Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Superintendente de Profissionalização
Leandra Adriano de Assis
Equipe Técnica
Angélica Cristina Pereira Schmidt
Katia Aline Forville de Andrade Oliveira
Leusimar Lourenço de Abreu Santos
Paulo André dos Santos
Samuel de Oliveira e Silva Malafaia
Selva Oliveira de Araújo Almeida
Normalização
Leusimar Lourenço de Abreu Santos
Comitê Editorial
Jacqueline Bezerra Cunha
Katia Aline Forville de Andrade Oliveira
Maria Antônia Gomes
Selva Oliveira de Araújo Almeida
Diagramação
Marcos Digues
Editor
Paulo André dos Santos
Notas do Editor
Para baixar o PDF da Revista de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica a partir do seu smartphone ou tablet, acesse o
endereço https://ibraceds.org.br/revistaeletronica.
R349
ReDIT Revista de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica / Colégios Tecnológicos do Estado de Goiás; Escolas do Futuro do
Estado de Goiás, v. 2, n. 1 (2021). – Goiânia: IBRACEDS, 2021. [On-line].
ISSN 2675-553X
Anual.
Resumos em português e inglês.
Endereço eletrônico: https://ibraceds.org.br/revista/redit/
1. Inteligência Artificial. 2. Setor Produtivo – Desafios. 3. Saúde –Fitoterapia. 4. Informação – Comunicação. 5. Educação – Cultura. I.
Colégios Tecnológicos do Estado de Goiás. II. Escolas do Futuro do Estado de Goiás. III. Instituto Brasileiro de Cultura Educação Desporto e
Saúde (IBRACEDS). III. Título ReDIT.
CDD: 377.36
2 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 2 - 166, 2021
SUMÁRIO
EDITORIAL 4
PONTO DE VISTA
RESENHA
PROFESSOR CONVIDADO
APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA IDENTIFICAÇÃO DE CONEXÕES PELO FATO E TESE JURÍDICA NAS PETIÇÕES INICIAIS E INTEGRAÇÃO COM O SISTEMA 10
DE PROCESSO ELETRÔNICO
Antônio Pires de Castro Júnior, Wesley Pacheco Calixto, Cláudio Henrique Araujo de Castro
ARTIGO
LEVANTAMENTO PARTICIPATIVO JUNTO AOS AGRICULTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO-GO SOBRE A PRODUÇÃO AGRÍCOLA 20
LOCAL
João Gomes de Oliveira Neto, José Raimundo Luduvico de Sousa, Leandro Nery Fernandes, Alcione Martins de Moraes
A CULTURA DA MANDIOCA E A ADOÇÃO TECNOLÓGICA DO ARRANJO PRODUTIVO (APL) DA MANDIOCULTURA DA REGIÃO INTEGRADA DO DISTRITO FEDERAL E 29
ENTORNO (RIDE) E NORDESTE GOIANO
Priscilla Gomes de Freitas Santos, Jesiel Campos, Welles Pimentel, Leticia Pereira Gomes
GERENCIAMENTO DA CADEIA LOGÍSTICA E SUAS PARTICULARIDADES NAS ATIVIDADES DA FEIRA COBERTA DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO- 33
GO
Dionisio Francisco Pereira, João Gomes de Oliveira Neto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL POR MEIO DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: AVALIAÇÃO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CONFECÇÃO DE CATALÃO 45
VINCULADO A REDE COTEC, GOIÁS, BRASIL
Douglas Araújo Falcão
O USO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS PARA COMBATER OS EFEITOS CAUSADOS PELA COVID-19 61
Alcione Martins de Moraes, João Gomes de Oliveira Neto
ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE PRIVACIDADE E ARMAZENAMENTO DE DADOS NAS REDES SOCIAIS FACEBOOK E INSTAGRAM 94
Francinei França Machado, Fábio Barbosa Rodrigues
RELATO DE EXPERIÊNCIA
RELATO DE EXPERIÊNCIA: O DESAFIO DO EDUCADOR NO MODELO DE AULAS NÃO PRESENCIAIS NA REDE COTEC, ANÁPOLIS, GOIÁS, BRASIL 106
Túlio Natalino de Matos, Severina do Carmo da Silva Matos, Douglas Araújo Falcão
PRÁTICAS EDUCACIONAIS: UM RECORTE HISTÓRICO DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE E A 4ª GERAÇÃO DO ENSINO NO BRASIL 113
Daniela Machado Caldeira
HACKATHON, UMA VIVÊNCIA METODOLÓGICA PARA A IMPLANTAÇÃO DE CULTURA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 116
RESUMO EXPANDIDO
TCC
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE ESTOQUE EM UMA EMPRESA DE PRODUTOS AGRÍCOLAS DE CRISTALINA-GO: ESTUDO DE CASO 129
Girlande Suelen Almeida da Silva, Joyce Cardoso da Silva, Diego Everaldo F. Alves
LOGÍSTICA REVERSA: APLICAÇÃO DA LOGISTICA REVERSA NUM CONTEXTO ECONOMICO SOCIAL 139
Jaqueline de Oliveira Galvão, Juliana Gonçalves de Oliveira, Mariana do Rosário Marques, Tainara do Couto Borges, Diego Everaldo F. Alves
DICA DO PROFESSOR
TUTORIAL
TUTORIAL CANVAS –MANUAL DE UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA CANVAS SIMPLIFICANDO PARA PROFESSORES 152
Cleicia Lima da Silva
TUTORIAL STREAMYARD: MANUAL DE UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA PARA HOSTERS, ESTRUTURANDO, CONFIGURANDO E TRANSMITINDO EVENTOS PELO YOUTUBE 158
Samuel de Oliveira e Silva Malafaia
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 3 - 166, 2021 3
EDITORIAL
1
Nessa segunda edição buscamos evidenciar o pano- estabelecida através das cooperativas e associações locais.
rama de crescimento dos setores produtivos, onde tem Nesse contexto o Presidente da Coopermel aborda nessa
prevalecido a força e a coragem para seguir em frente edição os avanços e os desafios dos setores produtivos, e
mesmo diante de notícias tristes devido as mortes ocorri- aponta o diferencial que são as potencialidades regional.
das, consequência da COVID 19. O fato é que momentos Destacamos que muitos outros setores produtivos
de crise e desalento são propícios para que todos se rein- precisam desse olhar mais próximo, principalmente os
ventem buscando amenizar o sofrimento e a angústia. O instalados nas regiões carentes cujos IDHM estão entre
cenário de incertezas não abateu os APLs e os produtores os mais baixos do País, é fundamental que se propicie me-
que fazem parte desses conglomerados, o testemunha- lhores condições para os produtores e que se aumente os
do foi a união em torno de produzir para não permitir o investimentos em equipamentos e em pesquisas aplicadas
desmoronar diante da pandemia, evitando-se assim uma e vocacionadas para o atendimento aos produtos oriun-
estagnação grave também no setor econômico. dos dessas regiões.
O Ano de 2020 encerrou contabilizando números Por fim, é consenso em todos os setores que operam
animadores para o setor lácteo brasileiro, apesar do mun- para impulsionar o desenvolvimento regional, que o
do ter vivido um clima de inibição econômica para todo o maior investimento, o que atuará significativamente para
setor produtivo. Segundo dados da EMBRAPA(1), os va- atenuar as diferenças, sejam elas sociais e/ou econômicas
lores dos preços pagos para o produtor pelo litro de leite é a Educação para o trabalho, ou seja, a formação pro-
subiu 53% em relação ao ano de 2019. Por tanto, 2021 ini- fissional. Partindo dessa premissa, esse periódico tem o
ciou num clima estimulante e propício para investimen- propósito de apresentar estudos, experiências, vivências e
tos nesse setor. Porém precisamos entender que nem tudo práticas empreendidas, e como resultado aduzimos nessa
sucede em ambiente favorável, é necessário considerar as edição assuntos que foram temas em 2020 e continuam
adversidades regionais do Brasil, principalmente nas re- em pauta em 2021. Assim salientamos os eixos que mais
giões subdesenvolvidas, onde criador luta para aumentar se despontaram para a elaboração desse periódico: Inteli-
a produção do gado, melhorar a qualidade do leite, e esse, gência Artificial, Setor Produtivo e Desafios, Saúde e Fito-
consiga ser competitivo. A realidade, no entanto, é dura terapia, Informação e Comunicação, Educação e Cultura.
para os que atuam em regiões menos favorecidas, caren- A edição aqui discorrida foi pensada, elaborada e edi-
tes de investimentos, de infraestrutura, influenciando na tada por uma equipe multiprofissional, que contou com a
diversidade e qualidade do produto, consequentemente participação de discentes, docentes, consultores, especialis-
na contabilização de resultados promissores. tas e técnicos, entre outros de apoio administrativo. Agra-
Na Coluna PONTO DE VISTA, o Professor Albenones decemos a todos os que participaram de maneira direta e
explica que para mudar o quadro do Norte do Estado de indireta na construção de mais uma edição desse periódico,
Goiás, região essa que abriga um número grande de produ- em especial a comissão e a equipe editorial que se desdobrou
tores da pecuária leiteira no estado (reconhecidamente um para finalização em tempo record desse número. Espera-
gigante no setor lácteo) é necessário investir nas condições mos que apreciem os textos aqui comentados e que os as-
que favoreçam a melhoria da qualidade do leite e aumen- suntos abordados sejam propulsores de reflexão e mudança.
to da produção, quais sejam: - investir na qualificação dos
profissionais que atuam no setor - formação profissional Boa leitura!
técnica; - aumento de investimentos do poder público na
infraestrutura das rodovias, e em equipamentos com a Selva Oliveira de Araújo Almeida
conceção para as cooperativas e associações (entidades que
abrigam os pequenos produtores - assentados e produtores Selva Oliveira de Araújo Almeida
familiares), além de investir para melhorar a sanidade do
é graduada em Pedagogia pela PU-
gado, fatores esses que atuarão para garantir uma melhor
qualidade do leite, diversidade de produtos e também na C-GO. É superintendente de desen-
competitividade do rebanho bovino do norte goiano. volvimento e inovação da Associa-
No relato de experiências, os resultados do projeto pi- ção IBRACEDS. Tem experiência
loto que está sendo executado com produtores que fazem em Gestão de Instituição de Ensino,
parte do APL Lácteo das Águas Emendadas, que concentra Coordenação de Curso de Gradua-
sua atuação na região nordeste do estado é animador, isso ção, Pedagógica, Acadêmica, em
em razão do engajamento desses produtores e do empenho Docência no Ensino Superior e na
das instituições parceiras que conduzem o trabalho: MCTI Formação de Professores, na área de
/ UFG / IBRACEDS e o COTEC CDA (Formosa). Comunicação, atuando principal-
Ainda sobre o Norte Goiano, essa região tem despon- mente nos seguintes temas: compe-
tando também no setor apiário, devido ao brilhante tra-
tência profissional, aprendizagem,
balho desenvolvido pela governança do APL do Mel do
Norte, do comprometimento dos produtores, e da força competência, habilidades e capacidades.
1 https://www.revistarural.com.br/2020/12/17/setor-lacteo-encerra-2020-com-
4 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 4 - 166, 2021
PONTO DE VISTA
Considerado um produto nobre por ser rico em nutrien- A granelização – captação de leite refrigerado em cami-
tes como proteínas, sais minerais, carboidratos e vitami- nhões tanques - encontra-se completamente consolidada
nas, principalmente do complexo B, o leite possui amplo no sistema de Cooperativas e grandes Empresas. Em ní-
consumo em todas as camadas sociais da população ao vel de Associações, em geral, existe um tanque de refrige-
redor do mundo. ração coletivo no qual os produtores armazenam o leite
Apresenta um caráter social importante, uma vez que para posterior coleta pelas Cooperativas ou pelas Empre-
pode ser a única fonte de renda mensal do produtor ru- sas de laticínios.
ral, tanto daquele que se encontra em assentamentos, A COOPERNORTE, com sede no município de Poran-
geralmente partícipe de Associações, como do produtor gatu - Goiás, por intermédio de seu Presidente Weliton
individual autônomo, às vezes, partícipe de Cooperativas. Ferreira de Moraes nos informa que ela nasceu no âmbito
O rebanho bovino leiteiro da região norte de Goiás é do Sindicato Rural de Porangatu, com propósito social e
constituído, principalmente por vacas meio sague Ho- visando a proteção do produtor de leite. A Cooperativa
landês x Gir ou Holandês x Nelore, possuindo, portanto, conta atualmente com, aproximadamente, 65 cooperados
baixa produção – média de 5 a 8 litros – e baixa persis- e capta em torno de 300.000 litros de leite/mês que co-
tência de lactação, ou seja, produzem leite poucos meses mercializa com Empresas privadas, outras Cooperativas
durante a lactação. e Cooperativas locais melhor estruturadas como a COO-
O sistema de criação das vacas leiteiras é predominante- PRCAMPI sediada no município de Campinorte – Goiás,
mente a pasto no período de chuvas, com suplementação que capta em torno de 1.000.000 de litros de leite/mês.
no período de seca. A produção de silagem destinada a O Presidente Weliton destacou a importância da parceria
alimentação do rebanho ainda é pequena. com o COTEC com o objetivo de, em comodato, alocar
Do ponto de vista da sanidade da glândula mamária e do 15 tanques de refrigeração de leite na Região, que se en-
rebanho, por não se tratar de animais especializados na contram principalmente nas Associações dos assenta-
produção de leite, em geral, não se observa grandes óbi- mentos rurais. A refrigeração do leite constitui um prin-
ces. cípio básico da conservação de sua qualidade.
O sistema de ordenha manual é predominante na Região, A Cooperativa ainda não conta com área física de cons-
no entanto, a ordenha mecanizada tem ganhado espaço trução civil própria e, por conseguinte, nem com Serviço
nesse importante setor produtivo. Existem produtores de Oficial de Fiscalização. No entanto, possui uma estrutura
15 litros de leite/dia e aqueles que produzem 3.000 litros/ mínima para captação de leite dos cooperados, de comer-
dia. cialização e de pagamento aos produtores. Atualmente,
Relativamente à qualidade, poucos estudos foram realiza- está sediada no prédio de uma coirmã, a CARPOL (Coo-
dos na região Norte, mas pode-se inferir que ações terão perativa Agropecuária Regional de Porangatu Ltda).
que ser realizadas com vistas à obtenção de um produto Dentre os obstáculos que o setor enfrenta destaca-se a
que se enquadre dentro das Normas vigentes atuais do dificuldade de comercialização do leite, uma vez que as
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – grandes Empresas de Laticínios e grandes Cooperativas
MAPA. estão localizadas a mais de 400km de distância de Poran-
Pode-se inferir também que a produção de leite na região gatu. Ressalta-se também a necessidade de investimentos
norte de Goiás ainda é incipiente, carece de investimentos públicos e/ou privados a juros compatíveis para o setor,
públicos e/ou privados, mas apresenta um grande poten- visando o financiamento de matrizes, ordenha mecani-
cial por estar localizada em uma área onde a produção zada e insumos (embrião, sêmen, ração, vacinas e medi-
de grãos cresce de maneira sustentável, assim como a in- camentos, mistura mineral, sementes, fertilizantes, além
dustrialização, resultando na geração de subprodutos que de outros). Outro obstáculo, diz respeito à qualificação
são utilizados na alimentação animal, e pode diminuir o de mão de obra, tanto em nível de produção quanto de
custo de produção. orientação técnica.
Grandes ou pequenas empresas de laticínios adquirem Em suma ao realizar uma análise da produção de leite na
a produção de leite diretamente dos produtores indivi- região norte do Estado de Goiás pode-se afirmar que:
duais, das Associações ou das Cooperativas locais.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 5 - 166, 2021 5
PONTO DE VISTA
1) O setor necessita urgentemente de investimen- 6) O setor deve se preparar também para os óbi-
tos públicos e/ou privados; ces relacionados com a sanidade da glândula
2) Há necessidade premente de qualificação (for- mamária e, consequentemente do animal.
mação) e tecnificação do setor, tanto em nível Lembrando que o úbere constitui o maior pa-
de produção quanto em nível técnico (mão de trimônio da vaca leiteira.
obra); 7) A nutrição – dietas balanceadas - das vacas
3) Há que pensar em escala de produção e profis- leiteiras e das futuras matrizes também devem
sionalização com vistas a viabilização do setor; ser consideradas, uma vez que são básicas em
4) A curto prazo urge a necessidade de captar um sistema de produção de leite.
leite de melhor qualidade em acordo com os
padrões vigentes na legislação especifica do Albenones José de Mes-
MAPA, considerando as provas físico-quími- quita é doutor em Micro-
cas (alizarol, acidez pelo método de Dornic, biologia pelo Instituto de
pH, densidade, crioscopia, extrato seco total, Ciências Biomédicas da
extrato seco desengordurado, gordura, lactose, USP, mestre em Medicina
Veterinária (Higiene Ve-
proteína, além de outras) e provas microbioló-
terinária, Processamento
gicas (contagem padrão em placas de micror- e Tecnologia de Produtos
ganismos mesófilos ou contagem bacteriana de Origem Animal) pela
total – CBT), além da contagem de células so- UFF, possui graduação em
máticas – CCS; Medicina Veterinária pela
5) Urge também a necessidade de investir em ge- UFG. É professor titular da
Universidade Federal de
nética, pensando inicialmente em um rebanho
Goiás. Foi diretor da Fun-
girolando - mais resistente e adaptado às con- dação de Apoio à Pesquisa
dições climáticas regionais de forte calor – de da UFG e diretor científico
maior produção e maior persistência de lacta- da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás
ção; - FAPEG.
6 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 6 - 166, 2021
RESENHA
Emeline Diniz
O mundo tem passado por mudanças e adaptações tec- pesquisa e mostra a importância de marcas e empresas se
nológicas aprofundadas pela pandemia causada pela Co- posicionarem corretamente no meio digital.
vid-19. E, diante das novas necessidades e novos com- Os desafios da implantação de uma marca ou empresa
portamentos, das grandes empresas e pequenos negócios no meio da tecnologia digital tornam relevante aprofun-
precisaram se reinventar. Concentrar esforços no comér- dar o conhecimento em relação aos meios e promover o
cio eletrônico e na presença digital tornou-se vital para aperfeiçoamento da equipe de gestão para acompanhar as
qualquer segmento. atualizações do mercado moldado no digital. O caminho
O momento é crucial e não se pode parar de buscar alter- é longo. A transição do presencial para o virtual é real,
nativas para driblar a crise, e ainda, procurar se destacar faz parte do mundo moderno, aumentada pelas atuais
no mercado. Neste momento, as circunstâncias reafir- circunstâncias agravadas pela crise sanitária vivida em
mam e impõem que o Marketing Digital não é mais uma todo mundo e cabe a cada segmento e empresa fazer a
opção, ele veio para ficar e agregar valor no mundo do necessária adequação.
trabalho e dos negócios.
Com o fechamento das lojas físicas e a necessidade do
distanciamento social, as compras presenciais passa-
ram a ser cada vez menos usuais e a partir daí a busca
pela compra on-line se popularizou. Um estudo feito
pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico
(ABComm), aponta que mais de 20 milhões de brasi-
leiros realizaram sua primeira compra pela internet no
ano passado. O número é expressivo e reafirma a im-
portância dos meios digitais para as grandes empresas
e pequenos negócios.
Diante das evoluções do crescimento da busca pelo digi-
tal, nota-se a necessidade de se dar os primeiros passos
rumo à tecnologia e ao mundo da inovação e mesmo que
de forma tímida é imprescindível se posicionar no mer-
cado virtual. As redes sociais tornaram-se peças funda-
mentais para este começo de caminhar. Elas possibilitam Emeline Diniz é jornalista, graduada pela Faculdade
que, de maneira gratuita e orgânica, a empresa apresente Sul-Americana, consultora de Comunicação e Marketing
seus produtos, atraia e se relacione com os atuais e futuros Digital e pós-graduanda em Comunicação e Marketing
clientes. de Conteúdos pela Universidade Católica Portuguesa de
Ao unir a linguagem informal, um bom conteúdo e a in- Lisboa.
teração social com os seguidores e clientes, a empresa/
marca terá em mãos uma poderosa ferramenta gratuita Com informações: https://wearesocial.com/digital-2020
de comunicação e publicidade que possibilitará que o seu
público conheça seu produto, se relacione e faça negócios
com a marca.
De acordo com dados divulgados pelo relatório Digital in
2021, do site We Are Social, que apresenta os mais recentes
insights sobre o mundo digital, cerca de meio bilhão de
pessoas passaram a usar as mídias sociais. Existem agora
4,2 bilhões de usuários de mídia social em todo o mundo,
o equivalente a mais de 53% da população mundial. A
busca por informações e marcas se mantém no topo da
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 7 - 166, 2021 7
RESENHA
Porangatu, quando é citada, no imaginário do goiano vem Trombas, Uruaçu, São Miguel do Araguaia, Novo Planal-
a imagem do “Nortão Goiano”. Sim, é verdade. Porangatu to e Uirapuru.
é a última cidade situada às margens da BR 153, também
conhecida pelos nomes de Rodovia Transbrasiliana e de
Rodovia Belém-Brasília. É a quinta maior rodovia do
Brasil, ligando a cidade de Marabá (PA) ao município de
Aceguá (RS), totalizando 3.585 quilômetros de extensão.
Ao longo de todo o seu percurso, a BR-153 passa pelos es-
tados do Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terminando
na Fronteira Brasil–Uruguai.
Mas Porangatu é mais do que apenas um município ser-
vido por esta importante rodovia federal em território
goiano. É a cidade da Lagoa Grande, do Poço dos Mila-
gres, da Praça Velha, da lenda de Angatú, das capivaras
que circulam livremente pelas ruas às margens da lagoa, a
capital brasileira do bezerro, a cidade da prefeita Vanuza
Valadares, e uma das maiores produtoras de mel de abe-
lhas Apis (referência à espécie Apis mellifera) de Goiás. O APL Mel do Norte sempre contou com vários parcei-
Porangatu também é a sede da Cooperativa dos Apicul- ros, Emater, Sebrae, Senar, UEG, Prefeituras Municipais,
tores e Agricultores Familiares do Norte Goiano (Coo- entre outros. Mas nos últimos quatro anos contamos com
permel), uma das maiores e a mais bem organizada coo- o apoio inconteste da OS Ibraceds - Instituto Brasileiro
perativa de apicultura e agricultura familiar de Goiás. A de Cultura, Educação, Desporto e Saúde que passou a ad-
Coopermel é benchmarking em produção de mel e em ministrar os Itegos, hoje Cotecs (Colégios Tecnológicos),
execução de políticas públicas da agricultura familiar, na região norte e nordeste do Estado de Goiás, trazen-
com destaque para o Programa de Aquisição de Alimen- do uma gestão profissional, levando a estas instituições o
tos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar planejamento estratégico identificando, pactuando e dis-
(PNAE), para outras cooperativas e associações. seminando elementos de tal forma a mobilizar a organi-
Porangatu também é a sede do Arranjo Produtivo Local zação para o alcance dos resultados propostos, tais como:
(APL) do Mel do Norte. APL é descrito pela Emater como Missão, Visão, Valores, Objetivos e Metas.
um aglomerado de agentes econômicos, políticos e sociais, E a cadeia produtiva do mel se beneficiou dessa parce-
localizados em um mesmo território, operando em ativi- ria, com cursos, treinamentos, workshops, consultorias,
dades correlacionadas e que apresentam vínculos expressi- “fortalecendo a participação da comunidade por meio de
vos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem. novos processos e instrumentos de gestão, inovações tec-
Os APLs visam trabalhar de forma sistematizada as ca- nológicas, implementação de metodologias pedagógicas
deias produtivas de produtos oriundos da atividade agro- e ampliação da qualificação da força de trabalho.”
pecuária de determinadas regiões do Estado, com foco Uma parceria de sucesso! Durante quatro anos tivemos
no planejamento, organização dos produtores rurais e contatos com grandes profissionais, pessoas comprome-
da produção. Além disso, buscam dar maior alcance aos tidas que deram o melhor de si e buscaram sempre a ex-
empreendedores familiares rurais, principalmente aque- celência. Inúmeros profissionais. Não conseguiria citar
les que estão localizados em regiões do Estado de maior todos, mas de todos não poderia deixar de mencionar o
vulnerabilidade social, que abrangem os municípios: de Presidente da instituição, Senhor Antônio Almeida, que
Amarelinha, Alto Horizonte, Bonópolis, Campinorte, infelizmente nos deixou vítima dessa pandemia dizima-
Campinaçu, Campos Verdes, Crixás, Estrela do Norte, dora de amigos, familiares e grandes profissionais.
Formoso, Porangatu, Santa Tereza de Goiás, Santa Te- O Senhor Antônio partiu, mas a instituição criada por ele
rezinha de Goiás, Montividiu do Norte, Mutunópolis, continua. Vida longa ao Ibraceds!
Mara Rosa, Minaçu, Niquelândia, Nova Iguaçu de Goiás,
8 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 8 - 166, 2021
RESENHA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 9 - 166, 2021 9
PROFESSOR CONVIDADO
1 Graduação em Ciência da Computação pela PUC/GO (1999), mestrado em Ciência da Computação pela UNICAMP (2001), doutorando na Escola
de Engenharia Elétrica e Computação da UFG, analista judiciário do TJGO desde 1997. Telefone: 62 999776786, e-mail: apcastro@tjgo.jus.br.
2 Graduação em Física, mestrado em Engenharia Elétrica e de Computação pela UFG, doutorado em Engenharia Elétrica pela UFU, com período na
Universidade de Coimbra (UC), pós-doutorado na Carleton University, Ottawa/Canadá. Telefone: 62-981726802, e-mail: wpcalixto@gmail.com.
3 Graduação em Direito pela PUC/GO, especialização em Direito Processual Civil e em Direito Civil pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas,
magistrado titular da 3a Vara Cível de Goiânia, Juiz Auxiliar da Presidência do TJGO. Telefone: 62- 999715497, e-mail: chacastro@tjgo.jus.br.
10 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 10 - 19, 2021
PROFESSOR CONVIDADO
Ora, é conhecido e notório que grande parte das petições em Números (KIM et al, 2019). Segundo esse caderno es-
iniciais nas ações judiciais em curso seguem modelos tatístico, o Judiciário no Brasil encerra 2018 com quase
disponíveis na Internet, sendo que alguns demandantes 80 milhões processos em andamento (KIM et al, 2019).
têm utilizado, inclusive, softwares de inteligência artificial A figura 1 mostra os números por segmento de justiça.
para gerá-las automaticamente.
Assim, buscar por inovações em ferramentas de apoio Figura 1 - Número de processos pendentes por ramo de
ao julgador, objetivando promover o aperfeiçoamento da justiça
gestão do conhecimento no judiciário (CASTRO; CA-
LIXTO; FRANCO, 2014) constitui-se ação importante e
premente na atualidade.
O objetivo deste artigo é apresentar e aplicar modelo de
inteligência artificial que possibilite identificar e verifi-
car se as hipóteses descritas acima são verdadeiras. Nes-
te sentido, este trabalho propõe-se apresentar método e
ferramenta tecnológica que permita minerar as petições
iniciais dos processos em tramitação identificando duas
situações: i) processos diferentes com petições iniciais
idênticas em todos os aspectos e ii) processos com o mes-
mo fato e tese jurídica. Fonte: Caderno “Justiça em Números 2019”. (KIM et al, 2019).
Ainda, caso sejam comprovadas as hipóteses, tem-se
Outro dado relevante é a série histórica dos casos pen-
também como objetivo que a ferramenta possa incluir
dentes na Justiça Estadual, percebe-se que esse número
pendências no Sistema de Processo Eletrônico, para que
não diminui com os anos (KIM et al, 2019).. Estes núme-
o julgador possa, ao tomar conhecimento das similarida-
ros são os reflexos do aumento de casos novos e dos casos
des, analisar e decidir ou julgar conforme seu entendi-
reativados (Figura 2).
mento.
Este documento contém a seguinte estrutura: Seção 2
Figura 2- Série histórica dos processos pendentes na
descreve o desenvolvimento do trabalho, contendo bre-
Justiça Estadual
ve motivação, metodologia desenvolvida e os resultados
aplicados pela ferramenta construída em ambiente de
produção. Seção 3 informa as conclusões do artigo e na
seção 4 as referências bibliográficas.
DESENVOLVIMENTO
MOTIVAÇÃO: JUSTIÇA EM NÚMEROS Visto que os estudos são aplicados na área do Direito, é
relevante informar que outras áreas do conhecimento
Uma das grandes inovações no Judiciário Brasileiro e também tem aplicado e trabalhado na classificação docu-
idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça é a apresen- mentos, como: i) medicina (ARSENE; DUMITRACHE;
tação de dados estatísticos anuais para todas as esferas da MIHU, 2011), ii) biologia (LAMY, 2017), iii) engenharia
Justiça, compilados no tradicional e reconhecido Justiça (RANI; DHAR; VYAS, 2017), iv) direito (ZHANG et. al,
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 11 - 19, 2021 11
PROFESSOR CONVIDADO
2017), v) educação (GRUBISIC; STANKOV; PERAIC, e separar os trechos nas petições iniciais em 3 (três) partes:
2013) entre outros. i) parte que conta a história geradora do fato, ii) parte que
Estudos relacionados podem ser acompanhados em: i) traz o embasamento jurídico para entrar com a ação e a iii)
CECI; GANGEMI, 2016; ii) FAWEI et.al, 2015; iii) CA- parte que o demandante/requerente/autor faz a solicitação
LAMBAS et. al, 2015; iv) ZHANG; WANG; PU, 2015; v) ao Poder Judiciário, sendo estas partes doravante denomi-
ZHANG et. al, 2017 continuam o trabalho em ZHANG; nadas: i) Fato jurídico; ii) Tese jurídica e iii) Pedido (FTP).
