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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ...................................................... 4

1.1 PRONTUÁRIO E CADASTRO DAS INSTALAÇÕES ...................................... 4

1.2 PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS ............................. 11

1.3 MÉTODOS DE TRABALHO E PROCEDIMENTOS ....................................... 19

1.4 CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS ............................................ 27


UNIDADE 1 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Objetivo:

• Apresentar a documentação de instalações elétricas, descrever o PIE, quais


são as informações que devem constar neste documento, conforme norma
vigente.

• Apresentar e descrever a programação e planejamento dos serviços elétricos


em alta tensão, em concordância com a NR-10 e NR-37.

• Apresentar os métodos de trabalho, descrever e exemplificar os


procedimentos adotados para serviços em eletricidade em plataformas de
petróleo, as atividades em equipes, a comunicação e sinalização, de acordo
com as normas vigentes.

• Apresentar e exemplificar condições inseguras de trabalho e não conformes


com as normas, as quais impedem a execução dos serviços elétricos nas
plataformas de petróleo.

Conteúdo abordado:

• Prontuário e cadastro das instalações;

• Programação e planejamento dos serviços;

• Métodos de trabalho e procedimentos;

• Condições impeditivas para serviços.

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UNIDADE 1 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este capítulo apresenta a organização do trabalho nas plataformas marítimas de


óleo e gás que operam no território brasileiro, confrontando as situações diversas de
segurança do trabalho nestes ambientes e as operações em instalações elétricas de
alta tensão.

O item 1.1 de Manual é iniciado com o PIE - Prontuário das Instalações Elétricas,
item documental de fundamental importância, que reúne praticamente todos os
documentos obrigatórios que uma empresa deve manter sob os cuidados de seu
representante legalmente habilitado para gerir a NR-10 em suas instalações que, no
caso, são as unidades marítimas de Óleo e Gás em território brasileiro.

Em seguida, no item 1.2, são abordados a programação e planejamento dos


serviços, tópico o qual envolve processos que antecedem a execução do trabalho e
que são importantíssimos de serem conhecidos e aplicados, não somente pela
obrigatoriedade de seus documentos padrões, mas também para assegurar, de
forma mais clara e objetiva, a execução da atividade em segurança, garantindo a
integridade dos profissionais envolvidos, como também a integridade das
instalações adjacentes e o processo produtivo.

Visando introduzir os métodos de trabalho existentes e exigidos pela NR-10, o item


1.3 apresenta os métodos e sua aplicação no meio offshore, quais as
documentações envolvidas, as premissas e suas etapas.

O item 1.4 apresenta quais condições são impeditivas para a realização de


atividades nas instalações elétricas, de acordo com o texto NR-10, relacionando
essas ações e condições impeditivas com o ambiente offshore.

1.1 PRONTUÁRIO E CADASTRO DAS INSTALAÇÕES

Um dos itens do texto da NR-10 que representa e reúne boa parte do que é e o que
significa a gestão dessa norma nas empresas é o item referente à criação do
Prontuário das Instalações Elétricas, o PIE. Quando uma empresa se enquadra na
obrigatoriedade de criar e manter o seu PIE, a mesma deve nomear formalmente um
profissional legalmente habilitado e autorizado, para criar e gerenciar o prontuário
das suas instalações, cadastrando no mesmo toda a documentação obrigatória e
necessária, conforme veremos a seguir.

De acordo com a NR-10:

10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados


das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do
sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

A partir da publicação da nova redação da NR-10, e com a publicação da Portaria Nº


508 de 29/04/2016, as empresas têm obrigação de manter prontuário das

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instalações elétricas e deve contemplar também o Relatório Técnico de Inspeções e
o Laudo do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA).

Normalmente, o assunto envolvendo a documentação das instalações elétricas nas


empresas é uma questão que pode gerar algumas incógnitas e também bastantes
questionamentos. A bem da verdade, a nomeação, por parte da empresa, de um
profissional legalmente habilitado, para criar e gerenciar o PIE é uma prática que
facilita a organização das documentações das instalações elétricas das empresas
que se enquadram na obrigatoriedade legal do PIE.

O objetivo do prontuário elétrico das instalações é bem direto, podendo citar a


organização das instalações elétricas da empresa no que tange suas medidas de
proteção, treinamentos, capacitações, contratações, certificações, especificações,
testes elétricos diversos, documentações técnicas e documentação de seus
funcionários.

O prontuário poderá ser então organizado em pastas físicas, digitais ou então em


ambos formatos, devendo estar disponível aos seus funcionários e demais
interessados envolvidos nas instalações.

10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem


constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do
disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:

a. Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de


segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das
medidas de controle existentes;

A alínea a determina que o PIE deve conter todos os procedimentos operacionais,


instruções técnicas e administrativas relacionadas ao trabalho. Deve se entender
claramente neste documento as atribuições e limitações de cada categoria
profissional envolvido com as instalações elétricas da empresa. Determina ainda
também que as medidas de controle existentes devem estar no PIE, devendo ser
conhecidas e cumpridas por todos os trabalhadores da empresa.

b. Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra


descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

A alínea b é basicamente referente aos documentos de SPDA, os quais devem


obrigatoriamente constar no PIE e são exclusivamente de responsabilidade do
profissional legalmente habilitado na empresa.

c. Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o


ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

A alínea c se refere à obrigatoriedade de anexar ao prontuário as especificações dos


equipamentos de proteção coletiva e individual de uso dos trabalhadores envolvidos
com eletricidade. Todos os equipamentos neste caso devem obrigatoriamente

