões de membros,
) divina. 0 nome do movimento, bem conto
sua bandeira, vem de uma "visão" ocorrida liderados por 16 conselheiros (reverendos),
)em 1922, em Oakland, onde a sra. 462 supervisores e 17.452 pastores. Possui,
Mcpherson teria entendido o ministério de ainda, oito emissoras de rádio e 205 Insti~
tutos Bíblicos (seminários de característica
Jesus como sendo quádruplo: Jesus salva
leiga). 0 periódico oficial da igreja é
{:::r:]:,:,],e:::ucsurbaa:à:àLr:]eEssupsÍ:L::tastamn:: íntitulado "Chamada da Meia-Noite." A
) rom).'5 presença política do movimento é marcada,
nesta legislatura, com dois deputados fede-
rais (um deles, o deputadc> Mário de Olivei~
HarB|odis&r|:,ã:iosr:S#£:àad%uoaod::gnhgtut::: ra, é o presidente do Conselho Nacional) e
) ram ao Brasil como missionários para reali- outros quatro deputados estaduais. "
zarem uma intensa investida evangelistica
) em tendas, cujo nc)me era "Cruzada Nacio~
lgreja Euangética Pentecostd "0 BTasil tiara
nal de Evangelização." Sua primeira campa~
Crísto„
nha foi em São João da Boa Vista, SP, em
\ 1951. Algi`m.cis igrejas presbiterianas inde~ 0 fiiiidador da lgreja "0 Brasil para
pendentes {ibriram suas portas para esta Cristo" foi o ex~peclreíro pemamliucano
) evangelização, servindo de h;`se para a Manoel de Mell(). Teve siias primeiras expe~
institucionalização da lgreji` |)ui`clrangular riências pentecostais na Assembléia de Deus,
) no Brasil, em 1953. 0 movimei`to (`hega à
onde foi ()rdenaclo rastt)r. Mello clestacoii~
Ciclade de São Pauto, em 1962, sol` c` 1ide~ se por possuir uma pi`egítçãr` clireta c`
rança do missíonário Faulknei.. Hoje, o es~ contagiante, clirigida particuhrmente às clas~
)tado com maior atividade ila léLJreja ses populares. Desligado da lgreja Assem-
Quadrangular é Minas Gerais. bléia de Deus, tornou~se pastor da "Cruza~
Centrada na cura divina, esta igreja da," indo com sua tenda, de liigar a lugar,
realizando seções de curas carismáticas. Per~
) Pentecostal teve grande penetração entTe
membros das igrejas evangélicas tradicio~ cebendo suas qualidades pessoais e ti facili~
) nais. Nota-se, contudo, que tendo perdido dade com que atraía o público, deixa, em

)
-8_
)
1955, a lgreja do Evangelho Quadrangular ção de seu filho Paulo Lutero. Hoje, "0
para fundar seu próprio movimento. "0 Brasil para Cristo" não possui mais o vigor
Brasil para Cristo" surge nos moldes de dos primeiros anos, mas diz contar ainda
outros movimentos pentecostais autóctones com cerca de 500 mil membros e 1.500 igre-
como, por exemplo, o chileno ("Chile para jas. Nas décadas de 1950 e 1960, no apogeu
Cristo"). Como seria natural, em termos de do movimento, chegou a atingir cerca de
doutrinas básicas, este movimento possui dois milhões de adeptos. As deserções mais
muitas semelhanças com as igrejas onde significativas da igreja foram as de Davi
Mello serviu como pastor.ts Miranda e Doriel de Oliveira, este último,
Em 1956, Mello iniciou seu famoso pro~
fundador da "Casa da Benção."
grama "A Voz do Brasil para Cristo," na
então Rádio Piratininga. 0 programa foi Igreja Pentecostat "Deus É A:moT"

pioneiro no mundo pentec()stal que, a par~ A lgreja Pentecostal "Deus É Amor" foí
tir de então, não poupa a exploração dos fundada em São Paulo, em 3 de junho de
veiculos de cc)municação de massa na pro- 1962, pelo "missionário" Davi Miranda, cu~ ?
pagação de suas mensagens. nhado de Manoel de Mello.
Nos mesmos moldes da "Cruzada," a Baseada na idéia da cura divina, esta igre~
prática comum do "Brasil para Cristo" era, ja difundiu-se rapidamente na década de
a princípio, a utilização de tendas e galpões. 1980 nas regiões pobres, de periferia. É cha~
0 primeiro "tabernáculo" foi construído mada de "religião da aflição." Com um sis~
apenas em 1958, na Av. Álvaro Ramos, São tema liçúrgico bastante desorganizado, a
Paulo, sendo logo depredado por "inimi~
gos." Vários lugares foram usados, então, iDa:ugsraEndAe:::i'p.áoeisafa3:i=:àraanâot::à:fsore-
para servir como referência e ajuntamento cinemas decadentes em igrejas adaptadas,
dos fiéis seguidores de Mello. Até que foi como a do Parque D. Pedro, em São Paulo,
construído, no bairro da Pompéia, São Pau, onde fica a sede nacional do movimento, e
lo, o templo~sede, que na época era a maior um enorme salão existente ao lado da Esta~
igreja na América liatina, com capacidade
ção Rodoviária
"Deus de Porto Alegre.
É Amor" encontraóe em crise,Hoje,
e Davja
para dez mil pessoas. A pedra fundamental
foi colocada em 1962. Mas o templo demo~ Miranda responde a vários inquéritos por
rou 18 anos para ser construído. Hoje, en- desvio de divisas para o exterior. Sofre tam-
contra-se parcialmente alugado e está em si~ bém grande concorrência de igrejas
tuação precária.
pentecostais mais organizadas e com maior
Mello logo ligou seu movimento ao Con~ poder na mídia.
selho Mundial de lgrejas. Sua tendência
ecumênica o levou a participar na celebra~ Igreja Acluentista da PTomessa
ção do sepultamento do jomalista Vladimir 0 m()\/.imento pentecostal Adventista da
Herzog. Melo foi o primeiro líder
Promessa foi t-undado por João Aiigusto da
pentecosta[ a empenhar~se pess()almi`nte iia
Sil\'eira. Enquanto adventista do sétimo dia,
política partidária, consegumdo eleger :`1~
Si[\'eira foi por alguns anos colportor, che-
guns de seus pastores como cleputai+iis c`sta,
duais e feclerais pelo então partitlo ile o[io~ gando mesmo a trabalhar no escritório da
Missão Nordeste, em 1932. Sentindc)-se pre~
sição .io regime militar, o MDB. Em 1`)82,
terido à ordenação ao miniscério (na época
fez campanha aberta, agoi-z`, já no Pl)S, pro-
era costui`ie ordenar cleclicados colportores
curando eleger seu fílho como vereailor.
e obreiros), ficou inconformado e acabou
Neste esforço, usou seu programa cle rádio
e as igrejas como palanque, mas não obteve por ser demitido pela Missão. Ao abando~
nar a lgreja Adventista, passou a freqüentar
vitória.
a Assembléia de Deus, onde pregava a men~
Com a morte de Manoel de Mello em sagem do sábado. Por este motivo, foi ex-
1990, o movimento ficc)u sob a coordena~ pulso, mas, nesta altura, já havia "recebido

_9_
o dom de línguas." Funda, assim, em Reci~ Terceira Onda
fe, a lgreja Adventista da Promessa, cujas
Nas últimas décadas surgiram igrejas
características mais evidentes são a guarda
do sábado, o dom glossolálico e o dom de pentecostais estruturadas com uma sofisti-
cação institucional tal, que poderiam ser
cura. Embora não creiam em Ellen G. White
melhor definidas como empresas religiosas.
com o mesmo zelo que os adventistas do
Valendo~se da experiência de movimentos
sétimo dia, usam seus escritos em suas pu-
anteriores, nacionais e internacic)nais, estas
blicações. igrejas se consolidaram a partir de uma in~
Um dos momentos mais desastrosos dos tensa e impressiva exploração dos recursos
adventistas da promessa se deu ciuando um de comunicação de massa, em especial a te-
levisão.
grupo de fanáticos provocou a morte de uma
criança, na busca da expulsão dos seus Do ponto de vista teológico, verifica-se
"maus espírjtos." Isto ocorreu na cidade de
outra mudança de estratégia: a promoção
Malacacheta, Minas Gerais, na década de acentuada de práticas exorcistas, onde em
1950. grandes sessões de libertação, os "espíritos
diabólicos" são expulsos. Assim, mais uma
No manual de fé e prática da lgreja
vez, ocorre uma alteração significativa no
Adventista da Promessa, elaborado por um
foco pentecostal. Primeiramente, estavam
dos seus mais destacados líderes, Genésio
centrados no dom de línguas, depois, no
Mendes, assim é definido o dom de línguas: dom da cura miraculosa e, agora, no exor~
0 dom de linguas é tarnbém uma concessão c[o cismo. Isto não quer dizer que estes elemen~
Espírito Santo. Embc>ra ser o dom mais cc)mbatido tos anteriores tenham sido rejeitados ou
hodiemam.çnte, foi muito aceito e exercitado pela abandonados. Há apenas uma variação táti~
lgreja primitiva. Esse dom, como espiTitual, é iima ca. Podemos destacar nesta terceira onda
manifestação sobrenatural do Espírito Santo. Em tcr movimentos pentecostais como a lgreja da
dos -os casos referidos na Biblia, encontra-se em ple~
Nova Vida, a lgreja Universal do Reino de
no iiso e vigor o dom de linguas, Atos 2:4i 10: 4446;
Deus, a lgreja Cristã Apostólica Renascer
19:6; 1 Coríntios 14. Segundo as manifestações e a
declaração paulina, era e continua senclo linguas es.
em Cristo e a lgreja lnternacional da Graça
tranhas, ou desconhecidas a todo e qualquer vivente, de Deus.
a menos que haja a ínterpretação. pelo dom de intér-
prete. 0 dom cle língiias é uma prc)fecia, Isaías 28: 11; Igreja da Noua Vida
Marcos 16: 17, e é uma bênção ao crente que o recebe,
pois ele fica edificado quando é usado pelo Espírito 0 missionário americano Robert
Santo, 1 Coríntios 14: 2, 5. 0 clom cle línguas não MCAlister, c)utrora pregador da lgreja Assem-
pode ser cl<issificado en[re os dc)ns m`[urais, istt) é, bléia de Deus e da lgreja do Evangelho
entre as línguas i(1iomáticas, porqiic estas não são in~ Quadrangular, fundou seu próprio movi-
compreensíveis a todo o homem, e se c`prencle em mento pentecostal em 1960. 0 pt)iito cle
esc(Jlí`s, ei`iTiicinti) w li`iiguas d()m i+() Espirit. Santu
partida de MCAlister foi im progi-€`im ilc
sâo clesconhc`i`iJ.is t` estí-it> cliissíficadas entriJ os dons
ráclio ilíário que mantinha, primcirami`nte
i`spiritiiaih. Lst: i` e>pmriial já não poJe sL`r i`<itiml. 2L`
em Sã() Paulo e depois também no Rio de
Es\ aziailos também pela concorrênci'a cle .Taneiro. Para sei.vir de sedç da igre]a, o
igrejas ilent.et`osta]s mais agress \'ii`t;, a lgreja c`iitotlei`omii`ado "hispo Roberto" alii`t,Jou
Ad\'entista cla Promessa nunca i`hegt)u a des- t) auilirório tla Associacão Brasileii-a ili` Im~
tacar-se como movimento pentecostal popu~ prensa, no Rio. Mais tàrde, construiu uma
1ar. Por muitos anos, seu principal "campo sede própria no bairro de Botafogo. 0 edi-
missionário fciram os meml)rt)s da lgreja fício de sete andares é impressivo e luxuoso,
Adventista do Sétimo Dia. Possuem ainda contendo no andar térreo o templo, com
hoje uma editora, chamada "A Voz do poltronas especiais e ar condicionaclo, um
Cenáculo" que, além de publicar uns pou~ luxo para os padrões brasileiros. Seu objeti-
cos livros para a colportagem, procluz alguns vo, a princípio, era atrair pessoas i+as |+asses
folhetos e lições cla Escola Sabatimi. média e alta. Hoje, no entanto` seus "tem~

_10_
"bênçãos divinas." 0 bíotipo dos pastores
plos" não mantêm o mesmo requinte, nem
o almejado padrão em termos de membros. da Universal é muito semelhante, o que de-
Há uma concentração maior de igrejas no nuncia um projeto de "marketing," para que
Estado do Rio de Janeiro. a mensagem da igreja seja facilmente
identificada.24
Os cultos da Nova Vida não possuem a
explosão espontânea de palavras e gestos A lgreja Universal tem sempre tentado
comuns em outras igrejas pentecostais. As
"medir" seu poder religioso, ora com a lgre-
atitudes são comedidas, embora haja lugar ja Católica Romana, ora com o império
para orações espontâneas, proferidas em voz Globo. Na "sexta-feira santa" de 1991, Edir
alta pelos fiéis.2l Macedo mostrou pela primeira vez sua for-
ça ao lotar o Estádio do Maracanã com seus
lgreja UriueTsal do Reino de Dews adeptos prontos a receber curas e liberta-
Ções demoníacas` De lá para cá, Macedo tem
Decididamente, a lgreja Universal do demonstraclo cada vez mais poder, não re~
Reino de Deus é o expoente máximo do que cuando dianie dos ataques do Ministério
pode ser chamado de "empresa religiosa." Público (chegou a ser preso por algumas se-
A Universal tem como dono e fundador o manas em 1992), da Receita Federal, e de
também autodenominadc> "bispo" Edir Be- outras instituições concorrentes. Em 1994,
zeri-a Macedo. Ex~funcionário da Loteria reuniu mais de 400 mil pessoas no Aterro
Esportiva no Rio de Janeiro, foi católico e do Flamengo num gesto político intitulado
depois umbandista. Após sua "conversão," "o Clamor da Nação," contra a candidatu-
Macedo fiinda, em 1977, sua primeira igre~ ra de Lula.25 No mesmo local, o Papa, em
ja num enorme salão remodelado, onde 1997, chegou a reu.nir um número inferior
outrora fiincionara o serviço funerário, no de fiéis. No episódio da Semana Santa de
centro do Rio de Janeiro. Com o crescimen~
1996, o caso do "chute na santa" mobilizou
to da igreja, cle forma estratégica, começa a
milhares de fiéis em várias capitais brasilei~
alugar ou comprar salões, oficinas, fábricas
ras numa manifestação aberta, atestando seu
e cinemas decadentes nos grandes centros
urbanos, que agora estampam o inconfun~ poder mobilizador de massas.
dível coração vermelho com uma pomba, Hoje, a lgreja Universal possui mais de
ao lado da "expressãoi5logan" da igreja: "Je- oito mil igrejas no Brasil, duas mil em paí-
sus Cristo é Senhor."ZZ ses da América Latina, e mais de sessenta
A característica doutrinária principal da nos principais países do mundo. SÓ nos
lgreja Universal é a guerra contra os cultos EUA, Inglaterra, França e África do Sul são
afro-brasileiros e o catolocismo popular, con~ cerca de 870 templos. Agora, não apenas alu~
siderados como de origem demoníaca. As- gam ou compram antigos salões, mas cons-
sim, c)s demônios ou t)rixás são a causa de troem imensos "monumeii_tos." Planejam
todos os males, fome, sofrimentos e cloeii- ci)nstruir clezenas de templos com mais de
c].nco mil luç;yares nas próximos anos, como
Ças. Crises, como o desemprego, a pobrezii
e os loiif htos imitrimoniais, seriam Çi``sm n "Catec]ml clt\ Fé" m A\'. J(>ão Djas, em San~
ri`siiltcinti`s dl. possessões "Ínimigas" |iiii` i() Amaro, São Paulo, e a famosa catedral
clevt`m `ier exorciza(las pela ação do "Espíi-i+ ti;ii-a onze mil pessc]as em Del Castilho, Rio
t(>" |iue c``itá sc)b o "manipular" clirefo ilo ill` Taneiro. Maceclo controla hoje mais de
iliri`LTilite i+a sessão de lillertí`ção. Outi-o t>lc`, iio -cmpresas, sendo 50 emissorLls iie rádio,
mento sempre presente nos cultos ch Uni- ti-ês i-edes de TV al`ertas (Recorci` Fami[ia e
versal é a ênfase exageracla m conce`ssií\) dc. Mulher ~ com cerca de 20 emissoras) e no
favores espirituais a troco de dinheiro - a mínimo dois jomaís. De acordo com as es~
"Teologia da Prosperidade" - uma L>xplora,
tatísticas cla Universal, o número de
ção, às últimas conseqüências, do chavão "é fTecit.ientadores, no Brasil, está na casa de
dando que se recebe." É muito comum oito milhões, onde cerca de 40% são consi~
em Teuniões o leilão de cirações, ()ncle t) que derados fiéis. Outros quatro milhões de
mais dá está sempre mais ap[o a receber a`` adept(is estão no exterior. A circulação de

ml
empresas" passa d_a casa de mídia, chegando a pretender comprar a ex~
rede Manchete de TV Pertencem à igreja
:âlàriàsk:oa:i;:od.e?ep=:-a£adn:
ja possuía em 1999 cerca de 250
#i:aí.aenmcàs::eraàÁdeg|r.â:ieoiesnã:ep:lâ;,.a
áis.de 2o mil pastores.26 Seguindo o mesmo perfil da lgreja Uni-
re§entação po_litica. d? ,Igreja Uni- versal, o movimento Renascer está totalmen~
!\é considerável. Nesta legislatura, pos~ te centralizado do ponto de vista adminis-
18 deputados federais e 26 estaduais. trativo no "dono," o apóstolo Estevan. A
. a Universal comprou uma fazen- igreja fiinciona como se fosse uma empresa,
o interior da Bahia com 400 hectares, onde alguns dos serviços estão terceirizados
ada de Canaã, onde Macedo pretende a pessoas não necessariamente pertencen-
lar um mega-projeto agropecuario ccr tes ao quadro de fiéis, como por exemplc> o
serviço de relações públicas. Há, contudo,
Nota§e que Macedo já prepara o su- uma coordenadoria estadual de bispos. No
ssor de seu império rcligioso, seu sobri, fim de 1999, quatro bispos abandonaram a
o, "bispo" Marcelo Crivella, líder Renascer para fiindarem suas próprias igre-
arismático, missionário,eloqüente prega- jas.zs
or e cantor ¢á gravou dez cds, com milhões
de cópias vendidas).27 lgTeia lntemacioriaL da Graça de Deus

A lgreja lnterna.cional da Graça de Deus


IgTeia Cristã Ai>ostótica
(lIGD) foi estabelecida em 20 de agosto de
ffi£\`` R€n4scer cm chsto
) A lgpéja cristã Apostólica Renascer em 1980 por seu "presidente vitalício", o
* autodenominado missionário Romildo Ri-
beiro Soares, no Rio de Janeiro. 0 advoga-
ià ' gi:sdt:|e;:,=aut::tear:iavf fsetéàràãoH:làs:àdme:: do R. R. Soares teve formação batista e ini-
) extiretor de "marketing" da xerox do Bra- ciação pentecostal na lgreja Nova Vída, de
onde saiu para criar sua própria igreja.
àii'b::atâ:ufre=i.stÃ;gsa tle=:J:acf;,Pdt:c::a:hdaa-
Este movimento pentecostal não possui
) mado para o "apostolado," fiinda a Renas- o mesmo vigor impactuante da lgreja Uni~
cer, juntamente côm sua esposa, "bispa"
) Sônia Hemandez. versal, mas tem apresentado um desenvolvi,
mento considerável entre as classes mais po
) A sede
liza~se nanacional da lgreja
Av. Lins Renascer loca-
de Vasconcelos, no pulares, graças ao uso constante da TV (es-
\ Cambuci, São Paulo. Há no movimento pecialmente na rede CNTGazeta), em prc>
uma valorização à música "gospel" e a reu- gramasóermão proferidos pelo próprio fun-
) niões específicas com empresáric>s (AREPE). dador. Um dos destaques deste movimento
Marcam ainda a lgreja Renascer: os "points" encontra~se num culto de cura e exorcismo
) de venda de produtos religiosos em cada (de libertação), or\de são distribuídos os "sa-
bonetes de purificação".
• àgerejjoa;eaà:` %anr:haa:spàrraoJgeassT,s ':( Froo;::i:asges
A IIGD possui igrejas maiores nas`
\ Vida e o curso bíblico chamado de "Escola
gTandes cidades e salões de reuniões em ci-
dos Profetas." Boa parte do :`marketing" da
dades menos popu[osas. Enquanto que a
\ igreja está no slogan "Deus é Fíel."
lgreja Universal procura localizar suas igre-
} Além de esposar as idéias básicas do jas no centro das Gidades, R. R. Soares pre-
k Pentecostalismo da terceira onda, uma ca~ fere abrir seus locais de culto, verdadeiras
/ racterística marcante da lgreja Renascer é o
b apostolado, manifesto apenas em seu líder,
"Apóstolo" Estevam. -A Renascer possui
garagens, nas periferias urbanas.
Hoje, a
lIGD marca sua presença também no exte-
rior, com igrejas no Uruguai e Portuga|.Z9
bém um considerável envolvimeáto na

-12_
PRINclpAls RAzÕEs mRA massas por parte das igrejas tradicionais.
0 CRESCIMENT0 DO MOVIMENT0 Não se adaptaram de pronto ao processo
de secularização tecnológica e à explosão do
PENTECOSTAL N0 BRASIL
poder da mídia. Tornouse, assim, compli-
A complexidade do fenômeno cado para as igrejas históricas promoverem
pentecostal toma impossível a tarefa de ali- grandes mobilizações e manterem cheios os
nhar todas as possíveis razões de seu cresci- templos. Parecem não mais poderem influir
mento, ainda mais quando reconhercemos de forma direta no controle dos membros e
que existem relações causais de na fixação de valores. Em contrapartida,
interdependência e interpenetração. Além por suas características mais populares e por
disso, o estudo transpassa o campo mera- serem mais ágeis nas tomadas de decisão
mente religioso, tornando obrigatória uma (empresas), observase` que os movimentos
reflexão interdisciplinar, em áreas como pentecostais conseguem com facilidade a
psicologia, história, política e economia. mobilização das massas. 0 resultado é evi-
dente: enormes locais de culto sempre abar~
Raz;õe s Psicorretigiosas rotados.

Tanto o catolicismo romano como o pro Não temos o direito de nos determos na
testantismo histórico tenderam, de forma questão da oconência ou não de reais con,
até inconsciente, à paulatina erradicação versões no contextc) de uma determinada
de elementos mais contemplativos e emo- igreja pentecostal. 0 fato é que os resulta-
cionais nas suas práticas religiosas. Esta su~ dos observados em muitos dos membros
blimação do místico, tão necessária à expe~ revelam transformações substanciais no
riência pessoal de alguns, começou a ser res~ comportamento. Nota-se que há umal;igni-
ficativa mudança em hábitos e costumes que
gatada pelos movimentos de reavivamento
e santidade no século XIX, em atitude fian- resultam em serenidade, paz, alegria, saúde,
camente contrária à ftieza institucional. Es- sensibilidade aos assuntos familiares, esta~
tava aberto o caminho para o surgimento bilidade financeira, etc.3t As contingências
de fenômenos espi`rituais espontâneos como da vida, normalmente associadas com a fius~
os observados hoje no movimento tração e desespero, dão lugar agora à espe~
rança de uma vida melhor, sob o ação do
pentecostal. "sagrado." Alguém poderia apontar tais
Podeóe considerar, em primeiro lugar, transformações como subprodutos da alie~
qiie as igrejas pentecostais surgiram como nação, fanatismo ou ingenuidade. Contu~
uma reação diante da incapacidade das igre~ do,.o membro fiel de um movimento
jas tradicionais de se tornarem menos está~ penteco§tal parece ter entrado numa esféra
ticas. Ativeramóe, quase que exclusivamen- superior, que transcende a sua realidade
te, com a racionalidade do religioso e per- cotidiana.32 Imaginemos, por exemplo, um
deram os elementos "espirituais." Assim, o determinado trabalhador braçal que mora
surgimento do movimento pentecostal sig- na periferia da zona sul de São Paulo. Tem
nifica, em certo sentido, a reciiperação do de levantar às 4h todas as manhãs para che~
místico, do emotivo na vida religiosa. Deus
gar ao "serviço" às 7h30. Toma duas con-
não é um Ser distante, coberto de duções apínhadas. Durante todo o dia, tra~
racionalidade, mas é pessoal e atua direta~ balha duro e ganha pouco. Sofre pressões
mente no ser humano. Esse formato de reli~ do chefe e de alguns colegas. Come apenas
giosidade, mais próximo das emoçõc-s do o conteúdo de uma marmita à base de fei-
que do credo, se cristaliza em igrejas com jãc> e arroz. E depois deste "dia," exausto,
pouca bagagem teológica e doutrinária, mas volta para casa. Mas antes do descanso, dá
com um sentido destacado de proximidade uma passada rápida na sua igreja. Iá ele não
Com o "divino."30 é o oprimido; 1á ele é um dos líderes; lá ele
Podemos observar também a gradativa é especial, batizado com o "Espírito." Com
todas as manifestações fenomenológicas de
perda da capacidade de mobilização das

_13-
catarse coletiva que podem ocorrer neste cul- Esta democratização pode ser analisada
to, o referido trabalhador parece ter sido ainda por outros ângulos. A carga em ele~
energizado. Como uma droga mística, tudo mentos emocionais da religião oferece par~
parece melhor, resolvido. Tudo parece "cu- ticipação mais efetiva ao universo feminino.
rado." Tem Deus ao seu lado! Enquanto que as igrejas tradicionais colo-
Outra razão a cc)nsiderar no crescimen~ cam peso no masculino, o mundo
to das igrejas pentecostais é decorrente de pentecostal rompe a barreira do gênero e
um traço cultural bem arraigado no povo abre reais possibilidades à mulher na igreja.
brasileiro: a mania de tirar "vantagem" em Elas deixam de ser figurantes e passam a ser
tudo. Este aspecto mais "profano" é acom- líderes, a serem pastoras. Ainda, sobre a
panhado, de forma invariável, pela procura ênfase do emocional, observa-se que as igre~
de soluções fáceis a situações complexas. Tais jas pentecostais carregam na valorização da
vantagens podem estar inspiradas em moti- música, em todas as suas manifestações.
vos variados, como por exemplo, os finan- Grade parte da música é próxima do gosto
ceiros, onde se pode ganhar dinheiro fácil da comunidade. A liberdade litú[gica
ao ser "dono" de uma igreja, ou ainda por advinda do prestígio dos sentimentos acres-
razões meramente pe§soais, no sentido de cidos da música, da presença do "sagrado"
autopromoção e autoafimação. Do ponto e da participação efetiva da massa, fazem do
de vista do miraculoso, não seria muito mais culto pentecostal um momento de demo-
vantajoso e prático receber uma "cura ins- cracia religiosa. Mesmo que ruidoso, todos
tantânea" do que ter que enfrentar um tra-
podem participar e estão abertos ao espeta-
tamento de saúde prolongado e sofrido? cular.
Nas igrejas pentecostais obs.erva~se tam- Sem a menor dúvida, o crescimento do
bém uma d€-mocratização do religioso, arti- movimento pentecostal deve muito também
go bastanté escasso nas igrejas históricas. à formação religiosa do povo brasileiro. Por
Para ser um líder, um pastor pentecostal,
não é necessário que se galgue uma carreira quatro séculos se estabeleceu aqui uma for-
ma de catolicismo, chamada de popular,
acadêmica, com anos de preparo. Basta um
"chamado," uma capacitação especial, e com características essencialmente leigas.
Por razões históricas incontestáveis, o modo
qualquer um pode chegar lá. Além disso, os de expressar religiosidade foi cultivada sem
pastores de igrejas tradicionais, como prc+
fissionais, rnuitas vezes parecem distantes a presença efetiva da lgreja Católica Roma-
das carênciaLs reais de sua comunidade. Ago~ na, a religião oficial." Assim. crendices po-
ra, quando este líder espiritual é oriundo pulares, tradições indigenas e africanas fo~
do meio, como é o caso com a maioria dos ram justapostas a um catolicismo de origem
pastores pentecostais, sua compi.eensão do
medieval, resultando numa manifestação
sentido da vida, dos sofrimentos e aspira- cultural-religiosa difícil de ser desarraigada.
ções de seus membros se torna um elemen- Esta expressão de religiosidade sincretista
to poderoso de comunicação e influência. leiga, gestada a partir de irmandades, cc>n-
Afetam muito mais. Além disso, em virtu- frarias e organizações de caridade, dão aiti-
de clo "miraculoso`" tais pastores têm a faci~ da hoje o ritmo do comportamento religio-
1idade de representarem iima mediação mais so do povo brasileirt). Assim, quanclo as igre~
efetiva entre os céus e a terra. Falam a lín~ jas pentecc>stais val-oriz<im a participação lei~
giiagem que o povo quer e gosta de ouvir. ga estão indo ao encontro das tradições reli-
Contraste-se tal realidade com a frieza
giosas mais profundas. As camadas popula-
litúrgica importada de culturas anglo~ res sentem uma "atração magnética" a esta
saxônicas comum às igrejas históricas, que religiosidade expressa sem estruturas
custam a se adaptarem à cultura brasileira. institucionais fortes que dividem o povo do
Muitas das igrejas pentecostais obtêm suces- "clero." 0 culto é para todos e todos devem
so por dependerem exclusivamente de lide-
ranças autóctones, não importadas; gente participar em condições de igualdade. É em
virtude do catolicismo popular que obser-
do próprio povo que entende suas necessi-
vamos a valorização pentecostal de elemen~
dades.

-14-
i¥.ã:=L,_
tos comuns, do dia~a{1ia, que ao receberem pouco salário ou desemprego, sem terTa, sem
uma determinada "bênção," se tornam sa~ saúde, sem segurança, sem dignidade. Esses
grados. Um copo com água, um sabonete, subprodutos da pobreza generalizada árras-
uma chave e um pouco de Óleo são manipu- tam a um estado de ansiedade e desespero
1ados agora como medíadores de salvação, que intuitivamente levam o ser humano à
e não a igreja institucional ern si. busca de uma solução, a mais rápida possí-
vel, no que é transcendente. Assim, pode-
Destacamos, por último, a prontidão das
igrejas pentecostais em lidarem com dificul-
se afirmar que as igrejas pentecostais têm
crescido às expensas da crise econômica crô-
dades existenciais. É nos momentos de cri-
nica em que vive o país. Vejamos o proble-
ses pessoais, tais como doenças, u§o de drcr
ma pelo prisma da saúde. Há uma verdadei-
gas, desemprego, que o ser humano se tor~ ra falência no sistema público de saúde. Não
na vulnerável, independendo de sua condi-
existe medicina preventiva. A medicina cu~
ção financeira ou social. Necessita de pron- rat:iva é marcada pelo estigma da opressão:
ta ajuda e aciuiesce a um convite para parti- 1ongas filas, hospitais superlotados, ausên-
cipar de um culto de libertação, num lugar cia de remédios, péssimo atendimento pes~
onde lhe é oferecida solução rápida para a soal, isto quando não há greves. A situação
aflição que o esmaga. No cristianismo tra~ é tão insustentável que qualquer um na de-
dicional, soluções são vislumbradas num
pendência de socorro já se imagina vítima
futuro distante, muitas vezes de caráter fatal.
etéreo, num céu intocável. Em con-
trapartida, muitos dos membros das igrejas Por outi.o lado, operando como grandes
agências de cura, igrejas pentecostais têm
pentecostais se filiaram a elas por recebe-
rem, mesmo que de forma psicológica ou aberto.suas portas para que, pelo menos,
com dignidade se busque a saúde pelas vias
s=::ap=:3i:mpaa§l.iaÉti::í.:eàoul:CÍ:itporso:ãtâ|:toe: do miraculo§o. Só o milagre é mirado pelo
pobre como condição de sobrevivência, sen-
=i=e::btie|ideaxdpe'.oÉaeg,Pdsene,=a,Snudaaànu:ê=:: do este real ou imaginário.
tos abandonam a igreja após se esquecerem Além disso, as pressões econômicas têm
da "graça" recebida.` Isto está evidente na favorecido em demasia o processo migrató-
enormc fluidez de membros entre as igrejas rio. Do nordeste para o sul, do interior para
pentecostais, que chegam até a concorrerem a capital, o que se vê é o crescimento
entre si, numa lei de mercado, na oferta de desordenado das periferias. A necessidade
beneficios materiais ou espirituais. Não de~ de adaptação à vida suburbana gera instabi~
vemos nos esquecer, contudo, que o cristia- lidades sociais e psíquica§, que sabemos, fa-
nismo autêntico não pode se concentrar vorecem a mudança de religião. Quando
apenas no amanhã. alguém se acha distante de seus pontos de
referência, tanto da tradição religiosa quan-
to da estrucura familiar, é aí que sente a pres~
Razões Econômicas
são por pertencer a um novo grupo social.
0 Brasil é um monumento à crise! Fru~ Pentecostaís têrn se valido, de fórma intuiti~
tt) de situações contraditórias cle um mode- va ou não, deste principio de crescimento
lo imperialista extrativista, o país sempre tem de igreja." Crescem em demasia n4s perife-
sobrev[vido sob a expe.ctativa do pior, ou no rias ou €n[rc moradores destas regiões.
míiiimo, do menos ruim. Crises econômi~
Outro aspecto da críse econômica
cas e pacotes financeiros se suceclem com
endêmica se revela no paradoxc* povo po'
tanta freq(.iência que torna~se difícil imagi~
bie, mas igreja rica. Enquanto a congrega~
nar o Brasil como emergindo de sua condi~
ção é de trabalhadores humildes, sua lide-
ção terceiro~mundista. 0 estado de pobre~ rança desfila em carros importados! Tenta-
za a que é submetida granile parte da popu-
se explicar esta contradição ao atestar a ve~
1ação tem despertado até reflexões teológi~
racidade da doutrina malaquiana dos
cas inéditas como a Teologia da Libert.ação.
dízimos e ofertas. Mas, o que se observa,, de
Se o Estado está em crise é porque o povo fato, é um apelo financeiro patético. E o
"franciscanismo" às últimas conseqüências
está em situação insusteiitável. Com fome,

_15-
:;:,f::dmo=piennaaà"ase::snstoercaossç::S.`iÊasót£=
mado marketing evangélico, às vezes despre-
; i!:e;:cí::qo::seq::vt;fo::=gsi|:;;:íLepí:is:::`e:::;:: tensioso, de improviso, sem muita técnica,
e até ingênuo, mas que se revela como ele-
) ;:lt:::aa áuunmd:çàoag:i:amfà#ej: ::::::3:t,:: mento de alto poder. Quem controla um
veículo de comunicação de massa está, de
::.rc::na"fueggaóc.i::'r ipqruóes.::râ: 5p::::r:so:eb¥: fato, com o controle da opinião das classes
populares nas mãos. Com esse pressuposto,
as igrejas pentecostais têm saído à caça de
; ;n:e:i.::.:aer.:b¥a.ns;.:cs::p.gog;::;g,rj:isguáe:a?::g:eã! canai§ de radiodifiisão e de TV para se fir-
congregações também estarão repletas. marem no "mercado," num frenesi que se
) assemelha a do instinto de sobrevivência.
Razões Relativas ao Poder Verdadeiras fortunas são "investida§" na
compra de espaço, ou, preferencialmente,
Num país onde sempre existiu uma na compra de emissoras. Hoje, a concorrên-
) relação íntima entre Estado e lgreja, o cia não é somente pelo número de fiéis ou
pela oferta nas salvas, mas também por pon-
:ansv:15iemnean=:npt:l:tj=opç:elág:rea,neç::pree.`àgd'= tos no lbope. lsso é poder.

::àsá::iiãànhdoou:: ,au.h,:seem:injâecnadt::icdaó
AVALiAÇÃO ESCATOLÓGICA DO
) poder com a autoridade política. 0 movi-
mento pentecostal percebeu também as van- cREScnmNTO pENTECOSTAL
) tagens que adviriam em decorrência de sua A valorização da experiência sobre a
aproximação com o poder político. Num
crença e a ênfase nas emoções sobre a razão
) primeiro momento, os púlpitos das igrejas
parecem oferecer motivos intrínsecos sufi-
cientes para o crescimento acelerado do
) :: nt:::aá:s=.?a::niqgu,:;.a sMp*a.s sc:.T= daec,oe:
movimento pentecostal. Mas, será que aqui-
lo que se mostra tão 1ógico, factual ou até
::5:;àesná:tipváà::.e Gpeor':tj::, ee:t:.C,u:acraed=
intuitivo não é em realidade cuidadosamen-
) :serííg°r€;a:e:í[Se[::rà°'s:u: Críer;:|°e¥:i:St:;,°:g: te orquestrado? A visão do Grande Confli-
to e o entendimento escatológico adventista
) :igc::a:àmpp.a.nà:d::,asagilà:i,¥=,::tro¥ass.pg
gvoa|Si:tçiãmoomdai:f:ir,::icoesTà:c:rressocsi£::atoudma:
) sim, uma igreja com maior força política terá igrejas pentecostais em relação aos sinais dos
mais poder de fogo nas famosas mesas de
tempos.
) barganhas, conchavos e influências que in-
fÉs.tjaeTnauàif ad:á5lá::,aecTotà:o:o:sft:í:eàs: 0 que sabemos é que, ahtes que venha o
real derramamento do Espírito Santo sobre
a igreja de Deus, haverá um movimento de
:opineiã:edaapso=::Lasà:¥aeiads|ã:tnot§eàousetaá:vneã= contrafação, pretendendo possuir o poder
do Espírito. Somos alertados de que have~
) receber votos, mas indicam os que devem
ser rejeitados. Esta "des~ideologização" das ria um falso dom de línguas que provt)caria
f.anatismo e um falso excitamento, e qi[e
Foadsê::r::up|:al:ree|i:,=ua?:e=eded:oLe:,rg:=seo~ reilundaria em cultos ruidosos.36 Havería
). timento dos valores democráticos. [{`mbém muit()s sinais e maravilhas, e dian,
te dos nt)sst)s t)lhos .seriam efetuados curas
)partTâa::::`'=adse[;:fnc;aan:cTee::iooí:àokEi:â e milaLJres espetaculares."