WANG; PU, 2015 e vi) RANI; DHAR; VYAS, 2017. Para conseguir cumprir, são aplicados dois modelos, ex-
Sabendo antecipadamente que os textos judiciais ele- cludentes entre si,
trônicos para análise e processamento são volumosos e a) Parser: software que consegue identificar e se-
em grande quantidade para o projeto em tela, ainda, que parar o inteiro teor do documento em peda-
não estão estruturados em modelos padronizados, faz-se
ços.ZO Parser é construído com palavras co-
necessário aplicar técnicas computacionais de Processa-
mento de Linguagem Natural (PLN). O PLN é área da nhecidas que permitem dividir o texto sempre
inteligência artificial que possibilita aos computadores que encontrar estas palavras comuns.
analisar, manipular e interpretar a linguagem humana. b) Redes Neurais Artificias Perceptron (RNA): As
Para que seja possível manipular o grande volume de RNA´s são utilizadas para fazerem predições
textos judiciais, objetivando criar clusters de similares, o dos trechos, frases, no inteiro teor dos docu-
método proposto pode ser entendido pelo fluxograma da
mentos.
figura 3, onde os procedimentos estão divididos em fases.
Como apresentado na figura 3, na primeira análise é utili-
zado o Parser com palavras previamente conhecidas para
Figura 3- Método proposto para identificação de
conseguir separar o FTP.
petições iniciais similares em atendimento a hipótese 2
A figura 4 demonstra alguns termos conhecidos utiliza-
dos pelo método. Caso não seja possível realizar a separa-
ção dos trechos pelo Parser, aplica-se, então, a RNA.
12 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 12 - 19, 2021
PROFESSOR CONVIDADO
to falhar. Para treinamento desta rede, foram extraídos, nham sentido semântico ao texto, incluem nes-
numa amostra de 100 documentos, os tokens de maior te pré-processamento palavras comuns na área
frequência dentro dos fatos jurídicos, das teses jurídicas do Direito sem importância para o contexto;
e dos pedidos.
e) tokenização, transformar o texto em vetor de
O modelo de RNA é utilizado para fazer a predição dos
trechos das petições iniciais. Para isto, faz-se necessário palavras, retirando suas repetições.
separar o texto em frases, depois separar a frase em pa- O pré-processamento é feito tanto no inteiro teor do texto
lavras. As palavras são utilizadas como entrada da RNA, original, quanto nas partes FTP encontradas. Após este
sendo que na saída dessa rede neural temos números en- passo de pré-processamento, texto tratado é gerado e gra-
tre [-1,1], que nos permitem predizer conforme explicado vado, facilitando a análise da próxima etapa.
na tabela 1.
CÁLCULO DE SIMILARIDADE
Tabela 1- Indica os valores de saída da RNA perceptron e
os seus significados de predição Após as etapas de 2.2.1 e 2.2.2 expostas acima, que
criam dois conjuntos de documentos: i) documen-
Valor de saída da Predição da RNA
Rede tos em que foram separados o fato, a tese e o pedi-
Identifica que faz parte do fato jurídico.
do (FTP) e ii) documentos que não foram separados
0,5∈ valor⩽1
o FTP, parte-se para etapa de maior importância do
0∈ valor⩽0,5 Identifica que faz parte da tese jurídica. método proposto.
A presente etapa consiste em utilizar técnicas de Recu-
−0,5∈ valor⩽0 Identifica que faz parte do pedido.
peração de Informações para calcular a similaridade, ob-
−1∈valor ⩽−0,5 Não consegue predizer. jetivando identificar documentos idênticos ou parecidos
e separá-los em clusters de similares, tanto para os do-
Fonte: os autores (2020). cumentos em que foi possível separar os pedados (fato,
tese e pedido), quanto para os documentos que não foi
PRÉ-PROCESSAMENTO possível realizar a separação.
Na área de recuperação de informações existem várias
Após a etapa de separar o FTP, parte-se para aplicação técnicas utilizadas para buscar documentos, fazendo o
dos métodos de pré- processamento, geralmente, utiliza- cálculo da expressão de busca com cada documento no
dos em PLN para cada um dos textos judiciais recepcio- corpus. Nesta busca podem ser utilizadas várias técnicas,
nados, conforme sequência da figura 5. como: i) lógica, ii) estatística, iii) teoria de conjuntos e iv)
outras. Boughanem; Brini e Dubois (2009), afirmam que
Figura 5- Pré-processamento PLN para os textos modelos estatísticos têm impulsionado o desenvolvimen-
judiciais recebidos to de novas soluções em sistemas de recuperação textual,
incluindo: i) booleanos, ii) vetor, iii) probabilístico e iv)
agrupamento. A eficiência do sistema de RI é diretamente
vinculado ao modelo aplicado.
Thada e Jaglan (2013), informam alguns modelos tradi-
cionais para calcular a similaridade, como: i) Jaccard; ii)
Cosseno e iii) coeficiente de Dice. Sendo todos modelos
Fonte: os autores (2020).
estatísticos, gerando seus resultados entre [0,1].
a) limpeza, retirar caracteres especiais, pontua- Nos estudos de Thada e Jaglan (2013) percebe-se que o
modelo de Jaccard apresenta os menores valores esta-
ções, parênteses, hifens e outros caracteres
tísticos de comparação, informando menores distâncias
sem valor no contexto; entre os modelos comparados. No trabalho de Thada e
b) normalização, retirar os acentos, cedilha e co- Jaglan (2013), por Jaccard apresentar o menor percentual
locar todas as palavras em caixa baixa; estatístico frente os modelos Cosseno e Dice, entende-se
c) stemming, reduzir palavras flexionadas ou de- que coeficiente entre [0,1] informado pela expressão de
rivadas a sua base; Jaccard, terá um grau de similaridade proporcional su-
perior aos outros dois modelos. Sendo que é o objetivo
d) stopwords, retirar os artigos, preposições, con-
deste trabalho encontrar documentos com alto grau de
junções sem significados, palavras que não te- similaridade, o modelo de Jaccard é utilizado. Todos estes
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 13 - 19, 2021 13
PROFESSOR CONVIDADO
modelos são indicados para o processamento de grandes A tabela 2 informa a quantidade de petições iniciais de
volumes de dados. processos pendentes que foram importadas para a Berna,
A expressão de Jaccard mede a similaridade entre conjun- ou seja, utilizados nos estudos.
tos de amostras finitas e é definido como o tamanho da
interseção dividido pelo tamanho da união dos conjuntos Tabela 2- Relação das unidades em que o estudo de caso
de amostras. Dados a expressão em (1), Jaccard mede a foi aplicado e a quantidade de documentos analisados/
similaridade entre documentos D1 e D2. processados
(1) UNIDADES JUDICIAIS PETIÇÕES INICIAIS
Onde VD1 e VD2 são vetores que contém os tokens dos seus Goiânia - 3o Juizado Especial Cível 3.517
é igual a D2,, ou seja, existem petições iniciais idênticas 2a Turma Recursal dos Juizados Especiais 6.072
em processos diferentes; 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais 7.034
b) Hipótese 2: se o resultado for igual ou maior que 0,95,
4a Turma Recursal dos Juizados Especiais 7.885
pode-se afirmar que trata- se de mesmo fato e tese jurídi-
Pontalina -1o Juizado Especial Cível 101
ca em processos diferentes.
Pontalina - 2o Juizado Especial Cível 136
RESULTADOS Pontalina - 1o Vara Cível 179
Pontalina - 2o Vara Cível 270
A aplicação computacional do método apresentado em
Pontalina – Juizado Especial Criminal 6
2.2 resulta na ferramenta de Inteligência Artificial cha-
mada Berna. Essa ferramenta recebe como entrada as Pontalina - Vara das Fazendas Públicas 1.173
petições iniciais de vários processos em tramitação e Pontalina – Vara de Família e Sucessões 105
constroem clusters para os casos em que o cálculo de si- TOTAL 210.459
milaridade no inteiro teor dos documentos é igual a 1 e
Fonte: os autores (2020).
para os casos em que o cálculo de similaridade entre o
fato e tese jurídicas são maiores e iguais a 0,95. Destes números, chama a atenção a quantidade de pro-
Os estudos de casos foram realizados no Poder Judiciário cessos analisados pela Berna na 1a Vara da Fazenda Pú-
do Estado de Goiás, em dados reais, nos processos em blica Municipal de Goiânia.
tramitação. As unidades foram:
1. 11 Juizados Especiais Cíveis na comarca de CASOS DE 100% DE SIMILARIDADE NO INTEIRO
Goiânia, entrância final; TEOR DA PETIÇÃO INICIAL
2. 1a Vara da Fazenda Pública Municipal na co-
marca de Goiânia, entrância final; Na análise da primeira hipótese, os estudos se concen-
traram nas petições iniciais nos processos pendentes das
3. Nas Turmas Recursais;
Turmas Recursais e na 1a Vara da Fazenda Pública Muni-
4. E na Comarca de Pontalina de Goiás, entrân- cipal de Goiânia. São apresentados os resultados de casos
cia intermediária. reais encontrados pela Berna que tem a mesma petição
14 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 14 - 19, 2021
PROFESSOR CONVIDADO
inicial protocolada no judiciário, gerando processos com Estes números indicam que há processos pendentes no
números diferentes. judiciário com petições iniciais iguais distribuídas para
Com relação as Turmas Recursais, a metodologia diferentes unidades judiciais.
aplicada pela Berna conseguiu encontrar 13 petições Outra análise foi realizada na 1a Vara da Fazenda Públi-
iniciais idênticas, protocoladas em diferentes pro- ca Municipal de Goiânia, sendo encontrados 13 petições
cessos, distribuídas nos clusters conforme demons- iniciais idênticas em números de processos diferentes,
trado no Dendograma da Figura 6. Percebe- se que distribuídas nos clusters conforme demonstrado no Den-
no cluster 1 foram identificados 9 casos de petições dograma da figura 8.
idênticas.
Figura 8 - Representação dos clusters encontrados nos
Figura 6- Representação dos clusters encontrados nos casos de similaridade 100% no inteiro teor da petição
casos de similaridade 100% no inteiro teor da petição inicial na 1a Vara da Fazenda Pública Municipal de
inicial nas Turmas Recursais Goiânia
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 15 - 19, 2021 15
PROFESSOR CONVIDADO
em afirmar que os casos encontrados são iguais. Figura 10- Apresenta o percentual na relação entre os
Na análise da segunda hipótese, os estudos foram realiza- documentos similares encontrados pela Berna e o total
dos em todas nas unidades informadas na Tabela 2, exce- de documentos existentes na unidade judicial
to na 1a Vara de Fazenda Pública Municipal de Goiânia.
Os resultados das análises estão resumidos nas Figuras 9
e 10. Na figura 9, são apresentadas a quantidade de clus-
ters criados pela Berna em cada unidade judicial.
16 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 16 - 19, 2021
PROFESSOR CONVIDADO
Figura 11- Tela principal do Projudi, apresentando a pendência gerada pela Berna.
Figura 12- Tela do processo no Projudi, apresentando o local da pendência gerada pela Berna
Fonte: Projudi
Figura 13- Listagem dos processos no cluster relacionados ao processo com a pendência criada, informação gerada pela
Berna e integrada ao Projudi
Fonte: Berna
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 17 - 19, 2021 17
PROFESSOR CONVIDADO
18 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 18 - 19, 2021
PROFESSOR CONVIDADO
SALTON, G.; MACGILL, M. Introduction to Modern Antônio Pires de Castro Júnior é graduado em Ciência
Information Retrieval. Computer Science Series, USA. da Computação pela Pontifícia Universidade Católica de
McGraw-Hill, 1983. Goiás (1999) e mestrado em Ciência da Computação pela
Universidade Estadual de Campinas (2001). Está cursan-
SCHAEFER, F. Informática e Organização do Poder do doutorado na Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica
Judiciário. Revista Gestão & Conhecimento, v.3, n.2, p. e de Computação, EMC/UFG. Atualmente é servidor pú-
12-24, jul/dez. 2005. blico concursado do Poder Judiciário do Estado de Goiás.
Tem experiência na área de Ciência da Computação, com
SILVA, E. R. G. Representation of Judicial Knowledge ênfase em Sistemas de Informação, atuando principal-
Through Ontologies: Exercise in Electronic mente nos seguintes temas: redes de computadores, aná-
Government. International Conference on Information lise forense computacional, segurança em redes, gerência
Systems and Technology Management, 2009. em redes e segurança em informática. É o mantenedor e
coordenador do grupo de pesquisa ForenseTec em Goiás:
TEMER, M.; MAGALHAES, A.C. Modifica o regime http://www.forensetec.com.br.
e estabelece princípios e regras da Administração
Pública. Casa Civil, Presidência da República, 1998.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 19 - 19, 2021 19
ARTIGO
RESUMO ABSTRACT
A agricultura familiar, mais que uma forma de organiza- Family farming, more than a form of production organi-
ção da produção, é um modo de vida, que vem, ao lon- zation, is a way of life that has, over the years, resisted
go dos anos, resistindo e tentando se firmar diante dos and tried to establish itself in the face of modern agri-
modelos de desenvolvimento da agricultura moderna. O cultural development models. The objective of this work
objetivo deste trabalho foi levantar dados sobre os princi- was to collect data on the main economic, social and en-
pais indicadores de ordem econômica, social e ambiental vironmental indicators of family farmers in the commu-
dos agricultores familiares das povoado de Pontezinha e nities of Pontezinha and Santa Rosa in the municipality
Santa Rosa no município de Santo Antônio do Descober- of Santo Antônio do Descoberto in the State of Goiás.
to no Estado de Goiás. A pesquisa foi realizada no mês The survey was conducted in March 2021 It can be seen
de março de 2021. Observou-se que dos 30 agricultores that only 12 people interviewed have the Declaration of
entrevistados apenas 12 possuem a Declaração de Apti- Aptitude for Pronaf (DAP) and the other 18 people do
dão ao Pronaf (DAP) e as demais 18 pessoas não possuem not have DAP. Of the interviewees, 2 work in horticultu-
DAP. Dos entrevistados, 2 trabalham com horticultura e 3 re and 3 in cattle farming, which are their main source of
com bovinocultura, que são sua fonte de renda principal. income. Most agricultural activities on rural properties
A maioria das atividades agropecuárias nas propriedades are carried out by men, and of the 28 producers, 9 work
rurais é realizada pelos homens, e dos 28 produtores, 9 alone in daily work. Half of the producers (14) believe
trabalham sozinhos na lida diária. A metade dos produ- that their productivity is reasonable, but these same
tores (14) entendem que sua produtividade é razoável, number of respondents reported that they never made a
mas estes mesmo número de entrevistados informaram significant sale of food on their produced property. Based
que nunca fizeram uma venda significativa dos alimentos on the survey carried out, we can see that most rural
em sua propriedade produzida. Diante do levantamento producers in both communities depend on rural retire-
realizado podemos constatar que a maioria dos produto- ment as a source of income, justified by the age group of
res rurais em ambas comunidades depende da aposen- rural farmers, which is characterized by a population of
tadoria rural como fonte de renda, justificando-se pela elderly people. Agricultural production in the rural area
faixa etária dos agricultores rurais que se caracteriza por of the municipality of Santo Antônio do Descoberto, spe-
uma população de pessoas idosas. A produção agrícola cifically in the localities of Pontezinha and Santa Rosa,
na zona rural do município de Santo Antônio do Des- presents agriculture with productive diversity.
coberto, especificamente nas localidades de Pontezinha e
Santa Rosa, apresenta uma agricultura com diversidade Keywords: Food production. Family farming. Local pro-
produtiva. duction. Agroecology. Local knowledge.
20 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 20 - 28, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 21 - 28, 2021 21
ARTIGO
agricultores entrevistados, moradores das duas comu- Figura 1 - A figura apresenta a porcentagem do sexo dos
nidades. entrevistados
Durante a fase da análise de dados também foram levan-
tadas outras informações relevantes sobre a produção
dos agricultores, contribuindo para apoiar as decisões da
equipe de pesquisadores.
Os dados individuais de cada agricultor foram passados
para uma planilha eletrônica para a ravuluação dos levan-
tamentos e, então, foram elaborados gráficos a partir dos
dados sistematizados.
O diagnóstico foi realizado levando-se em consideração
os resultados de um Questionário Diagnóstico Participa-
tivo Rápido aplicado aos produtores rurais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
22 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 22 - 28, 2021
ARTIGO
Observamos que não foi entrevistado produtores com Outra característica importante para os produtores ru-
faixa etária de idade até 20 anos e entre 21 e 30 anos. rais (figura 4) é “a Declaração de Aptidão ao Programa
Vale salientar que as pessoas entre 61 e 70 anos são a Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
maioria da população pesquisada, caracterizando os (DAP) é o instrumento utilizado para identificar e
agricultores como idosos, mas que continuam tendo qualificar as Unidades Familiares de Produção Agrá-
um papel fundamental na produção agrícola da re- ria (UFPA) da agricultura familiar e suas formas asso-
gião. ciativas organizadas em pessoas jurídicas”, além de ser
Esta maior presença de idosos se caracteriza porque a porta de entrada do agricultor familiar às políticas
a maioria dos jovens vão em busca de empregos nas públicas de incentivo à produção e geração de renda
áreas urbanas, fazendo com que apenas os idosos pra- (MAPA, 2020).
tiquem agricultura, o que denota fragilidade nos pro-
cessos de sucessão familiar dos pequenos negócios Figura 3 - A figura apresenta o número de pessoas que
rurais. são produtores rurais e quais não são produtores rurais.
Segundo Foguessato (2016), percebe-se que nas últimas
décadas o meio rural vem sofrendo um processo de “es-
vaziamento” populacional, em virtude do êxodo rural,
principalmente por parte dos jovens agricultores familia-
res.
Os resultados apontam que fatores relacionados à renda
(falta de renda satisfatória) e às políticas públicas (ausên-
cia de políticas públicas que visam fixar os jovens no cam-
po) contribuíram para o êxodo rural jovem, sendo eles
considerados os dois principais fatores para a tomada de
decisão dos jovens em não suceder as atividades dos pais
na agricultura familiar.
Por se tratar de uma região onde a agricultura é a ativida-
de dominante, podemos observar que a maioria dos en-
trevistados são produtores rurais, como vemos na figura
a seguir na figura 3. Fonte: Pesquisa de Campo.
De acordo com os dados expostos na figura 3, notamos
Pode-se observar que apenas 12 entrevistados possuem
que 28 pessoas entrevistadas são produtores rurais da re-
DAP. Ressalta-se que apenas com a DAP é que os agricul-
gião, e que apenas 2 pessoas não são produtores rurais, ou
tores têm acesso a alguns benefícios do Governo Fede-
seja, não exercem outras atividades remuneradas dentro
ral, entre eles o Programa Nacional de Fortalecimento da
da comunidade.
Agricultura Familiar (Pronaf).
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 23 - 28, 2021 23
ARTIGO
Figura 4 - A figura apresenta as pessoas que possuem Figura 6 - A figura apresenta o número de pessoas que
DAP e as que não as possuem precisam de assistência técnica na produção
24 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 24 - 28, 2021
ARTIGO
Na figura 7 é possível observar que a maior parte dos cessário uma produção mais tecnificada e organizada
entrevistados têm uma área entre 0,5 e 1,5 hectare, da para que possam gerar excedentes e comercializar os
qual tira o sustento e a manutenção da família a partir produtos.
de su podução agropecuária, que é bem pequena. En- A produção de hortaliças, tanto comercial como para a
quanto apenas 4 produtores têm uma área acima de 10 de subsistência, possui um papel importante para a ati-
hectares, o que já seria o suficiente para ter uma boa vidade agrícola familiar, contribuindo para o seu forta-
produtividade. lecimento e garantindo sua sustentabilidade (FAULIN;
Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e AZEVEDO, 2003).
Reforma Agrária (INCRA), Brasil (1980), o tamanho do Os produtores familiares que transacionam via mercado
módulo fiscal no município de Santo Antônio do Des- podem ser divididos em dois grupos distintos, os que
coberto é de 40 hectares (ha), o que demonstra que as fazem vendas diretamente aos consumidores finais e há
propriedades visitadas possuem tamanho muito abaixo aqueles que vendem para atravessadores e que muitas ve-
de um módulo fiscal. zes pagam preços irrizórios. Como apontam Campanho-
De acordo com Brasil (2012) o módulo fiscal (MF) é uma la e Valarini (2001):
unidade de medida agrária que representa a área míni- • O primeiro grupo é composto por aqueles
ma necessária para as propriedades rurais poderem ser produtores que não vendem diretamente ao
consideradas economicamente viáveis (BRASIL, 2012).
consumidor final, mas que estabelecem este
Desta forma, nota-se que as propriedades estudadas não
seriam economicamente viaveis por apresentarem áreas tipo de coordenação na venda para saco-
abaixo de 1 MF. lões, varejões e quitandas, em geral menos
A comercialização do excedente na produção rural exigentes em qualidade e regularidade, e em
também é importante para os produtores rurais, um único caso para atravessadores. A comer-
pois, é a partir dela que se gera renda. Na figura 8 é cialização de produtos orgânicos é feita por
apresentada informação de há quanto tempo as pes-
diferentes mecanismos, dentre os quais dis-
soas fazem comercialização dos excedentes da agri-
cultura. tinguem-se dois grupos. No primeiro grupo
situam-se as vendas no varejo que consistem
Figura 8 - A figura apresenta quanto tempo faz que os de venda via entrega em domicílios, venda
agricultores comercializaram sua produção direta em feiras livres e em pontos de venda
especializados (feiras dosprodutores), venda
direta a lojas de produtos naturais, restauran-
tes, lanchonetes e fast-foods, e venda direta a
mercados institucionais públicos e privados,
como, por exemplo, aos restaurantes das em-
presas e às escolas para o preparo de merenda
escolar.
• No segundo grupo, estão as vendas no ataca-
do, que consistem da entrega de produtos a
distribuidoras de produtos orgânicos e a redes
de supermercados.
Fonte: Pesquisa de Campo. A produtividade é um fator importante, pois é ela que diz
se o agricultor vai poder produzir quantidades de alimen-
Ao avaliarmos a figura 8, percebe-se que 14 pessoas
tos que o tornem auto suficiente, gerando renda para seu
dos entrevistados nunca fizeram uma venda signi-
núcleo familiar.
ficativa de sua produtividade, ou seja, praticamente
Foi perguntado ao entrevistados qual é a sua percepção
não comercializaram seus produtos. O levantamento
quanto à produtividades da propriedade rural (figura
evidenciou que apenas 4 dos produtores conseguiram
10).
vender o excedente da sua produção agropecuária
nos últimos 6 meses, o que é um número baixo em
comparação aos demais. Mostrando, assim, que é ne-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 25 - 28, 2021 25
ARTIGO
Figura 9 - A figura apresenta qual a percepção do Figura 10 - A figura apresenta a principal fonte de renda
agricultor em relação a sua produtividade agrícola dos agricultores
atual
A produtividade agrícola para a maioria dos entrevista- A produção agrícola na zona rural do municipio
dos é razoável, porém se observa que pode ser melhorada de Santo Antônio do Descoberto, mais especifica-
com assistência técnica adequada. Apenas 2 acham que mente das comunidades Pontezinha e Santa Rosa,
sua produção é muito satisfatória e, outros 2 falaram que apresentam uma agricultura com diversidade pro-
sua produção é muito ruim. dutiva.
O que se deve levar em consideração, entretanto, é que A principal fonte de renda nas comunidades é a apo-
este segmento da agricultura familiar se reproduz de sentadoria rural, o que corrobora com a faixa etária
maneiras tão diversas, que se faz necessário uma análi- da maioria dos pequenos produtores rurais entrevis-
se específica em cada espaço, situação e tempo, devido tados, que se caracteriza por uma população de pes-
à diversidade de estratégias que o agricultor encontra soas idosas, sendo que a maioria das atividades agro-
para permanecer no campo. Portanto, nota-se que os pecuárias nas propriedades rurais é realizada pelos
agricultores possuem mais de um produto entre os homens. Observou-se ainda na pesquisa que 9 dentre
principais responsáveis pela renda da família. A ren- 28 entrevistados trabalham sozinhos na lida diária e
da gerada pela comercialização dos produtos é funda- 14 dos respondentes consideram sua produtividade ra-
mental no contexto das unidades produtivas familiares zoável. Contudo, 14 produtores informaram que nunca
(MOURA, 2004). fizeram uma venda significativa dos alimentos em sua
Percebe-se que os agricultores que moram as margens do propriedade produzida.
Lago Corumbá foram impactados com a construção da Este estudo abrangeu uma pesquisa preliminar sobre a
represa e uma das formas de minimizar estes efeitos foi agricultura familiar no município de Santo Antonio do
por meio de indenização, no entanto, nem todos foram Descoberto realizada por colaboradores da Escola do Fu-
beneficiados. turo Sarah Luísa Kubitschek de Oliveira que poderá em-
A geração de renda é importante para todo ser humano e basar outras ações de transferência de tecnologia e forta-
analisar qual é a principal fonte de renda dos produtores é lecimento do setor produtivo local e regional.
crucial para o direcionamento dos projetos. Podemos ob-
servar com esta pesquisa, a principal fonte de renda dos
agricultores (figura 11).
Ao analisarmos a figura 10 podemos constatar que a fon-
te de renda principal dos produtores é a aposentadoria,
isto é explicado, uma vez a maior parte dos entrevistados
tem idade entre 61 e 70 anos. Apenas 2 trabalham com
horticultura e 3 com bovinocultura que são sua fonte de
renda principal.
26 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 26 - 28, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 27 - 28, 2021 27
ARTIGO
28 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 28 - 28, 2021
ARTIGO
RESUMO ABSTRACT
A mandioca é considerada uma das principais fontes de ali- Cassava is considered one of the main sources of energy
mento energético do mundo. O cultivo da Mandiocultura food in the world. The cultivation of Mandioculture in the
no Centro-oeste passa por diversos problemas, no entanto a Center-West goes through several problems, however the
região do Nordeste Goiano tem se destacado em produção Northeast region of Goiás has stood out in the production
da cultura. Com isso os produtores de mandioca, juntamen- of the culture. With that, the cassava producers, together
te com outros atores, no ano de 2018 formaram o arranjo with other actors, in 2018 form the local productive arran-
produtivo local do Nordeste Goiano que logo mais englobou gement of the Northeast of Goiás that soon encompassed
o Distrito Federal e os municípios da RIDE. O COTEC Car- the Federal District and the municipalities of RIDE. CO-
mem Dutra de Araújo tem atuado junto ao APL em parceria TEC Carmem Dutra de Araújo has worked with APL in
com o Instituto Transformar e Emater/GO cumprindo com partnership with Instituto Transformar and Emater / GO
a responsabilidade de fornecer capacitação, acompanhar e fulfilling the responsibility of providing training, monito-
fortalecer os agricultores familiares desse importante Arran- ring and strengthening of family farmers in this important
jo Produtivo Local, através da junção de produtores locais, o local Productive Arrangement, through the joining of lo-
apoio direto do estado com a governança inicial do Arranjo cal producers, the support directly from the state with the
Produtivo e o fomento de recursos público e privado. Depois initial governance of the Productive Arrangement and the
dessas ações tecnológicas inclusivas o APL recebe o proje- promotion of public and private resources. After these inclu-
to da Casa de Farinha móvel um avanço tecnológico para sive technological actions, the APL receives the mobile flour
inovar e facilitar o processo de fabricação de farinha e logo house project as a technological breakthrough to innova-
mais recebem inicialmente duas unidades demonstrativa de te and facilitate the flour manufacturing process and soon
mandioca EMBRAPA Cerrados localizadas no município more bulletin bulletin two demonstrative cassava units
de Planaltina Goiás e Vila Boa/GO. O COTEC Carmem EMBRAPA Cerrados that took place in the municipality of
Dutra de Araújo em 2019 chega unindo formas ao APL da Planaltina Goiás and Vila Boa / GO. The COTEC Carmem
Mandiocultura cumprindo com a responsabilidade de for- Dutra de Araújo in 2019 comes together with the Mandio-
necer capacitação, acompanhar e fortalecer os agricultores cultura APL, fulfilling the responsibility of providing trai-
familiares. Nota- se que inúmeros desafios foram superados ning, accompanying and strengthening family farmers. It
pelos produtores e desejam avançar cada vez mais em pro- is noted that numerous challenges have been overcome by
dutividade e lucratividade através do cultivo da mandioca, producers and are increasingly developing in productivity
por isso buscam constantemente o aporte de investimento and profitability through the cultivation of cassava, which
para aquisição das casas de farinhas moveis por todos os is why they are constantly looking for investment to acquire
municípios que compõem a APL, implantação de mais uni- mobile flour houses in all the municipalities that make up
dades demonstrativas de mandiocas, fomentar capacitações, an APL, implantation more demonstrative units of cassa-
treinamentos e difundir a sucessão familiar entre os peque- va, promote training, and disseminate family succession
nos agricultores. among small farmers.
Palavras-chaves: Produtividade. Mandioca. Casa de fa- Keywords: Productivity. Cassava. Mobile flour house
rinha móvel.