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apresentar seus certificados de aprovação – CA, conforme a legislação vigente (NR-
06). Uma vez que toda a documentação é reunida, ela deve ser mantida junto ao
prontuário da empresa.

d. Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação,


autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

A alínea d trata da obrigatoriedade de constar no prontuário, de forma atualizada,


toda a documentação referente ao profissional de elétrica da empresa. Embora essa
obrigatoriedade seja anterior à última revisão e publicação da NR-10, não se fazia a
diferenciação entre o profissional qualificado e o capacitado, e, muitas vezes o
profissional dedicado a certa função em uma instalação elétrica da empresa, o
mesmo não tinha o conhecimento ou subestimava os riscos existentes e inerentes à
eletricidade. Essa alínea então, conforme o item 10.8 da NR-10 exige que seja
anexada ao prontuário, toda a documentação comprobatória do profissional,
diferenciando o mesmo das classificações de profissional qualificado, habilitado,
capacitado e autorizado.

e. Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de


proteção individual e coletiva;

A alínea e determina a obrigatoriedade de manter atualizado no prontuário da


empresa as documentações comprobatórias dos testes dielétricos em todos os
equipamentos de proteção individual e coletivo, dotados de isolação elétrica, sendo
os certificados iniciais e periódicos.

f. Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;


e

A alínea f está relacionada com a obrigatoriedade de se manter atualizado no


prontuário da instalação elétrica da empresa toda a documentação dos
equipamentos e dispositivos elétricos utilizados nas áreas classificadas da empresa,
cuja obrigatoriedade de certificação é expressa pela portaria 176 de 17.07.2000,
quando o SINMETRO regulamentou a exigência.

É importante ressaltar que os equipamentos e dispositivos adquiridos antes da data


da publicação da portaria citada, estão isentos dessa certificação, desde que
comprovem ser seguros, por meio de laudos do IEE, declarações ou catálogos dos
seus fabricantes, ou até mesmo declarações de profissionais legalmente habilitados.

g. Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações,


cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de "a" a "f".

A alínea g inclui a obrigatoriedade das auditorias periódicas nas instalações elétricas


da empresa, incitando a ideia das auditorias internas, as quais facilitarão a
atualização de suas próprias instalações, englobando a segurança, as não
conformidades, recomendações e propostas de adequações, bem como a
programação das suas regulamentações e adequações.

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É importante ter o conceito destes documentos bem definidos, pelos profissionais:

Laudo SPDA: Relatório das inspeções, medições pertinentes ao sistema de


aterramento elétrico e para-raios, segundo a norma ABNT NBR 5419 - Proteção
Contra Descargas Atmosféricas.

Relatório Técnico de Inspeções: É subdividido em dois documentos, o Laudo


Técnico das Instalações e o Diagnóstico dos Requisitos NR-10.

I. Laudo Técnico das Instalações: Relatório emitido após ensaios e inspeções


nas instalações elétricas. Atestando sua conformidade com normas e
procedimentos vigentes.

II. Diagnóstico dos Requisitos NR-10: Relatório realizado após auditoria do


sistema de gestão de segurança da empresa, que verifica o grau de
implementação de todos os requisitos da NR-10.

A partir da publicação da nova redação da NR-


10, e com a publicação da Portaria Nº 508 de
29/04/2016, as empresas têm obrigação de
Importante manter prontuário das instalações elétricas e
deve contemplar também o Relatório Técnico
de Inspeções e o Laudo do Sistema de
Proteção Contra Descargas Atmosféricas
(SPDA).

Comentários e observações quanto ao PIE:

• Quando fazer o PIE?

Sempre que a carga instalada for superior a 75 kW;

• Como iniciar o PIE?

Providenciar cópia dos procedimentos de intervenções em instalações elétricas!


(Não esquecer da comprovação de treinamento nos procedimentos);

• O que deve ter no PIE?

Documentação dos trabalhadores (item 10.2.4 (d) da NR-10);


Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em EPIs e EPCs (item 10.2.4
(e) da NR-10);
Relatório técnico das inspeções (item 10.2.4 (g) da NR-10);

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Projeto “como contruido” de As Built (Exigências das normas brasileiras de
instalações);
Estudo de seletividade que comprove o sistema de proteção.

• Importância do PIE:

Se bem utilizado, é uma excelente ferramenta para gestão das instalações, servindo,
não só para segurança como para controle da manutenção e aumento da
confiabilidade das instalações.

• Como fazer a manutenção do PIE?

Documentação dos funcionários: entrada e/ou saída de funcionários;

Essa atividade é realizada pelo profissional habilitado e autorizado pela empresa,


em conjunto com coordenadores, supervisores e departamento de RH, a fim de
manter atualizada a pasta de documentos do PIE da empresa referente à
documentação dos funcionários, como diplomas, certificados de treinamentos
atualizados, carteiras profissionais, autorização legal da empresa, etc.

Treinamento de reciclagem, troca de EPIs;

Atividade realizada pelo profissional habilitado na empresa, em conjunto com os


setores operacionais e RH, a fim de manter atualizados os treinamentos obrigatórios
de todos os funcionários envolvidos nas atividades em instalações elétricas da
empresa.

Novas cargas instaladas, com alterações dos projetos;

Atividade realizada pelo profissional habilitado da empresa, envolvendo a


atualização documental de modificações nas instalações elétricas da empresa, como
atualização de diagramas unifilares e equipamentos.