) do poder, é inegável reconhecermos a influ- Neste ponto, é necessário que destaque-


ência qiie o movimento pentecostal exerce mos dois aspectos significativos. Primeiro,
há verdadeiros cristãos nessas igrejas.
Antes de os jiiizos finais de Deus cairem sobre a
;JrHaàt:oã::âoaTii:e;a:elhàoo,g:uatniiae:úi::d:eeTT:aÉs:a;~ Terra, haverá, er`tre o povo do Senhor, tal avivamen-
to da primitiva piedade como não fora testemunhado
àÊTaos'::sügr=teenntsoõse:ig:if:::ii;t::aps:r£oatien|: descle os tempos apostólicos. 0 Espírito e poder de

)
-16_
)
Deus serão derramados sobre seus filhos. Naque|e
tempo muitos §e separarão das igrejas em que o amor REFERÊNCIAS
deste mundo suplantou o amor a Deus e à Sua Pala-
vra. Muitos, tanto minist[os como leigos, aceitarão
alegremente as grandes verdades que Deus providen-
àeDÉ,auc::godacoR:|E:ã¥u-,s|asErialtz;:ã,.¥i:sl::'tRuct,:-
ciou fossem proclamadas no tempo presei`te, a fim giõo e Socíedad€ 17/1-2, surgem cinco novas ig[ejas
de preparar um povo para a segunda vinda do Se- pentecostais por semana sÓ no Grande Rio. Estima-
se que o Brasil possua hoje entre 15 e 20 milhões de
nhor.}8
penteccktais, i.e„ de 10% a 159/o da população, en-
Em segundo lugar, temos que reconhe- quanto que as igTejas protestantes históricas contam
com apenas 2°/o da população. Ver Cezar e Shaull,
cer que, mesmo que com aparente demons- 25.
tração de astúcia empresarial ou até de in- 2 Prócoro Velasques Filho, "Declínio do Cristianis-
genuidade religiosa, há uma mente or- mo tradicional e Ascensão das Religiões do Espírito"
questradora que opera com intensio- em lntTodwçáo ao Protcstancismo no Bti45iL ed. Antônio
nalidade. Gouveia Mendonça e Prócoro Velasques Filho (São
Paulo: Loyola, 1990), 250. Velasques Filho expõe esta
Nas igrejas que puder colocar sob seu poder se- "terceira força" como uma reação ao catolicismo e
dutor, {Satanás] fai.á parecer que a bênção especial
protestantismo qiie se tornaram incapazes de satisfa-
de Deus foi derramada; rnanifestarLse.á o que será con- zer as exigências misticas populares. Já Waldo Cezar e
siderado cc`mo grande interesse religioso. Multidões Richard Shau ll, consideram o movimento pentecostal
exultarão de que Deus esteja operando maravilhosa- como "uma quarta grande fase da história da igreja"
mente por elas, quando a obra é de outro espírito. vindo depois da Reforma, do movimento missioná-
Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender rio e do movimento ecumênico (Penteco5t4Lismo e o
sua influência sobre o mundo cristão.'9 Fwm7o das lgrej" Cristd5: Protr`esscu e Dcsa/ios |Pctrópolis:
Mediante a agência do espiritismo, operarseÉo Vozes, 1999|, 25).
prodígios, os doentes serão curados, e se efetuarão 3 Sobre a reação católica ao movimento pentecostal,
muitas e inegáveis maravilhas. E. como os espiritos ver Francisco Cartaxo Rolim, "Em tomo da Renova-
professarão fé na Escritura Sagrada, e demonstrarão ção Carismática," Reuíst4 ECL3siática BmasiLei7a 55, 365-
respeito pelas in§tituições da ig[eja sua obra será acei~ 384; Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
ta como manifestação do poder divino. "OTientações Pastorais sobre a Renovação Carismática
A linha de separação entre cristãos professos e Católica," Documento do Conselho Permanente de
impios é agora dificilmente discemida. Os membros 22-25 de novembro de 1994; ErnestoBemardes, "Na
da igreja arriam o que o rriundo ama, e estão prontos Linha de Frente da Guerra," Vej4, 20/set/1995, 73-
para se unirem a ele; e Satanás está resolvido a uni~los 76; e Thais Oimma e Samarone Lima, "Católicos em
em um só corpo. e assim fortalecer sua causa arras~ Transe," Veja, 8/abr/1998, 92~98. 0 congênere cató-
tandoo§ todos para as fileiras do espiTitismo. Os rom~ lico do movimento pentecostal é identificado como
anistas, que se gloriam dos milagres como sinal ccrto Movithento de Renovação carismática. Tal movimen-
da verdadeira igreja, serão facilmente enganados por to inicio€e em 1966, na Universidade de Duquesne,
este poder operado[ prodígios; e os protestantes, ten- Pittsburg, Pennsyhnia. Já em 1967, estava presente
do rejeitado o escudo da verdade, serão também iLu- r`a maior universidade católica dos EUA Nome Dame
didos, Romanistas, protestaLntes e mundanos junta- University, em South Bend, Indiana. Dai, espalhou-
mente aceitarão, a forma de piedade, destituída de se para outros campi universitários e para o mundo
sua eficiência, e verão nesta aliança um grandioso católico como um todo. Desde o início o Movimento
movimento para a conversão do mundo, e o começo de Rcnovação Carismática teve apoio da hierarquia.
Paulo Vl destacou um dos seus mais influentes
do milênio há tanto tempo esperado.4°
cardiais, Joseph Suenens, como um dos articuladores
na expansão do movimento. Sabe€e que João Paulo
11 é um adepto incondicional do movimento. Já em
devF=aonst:oçessut:p:::iiáeard:oEir:f:::::imneãno- 1991 falava.se em mais de dez milhões de católicos
to das igrejas pentecostais. A inspiração dei- carismáticos no mundo. Hoje, os números ultrapas-
xa evidente que um movimento teria início sam ac>s cem milhões. No Brasil, este crescimento
nos EUA, possuiria uma contraparte na lgre- exponencial é verificado com a presença do movimen-
ja Católica Romana e que, num futuro bre~ to em praticamente todas as dioceses. Como desta-
ve, acabaria por servir como agente ciue podemos observar a atuação clo padre Marcelo
ecumênico. Não é este o reavivamento de Rossi. tanto na midia como na sua paróquia, em San-
to Am.`ro, Sào I'aulo, onde cerca de 30 mil pessoas
contrafação que antecederia ao \Terdacleiro
ci`mparecem à cada missa. Admitese que um terço
::orvel=::::c:à.::eà:sú::q::t:isrádsao?:àâágàe: dos católicos praticantes brasileiros sejam hoje
carismáticos.
Jesus? 4 Ver ]ohn L. Sherril, Eles Fcihm em Ow!ms Li'Ttgtffls

Só resta, como conclusão, retletirmos nas (São Paulo: Betânia, 1969).


5 Inúmeras são as referência bibliográficas que des~
põ`à=naàoprv:ÉÊ:.Sàsréd=,JàsuESs:TitJooàoatí;àâ; crevem o inicio do movimento pentecostal. Uma das
mais recentes é a ob[a de Benjamin F. Outiérrez e
de, ele vos guiará a toda verdade..."

-17-
ZI Wulfl`orst, 15~16.
2Z "Com Fé, Dinheiro e Fiéis," Veja, 25/out/1995,
96.105.
23 Ver Edir Macedo, Vida com Abt4ndáncia (Rio de Ja~
Íte5;og;ãíjíu:r;;£i;¥í:!spLãi;É9:6i;?|Éiid:ãií;;Ê;t neiro: Editora Gráfica Universal, 1995).
2' Leonildo Silveira Campos, TeatTo, Templo c MeTc4-
do.. Chganização e Marlceting de um Empreendirnento
#.;z,:;::j¢:ío,bggpz)J.eeco£Ísm-cnoortÊmná,8(sp:tort;5oi,s: Neopentecostal, 2a ed. (Petrópolis:. Vo2es. 1999) ; Ma-
6 Sabeóe que W H. Durham rnanteve contatos dire-
ria das Dores Campos Machado, C4Tismáticos e
Pen[ecostcLis: Adesdo Re!igi'osa nci Esfta FamiLlar (Cam-
pinas: Editora de Autores Associados, 1996); e Eward
!o:s,T::m::::et:a:m;ub;oàs;eog;âqLÊn=d:fop;a:r::L:criea:s;í::c;:: L. Cleary e Hanr`ah StewardGambino. eds., Power,
rentes pentecostais. Ver Cesar e Shaull, 20. Para um Poli!ics, and Pentccostab in Lcitin Amen.ca (Los Angeles:
resumo histórico dos primórdíos do movimento We§tview Press, 1997).
pentecostal, ver A. Reily Duncan, Hi5tónci doct.mental 25 "Guerra Santa: Edir M<icedo lnvest.e na Liita Con-
do Prot€stcin[ísmo no Bttiç!! (São Paiilo: ASTE, 1985)`
7 Ver lvar Vii`gren e Gui`nar Vingren, 0 Djárío do tra o Diabo Lula," Jsto É, 29/jun/1994, 26.
26 A|exandre Secco, "0 Milagre do Caixa da Univer~
Pio7teiro (Rio de Janeiro: CPAD, 1973) e Emílio Con-
de, Históiia d¢s Assemble'ías d€ Detü no 87iz5t.l (Rio de sal," Veja, 3/nov/1999, 3843.
27 Roberta Paixão, "0 Sucessc" de Edir Macedo," Veja
Janeiro: sem editora, 1960).
8 Para o relato oficial do surgímento da lgreja Assem- 3/nov/1999, 4447.
bléia de Deus nci Brasil, ver Joanyr de Oliveira, As5em, !8 Paiilo Melo, "Fundação Renascer em Cristo," Pes-
bb-i4 de D€u5 no B*45íl: Sttmário Hi5tóh.co JltA`mc]do (Rio quisa de Classe` SAIT, 2000; e o si[e oficial da igreja:
de Janeiro: CI'AD, 1995). ~.renascer.org.br.
9 Ingo Wulfhorst, "0 Pentecostalismo no Brasil," 29 Wes|ey Paím, "Igreja ln[eriiacional da Graça de
Estwdos Teok5guos 35, 8,9. Deus," Pesquisa de Classe, SALT, 2000.
[° Antônio Gouveia Mendonça expõe que a lgreja m Ver A. Bíttlinger, 17i€ Chui-ch is ChaT;m4tíc (Gene-
Assembléia üe Deus segiii iima teologia arrninio- bra: CMI.1981); e Velasques Filho, 250-256.
wesleana e urna estrutura eclesiológica batista ("Evo " 0 estudo realizado por Cecília L. Mariz, revela
lução Hiscórica e Configuraçáo Atual do Protestan-
tTansformações significativas de hábitos em pessoas
tismo no Brasil" em !nüoc!wçdo cio Protest4n[ismo no
alcoólatras que se tornaram pentecostais ("Alcoolis-
B"sil, ed. Antônio Gouveia Mendonça e PTócoro
mo, Gênero e Pentecostalismo," Relígido e Soci€dad€,
Velasques Filho [São Paulo: Loyola, 1990}, 48).
16/3, 80-93).
` ! A principal fonte documental da Congregação Cris~
i2 Cezar e Shaull, 57ó6.
[ã no Brasil é um livreto publicado por Francescon
" Existe uma vasta bibliografia sobre o catolicismo
em 1942 sob o título original de "Resumo de uma
Ramificação na Obra de Deus pelo Esp{rito Santo no popular brasileiro, onde destacamos: Thomas C.
Século Atual." Hoje o título deste panfleto é "Histó~ Briineaii, TTu? Poli[lcaJ TTans/o.rmaíz'm o/ the BtcLzíllcm
rico da Obra de Deus, Revehda pelo Espírito San[o, Cci[holíc Chitrch (New York: Cambridge Universitv
no Sécu[o Atual." Press, ]974); Scott Mainwaring, 7Tie Catholíc ChwTch
" Josué Giamarco e Alberto Alves da Fonseca, "Seita cmd Polí[tcs ín BTasíl: I9j6-1985 (Standford: Standford
University Press, 1986); Riolando Azzi, A CTistandad€
ou Movimento Contraditório - Parte 2" D€fcsa da
Colo"cil: MÍ[o c Jd€ologict (Petróp()lis: Vozes, 1987); e
F€', Set-Oub/1998, 17,25.
" Mendonça, "Evoliição hístórica," 49. José Joaqiiim Sobral. ed„ Religio5idctdc Popwl4T € Mi.sti,
i`ismo no 87t]sil (São Paulo: I'c`ulims, 1984).
" Muitos destas "igrejas" não poderiam ser caracteri- " Ver D{)nalcl Aiiders(>r` MCG€`vran, L/ncli+rscand!.rig
zaihs, s()ciologicamente falando, como tal, p()is não ChL£rch Grow[h, 2`' ecl. (Grand Rapids, MI: Eerdimns,
p{)s5uem um mjiiimo de estabilictadc institucioml` 1988), 207,353.
com um corpo doittrinárío delíneadt] acjma das von~ " CesaT e Shaull, 53~56.
tacles pessoais. Ver ibicl, 46.
" Elleii G. White, T€st['m4cnho5 Scletos (Saiito Aiidré:
L5 Burgess e MCGee, 461~463.
Casi` Pul`lícatlom Bi-asileim,1970),1:412.
" Wulfhoi-st.10~12.
-`T ILlem, ML+ris{(LÍ€m EjL`olíuc(tt5 (Scmto André: C`:\s;
" Màrio de Oliveira, "Rdatório ilo Conselh Nacicr
Publicadom Brasileira, 1967), 2:48, 5Z~54.
nal," Vídeo, 1999.
" Idem, Grcmde ConJlíto (Sat`to André: Casa
" Mendonça, 53~54.
Publicadora Brasileira,1975), 464.
" Site ot-icial da igreja, www.bTas`ilparacristo.org.br.
'9 Ibid.
2° Genésio Mendes, Dotttrina! (São Paulo: Departa-
4ii ibicl., 587.
rnento de Publicações da lgreja Adventis[a da Pro-
messa, 1969), 55.

_18-
Pai.ousia lQsemestre 2000, Vol.1, No 1,1949
CopyritJht ° 1991 Gerhard Hasel.

0 DOM DE LÍNGUAS
EM I CoRÍNTios 12-14
GERHARD F. HASEL, PH.D. (t 1994)
Proj:essor do Semínário Tleológico Adventista iia Andrews Uniyersüy, EUA

Este artigo, uma aLdaptação do último ce ininteligível tanto ao que fala como aos
capítulo do livro SpeaÁí.ng J.n 7loqgtíí=ç.. que ouvem. Esta é a razão para necessidade
Bíl]1ícal Speaking ín T:ongues and de um intérprete. Caso não haja o imérpre~
Contemporary Glos§ola]ia (Berrie;n te, o falar em línguas mencionado em 1
Springs, MI: Adventist Theological Coríntios 14, pode ser praticado em parti-
Society Publications, 1991), analisa por cular, na forma de oração, onde só Deus
todos os ângulos o texto de I Coríntios entende. Alguns escritores clássicos do mc>
12-14, usado como paradigma pelo vimento pentecostal sugerem que este "fa-
movimento glossolálico modemo. A lar em linguas" descrito por Paulo é, em re-
alidade, uma forma de linguagem humana
prática pentecostal conteinporânea é
contrastada com o fenômeno de falar em raramente usada, falada em algum lugar do
línguas como descrito pelo Novo T®ta. mundo. Hoje, contudo, um crescente nú-
mero de pentecostais e carismáticos, tendo
mento,
como base os recentes estudos feitos por lin-
'Ihi§ article, a tran§lation of the last güistas em relação à modema glossolalia,
acreditam que este fenômeno deve ser me~
chapter of the book fp€aÁr:qg J.n lhor compreendido como sendo uma lin-
T]ongues: Bíblícal Speakíng in T:ongues
guagem angélica. Para apoiar este último
and the Contempórary Glossolalia
ponto de vista, apontam em particular para
(Berrien Spi.ings, Mls Adventist 1 Coríntios 13:1.
Theological Society Publication§, 1991),
analy§es bv every perspective the text of I Há uma segunda maneíra de abordar e
Corinthians 12.14, used as a paradigm by avaliar o texto em questão. Intérpretes de
the mode.rn glossolalic movement. The tradição liberal e de erudição progressista,
contemporary pentecostal practice is isto é, teólogos que se valem do método crí-
tico-histórico, tomam I Coríntios 14 como
contrüted with the speaking in tongues
uma evidência no Novo Testamento de uma
phenomena described in the New fala estática ininteligível, um tipo de cadên-
Testament.
cia na vocalização que, segundo dizem, já
era conhecido em tempos antigos como
glc>ssolalia.` Tal abordagem é feita com o
HD:àltà::Ss:ars€Sfeg|-ee,,làç|:;T(:::`T:.sia:g::s- auxílio do método de estudo da história~das~
(Mc 16:17; At 2:1-13; 10~11 e 19:1-6), a que religiões, onde elementQs relativos às anti~
requer um estiido mais cuicl£iiltiso e meticu~
gas religiões pagãs são usactos corno referên~
loso é a que se. encontri\ m l'rimeira Carta cia p?ra a interpretação do fenômeno bil)ti~
de Paulo aos Coríntios, capítulos 12 a 14. co.2 E evidente que estes eruclitos que usam
Pentecostais e carismáticos freciüentemente o método c.rítico-histórico não interpretam
afirmam que I Coríntios 14 é a chave para a Bíblia usandcya como sua própria ferra-
que possamos, hoje, definir c> que seja a menta hermenêutica. In[erpretam, sim,
glossolalia. Sugerem, normalmente, que eventos bíblicos (neste caso o falar em lín~
Paulo está descrevendo em 1 Corintios 12- guas) tomando como base os contextos
14 alguma forma de [inguagern estática, pTo~ reconstruídos de fenômenos sócio-culturais
duzida pelo Santo Espirito, e que permane~ Supostamente existentes no mundo antigo.3

_]9-
do "falar em linguas" em I Coríntios 12~14,
deixa-nos com a tarefa de realizarmos, com
cautela e disposição, um estudo minucioso
desta perícope.
;;Íjstt;Ís§;iídt:§¥S§S:Íio§rjja:::;C;eir€:io:a::;ji:Íe: Uma interpretação correta, sem dúvida,
evitará a tendência de isolar I Corintios 14
dos dois capitulos anteriores e o fenômeno
)§a:1:Tp::o:t:uf::ft:s:tsâo:su:ftàçínoàt:¥s::r:|::?isà. do "falar em línguas" do restante do Novo
Testamento. Deveremos, com a seriedade
'g:npcoioascai¥:,cqounet£::s::bTicuoT:::ã:amÊ: necessária, analisarmos os possíveis parale-
los existentes nas religiões pagãs, para avali~
):rsítteusr:rsuedr,yteosc:n|:nsdueamp[rócp:i:nít:::r]P2r,e,t;: armos a interpretação sugerida por alguns
críticos do texto bi'blico.
):e:eTi:âr:isceu`aarl:"áao`àr:rpi`,í.Pm=,asé':::=:
) de falar línguas estrangeiras que não foram CENÁRio HisTómco
aprendidas anteriormente.4 Compreendem
) i Coríntios 14 como descrevendo uma situ- Na tcntativa de alcançarmos uma certa
clareza na discussão de I Coríntios 12-14, é
):sfaovadseeíâ=àosaàe.à=fod.ommaieàppi::g.ai':,:s:: necessário, primeiramente, buscarmos de~
vido esclarecimento quanto a situação pre-
):àapi:.raNeã:ifaiàaí:,oe£râ::iàaeuE::tfií;::ssepeen: valecente em Corinto e sua respectiva co~
munidade cristã.
àoosrsi::od.opeTomcaonp:áátrii::opea::e:daeLgr:àasei`e-
É partícuíarmente ímpressíonante que o
) tido de estar ajustando um verdadeiro dom "falar em línguas" se manifeste, umaL vez

):â?firátç::'àad:Í:japceo`à.E:pcí:i;:,dpeaàa,i: mais, numa importante metrópole dos tem-


pos do Novo Testamento. Corinto está lcy
)::àEtset:sets:ât:gmos,:uugneirde.=::eàne::,a:i:i:: calizada na Europa. É uma das famosas ci-
dades da antíga Grécia.
)=|F.:.:i:ssa=:::ebi.amm,í:guda::sftdaàg::,'aas:
Corinto era a capital da província roma-
na da Acáia. Assim, está ligada a Éfeso,
=o:s|qdeer=ànoe;r:rsá==l:ànreeas'p=t:anoesnehuuf=ma Cesaréia e Jerusalém como a quarta cidade
) indicado - beneficiar a proclamação das onde aparecem registros de "falar em lín~
guas" no Novo Testamento.
Pa:a=rmo:[aá::âíà::íéad:[;:p::::ãsà:uaa::oafne.
Corinto contrc>lava a rota de comércio
ã:enaã£í:ep:=seã:aeàe::t::r[±a:eronj:::.qNu:mo: entre o Nordeste da Grécia e o Peloponeso.
A[ravés dos portos de hcáia, no Oeste, e
)::T,t:tià:ed:acdoaniãàrmestdee::s:;or,vP.aup':r:e:
( :incréia, no Leste, se tornou um centro dos
) edificação da igreja e não para uso egoísta. ncg(')i`i`ts mi`diterrânet]s. Seu comércio ma-
•,â::àme,:'eoi=epmõ,erreecg:=epnaá:nqdl,oeàuu:oqf::sne- rítiiiit) irtjuxe~ll`e grande prosperidade e lu-
xúria. C,(iriiitt) toriitiu~se também proverbi-
al por siia promiscuiclacle sexual.
) d.o não houvesse intérprete capaz de tradu~
zir gstas líi`guas para c> benefício daqueles
Miiitos séciilt`s antes da ép(jc`a de Paulo,
) que não as entiiiiliani, de`.eriam permane- o timplo corinti> (11. Afrodite emprega\'a mil
cer calados iia igreja.
escravas dedicadas à adoracão licenciosa.5
Estas opiniões divergentes existentes en- Em 46 d.C., Júlio César ahexou Corinto
) tre os estudiosos do Novo Testamento re~ como colônia Romana. Assim, seus mora-
dores passaram a ser cidadãos romanos, que
)::eqrueempaquTâr::i::=t:sesa.t:.nv:ãu?6uf':i:ddo.s|: eram, na maioria, homens livres da ltália.
À esta população se acresciam gregos e
} não ter explicado em detalhes o significado levantinos, incluindo também judeus. .

)
-20_
/
A diversidade étnica se refletia em sua acreditamos que fosse quanto ao mnkíng dos
vida religiosa. Corinto possuía muitos san~ dons espirituais (12:28), especialmente a
tuários dedicados a deidades estrangeiras, relação entre os dons de profecia e o falar
tais como Ísis e Serápis.6 De fama especial em línguas (14: 140).
era o templo de Apolo. Visitei Corinto em
várias ocasiões e vi as ruínas destes templos. I Coríntios 12
É uma visão muito impressiva.
A seção introdutória de I Coríntios 12-
Paulo foi até Corinto na sua segunda vi- 14 refere-se ao tema dos dons espirituais
agem missionária. Ali passou 18 meses (c. como um todo (12: 1),]° e atinge seu clímax
51~52 d.C.), período em que fundou uma na exposição do que uma pessoa que "fala
igreja (At 18:1~18). Mais tarde, Apolo tam- pelo Espirito de Deus" é capaz de proferir
bém trabalhou em Corinto, obtendo consi~ (12:3). A seguir, Paulo trata sobre a fonte e
derável sucesso (At 18:24, 27s; 19:1; I Co o conteúdo desta "fala." Ela tem sua ori-
3:4).
gem no Espírito Santo. Embora aqui não
Depois da partida de Paulo, Corinto seja mencionado o "falar em línguas" com
enffentou uma §érie de problemas doutri- sua teminologia típica, não há dúvidas de
nários e éticos. Durante seu ministério em que Paulo o tinha em mente.
Éfeso (c. 54-57 AD), Paulo recebeu informa- Quando Paulo fala sobre o contexto re-
ções da "casa de Cloe" (1 Co 1: 11) que indi- ligioso pagão dos crentes de Corinto, mais
cavam haver um espírito crescente de con- particularmente da idolatria existente nos
tenda na igreja de Corinto. A própria igreja cultos pagãos, usa as palavras "embora fos~
também colocou diante de Paulo certas sem guiados" (v. 2, NASB) ou "se deixas-
questões, na forma de correspondêpcia es~ sem levar" (NRSV).
crita (1 Co 7:1).
Não há unanimidade sobre o significa-
Paulo respondeu tais dúvidas de manei~ do desta expressão. Acredita€e que ser gui~
ra progressiva, usando quase sempre a fór~ ado por ídolos refiraóe a algum tipo de au-
mula introdutória "a respeito disto," como toridade dos ídolos sobre os crentes enquan~
aparece em 1 Coríntios 7:1; 7:25; 8:1; 12:1; to eram pagãos. Como se fossem escraviza-
16:1 e 16: 12. Os assuntos discutidos nestas dos pelos ídolos.]'
seções tratam sobre casamento e divórcio Alguns comentaristas querem ver aqui
(7: 140), comida oferecida a idolos (8:1-13), uma referência ao êxtase ou entusiasmo es-
dons espirituais (12: 1-14:40), coleta de fiin-
tático usualmente ligado aos cultos pagãos. `2
dos para Jerusalém (16:14) e sobre Apolo Sabese, contudo, que o "falar em línguas"
(16:12). Esta primeira carta de Paulo aos ou glossolalia não era manifesto nestes cul-
Coríntios foi provavelmente escrita na pri~ tos antigos,[3 como veremos em detalhes
mavera de 57 d.C.8 Paulo também se refe~
riu a outros questionamentos em I Coríntios £ari:f:rdai-::t:;::raiài:oéàTs::ot:â*Êi=:aour:
7 a 16, embora tais assuntos não tenham tante destacar que não há evidência de ne-
similaridade na fórmula introdutória.9 nhuma manifestação pagã estática igual à
moderna glossolalia em rehgiões não~cristãs
0 CoNTEXT0 DE I CORÍNTI0S 12-14 (e cristãs). Paulo está aqui procurando dis~
tinguir, cuidadosamente, o dom genuíno ou~
Para unu correta compreensão sobre o torgado pelo Espírito Santo do fenômeno
falar em línguas de I Corintios é necessário
que ocorre nas religiões pagãs.
nianter cm meiite que o problema stirgiu
no contexto dos dons espirituais (1 Co 12~ Em 1 Coríntios 12:4~7 Paulo prossegue
14). Paulo está tentando resolver esta difi~ sua exposição ao falar sobre a fonte trinitária
culdade. E é no bojo desta resposta que Pau~
1o avalia os vários dons do Espírito Santo ãiot:g:sus,sEft:nésaeà:11=te:raa,Sàe:;aprí:;àoo~Sdee,
(12:31)_ um mesmo princípio geral: todos os dons
espirituais devem derivar-se da fonte triúna.
Embora não saibamos o conteúdo exato
Se assim não fosse, deveriam ser excluídos
do questionamento ciue chegou até Paulo,
da comunidade da fé de Corinto.

~21~
No original, o propósi[o dos dons espi- que todas as pessoas cheias do Espírito de-
rituais na igreja é "o bem comum" (12:7 -a vam falar em línguas.
VARA traduz como "fim proveitoso"). Ne~
É digno de nota que no Novo Testamen-
nhum dom deverá ser para uso particular;
to, nas quatro listas de dons espirituais, o
todos os dons são destinados ao "bem ccy
dom de línguas aparece em apenas duas (1
mum" do corpo dos crentes (cf. I Co 6:12;
Co 12:10; 12:28, 30), e sempre em último
10:23). Paulo retoma a este tópicoL4 em 1
lugar. Por outro lado, o úníco dom espiritu-
Coríntios 14, onde acentiia repetidamente
al que aparece em todas as quatro listas é o
que todo o dom espiritual deve servir para de "profecia" (Rm 12:6; I Co 12:10; 1Z:28i
o "crescimento" da comunidade e não para
Ef 4:11). "Profecia" está em primeiro lugar
edificação própria+
na lista de Romanos 12:6, e em duas oiitras
d Em l coríntios l2:8~11 Paulo expõe uma está em segundo lugar (1 Co 12:28; Ef 4: 11).
lista de nove formas de manifestação do Em uma listà`aparece no meio (1 Co 12: 10).
Espírito Santo. 0 tema é a diversidade de 0 lugar de destaque da "profecia" e o últi-
dons (ch4ris"ztci) provindos do mesmo Es~ mo lugar para "línguas," em conjunto com
pírito Santo. Os últimos dois dons espiritu~ sua "interpretação," dificilmente é fruto da
ais descritos §ãó a "variedade de línguas" e a coincidência. Sem dúvida, a intenção de
"capacidade para interpretá-las." Será que
Paulo é corrigir a prática do dom de línguas
Paulo os mencionou no fim porque "lín- e fixá-1o em seu devido lugar na ordem dos
guas" era o dom considerado como mais dons espirituais para a edificação da igTeja.
importante pelos coríntios? Ou será que
mencionou "1ínguas" em último lugar po.r- I Coríntios 13
que seria o dom espiritual menos
significante? Em I Coríntios 13 Paulo mostra um ca-
minho sobremodo excelente. Este consiste
Após abordar o assunto da unidade do no caminho do "amor." 0 amor ágape. 0
corpo de Cristo, mesmo considerando a amor mais elevado, demonstrado pelo Pai
diversidade de cargo§ e serviços dos mem- ao dar Seu único Filho Oo 3:16).
bros no corpo da igreja (1 Co 12: 12.31), Pau-
Na primeira parte de I Coríntios 13, Pau~
lo se concentra em oito tipos de membros,
lo reforça a superioridade do amor (vs. 1-3).
cada um dotado com um dom espiritual
Na parte intermediária. a necessidade de
particular. Novamente, é impressionante amor (vs. 4~7). E na última parte, a duração
observar que a "variedade de línguas" (v. 28) eterna do amor (vs. 8-13). No contexto dos
e a "interpretação" (v. 30)]5 aparecem no fi~ dons dc> Espírito Santo, que são concedi-
nal da lista. dos de múltíplas formas, Paulo ressalta que
Paulo conclui esta seção com a exorta~ a graça do amor é "o fruto do Espíríto" (Gl
5:22-23). Não pode ser compensado pelo
Ção de que os crentes deveriam buscar os
"melhores dons" (12:31). São aqueles suge~ exercício mais generoso de qualquer outro
dom espiritual.
ridos no topo da lista, e que estáo especial~
mente distinguidos pela seqüência numéri' 0 fr\ito do amor é copcedido pelo EspÍ~
ca "primeiro ..., segundo ..., terceiro,.." rito Santo (Rm 5:5). É ainda maior do que
"profecia" e "línguas" (1 Co 13:1). Ambos
(12:28). A ênfase é clara! Paulo tenta mos~
trar aos crentes de Corinto que o dom que vão desaparei`er, mas o amor não f-indará
consideram ser o mais importante, a saber, jamais (v. 8).
o falar em línguas, na verdade nãc> estava
no topo da lista. I Corínti,os l4
Paulo usa set:e perguntas retóricas (vs. 29, Paulo resume a exortação quanto ao
30) para inculcar o princípio da diversida- amor em I Coríntios 14:1 com as palavras
de de dorB espirituais entre os diversos mem- segui o amor," f-aça do amor seu alvo.
bros, realçandc) a unidade de sua fonte. Tam-
bém refuta qualquer tentativa de afirmar 0 restante de I Corintios 14 trata acerca
dos dons espiri[uais de profecia e de línguas,

_?7_
expressando o desejo de que os crentes bus- A New English Bible (NEB) traduz o ter-
quem intensamente os dons espirituais mo grego "língua(s)" como "linguagem/
(14:1). É o propósito de Paulo destacar o declaração/fala estática" ou "fala/tingua~
dom de profecia sobre o de línguas. gem de êxtase." De igual modo, não existe
I Coríntios 14 pode ser dividido em duas nenhum apoio textual para as expressões
"estática" ou "êxtase." Estes temos são re~
partes principais. A primeira seção trata so-
bre profecia e línguas (vs. 1~25). A segunda sultantes de interpretações tendenciosas da
seção (vs. 2640) refereóe à ordem adequa~ palavra "língua(s)."
da do culto cristão. A Biblia de Jerusalém 08) traz outra ver-
Este capítulo contém os ensinamentos são. Todas as vezes que o original grego usa
o termo "língua(s)" a Bíblia de Jerusalém
mais conclusivos sobre o falar em línguas.
usa a expressão "o dom de línguas." Assim,
Em I Coríntios 14, nossa atenção será focada
as palavras "c> dom de" foram acrescenta-
apenas neste tema.
das, e a distinção entre o uso singular do
Tendo como base o cenário contextual termo "1íngua" e seu uso plural são obli~
da instrução de Paulo, rios encontramos, terados na tradução.
agora, m posição de analisarmos sobre o que
A Bíblia na Linguagem de Hoje (Today's
Paulo se refere quando trata do falar em lín-
English Version - TEV, como a BLH) e suas
guas neste capítulo tão controverso. equivalentes em muitas outras línguas m®
Não há nenhuma indicação em I demas, insere outra expressão que também
Coríntios 12~14 de que o fenômeno de fa- não aparece no texto grego. Em I Coríntios
lar em línguas manifesto enr Corinto seja 14, o adjetivo "estranho" é acrescentado tcr
de ordem satânica. Paulo enumera "línguas" das as vezes antes da palavra "1íngua(s)." Esta
entre os dons espirituais que têm origem no interpolação coloca o tema das línguas num
Espírito Santo. Durante a discussão, nota- ângulo que Paulo pode ter ou não intencio-
se que Paulo referese 23 vezes ao falar em nado, dependendo, então, da interpretação
"uma língua" ou em "línguas."
dada por eruditos modernos. lsto não tem
apoio no texto grego original e deve ser vis-
0 FALAR EM LÍNGUAS to como uma interpretação por parte dos
tradutores.
EM TRAI)UÇÕES MODERNAS
A New lntemational Version (NIV) usa
As traduções inglesas, bem como em
o termo "língua(s)" de forma consistente em
outras línguas modernas, revelam a comple-
I Coríntios 14, mas provê, à margem, uma
xidade da questão de "falar em línguas" em
nota explicativa com a expressão "línguas
I Coríntios 14. De quando em quando, en-
diferentes" referindo-se ao versos 2, 4, 13,
contramos tradutores inserindo palavras no
14, 19, 26 e 27, e outra nota com "outras
texto que não estão presentes no original,
línguas" para os versos 5, 6, 18, 22, 23 e 39.
ou usando traduções diferentes para uma
mesma palavra grega usada no texto origi- Estas leituras altemativas do termo "língmas"
nal. Há também outras variações. Todas estão "enfatizando a compreensão do dom
merecem agora nossa atenção. de línguas como o ato de falar em línguas
humanas conhecidas, mais do que uma fala
0 adjetivo "desc()nhecida" que a King estática sem sentido."2°
James Version (KJV - comc) a VARC) traz
A New Revised Standard Version
:F.:ocno:í:et;:âlo4r`i:in4:|1Í,e::.nÉouemnct:=r: (NRSV) usa o substantivo "linguagem" to~
suprido pelos tradutores. A New King James das as vezes em Atos 2 onde o texto original
Version (NKJV - como a VARA) está corre~ emprega a palavra glô5sa, "língua(s)". Em I
ta em omitir este adjetivo, assim como a New Coríntios 14, contudo, a mesma NRSV
American Standard Bible (NASB) e a emprega a expressão "1íngua(s)" onde o
Revised Standard Version (RSV) e a New mesmo termo grego aparece. Ao leitor não
Revised Standard Version (NRSV). cuidadoso, transparece a idéia de que exis~

_23-
) tem duas palavras diferentes sendo usadas de línguas difere€e de outras descrições do
no texto original, uma em Atos 2 e outra Novo Testamento sobre o "falar em línguas"?
' em I Coríntios 14. Esta versão dá a impres, Será que a lingua`gem empregada por Paulo
são de que existem dois dons diferentes, sem para o ``falar em línguas" é idêntica às ma~
relação um com o outro. nifestações de fala religiosa estática no con-
) Como destaque, atraduçãoalemãconhe- texto da religião helênica pagã? Será que
Paulo está descrevendo um fenômeno em I
\ cida como a Elberfelder Bibel (produzida Coríntios 12-14 que foi adotado pelos cris-
em 1986), que possui a reputação de ser a
tãos de Corinto a partir de sua cir-
Í tradução mais literal disponível em alemão
cunvizinhança pagã? Estes são alguns
e conhecida por ser fiel ao texto original,
' emprega todas as vezes, em 1 Coríntios 12~ questionamentos que podem estar na men-
te de um leitor atento destes capítulos. É
•,!#fl:heef:?,:e:àãdoe`i`àná::geamp;rí::.al,ee=ã: necessário, então, que consideremos com
cuidado a linguagem usada por Paulo ao
•:¥.flriEF||?nu£::!ea`|ag::;netsit.asT2_d|:çcãoomvâ referir-se ao falar em línguas. Faz-se necessá~
rio compará-la com a linguagem do restan~
\ consistindo de linguagens reais de nações.
te do Novo Testamento e da cultura que cir-
) Estes exemplos de variações em tradu~ cundava a igreja de Corinto.
ções modernas, com a inserção de termos A expressão "lingua(s)" é usada quatro
) que não estão na língua original e a substi- vezes em 1 Coríntios 12,Z2 duas vezes em I
tuição do termo "língua(s)" por outras ex-
Coríntios 13,Z3 e dezessete vezes em I
) pressões, provêem ampla evidência de que I
Coríntios 14,24 somando, assim, um total
de vinte e três vezes. Notavelmente, em cada
tça::ío:tl:âol4éép:oTp:|ao:íààopc:n=:`edxeo.v?sotra~
caso, sem exceção, a palawa usada para "lín-
=.et£:?|fagriceoii|záeáparsetna:ioodvooiefset:â=:: gua" é sempre o termo grego gk5ss4, a mes~
ma expressão usada em Marcos na predição
) to a partir desta passagem claramente
de Jesus a respeito das "novas línguas," e
dificultosa, simplesmente porque é a expo-
'` sição mais longa sobre o assunto. Esta por~ em Atos, por Lucas, quando descreve a ex-
periência do Pentecostes e as manifestações
Ção das Escrituras, tomada isoladamente, di~ do dom de línguas em Cesaréia e Éfeso.
ficilmente presta-se como a chave exclusiva
) na definição do que é o falar em línguas no Outra observação se faz necessária: to
Novo Testamento. das as vezes que a fiase "falar em línguas"
aparece (12 vezes)25 o verbo "falar" é deriva~
Esta análise sobre as diferenças cle tra-
do do mesmo termo grego bki7i, igualmen-
) dução também deixa evidente a distinção te usado por Lucas, em Atos, para "falar"
entre uma "tradução formal," que trata o
i texto original com uma correspondência de em línguas e por João Marcos, em Marcos
"palavra por palavra," e uma "tradução di~ 16:17. lsto qiier dizer que existe uma total
identidade de linguagem em cada passagem
nâmica," qiie emprega a correspondência de
"pensamentc> por pensamento," dando, as~ do Novo Testamentc> que trata do [ema do
"falar em línguas."
sim, maior liberdade ao tradutor.2! Neste úl~
timo caso, uma tradução parece ser mais Alguns eruditos in[erpretam c) termo
uma interpretação, ou mesrno um mini-co' grego glóssci, "línguas," como significando
mentário. Faríamos bem em olhar a lingua- aiitiiiuado, estranho, ou até como se refe~
gem de I Coríntios 12~14 no texto original. rindo a declarações mí`sticas de natureza es-
tática.Zó Na lingua grega, o termo gbssci pode,
ATERMINOLOGIA DO sim, referir~se a uma "expressão estrangeira
"FALAR EM LÍNGUAS" ou obsoleta."27 Contudo, continua sendo
)
muito diferente daquilo que intentam os
Será que a linguagem empregada por defensores da hipótese sugerida acima. Na
) Paulo para descrever o fenômeno do dorn verdade, o uso do termo glôssci designando

-24-
1íngua compreensível, inteligível, excede de pleta "falar em novas/outras línguas" usada
longe ao uso no grego nãobíblico comc) fala apenas em Marcos 16:17 e Atos 2:4.35 As-
estranha e antiquada.ZS sim, o uso de gbssci bbín, sem o adjetivo,
em Atos 10 e 19 e 1 Corintios 12.14 pode
Qual a evidência da Biblia Grega
representar uma elipse, uma forma mais
(Septuaginta e Novo Testamento) para apoi-
ar a hipótese de glossolalia como uma for- curta da fiase que era originalmente mais
ma de fala não compreensível? Uma investi- longa. Engelsen sugere que o termo origi~
nal escondeóe num passado irrecuperáve|,36
gação do uso de gbssci no Novo Testamento
comprova que a expressão é usada apenas mas ele pode também estar ligado a Marcos
16:17 e Atos 2:4, onde em ambos os casos
no sentid`o de "língua" como órgão da fa|a29
e para linguagem humana inteligível.3° Isto
um adjetivo está presente. Parece inevitável
concluir que o falar em línguas cristão - e
é igualmente verdade no uso do termo pela
não há outro fenômeno parecido conheci~
Septuaginta. Mesmo em lsaías 29:24 e 32:4,
do no mundo antigo - "aparentemente te~
oncle glôssa parece referir~se a um balbucio,
nha seu início no Pentecostes."}7 A experi~
não há indicação de algo estático ou coisa
ência do dom de falar em línguas no Pente-
semelhante.'` Nestes dois casos "ela alude a
costes é uma "criação inédita" do Espírito
uma linguagem." Desta forma, não há dú-
Santo.
vida de que o uso bíblico do substantivo
gzóssa ehmine a idéia de uma fala estática. A expressão giôssci kJcín sÓ está presente
no grego do Novo Testamento, tornando
Observa-se, ainda, que o adjetivo grego
impossível encontrá-1a em outras fontes gre-
h€c€ros, ``outra" (At 2:4), não aparece em I
Coríntios 12-14. Alguns eruditos, no entan, gas anteriores. Sem considerar este fato,
muitas hipóteses foram criadas, sugerindo
to, argumentam que a linguagem de. Paulo
difere daquela usada em Atos. Seria a falta que o fenômeno do falar em linguas de I
Coríntios seria uma glossolalia, no sentido
do adjetivo "outra" tão decisiva para que os
de uma fala ininteligível, uma articulação
dois fenômenos possam ser diferentes? Te-
de sílabas sem nexo. Entre tais hipóteses
mos que manter em mente que o termo
encontrase aquela que tenta interpretar o
h€tcTos, "outra," não` é encontrado em 1 e 11
fenômeno do Novo Testamento através de
Tessalonicenses, Tito, João (exceto em
19:37), Marcos (exceto 16:12), I e 11 Pedro, paralelos históricos-religiosos. Voltaremos a
comentar sobre este tópico mais adiante.
1, 11 e 111 João. Não é necessário que a ex-
pressão seja usada novamente depois de Atos Outra hipótese sugere que a experiência
2:4, "falando em línguas," porque neste tex~ glossolálica, supostamente ocorrida em
to identifica o falar em línguas já como "ou- Corinto, pode ser explicada termino-
tras" no sentido de que aqueles que recebe- logicamente pelo uso do verbo grego bk'o.
ram o dom no Pentecostes estavam "falan~ Orígenes, um dos pais da igreja, já especula-
do em várias línguas diferentes das suas pró~ va sobre um tipo de "fala desconexa." Em
prias línguas e que estas lhes eram desco- épocas mais recentes, tem sido novamenté
nhecidas." Deve~se notar que a expressão sugerido que lcilc'o indique algum tipo de
"fala desconexa," ou algo semelhante que
grega g!Ôsscz lcileín, literalmente "falar em lín~
guas," também aparece em Atos 10:46 e 19:6 seja inerente ao termo." Enquanto esta hi~
sem o acljetivo "t>utra." Isto pode indicar que pótese busque explicar, de forma implícita,
{ipós a experiência clo Pentecostes de "falar que o falar em. línguas seja uma glossolalia,
em lingJuas." esta e.¥pressão tenha se torna~ no sentido de fala estática, não articulada,
do um<i desigm`ção técnica,34 com sígnif-ica~ ao mesmo tempo leva a admitír que
do fixo, onde o adjetivo "outra" é suben- glossolalia não pode ser derivada do termo
"1íngua" ¢lôssa). Esta posição omite alguns
tendido sem a necessidade de ser repetido.
É muito provável que a forma comprimida aspectos relevantes do uso de Zcile'o em I
"falar em línguas," sem um artigo grego e
Coríntios 14. Em I Coríntios 14:9 Paulo usa
sem um adjetivo ("nova" ou "outra"), seja bL5o quando se refere ao que é "compreen~
uma expressão abreviada da frase mais com- sível," no sentido de uma atividade mental.