1 Doutoranda em Agronomia/UnB e Assessora Técnica de DIT- COTEC CDA
2 Coordenador do Instituto Transformar
3 Doutor em Ciências da Educação, Coordenador Pedagógico do COTEC CDA
4 Professora do COTEC CDA.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 29 - 32, 2021 29
ARTIGO
30 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 30 - 32, 2021
ARTIGO
Além dessas vantagens já citadas acima pelo Coorde- dades demonstrativas de mandioca EMBRAPA Cerrados
nador, pode-se ainda destacar: a) a higiene no processo localizadas, no município de Planaltina Goiás e Vila Boa/
de beneficiamento da farinha, o que contribui com as GO, ambas receberam cinco variedades industriais BRS
boas práticas de processamento alimentar, b) dispensa 416, BRS 417, BRS418, BRS419 e BRS420 e cinco varieda-
a necessidade de obra civil e, c) o baixo consumo de des de mesa BRS396, BRS397, BRS398, BRS399 E BRS400
energia elétrica do processo produtivo, o que contri- e a variedade IAC 12.
bui com a sustentabilidade econômica e ambiental da Essas unidades participativas já implantadas têm fo-
atividade. mentado maior conhecimento e autonomia entre os
produtores na hora de escolher a variedade mais adap-
HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGI- tada a sua região já que é feito um comparativo com
CO DO APL DA MANDIOCULTURA DA REGIÃO as tradicionais variedades cultivadas na região, com-
INTEGRADA DO DISTRITO FEDERAL E ENTOR- parativo de suma importância para determinar qual
NO (RIDE) E NORDESTE GOIANO variedade será superior no ambiente ao considerar que
as estações experimentais da EMBRAPA Cerrados não
O atuação do Escritório da Emater da Região do Regional apresenta ter o mesmo ambiente climático que a região
Planalto em todas etapas de APL da Mandiocultura uni dos agricultores do Nordeste Goiano e municípios da
diversos parceiros no âmbito no social, econômico e polí- RIDE.
tico e sob a Coordenação do Instituto Transformar conta
com as seguintes parcerias: Prefeitura Municipal de Vila ATUAÇÃO DO COTEC – COLÉGIO TECNOLÓGI-
Boa-GO, apoio a logística junto com os agricultores; Ban- CO - CARMEM DUTRA ARAÚJO JUNTO AO APL
co do Brasil / Fundação do Brasil, EMBRAPA Cerrados, DE MANDIOCULTURA
Pesquisadores: Josefino de Freitas Fialho, Eduardo Ala-
no; Cotec – Colégio Tecnológico - Carmen Dutra Araú- O COTEC Carmem Dutra de Araújo tem atuado junto
jo Formosa-GO, Apoio ao APL da Mandiocultura com ao APL da Mandiocultura em parceria com o Instituto
capacitação e conforme o Instituto Transformar destaca Transformar e Emater/GO cumprindo com a responsa-
“a importante implantação do projeto e expansão das bilidade de fornecer capacitação, acompanhar e fortale-
unidades demonstrativas, os escritórios locais têm de- cer os agricultores familiares desse importante Arranjo
sempenhando ação importante mesmo diante à Pande- Produtivo Local. Para isso no ano de 2019 e 2020 de-
mia na consolidação do APL da Mandiocultura na região senvolve-se algumas ações com o objetivo não somente
no Nordeste Goiano”. de desenvolvimento técnico e cientifico voltados para
Os municípios de Formosa, Vila Boa, Agua Fria de os produtores da cultura, mas sim promover a difusão e
Goiás, Planaltina, Flores de Goiás, Posse, Aguas Lindas, aproximação de toda comunidade acadêmica, represen-
Cocalzinho, Guarani, Alto Paraiso, Cavalcante desta- tadas pelos alunos dos mais diferentes cursos de capaci-
cam-se neste processo por serem as cidades que mais tação, qualificação e técnico, e cidadãos da comunidade
reuniram forças em buscas de inovação tecnológica e urbana, com isso é possível deslumbrar com a popu-
capacitação sobre o manejo da cultura em campo, logo, larização da ciência e tecnologia por meio de trocas de
assuntos como seleção das manivas, correção do solo e experiências entre o homem do campo e a comunidade
adubação, plantio, escolha da melhor variedade adap- acadêmica.
tada para a região, uso de mecanização do plantio a co- Em 2019 foi realizada XVI Semana Nacional de Ciência e
lheita passaram a serem corriqueiros no dia a dia dos Tecnologia (CNPq) pela Rede ITEGO Região 1, no qual
produtores da APL, levando assim a buscarem mais co- Colégio Tecnológico Carmem Dutra, pensando no APL
nhecimento sobre a cultura que antes se tinha de uma de Mandiocultura trouxe uma abordagem tecnológica na
forma empírica. produção de mandioca e o impacto econômico e social
A escolha da variedade surgiu a partir das discussões do desenvolvimento e criação da Casa da Farinha para os
geradas entre os produtores que se queixavam do baixo produtores familiares da região Nordeste. Os produtores
rendimento de produtividade, falta de variedades para e a comunidade acadêmica vivenciaram na prática, a fa-
indústria, variedades de mesa com menor tempo de cozi- bricação de farinha utilizando a Casa de Farinha móvel e
mento agrando assim a dona de casa e na dificuldade de palestras que sem dúvida proporcionaram a todos parti-
a maior parte dos agricultores desconhecerem qual varie- cipantes um olhar detalhista e minucioso quanto ao cul-
dade está cultivando em sua propriedade. Para solucionar tivo da mandioca e da fabricação de farinha. Ações como
as dificuldades encontradas pelos agricultores em campo, essa são pontapés iniciais para aplicação de tecnologia,
o APL de Mandiocultura recebe inicialmente duas uni- que antes era considerado desnecessário para se produzir
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 31 - 32, 2021 31
ARTIGO
mandioca, por se tratar de uma cultura marginal, visto tivas de mandiocas, fomentar capacitações, treinamentos
que a produção de farinha manual e de fundo de quintal e difundir entre sucessão familiar dos pequenos agricul-
cada vez vai ser tornando velho e arcaico abrindo uma tores os cursos técnicos no eixo tecnológico de Recursos
visão de futuro entre os agricultores. Nesse novo cenário Naturais e Humanos para garantir a fixação do homem
uma simples seleção de manivas, adubação e correção do no campo.
solo, utilização de equipamentos para o beneficiamento e Além disso, se faz necessário a aplicação de estudos que
processamento da mandioca já não é vista como desper- tenham como objetivo estimar os custos de produção, lu-
dício ou perda tempo, mais sim como oportunidades de cratividade e comercialização com a adoção de tecnolo-
maior produtividade por hectare, maior lucratividade e gia (casas de farinhas móveis) para o Arranjo Produtivo
visão empresarial de indústria. da Mandiocultura da RIDE e Nordeste Goiano.
Já em 2020 foi criado o Comitê Setorial do COTEC -
Colégio Tecnológico Carmem Dutra que busca atender REFERÊNCIAS
e levantar as diferentes demandas dos APLs da Região
Nordeste incluído o de Mandiocultura. Nesse mesmo Companhia Nacional de Abastecimento. CONAB.
ano realizou-se oficina sobre o tema “Mandiocultura – do Disponível em: https://www.conab.gov.br/. Acesso em:
Plantio à Comercialização”, do Programa de impulsiona- dez. 2018.
mento dos Arranjos Produtivos Locais da Secretaria de
Estado da Retomada de Goiás, ocorreu no município de DEIMLING, M. F.; BARICHELLO, R.; BRAZ, R. J.;
Cavalcante – GO. BIEGER, B.; CASAROTTO FILHO, N. Agricultura
Mesmo assim, ainda é notória a necessidade de mais familiar e as relações na comercialização da produção.
capacitações e treinamentos por meio de oficinas, prá- Revista Interciência. Vol. 40 Nº 7. July 2015. Disponível
ticas em campos e palestras. O que em conjunto com em: https://www.interciencia.net/wp-content/
as parcerias já formadas e a busca por novas, podem uploads/2017/10/440-BARICHELO-40_78A-.pdf.
ser aplicadas mais ações coordenadas pelo COTEC - Acesso em: 24 de maio 2021.
Colégio Tecnológico Carmem Dutra e a antiga Rede
ITEGO junto ao APL da Mandiocultura da RIDE e FERNANDES, G. L. C. Análises gráficas dos principais
Nordeste Goiano. produtos agropecuários do Estado do Pará: Cultura
da Mandioca. Embrapa, 2017. 15 pag. Disponível em:
CONSIDERAÇÕES FINAIS https://docplayer.com.br/82618071-Analises-graficas-dos-
principais-produtos-agropecuarios-do-estado-do-para-
Pode-se afirmar que uma das maiores conquistas tecno- cultura-da-mandioca.html. Acesso em: 24 de maio 2021.
lógicas para o setor produtivo de mandioca é o desenvol-
vimento e implantação das casas de farinhas nos muni- TRANSFORMA. Fundação Banco do Brasil. Casa De
cípios da Região Nordeste, no entanto, se faz necessário Farinha Móvel Por Instituto Sócio Econômico De
ressaltar que nos últimos tempos, os produtores dessa Desenvolvimento Social. 2018. Disponível em: https://
região já sabem, sem dúvida, identificar a variedade cul- transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/casa-de-farinha-
tivada na propriedade, se trata de tecnologia inclusiva e movel. Acesso em: 24 de maio 2021.
aplicada, e é uma grande conquista no eixo tecnológico
promovida e executada pela união desse arranjo produ- MELO, H. C.; CASTRO, M. E.; SOARES, A. M.;
tivo. MELO, L. A.; ALVES, J. D. Alterações anatômicas
Apesar dos produtores do APL de Mandiocultura da e fisiológicas em Setaria anceps Stapf ex Massey e
RIDE e do Nordeste Goiano já estarem em busca e se Paspalum paniculatum L. sob condições de déficit
apropriando de algumas tecnologias para melhorar o sis- hídrico. Hoehnea, v.34, n. 2, p. 145-153, 2007.
tema de produção da mandioca, ainda se faz necessário Disponível em: https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/
de mais pesquisas e extensões para uma melhor divulga- CyQQszxg7mCzdCHLP5fCkCz/?lang=pt. Acesso em:
ção do funcionamento e fatores que determinem desde o 16 jun. 2021.
plantio à comercialização e à viabilidade econômica.
Criando oportunidade para setores privado e governa- SOUZA, J.S.; TORRES FILHO, P. Aspectos
mental de apoio as ações do projeto Casa de Farinha mó- socioeconômicos. In: ALVES, E.J. A cultura da banana:
vel, com aporte de investimento para aquisição das casas Aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais.
de farinhas moveis por todos os municípios que com- Cruz das Almas: Embrapa, Brasília, DF: EMBRAPA-SPI,
põem a APL, implantação de mais unidades demonstra- 1997. p. 507-524
32 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 32 - 32, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 33 - 37, 2021 33
ARTIGO
tempo possível e atendendo à todas as necessidades do através de registro fotográfico (figura 1) e entrevista in-
cliente (BALLOU, 2006). dividuais com os comerciantes locais, seguindo todas as
Não se pode ignorar que o Brasil vivencia uma situação crí- recomendações da Secretaria de Saúde do município em
tica em seus sistemas de transporte, armazenamento, adua- relação à Covid-19.
neiro, portuário e em quase tudo que diz respeito a infra-es- Para esta referida pesquisa houve a utilização de uma ficha
truturas e legislação voltadas à circulação de mercadorias, individual denominada como Questionário Diagnóstico
commodities agrícolas em particular, tanto para o mercado Participativo Rápido para o levantamento de dados. Estes
interno quanto para a exportação (CASTILLO, 2007). dados individuais foram inseridos na ferramenta “google
Com a internacionalização dos mercados e estreitamento forms”e que automaticamente produziram dados estatís-
do comércio, a logística passou a ser um fator competiti- ticos. O número entrevistados foram de 66 comerciantes.
vo entre as grandes empresas (LIMA, 2020). De acordo
com Caixeta Filho (2010), o termo logística, no sentido Figura 1 - Equipe responsável pela entrevista
em que é conhecido hoje, procura principalmente trans-
mitir a ideia de otimização global do sistema como um
todo, envolvendo a dinamização dos procedimentos
e a redução dos custos ao longo da cadeia logística. De
acordo com Keedi (2004), os processos logísticos devem
responder a questões fundamentais, como: qual a melhor
forma de entregar um produto? Onde ele deve ser entre-
gue? Quais os modais de transporte a serem utilizados?
Que serviços podem ser apresentados ao comprador e a
que preço? O produto é competitivo em nível internacio-
nal? Sem essas premissas não é possível fazer um plane-
jamento dos recursos utilizados para a efetivação de um
contrato, no caso, o contrato de compra e venda. Segun-
do Carpinetti (2012) dependendo do tipo de empresa,
do produto e sistema produtivo, os processos envolvidos
Fonte: Acervo próprio.
para o atendimento do mercado podem variar mesmo es-
tando agrupadas a uma cadeia de valor, que se caracteriza
por entradas e saídas, atividades de relacionamentos ou RESULTADOS E DISCUSSÃO
fluxos de material e/ ou informação.
Portanto, partindo da compreensão de que a logística tem É importante destacar numa pesquisa realizada o fator
um papel relevante na gestão empresarial, ver se a neces- idade da pessoa que trabalha e administra o estabelci-
sidade deter uma visão sistêmica dentro do desenvolvi- mento, pois, é através dela que podemos identificar como
mento da cadeia de suprimento, produção e distribuição, funciona a empregabilidade no município, desenvolvi-
bem como levantar as questões positivas e negativas ob- mento de atividades comerciais e como se apresenta o
tendo assim impulsos para as novas exigências do merca- mercado de trabalho.
do consumidor.
O objetivo deste trabalho é apresentar o funcionamento Figura 2- Faixa etária das pessoas entrevistadas
da logística dentro da feira coberta do municipio de Santo
Antônio do Descoberto.
MATERIAL E MÉTODOS
34 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 34 - 37, 2021
ARTIGO
27% dos entrevistados tem idade até 20 anos, o que carac- ocorre porque no Brasil o tranporte de mercadorias acon-
teriza uma maior presença de jovens neste setor dentro tece por meios de transporte rodoviários e o preço dos
do municipio, vale salientar que a maioria dos entrevis- combustiveis no último ano aumentou exurbitantemente.
tados eram filhos dos proprietários do estabelecimento, É preciso considerar ainda que o transporte de alimentos
e que muitas vezes trabalham para suplementar a renda e é feito por via rodoviária o que demanda derviados de pe-
não terem que contratar funcionários externos. Segundo tróleo também cotados em dólar. O aumento neste custos é
Corseuil e Franca (2015), a parcela de jovens ocupados passado para o consumidor final (BOURGUIGNON, 2021).
pode ser determinada tanto pelo grau de interesse do Foi identificado que 36% dos entrevistados colocaram a dis-
jovem em ingressar no mercado de trabalho como por tância como maior impecilho para aquisição de materiais,
dificuldades de conseguir uma ocupação quando a busca pois, o municipio não dispõe de empresas que vendam
é feita. As transformações das políticas públicas no Brasil estes produtos e muitas vezes eles se deslocam para outros
na última década, em especial da política social brasileira, estados, o que encarece o valor dos produtos comprados.
foram decisivas para a redução da elevada taxa de ativida- A proximidade com a matéria-prima diminui os custos de
de do jovem no mercado de trabalho brasileiro (SANTOS transporte do processo produtivo e favorece a logística de
e ARRUDA FILHO, 2015). Alguns estudos apontam para produção e industrialização (FERREIRA, 2018).
o fato de que os jovens, quando empregados, têm menos O descarte adequado dos produtos que não serão comercia-
acúmulo de capital humano e menos proteção contra de- lizados (figura 4), é muito importante, pois, se os mesmos
missão (O’HIGGINS, 1997; DUNSCH, 2016). Podemos não forem descartados em locais adequados podem gerar
observar que 24,2% dos entrevistado são pessoas com problemas ambientais e de saúde pública para a população.
idades entre 21 e 30 já estabelecidas no municipio e que Ao observarmos a figura identificamos que 42% dos en-
são proprietários dos seus estabelecimentos. trevistados responderam que a maioria dos produtos não
No estudo da logística é fundamental conhecer quais são comercializados voltam para o setor de indústria através
as dificuldades apresentadas na aquisição de insumos e da logística reversa. Estes dados mostram que boa parte
materias primas para comercialização de produtos. Fato- da população está cada vez mais preocupada com o des-
res como distância, preço e atendimento são fundamen- carte adequado dos materias.
tais para o desenvolvimento adequado dos estabeleci- Observa-se também que a contínua utilização de recur-
mentos (figura 3). sos naturais para a produção de bens de consumo traz à
tona discussões sobre: a obsolescência precoce dos bens,
Figura 3 - Maior dificuldade dos comerciantes os contínuos lançamentos de produtos, o alto custo dos
entrevistados para aquisição dos produtos reparos de bens em relação ao preço praticado na comer-
comercializados cialização dos produtos novos (CORBELLINI, 2014).
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 35 - 37, 2021 35
ARTIGO
funcionam como um mecanismo de auxílio à redução dos No momento pandêmico em que estamos vivendo a am-
efeitos maléficos causados pelo acúmulo de resíduos só- pliação nas vendas por diversos meios é de suma impor-
lidos nos lixões urbanos, haja vista que o lixo produzido tância para a manutenção dos estabelecimentos (figura
nas cidades é, cada vez mais, constituído de elementos de 6). Redes sociais, aplicativos, são formas de ampliar o seu
difícil degradação e, por meio de processos de reciclagem, mercado consumidor.
o impacto ambiental desses resíduos pode ser minimizado.
A forma adequada como os produtos comercializados se Figura 6 - A figura apresenta os diferentes locais que são
apresentam é de fundamental importância, pois, é atra- comercializados os produtos além da loja física
vés dele que podemos identificar quais são os melhores
produtos e como aproveitar da melhor maneira possivel
o espaço (figura 5). Formas inadequadas de disposição
do lixo, sem qualquer tratamento, podem constituir-se
num problema de saúde pública e também provocar a
poluição do solo e da água, alterando suas característi-
cas físicas, químicas e biológicas (SOUZA, 2000; MAR-
CHI, 2006).
36 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 36 - 37, 2021
ARTIGO
CORSEUIL, C. H. L.; FRANCA, M. A. P. Inserção dos SANTOS, J. G. A logística reversa como ferramenta para
jovens no mercado de trabalho brasileiro: evolução e a sustentabilidade: um estudo sobre a importância das
desigualdades no período 2006-2013. 2015. cooperativas de reciclagem na gestão dos resíduos sólidos
urbanos. Revista Reuna, v. 17, n. 2, p. 81-96, 2012.
DE SOUZA, Marcelo; SCHOEFFEL, Pablo. Panorama
atual do social commerce no Brasil. Revista Eletrônica SILVEIRA, R. Controle de Estoque: Estudo de Caso
do Alto Vale do Itajaí, v. 2, n. 2, p. 161-164, 2013. na Gráfica Sagrado Coração de Jesus Ltda. Trabalho de
Conclusão de Curso. 2010.
DUNSCH, Sophie. Okun’s law and youth unemployment
in Germany and Poland. SOUZA, M. T. S. Organização sustentável: indicadores
International Journal of Management and Economics, setoriais dominantes para avaliação da sustentabilidade
n. 49, p. 34-57, 2016. análise de um segmento do setor de alimentação. Tese
de Doutorado em Administração. Fundação Getúlio
Vargas, São Paulo, 2000.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 37 - 37, 2021 37
ARTIGO
38 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 38 - 44, 2021
ARTIGO
Pensando no mérito dos APLs e em sua ampla escala Os lugares são, pois, o mundo, que eles reproduzem
de comprometimento com a economia local, estadual e de modos específicos, individuais e diversos. Eles são
singulares, mas são também globais, manifestações
federal, o estudo norteia-se também nas dimensões do da totalidade-mundo, da qual são formas particulares
desenvolvimento regional e suas peculiaridades, além (SANTOS, 2008, p.112).
dos impactos da presença dos arranjos e da sua múlti- Diante da abordagem de Santos (2008), é possível inferir
pla cooperação para o suprimento de cadeias produ- que toda localidade reproduz de alguma forma modos
tivas. coletivos e individuais dos que a habitam, seja pelo seu
O estudo ainda traz uma análise sistemática por meio valor social, econômico, político ou mesmo étnico, consi-
de revisão bibliográfica, das formas pelas quais um derando um arranjo produtivo local como um retrato do
arranjo se sobrepõe ao isolamento espacial, ou mes- cenário particular de cada localidade é de suma impor-
mo o baixo índice de desenvolvimento econômico, tância para o entendimento da relevância dessas cadeias e
social e político de sua região, chegando a sustentar do desenvolvimento exponencial provocado por elas.
aglomerações produtivas de médio e pequeno porte, Ainda considera-se que:
sem perder a sua capacidade de competição e produ- O local como conceito multifacetado, envolvendo
ção. Diante do cenário evidenciado e das concepções escala (tamanho/dimensão), diferença/especificida-
abordadas, é possível situar a problematização deste de, autonomia, nível de complexidade. Ele é também
identificado com a ideia de lugar ou de região, como
estudo, sendo assim, como um arranjo produtivo porção do espaço onde as pessoas habitam, realizam
local pode ter a capacidade de desenvolver suas lo- suas práticas diárias, ocorrem as transformações e a
calidades, mesmo em condições severas de falta de reprodução das relações sociais, a construção física
rentabilidade? Como esse aspecto é revertido provo- e material da vida em sociedade (ALBAGLI, 1999,
cando sustentabilidade para arranjos, cooperativas e p.181).
associações regionais? A sociedade é organizada em espaços cheios de auto-
Mediante tais questionamentos, a pesquisa ganha corpo nomia entre si, uma vez que as transformações e repro-
e percepção, para identificar as cadeias produtivas e a duções só são construídas mediante as relações sociais
dimensão dos aspectos que norteiam o desenvolvimen- dessas localidades. Mudanças geográficas que conse-
to, empregabilidade e renda de localidades muitas vezes quentemente implicam em transformações nos espaços
esquecidas pelas entidades fomentadoras da economia. de produção e nas organizações produtivas são atendam
ao novo regime de globalização.
O DESENVOLVIMENTO LOCAL E SEU CARÁTER Isso acontece devido à utilização de novas técnicas de
GEOGRÁFICO produção asseguradas pelas novas concepções globais de
bens e produtos atrelados à rápida saída de mercado, que
A premissa tecnológica e econômica da contempo- pede cada vez mais rapidez e solidez nas relações. Pode
raneidade, sendo também definida como globaliza- ser enquadrado nessa perspectiva, o retorno das produ-
ção, está vinculada a construção de blocos regionais, ções manufatureiras e familiares, e, dentro dessa visão, é
bem como na construção de uma cadeia de integra- colocada a agricultura familiar, marca de localidade, rea-
ção emergencial que se organiza em redes de atuação lizada por um grupo de pessoas que produzem e fomen-
global, cujo enfoque está nas estratégias empresariais. tam o mercado por meio da disseminação e planejamento
Tal evento tem alterado de forma gradativa, as relações empresarial.
tecno-sociais de produção e as estruturas produtivas “A partir do espaço geográfico cria-se uma solidariedade
das organizações. orgânica, o conjunto sendo formado pela existência co-
Tal processo é resultante e imposto pelos rápidos, acelera- mum dos agentes exercendo-se sobre um território co-
dos e radicais avanços tecnológicos, condicionados pela mum” (SANTOS, 2008, p.109).
competitividade capitalista e pela liderança tecnológica. Logo, os processos produtivos partem inicialmente de
Nesse cenário a descentralização econômica, política uma percepção geográfica, posteriormente, o que Santos
e social, além do aspecto espacial precisa ser pensando (2008) chama de solidariedade orgânica, ou seja, uma
como menciona Benko (2001), ou seja, como um elemen- mútua cooperação entre os agentes que compartilham
to de especialização e diferenciação, uma vez que não há não apenas o território, mas principalmente a produção.
homogeneização do espaço mundial. Seguindo esse pressuposto, Benko (1999, p.24) salienta
Partindo desse princípio a espacialidade geográfica ganha que:
A dinâmica dos novos espaços econômicos está
novas percepções e características, uma vez que a eficiên- baseada em três elementos maiores: as indústrias
cia das ações liga-se de forma direta à localidade, sendo de alta tecnologia (os novos complexos de produ-
assim importante destacar que: ção), a economia de serviços (essencialmente nos
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 39 - 44, 2021 39
ARTIGO
40 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 40 - 44, 2021
ARTIGO
O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL COMO FOMEN- ção em alguma parte da cadeia produtiva. [...]. Este
TADOR DO DESENVOLVIMENTO DE LOCALIDA- tipo de cooperação, para funcionar adequadamente,
pode depender muito da proximidade local, de um
DES alto nível de confiança e de um elevado senso de co-
munidade.
Os estudos e as análises acerca do grande potencial de 2. O segundo tipo chama-se cooperação bilateral,
desenvolvimento relacionado a diversos tipos de arran- caracterizada pela colaboração feita para solucionar
jos produtivos em um mesmo local, ganharam espaço a objetivos específicos, limitados e sem autonomia de-
cisória, independentemente da negociação e do obje-
partir de 1980. Tal espaço só foi possível graças ao resul- tivo predefinido das partes. [...]. Pode ser exemplifi-
tado positivo dos arranjos, na terceira Itália, os chamados cada como relações formais ou informais de troca de
distritos industriais italianos, termo designado para se conhecimento, compra de tecnologias, joint ventures,
referir a pequenas concentrações empresariais de produ- desenvolvimento conjunto e relações de longo prazo
tos manufaturados que se instauraram em uma mesmo cliente/fornecedor.
espaço geográfico. Nisto, percebe-se que a forma expressiva da cooperação,
Durante muito tempo os distritos industriais italianos fo- estabelecidas na composição dos APLs está para as suas
ram um modelo de organização, pois tanto nos aspectos relações multilaterais, ou seja, em sua autonomia coleti-
sociais, quanto econômicos e políticos, eles demonstra- va e em seu poder de decisão conjuntivo; essa forma de
vam um amplo domínio financeiro e tecnológico de suas cooperação só funciona em virtude de dois outros fatores:
cadeias produtivas, organizadas em dinâmicas integrali- a proximidade local e a confiança mútua entre os mem-
zadas e cooperativas. bros da comunidade. Percebe-se então, que os arranjos
Assim, as organizações produtivas que vem após a ter- produtivos agem dentro de uma cooperação multilateral
ceira Itália, seguem um modelo a priori, muito parecido envolvendo todos os agentes dessa cadeia para fornecer o
com essas iniciativas; elas passam a ser espaços integra- desenvolvimento esperado.
lizadores dentro de um território e suas produções par- É importante seguindo esse princípio identificar algumas
tem de uma cadeia de estruturas que não incluem apenas características específicas da concepção que rege o APLs,
infraestruturas físicas e econômicas, mas principalmente tal princípio foi fundamentado a partir de 1990, cujo
estruturas sociais de organização das relações produtivas. pressuposto está em:
Aglomerações territoriais de agentes econômicos, po-
A produtividade é a mola propulsora desse processo e líticos e sociais – com foco em um conjunto específico
também o resultado da cooperação dos componentes de atividades econômicas – que apresentam vínculos
dos arranjos. Para Santos, Diniz e Barbosa (2004, p.157), mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a par-
a cooperação é a principal característica para o sucesso ticipação e a interação de empresas – que podem ser
em cadeia. Logo: desde produtoras de bens e serviços finais até forne-
É atribuída à cooperação desenvolvida pelas empresas cedores de insumos e equipamentos, prestadoras de
desses distritos parte dos enormes ganhos competiti- consultoria e serviços, comercializadoras, clientes,
vos obtidos, os quais podem ser constatados pela ele- entre outras – e suas variadas formas de representa-
vada taxa de crescimento das exportações e pela gran- ção e associação. Incluem também diversas outras
de capacidade inovadora da Itália nas décadas de 1980 instituições públicas e privadas voltadas para: forma-
e 1990. À cooperação também é atribuída a existência ção e capacitação de recursos humanos (como escolas
de um maior nível de democracia e de envolvimento técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento
dos entes públicos com as necessidades econômicas e e engenharia; política, promoção e financiamento
sociais daquela região. (CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p.25).
A cooperação pressupõe democracia e essa por sua vez Nisto, todo o processo que envolve as aglomerações terri-
garante maior envolvimento dos entes públicos nas ne- toriais, por meio de entes econômicos, sociais e políticos
cessidades de cada região. O conceito atribuído a coope- vinculados a uma única atividade econômica de produ-
ração é amplo, dessa forma é de sua importância, o en- ção, são considerados arranjos produtivos, uma vez que
tendimento desta nas ações dos APLs, para perceber com inserem tanto instituições públicas quanto privadas nesse
mais exatidão os aspectos que norteiam esse desenvolvi- processo produtivo que vão deste a capacitação e forma-
mento e assevera as relações de cooperação, sendo assim ção de recursos humanos. Ou seja, para que haja maior
Santos, Diniz e Barbosa (2004, p.157-158), pontuam a escoamento dessas aglomerações é preciso capacitar os
existência de dois tipos: agentes que as compõem, seja por intermédio de cursos
1. A cooperação multilateral, coordenada por uma técnicos, profissionalizantes de capacitação ou qualifica-
instituição representativa de associação coletiva com ção a fim de que as técnicas e manejos desses produtos
autonomia decisória. Tem como característica neces- sejam assegurados, garantindo maior competitividade ao
sária a presença de pequenas ou médias empresas que,
mercado e aumentando a qualidade do produto que che-
em conjunto, apresentam uma importante participa-
ga ao consumidor final.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 41 - 44, 2021 41
ARTIGO
Ainda de acordo com Cassiloato; Lastres, (2003, p.28) comuns, certa confiança recíproca, estejam próximos
“onde houver produção de qualquer bem ou serviço ha- geograficamente e interajam com certa frequência. 4.