Atualização dos laudos de aterramento;

Atividade monitorada e realizada pelo profissional habilitado e autorizado pela


empresa, onde, periodicamente irá realizar ou contratar o serviço de SPDA da
instalação, arquivando relatórios e laudos no PIE.

Arquivamento das OS’s, APR’s, e PTR’s.

Atividade realizada pelo profissional habilitado na empresa, onde, com uso do


software de gestão de manutenção, irá controlar e gerenciar toda a emissão e
execução das Ordens, analise de riscos e Permissões de trabalho envolvidos com
alta tensão na unidade marítima.

Vimos então que o Prontuário de Instalações Elétricas (PIE) é a formulação de um


grupo de documentos que, reúne de forma organizada e dinâmica, todo um conjunto

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de procedimentos, ações, informações, técnico e normativo pertinentes às
instalações elétricas e aos trabalhadores. Todas as informações contidas no PIE tem
um objetivo em comum: proteger o trabalhador de riscos elétricos durante a
execução de suas tarefas nas instalações da empresa.

Figura 1: Exemplo de PIE digital

A figura acima demonstra como exemplo uma pasta formada de forma digital, onde
estão armazenados os respectivos documentos citados.

Observa-se que além do documento armazenado de forma digital, suas formas


originais deverão ser armazenadas em arquivos físicos na empresa.

A empresa deve organizar o PIE com o objetivo de disponibilizar ao trabalhador


todas as informações relacionadas à sua segurança, e provar a SEPRT o
atendimento aos requisitos da NR-10, atestando que todos os serviços elétricos em
suas instalações são executados seguindo procedimentos estritamente definidos e
seguros.

Sobre responsabilidade da elaboração do PIE, a mesma nos informa no item 10.2.7


que os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem
ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

Conforme subitem 10.2.7 acima, extraído da NR-10, os documentos técnicos


previstos no PIE devem ser elaborados por profissionais legalmente habilitados e o
PIE deve ser organizado e mantido pelo empregador ou pela pessoa formalmente
designada pela empresa, neste caso, o profissional habilitado é aquele profissional
formado em instituições reconhecidas por órgão público (MEC - Ministério da
Educação), e que possui registro em conselho de classe, no caso, o CREA.

Nota: Nas empresas petrolíferas, é comum designar o profissional formalmente


designado pelo prontuário das instalações elétricas como PLH (Profiissional
Legalmente Habilitado), este profissional será responsável por elaborar e manter o
prontuário da unidade marítima (podendo ser responsável por mais unidades,
dependendo da empresa).

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IMPORTANTE: Esse profissional não será responsável pela integridade dos
equipamentos elétricos da plataforma, somente o prontuário.

Figura 2: Plataforma Offshore

O Profissional legalmente habilitado (PLH) é também responsável por emitir as


autorizações para outros trabalhadores intervirem nas instalações elétricas da
Unidade marítima.

Mesmo que se tenha um PLH responsável por mais de uma unidade marítima, cada
plataforma deverá ter o seu próprio prontuário.

Exemplo de atividade do PLH:

Uma das responsabilidades do PLH por exemplo, é referente aos EPIs e EPCs:

• Durante as inspeções periódicas que o PLH faz na unidade marítima, uma de


suas ações é verificar os EPIs e EPCs específicos de elétrica, como luvas
isolantes de diferentes classes e tapetes isolantes das salas elétricas;

• O PLH deve verificar a certificação e validade desses equipamentos;

• O PLH deve programar, antecipadamente, a recertificação ou compra de


novos equipamentos, de forma a evitar que a unidade (e o trabalhador) fique
sem o equipamento “em dia” para o seu trabalho;

• O PLH deve também incluir os certificados e demais documentos pertinentes


aos EPIs e EPCs ao prontuário da instalação;

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Figura 3: Exemplos de alguns EPCs.

1.2 PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS

A programação e planejamento dos serviços em alta tensão nas plataformas


offshore são, além da obrigatoriedade perante a norma, itens cruciais para a
implantação de uma boa gestão da manutenção das instalações industriais de uma
empresa, indo além da garantia da confiabilidade e disponibilidade de seus ativos,
mas prezando pela segurança operacional de seus empregados.

Conforme o item 10.7.5 da NR-10:

10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior


imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma
avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de
forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança
em eletricidade aplicáveis ao serviço.”

Considerando que a APR não cobre totalmente a identificação e a antecipação de


ocorrências não desejadas, a execução do planejamento e programação de
intervenções em circuitos de alta tensão nas plataformas offshore, por meio de uma
análise prévia, é uma prática fundamental para a segurança do profissional.

Muitas vezes, em função das condições específicas do local de trabalho, a


checagem no local, com a presença dos coordenadores, supervisores e demais
membros da equipe, possibilita uma compreensão mais apurada dos riscos
presentes na atividade em questão, facilitando melhorias em procedimentos de
trabalho, planejamentos, equalização das informações por todos da equipe,
eliminação de dúvidas e mal-entendidos, determinação correta das ferramentas de
trabalho, instrumentos e EPI’s.

Além disso, a programação e planejamento em serviços de alta tensão é uma


questão normativa, conforme o item 10.7.6 da NR-10:

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“10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem
ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados
por profissional autorizado”.

Ao observarmos o item 37.18 da NR-37, é possível constatar que a NR-10 e a NR-


37 se complementam, com o objetivo de garantir ainda mais a segurança do
trabalhador em eletricidade nas plataformas marítimas.