.25_
r lar em língua§ de I Coríntios 12~14 irão re-
ErnICoríntios14:29ainstruçãoédadapara
velar §e tais sugestões, baseadas na lingüísti-
ca e na similaridade terminológica estão re-
í!£,.;pee:âtsesd:i:,:="üeêài;:átaassc`;f:1fe::: almente corretas.
das. Em I Coríntios 14:34, 35 as mulheres
não são permitidas "falarem" (bLÉo). Mais
uma vez, aqui, a fala é comum, em lingua, 0 FALAR EM LÍNGUAS
gem humana normal. Deste modo o verbo E A LÍNGUA DOS ANJOS
bk'o é empregado por Paulo em I Coríntios
i4 em vários aspectos: no contexto do dom Uma das hipóteses usadas para interpre~
de |ínguas (v. 9), na fala dos profetas (v. 29) tar o "falar em línguas," na perspectiva
enaproibiçãodasmulheresfalaremnaigreja paulina, tem como base I Coríntios 13:1.
(vs. 34, 35). Tal uso exige que bíéo refira-s€ Esse verso parece sugerir que o falar em lín,
à |inguagem humana usual. Concordamos, guas seja "a fala dc)s anjos no qual os segre~
assim, com a conclusão de J. M. Ford que dos do mundo celestial são revelados."44
"bbín [o infinitivo de bL3'o| usado por Pau~
Está realmente Paulo tentando igualar o
io não milita contra o argumento de que as falar em línguas com a linguagem dos an~
|íriguas sejam linguagens humanas."
jos? Suas palavras declaram: "se eu falasse a
Esta conclusão é confirmada pela cita~ língua dos homens e dos anjos, e não tives~
Ção de lsaías 28:11 em 1 Coríntios 14:21 se amor, seria como metal que soa ou como
onde os lábios de estrangeiros, isto é, címbalo que retine" (1 Co 13:1).
Assírios, iriam "falar" (kk'o) ao povo de ls- 0 que é conhecido acerca da lingua do§
rael em "outras línguas," que são idiomas4l
não entendido§ por aqueles que se comuni- ::jsoes,repf::ec=f:iaáeanà:saa`àt,forsa.tuÉratrjautgâ;.
cavam apenas em hebraico. como um "dialeto angelical" (grego 4gge!ike
Podemos sugerir, baseados nestas inegá- dióikkto)45 encontrada no apócrifo Te5tcimen-
veis considerações, que não há nenhuma to de Jó, datado entre o primeiro século a.C.
razão terminológíca convincente para con- e o primeiro século d.C.46 Neste documen-
cluir que a expressão "falar em línguas" em to existe uma referência a três irmãs, onde
1 Coríntios 12-14 tenha outro sentido, dífe~ uma delas faz uma declaração "na fala (gre-
rente, do restante do Novo Testamento. Não go di.cikktos) dos anjos" (48:3).47 Referências
há igualmente nenhuma razão convincente adicionais são feitas r`esta obra ao "dialeto
para que o falar ern línguas em Corinto re~ dos arcanjos" (49:2), ao "dialeto dos
fira-se a glossolalia no sentido de "fala des~ querubins" (50:2) e a um "dialeto próprio"
conexa de pessoas em êxtase. religioso"2 ou (57:2) no qual cada filha fala.48 Deve ser evi~
algo parecido. denciado de que em cada caso deste docu-
mento judaico, a designação para "fala/dia-
Devemos permanecer com a definição
leto" é a palav[a grega díalckto5. Contudo,
do !oct# c!cissíct# sobre o falar em línguas,
Paulo não usa este termo em I Coríntios 13: 1
isto é, a perícope de Atos 2 que trata c]os
em sua breve alusão à língua dos anjos. Pau~
eventos occ)rridos no dia de Pentecostes. É
lo emprega o termo glôsscl, "língua," em vez
a única passagem do Novo Testamento que
de djcilektos, "dialeto." Assim, iieste docu~
contém a definição do falar €m línguas.
mento siiigular do mundo antigo que faz
Sugerimos que: (1) existe um único dom de
'Lí[\guas provido pelo Espírito Santo no No\'o ref-erência à língua d(js anjos, não existe ne-
nhum paralelo legítimo na esfera
Testamento; (2) o falar em linguas é o mes-
terminológica para poder-se afirmar conclu~
mo em todo o Novo Testamento, sendc> isto
sivamente algo no campo ideológico.
apoiado pela terminologia idêntica, pelo
contexto cla ação do Espírito Santci e pela Estudos feitos por Stuart Currie sobre a
singularidade dos cristãos primitivos ao fa~ linguagem dos anjos revelam que não existe
larem em línguas; e (3) a natureza não~está- evidência do uso da língua angelícal por
tica em que é sempre descrito.43 0s tópicos humanos, e não existe maneira de como
seguintes de nossa investigação sobre o fa~ poderia ser reconhecida.49 F. F. Biuce suge,

-26,
re que não pode ser inferido que a capaci- Paulo quer mostrar que falar em línguas
dade para falar a língua dos anjos foi real- em Corinto é um dom espiritual (1 Co 12: 10,
mente pretendida por Paulo ou pela igreja 28, 30) estimulado pelo Espírito Santo.57
de Corinto.50 Portanto, a referência ao "espírito," neste
Devemos r€conhecer que Paulo falou contexto mais amplo, será melhor traduzida
hipoteticamente5[ em I Coríntios 13:1, se fizer uma alusão direta ao Espírito San-
como indica a cláusula condicional grega. to. Neste caso o Espírito Santo é a fonte da
Paulo usa a partícula condicional gcin,52 "se," fala misteriosa.
seguida do subjuntivo blô.53 Este tipo de clá~
Os "mistérios" de que fálam os adeptos
usula condicional da língua grega nunca
do falar em línguas não são seg[edos ou "ver-
expressa a realidade. Paulo parece dizer atra~
dades secretas." A expressão "mistérios," nos
vés de hipérboles que todas as possibilida~
escritos de Paulo, possui um sentido muito
des lingüísticas, incluindo a fala dos anjos,
significativo. lsto também é verdade com
se estivessem à sua disposição e ainda lhe
relação ao Novo Testamentc> como um
faltasse amor, para nada `üleriam. "A con-
clusão é que Paulo não fala na língua dos todo.58 Paulo é aquele que mais extensiva-
anjos.„5¢
mente expõe o sentido de "mistério."

A natureza da cláusula condicional, com 0 termo "mistério" (grego myscérion) é


a hipotética natureza da sentença de Paulo empregado várias vezes em I Coríntios (2:[ 1],
em I Coríntios 13:1, torna claro que a cha~ 7; 4:1; 13:2; 14:2; 15:51). "Mas a palavra atin-
ve para a compreensão do falar em línguas ge seu desenvolvimento mais significante em
Colossenses e Efésios, onde é usada não
para Paulo não se ençpntra neste texto. Des~
ta fórma os glossolalistas modernos acharão menos de dez vezes."59
difícil, sob o pc>nto de vista sintático, É interessante ver como Paulo emprega
lingüístico e comparativo, apelar para esta este termo, e mais precisamente, na sua for~
sentença como prova de identidade para a ma plural, como aqui em I Coríntios 14:2.
glossolalia que praticam. 0 plural é usado apenas três vezes em I
Coríntios, e em nenhum outro lugar do
0 FALAR EM LÍNGUAS Novo Testamento. Primeiro, aparece em I
E A FALA EM MISTÉRIOS Coríntios 4: 1. Neste texto, Paulo insiste que
ele e seus coobreiros sejam reconhecidos
Paulo estabelece sua preferência pela como "reveladores dos mistérios de Deus"
profecia contrastando-a, mediante I (NRSV). Deus tem "mistérios" os quais Pau~
Coríntios 14, com o falar em línguas. Em I lo e seus seguidores foram investidos para
Coríntios 14:2 a pessoa que "fala em lín-
serem seus proclamadores. Estes "mistérios"
g\ias" está "falando misteriosamente no Es- divinos formam a "amplitude completa dos
Pírito" 0`RSV).55 ensinos cristãos."60
A NABS traduz "em sct4 espírito fala
A segunda passagem é encontrada em I
mistérios." Esta versão permite uma tradu-
Coríntios 13:2. Aqui, c> sentido estabeleci~
Ção alternativa na margem," mas usa o ter~
mo "espírito" como sendo o espírito huma~ do por Paulo se refere ao fato de que "se eu
no, no qual os que falain em línguas se co- cc)mpreenclesse todos os mistérios e todo o
municam. conhecihento ,... mas se não tivesse amor,
nada seria." Alguns à`igerem ciue "Paulo usa
A KJV traz simplesmente "no espírito" a palavra [mistérios| no sentido do decreto
(bem como a NKJV, a JB e outras versões), escatológico de Deus..."6J lsto implica que
deixando indefinido se é o espírito huma- Deus se faz conhecidc> através da revelação
no ou o Espírito Santo que está sendo alu- do Seu plano e decreto que uma vez fora
dido. A tradução "no espírito" é até uma ocultc) ao homem.
possibilidade, mas é impossível que a tradu~ "Mistério" é usado no singular em I
ção "no seu espírito" (como na NIV) esteja
correta, porque a palavra "seu" não está pre- Coríntios 15:51: "Observem, vou contar-
sente ric) texto original grego.
1hes um mistério! Não iremos todos mor~

- 2:J -
/
/ rer, mas seremos transformados, em um em línguas. Se não há compreensão, aquele
momento, num abrir e fechar de olhos, ao que fala em uma língua fala a Deus somen-
/ soar a última trombeta" (NRSV). "Mistério" te, porque os seres humanos são incapazes
aqui é a revelação do fato de que alguns não de compreender se está ou não proclaman~
morrerão e que todos serão transformados do os "mistérios" divinamente revelados.
em um momento quando Cristo vier pela Se corretamente compreendido, este
segunda vez.
importante verso, que abre o assunto sobre
I Coríntios 2:7 faz uso do termo "misté- línguas em I Coríntios 14, não sugere que o
/ rio" pela primeiraveznesta carta. Paulo afir~ locutor fale por seu próprio espirito somen-
ma: "Mas nós falamos a sabedoria de Deus te a Deus, e que este seja o propósito do
\J em mistério, a scib€dori4 oculta, que Deus
falar em línguas. Também não pode ser in~
ferido que sua fala em línguas seja de natu-
g|r.:rd.::,ttROÁàg;:teoac:àe,r=:5aáeai?:r=pi:sá: reza estática, com a produção de sílabas sem
seu argumento neste capitulo, Paulo usa o sentido, simplesmente porque não é com-
termo "mistério" para resumir todo o pla- preendido pelos ouvintes. Este verso não
no divino da salvação revelado por Deus quer dizer que o que está sendo proferido
dentro de um único termo todo abarcante.62 são "mistérios" ou "segredos" desconheci-
) Um "mistério" é algo que é invariavelmen- dos e, por isso, são articulações ininteligíveis
te revelado por Deus e está relacionado com representadas por uma fala sem nexo.
Cristo e a proclamação a respeito de Cris-
Observamos que os "mistérios" uma vez
to.63 Esta idéia de revelação é básica para a
ocultos são verdades sobrenaturais reveladas
compreensão do sentido de mistério.
por Deus a respeito de Cristo. Em 1
/ Estes exemplos de l coríntios mostram Coríntios 4:1, os "mistérios" "denotam a
que "mistério" é algo positivo. Um mistério Pregação cristã dos apóstolos e mestres."65
que fora uma vez escondido por Deus, ago- Em outra carta, o próprio Paulo pede aos
efésios para que orassem em seu favor para
) ra tem sido por Ele revelado. Isto está em
harmonia com o uso no singular de outros que pudesse ser capaz de tomar conhecido
escritos paulinos. Robertson e Plummer o mistério do evangelho com "coragem" (Ef
parecem estar certos quando afirmam que 6:19, NRSV).
"mystérion no NT geralmente significa a `ver-
Portanto, I Coríntios 14:2 não sugere que
dade acerca de Deus, uma vez escondida,
o falar em línguas seja uma glossolalia, no
mas agora revelada'."64 Em I Coríntios 14:2
sentido de fala ininteligível de sílabas sem
os "mistérios" são as verdades de Deus uma
nexo, e que "mistérios" sejam falas de "se~
vez escondidas por Ele sobre o plano da sal-
gredos" ocultos conhecidos somente por
\ vação e que agora passam a ser conhecidas Deus. Este texto realmente atesta o falar em
e reveladas na sua toialidade. Mediante o
línguas como sendo uma linguagem huma-
Espírito Santo, aquele que fala em línguas
na conhecida, pela qual os "mistérios" reve-
fala a respeito dos "mistérios," isto é, a ver~
) dade a respeito de Deus e a mensagem so- 1adc>s de Deus são feitos conhecidos à raca
humana.
bre cristo, outrora oculta, mas agora total-
mente revelada. Porém estes "mistérit)s" não
são "entendid()s." Paulo quer dizer que aque~ 0 FALAR EM LÍNGUAS
les que realmente falam em' línguas, profe- E A COMPREENSÃO
\ rem muitos "mistérios" ou verclades de Deiis
0 assunto sobi-e compreensão surge
que estavam ocultos e que agora foram re`
velados. Mas mesmo assim falando, é por como um tema de grande importância para
meio do Espírito Santo, e não serão úteis se todo o contexto do falar em línguas de I
não forem entendidos. Coríntios 14. 0 verso 2 afirma: "porque
ninguém o entende" (NIV) ou "os enten-
A idéia principal de I Coríntios 14:2 é
dem" (NRSV). 0 pronome "o/os" não está
que as pessoas, os ouvintes, devem receber no texto original e foi acrescentado pelos
algum beneficio dc> dom espiritual de falar
tradutores.

-28_
Precisamos investigar cuidadosamente Seria esta "fala/palavra" "ininteligível," di-
qual o sentido da palàvra "entender" e quem fícil "de entender," não "reconhecida facil~
é aquele que não entende. Posteriormente, mente," não "clara," somente dirigida a
o texto é explícito em afirmar que aqueles Deus porque. a entende e, assim, tornando-
que escutam alguém falando em outra lín- se inacessível à compreensão humana? Ou
gua não entendem quem lhes fala. Desde será que não é entendida por ser a "fala/
que não haja "compreensão" por parte dos palavra" ininteligível em si mesma?
ouvintes, aquele que está falando em linguas
Este questionamento focaliza a natureza
fala para Deus e não a pessoas. Embora o
da ininteligibilidade da "fala/palavra." Não
emissor fale e seja ouvido, não é compreen-
há evidência para sugerir que o termo grego
dido. Apenas quando alguém fala tendo em
lógos, cujo significado natural é "palavra,"
vista o propósito do dom de línguas, as pes-
ao ser usado aqui por Paulo e traduzido cor~
soas, os ouvintes, o compreenderão.
retamente por "fala," tenha a conotação de
0 fato de que as pessoas não entendam algo ininteligível. Pode ser sugerido, com
o que o emissor fala não significa nem que base no uso do termo lógos, que a "fala/pa-
seu discurso seja estático, nem que a fala 1avra" seja "ininteligível" em virtude do dis~
seja ininteligível, ou que estejam sendo usa~ curso estar distorcido. Mas aqui, pelo con-
das sílabas sem nexo ou sem significado. trário, a fala não é "reconhecível" e "clara"
Quer dizer apenas que não existe ninguém porque os ouvintes não a entenderem como
que entenda a língua estrangeira do que fala. sendo parte de uma língua conhecida. Ao
Por isso, Paulo insiste que haja alguém pre- escutar alguma coisa, um "som" (grego
sente que seja capaz de "interpretar" (vs. 13, f)hone'), como declara o verso 11 (a mesma
27). Iremos enfoca.r este assunto sobre "in- palavra significa "lingua" nos vs. 12-13), a
terpretação," em detalhes, mais adiante. não ser que esta "fala/palavra" (Phoné .no
sentido de "língua")7° seja interpretada ou
A questão da compreensão está relacio-
traduzida, não será compreendida, perma-
nada a I Coríntios 14:9 que diz que "se você
necendo ininteligível ao ouvinte.
proferir algumas palavras numa língua
ininteligível, como j}ode alguém saber o que Estas considerações levam à conclusão
é dito?" (NRSV). A primeira parte desta sen- de que a compreensão está centrada no ou~
tença seria melhor traduzida como: "a me- vinte e não no emissor. Não é o caso do que
nos que você exponha através da fala da lín- fala o fazer por meio de tim balbuciar
gua" (NASB, NKJV), o que indica que a "1ín- distorcido de sílabas ou palavras sem senti~
gua" é um órgão na boca do emissor,66 pelo do. É o discurso em uma língua estrangeira
qual as palavras ou a fala provêm. que não é entendido pelo ouvinte. Este con-
ceito irá ajudar, mais adiante, a clarificar o
A "fala" é considerada "ininteligível"
assunto sobre a natureza do falar em línguas.
(NRSV, NIV, etc), não "clara" OiASB), não A ininteligibilidade referese ao(;) ouvinte(s)
"facilmente compreendida" (KJV), ou não
"fácil de se compreender" (NKJV). A pala~ e não necessariamente ao teor do que é dito
vra grega €tÁsemos, que é usada neste texto, pelo que fala em linguas.
não aparece em nenhum outro lugar do 0 \'erbo traduzido por "entender" em I
Novo Testamento. No grego extra~bíblico Coríntios 14:2 é o termo grego cikoúo. Essa
quer dizer aquilo que é "facilmente reconhe- expres,são grega possui um senticlo especial
Cível, claro, distinto."67 que ajuda a esclarecer o assunto da compre~
ensão. Akoüo contém a idéia de citie as "pes-
Será que esta "fala" proferida por I'aulo soas" realmente ouviam a "fala/palavra"
e que numa tradução literal significa "pala-
(!ógos) e a "1inguagem" (f)hon€') do emissor,
vra" (grego lógos), seja uma glossolalia, no
sentido de "balbucios ininteligíveis de síla- sTga:lÊlrcaa=ol.nÉagraózâ:lgec::E::reeqnu:e::eàetT~
bas sem sentido, ditas em seqüência, com do deste verso em grego "não significa que
combinações sem significado, provenientes as línguas eram inaudíveis, ou que ninguém
do subconsciente da mente do homem"?68

_29-
as escutava, mas que ninguém as achou in~ to, e que agora são revelados por Deus me-
teligível."7' A inteligibilidade do que era fa- diante o Espirito Santo. Contudo, estes
lado não parece apoiarLse na natureza do "mistérios" permanecem sem sentido ao
"som" (Phone.), mas na natureza da habilida-
ouvinte enquanto não houver interpretação,
de das pessoas em entendê-làs, como vimos isto é, tradução, a qual possibilitaria com
acima. que essa "língua" (grego Phone'), que não 1he
Estes termos gregos, isto é, o verbo ¢kot6o, era acessível, pudesse ser, então, entendida.
"entender," em conjugação com os substan-
Paulo esclarece qiie, devido a algumas
tivos "línguas" ¢bssa) e "1inguagem" (Phone'), circunstâncias, é impossível para alguém que
são usados ria Septuaginta (a tradução mais esteja escutando uma pessoa falando numa
antiga do Velho Testamento para a língua língua/linguagem identificar se esta está ou
grega) numa passagem realmente significa~ não se dirigindo a Deus ( 14:2,28), pois Deus
tiva para nosso estudo. Estas mesmas pala~ não é limitado a uma língua humana espe~
vras sãc) usadas em Gênesis 11: 1~9 em cone- cífica. Contudo, como Deus é o originador
xão com a história da confusão de línguas de todos os dons espirituais, se não existe
ocorrida na Tone de Babcl. Na Sepmaginta, ninguém que possa entender a língua^in-
Gênesis 11:7 revela que Deus "confimdiu guagem do emissor, esta ainda pode ser com-
suas línguas (grego gh5ssa), para que não en- preendida por Deus. Devemos nos lembrar
tendessem (grego akoúo) cada um a língua que toda a discussão de Paulo em I Coríntios
¢rego phonc') de seu próximo." 14 mostra que o falar em línguas deve servir
0 fato de Paulo ter usado a mesma ter- para o crescimento da igreja e não para a
minologia presente na sua Bíblia Grega, na edificação própria.
combinação exata e de maneira tão própria,
parece dehonstrar que a ininteligibilidade 0 FALAR EM LÍNGUAS E AS RELIGIÕES
do que foi dito não decorre do fato de que HELÊNICAS DE MISTÉRio
línguas humanas não foram usadas. Como
resultado da confusão de "1ínguas" ¢L5ssa) Um método de interpretação bíblica
ocorrido na Torre de Babel, a nova língua muito usado no periodo moderno tenta
¢honé)73 de cada vizinho simplesmente não interpretar I Coríntios 14 valendo-se dos
era "entendida" (¢kotío) pelo outro. Para que recursos provindos de supostos paralelos
os ouvintes sejam incapazes de "entender," críticc>históricos encontrados nas religiões
é obvio que tenham participado de uma
gregas de mistério. Desta forma, eruditos
locução audível, mas sem compreender o
seguidores do método crítico-histórico prc+
significado da língua falada. Este paralelo
curam interpretar I Coríntios 14 tendo
com a experiência da Tori.e de Babel indica
como base os bastidores de algumas religi~
que o falar em línguas é o dom inver§o à
confusão de línguas/lingiiagem ocorrilla m (-`es existentes no mundo helênico, no perí-
Torre de Babel, com o propósito de facilitar t)clo anterior, contemporâneo e mesmo pos~
a vontade de Deus em comunicar as Boas- [c.rit)r a Paulo.
Novas para as pessoas em toclas as línguas/
rlá algum tempo atrás, R. Reitzenstein
1inguagens.
arirmou que "é necessárjo admitir que as
Emerge aqui outro aspecto relevante. I imnifesr:`Çt-)es do Espírito' na comunidade
Coríntios 14:2, se compreendido c.orreta' ci-ist`.-` iir`o são únicas, mas pertencem ao
mente, não nos ensina que o falar em lín~ êxtasc místi(.i> ilo helenismo. Portanto, é
guas se destina a uma comunicação direta característico que Paulo tenha reconhecido
com Deus. Muitos glossolalístas sugerem
tão claramente o perigo que recaía na ado~
que a glossolalia é um dom voltado direta-
mente a Deus, e usam como base 1 Coríntios ção desta forma de prática [pagá] sem, con-
14:2. Este verso, entretanto, não tem esta tudo, ousar removê-la completamente."74
pToposta. No texto, falar em línguas é a co- Reitzentein transformou Paulo numa pes~
municação audível dos "místérios" divinos soa capaz de fazer concessões na área da re-
do plano da salvação, incorporaclos em Cris~ [igião. Era Paulo este tipo cle homem?

-30_
0 artigo escrito por Johannes Behm no rial vital deve vir para ter-se uma. clara com~
Theotogical Dictior\ary of the New Tlestament é preensão do quadro completo. Em relação
outro exemplo típico onde os paralelos são à questão de paralelos com outras religiões,
usados para se estabelecer que o falar em permitem apenas conclusões limitadas como
línguas de Corinto estava associado à fala uma ajuda na avaliação de acontecimentos
estática encontrada nas culturas que tomaram lugar nas congregações cris-
circunvizinhas. "Em Corinto, portanto, tãs primitivas." Delling sabe de que estes
glossolalia é uma declaraçào estática possíveis paralelos não estão realmente des~
ininteligível. Uma de suas formas de expres, crevendo o mesmo fenômeno.
são é uma murmuração, ou sons sem inter~
relação (]u significado. Paralelos deste fenô- H. Kleinknecht considera o "falar em lín-
meno podem ser encontrados em várias for- guas" em Corinto como "um reflexo da
mas, em diversos períodos e lugares na his- profetização pitiânica." Em Delfos, uma
tória das religiões." Refere~se particular- pítia ou sacerdotisa, balbuciava expressões
mente à rehgião grega, onde há supostamen- obscuras bem como algum tipo de fala inte-
te "uma série de fenômenos comparáveis, 1igível quando tomada em "espirito" e arre-
desde a adoração entusiástica de Dionísio batada em êxtase (grego ekstásis). Os efeitos
Traciano... ao manticismo adivinhador da físicos do êxtase pitiânico são "o balançar
Frígia délfica, de Bacides, de Sibélios, etc."76 exagerado dos cabelos, respiração ofegante,
Behm faz referência a um grande número possessão ou desvarios violentos num fre~
de textos na língua grega. Enquanto fàla de nesi bacântico."8' Em Delfos, aquilo que
"paralelos" e "fenômenos comparáveis," era dito por uma pítia deveria, então, ser
nenhum dos exemplos citados usa, sequer, interpretado por sacerdotes que se encon-
a expressão "falar em línguas." Referemse, travam lúcidc)s (grego sophTon).82 .
pelo contrário, ao manticismo e várias for- Se Paulo tivesse descrito em I Coríntios
mas de adivinhações. Não estaria Behm
12-14 um fenômeno tal como estes, não te~
comparando maçãs com laranjas?
ria escolhido, pelo menos, expressões rela~
0 recente comentário de I Coríntios cionadas com estas práticas das religiões vi-
publicado por Christian Wolf traz exemplos zinhas? A natureza do culto em Delfos é so,
de entusiasmo religioso em vários escrito~ lidamente descrito como a obra do m4ntfs
res clássicos, tais como em Eurípedes, Platão, ou "profeta, adivinho." Paulo nunca usou
Aésquilus, Lívio e Plutarco.77 De novo, Wolf este termo. Ainda, não usa nenhum dos ter-
não é capaz de citar nem sequer um único mos conhecidos para descrever esta prática
exemplo de glossolalia ou falar em línguas das religiões helênicas.
no mundo helênico antigo.
A experiência física do mcmtjs ou "adivi~
Hans Conzelmann, que escreveu um res-
nho" é o "êxtase" (grego ekstásís), portanto,
peitado comentário sobre I Coríntios, de- iima vez tendo entrado num frenesi, é inca~
clara que se alguém deseja "desvendar [o
fenômeno de línguas], deve buscar nos pa- paz de avaliar aquilo que vê ou diz.8) Ao con-
trário, Paulc> demonstra que aquele ciue fala
ralelos históricos~religiosos qu€ estão expres-
em línguas está sempre em controle.S4 Insis~
sos nas adivinhações mânticas na ftirma
te ciue somente dois ou três clevericim falar
c`omo aparecem especialmente em [)elft)s."
A parte dos problemas hermenêutict)s des~ em.seqüência e então serem interpretados.
Os que f.alam em línguas podem ficar em
iiertac+os por esta aborclagem, t)s eruclitos
silêiicio (1 Co 14:28) t> as li`ng`jci.s podem ser
não são unâr.imes m questão se os supos~
tos paralelos helênicos podem i`ealmente ser controladas, de modo que possam ser ex-
observados no caso da adivinhação mântica, Pressas numa sucessão ordenada (v. 27).85
presente no culto a Apolo em Delfos ou no Diversos escritores antigos referem-se a
culto orgístico a Dionísio. êxtases e práticas de manticismo. Contudo,
Gerhard Delling, embora recorrendo ao estes termos e conceitos não são usados ne.
mesmo método, é cauteloso iia afirmação nhuma vez no Novo Testamento nas passa-
de que "é do Novo Testamento que o mate- gens que se referem ao falar em línguas.

_31_
Existe, naturalmente, nestas obras clássicas de falar em línguas de I Coríntios permane-
uma variedade de definições para êxtase.86 ce peculiar no mundo antigo. Este dom é,
portanto, incapaz de ser interpretado na
go =:e¥i::oe =oa,;r:lca:,oo éeáa5oe,?oosr.8?1Etaasrscuo~ base de um possível "fenômeno compará~
) mido fteqüentemente que no oráculo em vel," que, em realidade, não existe. Paulo
Delfós ``uma mântica... procurava inspira- não compartilha dos conceitos presentes nas
) ção divina que a habilitaria a falar de forma religiões gregas de mistério, em que certas
declarações proferidas por indivíduos pos-
;sotâtei:iaa. ,:8esrEds:ep:i::dgemd::t,:ravçeãz:s: tépoinffime~ sessos continuam "obscuras" mesmo aos que
j do, numa recente reavaliação deste fenôme' as pronunciam.9+ Estas diferenças cruciais
no no oráculo délfico temóe levado a con~ não devem ser nem menosprezadas, nem,
) cluir que "não há evidência decisiva para por outro lado, servirem como argumentos
indicar que as sacerdotisas pitiânicas falas~ para se estabelecer um paralelo contextual.
) sem seus oráculos [em Delfos] de forma aná~ Uma metodologia que seja realmente eru-
loga à glossolalia." As sacerdotisas, no orá- dita será sempre sensível às similaridades
) culo délfico, eram capazes de comunicar seus
bem como às diferenças provindas de uma
\, oráculos tanto de forma oral como de for- prática comparativa. Se a esta metodologia
ma escrita, em prosa ou em poesia.9° 0 fato não é dada a seriedade esperada, certamen~
) *:àtsecsur°orsá„CUJ°esg:e:eamp£; :Sãí:esría£%c:°qmu: te surgirá um quadro distorcido. Assim.
alertaríamos os leitores do tema sobre o fa-
; alguma tradução seja necessária ou que os lar em línguas a serem cuidadosos com res-
oráculos estivessem numa linguagem peito às alegações de possíveis paralelos en-
\ ininteligível. Isto apenas demonstra que era contrados nas religiões helênicas antigas ou
difícil descobrir o que as palavras proferi~ mesmo.noutras religiões.
das nos `oráculos realmente significavam
quando aplicadas a uma situação particu- 0 FALAR EM LÍNGUAS
1ar_9l
E A EDmicAÇÃo DA IGREiA
) Os exemplos que são citados por vários
Paulo emprega três figuras de linguagem
• i:Têdniitc:sa::igmoone"cpe::i:ieáousàad,oea=arhnç€: vindas da área da comunicação (1 Co 14:6-
cuidadosa. Não tratam do fàlar em línguas 8) com o propósito de caracterizar o "falar
ou glossolalia, mas de profecia e manifesta- em línguas" como era praticado pela con,
i ções mânticas.Averdadeéque nãoháexem~ gregação de Corinto e como este beneficia-
plo conhecido até hoje vindo do mundo va a igreja.
antigo que usa a linguagem empregada por
0 primeiro argumento vem da possibili-
Paulo ou outro escritor neotestamentário
dade de uma visita de Paulo aos crentes de
quando se referem ao "fàlar em línguas." Corinto. "Mas agora, irmãos, se eu for ter
Mesmo que fontes recentes e respeitadas
convosco falando em línguas, em que vos
refiram~se à "fala estática" ininteligível como
"um elemento das religiões helênicas,"Z ne~ serei útil, a menos que vos fale ou por meio
nhum destes eruditos trouxe ainda qualquer da revelação, ou do conhecimento, ou da
i evidência de uma prática que fosse igual à profecia ou do ensino?" (1 Co 14:6, NASB).
glossolalia modema, ou que seja idêntica ou Esta lista quádrupla - "revelação, profe~
que evidencie um paralelo fiel ao "falar em cia, conhecimento e ensino" - consiste no
\ [ri`[:gn::,s':eds:esNf::Ote=:::a#;::<=|0eioEy[fae|:tat,:: moclo básico de como a verdade de Deus
foi comunicada aos coríntios. Tem sido su-
gerido que revelação e profecia formam um
:asde::Teennt:oos, :sos=noclva::dpaaá:|:::epmarca::|solg.e~
par que se refere à "recepção ou a posse de
Quer seja o dom de línguas em I informação (ou seja, é de forma particular
Coríntios 12-14 interpretado como que os homens `recebem' ou `têm' revela-
glossolalia ou como o falar em línguas hu~ ções, concedidas somente por Deus: I Co
manas não aprendidas previamente, o dom 2: 10, Fp 3: 15; ...)." Este ponto é de grande
relevância.
/
`,
_32_
já o segundo par de termos, isto é, co- 0 objetivo destes exemplos é claro. 0
nhecimento e ensino, "refere€e à comuni~ ponto decisivo é que o significado do que é
cação da informação (a profecia ou ensino falado seja compreensível a partir dos "sons"
é publicamente falada ou escrita por seres produzidos. 0 propósito é que o conteúdo
humanos a outros: 1 Ti 1:18, 2 Pe 1:21, Ap da mensagem possa ser levado ao consé-ien~-
1:3, Mi 4:2, At 5:28, Rm 16:17, 2 Jo 10)." te e que ações devidas possam ser tomadas
Aqui Paulo volta a falar sobre línguas, que é como resultado. Contudo, estas caracterís~
a maneira em que se dá a comunicação do ticas estão ausentes naqueles que "estão fa-
conteúdo da revelação de Deus. Se o falar 1ando por meio de línguas" (1 Co 14:9). Esta
em línguas não resulta em comunicação, "mensagem" (!ogos) "não é clara" (et4semon)
como pode beneficiar a igreja? 0 falar em ou "distinta" ou "facilmente reconhecível."98
línguas é para o benefício da igreja; não é É evidente que este falar em línguas "não
para o benefício da pessoa que fala em lín- era algo somente balbuciado, sem nexo, mas
8uas. que a pessoa inspirada na igreja de Corinto
falava uma língua ininteligível em relação à
A idéia chave é esta: "que proveito isto
maioria dos ouvintes."99
trará a você." Paulo insiste que o falar em
línguas é proveitoso para a igreja. Se consis- Devido ao fato da língua não poder ser
te num mero falar, sem alcançar o resulta- entendida por outros, não re§ultaria no fim
do de profetizar à igreja, que benefício exis- desejado. Portanto, aquele que está falando
te nisto? Ao falar em línguas, o orador deve numa lingua/linguagem está "falando ao ar"
comunicar uma "revelação, profecia, conhe- (1 Co 14:9). Esta última expressão era pro
cimento e ensino," isto é, uma mensagem verbial]°° e significava que se nenhuma in-
de Deus que é.dada para o enlevo da igreja. terpretação fosse dada, tal fala não sffia pro~
Desta forma, a língua/linguagem em que os veitosa aos ouvintes. "0 outro não é
falantes de línguas falam deve ser entendi~ edificado" (1 Co 14: 17), como Paulo declara
da; se não é compreendida, então um inter~ mais adiante. 0 único que é edificado é o
prete ou tradutor deve ser usado para que que fala (1 Co 14:4), mas este não é o propó~
esta alcance seu objetivo e atinja a fimção e sito pelo qual o dom de línguas foi concedi-
o propósito designados. do.
Os outros dois argumentos de Paulc> em A terceira ilustração de Paulo vem da área
I Coríntios 14:7, 8 provêm do campo da da comunicação humana (1 Co 14:10-12).
música, onde instrumentos musicais são Todas as línguas humanas conhecidas eram
usados para comunicar uma mensagem a faladas na metrópole política e comercial de
outros. lnstrumentos musicais, se flauta ou Corinto, com seus dois portos adjacentes,
"e esta diferença de linguagem era uma
harpa, podem produzir uma seqüência or-
denada de notas distinguíveis, isto é, um tom barreira freqüente à ação comum. Além do
identificável e desta maneira podem comu- mais, era bem conhecido quão desgastante
nicar ao âmago da alma de uma pessoa. "Um poderia ser para duas pessoas inteligentes
soar estridente sem objetivo não representa serem ininteligíveis uma à outra."]°'
nada."97 Um soldado deve reconhecer se a Paulo escreve: "quantas espécies diferen~
trombeta é soada indicando um chamado tes de sons]°2 exis[em ou podem existir no
de avanço ou de retirada, se esta estiver cum- mundo" (v. 10, NEB), mas não existe um
prindo seu propósito. povo" que viva "sem iima língua"
0 problema está entre inteligibiliclade e [ciphoíiori]m (`'.10b). A idéía proposta pelo
ininteLigibilidade. Que benefício existe em verso 10 é que existem tantos tipos diferen-
falar em uma lingua se esta é ininteligível tes de falas, sons e línguas no mundo que
àqueles a quem é dirigida? Não serve para o
nenhum ser humano pode conhecê-los to-
dos. Com esta perspçctiva, Paulo passa a
seu propósito designado. Falar uma língua/
mostrar que se uma pessoa não conhece o
linguagem deve servir o propósito de ser
significado da fala que lhe é dirigida, ``eu
inteligível.
seria para aquele que fala um bárbaro |es~

-33~
trangeiro, NRSV], e aquele que fala seria um 0 FALAR EM LÍNGUAS
bárbaro [estrangeiro, NRSV] para mim" (v.
COMO UM SINAL PARA INCRÉDULOS
11, NASB).
Em I Coríntios 14:20~25 Paulo comenta
A expressão "bárbaro" é um termo
onomatopéico para uma pessoa que fala pela primeira vez sobre a impressão obtida
uma língua estrangeira, isto é, alguém qiie pelos incrédulos quando entram numa reu~
não é grego, ou simplesmente um "estran- nião de igreja e ouvem os membros falando
simultaneamente em línguas. A reação dos
geiro."t°5 A idéia é que a linguagem de um
incrédulos não será favorável. "Quando,
grego era "grego" para qualquer um que não
o entendesse e vice-versa; a linguagem de um portanto, toda igreja se reúne e todos falam
"estrangeiro" era "grego" no sentido de ser em línguas, e entram estranhos ou incrédu~
estrangeira a um grego nativo, que não ti~ los, não irão dizer que vocês estão loucos?"
nha nenhum conhecimento da linguagem (1 Co 14:23, NRSV). Paulo parece descrever
deste "estrangeiro." Esta observação de Pau- uma situação hipotética para servir de ilus-
lo relembra a queixa feita por Ovídio quan- tração.ios
do em exílio no Mar Negro: "eu aqui sou
Os "todos" que estariam falando em lín-
um bárbaro porque ninguém me entende,
e o estúpido getão ri-se de minha fala lati- guas no verso 23 dificilmente quer dizer que
na. " [°6 Esta ilustração em relação ao "estran-
cada membro da congregação de Corinto
falasse em línguas, porque a palavra "todos"
geiro" mostra uma vez mais que em I
Coríntios 14 Paulo realmente quer dizer lin- é usada também no caso de profetizar no
verso 24, onde é usada no sentido de aprc>
guagem quando escreve "língua."
vação deste dom.]°9 Se a palavra "todos" está
A ilustração de Paulo indica que se al- sendo usada aqui no sentido genérico, dá a
guém erpite uma fala numa linguagem que impressão de que muitos membros falavam
não seja -entendida pelo ouvinte, nenhuma em línguas e o que era proferido não podia
comunicação efetiva ocorre. Esta aplicação ser compreendido pelos "visitantes ou in~
é feita à situação da igreja de Corinto. Re- crédulos," porque havia muita confusão na
conhece (v. 12) o desejo dos cc)ríntios por fala simultânea de línguas estrangejras.
dons espirituais (Pnewm4tílcon). !°7 Ele próprio
tinha acabado de incitá~los "a desejarem os Os "estranhos" (grego jdíotcií, com o sen-
dons espirituais" (v. 1). Contudo, se nenhu~ tido de "desconhecido," ``forasteiro" - a
ma comunicação efetiva ocorre por meio de VARA traduz como "indoutos") menciona-
umá "revelação ou ciência, profecia ou dou- dos aqui em I Coríntios 14:23 não são nem
trina" (v. 6), esta não está servindo para seu cristãos de outras congregações, nem
propósito público de edificação da igreja (v. catecúmenos da própria igreja de Corinto. ' `°
12). 0 contexto lança luz sobre quem seriam
estas pessoas. São mencionados em combi-
Paulo não condena o falar em línguas,
nação com os "incrédulos" (grego dpístoi).
mas ressalta sua limitação quando não é
Este último termo explica~se a si mesmo.
compreendida e quando não serve para seu
Descle que "estranhos" são mencíonados
propósito designado de ed[f-icar a igreja.
junto com "incrédulos," tajs "estranhos"
Repetidamente Paulo enfatiza que os pi`rei`em ser não cristãos.'" 0 termo "estra~
clons espirituais., se por meio de linguas, ou iiho" é a clescrição obje[iva daquele que não
profecia oii alguni outro dom, devem sem~ é iim t`rist:-`o e a designação "incrédulo" pode
pre possuir a função primária e que esta seja jndicar a experiência subjetiva de uma pes~
a "edificação da igreja" (1 Co 14:3, 5, 12, soa, tendo em vista o evangelho que já lhe
26). Este aspecto recapitula o argumento de foi comunicado.112
Paulo em I Coríntios 14: 1,5 onde ele exorta Estes "estranhos e incrédulos" podem ser
os membros da igreja que tenham o doin
ou não de origem grega. Estes dois terrnos
de falar em linguas4inguagem para cons~
não especificam se são gregos ou mesmo
truirem e edificarem a igreja e absterem-se
estrangeiros. Os termos não devem ser in~
da edificação própria.