A variável tempo, para a maturação dos projetos, de
verá sempre um arranjo em torno da mesma”, isto é o que permanência dos atores e lideranças envolvidas. 5.
faz deste, um importante elemento no desenvolvimento Os mercados e financiamentos, dentre os quais: falta
das localidades, os autores ainda consideram que “tais ar- de crédito e dificuldade de financiamento, formação
ranjos variam desde aqueles mais rudimentares àqueles e qualificação da mão-de-obra, perfil empreendedor
mais complexos e articulados”, dependendo em suma do quando se trata de associações e cooperativas, e final-
mente dificuldades de inserção nos mercados. 6. Os
tipo de atividade desenvolvida e do acesso inovador e tec- indicadores para avaliar as condições de vida e o dina-
nológico que este possui. Seguindo tal atribuição, não é mismo econômico das regiões e municípios do país,
possível considerar igualdade das atividades de produção (...) e a possibilidade de comparação entre os diversos
dos arranjos produtivos locais, uma vez que a realidade municípios, seja do país, seja de determinada região.
das localidades são diferentes, por conseguinte o desen- Ao perceber tais abordagens, a façamos com base na
volvimento o será. Tão logo, haverá em cada arranjo um percepção de APLs, logo a primeira, entende que a lo-
modelo de desenvolvimento, dessa forma será necessário calidade dos arranjos constitui-se uma teia de relações
considerar alguns elementos para o andamento desse baseada no compartilhamento de espaços de interação e
desenvolvimento, quer sejam eles: vantagens competi- conhecimento, ou seja, conforme a localidade e as atri-
tivas, potencialidades, oportunidades, recurso naturais, buições geográficas deste é possível perceber se um APL
capital humano, infraestrutura, capital social, relações pode ou não se manter sustentável, uma vez que ele será
de confiança e cooperação entre os agentes envolvidos, o espelho da realidade de seus cooperados, bem como
empreendedorismo, dentre outros fatores que são asso- o reflexo das dimensões sociais, econômica e políticas
ciados a cultura de desenvolvimento regional provocado da região.
pelos arranjos produtivos. Nesse aspecto, a abordagem 2 ganha espaço, uma vez que
Os APLs agem sem dúvida alguma como fomentadores entende o senso de pertencimento resultante da relação
do desenvolvimento econômico, social e político das re- entre as pessoas que compõem tais arranjos, pois elas
giões, mesmo sendo essas em situações de vulnerabilida- entendem a amplitude de suas ações por intermédio da
de é possível que com a presença dos arranjos nessa loca- relação que possuem com a sua localidade e entre si, logo,
lidades, haja uma mudança no cenário. Uma vez que as as cadeias produtivas são resultante desse pertencimento,
ações das cadeias produtivas aumentam as oportunidades pois todos adquirem o senso de cooperação e integração.
de empreendimento nas regiões, gera emprego e mantém Já a abordagem 3 considera que há entre os grupos dessas
a renda de pequenas famílias, seja pela cooperação entre localidades uma rede de confiança, na qual eles dividem
eles ou mesmo por entenderem a importância desse pro- valores e objetivos em comum, dessa forma haveria um
cesso para a organização dos setores da economia brasi- ambiente propício para a existência de um arranjo.
leira. Seguindo, a metodologia 4 que indica o tempo de dura-
ção e a maturação de projetos que envolvam toda a cadeia
RESULTADOS E DISCUSSÕES produtiva e, nisso a abordagem 5 já é inserida como o
espaço ou o mercado para que essa cadeia seja desenvol-
Caldas (2004, p.5-7), apresenta algumas destacáveis abor- vida e é inevitável não esbarrar em dificuldades, daí a im-
dagens acerca do desenvolvimento local que tornam-se portância de qualificar a mão de obra transformado-as
importantes para a presente pesquisa uma vez que é apli- em empreendedores quando pensamos em cooperativas
cável aos arranjos produtivos locais, discriminamos-as e associações.
abaixo: E na abordagem 6 consideremos, portanto, a avaliação do
1. A principal questão está relacionada à própria de- dinamismo econômico um importante fator para o de-
finição do que seja “local”. O que define o conceito senvolvimento local por intermédio dos APLs, uma vez
de local nesses casos é a circunscrição em um deter-
que é necessário entender a dinamicidade econômica e
minado espaço e a composição de uma teia de inter-
-relações envolvendo atores tanto internos quanto agir conforme ela para o sucesso em cadeia.
externos a esse espaço. 2. O senso de pertencimento, Refletindo sobre tais abordagens, o desenvolvimento lo-
para definir a maneira como se instauram (i) a relação cal, quer seja ele econômico, social ou mesmo político
entre as pessoas e (ii) a relação entre essas pessoas e só é asseverado com base em percepções cooperativas e
o mundo, a partir de uma relação local. A identida-
integralizadas, caso isso não ocorra, certamente também
de, nesse caso, deve ser construída a partir do local;
e não nas macroestruturas, servindo apenas como não ocorrerá desenvolvimento.
vínculo para uma dimensão global. 3. As redes de Desta forma, o estudo elenca alguns aspectos importan-
confiança, grupos de indivíduos que possuem valores tes para a estratégia de geração de iniciativas locais que
42 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 42 - 44, 2021
ARTIGO
favoreçam o desenvolvimento, de acordo com Vásquez arranjos em gerar renda, empregabilidade e crescimento
Barquero (1995): econômico.
1. Estruturação da capacidade e organização local; Um fator decisivo que a pesquisa percebeu para haja de
2. Inovação tecnológica; fato esse desenvolvimento são as quatros concepções ci-
3. Adaptação do capital humano ao merccado; tadas por Vásquez Barquero (1995): a estruturação da
4. Atuações conjuntas entre setores privados e públicos. capacidade e organização local; entende-se nessa concep-
Entende-se assim, que o desenvolvimento local de um ar- ção que todo APL precisa ter uma organização bem defi-
ranjo produtivo é fomentado por essas estratégias, sendo nida, de acordo com a dinamicidade de seus cooperados.
assim percebe-se que os APLs são notoriamente capazes Seguindo, a inovação tecnológica é tida como uma
de gerar desenvolvimento, baseado nas características de forma de facilitar a competitividade dos setores, uma
suas localidades e adequado às especificidades da popu- vez que inovar na qualidade dos produtos, também é
lação. empreender, é ter atitudes que priorizem seu produto
Buarque (2004, p.27), salientando sobre tais estratégias e e seu cliente.
indicando os pilares deles, escreve que: Um outro elemento importante para o desenvolvimen-
1. Organização da sociedade, contribuindo para to local dos arranjos produtivos é a adaptação do capital
a formação do capital social local (entendido humano ao mercado, isso torna-se importante para esse
como capacidade de organização e cooperação processo, pois o mercado pede profissionais cada vez
da sociedade local) combinada com a formação mais preparados e qualificados.
de espaços institucionais de negociação e ges- Nisto tem-se ainda a importância das atuações de insti-
tão; tuições de ensino que viabilizem a capacitação dos entes
2. Agregação de valor na cadeia produtiva, com a articu- pertencentes aos APLs, pois a qualificação auxilia na me-
lação e o aumento da competitividade das atividades lhoria das técnicas e serviços ofertados pelos pequenos
econômicas com vantagens locacionais; produtores locais.
3. Reestruturação e modernização do setor público Outro aspecto de extrema relevância, para o desenvolvi-
local como forma de descentralização das decisões mento dos arranjos são as atuações conjuntas entre seto-
e elevação de eficiência e eficácia da gestão públi- res privados e públicos, logo, quando há uma correlação
ca local. dos setores privados e públicos agindo de forma a pensar
Os arranjos produtivos locais desenvolvem suas lo- no crescimento econômico das localidades, favorece toda
calidades devido a estes três pilares mencionados por a cadeia produtiva.
Buarque (2004), uma vez que organizam a sociedade Os APLs são compostos geralmente por pequenos e mé-
de forma cooperativa contribuindo para a formação dios produtores que se organizam em cooperativas e ou
do capital social, aumenta a competitividade econômi- associações com o intuito de manter a sustentabilidade de
ca, por intermédio do valor da cadeia produtiva, bem suas cadeias produtivas E o termo que rege essas ações é
como a descentralização das decisões de interesse pú- a cooperação, esta é um agente de integração e facilitação
blico, já que colocam em xeque a eficiência e eficácia dos processos produtivos.
da gestão pública. O cooperativismo facilita o desenvolvimento social e eco-
Se tais organizações conhecessem a fundo a impor- nômico, uma vez que por meio dele há a distribuição de
tância de um arranjo produtivo local para a sociedade, forma igualitária, da renda dos cooperados que são pro-
certamente haveria mais visibilidade nas cadeias pro- dutores de pequeno e médio porte.
dutivas. Em se tratando de cooperação, seja na distribuição da
agricultura familiar, ou em produtos gerados pelos APLs,
CONSIDERAÇÕES FINAIS quer sejam manufaturados, industrializados como: rou-
pas, calçados, mel, cerâmica, açafrão e inúmeros outros,
Considerando a importância já apresentada dos arranjos há sem dúvida alguma, um fomento econômico que só é
produtivos locais, para as suas localidades de inserção, é possível, pois o produto é de qualidade e identifica certo
necessário destacar que as atividades que compõem um valor geográfico.
arranjo estão diretamente vinculadas à localidade e ao Diante do exposto, ainda percebe-se a importância da
pertencimento deste. identidade geográfica para o produto distribuído, uma
Dessa forma, a pesquisa considera que os objetivos ini- vez que ele carrega as impressões digitais daquela loca-
ciais do estudo foram alcançados, uma vez que eviden- lidade. Ao comprar um açafrão, do APL do açafrão, por
ciar a importância dos APLs para o desenvolvimento do exemplo, o cliente não adquire apenas um produto, ele
setor local, foi assegurado por meio da capacidade dos adquire características peculiares do trabalho, da dedi-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 43 - 44, 2021 43
ARTIGO
BENKO, Georges. Economia, espaço e globalização: na SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do
aurora do século XXI. 2ªed. São Paulo: Hucitec, 1999. pensamento único à consciência universal. 16ª ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008.
__________. A recomposição dos espaços.
In: INTERAÇÕES – Revista Internacional do SANTOS, Gustavo Antônio Galvão dos; DINIZ,
Desenvolvimento Local. Vol.1, N.2, Mar. 2001. Eduardo José; BARBOSA, Eduardo Kaplan.
Aglomerações, Arranjos Produtivos Locais e
BUARQUE, Sérgio C. Construindo o desenvolvimento Vantagens Competitivas Locacionais. In: Revista do
local sustentável: Metodologia de planejamento. 2ªed. BNDES. Rio de Janeiro, V.11, N.22, Dez. 2004.
Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SILVEIRA, Caio Márcio. Miradas, métodos, redes: o
CALDAS, Eduardo; MARTINS, Rafael. Visões do desenvolvimento local em curso. In: SILVEIRA, Caio
Desenvolvimento Local: uma análise de experiências Márcio; REIS, Liliane da Costa. (Org.). Desenvolvimento
brasileiras. Rio de Janeiro: Anais do I Encontro local: dinâmicas e estratégias. Rio de Janeiro: Rede DLIS,
Nacional de Administração Pública e Governança da 2001.
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em
Administração (ANPAD); CD-ROM, 2004. VÁZQUEZ BARQUERO, A. Desenvolvimento
endógeno em tempos de globalização. Tradução de
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, Helena M. M. O Ricardo Brinco. Porto Alegre: Fundação de Economia e
foco em arranjos produtivos e inovativos locais de Estatística, 2001.
micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M. M.;
CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. (Org.). Pequena _______. Desenvolvimento local: novas dinâmicas na
empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de acumulação e regulação do capital. Ensaios FEE, Porto
Janeiro: Relume Dumará, 2003. Alegre, (16)1: 221-241, 1995.
44 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 44 - 44, 2021
ARTIGO
1 http://lattes.cnpq.br/4011537951302777. msdouglasfalcao@gmail.com
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 45 - 53, 2021 45
ARTIGO
Relativo ao primeiro ano de execução do contrato de ges- mentos que antes só estavam disponíveis para médios
tão, em 2017, foi analisado o Plano de Assunção Imedia- e grandes empresários. Esta pesquisa demonstra que
ta, apresentado ao Parceiro Público aquando da assinatu- ao longo dos anos as ações implementadas de forma
ra do “Contrato de Gestão 01-2017-SED”. Este Plano foi o gradual foram enfocadas em aumentar a produtividade
primeiro planejamento que orientou como seria a gestão e os mercados das empresas e produtores beneficiados
operacional. pelo conjunto de serviço tecnológicos da mais altíssi-
Destaca-se que referente ao primeiro ano de execução do ma complexidade, alinhados a qualificação de quali-
Contrato de Gestão 01-2017-SED, em 2017, analisou-se o dade disponibilizado pela REDE COTEC por meio da
Plano de Assunção Imediata, que foi elaborado conforme Política Pública de Educação Profissional e Tecnológi-
a Proposta Técnica e premissas operacionais da operacio- ca em seus equipamentos públicos.
nalização das ações de Prestação de Serviços Tecnológi- Em linhas gerais, as atividades econômicas são desen-
cos previstos na dimensão de Desenvolvimento e Inova- volvidas em áreas com maior atratividade local, ou seja,
ção Tecnológica. Tal plano foi apresentado ao Parceiro áreas com infraestrutura e recursos humanos bem quali-
Público por ocasião da assinatura do contrato de gestão. ficados, ou seja, regiões peradas as para o estabelecimen-
Este foi o primeiro planejamento que norteou como a to de empresas e negócios de maior rentabilidade (BRA-
gestão operacional das atividades. SIL, 2005). Por isso os investimentos de forma consistente
Segundo o Plano de Assunção Imediata, foi elaborado um e assertiva, alinhados aos anseios do Setor Produtivo de
Planejamento de Ações de Desenvolvimento e Inovação Confecções foi fundamental para que os resultados fos-
Tecnológica contemplando as atividades de Prestação de sem positivos.
Serviços Tecnológicos Por Transferência de Tecnologia nos Vale destacar que áreas que não são assistidas por progra-
Arranjos Produtivos Locais, bem como seu monitoramen- mas de desenvolvimento, geralmente ficam excluídas pelo
to e avaliação, e também o Planejamento Educacional que mercado investidor, ficando fora dos principais fluxos eco-
também foi objeto de análise para este trabalho. nômicos, o impacto direto dessa ausência de investimento
Os demais planejamentos se deram nas periodicidades: por parte das Políticas Públicas, se expressam nos indica-
Trimestrais, Semestrais e Anual conforme estabelecido dores socioeconômicos, especialmente apresentando me-
no Chamamento Público 07-2016 – SEDI e Contrato de nores níveis de renda e condições sociais. Desta forma o
Gestão 01-2017-SEDI, as estratégias estabelecidas nos Estado de Goiás por meio das Secretarias de Estado do De-
planejamentos sempre estiveram alinhadas à Política Pú- senvolvimento e Inovação e Secretaria da Retomada foram
blica de desenvolvimento regional. na contramão da maioria dos estados da federação. Desta
Outro instrumento utilizado para este trabalho foram forma segundo COSTA (2011), por meio do uso extensivo
as Pesquisas realizadas junto ao APL de Confecções de dos recursos disponíveis e do aproveitamento do potencial
Catalão, com a finalidade mapear o perfil das empresas de desenvolvimento local, pode-se derivar a estrutura re-
pertencentes APL e informações de uso e expectativas de gional, promovendo correções nos desequilíbrios das Polí-
uso de dos Serviços Tecnológicos por Transferência de ticas de Desenvolvimento Regional.
Tecnologia disponibilizados pelo APL aos produtores.
O Governo de Goiás por meio do Programa Inova Goiás: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Programa de Inovação e Tecnologia do Estado de Goiás
foram investidos no APL de Confecções de Catalão R$ CARACTERIZAÇÂO DO APL DO APL DE CONFEC-
1.800.000,00 (hum milhão e oitocentos mil reais). Este ÇÕES DE CATAÇÃO – GO
recurso foi investido com três finalidades para o desen-
volvimento regional: O APL de Confecção de Catalão iniciou seu processo de
I. Compra de máquinas e equipamentos (Sistema formalização em 2016 e tem como base a União das In-
Audaces e Máquinas de Costura); dústrias de Confecção de Catalão e do Sudoeste Goiano
II. Qualificação profissional (cursos presenciais e (UNICON), fundada em 27 de abril de 2001. Hoje, este
EaD); APL faz parte da zona de influência da Região 03 vincu-
III. Transferência de Tecnologia (por meio de presta- lado ao COTEC em Artes Labibe Faiad.
ção de serviços tecnológicos). Segundo GOIÁS (2019), o objetivo dos APLs é promo-
Tais investimentos possibilitaram não apenas am- ver o desenvolvimento regional por meio de estímulo à
pliação na renda e melhor qualidade de trabalho aos cooperação entre capacidade produtiva local, instituições
produtores do setor de confecção (de forma direta e de pesquisa, agentes de desenvolvimento, poderes fede-
indireta), mas também foi um marco revolucionário ral, estadual e municipal com vistas à dinamização dos
do ponto de vista de inovação tecnológica de equipa- processos locais de inovação.
46 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 46 - 53, 2021
ARTIGO
Além de oferecer a qualificação profissional aos APLs, as roupas profissionais, 30% peças de vestuário (exceto rou-
Secretarias de Desenvolvimento e Inovação e Secretaria pas íntimas), 35% roupas íntimas e 5% de malharias e tri-
da Retomada fornecem apoio, técnico para a legalização e cotagens (exceto meias).
o reconhecimento do Arranjo Produtivo Local pela Rede Outro aspecto importante para as atividades do
Goiana de APL – RG APL que está vinculada ao Obser- APL era saber se os produtores conheciam a REDE
vatório Nacional de APLs do Ministério do Desenvolvi- COTEC (antiga REDE ITEGO) conforme Gráfico
mento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). 2.
A RG – APL foi criada pelo Decreto nº 5.990, de 12 de
agosto 2004. estabelecer, promover, organizar e consoli- Gráfico 2 - Conhece a REDE COTEC?
dar a política estadual de inovação tecnológica local, atra-
vés da constituição e o fortalecimento de Arranjos Produ-
tivos Locais; estimulas as cadeias produtivas de destaque
no Estado de Goiás; colaborar na captação de recursos
financeiros para a aplicação de no desenvolvimento dos
arranjos, dentre outras atribuições de políticas públicas
de desenvolvimento regional.
Segundo REGER (2018), por meio de pesquisa realiza-
da foram mapeadas inicialmente 35 empresas que faziam
parte do APL de Confecções de Catalão conforme dados
da RG-APL, porém apenas 21 empresas ou produtores ti-
veram interesse em continuar vinculados ao APL.
A partir da Pesquisa: Perfil das Empresas do APL de Con-
fecção de Catalão, foi possível identificar quais as deman-
das e necessidades das empresas e produtores quanto a
apropriação dos serviços tecnológicos disponibilizados Fonte: REGER, Pesquisa: Perfil das Empresas do APL de Confecção de
bem como os cursos de qualificação oferecidos pelo APL. Catalão, 2018
Entre os diagnósticos realizados por meio da pesquisa, foi Conforme demonstrado no Gráfico 2, 71% conhece a
importante identificar o a segmentação da produção das Rede COTEC (antiga REDE ITEGO).
confecções de Catalão, pois para se planejar e dimensionar Outro aspecto importante na identificação da capacida-
os serviços tecnológicos disponibilizados pelo conjunto de produtiva do APL foi que durante o ano são lançadas
Audaces essa informação foi crucial conforme Gráfico 1. novas coleções de peças novas qual a periodicidade que
ocorrem os lançamentos. Conforme Gráfico 3, os lança-
Gráfico 1 - Seguimento das Confecções mentos não obedecem a calendários rígidos.
O gráfico demonstra que há uma boa distribuição nos Fonte: REGER, Pesquisa: Perfil das Empresas do APL de Confecção de
Catalão, 2018
segmentos da produção das confecções da cidade: 30%
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 47 - 53, 2021 47
ARTIGO
Gráfico 5 – Número de Peças por Modelo Fonte: REGER, Pesquisa: Perfil das Empresas do APL de Confecção de
Catalão, 2018.
48 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 48 - 53, 2021
ARTIGO
Conforme exibido no Gráfico 8, o serviço de riscar as peças INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO APL DE CONFEC-
para corte também em 90% é realizado de forma manual. ÇÃO DE CATALÃO
Gráfico 9 – Forma como as peças são riscadas (para O APL de Confecção de Catalão, tem instalado o
corte) Conjunto Audaces que foi adquirido pelo Programa
Inova Goiás. O Conjunto Audaces atualmente é a
maior revolução tecnológica para o seguimento de
confecção.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 49 - 53, 2021 49
ARTIGO
50 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 50 - 53, 2021
ARTIGO
Assim gerar emprego e renda reduzindo desigualdades Quadro 3 – Cursos Ofertados de Qualificação Ofertados
sociais por meio de oportunidades justas de inclusão. na modalidade presencial
EIXO TECNOLÓ-
MODALIDADE
na modalidade presencial
CURSO
GICO
TIPO
Total
Total de Matrículas
EIXO TECNOLÓ-
MODALIDADE
CURSO
GICO
TIPO
ARTESANATO EM BORDADO,
75
CROCHÊ E CHINELO
ARTESANATO EM CROCHÊ 12
ARTESANATO CRIATIVO COM PRO- ARTESANATO EM PAT-
20
PRODUÇÃO CULTURAL E DESIGN
ARTESANATO EM TECIDO 20
ARTESANATO EM PINTURA
CUSTOMIZAÇÃO DE ROUPAS 35 30
EM TELA
DESENHISTA DE MODA 21
COSTUREIRO DE MÁQUINA
PINTURA EM TECIDO 20 40
RETA E OVERLOQUE
QUALIFICAÇÃO
PRESENCIAL
PRÁTICO
PRESENCIAL
TÉCNICA DE ARTESANATO EM
62 DESENHISTA DE MODA 27
CROCHÊ E TAPEÇARIA
TÉCNICAS DE CROCHÊ PARA INI- TÉCNICAS DE ARTESANATO:
14 BORDADO, CROCHÊ, CHINE- 31
CIANTES
LOS E RECICLAGEM
TÉCNICAS DE MODELAGEM E COS-
59 CONFECCIONADOR DE
TURA DE LINGERIE 32
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
LINGERIE
TÉCNICAS DE MODELAGEM E COS-
126
TURA DE MODINHA CONFECCIONADOR DE LIN-
23
ARTESANATO EM TECIDO 14
GERIE E MODA PRAIA
PRODUÇÃO IN-
20 RETA E OVERLOQUE
MODA PRAIA
COSTUREIRO DE MÁQUINA RETA E COSTUREIRO MÉTODO
189 23
OVERLOQUE PRÁTICO
Presencial Total 681 TOTAL 686
Fonte: SIGA – Sistema Informatizado de Gestão Acadêmica Fonte: SIGA – Sistema Informatizado de Gestão Acadêmica
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 51 - 53, 2021 51
ARTIGO
CURSO
mento Regional nos últimos possibilitou conforme os
GICO
TIPO
Total
números apresentados resultados consistentes no au-
mento de produção por meio da prestação de serviços
tecnológicos para empresas e produtores por meio de
transferência de tecnologia com uso da inovação tec-
nológica mais moderna em confecção que é o conjunto
PRODUÇÃO CULTURAL E
Audaces.
CURSO TÉCNICO
52 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 52 - 53, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 53 - 53, 2021 53
ARTIGO
54 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 54 - 60, 2021
ARTIGO
fecção, além de ser utilizada para dessedentação humana A CCS está relacionada à sanidade da glândula mamá-
e dos animais, seu uso na ordenha e/ou na higienização ria, o processo de inflamação que é a mastite estas célu-
de utensílios e equipamentos, pode contribuir para o au- las sejam transportadas do sangue para o leite, podendo
mento da contaminação do leite por bactérias (PINTO; apresentar evolução aguda a crônica e apresentar-se nas
MARTINS; VANETTI, 2006; VOGES, 2017). formas clínica e subclínica, provocando alterações físi-
Silva et al. (2018) afirmam que a maioria dos produtores cas, químicas e bacteriológicas no leite. A CCS é utiliza-
rurais não conhecem a qualidade da água da sua proprie- da como um dos principais parâmetros de qualidade nas
dade, acreditam até que seja superior à dos centros urba- indústrias, vacas com mastite produzem leite com com-
nos, porém, a contaminação desta também é alta. posição alterada, influenciando sua qualidade e afetando
Considerando os possíveis problemas advindos da qua- o rendimento de fabricação de derivados lácteo, sendo
lidade da água usada na produção de leite, este trabalho assim o pagamento dos produtores é realizado em função
teve como objetivo efetuar a cloração de água em fazen- da qualidade do leite produzido (ANGELIS; PEREIRA
das produtoras ao longo de 12 meses, coletar amostras da DE SOUSA; OLIVEIRA, 2016; PEIXOTO et al., 2017).
água e do leite e comparar os parâmetros de qualidade Já o CBT, expressa a carga de bactérias mesófilas aeróbias
destas com os resultados obtidos de amostras coletadas estritas e facultativas viáveis, fornecendo indicação a res-
no ano anterior, quando a água ainda não era clorada. peito da condição higiênica geral do alimento. O grupo dos
coliformes a 35°C indica a qualidade higiênica, enquanto
DESENVOLVIMENTO o grupo dos coliformes a 45°C (termotolerantes) indica
a qualidade sanitária dos produtos, já que nesse último
Este trabalho foi desenvolvido pelo Grupo De Estudos grupo estão incluídas espécies cujo habitat é o trato gas-
Avançados Em Leite e Seus Derivados (GELAC) da Es- trointestinal de animais, onde estão presentes em grande
cola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás quantidade, por permanecer mais tempo na água que as
(UFG) em parceria com o Sindicato das Indústrias de bactérias patógenas e se comportar de maneira semelhante
Laticínios no Estado de Goiás (SINDILEITE) e apoio do aos patógenos nos sistemas de desinfecção (PONSANO,
Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária no Estado de 2011; VOGES, 2017). Segundo Scabin, 2012 o leite in na-
Goiás (FUNDEPEC), com início em 2016 e conclusão em tura no Brasil apresenta uma alta contagem de aeróbios
2018. mesófilos, coliformes totais e termotolerantes, sendo estes
Este grupo de estudos foi formado por estudantes de consequência da alta contagem de CBT.
Engenharia de Alimentos que desenvolviam os estudos A contaminação e proliferação dos microrganismos no
teóricos sobre o tema e realizaram as atividades práticas leite cru estão relacionadas a fatores como: manejo da or-
que envolvia a construção de cloradores, suas instalações, denha, agilidade no transporte, raça do animal, manejo
coletas de amostras de água e leite e entrega aos labora- nutricional, estágio de lactação, potabilidade e dureza da
tórios. Posteriormente, os resultados foram apresentados água empregada e do processo de higienização das orde-
para as empresas parceiras. nhadeiras e instalações. Além disso, o estado sanitário
da vaca, especialmente em relação a doenças do úbere
EMBASAMENTO TEÓRICO também pode contribuir para o conteúdo microbiano,
tais como contaminações nas zonas inferiores do úbere e
A contaminação com determinados microrganismos e/ durante a extração do leite, pois estes ficam diretamente
ou suas toxinas constituem as causas mais frequentes de expostos a múltiplas fontes de contaminações como: do
problemas sanitários e perdas econômicas, já que a qua- animal, do ar, da água e dos utensílios utilizados durante
lidade do leite de consumo está associada à carga micro- sua coleta (PONSANO, 2011; REIS, 2013; PEIXOTO et
biana inicial (PONSANO, 2011; REIS, 2013). al., 2017).
A IN 77 estabelece que o leite cru refrigerado deve A adoção das técnicas profiláticas resulta em diminuições
conter no máximo 300 000 UFC/mL (CBT) e 500 000 significativas na contagem total de bactérias psicrotrófi-
células somáticas/mL (CCS). Esses dois parâmetros de cas, sendo estas conhecidas pela sua ação deteriorante,
qualidade são fundamentais na qualidade o leite e seus que se deve principalmente à produção de enzimas ter-
derivados, pois microrganismos estão diretamente asso- morresistentes: proteases e lipases, que degradam respec-
ciados a infecções alimentares e zoonoses que podem tivamente a proteína e a gordura do leite (GUERREIRO
ser evitados por meio de cuidados higiênicos com os et al., 2005; VOGES, 2017). O uso de boas práticas na or-
animais, equipamentos, instalações, pessoas e também denha, detergentes e sanitizantes específicos, pré-dipping
da qualidade da água usada nos processos de higieniza- e papel-toalha, contribuem para a redução da contagem
ção (DIAS et al., 2018). bacteriana no leite (SILVA et al., 2018).
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 55 - 60, 2021 55
ARTIGO
A qualidade microbiológica da água é uma variável que lizadas pelo Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) em
pode afetar substancialmente a qualidade do leite, logo, Goiânia.
para atender os padrões microbianos exigidos pela legis- As análises de água (físico-química e microbiológica) fo-
lação em vigor preconiza-se a obrigatoriedade da manu- ram realizadas pelo laboratório Microlab Ambiental, em
tenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou Goiânia. Dentre as análises microbiológicas foram reali-
2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de zadas: contagem de bactérias heterotróficas (expressa em
dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distri- UFC/mL), presença em 100 mL água de coliformes totais,
buição de água (BRASIL, 2011). Nos estudos de Lamas et coliformes termotolerantes e Escherichia Coli.
al. 2016, a cloração da água foi eficiente para a redução de
coliformes totais e termotolerantes sem afetar a composi- RESULTADOS E DISCUSSÃO
ção química do leite.
Silva et al. (2018) também relata que a utilização de pasti- A INSTALAÇÃO DOS CLORADORES
lhas de cloro na água melhorou a qualidade microbioló-
gica da água, reduzindo a contagem de bactérias mesófi- Na primeira visita feita em cada propriedade participante
las, bactérias psicrotróficas, coliformes a 35ºC, bem como do projeto, inicialmente foi aplicado um questionário para
o percentual de amostras contaminadas por Escherichia levantar informações gerais da propriedade do produtor,
coli. A presença de E. coli na água utilizada na obtenção ou da ordenha e de suas instalações. A seguir fazia-se a ins-
processamento, ou alimento, também indica má qualidade talação do equipamento clorador. Logo a seguir, foi feito o
higiênico sanitária, o que pode acarretar na veiculação de treinamento para operação do clorador, orientando o pro-
microrganismos patogênicos para os consumidores e re- dutor sobre como proceder diariamente para não ter ex-
presenta um problema de saúde pública (DIAS et al, 2018). cesso ou falta de cloro na água. As fotografias 1, 2 e 3 mos-
tram o momento, a instalação e treinamento do produtor.
METODOLOGIA
Fotografia 1, 2 e 3 – Momentos de instalação de clorador
Para realização do trabalho foram escolhidas 3 empresas e treinamento dos produtores.
que identificaram dentre seus fornecedores de leite cru, 5
produtores rurais, totalizando 15 produtores espalhados
pelas principais bacias leiteiras do estado de Goiás.
Após identificação dos produtores, foi estabelecido o ca-
lendário de visitas que eram realizadas as seguintes ati-
vidades:
Na primeira visita:
a) coleta de amostra de água bruta na fonte de captação.
b) instalação do clorador, ajuste do teor de cloro e coleta
de amostras para análises da água clorada;
c) orientação do produtor ou trabalhador para operação
do clorador, procedimento diário de análise do teor
de cloro e registro em planilha
d) coleta de amostras de leite para análises físico-quími-
cas, CBT e CCS;
Nas visitas mensais posteriores, foi realizada a coleta de
amostra de água e leite para submeter às análises.
Os resultados das análises do ano de 2016, quando a água
ainda não era clorada, foram obtidos com as empresas
compradoras de leite dos produtores participantes do
projeto.
Em 2017, após a cloração da água, as amostras de leite
eram coletadas nos tanques das propriedades produtoras.
Já as amostras de água eram coletadas em torneiras da or-
denha, seguindo os protocolos preconizados nas normas
para coleta e conservação de amostras.