Vejamos os seguintes itens:

“37.18.1 Aplica-se à plataforma o que dispõem os subitens deste item e a NR-10


(Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade)”.

“37.18.2.1 O trabalhador estrangeiro é considerado capacitado após a sua formação


e treinamento ministrados no exterior serem reconhecidos formalmente pelo
profissional legalmente habilitado, autorizado pela operadora da instalação”.

“37.18.4 Os trabalhadores, que executam serviços em instalações elétricas


energizadas com alta tensão, devem estar capacitados segundo o Anexo V, desta
NR”.

Observa-se que a NR-37 declara abertamente a obrigatoriedade do atendimento à


norma NR-10, onde discutimos até então sobre o planejamento e programação.

É sabido que o ramo offshore envolve pessoas de vários países, e em muitas


plataformas marítimas estrangeiras nos deparamos com profissionais de fora do
Brasil, e na maioria das vezes com posições de liderança, inclusive de elétrica, e a
NR-37 vem a complementar a necessidade de que esses profissionais também
estejam treinados nas normas brasileiras pertinentes, equalizando todo o
entendimento nos procedimentos de segurança em alta tensão nas plataformas
offshore, em especial na programação e planejamento, discutido neste tópico.

Embora a programação e o planejamento dos serviços em instalações elétricas de


alta tensão possam parecer ações repetitivas, é necessário entender que se não
seguirmos tais procedimentos não será possível iniciar as atividades, uma vez que,
é necessário saber:

• Qual a tarefa a ser executada?


• Qual será o local da instalação onde será feito o trabalho?
• Quem serão os responsáveis pela execução?
• Quais as ferramentas e materiais necessários?
• Quais serão os equipamentos de proteção requeridos?
• Quais áreas serão afetadas?
• Quais as consequências de um possível acidente?
• Quais procedimentos devem ser seguidos?
• Em quanto tempo a tarefa deve ser executada?

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Estes são apenas alguns questionamentos existentes que precedem um
planejamento e programação de uma atividade, em especial os serviços elétricos em
alta tensão. Pode-se afirmar que a programação e o planejamento são
representados pela definição de um conjunto de etapas para execução da atividade,
dentro do período estimado.

Figura 4: Planejar a atividade

É importante ressaltar que:

• Todo trabalho em instalações elétricas de alta tensão e no SEP somente


pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local,
assinada pelos responsáveis da área.

• A organização do trabalho requer o envolvimento direto do supervisor


imediato do trabalho, o mesmo, junto à equipe, deve realizar uma avaliação
prévia, planejando todas as atividades e ações aplicáveis ao serviço.

• As ações técnicas devem ser estudadas e desenvolvidas de forma a atender


os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em
instalações elétricas, aplicáveis à atividade em questão.

Conforme já foi dito, a organização do trabalho ajuda a ter uma pré-visualização das
atividades. Os seguintes questionamentos podem nortear a elaboração do
planejamento:

• Como realizar as atividades da maneira mais simples possível, evitando


complicações e exageros;
• Pensar na maneira mais economicamente viável de realizar a tarefa;
• Pensar na maneira menos cansativa de realizar a atividade;
• Pensar no procedimento mais rápido para a execução da atividade;

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• Pensar no método de trabalho que seja de melhor qualidade e com resultado
confiável;
• Pensar na maneira mais segura de realizar a atividades;
• Pensar na forma mais sustentável para a realização das atividades, não
prejudicando meio ambiente, populações etc.

Figura 5: Todos os envolvidos nas atividades contribuem na organização do trabalho.

Líderes e subordinados na plataforma devem, neste momento, apresentar um


pensamento coeso, homogêneo e integrado, demonstrando completa integração e
engajamento à tarefa, o que resultará em considerável redução de susceptibilidade à
erros, exposição à riscos operacionais e riscos de segurança.

Consequentemente, o sucesso da atividade será um resultado mais confiável, no


quesito segurança, uma vez que, dentro do planejamento, até mesmo a possível
gestão de mudanças para cenários fora do “normal” já foi previamente estudada no
planejamento da atividade.

Neste contexto, onde tempos atividades de alto risco, principalmente em caso de


necessidade de ações de primeiros socorros e transporte de possíveis vítimas de
acidentes, o que se torna muito mais complexo, uma vez que as instalações estão à
quilômetros da costa brasileira, os profissionais estarão muito mais envolvidos com a
execução mais precisa e segura da atividade.

Abaixo, seguem alguns modelos de planejamento que favorecem a execução de


atividades:

• Listas de checagem de tarefas (checklists, lembretes);


• Metas de atividades;
• Decisões baseadas em princípios, visando satisfazer necessidades humanas
universais;
• Respeitar as leis naturais de causa e efeito;
• Priorizar o importante em detrimento do urgente;
• Prioridades e controles (planejamento de processos); e,
• Prioridades e princípios (planejamento corporativo).

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Alguns exemplos de intervenções e serviços em instalações elétricas de alta tensão,
em especial em unidades marítimas:

• Manobras de desenergização / energização;


• Investigação de falhas em componentes de cubículos e painéis, para
descobrir falhas de operação em coordenação e seletividade;
• Substituição de componentes elétricos e isoladores;
• Comissionamento de máquinas, geradores, e outros equipamentos elétricos;
• Testes de partida de motores, geradores e transformadores de potência;

Figura 6: Exemplo de atividade offshore – teste de disjuntores em painel elétrico de AT

É visto que, no setor elétrico, a maior motivação de acidentes não está relacionada a
atos inseguros por parte dos profissionais, mas sim, devido a uma série de falhas de
planejamento e supervisão.