-34-
terpretados como idênticos aos "estrangei- 0 critério de Paulo para a avaliação dos
ros" (grego barbaro5) do verso 11. 0 quadro dons espirituai§, particularmente o de lín-
que Paulo descreve é claro. Se estranhos e guas, é a edificação ou crescimento da igre~
incrédulos, ao entrarem num culto da igre- ja. Desde que o uso das línguas^inguagens,
ja, ouvirem os membros da congregação fa~ como foram descritas por Paulo, não pro,
larem em línguas ou uma linguagem que não duziam um resultado positivo nos estranhos
conhecem, poderão concluir que tais ``falan, e incrédulos. estes não são nem "convenci~
tes" estão "loucos" (NASB) ou "fora de cc>ns~ dos" ou "julgados" (1 Co 14:24), nem são
ciência" (NKJV, NRSV). "os segredos do coração... revelados" (1 Co

A expressão grega usada para "1ouco" ou 14:25a). Desta forma o propósito de se falar
"fora de consciência" é m4incsthe. Pode se em línguas/linguagens, a saber, a edificação
referir a uma pessoa que tenha tra.zido not~í~ da igreja, não é atingido. 0 incrédulo não
cias incríveis (At 12: 15) como, por exemplo, está "prostrando-se sobre seu rosto ,... [nãc>
uma declaração surpreendente. Este é cha~ está] adorando a Deus e declarando que
mado ``louco/fora de consciência." Paulo Deus realmente está entre vÓs" (1 Co
insistiu em sua defesa ante Festo que não 14:25b). Este é o resultado final crucial que
estava "fora de si" (At 26:25). Estes dois acaba ocorrendo, contrário ao propósito
exemplos, onde o mesmo termo é emprega~ evidente do falar em línguas. Os "estranhos
do, indicam que esta palavra não se refere à e incrédulos" devem ser levados à conver-
loucura no sentido de insanidade. são e a reconhecerem e adorarem a Deus.
Mas se não podem entender o que está sen-
Há uma dupla conexão entre e§ta passa~
do dito, que bem há nisto? Como pode al-
gem de I Coríntios 14:22, 23 com a de Atos
2:13. A primeira referei5e à reação dos in- guém alcançar o propósito -de§igmdo por
Deus? Como pode a igreja ser edificada?
crédulos quando expostos à fala em linguas.
Em Atos 2: 13 um grupo de pessoas são acu- Paulo observa enfaticamente que estes
sados de estarem bêbadas por falarem em objetivos são alcançados pela profecia, mas
línguas estrangeiras. Este arrazoado teve ori- deveriam ser também a razão do falar em
gem naqueles que não podiam (e/ou não línguas. 0 critério decisivo continua sendo
desejavam) entender o que os discípulos a "edificação" da igreja. Paulo esforçarse para
estavam dizendo no dia de Pentecostes. Em tornar claro que o falar em línguas é uma
I Coríntios 14:23 Paulo adverte que o in. atividade realizada pela igreja. Deve ter um
crédulo ou estranho pode ser inconvenien- efeito positivo na missão e avanço da igre~
temente afetado se ouve e/ou não entende ja."3 Tem o objetivo de contribuir para o
o que é proferido num serviço desordenado crescimento da igreja.
na igreja.
A segunda correlação direta do falar em
0 quadro descrito por Paulo desta atívi- liínguas em I Coríntios 14 com Atos 2:1-13;
dade na igreja pode ser entendido da seguin- TO:45-46; e 19: 1~6 tem que ver com o objeti~
te maneira: se um membro da igreja de \'o final do falar em línguas. Deve. atender a
Corinto falasse uma lingua/linguagem (o missão e ao impulso evangelístico da igreja,
coptico, por exemplo), e houvessem "estT:`-
particularmente, o testemunho e a conver~
nh(`js ou incrédulos" que não soubessem esta são dos "estranhos e incrédulos." Portanto,
língua/linguagem, como poderia este estra- . Paulo insiste que o falar em linguas não é
nho saber o que é dito (1 Co 14:9), e coii`o um sinal para crentes (v. 22). 0 fàlar em
poderia Deus ser beneficjailt>.' E se outra línguas/linguagens não t-(>ra concedido para
pessoa começasse a falar simultaneamente ser de caráter particular, pessoal, ao contrá~
a língiia dos nabateanos, e um terceiro fa~ rio, seria um dom espiritual cujo propósito
lasse a língua dos partas e assim por diante, real poderia apenas ser alcançado se resul-
estranhos e incrédulos, visitantes à igreja, tasse na "edificação" da igreja ao trazer "es`
os ouviriam, mas em virtude da fala simul-
tranhos e incrédulos" à conversão e à ado~
tânea e de serem estranhos não entenderi- racão do Deus verdadeiro.
am necessariamente nenhuma destas lin-
guas, e seriam levados a concluir que estas Paulo deixa claro qiie "1ínguas são um
pessoas são "loucas." sinal não para crentes, mas para incrédulos,

_ ?C; _
enquanto que profecia não é sinal para in~ Esta citação aponta para algo importan~
crédulos, mas sim para crentes" (v. 22, RSV). te que não pode escapar de nossa atenção.
O texto grego é, na verdade, ainda mais pre~ Primeiramente, referei5e a "1inguagens es-
ciso. Ele não diz que "1ínguas são um sinal," trangeiras" em termos de um meio de co-
` mas que "são para um sinal." lsto significa municação que os ouvintes não entendiam.
Esta comparação é reveladora, porque pare-
• s:.ep`á:i::aâesàomdse,s#aíêpmar: faut::g:rd: ce sugerir que o que está acontecendo em
` umsinal. Corinto é a mesma coisa. "Línguas estran-
A palavra "sinal" (grego semcíon) tem um geiras" são usadas pelos que falam em lín-
significado particular no Novo Testamento. guas, mas e§tas não podem propiciar os re~
sultado§ desejados porque não podem ser
) Em primeiro lugar, é uma marca que indica entendidas pelos ouvintes. Paulo pretende
que há uma mensagem especial que deve explicar que, no passado, Deus usou outras
) ser expressa Oo 20:30, 31). 0 dom de lín-
línguas com um propósito. Ele usou os
guas tem um objetivo claro. Tem uma fun-
/ ção especifica e uma intenção como um si~ assírios para falar aos israelitas, que não
nal para "descrentes," podendo ser tanto entendiam a língua por eles falada. Precisa-
vam de um tradutor. Agora, Deus usa o dom
judeus (At 18:1-17; I Co 14:21) como genti-
de línguas/linguagens para convencer os
) os.]'5 Embora Paulo não declare explicita- incrédulos de que a mensagem do Evange-
mente qual o tipo de "sinal" que seria, o
lho possui o sinete do Céu.''9
j contexto nos ajuda a definir sua função e
propósito. 0 segundo aspecto é extraordinariamen-
)
te significativo. Behm expõe que "línguas
I Coríntios 14:21 está intimamente rela~
éão um sinal legítimo de irresistível poder
} cionado çóm o verso seguinte. No verso Z2
Paulo eiriprega uma citação tomada de for- (14:22)."'Z° Para aqueles que serão conven~
) ma livre de lsaías 28:11.[`6 Ele escreve: "Na cidos e convertidos entre os "descrentes," a
I£i está escrito, `com homens de outras lín- quem o sinal de falar em línguas é dirigido,
este será um sinal de salvação, mas aos ou-
guas e outros lábios falarei a este povo; e tros que recusam escutar, será um sinal de
mesmo assim, eles não me ouvirão,' diz o
Senhor" (v. 21, NKJV). 0 que Paulo quer julgamento. t2í Este duplo efeito entre os des~
crentes, sem dúvida, é dependente de suas
) dizer com esta citação do Velho Testamen~
to? próprias reações para com a mensagem que
/ os atinge por meio dos que falam em lín-
- Um estudo detalhado seria necessário,
guas.`2Z
) mas o espaço não nos permite que estenda-
mos demasiadamente agora. 0 contexto de
Neste caso, novamente parece haver uma
) Isaías indica que os homens com "outras conexão com as línguas em Atos 2. Muitos
foram salvos, mas outros recu§aram ouvir e
1ínguas" são os assírios. A designação "ou~
se voltaram contra, ridicularizando aqueles
tras línguas" é a expressão grega composta
hetcroglôssois, que é incorretamente traduzida que falavam em línguas. 0 propósito das
línguas é novamente enfatizado: línguas
para o inglês como "línguas estranhas"
) (NASB, NRSV, etc). No grego da época de devem servir como "sinal" por meio do qual
descrentes são confrontados com as Boas-
\ Paulo, o termo realmente se referia a uma
'\ "linguagem estrangeiraw e é desta forma Novas. Tais ouvintes se revelam pela forma
como reagem ao que ouvem, por se.torna-
\ fáubeLods:V:ra[:.S[eírn::::ne,:::]aonã::::.sç sn,;: L;t:[oas~
::,:1n::Í:::sÉ)uopporrorpeá:::àreá:àoc=nvdi:e|fno~
) vras de Wayne Grudem, "são os lábios e lín~
guas de invasores estrangeiros (assírios)," guas/línguagens que não haja uma reação
) que os ouvintes não entenderiam. Os negativa (1 Co 14:23). Portanto, devem exis~
tir certos regulamentos quanto à ordem,
•, :set::nuâ;qa:ee:,u,:.ir:ae=a:,iod::tTsp:::?adse:àavT_ para que se torne num dom espiritual mais
eficaz. Um desses recursos é a interpretação.
Volvamos nossa atenção para isto, agora.

-36_
0 FALAR EM LÍNGUAS Paulo utiliza uma vez o substantivo gre-
E A INTERPRETAÇÃO go df€iíTnencwtc's (1 Co 14:28) que é normal-
mente traduzido por ``intérprete" nas bíblias
Como podem línguas - que nem são em inglês. Est:a é uma expressão que não é
facilmente entendidas pelos membros da conhecida na lingua grega fora do Novo
igreja, nem discernidas pelos descrentes a Testamento, até aparecer novamente, sécu-
quem foram primariamente dirigidas - se- los mais tarde, em escritos bizantinos. 0
rem usadas para servir à igreja em seu pro- dicionário grego-inglês de W. Bauer, que
pósito missionário? A resposta coerente de serve como referência, trás o §ignificado de
Paulo é que se ninguém na congregação I Coríntios 14:28 como "intérprete, tradu-
entende o que é dito em línguas, então, "que tor."'29 Na Septuaginta, em Gênesis 42:23,
haja um interprete" (1 Co 14:27). Este con- o termo cognato heTmericwcés é vertido como
selho é específico. Se o falar em línguas foi "tradutor."'3o
dado para beneficiar a comunidade crente,
Um estudo do verbo grego heTmenewe€n e
e especialmente os incrédulos desconheci-
seus cognatos, tanto na Septuaginta como
dos, assim, se o dom de línguas é usado de
no Novo Testamento,]'` aparte das sete uti~
acordo com seu objetivo deteminado -que
lizações de I Coríntios 12-14, revela que em
é a edificação e desenvolvimento da igreja
dezenove dos vinte e um casos refere-se a
(vs. 3, 5, 26) -então o que fala "numa lin- "tradução."2 Esta evidência'33 atesta a con~
gua deveria orar pelo poder de interpretar" clusão que os termos usados por Paulo para
(vs.13,15),`Z3 ou, então, algum outro mem- "interpretar" o falar em línguas levam con-
bro da igreja deve "interpretai" (vs. 27-28).
sigo, nas palavras do Professor J. G. Davies,
Em realidade, "interpretação" é também um "a mais forte indicação que seja traduzir uma
dom espiritual (1 Co |2:|0, 30).124
língua estrangeira."4 .
Em nossa tentativa de descobrir a natu.
Esta conclusão sobre "interpretação"
reza do falar em línguas em I Coríntios 12-
como significando "tradução," no falar em
14, e como Paulo pretendia que este fosse
línguas, é substanciada ainda mais pela ci-
praticado. temos também que determinar tação que Paulo faz de lsaías 28:11 em I
o significado exato do termo "intérprete"
Coríntios 14:21. Como vimos acima, os
como usado por Paulo. Em I Coríntios 12-
assírios iriam se dirigir aos israelitas em "lín~
14 Paulo emprega o verbo grego dicTmierwwein,
"interpretar," quatro vezes (1 Co 12:30; 14:5, guas estrangeiras," porque os últimos rejei-
taram a simples e clara mensagem dos pro
13, 27).
fetas em sua própria língua hebraica.
Este mesmo verbo é empregado fora do
A isto deve ser acrescentado que I
Novo Testamento em 11 Macabeus 1:36.
Coríntios 14:10, 11, onde uma pessoa não
Neste verso, tem o significado de "traduzir"
entende o que fala em uma língua estran-
um termo hebreu num termo grego.'25 No
Novo Testamento a mesma palavra é tam~ geira, carrega consigo a evidência de que são
linguas estrangeiras que estão envolvidas.
bém usada com o significado de "traduzir"
Mesmo um erudito como Behm, sugerindo
em Atos 9:36.`Z6 0 "tracluzir" um idioma
conheciclo numa outra língua conhecida é que "em Corinto ... a glossolalia é uma de~
claraçãci estática ininteligível,"5 é forçado
o significado típico deste verbo, tanto no
a mencionai-que "uma impressão é deixada
Novo Testamento como fora dele. !!7
cie iiue as falas são em h'nguas estrangeiras
Paul() emprega o substantivo grego (14: 10f., 21)." '3t' Este fato não é apencis uim
hcJmiJnci'tc, "interpretação," duas vezes em I impi-es`sã`t>, m`t`s um forte argumento esmbe~
Ct)ríntios 12-14 (12:10,14:26). Este substan~ lecido por I'aulo na escolha ile termos pró-
tivo não é empregadc) em nenhum outro pril)s.
lugar no Novo Testamento. 0 termo apare~
Devemos deixar evidente a questão de
ce três vezes na Septuaginta. Duas das vezes
significa "tradução" (Dn 5:1; Prólogo de que o livro de Atos não faz menção de "in~
terpretação/traclução," tema que se torna
Siraque 14),]28 e iima vez quer dizer "sátira"
importante em I Coríntios 12~14. Em Atos
(Siraque 47: 17).
2 nenhiima tr{`duçãi` era necessária porciue

•37-
existiam ouvintes dentre a multidão a quem sões. '4' Existe uma diferença marcante na lin-
estas línguas eram nativas, e que foram usa- guagem usada por Paulo na sua escolha de
das pelos que falavam em línguas para trans~ palavras como "tradução" ou "interpreta~
mitir-lhes as Boas Novas. Em I Coríntios 12. ção," que definitivamente não eram usadas
14 a situação é diferente, não porque os cris- nas religiões entusiásticas helênicas. Em vir-
tãos coríntios falassem numa glossolalia in- tude da ênfase na "tradução" ou "interpre-
compreensivel, " mas porque náo haviam tação," Paulo não usa a linguagem empre~
ouvintes que falassem os idiomas usados por gada para descrever o fenômeno destas reli~
aqueles envolvidos no falar em línguas. 0 giões onde aparece o termo "exegese." Será
que fala um idioma que não é entendido que a diferença entre a terminologia dos
pelos ouvintes precisa de um tradutor. Em~ cultos gregos entusiásticos e a terminologia
bora Lucas, em Atos, não se refira ao con- usada por Paulo não sugerem que Paulo está
junto de palavras diretamente relacionadas de fàto falando sobre algo ciue difere funda~
com hcTmcneici, "tradução," em sua descri- mentalmente do fenômeno encontrado nes~
Ção do falar em línguas, usa, contudo, uma tas religiões pagãs? Dificilmente podeóe evi-
palavra do mesmo grupo para dar a idéia de tar tal conclusão.
tradução de uma língua para outra. Em Atos
9:36 é dito que "uma certa discípula cha- 0 FALAR EM LÍNGUAS
mada Tabita, cuja tradução (dz'erm€n€«o] é
E A PROFECIA
Dorcas" (NKJV). Assim Atos apoia a idéia
de que o conjunto de palavras baseadas em Em primeiro lugar, seria de grande aju-
hcmeneici significam " interpretação" no sen~. da investigar como a linguagem e a ênfase
tido de "tradução." de Paulo difere dos fenômenos encontrados
nas religiões pagãs de seus dias no que se
De aco;do com nossa investigação dos
refere ao tópico profecia.
possíveis paralelos do falar em línguas como
fenômeno presente em religiões gregas, pu~ Tanto no culto de Delfos como no culto
demos concluir que não existem paralelos de Dionísio, a adivinhação mântica é
reais com o fenômeno do Novo Testamen~ identificada com o profetizar.'42 Paulo, por
to. Por um lado, não existe glossolalia de sua vez, faz uma clara distinção entre "pro-
falas incompreensíveis nestas religiões que fecia" e o "falar em línguas." São dons espi~
sejam conhecidas e que tenham sido docu~ rituais completamente distintos (1 Co 12:8~
mentadas por estudiosos. Ainda, não há 11, 28-31; 14:|.5).143
r-egistro de nenhuma fala miraculosa de lín-
Uma distinção crucial é também encon~
guas estrangeiras normais por parte desta§ trada no que se refere à possessão do espíri-
religiões. Nossa investigação sobre a termi-
to (grego Pneüm4). Na possessão di()nisiana,
nologia da expressão "interpretação," tanto
o espírito sagrado vem "quando o deus en~
nc) Novo Testamento como fóra dele, favo~
rra totalmente no corpo [e] dá o poder está-
rece à conclusão de que o falar em linguas
t.ict] de declarar coisas que se sucederão |no
em Corinto é o falar miraculoso de língiias
fiitiir(i]."'44 Em 1 Corín[ios, o "espírito" não
estrangeiras que não tenham sido apreiicli~
das.
:|(,:|1::,..:aá(,,`;`,::s::,:q49'É(gcr|:::`:,dc;-|!ec3:.::t::
Torm~se rele\-ante retorn{`r tigom a() adi- (grego `tct`çJjon), como em todos os esc`ritos
vinho c)u mântii`o (chamad(> mci7ttis ' 'S nas re~ de Paulo, e``pei`ialmentc em 1 Coi-íntios 6: ] 9;
ligiões gregas entusiásticas) que pronuncia- 12:3 (cf.10:1-22; 12:4-13). Paulo faz uma
va expressões obscuras e veladas sem ser distinção objetiva entre o Espírito Santo e
aparentemente capaz de saber o que viu e o espírito do paganismo pelo fato de usar
disse. Este mântico era acompanhado por um adjetivo decisivamente diferente.
uma pessoa chamada sophTon,'39 um homem
sót)rio que permanecia ao seu lado. Este, 0 motivo das noites de orgias báquicas
após realizar uma prece,'4° segue dando a é i.n4Í7tcsthcit.,'46 "estar fora de si." Isto é exa~
exegese" (grego exeg€tai) das alocuções e vi~ tamente o oposto do que Paulo deseja para

-38-
aqueles que falam em línguas (1 Co 14:23). é o resultado de um estado de transe e que
De forma objetiva, aqueles que procuram o falar em linguas é desta forma uma expe-
interpretar I Coríntios 14 com a ajuda dos riência estática de fala ininteligível, isto é,
cultos estáticos helênicos são forçados - glossola|ia.153
contrários às distinções enfatizadas por pau~ .
lo - a transférir fenômenos da "profecia" Estas sugestões propostas por Engelsen
são refutadas por estudos indicando que a
mântica pagã'47 àqueles que falam em lín~
profecia do Novo Testamento não é o resul-
guas em Corinto. Mas as duas experiências
tado de uma experiência de transe. [54 Pau|o
são totalmente separadas e distintas.
claramente não estabelece conexão alguma
A designação dada aos fenômenos fre- entre o falar em línguas a uma experiência
néticos do deus Apolo no santuário de de transe. Pelo contrário, evita quaisquer
Delfos é "frenesi adivinho" (grego thci.ci rna- possiveis associações. Tanto profecia como
m.ci). " Neste estado de frenesi mântico, uma as línguas são dons espirituais distintos um
revelação sobre a vontade dos deuses dá.se do outro, mesmo que derivem da mesma
por meio de expressões oraculares, mas ain- fonte, o Espírito Santo. Profecia é dom que
da numa linguagem normal. 0 mesmo ocor- os coríntios deveriam se esfórçar por obter,
ria nos oráculos sibilinos em que haviam mais do que o de linguas (1 Co 14: 1).
profecias. Estas mulheres, quando tomadas
em transes súbitos, mudavam de cor, tinham 0 FALAR EM LÍNGUAS E A ORAÇÃO
os cabelos despenteados, respiração ofegan~
te, bocas espumejantes e movimentavam~se A expressão "falar... com meu entendi-
de forma frenética. `49 Pronunciavam expres- mento" em I Coríntios 14: 19 merece consi-
sões místicas em forma oracular. Estes fenô- deração. No verso.19 o "falar com entendi-
menos pagãos estáticos são demonstrações mento" não é contrastado com o "falar com
pagãs da "profecia" ou adivinhação, contu~ meu espírito,"5 ma§ com o "falar em lín.
do nenhuma experiência glossolálica foi ja- guas." ' 56 0 termo "entendimento" (notis) re-
mais registrada ou aludida como tomando fereóe ao pensamento, o uso da razão, à re-
lugar nestas religiões pagãs.
gn=iãaoheuàoana:?ictpoarit:tàEcàoan=:e::icno,:|Sec::
Com relação ao estado semelhante ao
tual do ser humano como tal.'57 Assim, é
transe pitiano que ocorria no oráculo de
evidente que Paulo pretendia dizer que
Delfos, E. T. Dodds observa que "o deus
numa congregação preferiria falar umas
entrava nela e usava seus órgãos vocais como
se eles fossem seus, exatamente como o as~ poucas palavras de forma. racional, reflexi~
va e intencional, que objetivasse o crescimen~
sim chamado `controle' que ocorre num
to dos membros da igreja, do que muitas
médium espírita moderno."'5° A descrição
do oráculo délfico descrito por este eriiclito palavras em uma "língua/idioma" na qual
não se comunicasse com os membros, por
é o mesmo das possessões mediúnicas no
não serem compreenclidas.
espiritualismo. Certamente, este não é o
caso do Novo Testamento de f{)mia geral, Em I Coríntios 14: 14 Pc`ulo declara.. "Pois
ou em particular I Coríntios 12~14. Se ort) nllll`:` língJua, meu espirito ora mas
N. Engelsen, derivando seu pensamen- mii`hi ii\i-i`re fica infrutífera." Neste verso
to cle outros," estabelece que em Corintti i` i`i> `ii`L7iiinte "men[e" e "espírito" são con~

i) falar em línguas e a profecia não sã`j ili``, ri..ist.\i!o``. As palavras "meu espírito" (v. 14)

tint()s. Para ele isto é significativo, porque e simplesmente "espírit()" (grego fi7iet2mci),
não há no grego antigo nenhuma palavra no verso 15, sãc> melhor entendidas como
especial que defina uma fala inspirada sendo "como me é dado pelo Espírito San~
ininteligível. Assim, Engelsen postiila qiie to." É o Espírito divino atuando no indi-
uma fala inteligível ou ininteligivel não po~ Víduo.159

deriam ser distinguidas no período cristão A oração proferida ntima "língua" é cop~
ou mesmo numa época anterior. ' 52 Também cedida pelo Espírito assim como o falar em
conclui ciue o falar em línguas em Corinto

~39~
línguas em si é um dom do mesmo Espi'ri~ trabalho do Espírito Santo." " Não há, por-
to. Como acontece com a oração, assim tam~ tanto, nenhum contraste entre o trabalho
bém acontece com o canto (v. 15). "Orar" e do Espírito Santo e o funcionamento da
"cantar" numa "língua" derivamóe ambos
' do Espírito. O Espíri-tosantoconcede a "lín-
capacidade racional da mente humana.
É evidente que o contexto de I Coríntios
/ gua/linguagem" e por meio dela Ele provê 14:14,15 é novamente de significância pri~
a oração ou o cântíco.
mordial no en[endimento destes textos. Se-
Os dois textos (vs. 14 el5) em discussão ria imprudente interpretá~los por meio de
j não limitam c) falar em línguas à oração e bases filosóficas ou usando o contexto das
ao canto. Por outro lado, estes textos não religiões helênicas. '62 No verso 13, Paulo es~
/.' afirmam que a oração e canto resultantes
creve: "Poi.tanto aquele que fala numa lín-
gua ore para que possa intei-pretar." Paulo
:oo áa::rqe|: lá:geu::,:ã:.dô bf:faerfi:io :íxnc::sa.: afirma que o falar em línguas é pelo Espíri~
) inspirado pelo Espírito, que não seja inter~ to. "Pois se orar numa língua, meu espíríto
[o Espírito Santo que está em mim] ora, mas
) :râ:aedfoa|:u(vtsr.af)Tzida:,npaofses.eábi::: â::g,ae:
minha mente fica infrutífera." Para a "men-
jàaJeo,ro::"oe !.oa:,f,::eu=aaríLf:sut#isi:,g:::ee,1: te" tornar-se fruti'fera, deve ser necessário
que ocorra uma interpretação/tradução.
Através da "interpretação/tradução" a igre~
3ef;:=:rpaot::zuear :e=,aí:::fãe:t::saocuot:ops;eqeune-
ja é edificada (v. 12). É precisamente este
) são pelo "amém" (v.16). Contudo, se aque- também c) enfoque do verso 16, onde aciue~
le que não possui o dom deve dizer `.`amém,"
::sb::e.frâ::es:tà:"o(;.er|V6i,:ood3.;g;:jsai,`;nâ: mas é incapaz de fazê-1o, porque "não sabe
) qom de línguas não está se.ndo cumprido, o que foi dito." Se há "tradução" da língua/
isto é, "o outro não é edificado" (v. 17). A
linguagem, então "outros" são "edificados"
) edificação da igreja é primordial.
(v. 17). Neste contexto, permanece o foco
sobre a compreensão daquilo que foi dito e
ra" 8 ê:e|;i:g|:;fàcuaaensá:ra`ià::ànàeu:nffar|:t:fi, sua importância para a edificação da igreja.
) 1íngu.as ora ou canta numa língua/ljngua~
gem? Paulo insiste: "deverei orar com o es- 0 FALAR EM LÍNGUAS
`pírito [i.e., o Espírito Santo que está nele] e E A ADORAÇÃO I)E FORMA ORDENADA
) orarei também com a mente; cantarei com
o espirito [i.e., o Espírito Santo que está nele] Dois erros são geralmente cometidos em
) e cantarei também com a mente" (v.15). relação ao falar em línguas, e ambos devem
ser evitados. 0 primeiro dele é a ênfase exa-
0 termo "mente" nestes textt)s é a tra-
gerada quanto à importância do "fahr cm
dução da palavra grega noüs, um temo rico línguas." Pentecostais, neopentecostais e
que possui vinte e qiiarro significaclos clife- adeptos clo movimento de renovaçãt>
rentes, dos quais vinte e um estão nas cartn`` t`arisn`ática éstào 1igados pelos laços comu m
de Paulo. 0 que Paulo insiste em dizer em 1 i];` glc`ssolalia. Identificam o falar em l{nguas
Coríntios 14:14,15 é que uma pessoa quc t``iii` i` glt)ssolalia e colocam uma ênfase
fala uha língua/linguagem não está "fm ii`i`t>i`\um nesta prática par:a o crente. Ti`l
ile Si," antes "conserva seu noús {mente] ain- ê`iif.ise m-`o si` hr`rmoniza com o aspecto rarct
da qite seja permeada pelo f)ncümtí [Esp]'ri~ ileste il(jm, ciiiiii` retratado pelo Novo Tes~
to]. 0 7ioüs [mente] está presente, ainda que tamento. 0 ()`ttro erro é a tendência oposta
inativo." '6L' Não está assim Paulo enfatizando cle depreciai- as passagens paulinas e de
a idéia de que quando acontece uma comu~ Lucas, no Novo Testamento, sobre o falar
nicação completa, a mente deve t-uncionar? em línguas,'t" com a intenção de atacar o
Já se deixou clarct ciue "não se deve esque- movimento cle renovação carismática e o
cer que falar com a mente também é um pentecostalismo.

-40-
0 estudante cuidadoso das Escrituras lo para os judeus, que também possuiu o
estará atento a estas tentações e buscará, sin- dom na forma em que foi manifesto no Pen-
ceramente, permitir que o texto bíblico fale tecostes (At 2:2s,14s; 10:46; 11:15). Não é
por si. Percebemos, por muitos ângulos e este um outro elo entre o dom de línguas
por meio de várias considerações - lingüis- em Atos 2 e I Coríntios 14?
ticas, terminológicas, contextiiais, exegéticas,
Se Paulo estivesse falando em I Coríntios
comparativas, etc ~ que Paulo é melhor
14 sobre um falso dom, seria impróprio e
compreendido quando não se tenta identi-
ousado de sua parte assumir que tal dom
ficar o falar em línguas com glossolalia. As
razões principais para isto foram definidas provém do Espírito Santo, que deve ser de-
sejado, e que ele mesmo o possui. Dificil~
nas seçoes acima.
mente esta é apenas uma questão de diplo-
Paulo repetidamente enfatiza que o fa~ macia em que Paulo se coloca no mesmo
lar em línguas se origina no Espírito Santo, nível dos coríntios para desta forma trazê-
assim como qualquer outro clom espiritual los a um patamar mais elevado. Paulo certa-
(1 Co 12:10s, 28, 30; 14:1§). mente t:enta mostrar-1hes o uso adequado,
apropriado e o propósito correto para a pi.á~
Paulo não considera o "falar em línguas"
tica do falar em línguas.
de Corinto como uma falsa manifestação. '64
Primeiro, Paulo deseja que todos os crentes Mesmo que Paulo fale em línguas mais
de Corinto "falem em línguas" (1 Co 14:5b). que todos os coríntios, e como um missio-
Seu critério para medir o valor da profecia nário para os povos gentios tenha usado
e das línguas é a edificação e o crescimento muito este dom, afirma que "na igreja eu
do igreja (1 Co 14:4, 5, 26). prefiro falar antes cinco palavras " com meu
entendimento, pam instruir outros, a falar
Em segundo lugar, Paulo ordena: "não dez mil palavras em uma língua" (1 Co
proíbam o falar em línguas" (1 Co 14:39).165 14: 19). Mesmo que Paulo tivesse oportuni~
Contudo, alerta para seu emprego inadequa- dades mais freqüentes de falar em línguas, ]67
do e provê regras para o devido uso. sua principal preocupação era "instruir os
Na segunda parte de I Coríntios 14 Pau- outros" na igreja. Esta é uma aplicação do
lo trata sobre um tema de grande preocupa- critério quanto à edificação da igreja. Paulo
ção. 0 dom de falar em línguas deveria ser deixa claro que dez mil palavras ditas numa
regulamentado e não deveria ser emprega- língua/idioma não compreendida pela con-
do para propósitos egoístas. Se não há in- gregação não beneficiará aquela igreja. Por
terprete/tradutor nas reuniões públicas, é outro lado, uma curta mensagem que seja
melhor permanecer "quieto na igreja," por- entendida irá atingir o objetivo de qualquer
que neste caso o que fala em línguas fala pregação na igreja, que é a edificação.
apenas "consigo mesmo e com Deus" (1 Co Paulo evidencia que o dom de línguas
14:28)_ em Corinto é genuíno, mas está sendo mal
Este apelo a uma ador.`Ção organizada usad(], pois não preenche seu propósito de-
não indica que este iltmi i.``piritw`l cleva sei- sign<ido ile f()rtalecer a igreja. Pc)r conseguin-
barrado, proibido c`m siia prátit`í`. D(`sta for- te, Palllo <1presenta os Princípios normativos
ma, Paulo continua afirn"i`tlu iiiii` (t lc`LJiti~ que assegiirariam e manteriam a adoração
mo "falar em liiiLyu,is" r``m um liitrar ili`vi, t>rganizada (1 Co 14:26-28):

do` se mantidos i` f-`uiçi-io {`propria(lci c o 1. Tuclo deve ser feito para edificaçã(.), a
prop('>sito clesigmtlo. saber: o cresciinento da igreja (v. 26). Este é
Em terceiro lugar, Paulo agradece a Deus o princípio básico de toda a instriição sobre
"pois falo em línguas mais do que tc>dos línguas em I Coríntios 14, como examina~
vocês" (1 Co 14:18). Esta referência afirma~ mos acima.
tiva prova que Paulo, ç) apóstolo para os gen- 2. Deve haver apenas dois ou três que
tios, possuía o dom de falar em línguas. Nin- falam em línguas, "quando muito três" (v.
guém pode esquecer-se de Pedro, o apósto, 27). Esta restrição indica que havia um gran~

-41-
de número de pessoas que falavam em lín~ Conexões irrefutáveis unem os fenôme-
guas em Corinto. Paulo restringe o número nos de falar em línguas de todo o Novo Tes-
daqueles que falam línguas nos serviços da tamento numa corrente que não pode ser
igreja a três, no máximo. rompida.
3. 0 falar em línguas deve ser processa- 1. Jesus predisse que os crentes "falari~
do numa "direção" (KJV) ou "cada um [fa~ am novas línguas" (Mr 16:17). Isto se cum
lará] por vez" (RSV, NRSV), ou "um de cada priu não apenas em Jerusalém no dia de
vez" (NEB, NIV), ou "um após outro" (TEV) Pentecostes, mas também em outros centros
como indica o verso 27. Paulo estabelece
uma norma para que haja uma ordem gfi::.opnoalià:aosrit:àsoc,oemê:.çienstaoréàaadá!:cq::
seqüencial e não pessoas falando em línguas Cada uma destas cidades possuía uma pcr
simultaneamente. Não deveria haver mais pulação local e de visitantes estrangeiros que
do que um que falasse em línguas de cada estavam separados por barreiras lingüísticas.
Vez. Pessoas provenientes de muitos países e vá-
rias regiões, cada qual com sua própria lín~
4. Deve haver um intérprete/tradutor
gua nativa, passavam por estes lugares. Je~
presente para que o assunto exposto numa
língua/linguagem na igreja possa ser tradu- sus não apenas ordenou que as Boas~Novas
zido e todos sejam abençoados e edificados fossem pregadas a toda humanidade, mas
também proveu, através do Espírito Santo,
(N.2;]).
o dom de falar miraculosamente em línguas
5. Se não houver tradutor disponível, estrangeiras para que fosse atingido o obje-
aqueles que falam em línguas devem per- tivo de ensinar o caminho de Cristo a estas
manecer.calados na igreja, falando para si pessoas de origens língüisticas diferentes.
mesmos `^e para Deus (v. 28).
2. De acordo com Marcos 16:17 Jesus
A organizaçãó da igreja contribui, eviden- declarou entre outras coisas que o falar em
temente, para a atitude de adoração de toda uma nova língua seria um "sinal" (grego
a congregação. 0 Deus a ser adorado é um scmeíon) no sentido de uma realidade con~
Deus de ordem (1 Co 14:40). Ele "não é um trária ao curso comum da natureza aos que
Deus de confiisão, mas de paz" (v. 33). Esta desta forma ouvissem a mensagem do evan.
instrução sobre a ordem litúrgica na adora- gelho. Deveria ser um "sinal" de um mila~
gre para os descrentes, evidenciando a ori-
[v:o3â,:aÉd::íavrear;.:;dpaasr:St;gg=sqàse;:=::::: gem divina da mensagem. Em I Coríntios
tãs primitivas e para todas as igrejas no fu- 14:22 I'aulo explica que as "línguas são um
turo. Assim, o ensino de Paulo é ainda váli~ sinal (semeío7i) não para fiéis mas para infi-
do hoje e carrega consigo a autoridade bí~ éis." Insiste que o dom de falar línguas es~
blica. trangeiras serve para convenc.er os infiéis
i`om o irresistível poder de que a proclama~
CONCI,USÕES ção do "kerygma" carrega consigo o sinete
du céu. Qualqiier um assim convencid(>
0 estudo contextual de I Coríntios 12~
poderii` obter a salvação; para o que ridicii~
14 em qiie nos en\'olvemos neste artigo nos larizasse est:i manifestação, significaria jul~
ofei-ece uma base sólicl{i i,`ara a identifica-
8ament`).
Çào da tei-minologitt e o iiso ilo falLir em lín~
3. Em Atiis 2: 1 ) :\l\LJitns z()mbaram ccm
guas no Novo Testament(]. 0 estiido eviden-
ciou que é correto considerar c> falar em lín~ desdém dos discípulos ciue falavam em lín~
guas estrangeiras, acusando<)s de estarem
ã::sf:.mmoe.sae:gãou:*:;coofeosTaàsepá:àtTaÉ bêbados. Os descrentes, em outras partes,
plenamente razoável concluir que o falar em poderiam reagir cle igual modo se assistis~
línguas no Novo Testamento é o mesmc> sem a forma desordenacla coiT`(` era pratica~
dom de falar miraculosamente um língua do o falar em línguas nas ri:itni(-]es cla igreja
estrangeira qiie não tenha sido aprendida. '(``S de Corinto. Paulo observa que se tis línguas