As análises de CBT, composição e CCS do leite foram rea-
56 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 56 - 60, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 57 - 60, 2021 57
ARTIGO
tes legais, considerando o ano anterior a cloração (AC) e Estes dados corroboram com os resultados obtidos com
posterior a cloração (DC). outros autores como Silva et al. (2018), Reis et al. (2013),
Observa-se que após a cloração da água, houve redução Dias et al. (2018) e mesmo com a legislação, que afirmam
significativa no número de amostras positivas para todos que o cloro é um desinfetante eficaz para água, eliminan-
os microrganismos analisados. A redução seria ainda do microrganismos deteriorantes e patogênicos.
maior se todos os produtores tivessem feito a cloração de
água de maneira adequada. CONTAGEM BACTERIANA TOTAL (CBT) NO LEITE
58 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 58 - 60, 2021
ARTIGO
Gráfico 3 – Comparação entre médias da contagem Gráfico 4 – Comparação entre médias da contagem de
bacteriana total (CBT) de amostras de leite coletadas em células somáticas (CCS) de amostras de leite coletadas
todas as propriedades nos anos de 2016 (quando a água em todas as propriedades nos anos de 2016 (quando a
ainda não era clorada) e 2017 (após a cloração da água). água ainda não era clorada) e 2017 (após a cloração da
água)
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 59 - 60, 2021 59
ARTIGO
60 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 60 - 60, 2021
ARTIGO
RESUMO the population comes from the rural area with a culture
that comes from the rural area with a culture that comes
O presente trabalho teve como objetivo realizar um from the father for son. It is important, however, to make
levantamento das espécies de plantas mais utilizadas the population aware oh the use oh these medications,
pela população de Santo Antônio do Descoberto e which, despite working as a palliative in combating the
Planaltina de Goiás, no Estado de Goiás, para trata- symptons of the disease, cannot replace specialized me-
mento aos efeitos causados pela COVID-19. No mês dical treatment.
de março de 2021, foram coletados os dados através
questionário enviado por formulário elaborado na pla- Keywords: Phytotherapy. Coronavirus. Irus. Plants. Popu-
taforma do Google Form, encaminhado a 72 pessoas lation.
pela ferramenta WhatsApp, cujo objetivo foi o de co-
nhecer o tipo de planta mais usada para amenizar os INTRODUÇÃO
efeitos e sequelas causados pelo vírus. Conforme dados
levantados, percebemos que ainda é bastante comum o A covid-19, infecção causada pelo Novo Coronavírus
uso de plantas consideradas medicinais, devido à faci- (sars-Cov-2), foi categorizada como pandemia pela Or-
lidade de acesso, já que podem ser cultivadas em casa, ganização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março de
somado ao fato de que grande parte da população vem 2020 (OPAs, 2020).
da área rural com uma cultura passada de pai para fi- Estamos passando por um problema de saúde pública
lho. É importante ressaltar, porém a conscientização da mundial devido a disseminação do Novo Coronavírus
população com o uso desses medicamentos, que apesar – COVID-19, com vidas ceifadas, hospitais lotados, e a
de funcionarem como paliativos no combate aos sin- população clamando por socorro.
tomas da doença, não podem substituir o tratamento O desenvolvimento da pandemia de COVID-19 colocou
médico especializado. para todos os países, em escala global, grandes desafios
no enfrentamento de um fenômeno que ainda se apre-
Palavras-chaves: Fitoterapia. Coronavírus. Vírus. Plan- senta com muitas incertezas, mas que indubitavelmente
tas. População. produz um impacto importante para toda a população
(FURTADO et al, 2021).
ABSTRACT No Brasil, o primeiro caso confirmado foi em 26 de feve-
reiro, em São Paulo. No mesmo mês, começaram as pri-
The present work aimed to carry out a survey of the plant meiras ações governamentais ligadas à pandemia da CO-
species most used by the population of Santo Antonio do VID-19, com a repatriação dos brasileiros que viviam
Descoberto and Planaltina de Goiás to treat the caused em Wuhan, cidade chinesa epicentro da infecção. Desde
by Covid 19. The data were collected in March/2021 então, a pandemia e as ações governamentais foram va-
using a google forms form containing an investigative riadas, com reduções e aumentos no número de casos,
questionnaire that was forwarded to 72 people via what- medidas como lockdown e o início da vacinação em algu-
sapp. The obtective of the questionnaire was to survey mas localidades3.
the types of plants that are used, to mitigate the effects O uso de plantas consideradas medicinais, que é uma prá-
caused by the virus. According to data collected, we rea- tica bastante antiga, vem sendo uma aplicada como uma
lize that it is still quite common to use plants considered alternativa eficaz para tratamento de doenças, tornando-
medicinal, due to the easy access, since they can be gro- -se também uma opção complementar no combate a al-
wn at home, in assition to the fact that a large part of guns sintomas causados pela COVID-19.
1 Alcione Martins de Moraes – Mestre em Ciências Florestais, Pedagoga, estudante do curso de Ciências Biológicas. Coordenadora Pedagógica e Pro-
fessora na Escola do Futuro de Goiás Sarah Luísa Lemos Kubitschek de Oliveira.
2 João Gomes de Oliveira Neto Mestre em Agroecologia, Zootecnista, professor na Escola do Futuro de Goiás Sarah Luísa Lemos Kubitschek de Oliveira.
3 https://www.sanarmed.com/linha-do-tempo-do-coronavirus-no-brasil
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 61 - 66, 2021 61
ARTIGO
As plantas medicinais são utilizadas pelo homem, Desde que nascemos, somos influenciados pelos costu-
como meio de tratamento de enfermidades de todos mes e tradições da cultura da qual fazemos parte. O uso
os tipos, ou seja, a utilização de plantas na preven- de plantas medicinais também sucumbe destes processos,
ção e/ou na cura de doenças é um hábito que sempre datando de eras primitivas. Segundo Alvim et al. (2006)
existiu na história da humanidade (MORAES; SAN- o homem primitivo buscou na natureza as soluções para
TANA, 2010). os diversos males que o assolava, fossem esses de ordem
O momento é crítico no cenário sanitário mundial espiritual ou física. Aos feiticeiros, considerados inter-
no combate ao Coronavírus, e a fitoterapia além de mediários entre os homens e os deuses, cabia a tarefa de
prática milenar, engloba alternativas de tratamento curar os doentes, unindo-se, desse modo, magia e religião
para a população. Sabe-se que essa terapia com plan- ao saber empírico das práticas de saúde, a exemplo do
tas medicinais utilizada por vezes erroneamente, sen- emprego de plantas medicinais. A era Antiga inaugurou
do substituída por medicamentos (PEREIRA; SILVA outro enfoque, quando, a partir do pensamento hipocrá-
2020). tico, que estabelecia relação entre ambiente e estilo de
O estudo do conhecimento popular e das conceituações vida das pessoas, os processos de cura deixaram de ser
desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mun- vistos apenas com o enfoque espiritual e místico.
do vegetal e que engloba tanto a maneira como algum Na figura 1 podemos observar que dos 72 entrevistados
grupo social classifica as plantas, como os respectivos 59,17% eram da cidade de Santo Antônio do Descoberto,
usos, que segundo Amorozo (1996) pode ser compreen- 31,94% da cidade de Planaltina de Goiás e 13,89% dos
dida pelo conceito da etnobotânica. entrevistados eram de cidades localizadas nas regiões
O objetivo deste trabalho foi efetuar um levantamento et- próximas. Isto mostra que a população de Santo Antônio
nobotânico das espécies medicinais utilizadas pelos mo- do Descoberto se sentiu mais aberto para as respostas do
radores das cidades de Santo Antônio do Descoberto e questionário, isto aconteceu provavelmente porque o mu-
Planaltina de Goiás, no combate aos efeitos causadas pela nicípio tem desenvolvido um trabalho de conscientização
COVID-19 muito bom.
62 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 62 - 66, 2021
ARTIGO
Figura 2 - Faixa etária dos entrevistados Segundo Cruz (2020) tomando com base o estudo da
China, o especialista afirma que, hipoteticamente, a cada
cinco pessoas que testaram positivo para a doença, qua-
tro delas receberam a carga viral de uma pessoa assinto-
mática. Por isto é muito importante a prevenção da CO-
VID-19 com uso de máscaras e do álcool em gel.
Em relação aos tipos de plantas citadas pelos entrevista-
dos (figura 4) o algodão e arnica foram os mais citados
com (9,72%), acompanhados pela carqueja, sabuguei-
ro, barbatimão, boldo e mastruz com (8,33%), limão,
manjericão e erva cidreira com (6,94%), camomila com
(4,17%), orégano com (2,78%) e por último melão de são
Caetano e jabuticabeira (1,39%).
Fonte: Pesquisa de campo. As plantas foram a única fonte terapêutica para o ser hu-
mano por muitos séculos, e mesmo após o advento da
química farmacêutica, elas continuaram muito úteis, pois
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da
passaram a representar a primeira fonte de substâncias
Saúde, apenas neste ano, o maior número de internados por
para o desenvolvimento de medicamentos (HOSTETT-
SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada por
MANN, QUEIROZ, VIEIRA, 2003).
COVID-19 tinha entre 60 e 69 anos (21,9%) até a semana
Das partes usadas para o preparo, há uma predominân-
encerrada em 6/2. No entanto, no mesmo período, aque-
cia na utilização das folhas (30,56%), em seguida a casca
les abaixo de 60 anos eram quase a metade dos internados
(27,78%), raiz com (26,39%), as sementes (8,33%) por
(42%), entre os quais 323 recém-nascidos (BRASIL, 2021).
fim, toda parte da planta (6,94%) (Figura 5).
Em relação a contaminação pela COVID-19 pelos entre-
A predominância das cascas e folhas usadas pelas comuni-
vistados, o número foi bastante positivo, apenas 12,5% já
dades para fazer medicamento se dá pela maior facilidade
foram contaminados enquanto a maioria 87,5%, ainda
de coleta e a disponibilidade durante o ano (PEREIRA et
não teve contato com a COVID-19 (figura 3).
al., 2005). Para Santos et. al (2008) a maioria dos compostos
ativos é encontrada nas folhas e a coleta não causa muitos
Figura 3 - Número de pessoas que foram acometidas
danos a planta, permitindo a preservação e uso continua-
pela COVID-19
do, outro motivo que corrobora com esta predominância.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 63 - 66, 2021 63
ARTIGO
Figura 6- Plantas mencionadas pelos entrevistados e respectivas indicações terapêuticas, modo de preparo e as partes
utilizadas
NOME VULGAR INDICAÇÃO PREPARO PARTE USADA
Algodão Inflamação urinária Chá, banho, xarope Folha, Broto
Arnica Garganta Infusão Folha
Boldo Fígado, dor de barriga, estomago. Infusão, chá e sumo Folha
Barbatimão Anti-inflamatório e febre Chá e banho Casca
Camomila Febre, calmante, diabete. Chá Flor/ folha
Carqueja Fígado Chá Folha
Erva Cidreira Dor de cabeça, febre e Calmante. Sumo e chá Folha
Inhame Fornece energia, auxilia em problemas respiratórios Alimentação e suco Todo fruto
Jabuticabeira Evita o aumento da glicemia Fruto Casca
Limão Aumenta a imunidade Fruto Todo o fruto
Matruz Gripe, cicatrizante. Sumo e chá Folha e broto
Manjericão Tosse, dor de garganta, gripe e resfriado. Chá Folha
Melão de São Caetano Regula os níveis de açúcar no sangue Suco Todo o fruto
Orégano Fortalece o sistema imunológico Chá Folhas
Sabugueiro Gripe, febre e tosse. Chá Folha
Fonte: Arquivo pessoal.
Alguns alimentos, produtos apícolas e plantas demons- lógicas e amenizar a tosse (6,94%), para auxiliar na
traram ação antiviral, anti-SARS, anti-COV-2 baseados força, sistema imunológico, anti-inflamatório, hidra-
na medicina tradicional e em estudos científicos podem tação (5,56%) e por último para auxiliar no controle
ser consumidos e utilizados pela população em terapias interno, gripe, limpar os pulmões, e tirar o amargo
profiláticas e paliativas na busca de evitar possíveis sin- da boca (4,17%). Alguns chás naturais podem ajudar
tomas severos ou morte pelo COVID-19 (SILVA, 2020). a fortalecer o sistema imunológico do corpo humano,
Com relação aos benefícios que a planta oferece ao seu como é o caso do chá de abacate com hortelã, do chá
usuário aumentar a imunidade está entre o maior be- de erva doce, do chá de gengibre, alho, hortelã e casca
nefício, presente em (30,56%) das plantas citadas, logo de limão, entre outros. As plantas medicinais podem
vem a prevenção. Ou seja, o uso medicinal com plantas amenizar alguns dos sintomas da COVID-19 (CAVAL-
é bem visto como forma de prevenção de doenças com CANTI, 2020).
(9,72%) para aumentar a disposição, funções imuno-
64 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 64 - 66, 2021
ARTIGO
Figura 7 - Possíveis benefícios das plantas medicinais Contudo, temos que ter cuidado já que é necessá-
segundo os entrevistados rio cautela na utilização das plantas consideradas
medicinais, vale ressaltar que não há comprovação
cientifica dos benefícios de plantas medicinais no
combate aos efeitos da COVID-19, sendo o uso de
máscaras e álcool a forma mais eficaz de se evitar o
contágio.
REFERÊNCIAS
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 65 - 66, 2021 65
ARTIGO
66 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 66 - 66, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 67 - 74, 2021 67
ARTIGO
lares Nacionais (PCNs), que estabelecem como diretriz a na educação para a sustentabilidade, ou seja, promover
relação consciente entre homem e natureza desde as sé- a educação ambiental de forma que a única saída seja a
ries iniciais até o Ensino Médio. permanência da sustentabilidade.
É certo que com o avanço tecnológico, a industrialização Partindo de um ponto histórico, a pesquisa assegura ser
e o constante crescimento populacional, a interferência necessário traçar um percurso temporal para só então
do homem na natureza a fim de suprir suas necessidades estabelecer-se um estudo analítico sobre a temática men-
ora básicas, ora supérfluas, tem sido cada vez mais cons- cionada. Dessa forma, compreende-se que as discussões
tante e por vezes agressivas. Desenvolver nas crianças e sobre os agravantes ambientais começaram em meados
adolescentes consciência ambiental diante desse cenário dos anos 1960, mediante estudos científicos sobre a des-
é de suma importância para a escola que almeja o desen- truição, exploração e degradação do meio ambiente e
volvimento de alunos/cidadãos conscientes de suas atitu- dos recursos naturais oferecidos. Tais discussões estavam
des e deveres para com o meio. para o avanço da industrialização, o descarte de resíduos
Nestes primeiros tópicos a pesquisa traçará um percurso sólidos de forma inadequada e os grandes impactos am-
histórico acerca do surgimento e consolidação da EA, fa- bientais ocasionados pela ausência de políticas destinadas
tores que a tornam emergente, bem como as perspectivas para os devidos fins.
sociais que circundam e torna tal tema uma abordagem O desabrochar da consciência ambiental deu-se com a
transversal. publicação da obra Primavera Silenciosa (1962), de Ra-
chel Carson, que evidenciava pesquisas e resultados sobre
DO PONTO DE VISTA HISTÓRICO o efeito da contaminação química provocada pela ação
de pesticidas sobre o solo. Logo após, os estudos da bió-
A Educação ambiental corresponde a uma vertente da loga, em 1968, o encontro do clube de Roma, formado
educação no que se refere ao processo de amplificação e por vários cientistas de variados países, publicaram seus
conhecimento continuado acerca do meio ambiente e de resultados na obra Limites do Crescimento, uma das evi-
todos os aspectos que o circundam. Não se trata de um dências mais contundentes sobre as ameaças ambientais
processo transitório, mas sim permanente, uma vez que contemporâneas. Durante esse período de acordo com
tal processo está para a consciência desenvolvida nos in- Meadows, Randers e Meadows (2007), a sociedade es-
divíduos por meio da aquisição de competências, valores taria diante de um dos seus maiores confrontos dentro
e habilidades que fazem com que estes tenham entendi- de algumas décadas, ou seja, o esgotamento dos recursos
mento individual e coletivo da importância do meio para naturais.
as gerações presentes e futuras. Em 1970, a EA começou a ganhar espaço, uma vez que
A EA é de extrema importância para a transformação de passou a ser uma alternativa ou mesmo uma solução para
comportamentos e valores, Trevisol (2003) já evidenciara os agravantes ambientais que o planeta estava enfrentan-
que ela seria o recurso capaz de levar indivíduos a modi- do. Para atestar este ganho de espaço, a Organização das
ficarem suas concepções e hábitos mediante o desenvol- Nações Unidas (ONU) em 1972 elaborou a Declaração de
vimento da consciência ambiental revelada com base no Estocolmo em uma Conferência Mundial com participa-
meio que vive e convive. Nisto, a sustentabilidade seria o ção 113 países; no documento mencionado foi estabeleci-
princípio essencial para entender as formas pelas quais o do alguns princípios, tais como: a preservação e respeito
meio e o homem podem ocupar o mesmo espaço. Sendo de culturas, etnias e crenças, a importância dos recursos
assim, infere-se que: naturais para a sobrevivência humana e a educação am-
A EA não é um tema qualquer que pode ser adiado biental como recurso para o desenvolvimento da qualida-
ou relegado a segundo plano. Trata-se de uma neces- de de vida. Outro aspecto histórico que culminou na EA
sidade histórica latente e inadiável, cuja emergência
decorre da profunda crise socioambiental que envolve contemporânea aconteceu:
Cinco anos após em Estocolmo, em 1977, acontece
nossa época. Educar para a sustentabilidade tornou-
em Tbilisi, na Geórgia, a Conferência Intergover-
-se um imperativo, sobretudo porque as relações entre
namental sobre Educação Ambiental. Isto inicia
sociedade e natureza agravaram-se, produzindo ten-
um processo global orientado para criar as con-
sões ameaçadoras tanto para o homem quanto para a
dições para formar uma nova consciência sobre o
biosfera (TREVISOL, 2003, p 93).
valor da natureza e para reorientar a produção de
Conforme Trevisol (2003), a temática referida não pode conhecimento baseada nos métodos da interdisci-
ser adiada ou mantida em segundo plano, uma vez que plinaridade e os princípios da complexidade. Esta
a emergência seria a melhor forma de lidar com todo o aponta nesse momento para a Educação Ambiental
processo ameaçador e agravante da relação homem e na- como um meio educativo pelo qual se podem com-
preender de modo articulado as dimensões am-
tureza. Logo, a solução proposta pelo autor está vinculada
biental e social, problematizar a realidade e buscar
68 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 68 - 74, 2021
ARTIGO
as raízes da crise civilizatória (LOUREIRO apud que cinco anos após o evento da Rio 92, a Conferência
JACOBI, 2005, p.242) Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade - Educa-
A Conferência de Tbilisi, foi um dos eventos que mar- ção e Consciência Pública para a Sustentabilidade, ocor-
caram o processo de consolidação da relevância da EA, rida em Thessaloniki, atestou que os eventos ocorridos
organizada pela United Nation Educational, Scientific and anteriormente não apresentaram resultados suficientes
Cultural Organization - Organização para a Educação, a para disseminar a consciência do meio e dos efeitos na-
Ciência e a Cultura das Nações Unidas (UNESCO), jun- turais. Sendo assim, os anos seguintes foram decisivos,
tamente com o Programa das Nações Unidas para o Meio 1999, 2000 e 2002, culminaram em fatos que levaram ao
Ambiente (PNUMA)em 1977, esboçou a necessidade de Rio+10 ou Cúpula Mundial do Desenvolvimento Susten-
uma abordagem interdisciplinar, ética e crítica para o de- tável, este estabeleceu ações para mudanças ambientais a
senvolvimento do conhecimento e do entendimento da partir dos próximos anos.
Educação Ambiental. No entanto, a âncora que equilibra Posteriormente, a Rio+20 em 2012, trouxe como princí-
este processo só foi estabelecida em 1987 com o Relatório pio norteador a renovação do compromisso político com
Brundtland - Nosso Futuro Comum, na qual a Sustenta- o meio e seu desenvolvimento sustentável, através de ava-
bilidade ou Desenvolvimento Sustentável configurou-se liações e medidores deste desenvolvimento, a fim de que
como o recurso capaz de satisfazer as gerações presentes aconteça a implementação de ações decididas durante
e futuras. os eventos até aqui referenciados, já evidenciara Trevisol
É importante destacar que no Brasil, a Constituição Fede- (2003).
ral de 1988, já abordara a temática tão discutida e comen- Tal retrospectiva relata a importância emergente da temá-
tada, esta foi a primeira a sinalizar ações governamentais tica abordada na pesquisa, uma vez que o processo para
para as questões evidenciadas até aqui. Logo, ela mencio- dar enfoque a ela, durou várias décadas e ainda perdura
na que: dando continuidade a eterna incógnita da humanidade:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
vivência e convivência entre homem e meio. Dessa forma,
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Públi- o estudo parte para a EA em si, a fim de que se entenda a
co e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo relevância da emergencialidade da temática.
para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Assegura-se pela Constituição Brasileira que o meio am- REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
biente ecologicamente equilibrado é um direito comum e NO PROCESSO EDUCATIVO
essencial a vida, logo o dever de defendê-lo não seria ape-
nas do Poder Público, mas também de toda a sociedade. A Educação Ambiental é tida como uma atividade prá-
Todavia, ainda em 1992, a ONU estabeleceu a Conferên- tica, deliberada e perdurável que tem a capacidade de
cia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desen- intensificar a relação entre homem e natureza, estabele-
volvimento (Rio-92), na qual mais de 18 mil pessoas de cendo a consciência, responsabilidade e comportamento
diversos países participaram e acordaram três importan- necessários para manter a existência mútua entre socie-
tes documentos para a EA: Agenda 21, Carta Brasileira dade e meio. Consideremos outra definição para a EA,
para a Educação Ambiental e o Tratado de Educação Am- conforme preceitua a Lei 9795/99 que dispõe sobre a Po-
biental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade lítica Nacional de Educação Ambiental:
Global. Art 1ª: Entendem-se por educação ambiental os pro-
O primeiro documento, intitulado “Agenda 21”, tratava cessos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilida-
de um programa global que traçava ações de sustentabi-
des, atitudes e competências voltadas para a conserva-
lidade e preservação da biodiversidade como um modelo ção do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
para a subsistência dos recursos naturais mediante a edu- essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabili-
cação. O segundo é “A Carta Brasileira para a Educação dade. (BRASIL, 1998).
Ambiental”, nela o Poder Público exige o cumprimento A construção de valores sociais é atendida por meio
da legislação brasileira acerca da educação ambiental e da coletividade de seus integrantes isso deve-se ao fato
sua adesão no contexto escolar. Já o “Tratado de Educa- de que os conhecimentos, as habilidades, as atitudes
ção Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Respon- e as competências são desenvolvidas para atender um
sabilidade Global” estabeleceu o comprometimento das conjunto de elementos que abordam a temática do
esferas sociais lançando o compromisso da sociedade ci- meio ambiente de forma transversal onde o papel da
vil para a construção de um modelo mais harmônico de sociedade e da escola traduzem a importância desse
desenvolvimento. processo.
Continuando a trajetória da EA, é importante destacar No que tange ao professor, independente do compo-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 69 - 74, 2021 69
ARTIGO
nente curricular que atua, torna-se notável que a refle- atendendo a legislação vigente:
xão da prática educativa é um aliado na permanência A Educação Ambiental é componente integrante,
essencial e permanente da Educação Nacional, de-
e continuidade da Educação Ambiental, não apenas
vendo estar presente, de forma articulada, nos níveis
como uma temática transversal apresentada no currí- e modalidades da Educação Básica e da Educação
culo de referência, mas também como um componente Superior, para isso devendo as instituições de ensino
da prática social, (SAVIANI, 2005), que precisa estar promovê-la integradamente nos seus projetos institu-
de certa forma inserida no contexto do aluno e vin- cionais e pedagógicos (BRASIL, 1999).
culada a uma percepção de mundo de seu professor. A EA tem se tornado cada vez mais importante dentro do
Dentro dessa perspectiva, a escola, a comunidade, o cenário nacional da educação, tendo em vista, sua impor-
professor e o aluno agem como a extensão do outro, tância e, também, sua consonância com a representativi-
pois a prática educativa não é construída apenas pelo dade do Brasil no cenário mundial. Ela surge no cenário
professor, dentro desse contexto. educacional com o objetivo de trazer à tona a discussão
A EA contribui de forma significativa para o desen- da coexistência entre homem e natureza, bem como a ne-
volvimento do sujeito, sendo assim pode-se considerar cessidade de ensinar de forma esclarecedora para as pró-
que: ximas gerações essa relação de respeito e equilíbrio.
Se a educação é mediadora na atividade humana, Conforme Brasil (1998), os Temas Transversais partem
articulando teoria e prática, a educação ambiental de princípios sociais e podem abranger áreas a fins e ir
é mediadora da apropriação, pelos sujeitos, das além daquelas convencionais da esfera mundial, além
qualidades e capacidades necessárias a ação trans-
formadora responsável diante do ambiente em que de serem vivenciados pela sociedade e motivo de debate
vivem. Podemos dizer que a gênese do processo das grandes mídias, são também as causas das discussões
educativo ambiental e o movimento de fazer-se mais contundentes e atemporais, uma vez que sempre é
plenamente humano pela apropriação/transmissão proposto soluções e reflexões acerca da temática eviden-
crítica e transformadora da totalidade histórica e ciada.
concreta da vida dos homens no ambiente. (TOZO-
NI-REIS, 2007, p. 218) É possível considerar que tais temáticas são urgentes e
Esta contribuição de forma significativa se relaciona à macrossociais, para tanto é necessário utilizar uma esfera
mediação que possibilita aos sujeitos a apropriação de como a da Educação para retratar este tipo de dimensão.
qualidades e capacidades que só são desenvolvidas por Dessa forma, é possível inferir que “os temas transversais
meio da ação transformadora da EA. Isso equivale a cons- têm natureza diferente das áreas convencionais, pois tra-
ciência ambiental e física, o respeito ao meio e ao que ele tam de processos que estão sendo vividos pela sociedade,
produz, a existência baseada na reflexão sobre o processo pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e edu-
de convivência na terra e demais aspectos que podem ser cadores em seu cotidiano” (LEITE e MEDINA, 2001, p.
trabalhados nos sujeitos/alunos dentro e fora do contexto 22). Partindo desse pressuposto, a EA está vinculada não
escolar. apenas a convencionalidade dos estudos cotidianos, mas
A Educação Ambiental, enquanto prática transversal e principalmente ao cotidiano de todos que se inserem no
interdisciplinar traz consigo a necessidade teórica e prá- mundo.
tica de posicionar o aluno frente a realidade que o cerca Considera-se que:
A educação ambiental não é uma matéria suplemen-
e conscientizá-lo da sua condição humana que o torna tar que se soma aos programas existentes, exige a in-
forte, porém vulnerável diante do meio de convivência. terdisciplinaridade, quer dizer uma cooperação entre
Desenvolver senso crítico e reflexivo nestes alunos é um as disciplinas tradicionais, indispensável para poder
dos deveres dos professores e da escola como um todo. se perceber a complexidade dos problemas do meio
ambiente e formular uma solução (GONZÁLEZ-
-GAUDIANO, 2005, p. 123).