Focando na atividade offshore, a programação e planejamento dos serviços elétricos


a bordo das unidades marítimas é feito seguindo determinados padrões que, apesar
de apresentarem alguma forma diferente na execução, dependendo da empresa,
apresentam objetivos comum:

- Garantir a segurança do trabalhador;


- Garantir a integridade dos ativos da empresa;
- Garantir que as normas e regulamentos sejam atendidos;
- Garantir a não interrupção do processo produtivo da plataforma.

Pode-se dizer que o processo de planejar e programar as atividades nas unidades


marítimas já é um processo maduro, com padrões muito bem implantados e
praticados pelas diversas empresas do setor, no caso de atividades elétricas temos
diferentes situações que exigem a intervenção e, consequentemente, o processo de
planejamento e programação:

Figura 7: A medição de resistência de isolação elétrica em cabos de energia nas plataformas é rotineira e importante.

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Intervenções preventivas e preditivas:

Quando comparada à uma planta industrial onshore, uma plataforma marítima é


considerada uma instalação “pequena”, porém, engana-se quem crê ser uma
unidade fácil de se manutenir, na verdade, devido à complexidade do processo, ao
ambiente em que a unidade está instalada e o custo dos ativos nesse setor, os
serviços nas plataformas se torna tão complexo e importante quanto em outros tipos
de instalações industriais.

A figura abaixo exemplifica a diversidade da aplicação da eletricidade em uma


plataforma de petróleo. Observa-se sua aplicação em sistemas de comunicação,
movimentação de fluidos, troca de calor em processos, etc.

Figura 8: Utilização da eletricidade em plataformas offshore

No caso dos serviços em eletricidade isso não foge a regra, pois cada unidade
marítima representa uma instalação a qual forma um ciclo completo de geração,
distribuição, e consumo da energia, muitas vezes até alimentando outras unidades
próximas por meio de cabos de potência submarino.

Todo trabalho em instalações elétricas de alta


tensão e no SEP somente pode ser realizado
Importante mediante ordem de serviço específica para
data e local, assinada pelos responsáveis da
área.

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A figura a seguir mostra os níveis usuais de tensão encontrados nas unidades
offshore:

Figura 9: Níveis de tensão normalmente praticados em uma plataforma

A figura abaixo apresenta um lay-out comum nas plataformas marítimas, e mostra a


robustez dos projetos desenvolvidos. Comumente nas plataformas, há o sistema de
geração principal, onde dois ou três turbo geradores ficam em operação e um outro
em standby, além desses mais um ou dois geradores de emergência, e, finalizando
a disponibilidade de energia, tem-se de dois a 4 bancos de energia ininterrupta
(UPS’s).

Figura 10: Exemplo de um circuito de geração de uma plataforma

As intervenções preventivas e preditivas nas instalações elétricas das unidades


marítimas seguem, na maioria das empresas, um programa sólido de gestão de
manutenção, onde periodicamente são executados testes e medições elétricas por
meio de ordens de serviços geradas pelo sistema de manutenção.

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Cada atividade gerada irá demandar o planejamento e programação dessa
atividade, na maioria das vezes, um dia antes da execução da atividade há uma
reunião de planejamento, onde supervisores, coordenadores, prestadores de
serviços terceirizados, gerentes e até engenheiros de base são envolvidos, para que
a atividade seja executada dentro dos padrões de segurança estabelecidos.
Podemos citar como exemplo dessas atividades:

Teste de resistência de isolação de cabos elétricos e megagem de motores


offshore:

O planejamento dessa atividade irá envolver questões como:

- O motor ou o condutor elétrico está instalado em uma área classificada?

- Será necessário envolver outros profissionais como técnico de segurança e


prestadores de serviços contratados, como eletricistas escaladores, no caso de
trabalho em altura?

- O motor a ser “megado” é um dos geradores da plataforma? (Neste caso


envolverá todo um planejamento de desenergização do gerador, execução do
serviço e reenergização do gerador, sincronizando o mesmo com a geração da
plataforma).

Figura 11: Equipe offshore iniciando intervenção em gerador elétrico

É comum também, haver a necessidade de intervenções corretivas, o que na


maioria das vezes é uma ação “urgente”, demandando um planejamento e
programação que irá envolver líderes de diferentes áreas da plataforma,
dependendo do equipamento que será manutenido, como por exemplo:

Substituição de motor elétrico do sistema de injeção de água de uma


plataforma de produção

Neste caso, o planejamento da troca do motor envolverá:

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- O responsável pela equipe de manutenção da plataforma, normalmente o
coordenador de manutenção;

- O supervisor de elétrica e sua equipe, pois executará a desenergização do


circuito que alimenta o motor, o qual opera normalmente na faixa de 13,8 kV,
posteriormente, testes padrões e reenergização do circuito;

- A equipe de produção da plataforma, pois a paralização ou remanejamento da


injeção de água influencia diretamente na produção da plataforma;

- A equipe de automação, pois possivelmente algum sensor ou sistema de


intertravamento deverá ser “by-passado” no sistema;

- A equipe de instrumentação, pois será necessário a reinstalação de


instrumentos no sensor;

- A equipe de mecânica, pois será necessário movimentar o motor, instalar


mancais e selos, conectar à bomba, executar alinhamentos mecânicos, etc.