-42-
não são compreendidas pelos de fora, estes Pedro e Paulo, os anunciadores das Boas~
poderiam pensar que os que estão fàlando Novas aos judeus e aos gentios respectiva,
em línguas são 1oucos (1 Co 14:23). Falsas mente. estivessem associados, em Atos, com
impressões poderiam surgir e a manifesta, a manifestação do falar em línguas, tema que
ção genuína do falar línguas estrangeiras Paulo novamente discute em I Coríntios 12~
seria mal interpretada. 14. Deus usou estas ocasiões e o prestígio
4. Isto leva-nos a outro elo na cadeia que destes pilares da igreja primitiva para espa-
conecta e unifica o fenômeno de falar em 1har as Boas Novas em línguas concedidas
línguas no Novo Testamento, isto é, seu prc> de forma sobrenatural pelo Espírito Santo.
pósito. 0 Senhor Ressurrecto relacionou o 7. As indicações internas de I Coríntios
falar em línguas com a Grande Comissão 14 apontam fortemente na direção de iden-
de evangelizar o mundo (Mc 16:15-18). No tit-icar o falar em línguas com a habilidade
Pentecostes os primeiros frutos da promes- sobrenatural do Espírito Santo de falar lín-
sa foram experimentados quando três mil guas estrangeiras, não previamente apren~
foram acrescidos à igreja infante (At 2). En, didas, como é explicitamente identificado
tão, o dom foi dado aos cristãos gentios in- em Atos 2. A identidade surpreendente na
terminologia e no uso lingüístico da expres-
::rep:racneds=é:an:.tàr:f:ÍeÉefve::g(eÁi:a|ró:â;: são "falar em línguas," tanto em Atos como
46; 19: 1ó). Em I Coríntios 14 Paulo enfatiza em I Coríntios 12-14, torna certa esta iden-
várias vezes que o falar em línguas deveria tificação.
8. Outros vínculos entre o Evangelho de
;:r.::a2d63.pÉa:a.:i:;:fàc::::sçsa,eig::ao`à4:í Marcos, Atos e I Coríntios se estendem à
é para benefício dos infiéis. Estes, por sua
origem, natureza, função, propósito e às
vez, também deveriam ser recebidos na co-
munhão dos crentes. Assim, todos experi- pessoas envolvidas com o sinal característi.
co deste dom espiritual. Nestes termos, o
mentariam crescimento em siia experiência
fenômeno de falar em línguas no Novo
cristã e se dedicariam ao evangelismo.
Testamento é apresentado nos três docu-
5. Lucas registra em Atos 19:6 que após mentos - Marcos, Atos e I Coríntios - como
os doze "discípulos" em Éfeso se converte- um dom espiritual singular de falar línguas
rem e receberem o Espírito Santo, foram não aprendidas, outorgadas com o propósi-
to de evangelizar o mundo. Tinha o objeti-
iast;'àti:f.::i:ofaá:re,e:m`íEf¥s:s,:í:gpuraosf:tlàz:: vo de deinonstrar que Deus estava ao lado
fecia estavam unidas no mesmo episódio e da igreja primitiva, conduzindo~a adiante,
com a participação de Paulo. Tal fato en- quebrando as barreiras entre judeus e genti-
contra correspondência direta com I os e providenciando uma mostra de Seus
Coríntios 14, ()nde repeticlamente P.iulo fala múltiplos clons para a edificação da igreja
sobre ambas. A ligítção entrc. profecia e lín- cc)mo o corpo de Cristo.
guas é estí`heleciili` iii`l.i ()corrência das cluas
Nossa pesquisa sobre c>s principais aspec~
como imnif-cstaç`ãi` ilt] Espirito Santo, tan~
tos i+o "falar em líiiguas" no Novc> Testamen-
t(i em Éfe`çt` i`(.ii`t] em Corinto. A íntima
to revela que este foi clado pe[c> Espírito San-
assi)ciaç.ãt> i`ntre língiias e prç)fecia rernonta
to aos crentes coin um pi-opósito específi-
à primeii-:` imnifestação clo Es[iírito Santo
co, e é Seu desígnio ciiie seja usaclo clesta
no r'cnteci)stes onde Pedro por diizis vezes
maneira. Vim(>s taml)ém q`ie o falar em lín-
referiii-se à profecia (Atos 2: 17, 18). Contu-
do, Paulo deixa bem claro que o dom de giias no Novo Testamento nãó é outorgado
a todos, mas apenas aos que forám escolhi`
línguas e dom de profecia são dois dons es-
dos pelo Espírito. Não existe nenhuma or~
pirituais distintos, de forma alguma idênti- c]em ilada para que todo crente busque o
COS.
falar em línguas. Não há nenhuma declara~
6. Dificilmente seria acidental que os Çã() no Novo Testamento de que o falar em
dois grandes gigantes de igreja primitiva, língiias seja a chave para o recebimento de

-43-
1

)
4 Para iima lista representativa de eruditos ciue man~
) um poder espiritual maior. Contudo, há têm esta visão, ver a nota final deste artigo.
uma declaração de qiie o falar em línguas
S Estrabão, Geogmaí>h}, Vlll. vi, 20.
) cessaria (I Co l3:8). O significado especifi~
co desta declaração é muito debatido. Tem 6 H. S. Robinson, "Excavations at Ancien[ Corinth,
) sido aventado que o dom foi necessário ape- 1959,1963," KI!.0 46 (1965). 289s.
nas nos tempos do Novo Testamento (8. 8. 7 H. Conzelmann, Der ersce KorintJter (Gõttingen:
Warfield), e que o falar em línguas cessaria 1969), 139; F. F. Bruce, 1 and 2 CoTin[hl4ns (Londres:
) :íç,ra:à:fa(g:a.r:. aucn.g::!;vué::apsr:b¥est:sc|::: New Ckntury Bible,1971), 66.
8 Esta é a data mais aceita e é adotada por liom,
) guas sugere que a glossolalia contemporâ~ Setmtthd4y Ad«ncis[ Bibk Di.cti.onc[T}, 224; D. Guthrie,
llte Paw!i.ng Epi.jck. Ncw Tescament ln[odwciíon, 2. ed.
;::Lb:ã:. iàYe.roi:à:::,es=. :er:c:::gâftnaed= (Londres: 1963). Datas anterioTes Íoram sugeridas
recentemente por C. K. Barret, 77`e Fi+§Í Epi.§ck .o thc
) :ep=:oo:gn| ::r;:: ii::,:iicsaà: :`.oàsoolaáàa:odnÉ CoTinthici7u (Nova l(irque; 1968), 8: "nos primeiros
meses de 54, ou talvez mesm() em 53"; Conzelmam,
) falar em línguas do Novo Testamento, en- D€T ci.st€ KOTínth€r,16 i`. 31, primavera de 55; Bruce, !
tão terá que provar se corresponde à defini- cmd 2 Coiinchi.ans, 25, "provavelmente 55 d.C.
) ção e às especificações do Novo Testamento 9 Como em Bruce, í and 2 Cori.nthi.ans, 6.
para o "falar em línguas," incluindo sua fon- '° David L. Bakcr, "The lnterpreta[jon of 1
te, seu prc>pósito, sua natureza, sua forma Corínthians 12-14," £u4ngclical Qwarterl} 46 (1974)
228, cscreve: "Em 12:1 ton Pnew7natikon é algumas ve-
) disciplinada, seu objetivo de caráter exter-
no e assim por diante. A prova de identifi- zes utilizado para reíerirse ao `homem espiritual` mas
mais fieqüentemente aos `dons espirituais' e, err`bora
) cação não pode recair numa experiência ambas traduções sejam possíveis, o iiso em 14:1 e o
paralelismo com charisma[a (esp. 12:31) favorece esta
) ?,àssst?.aal,oà:sudme;eapers:::çs:ogu=:=arnet:t:.e,:|Ê: úhma._
" K. Maly, Mündi.gc Gcinejnde (Stuttgart; Katholisches
:àc,aa:as.nbo.eteosttee=ua?hoos cboeTeE`:::.qeaxsaEsi:rai: Bíbclwerk, 1967), 186.
) vam as Escrituras diariamente, para ueT se '2 Ver Wa![er F. Otto, Dion}si", 2a ed. (Leipzig: 1939);
estas coisas eram assim" (At 17:11). Todo
Christian Wolff, Det crs[e BTief des Pattlws an di.c
) cristão responsável fará o mesmo e se firma~ KOTm[heT, "Theologischer Hanclkommentar zum
rá naquilo que achar sensato, tendo como Neucn Testament, 7/11" (Berlin: Evangelische
) base as Escrituras. Verlagsanstalt, 198Z), 98-99.
!' Ver Gerhard I+asel, Spe4king in Tongw€s (Berrien
` REFERÊNCIAS Springs, Ml: Adventist Theological Society
I'ublications, 1991), Capítiil{) 11.
' 0 lcitor poderá consiiltar as bibliografias mais re~ !` Conzelmann, DeT cts[e Ktmlnther, 246, c()rretamen[e
) presei`tativas ms seguintes teses: N. I. J. Engelsei`, ressalta ciiie no verso 7 a ênfasi- ilc Paulo é p()sta so-
Glos5o[alía and OthiJr FOTms oÍ Ínspi.red Spegch Accoidi.ng bre a expressão "bem c(`miim."
) !o. J Cor J2I4 (TL`se (le l'h,D. não pul)licada, Yale '5 0ó` iiitérpretes de ``língii.is" iif`o t.si;-`o ii`i`l``lilos ``e-
Uiiiver.`iry, 1970)i Willi:`m F.. Richrdsoi`, Limgual
OT(`.JT t(ntl (_3[/i.ç(ilíiliti. / ( ,.(iTmtítiíit`s J4;26c-J3c! 4nc! Jt5 ParaLiamei`te nesta iistí`, mas Sí-`O I``t`nt.it>l`:`lio`` `.111
JmfJlíi`tt(H(wi.` (Tt`w i!i. Pli.D. i`-w i``il`li(-a`1[`, Anclrews 1Z:30_
Uni\Jersity, 1981)
"1 Co lz:10a, b, 28, 30; 13:1, 8; 14:2, 4` 5ii,1`, (), `),
2 Ver P. C. Miller, "ln Pi .`i``ii t t| N` n``i.mi`," i.i`` CLi5``it`al
13,14,18,19, 23, 26, 27, 39`

'7 I Co IZ:10, 28; 14:6,.9,13,19, 2ó, Z7, 3ç).


dMr::.,tiTgTã:;:"Àsã„t,,,;,,,;,e?,,,, l,,,i ,,,.^T,,,i. |A: ,,.,r,'`|,,,, (.:::tí`!,to`,:,.
" 1 (``,o 12:30: 13:8; 14:2, 4, 5í`. b, 2 }.
T;;,:`ã:,% âh¥t;`u:,ÍLí,t::::`,,``t:,`` ,,,,, ` ,:,l,`,:`ntL,,,, H::,ü r``,,,t„tt,3,,t:.t`;\
S`tí+cJy 30 (1979),15~3-6. - " Rol)ert H. Gi`i`dry, "Ecstatic Uttci.cince' (N.E.B.)."
3 Para iim esciido profund(> sobre {. tema, feito Por /ot.maí o/ flic'olo£i.`ci! S!wd}, N.S. 17 (1966), 299-307.
?1` C. M. R{)beck, jr., "Tongiies, Cift of," The
/n!t."citi.on4l Sc4ndciTd Bibli' Enc}clopcdtct, ed G. W.
: ã:::T:.:::;=;aã:;;,:e::ííís;:::ls:cilíi::;?::truf;cÍ¥:;'(*cR£s"s:j; Brt)mill.y (Gmi`il Ri`i)iil``, MI: Eerilnians, 1988), 4:872.
!` Ver E. A. N iih e C. R. Tnht>r. mc Thcor) 4nc[ PTtti-tíL-e
Tz",b,ro,ugh.,,H_,sto":a_Lé-c`is-ri-of-thé-ãti:.üeihàii.iàà
) or JdcoJogyJ (Grand Rapids, Ml: Baker.1990). o/ TTcit`s[cttion (L|.itleii: E. J. Brill, 1969); Gerhai.i] F.

-44-
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View, CA Pacific Press. 1980), 100~105. `Speaking in Torigues'," Spc4king in Tongue§: A Gttid€

Zt i Co |2:loa, b, 28, 30. to RgseaTch on Gbssoblia, ed. Watson E. Mills (Grand


Rapids, Ml: Eerdmans, 1986), 277.
2i i Co 13:1, 8.
+' Theodor Zahn, Die Aposcc!g€schi.chcc d€s Lttcas
Z'I Co 14:2, 4, 5a, b, ó, 9,13,14,18,19, 23, Z6, 27,
(Leipzig/Erlangen, 192Z), 104.
39. •2 Arndt, Gingrich e Danker, A GTeek,Engl{sh I-cricon,
a5| Co 12:30; 13:1; 14:Z, 4, 5a, b, 6,13,18, 23, 27,39. 162.

26 Entre aqiieles que interpTetam o teTmo gLâjs4 como +3 David L. Baker, "The lnterpretatíon of I
decLarações e§táticas ininteligíveis estão: C. Clcmens, Corinthians 12-14," Et/c!nge!!c4! Q"r"[) 46/4 (1974),
"The `Speaking in Tongues' of the Early Christians," 230, n. 23, realça que Paulo entendia o dom de lín'
Exposi.tor} Timcs JO (1898/99), 344-352; Lindsay guas provavelmente coTno "implicando em fala de li.n~
Dewar, "1he Problem of Pentecost," mcobgy 9 (1924), guas estrangeiras." Ele argumenta ccjntra a natureza
249-259; W. S. Thomson, "Tongues at Pentecost, Acts estática do falar em linguas: "Mas as regras que Paulo
ii," ExPository Ti.mes J8 (1926/27), 284-286; F. C. dá para o controle do dom em I Co 14..26,33, jiinto
Synge, "The Spirit in the Pauline Epistles," ChwTch com a experiência daqueles que o exerciam, indicam
QwaTceTl} R€uiew 119 (1934), 79-93; Ira J. Mar[in, que existe algo sob o controle do ir`divíduo, e que,
"Glossolalia in [he Apostolic Chu[ch," JBL 63 ( 1944),
portar`to, não deve ser descri[o como estático" (229~
123.130. 30).
27 Liddell e Scott, A Cheek-English l£xicon, 1, 353. So~ `4W. Bousset citado por Behm, "gL5ssa," 1:726, n. 20.

bre este ponto, ver F. Lübker, R€al!eiít.kon d€s kl4`ssischcn Reitzenstein também favorece esta derivação e associ-
Alcerm", 8. ed. (1914), 418s. ação, ver Arndt, Gingrich e Danker, Greek-English
LcxÍcon o/ th,g New Test4ment, 162. Ver também Stuart
2B Gundry, "Eecstatic Utterance'?", 299-307.
D. CurTie, "Speaking in Tongues'," Jncerptieca£i.o7i J9
29 Lc |:64; 16:24, Mc 7:33, 35; At 2:26; Rm 3:13; ( 1965), 278-79, reimpresso em Speciking in Tongttes: A
14:11; Tg 3:5f.; 1 Jo 3:18; I Co 14:9; 1 Pd 3:10; Ap Gwíde to ReseaTch on Glossoklia, ed. Watson E Mills (
16: 10. Grand Rapids, M[: Eerdmans, 1986), 91-92.
'°At 2:6,11; Fp 2:11; Ap 5:9; 10;11,.11:9; 13:7; 14:6; •5 Ver Currie, Speakír\g iTi Tongt#J, 93.

17jl5. " Como R. Thimhill, "The Testament of Job," em


" Gundry, "Ecstatic Utterance'?", 299.30Z 7Tie APoc7)ipJial OU Test4ment, ed. H. F. D. Aparks
(Oxford: Oxford University Press, 1984), 618; R. P.
" Ford, "Toward a Theology of `Speaking in
Spittler, "Testament of Job," The Old Testamcnt
Tongues'," 277. PscwdcpigT4Pha. Vol. 1: APocal)Ptíc Ltcrcitt4Te atid
'` H. W. Beyer, "Heteros," "cobgic4l Di.cti.oTL4T} o/ {h€ Testamcnts, ed. James H. Charlesworth (Garden City,
New Testamcnf, ed. G. Kírtel (Grand Rapids, Ml:
NY: Doubleday, 1983), 829.
Eerdmans, 1983), 2:703. 17 Tradução cle Thomton, 646. A interpretação de
}4 Delling, Worshíp in fhe New Tcst4ment, 32: "Clara- Spittler (ver nota anterior), "ela fàlou estaticamente
no dialeto angélico" (866), é incorreta.
mente gloss4js bkin é um termo técnico (usac!o sem o
artigo). `8 Estas traduções são de Spittler, 866~867.
'5Ver A. Blass, F. Debrunner e R. Funk, A Gi.cek 49 Currie, Speakt7`g in Tongttes, 94.
Gr4mmciT o/ th€ New Testcmcnt and Othcr Ecirl) Chrí5ti.cm
ç°Assim como Bruce, Í cmd 2 Cminchjcz", 125.
LiteTcitwTe (Chicago: University of chicago Press, 1961 ),
254 #480 (3), sobre Atc>s 2:4. " Robertson e Plummer, Firs[ Corínth!4nj, 314.
`6Engelsen, Glossohlia, 92,93,100,161,176,191. 52 A Tradução AV "ainda que €u fale" não é <ipoiada
37 L. Carlyle May, "A Survey of Glc>ssolalia anci Related pela cláusiila condicional grega, a não ser que seja
Phenomena in Nonchristian Religic>ns," Sf)cakmg i.n entendida no sentido `subjuntivo, "ainda que eu t-a,
Tongtte5.. A Gwi.de to R€5cczrch j.n Glasstilalici, ecl. Wats(in hsse.
E. Mills (Gmncl Rapids, Ml.. Ecrdmans` 1986), 54. " Cotizelmant`, Der €rsce k'orjnthet-, p. 262, n. 27, díz
May lida ci)m muitos fenômenos antigos, {>s quai`` vê
qiie "a língua não requer uma equaçãc. de fala de an-
como paralelos á glossolalia, mas é incapaz de apon-
jos e falar em línguas." E. Andrew§, "Tongues, Gift
tar uma única analogia direta. of," JDB (1962), 4:762, declara c.om respeito a esta
'8j. Goectmann, "Ia Pentecote premices la r\ouvelle .çuposta identidade: "Esta é uma especulação sem sen-
création," B]ble et uíe ChTéti€nn€ 27 (1959), 5969. tido.

39Ver Richardson na nota 1. 54 Fc>rd, "TowaTd a Theology of `Speaking in


Tongues'," 277.

-45-
55 Existe uma variante textual oriental interessante: 7' R. Reitzenstein, Poim4ndr€s (Leipzig, 1904; reimpr.
"mas o Espírito fala." Esta variante não é original mas
Darmstadt, 1966), 58.
reflete uma compreensão primitiva do texto original. '` Behm, "Gh5ss4," 1Two!ogíccil Diccio7tar} oÍ thc New
Ver K. Aland, M. Bhck, 8. Metzger e Allen Wikgre,
Test4mcn[, 1:722.
"e Greek New Testament (Stuttgart: Württembergische
Bibelgesellschaft, 1966), 608. 76 lbid.

5ó Na margem da NASB aparece "ou, pelo Espírito." 77 Wolff, DeT erst€ Brif des Pcmlt# an die Korm!hcT, 98-

57 Corretamente em Bruce, I and 2 Connthjans, 130; 99.


Banet, Th€ First Epistk co ch£ Cori7tthians, 315; F. D. 78 Conzelmann, Det ct5te Koi.in[her, 276.
N ichol, ed. , ScvcnthdDr Admtist Bibk Comrncncaü, VI,
79 De||ing, WoTship ín th€ Neu; Testcme7it, 32 (os itáli-
788: "Isto é, sob a influência do Espírito ,... "
cos são seus).
58 G. Bornkamm, "m"terion in the New Testament,"
8° H. Kleinknecht, "Pnewi`n4," 17`eobgica! Di'ctíonaTy o/
ThJmbg"4l Dtctjoi`ic£.ry of th€ New Testcmettt, ed. G. Kittel
[hc Ncw Tes[ciment, ed. G. Kittel (Grand Rapids, Ml;
(Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1967), 4:817i}24.
Eerdamans, 1968), 4:346; assim também em S.
59 G. W. Barker, "Mystery," "e Jnte"tío7ml St4ndaTd
Eitrem, "Orakel und Mysterien am Ausgang der
Bíbk Enc}cbpedía, ed. G. W. Bromiley (Grand Rapids, Antike," Albac Vigiliae 5 (1947), 42.
MI: Eerdmans, 1986), 4:453.
8] Kleinknecht, "Pnewma," 6:345.
60 Ibid.
R2 P|atão, Ti.~tü, 71e-72a.
6[ Wolff, Der eT5[e Brief de5 Pawlw an díe Kom[hei., 121.
8' Ibid. "Nenhum homem, quando em sua mente
62Assim c.omo R. E. Brown, "The Semitic BackgTound
hows|, obtém verdade profética e inspiração, mas quan,
of the New Testament Mysterion." Btblíca 39 ( 1958), do ele [o adivinho] recebe a palavra inspirada tanto
437. seu entendimento |Phron€s€os| é limitado pelc) sono
63 Bomkamrn, "Mysterion in the New Testament," 819- ou se muda para atitudes de cólera ou alguma posses-
são [€nthtüjasmon]. Mas ele que entenderia o que se
820.
lembra do que foi dito, tanto num sonho [07iar) ou
64A. Robertson e A. Plummer, A Cri[ical and E)ccg€[Íccil
quando acordado, pela divinação [mantilces] e nature-
Commentciry on the FÍ7sc Epistle co tjte Corinthians, 2a ed. za entusiástica |cntht«ias[ikcs], ou o que viu, deve pri-
(Edinburgh: T. & T. Clark, 1914), 306. meiro recobrar sua razão |logísmo], então será capaz
65William F. Arndt, F. Wilbur Gingrich e Frederick de explicar |scm4Incs} racionalmente o que tais pala,
vras e apariçõcs significam c que indicações elas en~
W. Danker, Greek-Englísh I£ricon o/ chc New Tescamcm
and Other Ecwly Christian LitetamTc by W. Bauer, 2a ed.
globam para este homem ou se do passado, pTeser`te
oii fiituro, bem ou mal. Mas enquanto continiia em
(Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1979), 530. frenesi [Ín4nentas]. não pode julgar as visões que vê ou
66 Robertson e Plummer, Fi+st Epísck to cÍw Córinthi47u, as pala`rras que pronuncia... E pcm esta razão é nor~
309. mal apontar adivinl`os ou intérpretes da inspiração
67 Amdt, Gingrich e Danker, A Greek-English Lexi.con,
verdadeira." A maioria do texto grego desta seção é
encontrada em Behm, "Glóssci," 1:722. A tradução
326. acima segue amplamente aquela de Jowett citada por
68 Wi||iam G. MacDoiiald, "Glossolalia in the New F. C. Cr`ybeare, "Tongiies, Gift of," Encyc[opciedíci
Testament," Specikmg in Tongwes.. A Gwide to Rcseczrch BTítcm7iicci,11a ed. (Nova lorque: 1911), XXVII. 9f.
on Glos5olcilio, ed. Wats()n E. Mills (Grancl Rapicls, 84 Ford, "Towarcl a Theology of `Speakjng in
MI: Eei-dmans,1986),139.
Tongiies`," 278.
" Arndt, Gingrich e Danker, A Grc€k-Engli`sh Lcxicon, " Assim como J . Mofft`tt, The Fj7.st Epis[!c o/. Pciwl to ihc
477,479. C{}rínth.icin5 (Londres,1938), 215.
7`i ibicl, 871
•"Waym A. G`riiilem, The Gfí oJ' Proph€t`y m J
7\ Roberts(m e Plimmer, [`irsi Co"nfhícini, 306. Corin¢hiatw (Wí`shitigJton, DC: University (if Amei-íca
Press,1982), [50-152.
72 Alfred Ralphs, ecl., S€Pmaginta (Stuttgart:
87 P|iitarco, Mor4llci, 432, 438, 758.
Württembergische Bibelanstalt, 1962), 1 : 15: "d€ü¢€ k4}
kcitabántes swgch€'om€n €keí awtôn tén gbssan, hi'na mé 88 C. M. Roberck, ]r„ "Tongues, Gift of," Jntcmcicio-
akoúsos[n hékastc)s tén Phonén toü Plesíon.
nctl StcmdaTd Bíbl€ ETic)clopeJíci, ed. G. W. Bromiley
73 0 termo grego phone é a expressão usada para "lín- (Grand Rapids, Ml; Eerdmans, 1988). 4:872.
gua" na introdução da experiência da Torre de Babel 89 Christopher Forbes, "Early Christian lr`spirecl
na sentença, "e toda terra tinha uma língua, e havia
Speech ancl Heleiiistic Popular Religion," Novt+m
uma liriguagem (Phoné) pa[a todos" (Gn 11:1,
Testcimcníwm 23/3 (1986), 260.
Sep[uaginta).

•46-
9o ibid., 262-263, io6 ovidio, Ttístía V. x. 37f.

91 lbid., 268,270; ver também Joseph Fortenrose, The 107 Este plural é usado aqui para pnewmatjkon de 14: 1.
Delphíc Chcick (Berkeley: University of Califom ia Press, 0 termo em 14: 12 "enfatiza um pouco mais a verda-
1978), Z04-212. de de que os dons para os quais os coríntios deveriam
9Z Dest`a forma ainda Johannes P. Louw, Eugene Nida, scr `zelosos' tinham sua origem no Espírito Santo,"
escreve L. Morris, Th€ Fi`Tsi Epjstk o/ Pat4l to the
et al., Chegk-Ehdísh I<ricon o/ th€ Ncw Testamcnt Bas€d
Corinthia7ü (Grand Rapids, Ml, 1963), 194.
on Semcmtic Dom4ín (Londres/Nova lorque: United
Bible Societies, 1988), 1:389-390.
1°8A oração grega condicional ("mais prcnúvel condi-

9' Ver também Hasel, Speflking in Tongt+es, capítulo 11. ção futura") toma claro que devemos sempre distingir
entre o fato e a declamçdo do fato. A oração condicic>
94 Conzelmann, DeT etstc KormtjteT, 276. nal trata somente da declaração. Ver Robertson,
Gr4mm4r o/ thc Gre€k NT, 1005.
9ç Grudem, Thc G/í o/ Proph€c) in J CoTinthíans, 138.
'°9 Corretíssimo está Robertson e Plummer, Fírsc
96ibid.,139.
Corinthians, 317.
97 Morris, 7lic FiT5t Epistb o/ Pciwl to the CoTin[hl4ns, ''° Com Lietzmann e Kummel, Korimh€T, 73, contra
192. J. Weiss.
98 Amdt e Gingrich, A Greek-English Lex!con, 326. '" Cf. H. Schlier, "Jdiotes, " "eobgicdl Dictíonar} of thc

99 Gerhard Delling, Worshíp in tJt€ Ncw Te5[amcnt New Tescamcnt, ed. G. Kittel (Grand Rapid§, MI:
Eerdmans, 1965), 3:217.
(Philadelphia, 1962), 33.
!!2 Desta forrna Lietzmann e Kummel, Schlier,
'°°Ovidio. Naso, Am.1. 6, 42: "dare verba in ventos."
Conzelmann, Barret entre outTos comentaristas.
Cf. A. Otto, SPTinchu/õrter der Rõi'ne'r (Leipzig, 1890),
''' Conzelmann, Da crste kiTintheT, 285, explica que,
364.
de acordo com 14:21, falar em linguas "era considera-
'°' Robertson e Plummer, Firs[ Cort.nthja", 310.102.
do esçnérico, como um processo na igreja e seus resul~
'°2 A palavra gTega aqui é f)ho7u que é traduzida por tados sobTe ela, mas daqui em diante [v§. 22s] é consi-
muitos tradutores como "língua" (RSV, NAB, NASB; derado com relação a missão.
Conzelmann, Barret, Bruce, H. Lietzmann e W. G. !`4 Robertson e Plummer, first Corinthíci", 317.
Kümmel, Korinthff Í, Jl [Tübingen, 1969|, 71). Con-
''5 W. G. Belshaw, "The Confusion of Tongues,"
tudo, o significado de "linguagem" é duvidoso ape-
nas nestc oiitro texto do NT onde é indicado, i. e., 11 Bíb!io€h£ca Sacra (abTil, 1963), 148s, restringe de for~
Pd 2: 1ó, por Amdt e G ingrich, A Gcek-English I+ericon, ma muito estrita para judeu; apenas.
879. 0 significado regular deste termo é "§om, tom, ''6 isto corresponde apenas de forma muito fraca tan~
barulho, voz." Ele é usado com estes significados de to em relação ao texto Hebreu como à IJXX. Para esta
forma consistente nas passagens freqüentes do NT.
passagem notoriamente difícil, ver Grudem, nc G/[
Na lxx lê€e cm Gn 11:7, no contexto de confusão of Prot)hiecy tr` I Corinthic.ns, \85-Z05.
de línguas, que Deus disse, "Vamos, desçamos, e con.
''7 Arndt, Gingrich e Danker, A Greek-Eng!ish liixícon,
fundamos a siias linguagens |g!ossan|, para que um
não entenda a fala Íphonc| o outrt). 314.

'°] A expressãti gTega kci! owden é incorreta tanto que ''8 Grudem, "c Gif[ o/ Prophecy in J CoTinthi4ns,190.

os comentari``tas siiger.i`m (iiie Paiilt. pretende que a "9 Com o Seventh-d¢y Aduentísc Bi.b[c Commcn[c]ry,
palavTa €[hn(j``, "ri`çf`," seja enti.ndiita (cf. Lietzmann e 6:791.
Kümmel, KOTjnilit'r, 71., C(`nzi.lmman, DCT €r5t€
`!1` Behm, "GL5ssci," 1:722.
KOTmhei., 274, i`. 8) omlt` r``çs:`lta iiiie genos, ``espéci~
es," não se eniiuiictr:`. E;li` t:.`ti'` i`itrret(> nisto, porque t2` Deve+;e evitar de hzer (i "sii`al" atu.`T n`ei-amente
"dizer qiie i`.id.i j` sem iinu v()z de algiima espécie
de f()rm negati\Ja c(`m iim "sinal de julgamento" (ver
sei.ia dificilinente wrili`ileirti," Roberts()n e Plummer, Robertson e Plummt.r, Lietzmann e Kümmel, Barret,
FÍTs[ Cori[hicms, 310. Baúi`ttt, The First EpistL? to the Bruce, ct ci[.). Conzelmaiin, Der eTstc Kc)tmcher, 285,
Corm[hicm`ç, 311), si`Luiii`do fambém Lietzmann, insistt> iiiic` Pi`iilo tim apenas uma idéía da cítaçã(),
Kümmel, Conzclim`m`.
paruciilaTmc.i`ti` iiiie liínguas são um "sinal" para iles-
'°4 Este tcrmo está em píiranomasia com o terrno Pho7`c. crentes.

Alguns interpTetam-no como indicando "minteligivel" 'Z2j. M. P. Sweet, "A Sign for Unbelievers: Paul`S
tomando com base o verso 11, mas esta idéia aparece Attitucle to Glossolalia," Speakíng Ín Tongt# A Gwide
apenas na sentença seguinte m RgseaTch on Gbssobli4, ed. Watson E Mills (Grande
" H. Windisch, "84Tbcitios," Theolog"ctl Dictionciry oJ- Rapids, Ml: Eerdmans, 1986), 14446, infere que Pau.
1() pode estar adotando uma fatia da primitiva polê~
thc New Tcstamcnt, ed. G. Kittel (Grand Rapids, MI:
mica cristã anti-jiidaica. Mas é muito difícil ter certe-
Eerdmans, 1964), 1:546-553.
za absoluta sobre isto.

-47-
]Z' A RSV dá a impressão na sua tradução de 14:5 'JS Esta é a expressão usada por Platão, Tt"]eus, 71e.
que duas pessoas diferer\tes são aludidas: aquele que iig ibid., 72a.
fala em línguas e aquele que interpreta. Mas o texto
grego indica que o sujeito de diei.menewc ("intérpre. L®|bid„ proseih.
te") não é um tis suprido mas "ele que fàla em lln-
'`' Pollux, Ono7rü5tícon, Vll, 124: "€xegetai. d' eka!ottnco
guas." Aqui a KJV, NEB, NAB, NASB, etc., estão cor`
retas ao traduzirem "aquele qiie fala em línguas, a hoi ta Pe7i ton al[on hí€Ton dfda§konccj." Pollux de
menos qiie ele (aquele que fala em línguas) interpre- Nauticratis do Egito era professor de retórica cm Ate-
te." Ver G. Henrici, Kristischcs Excgctischcs Handbt.ch nas em 178 a,D.
über d€n eTsten BrL€f cin dt€ KOTíntheT, 7' ed. (Gõttingcn), ]<2 Cf. Behm, "Gbs54," 1:722s.
396; Conzelmann, Dci. cTste Kori`nchcr, 277.
'') Grudem, "c Gf{ o/ Prophccy in J Corinthi4ns, 176.
t2+ H. Weder, "I)ie Gabe der hcmenci4 (1. Kor 12 ud
14)," em Witjwi.\gcn h€mtcncwtfschct 7Tieobgjc, eds. H.F.
`" Eurípedes, Bacch4e, Z98.300s. Eurlpedes viveu de
Geiser e W. Mostci.t (Kõln: 1983). 480406 a.C.
'25 A. Rahlfs, ed., Sepcticigjní4, 7L ed. (Stuttgatt: i45 ibid.,161.

Wümembergischc Bibclanstalt, 196Z), 1102. 14ó De|ling, WoTship in the Ncw TcstameTit, 39.
`26 Arndt, Gingrich e Danker, A Grgek-Engbsh l.e?cÍcon,
'47 Cf. Reit2enstein, Poinmndres, 219s.; H. Weinel, Dig
194. Polibic> (cs. 210-120 a.C.), o maior historiador
WiTkwTigcn dcs Gcistc3 and der Gcister (Gõttingen:
do helenismo, emprega o mesmo verbo com o signifi-
cado de "traduzir" (111. 22,3). Na fàmosa Carta de
Var`denhoeck & Ruprecht, 1899), 72s.; Lietzmann
and Kümmel, KorincAcr, 68s.
Aristéias da Septuaginta é dito que fora "traduzida"
do Hebraico, com o rnesmc> verbo usado (1inhas 13, ].8 Cf. K. Latte, "The Coming of the Pythia," H4"4Td
208, 310). "cobdcal Rcvicw 33 (1940), 9-18.
127 Ibid. '49Veja a dcscrição de Virgiho, Aenci.5, vi. 46, 98.
lzs Este é nçníamente o claro significado na Carta de 'í° E. R. Dodds, Tlu! Gr€eks and thc J"atfo'nal (Berkeley:
Aristéias (rl. 3,11, etc.). University of California Press, 1949), 70.
]29Amdt, Gingrich e Danker, A Greck-English Lexícon `51 G. Bomkamm, "Faith and Reason in Paul," Ecir!}
o/ chc Ncw T€scament with 4n English Tmanshtion (Lon- Christian Expetí€nce (Nova lorque: Haper & Row,
dres: S. Bagster and Sons, 1879), 57. 19Ó9), 38, e outms,
"° Veja, por cxemplo, [S. Bagster], "€ Sepct.agint 15Z Engelscn, Gbssoh!ifl, 189.
Version of the OW Testcimc7tt wíth an Englí§h T""bci.on
''' Ibid., ZO-2l, 60, 139-140, 204-205.
(Londres: Bagster and Sons, 1879), 57.
` 3` Temos também de considerar hemen+gwo, que é usa~ ''' Grudcm, ll`c Gít oÍ Pmphcc} íT` I Corinchíans, 155,
do todas as vezes na IJCX c rio NT com o significado 176i Tcrrance Callan, "Prophecy and Ecstacy in Greco~
de "traduzir" 0ó 42: 18; Ed 4:7; Ed 10:3; e em Jo 9:7; Rornan Rcligíon and in I Corinthians," Novwm
Hb 7:2; Arndt, Gingrich e Danker, A G7gek-Eng[ish Tcstarrünmm 27 (1985), 125-140.
LÁ:xtcon, 310) e o cognato me[hmeT`€wo o qual sempre 155 G. Borr`kamm, Gcs4mmelte Ait/satze (München,
significa "tTaduzir" na LXX e no NT (Prólogo de
1959), 2:134.
Sirach,1. 23; Mc 1;23; Mc 5:41; 15:Z3s; Jo 1:38, 42;
A[ 4..36; 13:18; Arndt, Gingrich e Danker, A Greek- '5ó Corretamcnre em Barrett, Fir.ç[ Epistlc to th€
Englísh Lexi.`on, 498). CoTmthians, 3ZZ.
" ljmí` referêi`cia ii feita a urna sátira ou dizer t-igura, 157 R. C. Deiiraii, "Minil" JJ)J3 (196Z), 3:}83.

tiv() (Sirach 47: 17) e t)um vez o significado é "expli~


15Ü Desta fom`a Bai-rt>t, [`mí F/J(.çÍ!c (() íhe Corin[hi4ns,
c``r" (Lc 24:27).
320; cf. Bruce, j cin{! 2 CtJrinthííim,131.
" ' Este poi`to rec-i.\`i. :`tei`ç`ão de ca(1n estiidi) feito por
'5°Wolff, Dcr eTste Brle/(!cs. Pc(wlkj` 4n tJic' Kormthci., 133.
eruilitos de váriz\`` i`ri`r`Ças ptirq`i{] é Je importante
signif`icância. `" F. Behm, :`Noüs," Th€o[ogwttí Í)!i`[i()ttíir) o/ (;ic New
" J. G. Davies. "Pt.i`ttictisr ajid C`ilt>`i`wlali.i," Jí>wmt[l Testament, ed. G. Kíttel (Graiicl Rapjil`ç, MI: Eerdimns,
o/ T7t€o!ogiccil ScwJies 3 (1952), 230. 1967) 4:959, n. 37,

'"Behm, "GIÓssci," 1:722. `6' G. Hardet, "Reason, Mind, Undersraiiding," Thg

``6 lbid.
New lr.tematiorizLI Dictiona:ry cif New TestaTr\ent TT\!2oLog) ,
ed. C. Brown (Grai`d Rapids, Ml: Zonc+eTvan, 1978)
" Esta é a hipótese de R. P. Spittler, "Interpretation 3: 129.
of Tongues, Gift of," Di.ctiotiary o/ Pgntecost41 4nd 'Ó2 Behm, "Noüs," 4:958: "Não existe conexão com o
Chúri.5m4ci.cMoticrncnrs,eds.StanleyM.BurgesseGary
uso filosófico ou m{stico religioso {de noüs}." Mais
8. MCGee (Grand Rapids, MI: Zondervari 1988), 469.