TRANSVERSALIDADE DA TEMÁTICA, UMA
Sendo assim, a EA nas salas de aula deveria estar vin-
ABORDAGEM VISTA PELOS PCNs
culada às disciplinas tradicionais, não apenas Geografia
ou História, mas também a Língua Portuguesa, ou mes-
A Educação Ambiental, enquanto temática transversal, só
mo a Matemática e Química, uma vez que se trata de
se tornou realidade a partir de 1997, quando o Ministério
uma dimensão transversal dedicada a levantar reflexões
da Educação propõe e elabora os PCNs; e nele a insere
e formular soluções. Considerando que a comunidade
partindo do princípio de transversalidade, sendo aderida
escolar sabe da importância de tal tema e que anterior-
em todos os níveis da educação formal brasileira a fim
mente este não era abordado como agora. Guimarães
de que a prática educativa encuque nas crianças, jovens
(2005), acredita que a metodologia educativa ainda é
e adultos a importância histórica-social da preservação
falha, uma vez que é referendado apenas a gravidade
do meio, criando uma visão global da EA. Sendo assim,
70 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 70 - 74, 2021
ARTIGO
dos agravantes ambientais, bem como as consequências pesquisa feita e as perspectivas e abordagens metodoló-
para o meio. Sendo assim, apenas saber da existência de gicas e práticas apresentadas.
tal problema e não ter seu senso crítico aguçado, bem
como a reflexão e as possíveis soluções evidenciadas, RESULTADOS E DISCUSSÕES
não estaria sendo alcançado o objetivo da transversali-
dade da disciplina. A pesquisa utilizou-se de um questionário com qua-
Em Andrade (2000), ainda é possível encontrar um en- tro perguntas relacionadas entre si mediante a pro-
foque maior na escola, tendo esta o papel de ser coerente posta temática do estudo, uma vez que esta é pautada
mediante o discurso que se realiza diante do processo de na transversalidade da Educação Ambiental, sabendo
implementação da EA, nisto a escola não deveria ser ape- desta possibilidade, foram feitos os seguintes questio-
nas o agente de mudanças, mas principalmente o objeto namentos:
de mudanças. 1. Enquanto tema transversal, a Educação Ambiental
Já Figueiredo (2006) atenta para as formas descontextua- tem espaço nas suas aulas? Quais as metodologias
lizadas do ensino de Educação Ambiental, tendo em vista aplicadas?
que a maioria das metodologias em EA trata-se na ver- 2. Qual a importância desse tema para você enquanto
dade de formalizações desvinculadas a representação da professor?
temática, são em si formas vazias, exemplificações vagas e 3. Enquanto professor, já foi percebido de alguma forma
polaridades desnecessárias. o desenvolvimento da consciência ambiental nos alu-
Valentin e Santana (2006), corroborando de tais visões, nos?
evidenciando que tanto os projetos, quanto as atividades 4. As disciplinas escolares e a escola abordam a temática
em Educação Ambiental nas escolas ocorrem de forma no contexto escolar?
insuficiente ou mesmo transitórias, uma vez que não são Por meio de tais questionamentos, foi estabelecido
atribuídas grande empenho e indivíduos especializados um processo analítico dos dados, que serão descritos
nos aspectos metodológicos e teóricos em EA. a seguir, deixando claro que o papel da pesquisa não
A principal função do trabalho com o tema Meio é criticar as metodológicas de abordagens didáticas/
Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos pedagógicas da EA nas disciplinas ministradas pelos
conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade so-
cioambiental de um modo comprometido com a vida, professores aqui entrevistados. A pesquisa objetiva re-
com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e fletir sobre a transversalidade da Educação ambiental
global. (BRASIL, 1998, p. 187) diante das evidências observadas na Instituição de en-
Sendo assim, considera-se que a transversalidade da EA sino analisada.
se vincula a um padrão social que se enquadra em uma Considerando a primeira pergunta, o professor de Ciên-
das funções sociais da escola, ou seja, a formação de ci- cias respondeu que, as abordagens sobre a Educação am-
dadãos conscientes no que diz respeito ao seu lugar no biental são colocadas mediante a proposta vinculada ao
mundo e na sociedade local e global de inserção. EA em currículo escolar, como por exemplo o trabalho com os
um dos Colégios Estaduais de Porangatu, que aqui cha- biomas presentes no Brasil, em especial o bioma do cer-
mar-se-á de Instituição AB. rado, típico da região Centro-Oeste do país, no qual os
A Instituição Educacional AB, que atende a alunos de alunos estão inseridos. Questionado sobre as metodolo-
zona urbana e rural, foi o campo utilizado para a pes- gias utilizadas o professor disse que desenvolve projetos
quisa realizada. De forma exploratória, o pesquisador de preservação das nascentes na região de Porangatu e
fazendo uso de um gravador e de porte de quatro per- ainda executa o projeto destinado a plantar sementes de
guntas relacionadas a temática em estudo, entrevistou árvores típicas do cerrado aqui na região.
três professores do turno vespertino, das disciplinas de Já o professor de Geografia, considerando também a pri-
Língua Portuguesa, Geografia e Ciências, a fim de que meira questão assegurou que nas suas aulas, a Educação
estes contribuíssem com a pesquisa, uma vez que são Ambiental é abordada por meio da conscientização e a
de áreas diferentes, assegurou a condição transversal faz com base nas propostas do caderno de referência ofer-
da temática. tado pelo governo do Estado. O professor utilizou como
A pesquisa de campo realizada, enquanto instrumento exemplo um conteúdo de paisagens naturais e artificiais,
de estudo partiu de um caráter exploratório, qualitativo afirmando que por meio deste ele ensina os alunos a per-
e analítico, considerando o objetivo do estudo de eviden- ceber seus lugares nos diferentes meios de convivência e
ciar a perspectiva transversal e analisar a forma como ela que esta convivência pressupõe a consciência ambiental,
é utilizada nas salas de aula da Instituição referida. Os uma vez que eles precisam compreender os espaços de
apontamentos posteriores são explanados mediante a convivência entre o homem e o meio.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 71 - 74, 2021 71
ARTIGO
72 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 72 - 74, 2021
ARTIGO
cola e os professores precisam abordar a disciplina em cesso é continuo e duradouro, uma vez que enquanto a
sua totalidade, projetos acerca da EA não podem ser ex- terra existir e o homem habitar nela, precisará haver um
clusividade de um único professor ou de uma disciplina convívio entre ambos e este convívio consideravelmente
em específico, cumprir essa transversalidade e essa inter- precisa ser harmonioso, reflexivo e respeitador, para que
disciplinaridade é de responsabilidade de todo o corpo haja preservação de todas as espécies viventes.
escolar. Vale ressaltar que tais projetos precisam estar
relacionados ao próprio calendário escolar e os professo- REFERÊNCIAS
res precisam atender a essa inserção, já que não se trata
de uma disciplina convencional, mas de um componente ANDRADE, D. F. Implementação da Educação
curricular que precisa ser incorporado ao currículo de Ambiental em Escolas: uma reflexão. In: Fundação
forma efetiva. Universidade Federal do Rio Grande: Programa de Pós-
Graduação em Educação Ambiental. Revista Eletrônica
CONSIDERAÇÕES FINAIS do Mestrado em Educação Ambiental. Vol 4, out/nov/
dez de 2000.
A presente pesquisa se propôs a uma análise da temática
transversal da Educação Ambiental dentro do processo BRASIL. Constituição da República Federativa do
de formação dos alunos. Partindo dessa premissa, o es- Brasil de 1988. Brasília, DF, 5 out. 1988.
tudo alcança os seus objetivos iniciais, uma vez que estes
intentavam evidenciar a educação ambiental com uma _________ Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe
prática transversal, bem como perceber tal prática nas sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
séries finais do Ensino Fundamental, além de constatar a de Educação Ambiental e dá outras providências.
importância desta temática para o desenvolvimento estu- Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
dantil, cívico e humano dos alunos por meio das práticas leis/l9795.htm. Acesso em: mai. 2021.
comentadas pelos professores.
Dessa forma, a pesquisa pode evidenciar a EA por meio _________ Secretaria de Educação Fundamental.
de uma pesquisa de campo feita na Instituição AB, en- Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
trevistando professores de três áreas respectivamente: ciclos. Apresentação dos temas transversais. Brasília:
Ciências, Geografia e Língua Portuguesa, que a Educa- MEC/SEF, 1998.
ção Ambiental é sim uma temática importante dentro
do contexto pesquisado, ela é uma atividade transversal FIGUEIREDO, J. B. A. As contribuições de Paulo
e interdisciplinar dentro instituição, a ponto de ter um Freire para uma educação ambiental dialógica. In: 29ª
projeto escolar desenvolvido por todo o colégio com o Reunião Anual da ANPEd. Caxambu, MG, 2006. Anais
propósito de preservar o meio ambiente e por consequên- eletrônico.
cia a vida no geral.
Os problemas levantados ainda no início da revisão bi- GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação.
bliográfica, foram sanados dentro dos aspectos propostos 6ªed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
pela pesquisa, percebeu-se que as práticas metodológicas
são utilizadas pelos professores por meio de propostas GONZÁLEZ-GAUDIANO, E. Interdisciplinaridade
vinculadas aos cadernos de referência e que é atrelado ao e educação ambiental: explorando novos territórios
currículo escolar. Sabe-se ainda que os projetos e as feiras epistêmicos. In: SATO, M.; CARVALHO, I. C. M.
de ciências que a Instituição AB promove envolve toda a Educação ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre:
comunidade escolar com a finalidade mencionada outro- Artmed, 2005.
ra pelos PCNs, a de que a escola funciona como um me-
diador entre a sociedade e a educação, por isso abordar JACOBI, P.R. Educação Ambiental: o desafio da
a EA nessa perspectiva seria de suma importância neste construção de um pensamento crítico, complexo e
contexto, uma vez que estão envolvidos escola, sociedade reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p.
e alunos. 233-250, maio/ago. 2005.
A pesquisa chega à conclusão que a temática transversal JACOBI, Pedro Roberto. Educação Ambiental: o desafio
da Educação Ambiental, ainda precisa ser mais comen- da construção de um pensamento crítico, complexo e
tada e abordada no ambiente, como bem mencionara a reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p.
professora de Língua Portuguesa “a semente está sendo 233-250, maio/ago. 2005.
plantada”, isso evidentemente traz a reflexão que este pro-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 73 - 74, 2021 73
ARTIGO
MEDINA, Naná Mininni; SANTOS, Elizabeth da Conceição. TREVISOL, Joviles Vitório. A educação em uma
Educação Ambiental:Uma metodologia participativa de sociedade de risco: tarefas e desafios na construção da
formação. 4ª Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. sustentabilidade. Joaçaba: UNOESC, 2003. P.166.
74 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 74 - 74, 2021
ARTIGO
RESUMO
1 Especialista em Gestão da Psicologia Organizacional. Professora e Supervisora de Curso no Colégio Tecnológico Genervino Evangelista da Fonseca
de Cristalina – GO. E-mail: katiaaguiarsilva@hotmail.com.
2 Orientador do trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação em MBA Executivo em Gestão da Psicologia Organizacional do Instituto Brasileiro
de Formação.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 75 - 79, 2021 75
ARTIGO
76 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 76 - 79, 2021
ARTIGO
Figura 1 - Página inicial do BNE Abaixo na figura 3 vemos que ao clicar em um currículo
específico, o site abre um detalhamento maior sobre as
informações curriculares de um candidato específico, po-
rém nem todas as informações é possível ser visualizada,
se o recrutador se interessar pelo currículo e quiser visua-
lizar por completo basta clicar em ‘Ver CV’ e o currículo
completo será aberto como mostra a figura 4.
O BNE pode-se dizer que é uma solução de encontrar
perfis profissionais bem mais detalhado e otimizado que
os métodos comuns tradicionais. Ele usa uma metodolo-
gia de currículos abertos e também em vagas fechadas,
podendo um recrutador procurar em todo o sistema ou
nos inscritos em uma vaga disponibilizada no site. Uma
solução de banco de talentos próprio pode ser mais ideal,
pois todas as informações dos candidatos estarão arma-
Fonte: BNE (2020)
zenadas em um sistema da própria empresa, porém tam-
bém pode representar um grande custo financeiro para
Após preenchermos todos os filtros podemos ver os resul-
uma organização, assim deixando cada organização esco-
tados dos currículos cadastrados no site referente a aquele
lhe a solução que é viável.
tipo de perfil, como se pode ver na figura 2 apresentada.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 77 - 79, 2021 77
ARTIGO
78 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 78 - 79, 2021
ARTIGO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 79 - 79, 2021 79
ARTIGO
1 Especialista em Dinâmicas Históricas e Geográficas do Cerrado Goiano pela Universidade Estadual de Goiás - UEG. E-mail: Laianems@outlook.com.
2 Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela Faculdade Católica de Anápolis-GO. Professora concursada pela Secretaria Municipal
de Educação na Escola Reunida Linda Vista (Zona Rural de Porangatu-Goiás). E-mail: rosilonia.dias@ueg.br
80 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 80 - 85, 2021
ARTIGO
do meio que influíram na sua elaboração ou para a sua ploração o que atraíram grande número de garimpeiros e
função na sociedade”, assim a literatura permite ao leitor aventureiros, possibilitando, assim, à formação do povoa-
sentir-se instigado a conhecer o cerrado através de novas do que leva o nome em homenagem ao seu fundador. A
vertentes, abrindo um leque através da história (ficção) e imagem 1 possibilita compreender a extensão territorial
da veracidade do lugar onde tudo se construiu. da região Amaro Leite.
Partindo desta perspectiva o sertão de Amaro Leite pos- Como exposto no mapa a região de Amaro Leite no sé-
sibilitou a construção e a releitura de personagens que culo XIX compreendia uma grande área localizada na
transmitem uma cultura local, cultura essa que pode ser região central da Capitania de Goiás. Decorrido quase
entendida e reconhecida através das leis, das crenças, da um século de fundação, o povoado de Amaro Leite foi
moral, dos costumes, e de todos os hábitos que o ho- elevado a distrito (vila), pela Lei Provincial nº 14, de 23 de
mem desenvolve na sua formação enquanto sujeito de julho de 1835, integrando o Município de Pilar de Goiás,
uma determinada localidade. Diante disso é necessário conforme consta da divisão administrativa de 1911, pas-
entender que a cultura local influencia diretamente nos sando a pertencer a Uruaçu (ex-Santana) em 1933. (AL-
costumes que os sujeitos formam a partir da vivência MEIDA, 2016)
diária em contanto com a natureza, com outros indi- Desativada a extração de ouro, os administradores do dis-
víduos, costumes que são construídos a partir de um trito obtiveram, nas primeiras décadas de 1950, grandes
processo repetitivo. Nos contos será possível perceber melhoramentos, como energia elétrica, máquinas para
que o ambiente e a população são dados importantes construção de estradas e vias públicas, atingindo notável
para a representação desses costumes apresentados pe- impulso progressista.
los sujeitos da narrativa, os quais, a partir da atividade Pela Lei Estadual de Goiás nº 760, de 26 de agosto de
mineradora, desenvolvem o hábito de frequentar corri- 1953, o distrito foi elevado a município, instalado em 1º
queiramente a mesma vendola, realizar repetidamente de janeiro de 1954.
as mesmas atividades diárias enquanto moradores da- Em 1963, pela Lei Estadual de Goiás nº 4497, de 2 de se-
quela localidade. Assim entender que são esses hábitos tembro, transferiu-se a sede municipal para as proximi-
que possibilitam ao leitor analisar o cerrado por meio de dades da rodovia BR-153, devido a insalubridade na sede
um olhar poético. antiga, passando a denominar-se “Mara Rosa”, em home-
Dessa forma, conhecer a história dessa localidade é im- nagem às filhas do fundador da nova povoação: Rosa Ma-
portante para distinguir a formação e os desdobramentos ria e Maria Rosa.
de toda a obra e entender como a literatura surge para
auxiliar o descobrimento de um olhar atraente e curio- Imagem 1 - Sertão de Amaro Leite
so, para além da formação geográfica. Sendo assim se faz
necessário o conhecimento do que foi e onde se localiza
Amaro Leite e como este lugar influenciou o desenvolvi-
mento do povo pertencente à região.
A pesquisa se dividirá em três tópicos; no primeiro será
feito um breve apanhado sobre a região de Amaro Leite e
suas contribuições para a escrita dos contos. O segundo
delimitará a Literatura de Bernardo Elis, voltado para sua
escrita regionalista, enquanto no terceiro far-se-á uma
análise literária dos contos.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 81 - 85, 2021 81
ARTIGO
Conquanto sejam expressivas a produção agrícola e a e dezenas de povoados” (BERTRAN, 1996, p. 66). Esse
criação de gado, a mineração do ouro, por algumas com- contraste de visões viabiliza perceber a região do Sertão
panhias, ainda constitui fonte de renda e de propagação Amaro Leite hoje conhecido como Cerrado por um olhar
do município. poético, possibilitado pela literatura de Bernardo Élis que
Tem 36 casas de telhas e quarto de capim. A igreja traça todo esse panorama com o intuito de explicar como
de Santo Antônio com 3 altares; é pobre. Está sobre o as alterações no modo de vida, economia, fazem parte da
Rio do Ouro que se lança no Santa Tereza. É dos mais
antigos da província. Há aqui uma companhia de in- construção das características e dos costumes do cerrado
fantaria de pardos, e outra de ordenanças. O arraial goiano presentes em suas narrativas e personagens.
de Amaro Leite também recebe o nome de Santo An-
tônio dos Morrinhos ou Lavrinhas; e o seu distrito é A LITERATURA DE BERNARDO ÉLIS
muito bom para criar gado de todas as qualidades. Os
índios Carijós-Canoeiros cometem grandes estragos
nestas terras. (CUNHA MATTOS, 1979, p.119) Considerando que esse trabalho tem por objetivo anali-
De acordo com Almeida (2016, p.15): sar as características e costumes que estão relacionados
[...] tem sido feito poucos estudos sobre o Sertão de ao modo de vida, comportamento e ao meio social que
Amaro Leite durante o século XIX, entretanto ao pertence aos personagens da obra Elisiana, entendemos
mesmo tempo, encontram-se muitas citações como que, de início, é fundamental uma breve apresentação do
ilustração, em trabalhos sobre a expansão da minera- autor a partir de suas experiências e vivências e a rela-
ção em Goiás e as relações entre colonos e indígenas,
bem como para exemplificar a pobreza, a distância e o ção disso com sua obra. A compreensão de como o sertão
abandono de sua população. (ALMEIDA (2016, p.15). (cerrado) goiano distante, considerado fim do mundo,
Outros campos científicos como a literatura também con- cenários dos campos, vida cotidiana, relações do homem
tribuem para uma melhor compreensão da região como com o meio e conflitos, aparece em suas narrativas e em
descrito por Bernardo Élis (2005, p. 117-124), no conto A seus personagens, na leitura de Silva et al (2017), é perce-
crueldade benéfica de Tambiú, o pequeno arraial de Ama- bível como a observação e vivência do autor estão inseri-
ro Leite, no início do século XX, o contista descreve o das em suas prosas:
Quando do lançamento da obra Ermos e gerais (2005),
povoado como:
em 1944, Mário de Andrade definia a literatura de
Amaro Leite, fundada pelo bandeirante que lhe deu
Bernardo Élis como a reverberação da oralidade e das
o nome, era uma povoação cadavérica do então anê-
paisagens goianas (MARCHEZAN, 2005 apud SILVA
mico sertão goiano. Da cidade de outrora, só restava
et al, 2017). Essa observação, credenciada por um ator
uma meia dúzia de casas velhas, sujas, arruinadas, to-
fundante da literatura modernista no Brasil, demons-
caiando o tempo, na dobra da serra imensa. E na em-
tra o impacto das descrições de paisagens goianas e da
briaguez do silêncio purulento de ruínas, relembrava
busca, por Élis, de reproduzir a sonoridade da expres-
glórias imortais, tropel de bandeiras, lufa-lufa dos es-
são popular regional. Assim, sua obra destaca-se tanto
cravos minerando nos arredores auríferos. A tristeza
por veicular um modo de dizer, de colocar-se para o
irônica das grandes taperas mostrava o rico fastígio
mundo, quanto uma maneira de perceber os domínios
burguês, gordo e fácil daqueles tempos de Brasil curu-
do cerrado, na fronteira Oeste, Planalto Central brasi-
mim. Isto era Amaro Leite em 1927. Hoje, deram-lhe
leiro. Paisagens, sociabilidades e sensibilidades caracte-
umas injeções de óleo canforado de progresso. Abri-
rísticas da relação do homem com a natureza estão pre-
ram uma estrada de automóvel que se afunda pelo
sentes na composição da visão de mundo expressa nos
Norte até o médio Tocantins e a velha cidade reflores-
contos de Élis, que valorizam o ambiente como cenário
ce com uma pujança agradecida. (ÉLIS, 2005, p. 117).
dos dramas humanos nos rincões do Brasil. É a partir
A descrição do povoado de Amaro Leite por Bernardo desse lugar de isolamento apresentado por Élis que nos
Élis é bastante representativa como fez também a histo- propomos a realizar uma análise que aproxima a his-
riografia, o que contribui para que entendamos a região tória ambiental e a literatura. (SILVA et al, 2017, p. 94)
como um lugar de fases, onde: Bernardo Élis Fleury de Campos Curado, foi um contista
[...] o século XVIII, o início faustoso; o século XX, a e romancista. Élis dizia que era um escritor de cunho re-
modernização. E o século XIX, o vazio! Vazio este ex- gionalista, sempre atento aos acontecimentos a sua volta.
plicado pelo “isolamento”, que, em uma leitura apres-
sada, de um leitor desavisado, dá a impressão que, ao Nascido em uma família da classe média Goiana seu pai
fim da mineração, toda a região tinha caído em um era comerciante e poeta, o que contribuiu para que de-
estado tal de letargia e desânimo que só seria acorda- senvolvesse o gosto pela escrita aos 12 anos. Produzia his-
da pelo ronco dos motores dos automóveis, cortando tórias, ele mesmo afirmava, que nada mais eram do que
a estrada já em pleno século XX. (ALMEIDA, 2016, plágios de autores que considerava seus mestres. Pessoas
p. 14).
que habitavam o Brasil profundo, meninos próximos re-
Todo esse panorama descrito por Almeida desconside-
petidamente eram a inspiração para a construção de seus
ra o século XIX, que segundo Bertran é “justo quando
personagens. As crianças de uma vida “na província”, os
em todos os quadrantes nasciam centenas de fazendas
82 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 82 - 85, 2021
ARTIGO
livros “Apenas um Violão” e “Ermos e Gerais”, são exem- tão viveno junto e num incomodo ocês, mas deixa a gente
plos claros dessa construção bem como da forma regio- morrê quando Deus fô servido[...]” (ÉLIS, 2005, p. 113).
nalista das suas obras. No decorrer da narrativa percebe-se que o desejo de se
Ermos e Gerais é a primeira obra do autor Bernardo Élis, livrar do velho, leva ao casal a matar Januário.
composta de dezenove contos de uma novela, a obra que Assim o espaço torna a principal forma de entender o tí-
revolucionou o panorama literário goiano na década de tulo quando ele menciona que a mulher comeu o amante.
1940 por incorporar as conquistas estéticas do primei- Visto que foi necessário utilizar-se dos recursos da na-
ro momento modernista, por denunciar com clareza as tureza (rio), para que o crime fosse escondido, possibi-
precárias condições de vida de um povo sertanejo, de- litado, assim, uma veracidade ainda maior quando lida
mostrando a exacerbada violência nas relações entre a obra.
opressores e oprimidos vigentes até então, acentuadas Ler todo o conto permite entender que o novo casal de
sobremaneira pelo processo de incorporação econômi- amantes mata Januário e o joga no rio, após isso as pira-
ca de Goiás às regiões brasileiras com um mercado já nhas passam a se alimentar da carne do homem, alguns
consolidado. Pela crescente urbanização e, por fim, pela dias após Camélia e o amante pescam essas piranhas que
introdução de caminhões e maquinários diversos em ple- possibilitam um bom paladar, nunca visto antes. O que
no sertão, colocando em segundo plano as tradicionais leva o leitor a entender que as piranhas alimentadas de
tropas, mudando assim de forma categórica, as relações Januário se tornaram o alimento de Camélia, o que nos
sociais daquela época. possibilita compreender que indiretamente a mulher co-
Élis foi um ativo militante do Partido Comunista Brasi- meu o amante da forma mais literal.
leiro suas narrativas vinculam-se a segunda fase moder- O conto “A mulher que comeu o amante” teve seu enre-
nista, reivindicando esteticamente a exposição ao país do voltado para a traição, esta que foi o principal motivo
inteiro da vida do povo goiano, enfocando sua cultura, da vinda dos imigrantes baianos para as terras de Amaro
religiosidade e sua constante luta pela sobrevivência em Leite, e foi o motivo da morte do personagem, conflito
um meio hostil, esquecido tanto pelas autoridades locais esse que possibilita ao leitor conhecer o lugar onde a his-
quanto nacionais (DIAS, 2016). tória aconteceu.
No próximo tópico será feito a análise pelo viés poético Já na narrativa “A crueldade benéfica de Tambiú” o au-
das características e costumes do cerrado nos contos su- tor apresenta uma outra perspectiva, um novo viés desse
pracitados, analisando como o meio influenciou de forma mesmo ambiente, deixando a traição de lado e buscan-
direta e indiretamente para a construção dos seus perso- do fazer uma análise voltada para a valentia imposta por
nagens. um sujeito imigrante (soldado bagunceiro) nas terras de
Amaro Leite. Quando Tambiú chega a região Bernardo
ANÁLISE: O CERRADO GOIANO PRESENTE NA Élis o descreve através do seu vestuário, “Nisto chegou
PROSA ELISIANA para Amaro Leite um soldado bagunceio. Com sua farda,
seus botões perneiras, etc., fazia um belo efeito dom-jua-
As prosas de Bernardo Élis trazem uma riqueza de per- nesco. E com sua garrucha, faca, chanfalho, alfinete etc.,
sonagens, que, apesar de vivenciarem condições sociais um grande efeito bélico.” (ÉLIS, 2005, p. 118). O autor
diversas (imigrantes, camponeses, escravos e Coronéis), mostra como esse homem modifica toda a rotina daquele
frequentavam o mesmo ambiente natural que se impu- povo, moradores estes que já possuem hábitos culturais
nha acima de todos, ambiente este que sempre está rela- impostos pelo meio (cerrado), pois costumes próprios
cionado diretamente com o modo e os costumes de cada como frequentar a vendola do cearense bexigoso são afe-
personagem, histórias que são marcadas pela disputa, tados com a chegada de Tambiú.
conquistas, descobertas e tantos outros acontecimentos Este indivíduo consegue movimentar todo enredo da
de Amaro Leite. prosa. Enfim com o desenrolar dos fatos Tambiú conse-
“A mulher que comeu o amante” é uma narrativa mar- gue cometer um crime bárbaro contra Nequinho, aque-
cada pela presença da traição, uma vez que o próprio tí- le homem calmo e tranquilo. Após essa barbaridade o
tulo evidencia os acontecimentos que irão giram entor- soldado foge antes mesmo das autoridades serem infor-
no desse conflito, mas ao ler e entender todo o enredo madas. Mas Nequinha, após o crime e sua recuperação,
percebemos que além da primeira traição, onde Januário consegue tirar proveitos da sua mazela, “Agora, dez anos
deixa a esposa e foge com Camélia, “Ele deixou a velha, depois, fui à Romaria do Muquém, - essa romaria es-
sua mulher em Xiquexique e fugiu com a mocinha quase quecida no sonho maluco do sertão goiano. O maior
menina’ (ÉLIS, 2005, p. 109), também é descoberto pelo sucesso da festa era um mágico que arrancava um olho,
próprio Januário que Camélia o traia “Eu seio que ocês mostrava-o na mão a várias pessoas e depois o recolo-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 83 - 85, 2021 83
ARTIGO
cava (ELIS, 2005, p. 123).”, aqui o autor mostra como a garimpo, imigrantes vindos de diversas regiões do país
vida de Nequinha muda dez anos após todo o ocorrido contribuindo, assim, com a construção do povoado. Po-
de como aquilo que poderia ter afetado seu emocional e voado que se torna cenário para uma literatura de cunho
sua forma de vida, foi extremamente benéfico para mu- regionalista.
dá-lo, por isso o conto se intitula de A crueldade benéfi- Em todo decorrer da prosa é notável que o autor teve o
ca de Tambiú. Sendo assim os parágrafos seguintes visa cuidado de valorizar a região tornando viva a presença
mostrar como o cerrado se faz presente nos dois contos do ambiente natural “Perto, no pindaibal do brejo, os
que embasam essa pesquisa. pássaros-pretos estavam naquela alegria bonita, cantan-
O conto “A mulher que comeu o amante”, retrata carac- do” (ÉLIS, 2005, p. 115), e a descrição das caracterís-
terísticas físicas e psicológicas de como o homem do cer- ticas psicológicas dos personagens como representação
rado é; na obra é visível perceber que o ambiente sempre de um povo local “Nequinho sempre estava presente,
é mencionado para fazer uma relação entre homem e quieto, olhando a farra, numa calma franciscana. De vez
natureza. Possibilitado, assim, uma construção peculiar em quando filava um golinho de pinga e pronto – recaia
de cada personagem, quando o autor descreve Januário na pasmaceira.” (ÉLIS, 2005, p. 118) aqui observamos
oriundo da Bahia e recém-chegado em Amaro leite ele como Bernardo Élis descreve características que per-
evidencia como caraterísticas do ambiente já são presen- mitem reconhecer Nequinha e outros sujeitos daquela
tes nos personagens imigrantes. No trecho abaixo isso região.
fica evidente quando ele elucida que: Dessa forma, mesmo a partir de uma breve análise, é pos-
Era nas margens de um afluente do Santa Tereza, esse sível compreender como o meio interferiu diretamente na
rio brumoso de lendas que desce de montanhas azuis, vida e na formação social de personagens apresentados
numa inocente ignorância geográfica. Januário fez um
ranchinho aí. [...] Ergueu o rancho de palha naque- pelas narrativas Elisianas. Pode-se dizer, ainda, que ca-
le lugar brutalizado pela paisagem amarga e áspera. racterísticas do espaço, da formação do povoado, a partir
No fundo do rancho ficava uma mataria fechada. Pra da mineração e política, formaram o caráter e possibilitou
lá do mato, espiando pro riba dele, as serras sempre a construção e consolidação de um povo.
escuras. Naquele caixa-pregos acumulavam se as nu-
vens que o vento arrecadava em seu percurso pelo
vale e que iam coroar de branco os altos pivôs. (ÉLIS, CONSIDERAÇÕES FINAIS
2005, p. 109).
É notável como costumes corriqueiros de ambos os per- Tendo em vista aspectos observados sobre o cerrado pre-
sonagens (Januário e Camélia) se fazem presentes no sente na literatura, observamos como é possível entender o
decorrer da obra, possibilitando assim que o leitor possa quanto o meio influencia na construção de personagens e
identificar o espaço quanto a vestuário, hábitos alimenta- na própria história de um povo, bem como de uma região.
res daquela região. Daí a relevância de conhecer a parte histórica da forma-
Ele tá véiu, intojado... – e deixou no ar uma reticência ção de Amaro Leite, entender sua geografia, política, que
que saiu cheirando a amor e a ruindade de sua boca com a chegada dos maquinários e a descoberta de ouro
desejosa. Ela queria dizer que estava com saudade de pelos bandeirantes (Amaro e Alcação) que ficaram res-
vestir vestido bonito, calçar chinelos, untar o cabelo
com brilhantina cheirosa. Queria beber café e comer ponsáveis pela busca de um novo espaço, tornou-se inspi-
sal. Aliás, no sertão, nos ermos brasileiríssimos, onde ração para obras literárias e fontes de estudos nas diversas
o saci ainda brinca de noite nas encruzilhadas, há áreas da geografia, história e áreas afins.
muita gente que não come sal. Januário, por exemplo. Dessa forma a literatura possibilita encontrarmos um
(ÉLIS, 2005, p. 118). cerrado literário, um cerrado que foi palco de aventuras,
Do mesmo modo no conto a “Crueldade benéfica de amores, traições e mortes. É evidente a necessidade de ir-
Tambiú”, percebemos novamente que o autor utiliza dos mos além, de conhecer um determinado lugar além de
mesmos recursos para evidenciar características e costu- uma única esfera, de buscar caminhos novos, olhares que
mes quanto ao ambiente. tornam a interligação de estudos, pois entender o cerra-
Pois bem, aí, em 1927, morava um tipo preguiçoso – o
Nequinho – que vivia da difícil profissão de não fazer do, conhecer sua formação geográfica, política e social,
nada. De noite, na vendola porca de um cearense be- capacita o sujeito leitor (literário) conceber a literatura de
xigoso, tocava, sanfona, viola e, à luz cretina de uma forma completa. Pois entender uma literatura de caráter
centeia de barro, de três bicos, umas mulheres muitas regionalista exige de nós o conhecimento de diversos es-
surras dançava, com camaradas fedorentos a suor, en- paços, uma vez que a geografia do local onde se passa es-
quanto outros jogavam 31 no balcão sebento, úmido
do continuo a roçar das mãos. (ÉLIS, 2005, p. 118). sas narrativas se torna imprescindível para que os enredos
A partir dessas características, percebe-se que muitos dos sejam construídos de forma harmoniosa e significativa.
moradores de Amaro Leite são pessoas que trabalham no
84 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 84 - 85, 2021
ARTIGO
BERTRAN, P. (org.). Notícia Geral da Capitania de ELIS, B. Ermos e Gerais. São Paulo: Martins Fontes,
Goiás em 1783. Brasília, DF: Solo Editores, 1996. 2005.