Enfim, esses são alguns exemplos os quais podemos demonstrar o quão importante
é o planejamento das atividades, sem o qual é possível, porém com elevado riscos
de acidentes.

1.3 MÉTODOS DE TRABALHO E PROCEDIMENTOS

Os métodos de trabalho e seus procedimentos são atividades primordiais para a


padronização de cada atividade operacional. São desenvolvidos por profissionais
qualificados e habilitados, que ao desenvolverem tais métodos e procedimentos
relacionados aos riscos presentes, garantindo, então, a segurança do profissional.

Conforme o subitem 10.7.6 da NR-10:

“Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser


realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por
profissional autorizado”.

O que diz a NR-10 a respeito dos métodos e procedimentos:

10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO

10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados


em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados,
com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por
profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de


serviço específicas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo,

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o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem
adotados.

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo


de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições
gerais, medidas de controle e orientações finais.

10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a


autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo o
processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, quando houver.

Sob o ponto de vista prático, podemos afirmar que o procedimento de trabalho nada
mais é do que a sequência da atividade à ser realizada, é o passo a passo de uma
tarefa descrito sob determinadas condições, onde deve-se obedecer uma sequência
de ações, utilização de ferramentas e equipamentos, e ainda, o que não pode ser
feito ou o que irá sinalizar a paralização imediata de tal atividade.

Conforme já foi mencionado, a NR-37 declara a condição de atendimento ao que é


disposto na NR-10. Vejamos então, como complemento aos métodos de trabalho e
procedimentos, os seguintes itens da NR-10:

“10.6.2. Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser


realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas
no Anexo II. (Alterado pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril de 2016)”.

“10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem


ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados
por profissional autorizado”.

“10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo


de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais,
medidas de controle e orientações finais”.

Observa-se que os itens da NR-10 citados tratam claramente de procedimentos de


trabalho, consolidando a mensagem da NR-10, cujo objetivo é a consolidação da
necessidade e obrigatoriedade de haver planejamento e programação das
atividades, e a NR-37 direciona com objetividade, essas condições pré-
determinastes para a execução do trabalho em alta tensão nas plataformas offshore.

Pode-se descrever que os procedimentos devem obedecer às seguintes condições:

• Devem ser específicos, possuir um padrão próprio e a descrição detalhada de


cada passo da tarefa, com as instruções de segurança e a sequência lógica
de execução.

.
20
• Devem apresentar, no mínimo, o objetivo da tarefa, o campo de aplicação, a
bas técnica, competências, responsabilidades, as medidas de controle
existentes, disposições gerais e orientações finais.

• Quando necessário, haver participação do SESMT;

• Ser elaborado e assinado por um profissional autorizado.

Ressalta-se ainda a obrigatoriedade de que os procedimentos sejam redigidos no


idioma Português, ou, caso esteja em outra língua, tenha uma cópia em português,
onde toda a força de trabalho envolvida tenha claro entendimento, e ao mesmo
tempo, possa ser divulgado e seguido.

O procedimento de trabalho é ainda, um documento oficial, técnico e legal, de


relevante importância, onde o mesmo deve ser mantido e organizado no prontuário
da unidade e, deve estar disponível para os trabalhadores, auditores, e gestores das
instalações elétricas da unidade marítima.

Normalmente esses procedimentos são desenvolvidos por grupos multidisciplinares


com vasta experiência na área, sendo de fundamental importância que os
procedimentos e os métodos de trabalho desenvolvidos para atividades em alta
tensão em plataformas de petróleo sejam estritamente cumpridos, tendo em vista
que, o seu não cumprimento aumenta consideravelmente os riscos de acidentes aos
trabalhadores e gera grandes prejuízos não só às empresas como também às
famílias das pessoas atingidas.

Os métodos de trabalho se caracterizam pelos seguintes princípios:

• Procedimentos padronizados;
• Controle de riscos;
• Firme comportamento ético;
• Treinamento específico por todos os profissionais envolvidos.

Algumas normas e procedimentos internacionais relacionados às atividades em alta


tensão no setor offshore:

• IMCA – Procedimentos de Segurança para Trabalhar em Equipamentos de


Alta Tensão ROV (Acima de 1kV).
• IEC 614892 – Unidades Offshore Móveis e Fixas – Instalações elétricas.

As características acima descritas são fundamentais para uma correta e segura


execução das atividades envolvendo serviços com eletricidade, garantindo a
integridade de seres humanos e de equipamentos. Deve-se sempre realizar todos os
procedimentos de forma rigorosa, observando todos os controles de riscos.

.
21
1.3.1 Métodos de Trabalho e Procedimentos em Equipe

Nas unidades offshore, os métodos de trabalho e os procedimentos em equipes


podem variar em formato, de uma empresa para outra, porém, como foi dito, é
determinante que a empresa possua padrões e os mesmos estejam no seu PIE, que
os mesmos sejam claros, entendíveis e acessíveis por todos na empresa.

O subitem 10.11.2 da NR-10 trata da questão relacionada à ordem de serviço, e é


exatamente a partir deste ponto que se apresenta o formato e a metodologia de
trabalho offshore:

“10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de


serviço especificas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o
tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem
adotados”.

Em toda plataforma offshore haverá a necessidade de emissão de Ordem de


Serviço para a liberação da atividade, a liberação é concedida a partir de uma
autorização da coordenação.