-48-
adiante declara: "Não há necessidade de imaginar que H. Horton T7i€ GJcs o/ th€ Spiri[ (Notingham: 1934),
Paulo esteja igualando tioris e Pneftma segundo a con~ 150; J. D. Davies, "Pentecost and Glossolalia," Jotm4l
duta do misticismo helenístico" (959). o/ Theobgic¢l Scwdies 3 (1952), 228,231; W. Tees, "1
16} Sobre estes extremos, ver Sweet, 240-245, 164. and 2 Corinthians," A Catholíc Commenta7y on Holy
Scripmre, ed. Dom 8. Orchard (Londres: Nelson,
" H. Chadwick, "All Thing to All Men," New 1953), 1095~1096; S. L Johnson. Jr. "The Gift of
Testament Stdíes 1 (1954/55), 268. TonguesandtheBookofActs,"BtbliotheaciScicTci(Oct.,
165 Pai.a o problema textual levantado nas variantes, 1963), 340; Charles W. Carter, "1 Corinthians and
Ephesians," Thg Wesley4n Biblc Commentar}, ed.
ver Conzelmann, DCT cTste Kor!nth,eT, 291, n. 62. 0
Charles W. Carter (Grand Rapids, MI: Eerdman§,
texto de P46 com en antes de gbssais é original.
1965), 5:214~222i S. Aalm, "Zungenreden," Bíbli5ch-
'ó60 número "cinco" é tipicamente um número re~ historisches Hm`du^õrceTbttch, eds. 8. Reicke e L. Rost
dondo. Ver Strack e Billerbeck, Komm€ntaT zt4m NT, (Gõttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1966), 3:2249-
3:461. 2250; R. H. Gundry, "Ecstatíc Utterance' (N.E.B.)?"
Jottma[ of ",eobgíc4l Smd) 17 (1966), 299-307; W.
167 0 texto grego de I Coríntios 14: 18 não relata que
Harold Mare, "1 Corinthians," The ExPos!£or'5
Paulo fala "em mais línguas," rnas que ele fala em Comn'ientaTy orthc Bíb!e, ed. Frank E. Gaebelein (Grand
línguas "mais do que todos ]untos" ou "mais do que Rapids, Ml: Zondervan, 1976), 10:271-281; J.
qualquer um." Esta última tradução é suficiente para MassyngbaeTde Ford, "Toward a Theology of
o argumento de Paulo. `Speaking in Tongues'," Theobgical Stttdics 32 (1971),

166Como i!ma mostra de eruditos do século XX, Per- 3.29, Teimpresso em Speflking in Tongi#: A Guid€ to
Rcs€ciTch o7i Gbssohli4, ed. Watson E. Mills (Grand
tencentes a diversas crenças religiosas e a várias esco-
Rapids, MI: Eerdmans, 1986), 263~294; Norman
las de pensamento teológico quc apoiam a posição de
Hillyer, "1 and 2 Corinthians," 7hc EgTdma" Bíb!e
que em I Coríntios 12-14 Paulo fala de línguas estran-
ComrnentaTy, ed. D. Guthrie e J. Motyer, 3a ed. (Grand
geiras quando se refere ao "falar em llnguas," pode~
Rapids, MI: Eerdmans, 1987), 1067, 1069-1070:
mos citar os seguintes: H. Bertrams, Dus Wescn d€s "ecstatic speech in language usually unknown." G. F.
Gejstes n4ch deT Anschawwttg d€5 APo5tles Paw!ws
Rendall, "Jch 7iede n.i,ehr ak ihr alk in Zwngen" (Stuttgart;
(Neutestamentliche Abhandlungen, lv/4 (Münster:
Sch-wengeler Verlag, s.d.); Wolfgang Bühne, Spiel mit
1913), 39; W. Reinhard, Dcs W'írkcn des Heiligen Gcis!es
dcm Fetier (Bielefeld: Christliche Literatu r-Verbreitung,
nach dcn Brí€fen dcs APos!lc5 Pawlws (Freiburger
1989); e outros.
Theologische Studien, 22; Freiburg, 1918). 120, 133;

-49-
Parousia lnsemestre 2000, Vol.1, No 1, 51-58
Copyright ® 2000 SALT.

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE:
BREVE ANÁLISE CRÍTICA
ALBERTo R. TIMM, PH.D.
Diretor do Centro de Pesquisas Ellen G llll.ite d® Brasu
Professor de Teologia Histórica no SÀI.T (Brasil - Sul)

Este artigo analisa criticamente os riam de possuir, e mesmo o saldo da conta


postulados básicos da Teologia da Prospe- bancária que mais lhes agrada. Tudo isso, e
ridade à luz das Escrituras. A primeira muito mais, eles receberão se tão somente
parte desta matéria consta de uma breve forem generosos, e então "provarem" a Deus
exposição sobre Malaquias 3s7-12, em no cumprimento de Suas promessas!
cujo texto são mencionadas as principais
0 bispo Edir Macedo, fiindador e líder
bênçãos prometidas ao§ que forem fiéis
da lgreja Universal do Reino de Deus, é
na devolução dos dízimos e das ofertas ao
outro destacado pregador contemporâneo
Senhor. Na segunda parte, é apresentada
da Teologia da P[osperidade. Em seu livro
uma breve análise crítica da Teologia da
Vidci com AbwrLdôncí4, Macedo argumenta
Pi.osperidade e de §uas implicações sobrê
alguns dos ensinos fundamentai§ das que
E§critura§. Dar o dízimo é car`didatarse a receber bêriçãos
sem medida, de acordo com o que diz a Bíblia, sob os
aspectos fi'sicos, espiritual e financeiro.
This article provides a critical analy§is, in
the light of the Scriptures, of the basic Quando pagamos o dízimo a Deits, Ele fica na
postulates of the 'Iheology of Prosperity. obrigação (por que prometeu) de cumprir a Sua Pala-
The first part of this article i§ a brief vra, repreendendo os espíritos devoradores que
exposition of Malachi 3:7.12, where are desgraçam a vida do homern, atuando nas doenças,
nos acidentes, nos vícios, na degradação social e em
mentioned the main blessings promised
todos os setores de atívídade humana, fazendo com
to those who are faithful in retuming
que o homem sofra eternamer`te.
their tithes and offerings to the Lord.
The second part presents a short critical Quando somos fiéis no dízimo, além cle no§ ver~
mos livres desses sofrímentos, passamos a gozar de
analysis of the Theology of Properity and
toda a pleni.tude da Terra, tendo Deus a nosso lado
its implications on some basic teachings
nos abençoando em todas as coisas.!
of the Scripmres.
Na obra 0 PodeT Sobr€nflct4Tcil clct FÉ'', o
mesmo autor acrescenta:
M:,::::lapdr:ggfa(::cel:sP:àl,::`::)sàt:,àití:1e|::~ É chro [amLiém qiie (>s q\ie são t-iéis n(>s clízimos
através de tentailoras promessas de prospe- têm o privilégio de podcrem exigir Je Deiis o ciinipri'
ridade material aos seus c+oadores. Basea~ ii`ei`tt) da Sm pr()mess.` em suas vidas iJ, obrié;yatt)rja-
clo nas pala\i-as iti` Mahciuías .3:10 ("Trazei mente, o Senhor tem dc cinnpTi-la..,
todos os clízimos.„ e provai-Me nisto...")' ,
I'essoalmente acho mais do qiie /ws[ci a coiitribiii-
um desses pregadores costuma assegurar aos
Ção, quer de dízimos ou de ofertas, porque qwcmco
seus telespectadores que, se forem realmen~ mciis nó5 d4mo5, Tmis Dei<s nos dcq/olt/e mw[tiphcado.'
te generosos €m suas dádivas, eles poderão
até escolher antecipadamence as "bênçãos" Se tais declarações estão corretas, então
a serem reivindicadas de Deus. Entre as vá- tornar~se rico é muito fácil! Basta dar o
rias opções estão o tipo específico de casa di'zimo e ofertas generosas para os cofres das
igrejas desses pregadores, e o suposto "re-
que desejam ter, a marca de carro que gosta-
/

) torno financeiro" será bem mais rendoso do povo (2:11). Haviam aqueles que se casa-
que os juros da caderneta de poupança ou vam com mulheres pagãs (2:11) e os que
\ de quaisquer outras aplicações no mercado eram infiéis "para com a mulher da sua
financeiro! Agora, se a tal "devolução mul~ mocidade" (2: 14, 15). Alusões são feitas tam-
' tiplicada" não acontece como prometida, a
bém à existência de feiticeiros e de pessoas
') dores
culpaque
é sempre atribuída aaos
não exerceram próprios
"fé" doa-
necessária que defiaudavam "o salário do jornaleiro",
que oprimiam "a viúva e o órfão" e que tor~
/ para obter essa "devolução"! ciam "o direito do estrangeiro" (}:3). 0
povo não guardava os "estatutos" divinos
) Milhares têm crido nesse tipo de inter~
(3:7), chegando até mesmo a roubar a Deus
pretação das bênçãos que Deus prometeu "nos dízimos e nas ofertas" (3:8).
i dar aos que Lhe são fiéis (ver Ml 3: 10). Mas
existem, por outro lado, também aqueles
) que, antes de acreditar em promessas hu- Maldições decorrentes da infidelidade
•, Fa?:=s: â:eÉe:::p:::=ei::: :sc::akdaas:::ç.ed: 0 afastamento de Deus e a infidelidade
generalizada nos dízimos e nas ofertas acar~
/ fato assim" (At 17:11). Estes últimos costu- retaram grandes maldições para o rx)vo. 0
mam justificar a sua atitude não apenas no
profeta Malaquia§
"Com maldição soisassevera em seu porque
amaldiçoados, livro:
) ensino apostólico de que "antes, importa
obedecer a Deus do que aos homens" (At a Mim Me roubais, vós, a nação toda" (3:9).
'' 5:29), mas também nas advertências de cris~
Entre as maldições estavam o "devorador"
to a respeito dos falsos pregadores que fa~
que consumia "o fiuto da terra" e a "vide
lam em nome de Cristo sem que seus ensi- no campo" que se tornara "estéril" (3: 11).
) .nos estejam em plena confomidade com a
Palavra de Deus (ver Mt 4:4; 7:20-23; ver As colheitas estavam sendo frustradas,
) também Gl 1:8, 9; Ap 22:18,19). não como resultante de distúrbios climáti-
cos acidentais ou de qualquer infertilidade
i O propósito do presente artigo é anali- natural do solo, mas em decorrência da atre
sar criticamente os postulados básicos da vida desobediência do povo aos mandamen~
) Teologia da Prosperidade à luz das Escritu- tos e estatutos divinos (ver Dt 11:16,
ras.4 0 conteúdo desta matéria está dividi~ 17; 28:15-68; I Rs 8:35). 0 povo era
! do em duas partes distintas. A primeira
indesculpável, pois, há quase mil anos, vi-
nham sendo ecoados o§ castigos que rece-
#:qcuoi::tâ,ç,e|:,meambrceuv,eo?to:içsã:S=t:e, beria por sua infidelidade ao concerto com
i cionadas as principais bênçãos prometidas Deus, registrados em Deuteronômio 11: 16
aos que forem fiéis na devolução dos dízimos el7:
) e das ofertas. Na segunda parte, é apresen~
tada uma breve análise crítica da Teologia Guardai-vos não suceda que o vosso coração se
engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos
da Prosperidade e de suas implicações so~
prostreis perante eles; que a ira do Senhor se acenda
) bre alguns dos ensinos fundamentais das Es~ contra vÓs outros, e feche Ele os céus, e não haja chu-
crituras. va, e a terra não dê a sua messe, e cedo sejais elimin-a-
) dos da boa terra que o Senhor vos dá.

\ MALDiçõES E BÊNÇÃOS Igualmente conhecidas eram as admoes~


EM MALAQuiAS 3:7-12 tações de Deuteronômio 28:15~68, onde
aparecem as seguintes palavras:
0 livro do profeta Malaquias foi escriti)
') aproximadamente no ano 425 a.C.,5 numa
Será, porém, que, se não deres c>uvidos à voz do
época caracterizada por um significativo Senhor, teu Deus. não cuidando em cumprir todc>s
) declínio espiritual entre os israelitas que ha- os Seiis mandamentos e os Seus estatutos que, hoje,
Viam retornado do exílio babilônico e entre te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti
) os seus descendentes. Nessa época "o san- e te alcançarãc): Maldito serás tu r`a cidade e maldito
serás no campo. [...| Os teus céus sobre a tua cabeça
se[ãc) de bronze; e a terra clebaixo de ti será de ferro.
=â:;opdei.Sesnat:rrá.::tsayi,àe2:g;cporàf:npaed|:
)
-52_
)
Pór chuva da tua terra, o Senhor te dará pó .e cinza; Se diligentemente obedecerdes a Meus manda-
dos céiis. descerá sobre ti. até que sejas destruído. [...| mentos que hoie vos ordeno, de amar o Senhor, vos-
hnçarás muita semente ao campo; porém colherás so Deus, e de 0 servir de todo o vosso coração e de
pouco, porque o gafanhoto a consumirá. Plantarás e toda a vossa alma, darei as chuvas da vossa terra a seu
cultivarás mujtas vinha§, porém do seu vinho não be- tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o
berás. nem coherás as uvas, porque o verme as dev(> vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite.
rará. Em todos os teus limites teTás oliveiras; porém
não te ungirás com azeite, poTque as tuas azeitonas
Bênçãos semelhantes são também pro~
caiTão. [...| Tódo o Úeu arvoredo e o fruto da cua teTra metidas em Deuteronômio 28:1-14, dentre
o gafanhoto os consumirá. [...| lbdas estas maldições as quais destacamos as seguintes:
virão sobre ti e te perseguirão, e te a.lcançarão, até
Se atentamer`te ouvires a voz do Senhor, teu Deus,
que sejas destruido, porqiianto não ouviste a voz do tendo cuidado de guardar todos os Seus mandamen-
Senhor, teu Deus, para giurdares oé mandamentos e
tos que hoje te ordeno. o Senhor, teu Deus, te exalta-
os estatutos que te ordenou.
rá sobre todas as nações da terra. Se ouvires a voz do
0 próprio conteúdo do livro de Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão toclas
Malaquias deixa claro que tais "maldições" estas bênçãos: Bendito serás tu na cidade e bendito
serás no campo. [...] 0 Senhor determinará que a
estavam sobrevindo aos israelitas daquela
bênção esteja nos teus celeiros e em tudo o que colo-
época, não apenas por roubarem a Deus
"nos dízimcB e nas ofertas" (v. 8) mas tam- cares a mão; e te abençoará na terra que te dá o Se-
nhor, teu Deus. 0 Senhor te constituiTá para si em
bém por haverem se desviado de outros "es~ povo santo, como te tem jurado, quando guardares
tatutos" divinos (v. 7; cf. 1:6~35). Dada à os mandamentos do Senhor, teu Deus, e andares nos
mamituí]e rln nrohlf.ma a mpra reritiiirãc` Seus caminho§. [...| 0 Senhor te abrirá o Seu bom
dos Ílízimns e-Í`ffmas nãn sf.ria s`ififíf.i`te tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tem-
Dara remediar o desfavor divino. Aos po e para abençoar toda obra das tuas mãos; empres~
escribas e fàriseus, que di£imavam fielmen- tarás a muitas gentes, porém tu não tomarás empres-
tado.
te a hortelã, o endro e o cominho, Cristo
deflçimi i niie rle`/ieriam nhsprvai-ramt`ém "ns Tanto o livro de Deut:eronômio como
p=çÊiLtos inais importantes da Lei: a justiça, de Malaquias deixam claro que as maldiçõe
a misericórdia e a fé" ( f 23:2.3. cf Tc e as bênçãos acima mencionadas eram r
11i42}J semelhança destes, também os sultantes da atitude negativa ou positiva d
contemporâneos de Malaquias necessitavam povo para com as expectativas do concert
uma reconsamcão comt)leta e incondicic> de "seTviT a neus". £d£. "gmrdar r`s Sf"à
nal da vida a Deus e acM5 seus estatutos. preceitos" ÍMl 3:]4). Mas as próprias cala~
midades naturais decorrentes da desobedi-
Bênçãos resulÊamtes da obedíência ência tinham o propósito redentivo de le-
var o povo de volta a Deus (ver Am 4:6-11;
Mas se os israelitas do tempo de comparar com Jr 18:7, 8; Ap 3:19).
Malaquias abandonassem os seus maus ca~
minhos, voltandoóe incondicionalmente .EmbQra Deus prometesse ahençoar, in,
para Deus, sendo fiéis também nos.dizimos clusive materialmente aos aue Lhe fossem
e nas ofertas, o Senhor abri[ia "as janelas fiéis .(Ml ?:.10~12), a evidência do Íami di¥i=
do céu" e derramaria sobre eles "bênção sem no nãg„.ppde ser rçsq±±a.a esãaLesfeEaucrisa
nt.Í`snerií]aí]e matÊrial paiece sem_ai.S f-Qí
#eadip¥."J3±:)ieE;nuy:'fFs:£aop:r:p¥==£ inuri entrç ç>sjmpiç>§. do que. enffe.,QSJ±±s-
ria "o devorador" para que não mais consu-
.. tos.. Qs israélitas da época de Malaquias
misse "o fruto da terra", bem como a certe-
reconheceram esse fato ao declarar: "Ora,
za de que à "vide no campo" não mais seria
"estéril" (3: 11). Conseqüentemente, a terra pois, nós reputamos por felizes os soberbos;
dos israelitas seria "uma terra deleitosa" e também cxs que cometem impiedade pros-
"todas as nações" os chamariam de "felizes"
peram, sim, eles tentam ao Senhor e escar
(3: 12). pam" (M13:15). E o Salmo 73 trata especi-
ficamente dessa mesma realidade:
.omTÉ:smTâní%b=Têe::ü=:;h£=.een:eo=e= Quanto a mim, porém, quase me [esvalararn os
cionadas em Deuteronômio 11:13 e 14: pés; pouco faltou para que se desviassem os meus

_53-
passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a pros`~ mos que "Deus amou ao miindo" Uo 3:16)
peridade dos pcrversos. Para eles não há preociipa~ ao ponto de dar o Seu próprio Filho para
Ç`ões, o seu corpo é saclio e nédio. 1...} Eis que são morrer por nós quando ainda éramos "pe,
estes os ímpios; e, sempre tranqüilos, aumentam suas
cddores" e "inimigos" Seus (Rm 5:8, 10). A
riqiiezas. Com efeito, ini`tilmente conseTvei puro o
coração e lavei as mãos ria inocência. Pois de contí-
mesma imparcialidade é manifesta também
nuo sou afligido e cada manhã, castigaclo. na forma como Deus preserva ainda hoje as
condições necessárias para a vida neste pla,
A realidade aparentemente antitética da neta (ver Gn 8:22), a despeito das con-
prosperidade dos perversos e da aflição dos sq[üências degradantes do pecado (ver Gn
justos só foi esclarecida para o salmista quan~ 3). Cristo mesmo disse que Deus "faz nas-
do ele entrou "no santuário de Deus" e en~ cer o Seu sol sobre maus e bons e vir chuvas
tendeu qual seria "o fim" dos ímpios (S1 s<)bre jus[os e injustos" (Mt 5:45).
73:17). 01ivrc> de Ma[aquias, por sua vez,
esclarece que essa realidade sÓ seria comple- Devemos reconhecer [amlrim que, den-
tamente revertida por ocasião do "grande e tro da grande molclura do trato imparcial
terrível Dia do Senhor" (4:5), quando os de Deus com os seres humanos, Ele precisa,
muitas vezes, punir os ímpios e castigar os
justos seriam preservados como "particu|ar
[esouro" para o Senhor (3:17,18; 4:2, 3) e professos crístãos por pem`itirem que o pe-
os soberbos e os perversos seriam completa- cado os afaste dEle (Is 59:2). Mas mesmo
mente abrasados, sem lhes ser deixado "nem esse processo punitivo está impregnado pelo
raiz nem ramo" (4:1). amor redentivo que busca conduzir o peca-
clor de volta a uma vida de plena comunhão
Mas_: a desr>eití` dos eminamet`tt)s__b_ib_li- com Deus e obediência à Sua vontade. A
r_Í" anrer.iórmpnt.p apresentados. ex_i_S_t_e_m. despeito de ser um "fogo cc>nsumidor" para
aci.iieles 'qiie ainda assim continuam+E}_Sis~ o pecado (Hb 12:29), Deus continua aman-
rinflí` n^llfl npll§ Í]fl7f. rfl{"Tlpensar "obriga~ do os pecadores ao ponto de não querer
toriamente" com prosperidade material e "que nenhum pereça, senão que todos che-
fir`Ç`T`rpira a mílc`.s âri^Heles fl.iie fnrem fiéis
guem ao arrependimento" (11 I'd 3:9). 0
nQ pagamento dos seus dízimos e ofertas.6 mesmo Cristo que sempre amou os Seus
Diante disso, passaremos a considerar criti- inimigos e que ofereceu o Seu perclão até
camente a Teologia da Prosperidade à luz aos que 0 haviam crucificado (Lc 23:34),
de alguns dos ensinamentos básicos da Pa~ ainda continua concedendo o dom da vida
1avra de Deus. e muitas outras dádivas para milhões e mi~
1hões de pessoas que não 0 amam e que até
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E SUAS zombam do Seu nome.
IMPLICAÇõES Desconhecendo o caráter de Deus reve~
Existem sérias teiisões entre a Teologi£` ladQnas Escritura§Lu±+iitos !)reç;adores da
ih Pi-ospc>rjtlz`ilc`, como i.minada por mui- T=QIQgiadaJ2i£2sp£2ridíi£1±=|±ã±i=ie co ns t ra±|~
to`` pre`Ltíicloi.i``i popi[lm-i]`s i`ontemporâneo``, tz±=nl2±±±al2±£=sÍ=IIEal=ú!i|2s:±s:±±±Í±:i||±±|±l±=±ls
i` til,t`Ju"\s tlcT`i ilciutrim`` t`und€\meiitcii`` dfis i:aii£:i!±urizadc±|2sls2i±£=]=£±±ià!±±±|±=j2±±±:|m±±'
Esi-ritu ras. Ajii|íààs_€!rçLi}£t±Lͱ±!=g±ui±Ínc+| financ`eiras i`om
cl``L`Ci`J=íftl`Jl_(J`5__iLllí±i±ii=±:S.{Lli`t2k2gíuüs±±2±:S:!='~`ls L_liu-_e_.`_. deus mais
c` tàsm_aii3£j].±±±à} l`Íl`_lj£`.t !,s . i.i`ciii-sos fí
a£ls2±:a±!±2±:±=±i` do ci_ue enii=onl!ii :i~lo`:id±u:ujuT

A Teologia da Prosperidade Distorce o Éçla de t>[ena _e inconcliriQri_Çont-ormida,


c!e_c_Q_pi "toda a t)alavra ci ue _p_roceLdʱa
Caráíer de Deus.
d_e Deus" (Mt4±4L Um deus capaz até de
As E`scrituras revetam a Deus como Al~ aceitar propostas agiotas como as do tipo:
"NÓs lhe emprestaremos tanto, na c()ndição
guém imparcial em Seii trato com os seres
humanos, que é miserii`ordioso e justo in- de que você nos devolva essa quantia `mul~
clusive para com aqueles iiiie não 0 amam. tiplicada'!..." I'c>r mais tentadoras que pt>s~
Ciu+i re`spe" ac> [)lcimt lle s<`1v{|ção, sabe- sam parc'|`cr, ttiis li{irLÍ{iiih<is rc`prcsent;`ni

-54-
uma clara distc"ção populista do caráter reclinar a cabeça" (Mt 8:20; lu= 9:58)? Por
santo e imaculado de Deus c(>mo reve[ado que Deus permitiu que o apóstolo Pedro
nas Escrituras. chegasse ao ponto de ter de confessar que
não possuia mais "nem prata nem ouro" (At
A Teologia da Prosperidade Apresenta 3:6)? Por que o consagrado e dedicado após~
tolo Paulo foi deixado a passar por tama~
uma lmagem Utópica da Existência
nhas "privações" que outros tinham que
Humar.a no Contexto do Grande suprir, por vezes, o que lhe "faltava" (11 Co
Conf líto Cósmico. 11:9)? Será que o deus da Teologia da Pros-
A história humana é um longo processo peridade é mais generoso do que o Deus da
clrtimático, qi]e iniciou com os seres huma~ igreja apostólica (cf. Tg 1:17)?
nos se afastando de Deus e que terminará Alguns pregadores da Teologia da Pros~
com o escatológico reencoiitro cleles com peridade ensinam que a cloença e a pobreza
Deus. Cada passo desse pi-occsso tem sido são causadas por demônios que podem ser
caracterizado por um ininterruptc] conflito expulsos definitivamente da vida, de forma
entre as forças do bem e os poderes do mal.
Paulo referiu~se a esse conflito ao afirmar s:oes3ecr:às:àoepmaã::r:ai.ozÊrc!:t:'à::sàaág:ne-
que a "nossa liita não é contra o sangue e a Ça e a miséria nunca foram parte do plano
carne e sim contra os principados e de Deus para a raça humana. Mas essa es~
potestades, contra os dominadores deste pécie de "exorcismo" da doença e da pobre-
mundo tenebroso, contra as forças espiritu~ za, aclvogada pelos pregadores da prosperi-
ais do mai, nas regiões celestes" (Ef 6:12). E dade, sugere inegavelmente uma espécie de
Cristo declarou que os agentes do mal bus~ evangelho sem cruz (cf. Mt 10:38; 16:24; Mc
cam "enganar, se possível, os próprios elei- 8:34; Lc 9:23; 14:27). Se as coisas são real-
tos" (Mt 24:24). mente tão fáceis assim, por que o próprio
apóstolo Paulo não conseguiu que o seu
Satanás, qualificado nas Escrituras como "espinho na carne" fosse removido (11 Co
"pai da mentira" Oo 8:44) e "acusador de
nossos irmãos" (Ap 12: 10), não mede esfor~
ços para denegrir o caráter de Deus e para
dificultar a vida dos filhos de Deus. JÓ, a ::t;T;;lk,aosepcàadr:.:smd::lrft=::sqJ:em::SC.Ç,::
despeito de ser um homem íntegro e temen- sarão para o cristão enquanto ele estiver
te a Deus, sofreu privações e padeceu injus~
tamente, não porque houvesse pecado, mas E:sà:|ETg,d|opddeg,esc,ag):eÉiep::`tvaanç,õo:su(Le:
para que o nome de Deus fosse glorificado grande utopia afirmar: "Aceite a Cristo, e
(ver Jó 2). Em relação com o "homem cego todos os seus problemas vão acabar!" Cris~
de nascença", Cristo esclareceu que "nem to mesmo declarou que os Seus seguidores
ele pecou, nem seus pais; mas foi para que passariam por muitas dificuldades (ver Mt
se manifestem nele as obras de Deiis" 0(> 10:34-39). E o apóstolo Pa.ulo também ad-
9:2, 3). E o prc')pri{) Cristo m``ceu em uma \Tertiu que "todos quantos querem Viver pi'
hiimilde mmjedoiirci (Lc 2:7) e \-[\-eu uim ``clo`samente em Cristo Jesus serão persegui~
\'iila humiklcà, cle soh.imt'iito c> ile pi-i\'iição ilo`" (11 Tm 3:12). A realidade, como disse
clos benLs materit`i`` (\'i`r Mt 8:2il; Li` 9:58). alguém, é ciue "Cristo não prc>meteu remo-
\i`r roclas as tempestades ch nossa vid:i, i`
A ilespc`ito ilisso, os adi.[itos th Teolo`t`"
``i m. |`star i`onosco em meio às tempestades"
ch Prosremiliiile i`ontinuam prc`\L:cmilo |[ul`
(i`Í. Mt 8:2 }~27; Mc 4:35-41 ; Lc 8:22~25).
a(iueles ciui> possiiem genuiím` t-é c` ii`ie en~
tregam as suas posses sem reser\Jiis aos cc>,
fres ila igreja receberão um retorno materi- A Teologia da Prosperidade Distorce a
al e financeiro multiplicado. Se esse é real- Própria Essência dos Ensinos de Cristo.
mente o caso, por que então Deus não con-
cedeu uma dessas grandes "bênçãos finan- A essência do verdadeiro cristianismo é
ceiras" também ao Seu próprío Filho, mas a conversão que resulta da negação do pró~
acabou deíxanclo~O mesmo sem ter "omle prio eu e da entrega completa da vida a Cris~
t(> (Mt 16:24; Mc. 8:34; Lc 9:23). Nessa ex~

','
_55-
)

Quando, pois, deres esmola, não toques tr(.mbe-


) gg::::?„CcLo: (:esntpr:icL:add°orseesi :íanttue::Lo|):::: ta diante de ti, como fazcm os hipócritas, r`as siiiagt+
transformados em cristãos cilceTocéncTícos gas e nas riias, para serem glorificados pelos h()meiis.
Em verdade vos digo que eles já receberam a rec()m-
(centralizados em Deus e no próximo). Em
pensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua
/ Fi[ipenses 3:4~9, Paulo fala da transforma- mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a
Ção ocorrida em sua própria vida; tua esmola fique em secreto; e teu I'ai, que vê em se-
Bem que eu poderia confiar também na carr`e. creto, te recompensaTá.

) Se qualquer outrt) pensa que pode confiar na carne,


eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linha~
A Teologia da Prosperidade ALplica à
ã:Tredu:, l;|r,:enl:odaa |::',bf:r|:eeupâ:;an:`olT`; !le::'repuer:ee-
lgreja do Novo Testamento Muitas das
Promessas de Prosperidade Teocrática
) guidor da lgreja; quanto à justiça. que há na lei,
irrepreensível. Mas o qiie, para mim, era lucro, isto do Antigo Testamento.
) considerei perc+a por causa de Cristo. Sim, deveras
considero tiiili) com() pei-da, poi c{iusa da sublLmida~
Para entendermos melhor o assunto da
) de do conheciment() de Cristo Jesus, meu Senhor; prc)speridade material nas Escrituras, deve~
por amor do qual perdi todas as cousas e as considerc)
mos fazer uma clara distinção entre a natu~
) como refugo, para conseguir crist() e serachado riEle, reza missionária ccnm'Petci da Teocracia-Mo~
não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a narquia do Antigo Testamento e o propósi-
) que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede to missionário cenm.fitgo da lgreja do Novo
de Deus, baseada na fé. Testamento.7 No período do Antigo Testa-
mento, Deus escolhera a Abraão e aos seus
Os pregadores da Teologia da Prosperi-
descendentes para fazer deles uma nação
) dade pretendem levar seus ouvintes a uma próspera e exemplar, que atraisse
vida altruísta por meio de verdadeiros sacri' centripetamente os demais povos e nações
) ficios financeiros. Mas essa intencão altru- à adoração ao verdadeiro Deus (ver Gn 12: 1-
ísta é completamente neutralizada pelas 3; 15:13,14; 22:16~18). Israel chegou perto
constantes promessas de prosperidade ma~ de atingir esse ideal durante os reinados
prósperos de Davi e Salomão (ver I Rs 4 e
àe:iàlof::tsaus|tEâr. eds::ssa mmeostTv:;ã:r:gaoçso,::: : 10), mas acabou se afastando desse mesmo
) os fiéis acabam dando dízimos e ofertas ge- ideal com a.s crescentes manifestações de
nerosos porque crêem que quanto mais de~ apostasia e idolatria que culminaram na
j rem, maior será o retorno financeiro "mul~ queda do Reino do Norte (11 Rs 17) e no
exílio do Reino do Sul (11 Rs 25i 11 Cr 36: 17~
) tiplicado" que acabarào recebendo! 21; Jr 39 e 52).
Além dessa motivação egoística, é impor-
tante ressaltarmos também que o ego dos Já sob o Novo Testamento, encontramos
doadores acaba sendo exaltado ainda mais a lgreja de Crist.o com a missão centrífuga
de sair para pregar o evangelho do reino a
por meio de testemunhos públicos a respei~
todo o mundo (ver Mt 24:}4; 28:18~20; Mr
) to clos donativ()s efetuaclos e da conseqüen~
16:15,16; Lc 24:4549; At 1:8). Essa é uma
te prospericlacle recebicla. (Não podemos
) nos olviclar cle iiiie muitos llos te`iremunhos
missão deveras desafiaclora` pois () "camro
é o mimclo" (Mt 13:38) e ``c`s trcihalhailc`,
res" c()ntinuam scndo proporciomlmcntc
:{:`úLà[eg;ac`cící::` [,t:,*,`:=[ct: :t:`[::`eí:`::;í,o#::[ç[::.:``: :tee~
poucos (Mt 9:_37; Lc lü:2). Em t-i`ce dess..`
) tudo isso poJi` i```t'm-í` mclhor ilLi`` iiitenç(-tc`.s, rei`lidacie, ilcvemo` C|)nsiiler.L`r i`itmo perti+
iiiíis un`a. coisii i'` t`ei-ta: e``sa prátii`a está i-m
nentes, ainila h+)ji`` as i`lá`i`çic`aL` pcila\TfiL` iie
) iliretc` oi)osii`i-\o w "empl`` i[c` Cri`to e iio`` (_`risti) riagisti-ciila,` i`m Matc`u`` (`: 1 `)+] [ :
Seus ensinos! No relato cla oferta da viúv`L`
\ pobre (ver Mc 12:41~44; Lc Zl:1~4) e na pa- Não aciim`ileís para vÓs oiitros tesoiiros sobre a
tcrra, onde a (raça e a ferrugem corriicm c` t)i`ile la,
rábola do fariseu e clcj publicano (ver Lc 18:9-
/ 14) Cristo reprovou claramente esse tipo de di.ões e§cavam e roubam; nias aji\ntai para vi.>`s t.utros
tesouros iio céu, onde traça nem ferrugem corr('>i, e
) "testemunhos" exíbicionistas. 0 iiiesmo c)i`de hclrões não esc:i\.am, nem rouhim; p(`rciue,
princípio da doação discreta é também {)i`iie |`stá o tcii tesourt), aí estará taml.éni t> teu ct)r.i.
\ enaltecido por Cristo em Mateus 6:2~4: cz_\().