CANDIDO, A. A literatura e a vida Social. IN: SILVA, S.D.; BANDEIRA, A.M.; TAVARES, G.G.;
Literatura e Sociedade. São Paulo: T. A. Queiroz, MURARI, L. O cerrado goiano na literatura de
Publifolha, 2000. (Grandes nomes e pensamento Bernardo Élis sob o olhar da história ambiental.
brasileiro). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio
de Janeiro, v.24, n.1, jan.-mar. 2017, p.93-110.
CUNHA MATTOS, R. J. Chorographia Histórica da Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/
Província de Goyas. Sudeco/Governo de Goiás, 1979. QMyqHNZ8yWrgdTJsGcyTscM/?lang=pt. Acesso em:
16 jun. 2021.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 85 - 85, 2021 85
ARTIGO
RESUMO spending and taxes that control, guarantee and maintain eco-
nomic stability, contributes to the development of the economy.
A primeira manifestação do pagamento de impostos no In the same aspect, it is known that Education is a right of the
Brasil foi mencionada nos primeiros anos de colonização. individual and a duty of the State foreseen by article 6 of CF
A estratégia tributária é um processo pelo qual o governo / 88, and, thus, it must be in the strategies and planning of
pode interagir e determinar o comportamento da econo- public policies, guaranteeing social quality, fundamental and
mia, em pró do bem comum. Atualmente, prevalece a teoria collective rights of the individual. The question is in the direct
pentapartite considera como tributos os impostos, as taxas, relationship of these two, the main objective of this article, whi-
as contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e ch aims to present the doctrinal-theoretical conceptions that
as contribuições especiais. Assim, neste patamar, a Política identify the political-fiscal processes in the Brazilian education
econômica que define o orçamento e seus componentes, system. As a methodology, a qualitative and ethnographic re-
os gastos públicos e impostos que controlam, garantem e search was used, carried out from a study with the Municipa-
mantêm a estabilidade econômica, contribui para o desen- lity of Ipameri-GO, documentary. As a result, it was perceived
volvimento da economia. No mesmo aspecto, é sabido que that the city of Ipameri-GO complies with the legal-constitu-
a Educação é um direito do indivíduo e dever do Estado tional provisions regarding the related tax matters.
prevista pelo artigo 6º da CF/88, e, assim, deve estar nas es-
tratégias e planejamento das políticas públicas, garantindo Keywords: Taxation. Collection. Fiscal Policy. Municipal
a qualidade social, e os direitos fundamentais e coletivos do Schools.
indivíduo. A questão fica na relação direta destas duas, obje-
tivo central de realização deste artigo que visa apresentar as INTRODUÇÃO
concepções doutrinário-teóricas que identificam os proces-
sos político-fiscais no sistema de educação brasileiro. Como Os tributos têm origem heurística de acordo com a evolução
metodologia, foi utilizada uma pesquisa qualitativa e etno- do homem, a criação das primeiras sociedades, o surgimento
gráfica, realizada a partir de um estudo com a Prefeitura de de líderes tribais ou chefes guerreiros e políticos. Estudos in-
Ipameri-GO, documental. Como resultados, foi percebido a dicam ter sido voluntária a primeira manifestação tributária,
prefeitura de Ipameri-GO cumpre com as previsões legais- em forma de presentes destinadas aos líderes ou chefes, por
-constitucionais acerca da matéria tributária vinculada. seus serviços ou sua atuação em favor da comunidade. Neste
contexto empírico-histórico, Ferreira (2015) exprime que:
Palavras-chaves: Tributação. Arrecadação. Política Fis- O texto mais antigo encontrado e que retrata a cobrança
de tributos na antiguidade é uma placa de 2.350 A. C., em
cal. Escolas Municipais.
escrita cuneiforme, que descreve as reformas empreendi-
das pelo rei Urukagina na cidade-estado de Lagash, loca-
ABSTRACT lizada na antiga Suméria, entre os rios Tigre e Eufrates. O
documento relata a cobrança de impostos extorsivos e leis
The first manifestation of the payment of taxes in Brazil was opressivas, exploração de funcionários corruptos e confis-
co de bens para o rei. (FERREIRA, 2015).
inserted in the first years of colonization. The tax strategy is a
process by which the government can interact and determine Considera-se que as tributações não são formadas ao aca-
the behavior of the economy, in favor of the common good. so, mas trabalham por intermédio de processos de ma-
Currently, the pentapartite theory prevails, which considers nutenção da política fiscal. A estratégia tributária é um
taxes, fees, improvement contributions, compulsory loan and processo pelo qual o governo pode influenciar e deter-
special contributions as taxes. Thus, at this level, the Econo- minar o comportamento da economia em seu contexto
mic Policy that defines the budget and its components, public social, em pró do bem comum da sociedade em que está
1 Trabalho realizado como pré-requisito parcial para obtenção do título de pós-graduado em docência através do curso de Docência da Universidade
Federal Goiano, disponível no link: https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/1503/1/mon_esp_Debora%20Isabel%20da%20Silva.pdf.
2 Instituto Federal Goiano (IFG), Programa de Pós-graduação em Docência do ensino superior, deboraisfilo@hotmail.com
3 Instituto Federal Goiano (IFG), Prof. Doutor em Educação, ivan.alves@ifgoiano.edu.br.
86 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 86 - 93, 2021
ARTIGO
inserida. Assim sendo, é uma ferramenta fundamental vidade estatal deverá ser o bem estar comum.
para o governo, para a manutenção e sobrevivência das Como afirma o Código Tributário Nacional - (CTN),
organizações, movendo a máquina que é o Estado, dentro (2007, p. 7), em seu artigo três, quanto aos tributos, con-
do sistema econômico no qual está inserido. sidera-se como estes: “toda prestação pecuniária com-
A partir deste entendimento, à formalização deste artigo pulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
científico, observou-se demasiada necessidade e impor- que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei
tância de estudar as teorias, conceitos e pesquisas de mer- e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
cado em virtude dos impactos que geram a arrecadação vinculada”. Ou seja, tributo trata-se uma condição e um
dos tributos na economia e, assim, compreender melhor dever frente à figura do Estado, sendo esta a primeira teo-
as projeções que esta fomenta para o campo educacional. ria.
Neste horizonte, estudou-se também as formas de de- Além disto, o tributo é uma prestação em espécie que
senvolver melhorias para o desenvolvimento das verbas possuam valor em dinheiro, logo, o pagamento não se
destinadas às comunidades, sempre priorizando a relação deve dar em bens ou em serviços. A Lei Complementar
entre política fiscal e Educação. nº 104/2001 inseriu no CTN a modalidade de extinção do
Assim sendo, o presente estudo objetiva avaliar os impac- crédito tributário através da ação de pagamentos em bens
tos distributivos da tributação direta e indireta da ausên- imóveis, mas desde que haja lei prévia.
cia das verbas destinadas às escolas municipais, buscando, A segunda teoria é a chamada tripartite, também conhe-
com base nos registros administrativos, avaliar o grau par- cida como tripartida ou tricotômica, que divide os tribu-
ticipação ou de ausência destas, identificando o relaciona- tos em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Tal
mento base entre política fiscal-monetária e educação. classificação se lastreia, sobretudo, na própria redação da
Visou-se, por consequência, uma metodologia de revisão Constituição Federal de 1988, vide seu art. 145) e no Có-
bibliográfico-teórica documental, com análise sistemáti- digo Tributário Nacional (2007), vide art. 5º.
ca de dados cedidos pela Prefeitura de Ipameri-GO, fren- Por fim, a teoria quimpartite, ou pentapartite, que consi-
te ao desempenho escolar e as relações tributárias. Esta dera como tributos os impostos, as taxas, as contribuições
é apresentada com maiores detalhes durante a seção 3, de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contri-
que apresenta informações sobre colheita e métodos de buições especiais, sendo esta a classificação apresentada
análise. Já para a produção bibliográfica, propriamente por Machado (2004), apresentada no quadro 1, disponí-
meta, visou-se uma revisão sistemática, com utilização de vel abaixo, conforme os impostos atuais.
doutrinas e periódicos em plataformas eletrônicas.
Por tal forma, o documento divide-se em cinco tópicos ge- Quadro 1 - Tipos de Impostos
rais: (a) introdução, aqui fundamentada que apresenta as jus- Natureza Competência
tificativas do texto; (b) referencial teórico, que por meio de Tributária Tributária
revisão análise conceitua e apresentar conceitos necessários (IE) Imp. Exportação
ao estudo; (c) metodologia, que apresenta as projeções me- (II) Imp. Importação
todológicas do estudo realizado; (d) resultados e discussões, (IR) Imp. Renda
(IPI) Imp. Prod. Industrial
que fundamenta os preceitos observados durante a colheita Esfera
(IOF) Imp. Operação Financeiras
de informações; e (e) conclusão, que finaliza as disposições e Federal
(ITR) Imp. Territorial Rural
análise a relação central entre os 2 eixos temáticos aqui apre- (IGF) Imp. Grandes fortunas
sentados. Abaixo, considerando tais premissas, encontram- (IEG) Imp. Extr. Guerra
(IResidual) Imposto residuais
-se as análises do Referencial Teórico, fundamentais para
pesquisa sistemática que é abordada nas seções seguintes. (ICMS) Imp. Produtos de Circulação
Mercadorias e Serviços
Esfera
ITCMD Imp. Transporte de Compra movéis/
REFERENCIAL TEÓRICO Estadual
imovéis (herança)
(IPVA) Imp. Veículos automotores
TRIBUTAÇÃO (ISS) Imp. Sob serviços
Esfera
(IPTU) Imp. Sob Terri. Urbano
Municipal
(ITBI) Imp. Transmissão de compra e Venda
O patrimônio particular é respeitado, protegido e tem
garantia à propriedade em nossa constituição. O Estado Fonte: Elaborado pela Autora (2020).
detém uma série de atribuições, presta serviços, realiza
obras, emprega pessoal e possui diversas despesas nas Tendo em vista o quadro 1, como definição, seguindo as
realizações destas atividades, que são fundamentais para premissas dos CTN de 1966, pode-se entender, que im-
alcançar tais objetivos, uma vez que, o foco central da ati- postos “representam o tributo cuja obrigação tem por fato
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 87 - 93, 2021 87
ARTIGO
gerador uma situação independente de qualquer ativida- dade estatal específica relativa ao contribuinte. Além dis-
de estatal específica, relativa ao surgimento do passivo” to, outra característica dos tributos é sobre sua natureza
(BRASIL, 2007, p. 9) ao passo que taxas são os “tributos de conduta, que pode ser: fiscal, extrafiscal ou parafiscal.
cobrados em uma razão do exercício do poder de polícia, Neste horizonte, Oliveira (2006) entende que a natureza
ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços pú- fiscal é a situação na qual,
blicos específicos e divisíveis, prestado aos contribuintes” Os tributos têm como função principal arrecadar.
Sempre que o Estado faz uso desta função ele visa
(BRASIL, 2007, p. 15) e contribuição de melhoria é o “tri-
obter dinheiro nos cofres públicos para cumprir com
buto cobrado para fazer face ao custo de obras públicas, os seus deveres legais, contratuais, constitucionais. É
que decorram em benefícios à proprietários ou detento- o comportamento do poder Público com a finalida-
res de domínio útil de imóveis” (BRASIL, 2007, p. 9). de única de abastecer os cofres públicos (OLIVEIRA,
Estes, dentro da teoria, englobam ainda a contribuição 2006, p.131).
previdenciárias, que é o tributo cobrado dos servidores Já Cassone (1979) atende que a Parafiscalidade se refe-
do estado para custeio em benefícios destes, de sistemas re à “atribuição da capacidade ou titularidade de certos
de previdência e assistência (BRASIL, 2007, p.81), formu- tributos a certas pessoas, que não são o próprio Estado,
lando, em conjunto, as naturezas tributárias presentes em em benefício das próprias finalidades” (CASSONE, 1979,
toda legislação brasileira. p. 95). No mesmo horizonte, Sabbag (2012) afirma que
Fora esta definição, é necessário entender, ainda, que exis- a última natureza, de Extrafiscalidade, é compreendida
tem, dentro das obrigações tributárias, as chamadas princi- como “o emprego dos meios tributários para fins não
pais e acessórias, sendo a primeira a que surge com a ocor- fiscais, mas ordinatórios. Disciplina comportamentos de
rência de um fato gerador, por exemplo, ‘a posse de um contribuintes quando a estrutura do tributo visa a situa-
carro gera o IPVA anual’ e a primeira as que decorrem des- ções sociais, políticas ou econômicas, objetivos alheios
ta, como, por exemplo, o dever de pagar de um adminis- aos meramente arrecadatório” (SABBAG, 2012; p. 276).
trador de empresas o IPVA de um veículo (BRASIL, 2007). Ou seja, possui a característica mais abrangente e me-
Este fato é importante porque caracteriza que não tão so- nos específica de todas as competências tributárias. En-
mente o contribuinte direto é aquele que tem dever tri- quanto os dois primeiros são restritos em capacidade do
butário para com o Estado sobre os tributos, com uma contribuinte e na natureza da arrecadação, outrossim, na
responsabilidade compartilhada. receita vinculada, este impõe-se a partir da disciplina do
Além destas divisões apresentadas, os tributos ainda se comportamento da sociedade e da necessidade de con-
dividem em tributos vinculados e não vinculados, que, trole do Estado das atividades que são realizadas em seu
conforme Leitão (2015) podem ser definidos como: meio comercial. Finaliza-se, assim, o entendimento geral
São tributos vinculados aqueles que têm por fato ge- sobre as classificações dos tributos.
rador uma atividade estatal voltada diretamente para Assim, é notável que não tão somente uma quantidade
a prestação de um serviço específico ao contribuinte, significativa de tributos previstos na constitucionalidade
isto é, a prestação de um serviço em que se beneficie
diretamente o contribuinte. A cobrança desses tribu- do Brasil tão quanto estes apresentam diversas naturezas
tos somente se justifica quando existe uma atuação do conforme seus modelos de pagamento, personalidades
Estado diretamente dirigida a beneficiar o particular. jurídicas presentes, intenções dos tributos, fatos gerado-
Assim, são tributos vinculados as taxas e as contri- res, dentre outros.
buições de melhoria. Além destas duas espécies, in- Em suma, todavia, é claro e explicativo que são baseados
cluem-se nesta categoria os empréstimos compulsó-
rios e as contribuições parafiscais [...]. Os tributos não no controle do estado quanto ao regramento do mercado
vinculados são aqueles que têm por fato gerador uma e das suas atividades fins tão quanto, com certeza, pela
situação independente de qualquer atividade estatal busca pela arrecadação e solvência. É neste horizonte que
específica, relativa ao contribuinte. Ou seja, o Estado o Estado, ao encontrar-se em uma situação de grande ca-
cobra tais tributos em razão de seu poder de impé- pacidade contributiva de seus contribuintes, desenvolveu
rio, porque precisa de recursos para promover o bem
comum; o particular recebe vantagens ou benefícios uma política fiscal, de controle e atuação diretamente nos
indiretos, aqueles que decorrem da realização do bem tributos, a fim de melhorar o sistema de coleta, transfe-
comum. Os tributos não vinculados são os impostos rência e compartilhamento de informações, atos e con-
especificados nos arts. 153, 155 e 156 da CF/88, mais o dutas tributárias. Na próxima seção, afincoa-se o estudo
imposto extraordinário e o residual (LEITAO, 2015). nesta política.
Deste modo, tributos vinculados tem o fato gerador em
uma atividade estatal especifica relativa ao contribuinte POLÍTICA FISCAL
enquanto o fato gerador dos não vinculados é baseado
em uma situação independentemente de qualquer ativi- Às vistas de Sá (2008, p. 4), “os anos 80, ou a chamada
88 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 88 - 93, 2021
ARTIGO
“década perdida” foram marcados por um período de necessitam de um planejamento, aqui entendido por pla-
crise econômica, com alta inflação e crescimento inex- nejamento tributário que deve buscar, às vistas de Huck
pressivo”, se levado, em consideração, o período histórico (1997), a eficácia do tempo dentro dos limites da lei para
prévio (SÁ, 2008). Assim, como herança histórica, o país assuntos que tratam da Política Fiscal/Monetária quan-
entrou nos anos 90 ainda na busca de medidas capazes do se fala em tributos. A busca é por minimizar perdas
de trazer de volta a estabilidade dos preços e da econo- e aumentar, em projeção, o funcionamento do sistema
mia de forma duradoura, retomando as ideias de planos de coleta, transferência e compartilhamento de informa-
econômicos realizados por outros presidentes pré e pós ções e atos tributários dentro do ordenamento brasileiro
ditadura militar, afinal, no ambiente histórico de 80 era (HUCK, 1997).
nítida a intenção tributária de almejar lucros para gran- Assim sendo, é objetivo o entendimento de que não há
des empresas, deixando o país longe de uma política que tributos sem política fiscal-econômica ao passo que estas
fomentasse o Estado. não existem sem planejamento tributário; e deste modo,
Foi neste horizonte, então, que começou, no Brasil, a em torno das discussões de elisão e evasão tributárias,
surgir intenções tributárias que modificassem o sistema surgem campos de debates da aplicabilidade destes na
prejudicial da época, criando uma identidade chamada Educação do Brasil, quando fala-se em capacidade e na-
de Política Fiscal, que fora apresentada, constitucional- tureza do contribuinte e, principalmente, planejamento.
mente, em 1988 pelas previsões da CF/1988 sobre cinco Portanto, a fim de compreender os resultados da pesquisa
modelos tributários. prática, abaixo aborda-se a temática educação dentro das
Como conceito, Lima (1999, p. 272) afirma que “a políti- políticas e sistema tributário.
ca fiscal é uma forte alavanca para empurrar a demanda
agregada para cima ou para baixo, porque atinge de for- EDUCAÇÃO NO BRASIL E POLÍTICA PÚBLICAS
ma direta a renda privada”, ou seja, ela aumenta ou dimi-
nui a renda influenciando na economia do país, dispa- A Educação é um direito do indivíduo e dever do Estado.
rando um efeito multiplicador. Estas visões também são Por consequência, deve estar nas estratégias e em todo o
observadas por Siqueira (2015, p. 38), que complementa planejamento das políticas públicas, garantindo a quali-
o autor afirmando que a “política fiscal, em uma visão dade social e consolidando a constituição, inclusive, à sua
geral, pode ser resumida no conjunto de medidas pelas constitucionalidade, na matéria tributária de direito e de
quais o governo extrai renda do setor produtivo e realiza contribuição, pouco associada com o perfil educacional
despesas visando alcançar três objetivos: estabilização da encontrado em todas as diretrizes legais do país.
macroeconomia, alocação de recursos e redistribuição de Segundo a CF/1998: “é direito de todos e dever do Estado
renda”. Já Vasconcelos et al. (2014) caracterizando a Po- e da família, será promovida e incentivada com a colabo-
lítica Fiscal de forma ampla, ao compreender que esta é ração da sociedade, visando o pleno exercício da cidada-
representada por: nia e a qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988, p.
Todos os instrumentos de que o governo dispõe para 63). E assim sendo, o Estado tem dever de implementar
arrecadar tributos (política tributária) e controlar políticas que ofereçam suporte ao desenvolvimento da
suas despesas (política de gastos). A política tributá-
ria, além de influir sobre o nível de tributação, e utili- educação.
zada, por meio da manipulação da estrutura e alíquo- Historicamente, várias reformas proporcionaram o esta-
tas de impostos, para estimular (ou inibir) os gastos belecimento da estrutura e o funcionamento do ensino.
de consumo do setor privado. (VASCONCELOS et al, Todavia, foi no início da república que o Brasil começou
2014. p. 112). a abrir as portas para o surgimento de uma política pú-
Assim sendo, é possível compreender que atos políticas, blica educacional, dando forma ao sistema educacional
administrativos e legais podem ser complexados dentro brasileiro. Dentro desta vertente, Gois (2018, p. 06) res-
do que se chama de Política Fiscal, desde que, única e salta que:
exclusivamente, tenham alguma influência no campo Analisando o cenário do período, há, sem dúvida,
tributário. Em geral, inclusive, esta Política Fiscal liga-se conquistas a celebrar, especialmente nas políticas de
com a Política econômica, que define o orçamento e seus ampliação do acesso à Educação. Segundo dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do
componentes, os gastos públicos e impostos, controlan-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/
do, garantindo e mantendo a estabilidade econômica, IBGE), o Brasil conseguiu ampliar a taxa de matrícu-
amortecendo os ciclos econômicos e ajudando a manter las no Ensino Fundamental para 97%, e o percentual
uma economia crescente, pleno emprego, e equilibrando da população entre 15 e 60 anos no Brasil com Ensino
a inflação (VASCONCELOS et al, 2014). Médio completo cresceu de 12%, em 1981, para 48%,
em 2015. (GOIS, 2018, p. 6).
Estas políticas, por serem amplas e de grande impacto,
Desta forma, observou-se nas últimas quatro décadas um
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 89 - 93, 2021 89
ARTIGO
90 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 90 - 93, 2021
ARTIGO
A partir do cadastro, pode-se observar que dos 82% da Fonte: Elaborado pela Autora (2020)
arrecadação direta do município advém dos conhecidos
IPTU e/ou ITBI, que se fundamentam por uma relação
Percebeu-se, portanto, que os impostos arrecadados pelo
com propriedades locais, seja na compra, transferência
município estão divididos em 8% em ITBI (Imposto
ou manutenção destas. Os outros 18% são referentes
Transmissão de Compra e Venda); 16% Taxas; 31% IPTU
frente a demais tributos observados, como ISS, Contri-
(Imposto Sob Territorial Urbano) e 45% ISS (Imposto
buições, Taxas de Alvará/Licenciamento e Taxa de Coleta
Sob Serviços). Este resultado advém, principalmente,
de Lixo, dentro. Já ao nível de adimplência, o Gráfico 2
pela substituição tributária, que faz com que os Impostos
expressa esta relação.
de Serviços sejam resgatados na base das pirâmides co-
merciais, imprimindo maior adimplência.
Gráfico 2 - Adimplência Municipal
Gráfico 4 - Distribuição Municipal: Educação
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 91 - 93, 2021 91
ARTIGO
anualmente, nunca menos de 18%, e os Estados, o Dis- realizadas pelos administradores escolares e pela pre-
trito Federal e os Municípios, 25%, ou o que consta nas feitura tem de ter a visão de eficácia necessária para o
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita bom planejamento.
resultante de impostos, compreendidas as transferên- O estudo, amplamente quantitativo, conseguiu denotar
cias constitucionais, na manutenção e desenvolvimen- que as premissas legais da LDB (1996) estão sendo con-
to do ensino público” (BRASIL, 1996). Neste horizon- templadas no município ao mesmo passo que se percebeu
te, é perceptível que o município de Ipameri-Go está a ausência de um sistema de controle eficaz, que trabalhe
alinhado com as previsões normativos, dispondo, planejamento educacional e, principalmente, que apre-
aproximadamente, de 25% a mais do que está previsto sente indicadores de resultados destas receitas vinculadas
constitucionalmente. à educação.
Todavia, ao nível qualitativo, observou-se uma neces- Nesta perspectiva, foi possível compreender que o re-
sidade de aprimorar e manter um melhoramento con- passe das verbas ocorre, todavia, o contraponto, isto é, a
tínuo entre a prefeitura e as escolas, principalmente resposta das realizações feitas pelas escolas com tais va-
quanto aos procedimentos financeiros-tributáveis que lores não é pública à sociedade, desmerecendo os princí-
podem ser realizados a partir da relação estabelecida pios do LIMPE, no artigo 37º da Constituição Federal de
entre estes dois estes públicos, constitucionalmente. 1988, que obriga o reconhecimento dos gastos públicos
Notou-se que não há um sistema, inclusive, único de e a apresentação das contas com o Estado, Município e
repasse de verbas tão quanto as informações sobre os União.
valores arrecadas não são apresentadas ao público, des- Pois bem, frente a estes entendimentos práticos, dire-
caracterizando todas as visões legais da transparência tamente ligados com o município estudado, é possível
pública. Há uma necessidade maior de reconhecimento compreender que há mais relacionamento tributário en-
destas no município. tre escola e Estado do que as previsões matemáticas apre-
Frente às observações aqui salientadas, tanto práticas sentam, afinal, esta relação vai desde o recolhimento dos
quanto teórico-doutrinárias, apresenta-se, na última se- tributos chegando até a transferência e acompanhamento
ção, abaixo, uma conclusão acerca da temática estudada, das realizações feitas por estes. Assim, é importante se
abordando todas as considerações frente aos objetivos definem políticas fiscais-econômicas que tornem mais
estabelecidos durante a realização deste periódico cien- rígidas as relações entre educação e recursos, melhoran-
tífico. do as projeções futuras do ensino básico, e fundamental,
presente no Brasil.
CONCLUSÕES
RFERÊNCIAS
Neste estudo foi possível verificar como ocorre o sistema
de tributação e como se dá sua distribuição para as escolas BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo:
do município de Ipameri. Assim, pode-se entender que o Edições 70, 2011.
objetivo geral foi alcançado, visto que foi apresentado os
aspectos distributivos da tributação direta e indireta das BRASIL. Código tributário nacional: lei n. 5.172, de
verbas destinadas as escolas municipais, ficando notório, 25 de outubro de 1966. (Atualizada). 2007. Disponível
ao Gráfico 4, uma relação de 30% dos recursos destinados em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
para a Educação municipal. l5172compilado.htm. Acesso em: 27 dez. 2020.
Além disto, foi possível perceber a importância da relação
entre a política fiscal-econômica e as escolas municipais, BRASIL. Constituição da República Federativa do
frisando a boa gestão e a legislação vigente da política Brasil, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.
fiscal suas estratégias para garantir o custeio das escolas br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.
municipais, afinal, a educação possui uma receita vincu- Acesso em: 28 dez. 2020.
lada, que é necessária de aplicação.
Neste horizonte, denotou-se que as legislações têm BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
sido instrumentos necessários para a melhoria do de- Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
sempenho da educação nos municípios, mas elas só 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
acontecem e têm desdobramentos favoráveis em fun- ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 27 dez. 2020.
ção do empenho da sociedade e do poder público, e CASSONE, Vittorio. Sistema tributário constitucional
assim, não tão somente os recursos devem ser repas- na constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1979.
sados, como também e principalmente, as atividades
92 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 92 - 93, 2021
ARTIGO
CONFEDERAÇÃO Nacional de Dirigentes Lojistas LIMA, Gilberto; SICSU, João; PAULA, Luiz.
(CNDL). Inadimplência abre o ano com alta de 1,38%, Macroeconomia Moderna Keynes e a Economia
a segunda menor variação para os meses de janeiro em Contemporânea. Rio Janeiro: Editora Campus, 1999.
uma década. 14 fev. 2020. Disponível em: https://site.
cndl.org.br/inadimplencia-abre-o-ano-com-alta-de-138- MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito
a-segunda-menor-variacao-para-os-meses-de-janeiro- tributário. 25. ed. rev., Atual. e Ampl. São Paulo:
em-uma-decada-mostram-cndlspc-brasil/. Acesso em: Malheiros Editores, 2004.
22 jul. 2020.
OLIVEIRA, Diego. Planejamento estratégico:
FERREIRA, Rodrigo. Tributos: origem e evolução: conceitos, metodologia e práticas. 22. Ed. São Paulo:
breve abordagem histórica sobre a evolução dos tributos. Atlas, 2006.
[2015?]. Disponível em: https://rfersantos.jusbrasil.
com.br/artigos/222353175/tributos-origem-e-evolucao. SA, Leonardo. A Economia Brasileira Pós-Plano
Acesso em: 13 jul. 2020. Real na Década de 90. 2008. Trabalho de Conclu-
são de Curso. Universidade Estadual de Campinas:
GOIS, Antônio. Quatro décadas de gestão educacional Campinas-SP, 2008. Disponível em: https://www.
no Brasil: políticas públicas do MEC em depoimentos google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=we-
de ex-ministros. São Paulo: Fundação Santillana; b&cd=&ved=2ahUKEwiZ1POgjvvtAhVuILkGHXpI-
Instituto Unibanco, 2018. Disponível em: https:// Cr0QFjAAegQIAhAC&url=http%3A%2F%2Fwww.
crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/santillana/4_ bibliotecadigital.unicamp.br%2Fdocument%2F%3Fdo-
decadas_de_gestao_educacional.pdf. Acesso em: 28 dez. wn%3D000437611&usg=AOvVaw1YJn6Ub6KIUahA-
2020. PQ_xbkqH. Acesso em: 30 dez. 2020
HUCK, Herme Marcelo. Evasão e elisao: rotas SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4.
nacionais e internacionais do planejamento tributário. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
São Paulo: Saraiva, 1997.
SIQUEIRA, Fernando de Faria. Política fiscal e ciclo
LDB - LEI de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. político no Brasil: uma análise empírica. Universidade
Lei Nº 9.394 de 20 de de São Paulo. Dissertação. São Paulo, 2015.
dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em: http://www.planalto. VASCONCELOS, Marcos Sandoval; GARCIA, Manoel
gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 22 jul. Enriquez. Os Fundamentos de Economia. 5. Ed. São
2020. Paulo: Saraiva, 2014.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 93 - 93, 2021 93
ARTIGO
1 Graduado no curso Tecnologia em Redes de Computadores, especialista e Gestão e Segurança em Tecnologia da Informação pela Universidade
do Estado de Goiás (UEG). Docente do Eixo de Informação e comunicação do Colégio Tecnológico Padre Antônio Vémey – https://lattes.cnpq.
br/0263212918801755, e-mail para contato: francineifranca@outlook.com.
2 Doutor no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação pela Universidade Federal de Goiás (2018) - http://lattes.cnpq.
br/5852576977483615, e-mail para contato: prof.fabiobrodrigues@gmail.com.