Figura 12: Exemplo de uma Ordem de Serviço

.
22
A ordem de serviço é um documento que irá garantir ao profissional a condição legal
para execução das atividades, nela irão constar informações como data, local de
execução da atividade, o título e as referências aos procedimentos de trabalho,
nomes dos técnicos envolvidos e, quando aplicável, a análise preliminar de risco.

1.3.2 Comunicação e Sinalização nas atividades em equipes offshore

A comunicação nas atividades nas plataformas offshore apresentam peculiaridades,


é fato que uma boa comunicação em atividades de risco na indústria em geral é fator
crucial para a garantia da segurança na execução do trabalho, no caso de
plataformas de petróleo, ela se torna tão importante quanto, em especial nas
atividades em alta tensão, uma vez que temos várias operações ocorrendo ao
mesmo tempo em uma planta de alto risco, principalmente em unidades produtivas
como FPSOs, Semissubmersiveis, plataformas de gás e unidades de serviços como
sondas de perfuração.

Podemos entender a comunicação entre as equipes das seguintes formas:

• Escrita;
• Oral;
• Visual.

O subitem 10.11.3 da NR-10 representa claramente a forma escrita:

“10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo


de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais,
medidas de controle e orientações finais”.

.
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Figura 13: Exemplo de um procedimento vinculado à uma OM.

Destaca-se três pontos neste subitem:

OBJETIVO: É a informação por escrito de qual será a atividade, o que é pretendido


executar.

CAMPO DE APLICAÇÃO: É a forma como a atividade será delimitada, é a forma de


comunicação por escrito de quais são os limites de aplicação da atividade objetivo,
de forma clara e direta, entendível para todos da equipe.

BASE TÉCNICA: É a fundamentação científica da atividade, com base técnica,


onde a equipe envolvida é informada sobre as características técnicas do
equipamento ou instalação a ser trabalhado.

COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES: Indicação das atribuições e das


responsabilidades em todos os níveis envolvidos.

DISPOSIÇÔES GERAIS: Distribuição organizada dos assuntos tratados no


documento.

.
24
MEDIDAS DE CONTROLE: Ações estratégicas para prevenção, afim de reduzir ou
eliminar incertezas com considerável potencial de risco aos trabalhadores.

ORIENTAÇÕES FINAIS: Conjunto de observações e comentários de fechamento e


finalização do documento.

O trabalho offshore tem uma característica onde muitas vezes uma determinada
tarefa é iniciada por uma equipe e, por necessidade devido à complexidade da
operação, pode ser continuada ou finalizada por uma outra equipe, é neste ponto
que prevalece a importância e obrigação das documentações como a ordem de
serviço, pois as equipes estarão claramente informadas sobre a atividades, os riscos
envolvidos, os objetivos, e o status de cada etapa.

A sinalização visual é a forma de comunicação entre as equipes com o objetivo de


advertência, é aplicada de forma temporária ou fixa nas instalações.

Figura 14: Exemplo de sinalização visual

A comunicação oral entre as equipes é a forma mais aplicável no dia a dia, porém, é
também a forma mais susceptível a falhas, é sabido que muitos acidentes e
incidentes nas unidades marítimas foi oriunda de uma falha de comunicação oral.
Muito se tem trabalhado nas unidades marítimas para diminuir esses índices,
especialmente neste setor onde se tem uma elevada participação de pessoas de
diferentes línguas.

Exemplo de um procedimento elétrico em um sistema de alta tensão de uma


plataforma:

Teste de gerador de emergência

Normalmente, os geradores de de emergência de uma plataforma possuem uma


potência um pouco menor que os geradores principais, porém geram energia na
mesma faixa de tensão, que em geral é de 13,8 kV, podendo mudar de uma
plataforma para outra.

.
25
Figura 15: Gerador de emergência Caterpillar

O teste do gerador de emergência deve ser executado periodicamente, de forma a


garantir a sua disponibilidade quando necessário, e, identificar e reparar qualquer
defeito ou falha, antecipadamente.

Para a execução do teste do gerador de emergência, segue-se em geral, o seguinte


procedimento:

• Comunicar a execução do teste aos líderes das áreas envolvidas;


• Colocar a atividade em programação;
• Executar checklist padrão de segurança, executando análise de risco quando
aplicável;
• Abrir Permissão de Trabalho para execução da atividade (documento padrão
para execução de serviços, onde são descritas as atividades, os profissionais
e os riscos envolvidos);
• Selecionar todas as ferramentas e EPIs necessários, certificando as validades
e integridade dos mesmos;
• Executar a atividade seguindo o procedimento técnico da unidade em
particular;
• Aprovar ou não o teste, dependendo dos resultados;
• Fechar a Permissão de trabalho;
• Comunicar aos envolvidos o final da execução da atividade;

.
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A ordem de serviço é um documento que irá
garantir ao profissional a condição legal para
execução das atividades, nela irão constar
informações como data, local de execução da
Importante atividade, o título e as referências aos
procedimentos de trabalho, nomes dos
técnicos envolvidos e, quando aplicável, a
análise preliminar de risco.

1.4 CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS

As condições e pré-requisitos para execução de serviços em instalações elétricas


em alta tensão foram bem discutidos até aqui, porém, é necessário entender quais
são as condições que impedem a execução do trabalho. O ponto principal é,
novamente, garantir a segurança de todos os profissionais envolvidos, garantindo
que todas as condições e ações previamente planejadas e estabelecidas em
procedimentos e normas sejam executadas com segurança.