)
-56_
)
E certo que os pregadores da prosperi~ Lamentavelmente, a religião ensinada
dade buscam, por um lado, fazer com que por muitos dos pregadores da prosperidade
as pessoas se desfaçam dos seus bens mate- não passa de uma religião de mcirketjng
riais, em favor da lgreja. Mas, por outro populista para conseguir aumentar, a qual-
lado, eles prometem aos fiéis grande pros- quer custo, o número de adeptos e os recur-
peridade material e financeira nesta vida, o sos financeiros de suas respectivas denomi-
que conspira diretamente com as palavras nações. 0 falar em línguas estranhas é en~
de Cristo, acima mencionadas. Tais promes- carado, por grande número deles, como
sas parecem mais condizentes com a antiga muito mais importante do que conter a pró-
realidade teocrático-monárquica do Antigo pria língua (ver Tg 3:1-12; I Co 14:18,19);
Testament(), clo que com a natureza as curas por meio de milagres sobrenaturais,
missiológico~alterocêntrica da lgreja do como muito mais relevantes do que viver
Novo Testamento. preventivamente em conformidade com os
princípios biblicos de saúde (ver I Co 3:]6,
A Teologia da Prosperidade Desvirtua o 17; 6: 19, 20); e a pregação da prosperidade
Amplo Espectro da Obediência Cristã. temporal, como bem mais importante do
que conduzir os pecadores à "herança dos
Tanto no livro de Malaquias quanto no santos na luz" (Cl 1:12). Esses pregadores
do Deuteronômio (caps. 11 e 28), a se entusiasmam bem mais em serem capa~
condicionalidade para o recebimento das zes de ordenar como Pedro: "levanta-te e
bênçãos divinas está relacionada não ape~ anda" (At 3:6, ARC), e bem menos em ad-
nas com a fidelidade nos dízimos e ofertas vertir como Cristo: "vai e não peques mais"
(Ml 3: 10-12), mas também com a dedicação Oo 8:11; cf. 5:14).
da vida a Deus, em plena obediência à Sua
vontade. Cristo referiu-Se à essa mesma re~
RESUM0 E CONCLUSÕES
alidade em Mateus 5:21-23, quando disse:
Tanto o livro de Malaquias como o de
Nem tod() o que Me diz: Senhor, Senhor! eiitrará
Deuteronômio deixam claro que inúmeras
no reino dos céiis, mas aqiiele qiie faz a vontade de
Meu Pai, que estÁ nos céus. Muitos, naquele dia, hão
bênçãos ou maldições resultariam da atitu-
cle ctizer,me: Senht)r, Senh()r! Porventura, não temos de positiva ou negativa do povo para com
nós pi-ofetizado em Teu nome, e em Teii nome não as expectativas do concerto de "servir a
expiilsamc)s demôni()s, e em Teu nome não fizemos Deus" e de "guardar os Seus preceitos" (Ml
muitos milagTes? Então, lhes direi explicitamente: 3: 14). Embora Deus prometesse abençoar,
nunca vos coiiheci. Apartai~vos de mim, os que inclusive materialmente, aos que Lhe fos~
praticais a inicil.iiclade. sem fiéis (M13:10-12), a evidência do favor
Emb()ra Cristo enfatize reiteradas vezes, divino não pode ser restrita a essa esfera,
ao longo d(is Seus ensinos, que é muito mais pois a prosperidade material parece ser mais
importtinti` `t'r ilo ciue teT, os pregadores da comum entre os ímpios do que eiitre os jus~
tos (`'ei-Ml 3:15; Sl 73:2-17).
TeoloLJi;` tl:` Pi-osperidade colocamt de zicor,
do com ( :.uo Fábio, mais ênfase no tt'T do A Tcvlogia cla I'rosperiilacle, eiisinada
tiui` nt` `i'i.` A mt`ior pre()cupação de[e``, hoji' i`oi. muitos pregadores popuhres, (1)
mio i'` L`:`hi`r st. os crentes estão m{intendo ilistori`iJ o i`at-átei-de Deus, (2) apresenta uma
lii`iii:i` ``s mâo`` e puro o coi-ação (\'ei-Sl 24: 3- iimi`Lrem \ifópica da existêncizi humaiia no
5), iiclm `i. ii\`tão vivendo em cont-oi-miil:`ilc`
(`ontcxto ilo Gi-iinde Conflito Cósmici`, (3)
i`om "rt`ih [`t`h\Tti que procede ilti l`o``,` ili`
itistori`ii í` própria essência ilos ensinos ili`
ni`ii`" (Mt 4:4) e nem mesmo `11 i```tc`to [`i`r,
Cristo, (4) i,\plic.i à lgreja clo No\ro TestíimenJ
mitimlo liue o veriiadeiro Espírito Smm ```
to muim`` iitis promessas de prospericlade
giiie "a toda a verdade" Oo 16:13: ct..1 Jo teocrática do Antigo Testamento e (5Ldes~
4: 1 ; At 5:32); mas sim, se estes consegiiii-am
virtua o amplo espectro da obecliência cris-
falar em línguas estranhas, se em sua \'icla
tã.
oi`orreu algum milagre sobrenatural e se ele`s
estão multiplicando as suas posses materi- Uim vez que "o amor do dinheiro é raiz
ais. de tocl(u cts males" (1 Tm 6: 10) e que os cris-

_57_
tãos são aconselhados pelo próprio Cristo a
REFERÊNCIAS:
não acumularem para si "tesouros sobre a
terra" (Mt 6:19), crernos que os postulados 1. Todas as referênci.?.i l)íblic.is sem a indicação cie
da Teología da Prosperidade distorcem os iima tradiição especifica ft}mm ex[raidas da Versãti
Revista e Atimlizaila no Br<isil (2a ediç`ão), ile j(]ào
ensinos do Novo Testamento sobre o relaci-
Ferreira de Almeid.`.
onamento do cristão com os bens materi-
ais. Se a dedicação da vida a Deus sempre 2. Bísp(7 Maced(), Vídci i.om AbwnJónLiü,12.` eil. (Rio
de J.aneiro: Edítor.i Gmfica Universal,1996), 79, giifos
resulta na bênção da "prosperidade finan-
acresceiitados.
ceira", por que então nem Cristo e nem os
apóstolos foram agraciaclos com essa bên- 3. Idem, 0 I'ocl€T SobrL'ncicitml dci Fé, 3`` eil. (Rici ile
Jaiieirt): Edit(ii-{\ Gráfica Uni\Jer``:`l, 1997), 145-146,
ção? Será que nenhiim deles cumpriu as 147 , grif{`s acrescent.iil()S.
ci>ndições necessárias para que isso ocorres-
sc`.l 4. [miio`.[ante`` anáH`ies |`ritica` ila Teologi<i ih Pi-os-
[`eriih`le poileni ser tln`-ontmtlí`> rmi`1i`'`m |`i``. T.`cito
ila Ciama Leite Filho` SL>itci5 Ni'opt'ntc'i`os(cir.t`, 3.` ed.,
Os pregadores da prosperidade procu, Seitas do Nosso Tempo, vol. 3 (Rio cle Janeir(i: J UERP,
ram levar os i-rentes a se tornarem cada vez 1994), 77,107; Paulo Romeii-o, SitpéTCTtJnii>s. 0 E`ifln,
mais altruístas em seus clonativos em favor gelho Scgtmdo Kenneth Hflgín, V4hii`e Mjlhom€n5 c os
Pi.of€m5 clfl P7ospcndc]dc, 7a ed. (São Paiil(`; Mimdo Cris~
da lgreja. Mas a motivação empregada para
tão, 1998); idem, Eucmgc'ljco5 em Críse: Dcccidénci4 Dow-
atingiT esse fim cicaba reforçando ainda mais
!rindr{d " /ÓqTejci Br4tsil€irci (São Paiil(i: Munc]t) Cris-
o instinto egoísta dos crentes. As pessoas tão, 1995), 35~49; Caio Fábio, A CrisiJ ttt> SeT € di. Ter,
acabam dando grandes clonativos, não por ed. rev. e ampl. ([Rio de Jameir(`|: Vinde. 1995);
um amor desinteressadcipela causa do evan- Richard J. F(`ster, DinheiTo, Sexo êí Pód€T.. 0 Dcs4Jio d4
Disciplinci Cristd, 2a ed., trad. Wt`nda de Assumpç{ãu
gelho, mas porque crêem que com tais
(São Paulo: Miiiidtj Cristão, 1997), 15-80, passim;
donativos consegii irão iim retorno financei~
Alan 8. Pieratt, 0 Euflnge!ho (lci Prosperidcic!€, 2ü i`d.
ro altamente lucrativo ("multiplicado"). (São Paiilo: Vitla Nov.i, 1996).
Esse tjpo de incentivo egocêntrico à prospe-
5. Franc.is D. Nichol, ed., Thc Set.gn[Wciy At[t€ntís[ Bib!c
ridade, pregado e.m nome de Deus (cf. Mt
CommcntciT}, ed. rev. (Washiiigtoi`, DC: Review ancl
7:21-23), nega a própria essência dos ensi- lieTalcl,1976), vol. 4,1121.
nos de Cris[o (ver Mt 16:24; Mc 8:34; 1£
6. Ver, por exemplo, M{`cecl(), V!c[ÚL i`om Abwnc!cinLici,
9:23).
p. 79; idem, 0 Pocler SobTemt.iTcil da Fc', 145-147.

7. Para iim estiido mais detidt. dessa clistii`çã{), ver,


por exemplo, J()hanncs Blauw, A Ncitttreza Missionár!4
da Jgrejci: E^.c{m€ dci Tlmíogi.o B]'blica dci Mi5sdo, trad.
Jovelino Pereira Ramos (Sr`o Paiilo: ASTE, 1966).

8. Ver Caio Fál)i(), A Cri```c ctc Scr e d€ Tt'r.

-58-
Parousi{i lL'StL.ml`stri` 2000, Vol.1, No 1, 59-72
Copyright Ü 2000 SALT.

CARISMAS NO SÉCULO XXI?


ANÁLISE DE TRÊS TEORiAS SOBRE A
ExisTÊNciA DE DONS MiRACULOSOS
NA ATUALIDADEi
Mí\RC.os Dii`, Bii`,\'i,Dic-.To
Redaior da Casa Publicadoi.a Bi.asileira

Este artigo analisa o debate atual quanto ja cristã e a composição dos livros do Novo
à vigência dos dons espirituais Testamento; os últimos argumentam que to~
miraculosos na igreja. De um lado, estão dos esses dons prosseguiram através da his~
os pentecostais clamando a possessão do tória da igreja e devem funcionar também
carismático, do miraculoso na igreja na atualidade. Qual posição tem base bíbli-
hoje. Do outro lado, encontrami;e os ca?
"cessacionistas," defendendo que os dons
Definir essa questão é importante não
miraculosos foram outorgados pelo
simplesmente para satisfazer uma curiosida~
Espírito apenas no período do cristianis-
de teológica, ou dirimir qualquer polêmica
mo primitivo. 0 autor defende, no
doutrinária, mas porque ela influi direta-
entanto, uma terceira abordagem, a quaLI
mente no ministério e na missão da igreja,
chama de visão cíclica.
determinando sua opção metodológica e
apc)ntando o papel reservado ao Espírito
Thi§ article analyses the current debate
Santo.
about the validity of the miraculous
spiritual gifts in the church. On one side, Neste artigo, veremos os argumentos de
there are the Pentecostals claiming the ambos os lados e apresentaremos uma "ter-
possession of the charismatic and ceira via." Isso facilitará a tarefa de respoii-
miraculous gifts in the church today. At der à pergunta fundamental que passa pela
the other .side stands the "cessacionists," cabeca de muit(>s cristãos: os dons
defending that these gifts were given by mirac.ulosos estão clisponíveis pam ti gera-
the Spirit only in the carly Christian Ção atl,al?
period. Hi]wever. the aiithor expose`s a
third approach to the question, whic.h i` TEORIAS SOBRF. ()S DONS
called "circlecl" `7ision.
A polêmica sobi`ii `ti continuiclailc` Jt)``
iion`i mii-:iculosos não `ic` rl`s`ime íi ilua`` i`o~
siç`-)cs [iohi.i```. Enti-r`` o "\iim" e o "nã`)," hti
A:,::`:ep[:,':]`:`':LL`>r[`í:t\:`„`:\`,`tt:>'nr`ê|}sLt'.;``TL`lie'c:::|'c`r
numces, cc>mo o "sim, com i-esscil\ras." Um
Mas o mesiiio não ["iie slT dito em relíição
obra mais ou menos recente, Ar€ MircicL4loi6.`
à \'igência dos doiis miraciilosos.: Prot-ecia,
Gif[s /or Tocíczy.', apresenta quatro visões:4 ( 1 )
linguas e ciira eram apems para os tempo`s
cessacionista, segundc] a ciual não há r\e'
bíblicos ou t<ambém para as épocas posteri~
nhum dcmi miracu[iiso do Espírito Santt)
()res.7 Há um ilebate em andamento entre
hoje; (2) aberta, com caiitela (em inglês, opeti
cessacionisttls" e c`cirismáticos.3 0s primei~
bw cc[%ti.oi4.t-), a qual inclui uma grancle píit--
ros defenclem quc tais ilons terminaram m
época iios aiióstt tlo``, i`om a t-unihção ila i\LJr``-
cela de eTangélicos ciue não descartam o`ç

- _59 -
\

diz que o trabalho do Messias iriclui o batis-


\ dons miraculosos para hoje, mas ao mesmo
tempo vêem a possibilidade de abuso na mo "com o EspíTito Santo e com fogo" (IÁ:
\ prática desses dons; (3) pentecostal/ 3:16); (c) pouco antes de Sua ascensão, Je-
carismática,5 que preconiza a validade dos sus faz referência à afirmação/profecia de
\ dons miraculosos hoje; e (4) a Terceira joão e pede que os discípulos permaneçam
Onda,6 que busca equípar os crentes com em Jerusalém a fim de serem "batizados ccim
) os dons espiritua'is e defende que a
o Espírito Santo" e receber "poder" (At 1:4-
\ evangelização, pelo padrão do Novo Testa~ 5, 8). Conclusão: o batismo com o Espírito
mento, deve ser acompanhada de "milagres, e com fogo é a "culminação clo ministério
) sinais e maravilhas," clo Messias; ele serve para autenticar esse
ministério como um toclo, exatamente
\ Analisaremos os argumentos em favorde
como, em comparação, o batismo com água
três p()sições, parcialmente coincídentes
era um indicador [no inglês, md3x] do mi-
) com as quatro mencionadas, as quais cha-
nistério inteii-o de Joã() (Lc 20:4; At
maremos de: (1) fundacional,7 (2)
) carismática e (3) cíclica.S lo:37).y„(`

Elo 2: (a) Pedro diz, em seu discurso de


)

Abordagem Fundacional Atos 2, que ci Pentecostes é cumprimento


da profecia de Joel 2 (At 2:14-21); (b) em
A premissa básica desta posição é que os seguida, focaliza o ministério, a morte e es~
dons miraculosos foram úteis no início da
pecialmente a ressuTreição de Jesus (At 2:22~
igreja cristã, mas, uma vez lançado o funda- 31); (c) e, então, coloca em íntima seqüên-
) mento da igreja e encerrado o cânon, cessa- cia ressurreição-ascensão-recepção do Es-
ram. A palavra-chave é P7.oPósito: os dons
pírito[7 -concessão do Espirito. Conclusão:
) miraculoso's tinham um objetivo e, tendo-o • na perspectiva teológica de Lucas (e Pedro),
ciimprido, deixaram de existir. Entre os de- ressurreição-ascensão-Pentecostes, embc>
fensores deste ponto de vista são alistados ra distintos no tempo, constituem um com-
) os reformadores9 Lutero (1483-1546)!° e plexo de eventos unificados," do tipo "uma-
Calvino (1509-1564)," o puritano John vez-por-todas."
\ Owen (1616-1683)L2 e Benjamin Warfield
(1851~1921)," teólogo da "Escola de
Em resumo, o argumento de Gaffin é
i` Princeton." Cinco dos principais argumen- que o ministério de Cristo deve ser visto em
sua totali.d4de. 0 Pentecostes é o clímax des~
) tos utilizados pelos "cessacionistas" são os se hinistério, um evento escatológico, com
seguintes:
significado "cristológico e eclesiológico-
Argumento 1: 0 Pentecostes é único e missiológico," antes que "antropológico-
irrepetível. 0 dr. Richard Gaffin, do experiencial." Por isso, não serve de
Westminster Theological Seminary, é um
paradigma para a experiência atual do cris-
) def-ensor deste ponto cle vista. !4 Ele faz uma tão,
i+i`çtinção enti-e a "história da salvação"
\ (hí``coTia ``tilt4Íi`s), [st() é, e`'entos clo típo iima~ Argumento 2: A fin{|lidadc dos milagres
era autenticar o Íí-``'ft]j-/z] [J/]/]() dos apóstolos
):':[Z\~,:'f([':i°Li]c:aóc`::;t:o:C:)on[::';ans[:[aamm°orttrec`t:atr':;'~ sobre Jesus. Segunclo estc` :`rgiimei`to, (le~
fcndiclo poi- Petl`r Ma``t`-r`,:`` o Espírít(` ft)i
\`suil-eição, e a "ori`1em da salvctção" (()rclü
`ç({lHf['`ç), ou `çl>j;i` e\entos ligaclos à c(`iitínui ihilo ao\ç cap(`Nolos p:`r:i h:`hilítá,lo` ti ``us~
) cii_`lic`açt~to iio,s l`ciic`t`icios ll<i s{ilvaçi-io à \'iila tciitar publiciimuiti` ii \'t`rí`ticlfille ila ollrti
iniliviclual di)s crenti`s, coino a justific<`ção messiâmca clc Jesu`i` em c``pecial Siia i-essur-
\ pela fé e a santit`icação. Para Gaffin. o Pen~ reição. Não eram testemunhas num senti-
tecostes pertence à "história da salvação," e do geral, c()mo os cristã()s testemiinham hoje
\nãc) à "ordem da salvação."D Evidências?
de Cristo, mas i.\um sentido forte e específi-
\) Note estes dois elos: co, jutiicial mesmo. Vários text()s sãt` utili-
zados para apoiar essa tese. Por exemplo,
•Mess:Í::-b`::|!aoã.:"?.a:,gs:,aa,e(3)p,r.eãcourÉ::,sqt: João 15:26-27 iiiz: "Quandi), porém, vier o

-' 6o _
)
Consolador, [...] esse dará testemunho de Argumento 5: 0§ dons€inais visavam
Mim; e vós também testemunhareis, porque ratificar a nova revelação.Z5 Como testemu~
estais comigo desde o princípio." Em Atos nhas de um novo tempo na história da sal-
1:8, Jesus dá uma incumbência aos discípu~ vação, os apóstolos, inspirados pelo Espíri-
los: "mas recebereis poder, ao descer sobre to Santo, transmitiam conteúdos
vós o Espírito Santo, e sereis Minhas teste~ revelacionais que mais tarde entrariam no
munhas."2l cânon. Os milagres eram selos
autenticadores dessa revela.Ção, como diz
Argumento 3: A igreja primitiva tinha Paulo: "Pois as credenciais do apostc)lado
relativamente poucos milagres. Os foram apresentadas no meio de vÓs, com
carismáticos vêem numerosos milagres em toda a persistência, por sinais, prodígios e
Atos e nas epístolas, talvez numa base diá, dons miraculosos" (1 Co 12:12). Hebreus
ria ou semanal. Masters, um cessacionista 2:34, onde se afirma que Deus deu "teste-
convicto, tenta provar que não é bem as- munho," através de milagres, da "grancle
sim.Z2 Ele argumenta que apenas os apósto~ salvação" anunciada pelo Senhor e confir-
1os e um griipo muito restrito de colabora- mada pelos apóstolos, é outro texto citado
dores, incluindo Estêvão e talvez Barnabé para apoiar este ponto de vista. "Sendo que
(cf. At 6:8; 14:3), possuíam o dom de cura. a palavra de Deus foi escrita em sua perfei-
A hipótese de haver mais alguns ção e tem sido preservada," afirma Lewis
taumaturgos envolvidos não deve ser nega- Chaffer, "não há mais necessidade de si-
da, concede Masters, mas a idéia de que os nais.„26
milagres eram feitos em todo lugar, o tem- Há outros argumentos em defesa da pc>
po todo e por pessoas comuns é uma ilusão sição cessacionista, como a crítica de que os
e deve ser descartada. Uma evidência disso carismáticos partem de textos de caráter nar-
é que, quando Pedro curou Enéias em Lídia rativo (Atos) para construir a sua teologia
e depois ressuscitou Dorcas em Jope, a notí~ continuísta, e a afirmação de Paulo em I
cia foi recebida como novidade, causou Coríntios 13:8-10 ("havendo profecias, de-
maravilhamento e muitas conversões (At saparecerão; havendo línguas, cessarão"),
9:35, 42). Atos 2:43 e 5:12 informam que mas eles parecem menos c.onsistentes -pelo
os sinais e maravilhas eram feitos pelos menos nesses dois casos. Na verdade, I
"apóstolos."
Coríntios 13 pode ser utilizado com mais
Argumento 4: Os milagres anunciavam propriedade para provar o contrário. A in~
tenção, aqui, é dar um panorama da posi~
o fim de uma era e o começo de outra. 0
dom de línguas, que marcou o início do Pen~ ção cessacionista, e não apresentar urna aná-
1ise exaustiva do assunto.
tecostes, era a festa de lançamento de uma
nova comunidade e, ao mesmo tempo, ()
adeus ao velho sistema. Visava mostrar qiie prós e contTas
"a presença divim tinha passado cla
A abordagem fundacional tem pelo me~
teocracía judaíca para a igi`eja internacioml nos seis méritos evidentes. Ela:
do Senhor Jesiis Cri``ro." Pí`iilo iiarece fa,
1. Liga o Pent.ec()stes à missão cle JesLi.s c`
vorecer essa interpi-ct;i``ão, iiii`inilo, citando
acentua o início cle um no\,.o tempo;
lsaías 28:11rl2, ili:: "Na li`i está escritü: Fa-
1arei {i este po\.o |lsmel| [ior homen`s (lÉ c)H~ 2. Val()riza o papel ilos €ipóstc`los iia funil+
tras língutTs c` por lál`ios clii outros po\.os, e Ção ch igrej.a e i`a fi)rmação tlo cânoii;
nem assjm Me oii\'iriio, ili: o Sc`i`hor. Dc'
3. Rci`onhc.ce, coi-re[íimente, iiue os siiiioL`z
sorte que as línguas constituem um sinal, tos dons miraciilosos de hoje não têm
não para os crentes, mas para os incrédu~
produzido milagres na mesma qualidade
los..." ([ Co 14:21~22). A glosso[alia, portan~
e extensão da era apostólica;
to, seria uma demonsti-ação gráfica (primei~
ro aos judeus, depois aos gentios) cle que alí 4. Pro\'ê um critérío lógico para rejeitar as
se iniciava uma nova comunidade - multi- manifestações miraculosas atuais ciue
racial, multilingüística, internacional.2+ fugirem ao padrão bíblico;

_61-
5. Ressalta o amor, a ética e a maturidade Argumento 1: A igreja necessita dos
emocional do cristão, ou seja, aspectos donsfiinais para cumprir sua missão. Um
ligados ao "fruto do Espírito" muito va- dos propósitos dos milagres é ampliar o
lorizaclos no Novo Testamento (cf. I Co poder do anúncio evangélico. Eles atuam
13; Gl 5:22-23); como ot4Cc!ooTs publicitários das boas novas
de salvação (At 5: 12~16). Se os apóstolos pre-
6. Enfatiza um culto organizado e ordeiro,
císar<im de um poder especial para fundar a
em conformidade com o seu modelo de
igreja, ()s crentes subseqüentes não precisa-
pensamentc) sobre os dons.
riam do mesmo poder para manter e ampli,
Mas há também pontos negativos, e os ar as bases da igreja e finalizar sua missão?
mais evidentes são: Assumindo~se a hipótese de qiie a função
básjca dos dons espirituais é "eiiificar" a igre-
1. A tendência cle desconsiderar os textos
ja e avançar a obra do Senh()r (c`f. I Co 12:7;
que sugerem a continuiclade de todos os 14: 12, 26), conclui-se que esses dons são tão
dons;
necessários hoje como no primeiTo século
2. A dívisão rígida dos dons em d.C.
"miraculosos" e "comuns," e a conse-
Um indício de que Jesus via a necessida~
qüente negação dos primeiros, sem con- de de poderes especiais por parte dos futu~
siderar qiie a Fonte deles é a mesma;
ros seguidores é a inclusão destes em Sua
3. A falta de uma explicação convincente agenda. Jesus prometeu estar com os cren~
para o fato de a Bíblia em nenhiim lugar tes até o fim. Disse: "Toda a autoridade Me
afirmar que oã dons iriam cessar (este é foi dada iio Céu e na Terra. [...] E eis.que
um "argumento do silêncio," mas merece estou convosco toclos os dias até à corisu-
atenção); mação do sécult]" (Mt 28:18b, 20b). Essa
promessa, certamente, não se restringia aos
4. A interpretação questionável de ciue os
discípulos, já que "consumação do século"
dons miraculosos não são necessários no
alude ao fim do mundo. A palavra "autori~
cumprimento da missão evangelizadora
dade" (no grego, cxo%sÍc[, "poder para
da igreja;
govemar"), por sua vez, sugere poderes
5. 0 perigo de "aprisionar" o Espírito no miraculosos.
passado, restringindo seu espaço no Outra proniessa diz: "E Eu rogarei ao Pai,
presente, ou mesmo de "apagar," "extin- e Ele vos dará outro Consolador, a fim de
guir" ou minimizar a Sua influência (cf.
que esteja para sempre convosco" Oo 14:16).
At 7:51; Hb 10:29; I Ts 5:19), "esfriando"
A expressão "para sempre" pocle ser enten-
o entusiasmo da igreja;
dida como uma assistência contínua e defi-
6. A neccssidade lógica de consiclerar toclas nitiy:` i`o decorrer il() ministério clos após-
tis mmife`çtacões cle clons miraciilosos na tolos, mas a leicim mc`is mtiiral e í`plicá~h
atu.\liihi]e (i"ot-eci{is, ciiras, glossohlia) a toilo o pi`i-íoclo (iti jLyrej<i. f'ii]-L\ iiiiem i`ré;"
como ftilst``i ou cip{`rentes. mentt` iiue t` pi-c`seni`ii Jo F,s[iíriío mio `sm
rí`ntc` c\utomatíl`c`mi-nrt` poilei-es
mii`tti`iilo`o`, j.'i i[ik` Eli` tíimhcini |>xerl`e ou-
tÀbor{lagem Ccirisinática
trí``` fuii`t~`i`` (`t-|o [6:S-11), iioiii`,çe respon,
A i`rc`mi``sti hásicí` cto`\ itientel`ost[tis e lic`r l|Ul l```t\`` `)uu-tt` rlT.n+`t`\Ct; llc`to Ciimim-ml

i`arismáticos, para dcfc`mlei-Ít continuidaile {\utomttri(`cimc`nti` .` possibilíchde de mil:iJ


clos dons miracult)sos, é a necessidade des~ 8res.
ses dons para o cumprimento da missãc) da
Aini+i mais dirctc> é este testemunho:
igreja hoje. Entre os miiitos defensores des~ "Em veTclade, em verdatle vos digo que aque~
ta posição escão John Wimber,:`q C. Peter
le que crê em Mim, fará tam[iém as obras
Wagner29 e ]ack Deere.}° Cinco argumen~
tiue eii f-aço, e outras maioreç fará, porqiie
tos ciir:`cterísticos nesta abordagem são:
Eu `.ou parti jimto ilo Pai" Oo 14:12). Se o
1`o[`i[t`:\tt)``ii`LJi`ri'ii!`,i{i``[`1ii`ai-:``Í``iiriináriaaos

- 6 )_ -
apóstolos, a expressão qualificadora "aque- ter único da fonte carismática que se torna
le que crê" generaliza o auditório e cleixa um paradoxo causar dissensão por causa dos
aberta a possibilidade de ação miraculosa dons, assim como seria errado superestimar
futura. um ou alguns deles -no caso dos coríntios,
o dom de línguas.
Argumento 2: A diferença entre as lis-
tas de dons sugere um caráter incompleto Argumento 4: A história registra teste-
e instrumental. No total, Paulo cita mais munhos de milagres em fa§es tardias da
de 20 diferentes dons em suas cartas.3` Mas igreja. A interpretação dos relatos de mila~
a maneira como ele os menciona sugere a gres ao longo da história da igreja depende
do modelo de pensamento adotado; mas,
possive] existência de outros. Se fosse hoje,
ele talvez pudesse acrescentar o dom da independente disso, os registros existem.3'
música ou do evangelismo pela TV. Nenhu-
0 Didaquê e o PastoT de Hemas, Llocümen-
tos cristãos provavelmente da primeira me~
n`a lista rei)et.e integralmente as demais. Isso
tade do segundo século d.C., mencionam
indica que, coletivamente, essas li`<tas "não
os dons. Justino Mártir (c. 100~165 cl.C.)
exaurem todos os possiveis dons dc) Espíri-
disse: "Os dons proféticos continuam
to," mas sãc) "ilustrativas dos vários dons conosco> ainda hoje."4 Tertuliano (c. 155~
com os quais Deus tem capacitado a igre- 220 d.C.) e Orígenes (c. 185~254 d.C.) tam~
ja." Além disso, Paulo parece falar de dons bém deram "testemunho quanto a fatos
primariamente num sentido instrumental. miraculosos muito depois dos dias dos após~
A finalidade deles não seria definir scci[%s tolos." Teodoro de Mopsuestia (c. 350-
(dos apóstolos, por exemplo), mas edificar 428), cujos escritos foram anatematizados
a igreja -1ocal e mundial. no Sínodo Geral de Constantinopla em
553, escreveu: "Muitos pagãos entre nós es~
Argumento 3: A analogia da igreja
tão sendo curados pelos cristãos de toda a
como organismo corporativo pressupõe
espécie de enfermidades que possam pade~
que todos os dons são necessários. Paulo cer, tão abundantes são os milagres em nos~
compara o funcionamento dos dons na igre~
so m€io."36
ja à operação do corpo (1 Co 12:12-31). 0
corpo funciona em harmonia. Precisa de Argumento 5: I Corintios 13 sugere que
todos os membros, superiores ou inferiores. os dons~sinais prosseguirão até a
Ele pode sobreviver mesmo com uma per~ "parousia." Paulo afirma: "Quando vier o
na ou um braço amputado. Mas irá funcio- que é perfeito, então o que é em part:e será
nar bem? E se lhe faltassem os olhos e a boca? aniquilado" (1 Co 13:10). A que se refere
Ou o coração? De igual modo, a igreja pre- "em parte"? A chave está no verso 9: "Por~
cisa de todos os dons para funcionar perfei-
que em parte conhecemos, e em parte prcr
tamente. Ela pode sobreviver sem profecias fetizamos." Paulo, provavelmente, tinha em
e curas, ou milagres. Porém, esses dons não vista todos os dons carac€erísticos da histó-
a fortaleceriam? Do ponto cle vistci cla efici~
ria cla igreja, incluindo os cli)ii`s-sinais. E
ência e ila eficácia, parece iiuc [otloú os dons
quando é o "quaniio?" A chave está t`o \'i`r~
si-`o neces``áric)``.
so 12: "Poriiue í\gora vemos c(imii cm esi)e~
Além disso, se{`mnilo Pa`do, c>s iloiis são 1ho, obscuramente, então `'ei-emo`` f-ace a
cli\.ersos i` iiirerentes, imis totlt>s têm a mes~ t-zice; agora conheço em parte, cntãt) i`imhc`-
n`ii proi+]|lêiiciii: Dc`ii`i (1 Co 12:4~6). llá (li- ``t`rc`i como tamhém sou conhcÀcjdo." Piui~
\ ei.`siil{iili` i`í\ tli`trihHi,`tio oii iti`c`i`i,`{í` i`iti` 1i>, pi-o\'i`\i.[met`te, i>`ita`Ta itc`mdmli` iiii nw c\
\`rrillcltlc 11t` `>rl,L7c`1l`. Sc a tontc` dlt` 111>11`` 1]o i-erilídade `a ter lugar no futuro. A pi`hu-a
"perfeito" (em grego, tc!eios) tem o sentido
primeiro século é a mesma de hoje, e se ela
é a fonte única de todos (>s tipos de ilons de "completo ao chegar ao final, ou alcan-
(mii-aculosos e de seTviço), não é se esperar
çar o alvo." Isso indica qi`ie` .para o apóst(+
unidade de ação (leia~se "coii.tinuidade")? A lo, esses dons eram "passageiros," mas não
resposta pode ser "sim" ou "nào," pois Deus
tão temporários como dizem os
é soberano na distribuição dos dons; mas o "cessacionistasí" eles continuam até a >egiin~
"sim" parec`e imis lógico. É de`'ido ao cará~
da vinda de Cristo. 0 verso 10 poderia ser

_63-
\ parafraseado assim: "Quando Cristo vier, 1. A tendência de subestimar a singularida-
i profecia, línguas e outros dons imperfeitos de de Jesus como operador de milagres,
se tornarão inúteis e deixarão de existir." Só e também o s[citws dos apóstolos na
assim faz sentido o contraste sugerido por qualidade de co-fundadores da igreja;
\ Paulo (Quadro l). 2. No caso do§ pentecostais, o ensino sem
Os argumentos aqui enumerados são base bíblica firme de que o "batismo pelo
' apenas representativos da posição
Espírito" 36 uma obra subseqüente à
) carismática. Vários outros pontos, como o conversão;
fato de que os carismas eram vistos em di-
3. Uma -supervalorização da experiência e
; versas cidades e exercidos por cristãos co-
muns (fora dc) grupo apostólico),37 poderi,
1 am ser acrescentados. gso"::bá:t::t:=c:ã,oeo:Jetievtari(lFíàTi:;;4odo
4. A conclusão biblicamente insustentável
)

Prós e Contras de que, pelo fato de Cristo ter tomado


"sobre Si as nossas enfermidades" (Is
' A abordagem carismática, igualmente,
53:4), a cura física está disponível para
) tem vários pontos positivos. Por exemplo: todos aqui e agora;
1. A ênfase na identidade entre a igreja
) apostólica e a atual, ambas com acesso 5. A ênfase exagerada na importância dos

pleno aos dons miraculosos; g:nESs::r:t:P:riá:'éet=ad:oücii=,:ntodoftuto


2. A redescoberta dos dons como instrumen~
) tos úteis na edificação da igreja e na 6. A tendência de atribuir a fatos comuns
uma dimensão excessivamente sobrena~
evangelização;
tural e, às vezes, supersticiosa;
3. A busca dos dons espirituais num con-
7. 0 perigo de considerar de "segunda
catégoria" outros cristãos que não têm os
::::iodaà:;3tsórico de reavIvamento e
mesmos supostos dons;
4. 0 espaço reservado à experiência na
) interpretação teológica dos dons e mila~ 8. A tendência de recusar a medicina con~
vencional e os métodos naturais de cura;
gres;
9. A falta de resultados expressivos no cam-
5. 0 entendimento de que Deus realmente
` atua no mundo, ao contrário do que diz po da cura milagrosa, quando se compara
com a propaganda feita nos templos,
\ o naturalismo disfarçado que permeia rádios e TVs.
parte do cristianismo tradicional;
) 6. A ênfase na oração, a abertura e a dispo~
Abordagem Cíclica
\ gci?`Lt]([,?ade para a atuação do Espírito
Em clefesa deste p()nto de \'ista, que re~
\ Al£`Juiis pontos negativos dcssa abc>rda~ flete de algum m()do o pensamento de John
Stott,+: John Da\'iLi+] e Lo`ii`ç Berkhof,4+ tam~
) gem, principa[mente no que [liz resiicito à bém serão mencioi`acl()s i`inco argumentos
expcJriência, são:
especi'f-icliLi:
\

J)on.i Rei`]idade AtuaE Re alidáid6LJ Futura


Profecias e outros dons rinperfeftos EXÉtrião até a parousm Desaparccerão na parousia
Comunicação com Deus Indheta Drieta ('fice a Íàce')
Amor (dom peffefto e supremo) kte Existriá para sempre

Quadro 1: Os dons no presente e no futuro, segundo I Coríntios 13

-64-
Argumento 1: A profecia de Joel pare- pequena mudança no texto de Joel, "decla,
ce ter dupla aplicação. Joel, que provavel- ra que seus ouvintes agora estão vivendo nos
mente viveu no nono século a.C.,45 previu últimos dias."49 Podei5e dizer que, tecnica~
um derramamento especial do Espírito San- mente, os "últimos dias" se iniciaram com
to no futuro. Diz o texto: "E acontecerá de~ a primeira vinda de Cristo (cf. Hb 1:1~2).
pois que derramarei o Meu Espírito sobre Mas o bom senso não pode negar que não
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas há "últimos dias" mais últimos do que os
profetizarão, vossos velhos sonharão, e vos- dias finais. Se o primeiro século podia ser
sos jovens terão visões; até sobre os servos e considerado "últimos dias," muito mais o
sobre as servas derramarei o Meu Espírito século Xxl.
naqueles dias" 01 2:28~29). Essa profecia fa-
vorece a continuidade dos dons miraculosos
Argumento 2: A metáfora das chuvas
"temporã" e "serôdia" sugere dois movi~
em época`s especiais de duas maneiras.
mentos de "refrigério."5° ISTael era uma
PrímtiTo, Pedro aplicou o texto à realida~ nação agricola, e muitos conceitos teológi~
de do Pentecostes e ao futuro. Em Atos 2, cos se baseavam em analogias ligadas à agri~
vemos, em seqüência, a descida do Espírito cultura. A metáfora da chuva é uma delas.
Santo, o falar em línguas, o estranhamento Considerada uma bênção, sinal da aprova-
e a crítica dos opositores, e então a defesa ção de Deus, a chuva geralmente vinha em
do apóstolo. Pedro explicitamente diz que duas etapas: as "primeiras chuvajs" e as "úl-
o fenõmeno era o cumprimento da profe~ timas chuvas" (Dt 11:14). As duas eram es-
cia de Joel (At 2: 16-21). Mas ele não pára aí, senciais. As "primeiras chuvas," ou chuvas
e pouco depois acrescenta que a promessa do outono, em outubro/novembro, rompi~
dc> Espírito Santo (v. 38, "e recebereis o dorri am a seca do verão e preparavam a terra para
do Espírito Santo") era também para os o plantio e a germinação da semente; as
"últimas chuvas," ou chuvas da primavera,
ouvintes (não só para os apóstolos) e "para
todos que ainda estão longe, isto é, para em março/abril, ajudavam no amadureci-
quantos o Senhor nosso Deus chamar" (v. mento da seara e garantia uma boa colhei~
39). Se Joel ``democratizou" a manifestação ta. Impressionados com a importância desr
futura do Espírito, afirmando que todo o sas chuvas, os profetas tomaram~nas como
povo de lsrael (e não só líderes e profetas) símbolos da presença poderosa de Deus (Es~
poderia profetizar,46 Pedro féz a mesma coi~ pírito Santo) entre seu povo. Moisés Oó
sa. Esse elo entre Joel, o Pentecostes e "to- 29:23), Joel (2:23), Oséias (6:3), Jeremias
dos os que ainda estão longe" é muito signi- (3:3; 5:24), Zacarias (10: 1) e Tiago (5:7) fize-
ficativo. Para Pedro, o dom do Espírito não ram referência a essas chuvas, sendo que em
estava restrito à sua categoria (apóstolos), Oséias a metáfora é mais explícita.
nem à sua época (primeiro século d.C.) €
Pois bem, podemos aplicar a chuva
talvez nem ao povo judeu.47
temporã (yórehj` ) à experiência do Pentecos/
Em s€gLmctt) !w`gdr, podemos aplic`a.r o fa~ tes, quando a presença poderosa Jo Espíri~
tor tenipo tle |oi.l a tocio o períilclo iia igre- to na vida ilos discípulos capacitoihls a con,
ja., em espei`ii`l .|o fim dcts tem}ios. Joel (1iz Terter milhtres em im só dia (At 2:41) e a
ciue "cleiitlLs" De`is clermmaria o Seu Espíri, espalhar o e\'angelho por toclo (t mundo
(o (\'. 28); i`m si``LJuíila, menciom "mtiiiieles conheciilo da época (Cl 1:23), e`st.`'i`c`lecem
dias" (\r. 29); i` \-oltci a fahr em "iiMiuele`` do :` base cla igreja cristã; e poclemo¢ ap[[i`ai-
ilia``" tJ "miiiicli` tc-mpo" (3: 1). Si. t` `.J|`pois a |`huva serôdia (rnítlqós) à experiémlci `la
pt)día ser iiim referência temp(ml imedia- última geração de cristãos, que de\.c`rú pre~
ta, ou seja, após Deus abençoar c> pais e aca~ parar o mundo para a colhei[a final (cf. Ap
bar com a pTaga de gafanhotos, as expres- 14: 14-18).
sões "naquelcs dias" e "o grancle e terrível
Certamente, o Espírito Santo atua niim
dia do Senhor" (\'. 31) dão um [om
nível pessoal, operando o "novc> nascimen~
escatológico à profecia e "aponta claramen~
to" na vicla do crente (primeiras chu\'as) e
te para o fim ilos temp()s." Pedro. fazendo

_65_
amadurecendo-o espiritualmente (últimas dc e na qttamíc!cicíe da era de Cristo e dos
chuvas), mas há também uma atuação glo, apóstolos. Isso sugere que Deus interfere nos
bai, num nível escatológico, enchendo a igre~ moment:os críticos da história humana ou
ja de poder para terminar a evangelização da experiência religiosa do Seu povo, quan~
mundial, assim como os apóstolos a inicia~ do está em jogo o plano da salvação. 0 qua~
ram,52 e é neste sentido que a metáfoTa deve dro 2 resume graficamente este argumento.
ser entendida aqui. Que a presença do Es~ Argumento 4: A ocorrência de milagres
pírito traz consigo habilidade, poder e mila~ diabólicos no fim dos tempos pressupõe mi-
gres, a Bíblia deixa claro (ver, por exemplo, lagres divinos. Jesus profetizou que, antes
Zc 4:6; At 1:8; Rm 15:19).
da parousia, surgiriam "falsos cristos e fal-
Vale ressaltar que, nos primórdios do sc>s profetas operando grandes sinais e prc>
pentecostalismo americano (início do sécu~ ilígios para enganar, se possível, os próprios
Io X), alguns reavivamentalistas gostavam eleitos" (Mt 24:24). Nas palavras de Paulo,
"o aparecimento do íniquo é segundo a efi~
de aplicar a metáfora da chuva serôdia ao
seu movimento, chamando-o de "Latter cácia de Satanás, com todo poder, e sinais e
Rain Movement," e que na década de 1940 prodígios da mentira" (11 Ts 2:9). João atri-
outro movimento com esse mesmo nome bui à "besta" que emerge do mar o poder
acabou tendo impacto na renovação de operar "grandes sinais, de maneira que
carismática das décadas de 1960 e |970.53 até fogo faz descer à Terra, diante dos ho~
Entre os adventistas do final do século XIX mens," seduzindo "os que habitam sobre a
e início do século X, essa linguagem tam- Terra por causa dos sinais que lhe foi dado
bém era conhecida e utilizada.54 executar" (Ap 13: 13-14). Os §píritos de de~
mônios que têm papel ativo na guerra do
Argumento 3: Os milagres dos tempos
Armagedom são "operadores de sinais" (Ap
bíblicos aparecem em "ondas." Além de ra-
16: 14). Essa estratégia de engano e sedução
ros, considerando-se o período descrito, os
através de prodígios sugere que Satanás está,
milagres bíblicos não são uniformemente
na verdade, tentando imitar Deus. Satanás
distribuídos. Eles se concentram em cinco
agirá "como" Deus provavelmente estará
periodos:55 criação, Êxodo, apostasia de ls- agindo no fim dos tempos. 0 produto que
rael (IX século a.C.), cativeiro judeu na
Satanás tentará vender não é original, mas
Babilônia (Vl século a.C.) e ministério de
sim uma contrafação.
Jesus e dos apóstolos. Isso pode ser consta-
[a.do até numa leitura superficial de uma lis~ Um exemplo amplo da ação "pirata" de
ta de milagres. Há registro de atividade Satanás é a invenção de um sistema parale-
miraculosa na literatura cristã do segundo e lo de culto, baseado em dois pilares: (1) ido-
cerceiro sécult)s d.C., especialmente profe- latria e (2) au[o-salv`cição. Babilônia é o nome
``ia, cui-a e exorcismo,5" mas não m qtmli.clci, ilaclo no Ailocalipse (14:8; 17:5; 18:2) a esse