O que diz a NR10 a respeito das condições impeditivas?

10.6 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS

10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem


ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os
trabalhadores em perigo.

10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades


quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou
neutralização imediata não seja possível

10.7 - TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como


aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser
realizados individualmente

10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como


aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem
de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela
área

.
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10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem
ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e
assinados por profissional autorizado.

10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos


limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo II desta NR, somente
pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio,
dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou
equipamento. (Alterado pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril de 2016)

10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com


identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho
específico padronizado.

10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como


aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que
permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com
o centro de operação durante a realização do serviço

10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS

10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de


recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para
sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o
fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis.

Há alguns anos atrás o trabalhador da área de elétrica ainda se sentia acuado


quanto à questão de intervir em alguma operação, paralisando-a em caso de
visualização de perigo, porém, já podemos ver hoje em dia que as empresas e suas
posições de liderança estão fortemente engajadas nas ações de segurança e na
promoção das ações preventivas por parte de todos dentro da empresa,
independentemente da posição hierárquica.

Acesso e manutenção: Para instalações elétricas acima de 120V contínua ou 50V


alternada, somente podem ser realizadas atividades por profissionais devidamente
habilitados, qualificados, capacitados e autorizados. Sendo que a norma define cada
item da seguinte maneira:

10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de


curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.

10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador


previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.

10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes


condições, simultaneamente:

.
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a. Receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional
habilitado e autorizado; e

b. Trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.

10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou


capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa.

Documentação: A falta do prontuário parcial ou total dos estabelecimentos com


carga superior a 75KW é uma condição impeditiva aos trabalhos com eletricidade.

Equipe: Toda atividade em Alta Tensão deve ser realizada em, no mínimo, duas
pessoas. Jamais se deve realizar atividades com eletricidade individualmente, isso
se estende para as plataformas de petróleo.

Ordem de Serviço: Todo serviço envolvendo instalações elétricas em alta tensão,


só pode ser realizado mediante ordem de serviço com dados de data e local e
devidamente assinada por superior responsável pela área.

Comunicação e Equipamentos de Proteção: Assim como toda atividade em Alta


Tensão os profissionais devem possuir e utilizar equipamentos para se comunicarem
de maneira clara, também devem possuir equipamentos de proteção individual e
coletiva em bom estado de conservação, devidamente testados, certificados e
dentro da validade de uso.

Condições Pessoais: Situações comportamentais de indivíduos que irão executar


as atividades, devem ser vistas pelos companheiros de trabalho e posteriormente,
este deve ser afastado das atividades. Isso se dá devido ao risco a que uma pessoa
com situação psicológica adversa está exposta. Além, é claro, de expos os
companheiros ao mesmo risco.

Proteção contra explosão e incêndio e equipamentos de resgate: As áreas onde


existam equipamentos elétricos, devem ser dotadas de proteção contra incêndio e
explosão, bem como equipamentos como o bastão de resgate, Caso contrário, não
será possível realizar as atividades.

Sinalização e segurança: As instalações elétricas de alta tensão devem possuir


sinalizações claras a respeito dos riscos, descrição completa e clara dos
equipamentos, saídas de emergência e rotas de fuga.

Condições impeditivas dos equipamentos: Estabelecer procedimentos operativos


para os equipamentos que virão a ser manutenidos. Os equipamentos que serão
manutenidos deverão ser devidamente bloqueados e seu funcionamento deverá ser
restringido.

Assim como é muito importante entender os procedimentos e métodos para a


execução das atividades em alta tensão serviços elétricos em geral nas plataformas

.
29
offshore, vimos também que é importante saber quais as condições que impedem a
execução do trabalho.

Em geral, as empresas offshore vem adotando formas de atender essas condições


impeditivas descritas na norma criando procedimentos internos e padronizando a
sua execução, podendo citar como exemplo:

CRIAÇÃO DE CARTEIRA DE NR-10: Para a emissão dessa carteira, o PLH


(Profissional Legalmente Habilitado) responsável pelo prontuário da instalação, irá
assegurar que o profissional (ou a empresa do profissional contratado) forneceu
todos os comprovantes e certificados necessários para a execução da sua função,
esses documentos serão inseridos no prontuário e uma carteira identificando o
profissional será emitida para o responsável da plataforma, essa carteira terá a
mesma validade do treinamento em NR-10 do profissional, sendo que, para a
emissão de uma nova carteira, o profissional deverá passar por todos os
treinamentos de reciclagem necessários, caso contrário, o profissional ficará
impedido de executar serviços elétricos na unidade.

Figura 15: Exemplo de uma carteirinha de NR-10 emitida em uma plataforma

NECESSIDADE DE LIBERAÇÃO DO GERENTE DA PLATAFORMA PARA


DETERMINADAS INTERVENÇÕES: Já é padrão, em algumas unidades offshore, a
necessidade de autorização formal do gerente da plataforma para intervir em alguma
instalação ou equipamento de alta tensão, o gerente irá liberar a intervenção

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somente quando apresentado determinados documentos como planejamento,
análise de riscos, análise de causa e efeito, certificados, etc.

Essas são algumas condições e padrões conhecidos para impedir ou não a


intervenção em alta tensão nas unidades offshore, muitas vezes a discussão
envolverá até mesmo gestores de terra (gerentes das unidades que operam de base
onshore), dependendo da complexibilidade e da gravidade do risco envolvido.

.
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