Data(apn)xiimda) A8entes/Pmtagonistas
Evento

l crklção `)

iDe"
)+ l\ioi`é` L` Josué
1`. 1+50 a`(`.
i £~{odo (re`tabelecimento cla mição isi.{ii`htí\)

Apos!asia (ciise idó]at[.a de lsrael) 850 a.C. Eli£i` e Eliseu

Ex]1io (cati\'eiro de lsrael na BabiK}nri) 6()0 a.C. Daniel e seus amigo,`

Tenipos iTessiânicos (inft:io do cri`stianisnm) 27-98 d.C. Jeçu`` e os apóstok)s

Chiiva serôdia (témino da evangelização) •)


Rema"=scente

Qu.idro 2: Ciclos de milagres na história do po\'(` de Deus

-66-
sistema, em sua versão mística e escatológica. do um evangelho etemo para pregar aos que
Nc> tempo do antígo lsrael, parece que se assentam sobre a Terra." Ora, a fimção
LÚcifer, identificado por lsaías (14:12-15) de pregar o evangelho é dos seres humanos
como o rei invisível de Babilônia (em (Mt 28:19), embora os anjos possam apoiá~
semítico, Bab-i.ltt, "pt)rtão de Deus" ou "por~ 1a. Portanto, esse anjo deve ser simbólico.
tal dos deuses"), queria transformar 0 mesmo princípio deve se aplicar ao se-
Babilônia no seu centro espiritual, em opo- gundo anjo de Apocalipse 14:8 e também
sição ao templo cie Deiis em Jerusalém. Uma ao anjo de 18: 1. 0 elo en[re eles é cl`c`ro por~
evidência disso é a gr<inde influência dc>s que ambos anunciam a queda de Babilônia,
sacerdotes no reino - influência "que difi- num contexto de julgamento (14:8., 18:2).
i`ilmente podia ser exagerada." Poderoso (pois tem ejco%sjci, "autoridade"),
o anjo de 18: 1 ilumina a Terra, expõe a situ-
Pois bem, assim como Satanás tenta des~ ação de Babilônia e desencadeia o j`iízo. Quc
virtuar a religião verdacleiia, estabelecendo ele aparece antes da segunda vincla, é evi~
i\m sistema paralelo de culto, assim também dente pelo coiwite ao "povo meu" para clei~
c`opia eventos especi`ficos do programa divi~ xar Babilônia (18:4). Conclusão: alguns "an~
no e tenta usá-1c>s para desviar o povo de jos" do Apocalipse representam diferentes
Deus. Os milagres estão entre os "produtos" movimentos e iniciativas, terrestres e celes~
tes, ligados à história da salvaçào; e o anjo
de 18: 1, especificamente, simboliza o clímax
.?,:iee::s,t::f:o:sÍ|r;:p:ora:;`'Ín:::Ênsx:oslá(??::;::c'|ir:;; da proclamação do evangelho, com direito
8:7, 18), e é o que deverá fazer antes da a milagres e manifestações de poder.
parousia." No fim, Deus desmascara o fal~ Outros argumentos poderiam ser utili-
sificador. Portanto, em contraposição aos zados em defesa da abordagem cíclica. Um
milagres diabólicos, previstos por Jesus, Pau~ deles é a previsão de fenômenos astronômi-
lo e João, pode-se dizer qu€ haverá também cos prodigiosos (Mt 24:29~30; Lc 21:25~26).
milagres divinos. Se haverá "sinais no Sol, na Lua e nas estre~
Argumento 5: 0 anjo poderoso de las," é provável que haja também outros
milagres, inclusive curas divinas. Mas, para
Apocalipse 18:1 pode simbolizar um mo
rnanter a simetria de cinco argumentos em
vimento de evangelização. Uma analogia
cada abordagem, fiquemos com esses.
com o ministério de outros anjos do
Apocalipse (por exemplo, os anjos do capi-
tulo 14) indica que esse anjo é simbólico. pTóS e contTas
Ele representa um poderoso movimento de Os pontos negativos desta abordagem
pri.gi`Ção do evangelho, no final dos tem~ são basicamente dois:
i`t)s. Provavelmente tal proclamação envol-
1. Os argumentos c[epenc]em, em parte, cle
\':i miliiízres, já que a "pala\'i.a para `autori-
dedução.,
il:`tli`` é iist`da iio Apocztlipse como sinôiii~
i```` ili` i.oilc`r (9:3,10,1Çl)." 2. Alguns (le seus adepto``, r\..\ prática` iw
dem cissumir uma iiostum clc` espc.i-c`
`\rmt C`niehelein, um tlos editotes origi-
m`siosa ou desleíxíiila ilo no\ro ciclo ile
nm ilH I`)ibh cle Ret-|.rc``ncia de Scofic`lil,
mil{if;yres, esq`ieceutlo-``i` tiiie iiiii`i experi,
u|`lI1`\ l|llc c`,s``e "tm|o [wc]e rcpreselltm` o
ência signiticm\Ía t`om o E``pírito (|iiicm
i`i-`\im i 5|`i`hor."Lt M.`` t` i i`t(±i-prc`üt.`ãt i ``iii`-
sal", cnt'ulTenclo mih,LJi-c`s) i```rá ili``tioní\-el
i `t )i íl`.\ lt[.1i ic`alia ao Crlstiall ismt>, apoi..``it\ Por
no presente.
Lai`He,°° parece corresponcler melhor às evi-
clc`ncias. João inicia cada carta às igrejas, em Mas ela tem virtucles fl>rt.es porque:
Apocalipse 2 e 3, com a expressão "Ao anjo
1. I'etmite um alto concei[o clo Pentecostes
(-lii igreja em..." Será Liiie ele realmente esta~
e do cânon, sem negar a atualidade dos
va escrevendo a iim ser invisível, sobrenatu~
clons miraculc>sos, pois o fato cle cer[os
ral.7 Dificilmente. Em Apocalipse 14:6, João
fenômenos serem funilacionais6Pão
\'ê um "anjo voando pelo meio do céu, ten-
significa ci`ie não rtos`sam `ie repetir;

6r/ .
2. Explica a concentração .de milagres em História -ou pelo`menos na história do
certas épocas e a escassez em outras; povo de Deus.63 0 fator desencadeante de
um ciclo de milagres pode variar:64 na cria-
3. Respeita a soberani-a do Espírito para
distribuir dons ci qt#m e qt4cmdo quiser;
:ã:,nf:;oopfa::i:egraa:i.ovs:sç:reds:rn:rigxeo=.:
4. Leva em conta todos os dados bíblicos. foi o forjamento de um povo especial para
enquanto incentiva a busca de poder divulgar o plano da salvaçao; no tempo de
espiritual; Elias e Eliseu, foi o combate à idolatria ge-
neralizada; durante o exilio de lsrael na
5. Provê uma explicação lógica (ou espe~
Babilônia, foi o conftonto com o paganis~
rança) para o clímax da proclamação do
mo, na capital mística e simbólica do reino
evangelho;
de Satanás; no ministério de Cristo e dos
6. Pressupõe que os milagres, as§im como a apóstolos, foi o sinal dos tempos messiânicos
própria História, caminham em círculos e a fiindação da igreja. 0 fator invariável é a
(no caso, ondas ou ciclos), mas dirigem- soberania de Deus.
se para um fim (eles não são acontecimen-
Se a hipótese cíclica estiver correta, a
tos imprevistos e acidentais).
próxima onda de milagres deverá acontecer
' pouco antes da "parousia," como fenamen-
A lóGICA DOS CICLOS ta no encerramento da proclamação do
evangelho. Aparentemente, o movimento
Em minha opinião, a abordagem cíclica
é a que melhor corresponde aos dados bí~ pentecostal/carismático atual não
corresponde aos ciclos bíblicos.65 0s mila-
. blicos. Ela pode recorrer aos mesmos argu~
) mentos da abordagem carismática, mas não gres bíblicos eram€erenos, majestáticos, ins-
tantâneos,66 indiscutíveis. Os milagres
para neles; considera também os argumen-
tos utilizados pelos defénsores da aborda~ pentecostais, ainda que potencialmente re,
) gem fimdacional. lntegra texto bíblico e his-
tória. àLs:sá::aá:à:::.:7dÃ:veezg::§=paerrgaed¥re:
de milagres parecem especialistas em criar
Um pressuposto da abordagem cíclica é "clima emocional," para ver se, da agitação,
que, nos "intervalos," os dons continuam sai algum milagre. Porém, o movimento
disponíveis, do mesmo modo que a Palesti~ pode ser uma útil quebra do paradigma na-
na recebe alguma chuva entre a "chuva turalista/cético infiltrado no cristianismo,
temporã" e a "chuva serôdia." Milagres ver- numa espécie de preparo psicológico e men-
dadeiros podem acontecer, só que não na tal do planeta para o novo ciclo.
fieqüência e intensidade das fases de "pico."
Ainda no campo hipotético, podei;e di~
A pergunta lógica que vem em seguida zer que, nos intervalos, a tendência é Deus
é: "Por que os ciclos?" Um carismático típi~ usar pessoas piedosas (ou nem tanto) como
co responderia que os milagres dependem agentes de milagres, apesar de sua possível
de fatores humanos (fé, oração, abertura); imaturidade espiritual (comportamental ou
um protestante tradicional defenderia a so- doutrinária); já nos ciclos, por terem cará-
berania divina. Os dois estão meio certos. ter judiciário / soteriológico / escatológico
Pois, se Deus leva a sério o livre-arbítrio / missiológico, a tendência é utilizar pesso~
humano, também exerce plenamente o Seu as ou grupos de pessoas não só piedosas,
\ "papel" de Deus. Ele interage com a
mas também de grande maturidade espiri~
humanidade,6Z percebe a plenitude dos tem- tual. No primeiro caso, temos os exemplos
pos e determina o momento ideal do ciclo de Gideão e Sansão, que não eram, diga~
) miraculoso. Leva erq` conta o contexto his~ mos, santos homens de lsrael, mas presen~
tórico e os Seus prc)pósitos. ciaram ou operaram maravilhas.68 No segun~
' Um conjunto de milagres deve ser con- do caso, temos Moisés, Elias, Jesus e os após~
siderado um ciclo quando tem quantidade tolos, que estão fora de qualquer suspeita.
ou qualidade suficiente para interferir na Assim, se no intervalo entre os tempos apos-
)

_68_
)
tólicos e a época do fim houve milagres geral, é definida como uma capacidade especial dada
protagonizados por agentes incoerentes na por Deus para uso no contexto da igTeja.
doutrina ou imaturos na fé, no ciclo final 3 Essa disputa teológica parece ter se intensificado
os milagres devem ser liderados pelo rema- nos últimos anos. Ver, por exemplo, Gary S. GTeig e
nescente de Deus - um povo consagrado e Kevin N. Springer eds., TT.£ Kingdom 4nd thc Pou€r
(Ventura, CA: Regal, 1993); John F. MacArthur,
fiel à mensagem bíblica. Supostamente, Ch4risi'n4tic Ch4os (Grand Rapids, Ml: Zondervan,
Deus usa o melhor de que dispõe em cada 1992); Wayne Grudem, ll`c Gf[ oÍ Prophccy jn tJw Neu;
época, considerandcrse os Seus propósitos. Testcim€nc and T?da} (Westchester: Crossway, 1988); e
Deus não está restrito aos rótulos Graham Houston, Prophccy: A Gft ft Tjd4}? (Downers
denominacionais;69 Ele é livre para atuar Grove, IL: Intervarsity,1989). .

como e por meio de quem Ele desejar, man~ + Wayne A. Grudem ed., Are MiTacwlot4s Gfts /oT

tendo, no entanto, coerência com a Sua re- Tod4)?, Counterpoints (Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1996). No prefácio do livro, Grudem dá
velação anterior.
um panoram das quatro posições, destacando as di-
ferenças e pontos de contato entre elas, e apresenta
RESUMo os aiitores dos ensaios.
5 Há diferenças "cosméticas" entre pentecostais e
Neste artigo, foram focalizadas três teo~
carismáttco§, Os pTimeiros crêem que o batismo no
rias sobre a vigência dos dons miraculosos. Espírito é uina experiência subseqüente à conversão,
Verificamos que um grupo capitaneado por e a glossolalia (falar em línguas), um "sinal" dessa ex-
teólogos protestantes tradicionais argumen- periência; já os últimos não têm um consenso sobre
ta que os dons miraculosos se restringiam à esse§ dois pontos. Ambos enfatizam a atualidade de
todos os dons mencionados no Novo Testamento.
época da fundação da igreja (4bord4gem
6 Esse nome foi dado por C. Peter Wagner. do Fuller
fwnd4ciorLcil); observamos que outro grupo
liderado por pent€costais clássicos e Seminary, em seu livro How to H4Üe a Healíng Mínismi
(Ventura, CA: Regal, 1988), 8, ao movimento de re-
carismáticos defende que esses dons têm um novação surgido nos Estados Unidos na década de
papel importante na missão evangelizadora 1980erepresentadoprincipalmenteporJohnwimber
da igreja e continuam disponiveis (abcmdci, (1934-1998), fundador dos ministérios Vineyard. A
"primeira onda" seria o pentecostalismo, cujas raízes
g€m ccirismáticci); e vimos que uma terceira
abordagem, combinando aspectos das duas estão no reavivamento noi.teiimericano de 1901 ; e a
"segunda onda," o movimento de renovação
anteriores, propõe uma visão cíclica dos mi~ carismática surgido nas décadas de 1960 e 1970.
1agres.
7 0 neologismo "fi]ndacional," em vez de "fundamen-
Este último modelo pressupõe a valida~ tal," foi escolhido para evitar confiJsão sernântica. Ele
de dos dons miraculosos hoje e a ocorrên- não diz respeito ao movimento fi]ndamentalista, mas
cia de milagres em todas as épocas, mas não sim ao papel dos dons miraculosos na fiJndação da
igrej a. Prefiro este nome ao tradicional "ccssacionista"
na mesma quantidade dos períodos de con-
para evitar a idéia de que os adeptos dessa posição
centração. E prevê que, pouco antes da vol~ defendem que codos os dons ou milagres cessaram com
ta de Cristo, acontecerá um novo ciclo de os apóstolos, pois não é o caso. A maioria dos
"cessacionistas" aceita que Deus é soberano para ope~
milagres, como clímax da proclamação do
evangelho. Esta abordagem parece rar milagres hoje em resposta às orações dos crentes.

corresponder melhor aos dados bíblicos. 8 Com essa palavra, quero destacar que os milagres
têm fases ou periodos de concentração.
9 A lgreja Católica "sempre professou o papel dos
REFERÊNCIAS milagres comci testemunhos de sua autoridade única
' Este artigo é um extrato adaptado do capítulo 2 da na qualidade de madre igreja," escreve Alan Pieratt;
assim, os reformaclores precisavam desenvolver uma
dissertação de mestrado "0 toque da fé: paradigmas
teo[ogia que "explicasse por que aquele número de
bíblicos da cura divina," apresentada ao Seminário
testemunhos de milagTes aparentemente infinito du~
Adventista Latino-AmeTicano de Teologia em feverei-
os 1.500 anos anteriores não apresentava
ro de 1999.
nhumaforça. Alan Pieratt, Sin4ís e Matifivílh4s: 0
! Os dons miraculosos, que incluem profecia, línguas à=-bcws ou .o Chifte do Dicibo? (São Paulo: Vida
e curas, entre outros, também costumam ser chama- 1994), 28.
dos de "dons revelatórios" e "donsi;inais." A palavra 1° o pai do protestantismo
"dom" (no grego, charísmci; plural, ch4rismata), em

_69-
cura espiritua[, mas há düvida se ele manteve sua opi~ Z9 Ver, por exemplo, Yowr Spirici+4l G/t5 Ccin Help Yowr
nião até o fim da vida. 0 próprio Lutero teria orado, ChwTch Grou/, ed. rev. e a[ual. (Ventura, CA: Regal,
certa vez, pela saúde de seu amigo Filipe Melâncton, 1994).
sendo bemóucedido.
'° Ver ]ack Deere, Swrpris€d b) the Power of the SpiTtt
" Para o reformador francês, Deus opera milagres
(Grand Rapids. Ml: Zondervan, 1993),
como nos velhos tempos, mas nào através das mãos
'` Rm 12:6i3; I Co 12:4-11, 28; Ef 4:l.
dos apóstolos, porque esse cra um dom temporário e
"logo se extinguiu." João Calvino, As lnsticttt4s (ot4
3Z Mi||ard j. Erickson, ChTtstian Theology {Grand
Trti[cido dci Relígióo CTÍstá) (São Paulo; Casa Editora
Rapids, Ml: Baker, 1991). 876.
Presbiteriana, 1989). 4:436.
" Warfield afirma que praticamente não há indícios
" Ver o "Discourse on Spiritua[ Gifts" de Owen, em "de milagres nos primeiros 50 anos da igreja pós-apos-
The W'orks o/ John Owen, ed. William Gould
tólica;" a evidência aumenta durante o 3° século, "tor-
(Edinburgh: T. and T. Clark, 1862), vol. 4, cap. 4. na~se abundante" no 4" século e crtlsce ainda mais a
`3 Ver Benjamin 8. Warfield, Cotmt€Tfeit Mimcle5 partir do 5`' século. Mas, se a quantidade cresce, a
(Edinburgh: Banner of Truth, 1995; publicado inici- qualidade diminui` Isso indicaria qiie [eiidas pagãs se
almente em 1918). Devese notar que o propósito de infiltraram na igreja, e a igTeja se reciisou a õe liv[ar
Warfield era refutar milagres espúrios ao longo da desse "lixo" na Reforma. Warfield,10, 73. 0 histori-
história da igreja, e não debater a continuidade dos ador Philip Schaff concorda que o periodo anteniceno
dons miraculosos. (antes de 325 d.C.) é mais criteriosc> nos [elatos de
milagres do que a fàse nicena e da ldade Média. Philip
'4 Richard 8. Gaffin jr., "A Cessat:ionist View," em
Schaff, Hístot.)i of thc ChTistian ChwTch (Nova lork:
Are MiTacuk]us Gifts foT T}odaü?, Z5Í)4. Scribner,1910), 2:117-118. Porém, Ronald Kydd che,
„ Ibid., 31. gou a uma conclusão oposta. Segundo ele, as fontes
indicam uma igreja fortemente cari§mática acé 200
16 Ibid.' 3Z.
d.C. A experiência carismática declina nos próximos
" Gaffin explica que, no ]c>rdão, Jesus recebe (foi 60 anos, desaparecendo a partir de 260 e não reapa-
batizado com) "o Espírito para cumprir a obra recendo até pelo menos 320, o ponto final do estu-
do. Ronald A. N. Kydd, Ch4rN)Í`4ctc Gift ín [he EaTl)
messiânica que estava diante dEle (1£ 3:21-22); na
ascensão, Ele 0 recebe como recompensa por ter com- Ch"h (Peabody, MA: Hendrickson, 1997), 4. Eusebius
A. Stephanou também apresenta significativa evidên-
pletadc) a tarefa que està atrás dEle e para batizar ou~
tros com o Espírito" (ibid., 3Z, rodapé). cia de dons miraculosos no cristíanismo primitivo
("The Charismata in the EaTly Church Fathers," TTw
18 Ibid., 3Z.
Gt€ek Chthodo?c ll`£obgicc[l Reutcw 21:2 [verão, 1976],
19 lbid.. 37. 125-146).
34 Di'a[ogttc. 82, em The An[e~Nicene Fa[her5, ed.
Z° Peter Masters, Thc Hc4líng EPídcmic (Londres:
Alexander Roberts, James Donaldson e A. C. Coxe,
Wakeman Trust,1988),116,122.
2" ed. (Buffalo: Christian Literature Publishing
2' Confira também Lc 24:46.48; At 2:32; 5:31-32;
Company, 1885), 1:240.
10:3942; 22:14-15; I Jo 1:1-3, " David S. Clark, Compéndio dc Teologia Sistcmáttca
22 Ver Mascers, 68-74.
(São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, s.cl.),153.
2, Ibicl.. 127_ ió Citado por Clai.k.

" EstiJ cirgiimi>nti) é aprestmtado m perspectiva 37 Lc 10:9,19-20; At 13:1; 19:6; Gl 3:5; [ Ts 5:19,2il.

cessacionisra. Eudentemente, há oi[tras interpri`raçóes


" Don.ild W'. Dayton Tnostrci, eiT\ seii li\.ro Thco[ogiL`(i(
para o fenômeiio cla glosso[ali.`.
Roots oJ-Pemc.cos[tilí`m (Peaboily, M \: Hendrickson.
" Peter M[\stcrs e um ili`fi`i`soi-taml)(`m deste poiito
1994). quc o pentc..costalismo tem r.L`Í:es m trailição
cle \;ista. Ver M`isrers,123~125. t``ológica de Wesley. 0 capitulo 5 é tledícaclo Lio ru(.-
" Lt.w[s Spei-[y Chafti`[` TiJu!ogi.ci }ii>Íc>mÁti(`fi (Daltm vin\t`nto tle ciirz` di\'ími.

GA: Publicaçi->i>s Espanholas,1974),1 :265. " Os carismáticos da Terceirii Oiiila, |`m geral, nri(>
27 0bserve,se, porém, que o fato de Lucas conectar o apóiam essa tese. Mesmo entre os pentecostais clássí-
mir\istérío de Jesus com o Pentecostes não si\gnifica, cos, há quem não a aceite a d()utrina da "seguiida
necessariamcnte, ciiie os dons não pudessem prosse- bênçã()." Um deles é Gordor\ D. Fee, respeitável au-
tor cle Gocl'5 EmpoweTíng PTescnL`e (Peabodv, MA:
guir. Nada indica que Lucas tivesse a incenção de lí-
mitar a manifestação miraculosa do Espírito ao perí~ Hendrii`kson, 1994). Para um tTatamento mais am
odo coberto pelo liv[o de Atos. plo sobTe a doutrina da "subseqüência," ver Henry 1.
Lederle, TTeflst(T€s Okz anJ Ncu/.. lnt€TPT€tcicions o/ `Spm't-
28 Ver john Wimbe[ c Kevín Sprínger, PoW~
Bcip[ism' ín th€ ChflTismcittc Renewcil Mot/em€nc (Peabody,
EÜ4ngelí5m (Sari Francisc`): Harper & Row, 1986).
MA: Heiidrickson, 1988). Paul{>. <it) que parece` de~
fi`iiitia um mi`clelo de \Jida conct'"u iii] Espírittj.

-70-
4° Segundo o teólogo ]. 1. Packer (Nci Di.námícfl do E§-
apóiam a tese pentecostal do batismo no EspíTito
Pi.rito {São Paiilo: Vida Nova, 1991], 187), o "movi- como obra subseqüente.
mento carismático tem sido chamado de `uma expe-
S) Ver Richard M. Riss, "Latter Rain Mc>vement,"
riência procurando uma teologia."
DÍcti.onaryo/P€ntccosúla"]Ch4TismciticMoo€ments,ed.
4' Champlin, após observar qiie "o quadro na igreja Stanley M. Burgess e Gary 8. MCGee (GTand Rapids,
cTistã, hoje em dia, está terrivelmente confiiso", cc> MI: Zondervan, 1996), 532~534.
menta que os dons devem ser buscados "somente `atra~ ç' No documento "Ellen G. White, the Early/Latter
vés' do desenvolvimento espiritual, e não com o dese- Raiii, and the Baptism of the Holy Spirit". nãi+publi-
jo de obter acesso à espjritualidade mediante um ata- cado, Teóf.ilo Ferreira, pesciuisador do White Estate
lho fácíl." R. N. Champlin, 0 Novo Test4m€nfo Jn[er-
(12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Mariland,
Pretado VcTsi'cttlo PoT Versi.cwlo, (São Paulo: Cancleici, 20904, USA), analisa o uso da metáfora por Ellen
1995), 4:187.
White.

'2 john Stott (Bati5mo e Plenitttde do Espiírito Símto, 2" " Alguns preferem falar em apenas três períodos: a

ed. |São Paiilo: Vida Nova,1993|, 72) diz que os mih/ fase do Êxodo, com Moisés e josué; a da apostasia no
reinado de Acabe, com Elias e Eliseu; e a da funda~
gres bíblicos "sl` agrupam como estrelas no céu notur~
no," existindo "quatro constelações principais:" a Ção da igreja cristã, com Jesus e os apóstolos. Preíiro
época de Moisés, o período de Elias e Eliseu, o minis- a fórrnula dos cinco períodos, por ser mais flexível.
tério de Jesus, o ministério dos apóstolos. 0 propósi- 56 j. H. Bernard, "The Miraculous in Early Christian
to dos milagres, segundo ele, é "confirmar cacla novo
Literature", em 17i€ LitcTacwr€ of [h€ Second Ceníw7),
estágio da revelação."
ed. F. R. Wynne, J. H. Bernard e S. Hemphill (Nova
+' John D. Davis, "Milagres," DÍcionárío da Bíblia (Rio York: James Pott & Co, 1891), 147.
de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960), 395. 57 Geo W. Gilmore, "Babylonia", 77te N€w Sch4#-
44 0 teólogo crê que, além dos "ciclos de milagres HgTzog Encycbped{ci o/ Relígiow5 Knowkdge, ed. Samuel
ligados a periodos especiais da história da redenção," MacauleyJacksoo (GTand Rapids, Ml: Baker,1951),
"no fim dos tempos, haverá outra série de milagres, 1:41Z.

que redundarão na renovação da natiireza, para a gló- 58 George Ladd, Apoc4lipse: Jntrodwçõo e Cbmentário.
ria de Deus." Louis Berkhof, Teobgia Sjscemátíca (Cam-
Cultura Bíblica 20 (São Paulo: Vida Nova/Mundo
pinas, SP: Luz para o Caminho, 1990), 176.
Cristão, 1984), 174.
`' Não há consenso sobre a época do ministério de
ç9 Arno C. Gaebelein, TTie Rct;€L]t[.on: An E]cPositi.o7i
Joel. Gleason L. Archer Jr. situa suas profecias por
volta de 830 a.C., na época da menc>ridade do rei (Nova lorque: Loizeaux Brothers, 1961), 104.
Joás e a regência do §umo sacerdote Joiada (MCTcce 6° john Peter Lange (L4ng€'s Com7ricnt4Ty on thc Ho!}
Con/iança o Antjgo Testamento? {São Paulo: Vida Nova, Scrip[wTcs: Re`^ehtion |Grand Rapids, Ml: Zondervan,
19911, 233). s.d.|, 325) escreve que "o cristianismo, em uma nova,
4ó Es6e era um sonho de Moisés: que lsrael fosse uma gloriosa e, portanto, poderosamente eficaz fase de
nação de profetas (Nm 11:29). desenvolvimento, deve ser entendido pelo anjo."
47 |. Howard Marshall (Atos: Jntrodt4çÕo e Comentório, 6' Um exemplo dessa convivência entre o s[4tu5 dos

Cultura Biblica 5 |São Paulo: Vida Nova/Munclo apósto[os e a continuidade dos dons é fornecido pe-
Cristão,1985|, 8]) comenta que a frase "toiios os que los adventistas do sétimo dia. Eles crêem que Ellen
aii`ila estão longe" (cf. ls 57:19; Eí 2:13,17) ``certa- White tinha o dom de profecia, mas adotam c> prínci'-
men[e incliii tod()s os jiideus espalh:\ilos em tt)clo o pio de sola ScTipttm Essa é uma posição histórica do
miindo e (a{is olhos dc Lucas, mcsmo si. Pedrii não <idven[ismo, segundo LeRoy Edw`n Frciom (Moti€m€nt
chegzm a este enteniliml`ii[o) os gentitt`s miiil`ém.' of Dcs[m) |Washnigton, DC: Review and HeTald,
19711` 91~106).
48 Davicl Allan Hiiblmrd, Joc>l c' Ar)tó`ç htr()clL£çíio e Co-
t`2 Que Deiis mfmge com a humanidade, n Bililia
meritário, Cultui-a Bil`[ica 22 (São P:`iilo. Vitla N`|\'c`.
1996), 82. deixa clai-o (cf. Jr 18:6~10). Deus é soberano, i`ias nãc`

+`' Mm-shz`l[, 7 3.
clitt`ilor. Ele sal]e que, para Se sustentar mor.`lmentJe
ll;cii`ti` ilc iim uiiiverso de seres [ivres, a longo prazo.
" A pcilavi-a "refrigei.itj" e empregaita p(ir Peilrt>, em tem iiLie agii. como é - ou seja, é santo e age c(m
Ato`` 3:20, para iniiícar as bênçãos que acompanha~ santidade, é jiisto e age com jiistiça, é amoroso e age
rão a segunda viiiila (le Jesiis. com aiTiur. lsso sigiiifica que, em certo sentido, Deiis
" Joel (2:Z3) emprcí:a a palavra môTch, em vez ila for, precisa de iima "autorização" moral para agir. Ele a[ua
m "legaLlidade" (em relaçã(), digamos, à Lei Cósmica
ma mais iisuRi )ÓTLP;1. .
do Amt)r). Ele prestaL contas a Si mesmo e aos seres
í! Essa dup[a aplicação da metáfora cta chii\/a paTece criados. Na cruz, Deus mostrou ciiie é "justo e
ser iima tendêi`cia m.`is ou menos geral i`iitre t\s {`uti} iustiíícador" (Rm 3:26); nos atos de ju[gamento e m
res aiiventis[<is do sétjmo dia qiie, no ei`tantt`, nã(> coiicessãt` do Espirito, evidencia que é "livre e liber-

-hil
tador." Paulo parece sugerir que o próprio Deus, jun- (Grand Rapids, Ml: Zondervan, 1979), 143-149. 0 ar-
tamente com o Seu povo, é "avaliado" cosmicamente gumento de MacArthur parece essencialmente corre-
pela maneira como age (Rm 3:4; I Co 4:9). to, mas, como registro, vale lembrar que em pelo me-
nos um caso os discípu[os foram incapazes de curaT (cf.
63 Pau| Touilleux (jntToc!t4çdo 4 twna Tcobgi4 Cr!'Cícci,
Mt 17: 19, Mc 9:28, 1£ 9:40), e Jesus fez diias ciiras em
Revelação e Teologia [São Paulo: Paulinas, 1969], 58) etapas, progressivamente (Mc 8:23-25; Jo 9: 1.7).
6ó Em Marcos 1, a instantaneidade da ciiTa é ressalta-
:net::od:oqsuee r::e:emmalg:eesp:;le,,gàso„ g:oâ:,t,ogsooTuets=as~
poucos fatos que podemos encontrar aqui e ali são da pela palavra gregaL ewthios ("na mesma hora," "ime-
apenas acontecimentos menores, no sentido que não diatamente"), que, como diz Baxter, "encontra,se em
constituem causas determinantes da história." toda parte." J. SidLow Baxter, Excimjnaj a5 Escrímras:
ó4 "A tradição judaica considera que Deus concede Pcri`odo rritei.bíblico e os Eu4ngelho5 (São Paulo: Vida
Nova, 1992), 204.

:is::ieq:apnaà:eoBTraJaersdtaDeump;;rÉP:::ODceuu`sm.:nmanut:: ó7 Num estudo §obre fenômenos pentecc)stais, na dé-


obrigação moral com a Sua criação e, nurna situação cada de 1970, o jornalista Roland R. Hegstad con,
i "sem saída," só Ele pode encontrar a saida. Há um cluiu que "muito poucas curas |e§pirituais] têm sido
paradoxo: "Uma geração inteiramente entregue ao documentadas por competentes autoridades médicas.
pecado não reconhece mais os sinais. Uma geTação Isso não quer dizer que elas sejam falsas; apenas que
inteiramente justa não necessita de sinais." No inte- não são documentadas" (Ratlmg [hc Gc][es |Washing,
i rim, enquanto se espera o ponto crítico, os sinais são ton, DC Review and Herald, 1974]. 188). A opiniáo
dados, então, "sÓ àqueles que são dignos deles" de William Nolen é mais radical. Médico de
i (Sinédrio, 98b). Bernard Dupuy, "0 Milagre na Bí- Minnesota, Nolen resolveu rastrear alguns alegados
blia e no Pensamento Judeu," em Os MihgTes do Eu4n- casos de cura divina. Depois de passar um ano e meio
ge!ho (de vários autores), Cademos Bíblicos 16, 2a ed. nes;a missão, revelou vários casos de fraude e consta-
(São Paulo: Paulinas, 1982), 18, 23. tou que os curadores não apresentavam nenhuma
i 65 Packer considera que Deus está no movimento solução para as doenças orgânicas. Cf. William A.
Nolen, H€almg: A Doctor Ín Se4rch of a Mírack (Nova
carismático, mas ressalta que "os fenôme.nos
York: Random House, 1974). Outro caçador de frau,
cari§ máticos atuais não correspondem plenamente aos
des famoso é o mágico James Randi, que pôs na
mencionados em 1 CoTíntios 12-14." Para ele, "o
lnternet uma proposta milionária para quem cc)nse~
reavivamento que a igreja necessita hoje ainda não
veio, e igualar o fenômeno carismático à plenitude guir provar seus poderes p§íquicos ou sobrenamrais
(http://www.rand i.org/j r/chall.html). Em relação aos
do reavivamento demonstraria alguma ignorância
curandeiros, cf. James Randi, Th€ Fai[h Healers
sobre o que é avivamento" (Packer, 178, 249). Na opi-
(Buffalo, NY: Prometheus, 1989).
nião de Stott, a nossa atitude diante dos milagres não
"deve ser nem uma incredulidade obtusa (`não acori- 68 Gideão teve 70 filhos, porque possuía "muitas
tecem mais milagres'), nem uma credibilidade impen~ mulheres" Uz 8:30). Pode<e argumentar. que isso era
sada (`é claro! MilagTes estão acontecendo o tempo aceitável na época, mas não o torna mais santo. Além
todo'), mas uma atitude de mente aberta, de averi- de receber dois sinais divinos no incidente do novelo
guação" (Stott, 72). de lã Üz 6:3640), Deus deu a Gideão uma vitória
miraculosa contra os midianitas Oz 7:2; cf. 6:34).
John MacArthur é um dos mais ácidos críticos do Sansão conseguiu feitos impressionantes contra os
carismatismo. Segundo ele, o ministério de cura de
filisteus, mas cortejava as moças do povo inimigo,
Jesus e dos apóstolos tinham seis características ciiie o
apesar da advertência dos pais. Siia história está em
dos carismáticos não possui. Jesus e os apóstolos: (1)
Juízes 13-16.
curavam com uma palavra ou tocii`e; (2) curavam ins-
tantaneamente; (3) curavam totalmente; (4) cura\'am " Certa vez, João nijticiou, eufó`rico, c` Jesus que ha~
todo muiido; (5) ciii-avam dc>enças orgânicas; e (6) via prt)ibid(` um hc>mem de exorcizar demónios em
ressuscitavam i`iortos. Além ilisso, segunclo iiome de Je`sus, pois ele não os seguia. Jesus` em \/ez
MacArthur, os mdividu()s qiie possuíam dons os c)pe- de cont-irmar a "resl`rva de mercado," fa[()u para nãt)
ravam m base da vohção, tendo contrt)le sc)bre eles. Os proibir: "porciiie ningiiém há que faça milagre em Meu
carisn}áticos, clíz o teólogo, deixtim os tloentes nome e logo a seguir p()ssa t-alar mal i]e Mim" (Mi`
retornartm liecepcít>nacios para siias cL`s.`s em suas ca- 9.38-39). O[)viamcnte, há teste` 1`íblic``` pam se dc``,
clelras lle rollLli, nrlt> pl-l`cnchem os rcl|llisirt)s c\ sal`em cohrir sc <ilgiiém i-ealmente segue a Ci.isto. Mcis es,se
qi`e não têm o \rerclacleiro il{m de (ura bíblico. Jol-in F. iiii`iiletite mt)stra a tolerância cle ]|`sii`ç.
MacArthur Jr., 1Tic Chdrümcitics. A Docmnal PeTsP€cciu€

-72-
RESUMO DE PESQUISA

CFISES NA IGRE]A APOSTÓLICA E NA IGREJA


ADVENTISTA DO SÉTiMO DIA: ANÁLISE
COMPARATIVA E IMPLICAÇÓES
MSSIOLÓGICAS
Luiz Nunes

TÓplco mento e ação da lgreja Apostólica e da lgre-


ja Adventisi:a do Sétimo Dia, como resulta~
Seis importantes crises na lgreja Apos-
d.o das crises que ambas vivenciaram ao lon-
tólica (decepção, missiológica, cristológica,
go de suas histórias. Tais crises emergiram
soteriológica, de autoridade e escatológica)
e outras seis similares na lgreja Adventista
guep:=a?ãpoerssep::tri:::e:1âgaic:eecrersôsfdeaaá:::a~`
do Sétimo Dia são analisadas comparativa-
periosa, através do reconhecimento, em tem~
mente, com a finalidade de verificar as im-
po oportuno, de conceitos teológicos corre~
plicações missiológicas que resultaram da tos. Desta forma a unidade foi fortalecida e
forma como estes litígios foram administra-
a própria lgreja foi conduzida ao eficiente
dos.
desempenho de sua missão. Quando, po-
rém, essas crises foram solucionadas fora do
PRoPóslTo "tempo oportuno," tais soluções, mesmo
contribuindo para reconduzir a lgreja ao seu
0 estudo descreve e analisa, comparati-
objetivo missiológico, não evitaram as per-
vamente, as crises da lgreja Apostólica e da
das missionárias causadas pc>r tal demora.
lgreja Adventista do Sétimo Dia, com espe~
i`ial ênfase em suas imp[ictiçóes Quando a superaçào de uma controvér-
missi(]lógicas. Também sãt) tratados aspec~ sia ocorre sem corrigil-o conceito equivoca-
t()s da crise mi[eTita, em \rírtude de estarem do que a t-undameiirí\, a suplanração oblitera
iliretamente ligados ao s`irgimento do a compreensãt) da verdade, e acaba, 1amen~
;itlventismo do sétimo clia. tavelmente, estabelecenclo como verdaiie
uma h€terocltixm. Qiiando a `suplantaçã(i
Relac`ionailo {i (.ste propósito, há unia
acontecc- através ila manipu[ação indc`\'iila
a\.aliaçào de como <` atituile ilestes dois
cki aiitoricl€`ilc`, :` t.en`são entre as partes anta'
movimentos para com si[as respectivas ci-iJ
ses afetou o cumprimento da missão evan- gônicas tencle a aumentar, provc>candc) uma
maior tendência fragmentária e os prejuíJ
gélica.
zos são quase irreparáveis para o cumprimen~
to da missão.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
Tese doiitoral em Teol()gia. Pastoral defendida no
A fragmentação romou-se uma const<in- SALT (Brasil-Sul) em Z3 de março de 1998 e publicacla
te ameaça à unidade cle pensamento, senti~ pela lmprensa Universitári<i Adventista
(uMrw.iuiasp.br)

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