94 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 94 - 100, 2021
ARTIGO
Segundo dados divulgados pelo próprio Instagram abordagem qualitativa, que compreende um conjunto
(2017), em sua página de relacionamento com a im- de técnicas que visam à análise e interpretação de fe-
prensa, o aplicativo atingiu a marca de 700 milhões de nômenos. Em relação ao método de coletas de dados,
usuários ativos no mundo em abril de 2017. Ainda se- este artigo aplicou a pesquisa bibliográfica, uma técnica
gundo esses mesmos dados, no Brasil são 29 milhões de usada para discutir, conhecer e analisar um determina-
usuários ativos por mês, ficando como o segundo maior do assunto, tema ou problema, a partir de contribuições
mercado para o aplicativo de compartilhamento de fo- científicas já existentes (FONSECA, 2002). Por fim, este
tos e vídeos em todo o mundo. Segundo Silva (2013), a trabalho está dividido em duas etapas, sendo que, a pri-
ideia inicial do Instagram foi a “magia” de poder com- meira irá discutir conceitos a respeito de privacidade, e
partilhar momentos especiais, imagens marcantes, ao a segunda irá trazê-los para o contexto das políticas de
alcance das mãos, e inevitavelmente, ser usado para exi- armazenamento de dados das redes sociais Facebook e
bir o cotidiano. Instagram.
A forma com que são armazenados e utilizados os dados
de bilhões de usuários dessas redes sociais provoca refle- FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
xão sobre o direito à privacidade, garantido pela Consti-
tuição Federal e indispensável para preservar a liberda- PRIVACIDADE DOS DADOS PESSOAIS
de do indivíduo e exercício da democracia. A discussão
a respeito desse tema se reascendeu em 2013, quando o Entende-se por privacidade o direito que cada indivíduo
mundo soube das denúncias feitas pelo especialista em possui de manter e controlar as informações de si mes-
informática, Edward Snowden, que acusou o governo dos mo, podendo decidir, quando, por que e por quem essas
Estados Unidos de manter um programa secreto de coleta informações são obtidas e usadas. Isso inclui: o modo de
de dados de telefonemas e internet, conforme reporta o vida da pessoa, relações familiares e afetivas, segredos,
site de notícias G1 (2013). pensamentos, hábitos, fatos e até mesmo seus planos para
Em 2016, outro escândalo, dessa vez, envolvendo a em- o futuro (SANTOS et al., 2017). Nas palavras de Bastos e
presa Cambridge Analytica, que foi acusada de usar dados Martins (1989, p. 63), privacidade é:
de 87 milhões de usuários para facilitar a campanha elei- A faculdade que tem cada indivíduo de obstar a intro-
missão de estranhos em sua vida privada e familiar,
toral do presidente dos EUA, Donald Trump (G1, 2018).
assim como, de impedir-lhes o acesso a informações
Esses casos trouxeram à tona reflexões sobre o acesso e sobre a privacidade de cada um, e também impedir
uso de informações privilegiadas que alguns Estados, ins- que sejam divulgadas informações sobre essa área da
tituições, organizações ou pessoas podem obter de outros manifestação existencial do ser humano.
membros da sociedade, o que ocorrendo, se torna uma A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948),
violação da proteção da vida privada e das liberdades in- em seu art. 12º, considera a privacidade do indivíduo
dividuais. Pensar nesse tema se justifica ainda pelo fato de como um dos direitos fundamentais a serem respeitados
que a privacidade é componente essencial da formação da e assegurados. No documento, ela é vista como essencial
pessoa, conforme explica Doneda (2000, p. 01): para o desenvolvimento da personalidade e para a prote-
A sutil definição do que é exposto ou não sobre al- ção da dignidade humana, pois, ajuda a estabelecer fron-
guém, do que se quer tornar público ou o que se quer teiras para limitar quem tem acesso aos corpos, lugares,
esconder, ou a quem se deseja revelar algo, mais do
que meramente uma preferência ou capricho, defi- coisas, comunicações e informações pessoais “ninguém
ne propriamente o que é um indivíduo – quais suas sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na
fronteiras com os demais, qual seu grau de interação e sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência,
comunicação com seus conhecidos, seus familiares e nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intro-
todos os outros. (DONEDA, 2000) missões ou ataques, toda a pessoa tem direito à proteção
Entende-se, assim, que o direito à privacidade deve da lei (ONU, 1948).”
acompanhar o avanço tecnológico e se estender também Da mesma forma, a Constituição Federal de 1988, em seu
ao ambiente virtual. Este artigo, portanto, tem como ob- art. 5º, inciso X, protege a privacidade, afirmando que:
jetivo analisar as políticas de privacidade e modelos de “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
armazenamento de dados adotados pelas redes sociais imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
Facebook e Instagram, apresentando as particularidades pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
dessas políticas e comparando-as com a Lei Geral de Pro- Percebe-se que esse direito tem um sentido amplo, que
teção de Dados Pessoais (LGPD, 2018), nº 13.709, a fim abrange a vida íntima (relações mais próximas de um in-
de descobrir possíveis ameaças à privacidade das pessoas. divíduo) e a honra e a imagem dos cidadãos (dignidade
A metodologia utilizada por esta pesquisa teve uma percebida na consideração dos outros; reputação).
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 95 - 100, 2021 95
ARTIGO
Dado pessoal, por sua vez, é qualquer informação rela- a estudos via órgão de pesquisa; a um direito, em
cionada à pessoa natural identificada ou identificável, ou contrato ou processo; à preservação da vida e da
integridade física de uma pessoa; à tutela de proce-
seja, qualquer informação que permita o reconhecimento dimentos feitos por profissionais das áreas da saúde
de um indivíduo, direta ou indiretamente, como: nome, ou sanitária; à prevenção de fraudes contra o titular
RG, CPF, gênero, data e local de nascimento, telefone, (BRASIL, 2018b)
endereço residencial, localização via GPS, retrato em fo- Conforme a explicação acima, o consentimento é um
tografia, prontuário de saúde, cartão bancário, renda, his- elemento essencial da LGPD, exceto quando for ne-
tórico de pagamentos, hábitos de consumo, preferências cessário cumprir uma obrigação legal, realizar estudos
de lazer; endereço de IP (Protocolo da Internet), entre via órgão de pesquisa, preservar a vida e a integridade
outros (BRASIL, 2018b). física de uma pessoa, prevenir fraudes contra o titular,
Logo, quando se fala em privacidade de dados faz-se re- proteger o crédito ou atender a um interesse legítimo,
ferência ao direito que o indivíduo tem de acessar, trans- que não fira os direitos fundamentais do cidadão. Caso
ferir, corrigir ou apagar as informações sobre si mesmo contrário, o consentimento do titular dos dados deve
a qualquer momento, bem como, solicitar a interrupção ser reconhecido de forma explícita e inequívoca (BRA-
da coleta de dados, visto que, a garantia desse direito per- SIL, 2018a).
mite a proteção contra interferências não autorizadas e A lei garante ainda: compatibilidade do tratamento de
determina como cada indivíduo deseja interagir com o dados com as finalidades informadas ao titular; limitação
mundo (ONU, 1948). do tratamento de dados ao mínimo necessário; consulta
facilitada e gratuita aos titulares sobre a forma e a duração
LEI DE PROTEÇÃO DE DADOS do tratamento, bem como, sobre a integralidade de seus
dados; informações claras, precisas e facilmente acessí-
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), nº veis sobre o tratamento de dados; utilização de medidas
13.709, sancionada em 14 de agosto de 2018, representa técnicas e administrativas para evitar acesso não autori-
um marco legal para a proteção de dados online no Brasil. zado e situações acidentais ou ilícitas de perda, alteração,
Seu intuito principal é proteger os direitos fundamentais etc.; não utilização de dados pessoais para fins discrimi-
de liberdade, privacidade e o livre desenvolvimento da natórios ilícitos ou abusivos e prestação de contas das me-
personalidade da pessoa natural. Busca ainda, responsa- didas adotadas para cumprimento das diretrizes de lei,
bilizar os detentores e tratadores de dados pela integrida- inclusive, a eficácia dessas medidas (BRASIL, 2018b).
de, disponibilidade e segurança dos mesmos, garantindo
transparência ao titular das finalidades e modos que suas ASPECTOS GERAIS SOBRE REDES SOCIAIS E MÍ-
informações estão sendo utilizadas. Dessa forma, o pro- DIAS SOCIAIS
vedor tem direito à revogação, portabilidade e à retifica-
ção dos dados (BRASIL, 2018b). O termo rede social, na atualidade, faz referência ao uso
O conceito de dados pessoais na referida lei é amplo. de sites e aplicativos dedicados à interação entre usuários.
Qualquer informação que permita identificar uma pes- Boyd e Ellison (2007) classificam como redes sociais os
soa de maneira direta ou pela combinação com outros sistemas que permitem a construção de uma persona
dados é considerado um dado pessoal. Assim, não apenas através de um perfil ou página pessoal; a interação atra-
CPF, RG ou outro documento, mas qualquer informação vés de comentários e a exposição pública da rede social de
(mesmo que anônima: etnia, opinião política e sexualida- cada ator. De acordo com Stutzel (2015), as redes sociais
de) pode ser considerada um dado pessoal. São os cha- existem desde o início das civilizações, já que se tratam de
mados “dados sensíveis”, que revelam origem racial ou grupos de pessoas com interesses afins. Com a explosão
étnica, convicções religiosas ou filosóficas, opiniões po- do uso da internet, as redes ampliaram seu campo de ação
líticas, filiação sindical, questões genéticas, biométricas e e passaram a ser estruturadas em torno das plataformas
sobre a saúde ou a vida sexual de uma pessoa (BRASIL, online. Para o autor, no ambiente online, as redes sociais
2018b). O Serviço Federal de Processamento de Dados podem ser conceituadas como sites, em que as pessoas
(Serpro), explica que: possuem suas páginas pessoais e procuram outras pes-
Sobre os dados sensíveis, autônomos, empresas soas com mesmos interesses, criando uma rede de con-
e governo também podem tratá-los se tiverem o
tatos.
consentimento explícito da pessoa e para um fim
definido. E, sem consentimento do titular, a Lei Ge- Já o termo mídia social se refere aos sites e aplicativos
ral de Proteção de Dados Pessoais define que isso que permitem ao usuário criar e compartilhar con-
é possível quando for indispensável em situações teúdo ou participar de redes sociais. Também abrange
ligadas: a uma obrigação legal; a políticas públicas; a TV, jornal, rádio e outros meios de comunicação,
96 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 96 - 100, 2021
ARTIGO
ou seja, está associada a conteúdo. Sendo assim, há um provedor pode ter direcionamento personalizado.
uma comunicação onde todos produzem, todos leem, Para o autor:
todos participam (KIETZMANN et al., 2014). No O que isto significa é que as mídias sociais criaram
um leque de privado para público e de pequenos para
entendimento de Recuero (2008), a mídia social é o
grupos maiores, substituindo a oposição tradicional
suporte para que as redes sociais ganhem força para entre a díade privada e a transmissão pública. É a qua-
emergirem: lidade de grupo escalável que é nova e especial sobre
Mídia social é aquela ferramenta de comunicação essas plataformas (MILLER et al., 2016, p.03).
que permite a emergência das redes sociais. Para No entanto, para além da nova forma de interação dos
permitir que as redes sociais emerjam, esses meios
de comunicação precisam subverter a lógica da mí- seres humanos com a tecnologia, há a banalização no for-
dia de massa (um- todos) para a lógica da partici- necimento de dados pessoais e a utilização indiscrimina-
pação (todos-todos). Mídia social, assim, é social da desses dados por empresas e governos que, além de
porque permite a apropriação para a sociabilidade, criarem uma vasta base de dados, normalmente trocam
a partir da construção do espaço social e da intera- essas informações entre si (TEFFÉ e MORAES, 2017).
ção com outros atores. Ela é diferente porque per-
mite essas ações de forma individual e numa escala Ainda segundo as autoras, o indivíduo perde o controle
enorme. Ela é diretamente relacionada à Internet sobre as próprias informações logo após fornecê-las, pou-
por conta da expressiva mudança que a rede pro- co sabendo sobre sua utilização e se serão repassadas. No
porcionou. (RECUERO, 2008) entanto, uma vez munidas de tais informações, entidades
Duarte, Quandt e Souza (2008) acrescentam que as redes privadas e governamentais tornam-se capazes de “rotu-
são dinâmicas e complexas, formadas por pessoas e gru- lar” e relacionar cada pessoa a um determinado padrão
pos que compartilham valores ou objetivos em comum, de hábito e comportamento. No caso do Facebook, Santi
e são interligadas de forma horizontal e predominante- (2015, p. 35) afirma que:
mente descentralizadas. Ou seja, elas podem assumir Conforme você usa o site, e coloca informações nele,
diferentes formatos e níveis de formalidade no decorrer o Facebook vai montando um prontuário digital com
grande quantidade de dados a seu respeito. Robôs
do tempo, podem surgir em torno de objetivos diversos
analisam tudo para tentar descobrir ainda mais – e
e são baseadas em alto fluxo de comunicação. No Brasil, também vigiam a sua navegação por boa parte da in-
Facebook (83%), Whatsapp (58%), Youtube (17%), Ins- ternet.
tagram (12%) e Google+ (8%) aparecem como as redes Na concepção de Couto (2015), as redes sociais vigiam
sociais mais acessadas, de acordo com a pesquisa da Se- os passos e hábitos culturais, sexuais, políticos, econô-
cretaria de Comunicação Social da Presidência da Repú- micos, etc. de seus adeptos. Além disso, costumam fazer
blica (BRASIL, 2015). Segundo a mesma pesquisa, que experiências com seus usuários, definindo a sequência de
mede a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população informações que aparece em uma timeline, organizando
brasileira em relação às tecnologias de informação e co- por critérios nunca divulgados o que cada um pode ver e
municação, 58% dos brasileiros usam a internet – o que opinar. Em sua explicação, há um total desconhecimento
representa 102 milhões de internautas. Desses, 76% dos dos usuários sobre programas que podem ser instalados
usuários acessam a internet todos os dias, sendo que o te- nos aparelhos para vigiar até mesmo o que nunca foi pu-
lefone celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso blicado.
individual.
ANÁLISE DA POLÍTICA DE PRIVACIDADE NO FA-
PRIVACIDADE EM REDES SOCIAIS CEBOOK E INSTAGRAM
Miller et al. (2016) define as mídias sociais como uma A política privacidade das redes sociais Facebook e
tecnologia que oferece “sociabilidade escalável”, ou seja, Instagram é idêntica. O mesmo documento descreve
proporcionam maior controle da privacidade quando as informações processadas para viabilizar a operação
comparadas a outras mídias de comunicação. A ausên- do Facebook, do Instagram, do Messenger e de outros
cia de sociabilidade escalável pode ser observada, por produtos e recursos oferecidos pelo Facebook. Ou seja,
exemplo, no rádio, que oferece uma comunicação pú- dados fornecidos em alguma das redes podem provo-
blica, onde não há como restringir quem irá se conectar car efeitos em outras plataformas devido à essa inte-
na frequência em que a transmissão é feita. Logo, não gração, justificada pelo Facebook como uma forma de
há como direcionar que apenas determinados ouvintes promover uma melhor experiência ao usuário (FACE-
possam receber uma informação em detrimento dos BOOK, 2018).
demais. Nas plataformas de redes sociais existe maior Observou-se no texto da referida política de privacidade
flexibilidade e o alcance de uma informação emitida por explicações a respeito dos seguintes temas: tipo de infor-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 97 - 100, 2021 97
ARTIGO
mações coletadas; a forma como as informações são uti- assumido de garantir que seus usuários entendam melhor
lizadas e compartilhadas; como as empresas do Facebook sobre o compartilhamento de seus dados na rede social.
trabalham em conjunto; maneira para se controlar ou ex- Também obedece ao art. 1º da LGPD (2018), que requer
cluir informações pessoais; requisições legais e prevenção transparência e acessibilidade nas informações.
de danos; operação e transferência de dados como parte Ainda segundo o princípio da transparência, o titular dos
dos serviços globais; notificações sobre mudanças na po- dados tem o direito de ser informado quando seus dados
lítica e como entrar em contato com o Facebook em caso pessoais estão sendo processados. Assim, o responsável
de dúvidas (FACEBOOK, 2018). pelo tratamento dos dados deve fornecer o objetivo do
Percebeu-se que a empresa esclarece um dos pontos tratamento e todas as outras informações necessárias
centrais requeridos pela LGPD (2018), que são as infor- para garantir o seu justo processamento. No entanto, de
mações sobre como são utilizados e compartilhados os acordo com Hirata (2014), os pedidos de acesso às infor-
dados pessoais dos usuários. Segundo o Facebook, eles mações não são atendidos plenamente.
são usados para: fornecer, personalizar e aprimorar os Todavia, mesmo que esses dados dos usuários sejam
expostos pública e espontaneamente, a sua coleta e
produtos; fornecer mensuração, análises e outros serviços
posterior organização e classificação para a utilização
comerciais; melhorar a comunicação com o usuário; pes- em fins comerciais, por exemplo, (ainda que especifi-
quisar e inovar para o bem social. E são compartilhados cado na política de privacidade) levam à importante
com: pessoas e contas com quem o usuário se comunica; questão sobre a ameaça à privacidade, uma vez que,
aplicativos, sites e integrações de terceiros que usam os tais dados, mesmo depois de apagados pelos usuários
das redes sociais, permanecem sob controle dessas re-
produtos da empresa e possível novo proprietário da em-
des, que os armazenam para fins econômicos seus e
presa. de terceiros. Ou seja, postagens, fotos, mensagens no
Notou-se também uma descrição do funcionamento de chat, são armazenadas pelo Facebook mesmo depois
ferramentas que realizam ações como: reconhecimento de o usuário tê-las excluído. Isso significa que toda a
facial para identificar o usuário em fotos, vídeos e expe- comunicação junto ao Facebook não pode ser apaga-
da (HIRATA, 2014).
riências da câmera, e leitura dos processos que são execu-
tados no dispositivo do usuário, como por exemplo, a sua Essa prática fere o art. 18º da LGPD (2018), que assegura
localização, informações como o sistema operacional, as os seguintes direitos aos titulares dos dados:
versões do hardware e software, nível da bateria, força do I - confirmação da existência de tratamento; II - acesso
sinal, espaço de armazenamento disponível, tipo de nave- aos dados; III - correção de dados incompletos, inexatos
gador, nomes e tipos de arquivo e de aplicativo, plug-ins, ou desatualizados; IV-anonimização, bloqueio ou elimi-
entre outros dados. nação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em
Tais informações não se aplicam ao princípio da adequa- desconformidade com o disposto nesta Lei.
ção e compatibilidade do art. 1º da LGPD (2018), que es- Sendo assim, observou-se que a privacidade do usuá-
tabelece coerência entre a coleta de dados e as finalidades rio pode ser ameaçada em três pontos: no fornecimento
informadas ao titular. O Facebook justifica informações de informações que o usuário não gostaria de fornecer
como, nível de bateria, por exemplo, para personalizar às plataformas de redes sociais e que, no entanto, o não
melhor o conteúdo a que o usuário vai ter acesso – o que fornecimento só acontecerá se o usuário optar por não
sugere pouca coerência. Nas palavras de Hirata (2014, fazer uso das mesmas; no compartilhamento de dados
p.23): “Quanto à finalidade legítima, os dados pessoais entre a plataforma e seus parceiros e no armazenamento
só podem ser processados para fins explícitos e legítimos dados até que eles não sejam mais necessários para o
especificados e não de forma incompatível com essas fi- Facebook ou até que a conta seja excluída pelo usuário
nalidades”. (com a ressalva de que as informações que outras pes-
Hirata (2014) comenta que o recurso de reconhecimento soas compartilharam sobre determinado usuário e que
facial é uma violação do direito à privacidade, uma vez não fazem parte de sua conta pessoal, não são excluídas
que não há informações adequadas e consentimento ine- pela plataforma).
quívoco dos usuários (requisitos estabelecidos pelo art.
5º da LGPD). O autor ressalta ainda que as políticas do CONSIDERAÇÕES FINAIS
Facebook são alteradas sem que os usuários sejam devi-
damente informados ou consultados. A utilização das redes sociais modificou a forma de ob-
Quanto à linguagem empregada, Serra (2018) afirma tenção, tratamento e divulgação de dados pessoais, o que
que a atual política de privacidade do Facebook usa uma impactou na privacidade dos indivíduos. Analisando as
linguagem acessível, simples e clara. O que demonstra o políticas de privacidade da empresa Facebook, consta-
empenho da empresa em cumprir o compromisso por ela tou-se que, dificilmente o indivíduo poderá alcançar um
98 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 98 - 100, 2021
ARTIGO
alto grau de controle sobre as suas informações e carac- BRASIL. Serviço Federal de Processamento de Dados
terísticas pessoais depois que as inserir na rede. Todavia, (Serpro). O que é a Lei Geral de Proteção de Dados
é inegável que a Lei 13.709 trouxe regulamentação e mais Pessoais? 2018b. Disponível em: www.serpro.gov.br/
transparência em relação a uso de dados por empresas lgpd/menu/a-lgpd/o-que-muda-com-a-lgpd. Acesso em:
como a Facebook. 30 jul. 2020.
Por exemplo, no escândalo da Cambridge Analytica, desco-
berto em março de 2018, onde os dados foram capturados COUTO, Edvaldo de Souza. Educação e redes sociais
sem expressa autorização de alguns usuários, os brasileiros digitais: privacidade, intimidade inventada e incitação
ainda não tinham como recorrer judicialmente. Mas, após à visibilidade. 2015. Disponível em: scholar.google.com.
a referida lei entrar em vigor, os usuários poderão buscar br/citations?user=sKsymPcAAAAJ&hl=pt-BR&oi=sra.
seus direitos, caso aconteça algum vazamento ou uso não Acesso em: 03 ago. 2020.
autorizado dos dados pessoais realizado pelo Facebook,
Instagram ou qualquer plataforma de relacionamento. DONEDA, Danilo. Considerações iniciais sobre
Conclui-se que é preciso rever as garantias e os con- os bancos de dados informatizados e o direito à
ceitos de direito à privacidade, a fim de adequá-los aos privacidade. 2000. Disponível em: www.estig.ipbeja.
novos padrões de vida social contemporânea. Inicia- pt/~ac_direito/Consideracoes.pdf. Acesso em: 03 ago. 2020.
tivas como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
são de extrema importância, não apenas para a pro- DUARTE, F; QUANDT, C. O; SOUZA, Q. O tempo das
teção dos interesses dos usuários, mas principalmente redes. V.1. São Paulo: Perspectiva, 2008.
por possibilitar a discussão desses temas fundamen-
tais. Mas, assim como a tecnologia avança, medidas de FACEBOOK. Política de dados. 2018. Disponível em:
proteção à privacidade dos cidadãos também devem www.facebook.com/privacy/explanation. Acesso em: 04
ser aprimoradas. ago. 2020.
BOYD, D. M.; ELLISON, N. B. Social Network Journal FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica.
of Computer Mediated Communication. 2007. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
BRASIL. Constituição da República Federativa do G1 GLOBO. Entenda o caso de Edward Snowden, que
Brasil de 1988. Brasília – DF, 1988. Disponível em: revelou espionagem dos EUA. 2013. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/entenda-o-caso-
htm. Acesso em: 30 jul. 2020. de-edward-snowden-que-revelou-espionagem-dos-eua.
html. Acesso em: 03 ago. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria de
Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia G1 GLOBO. Entenda o escândalo de uso político de
2015: hábitos de consumo de mídia pela população dados que derrubou valor do Facebook e o colocou
brasileira. 2015. Brasília: Secom. Disponível em: www. na mira de autoridades. 2018. Disponível em: g1.globo.
secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas- com/economia/tecnologia/noticia/entenda-o-escandalo-
quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/ de-uso-politico-de-dados-que-derrubou-valor-do-
pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf. Acesso em: facebook-e-o-colocou-na-mira-de-autoridades.ghtml.
30 jul. 2020. Acesso em: 03 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei HIRATA, Alessandro. O Facebook e o direito à
Geral de Proteção de Dados Pessoais. Brasília, DF, privacidade. Revista de Informação Legislativa. Ano
agosto de 2018ª. Disponível em: www.planalto.gov.br/ 51 Número 201 jan./mar. 2014. Disponível em: www12.
ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso senado.leg.br/ril/edicoes/51/201/ril_v51_n201_p17.pdf.
em: 30 jul. 2020. Acesso em: 04 ago. 2020.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 99 - 100, 2021 99
ARTIGO
INSTAGRAM PRESS. 17 million. 2017. Disponível em: SANTI, A. O lado negro do Facebook.
instagram-press.com. Acesso em: Acesso em: 30 jul. Superinteressante, São Paulo, n. 348, p. 28-39, jun.
2020. 2015.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos STUTZEL, Tercio. Presença digital: Estratégias eficazes
(DUDH), 1948. Disponível em: nacoesunidas.org/ para posicionar sua marca
direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 30 jul. 2020. pessoal ou corporativa na web. Alta Books. Rio de
Janeiro, 2015.
RECUERO, Raquel. O que é Mídia Social? 2008.
Disponível em: www.raquelrecuero.com/arquivos/o_ TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; MORAES, Maria
que_e_midia_social.html. Acesso em: 30 jul. 2020. Celina Bodin de. Redes sociais virtuais: privacidade e
responsabilidade civil Análise a partir do Marco Civil
SANTOS, Jeronimo Neto Silva, SOUZA, Fábia Maria da Internet. 2017. Disponível em: periodicos.unifor.br/
de; ALENCAR, Anna Thalya Rainha de. Segurança rpen/article/view/6272/pdf. Acesso em: 03 ago. 2020.
na Internet: Privacidade nas Redes Sociais.
2017. Disponível em: www.even3.com.br/anais/ VICENTE, Eliane Mercês. Redes Sociais. Ciberespaço:
semac2017/74629-seguranca-na-internet--privacidade- novas formas de interação das redes sócias. Santa Cruz
nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 jul. 2020. do Rio Pardo, SP; Editora Viena, 2014.
100 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 100 - 100, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
RESUMO
Keywords: Water Quality. Chlorination. Milking. Good
A produção do leite tem expressiva importância socioe- agricultural practices.
conômica, especialmente para agricultores familiares,
porém estes produtores possuem baixo acesso a tecno- INTRODUÇÃO
logias e utilizam técnicas produtivas pouco eficientes,
que podem afetar significativamente a qualidade do leite. Nos últimos 50 anos, a produção de leite no Brasil tem
Sendo assim, objetivou-se capacitar pequenos produto- crescido sistematicamente, por meio dos ambientes
res por meio de atividades educacionais voltadas para a de intervenções do governo via planos econômicos,
melhoria da qualidade do leite e implementação de boas preços controlados, importações e regulamentação
práticas agropecuárias. Foi realizada uma visita de diag- da economia. Com grande potencial de crescimento,
nóstico em propriedades familiares e assentamentos de estima-se que em 2025 o Brasil produzirá 47,5 mi-
reforma agrária localizadas no município de Formosa, lhões de toneladas de leite (VILELA; LEITE; ALVES,
no estado de Goiás. Com o intuito de melhorar a quali- 2017).
dade microbiológica da água utilizada nas propriedades, A pecuária leiteira se divide em vários níveis organizacio-
foram montados cloradores com tubos e conexões PVC, nais e tecnológicos, a começar de pequenas propriedades
foi elaborado um manual de construção do clorador para rurais até grandes cooperativas e laticínios (LEIRA et al.,
possibilitar a reprodução deste equipamento em quais- 2018).
quer propriedades rurais. Foi elaborada uma cartilha de Essa atividade é de extrema importância tanto no con-
boas práticas agropecuárias para auxiliar na capacitação texto social como no econômico, contribuindo no su-
dos produtores para obtenção de leite seguro e de quali- primento de alimentos e desenvolvimento econômico
dade. do país, através da geração de renda e emprego para a
população, em especial, para um expressivo número de
Palavras-chaves: Qualidade da Água. Cloração. Orde- agricultores familiares (SILVA et al., 2019; CAVALCAN-
nha. Boas práticas agropecuárias. TI, 2014).
Segundo Cavalcanti (2014), cerca 90% dos produtores
ABSTRACT são considerados pequenos, com baixo volume de pro-
dução diária, baixa produtividade por animal e pouco
Milk production has an expressive socioeconomic im- uso de tecnologias.
portance, especially for family farmers, however, the- O baixo nível de conhecimento técnico dos produtores
se producers have low access to technology and use dificulta o acesso à tecnologia, por isso é essencial a par-
ineffective productive techniques, that may affect milk ticipação destes em programas de treinamento e incen-
quality. Therefore, the objective of this study is the trai- tivo a melhoria da qualidade, que conscientizem sobre a
ning of small milk producers by means of educational necessidade de administrar bem a atividade, tornando-a
activities oriented to improving the milk quality and mais eficiente, viável e promovendo a modernização do
implementing good agricultural practices. A diagnosis setor.
visit was made on family proprieties and land reform
settlements located on the city Formosa – Goiás. In or- EMBASAMENTO TEÓRICO
der to improve the microbiological quality of the water
used on these farms, Chlorination dispensers were as- A legislação brasileira por meio da Instrução Normativa
sembled with PVC pipes and connections. A handbook Nº 77 e 76, de 26 de novembro de 2018 define boas práti-
of good agricultural practices was prepared to assist on cas agropecuárias como conjunto de atividades, procedi-
the training of producers on how to produce safe and mentos e ações adotadas na propriedade rural com a fina-
high-quality milk. lidade de obter leite de qualidade e seguro ao consumidor
1 Aluno de graduação, Universidade Federal de Goiás - UFG, E-mail: igor_costa@discente.ufg.br;
2 Aluna de graduação, Universidade Federal de Goiás - UFG, E-mail: lorranyperegrine@discente.ufg.br;
3 Professor da Universidade Federal de Goiás, Doutor pela Universidade Federal de Lavras, E-mail: celsojose@ufg.br;
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 101 - 105, 2021 101
RELATO DE EXPERIÊNCIA
que englobam desde a organização da propriedade, suas rais familiares não conhecem a qualidade microbiológica
instalações e equipamentos, bem como formação e capa- da água de sua propriedade, acreditando que esta é supe-
citação dos responsáveis pelas tarefas cotidianas realiza- rior à água clorada da rede urbana.
das (BRASIL, 2018). Norma elaborada pelo Ministério Por ser um fator crítico para obtenção do leite, a legis-
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com lação brasileira exige a cloração da água em proprie-
intuito de garantir que produtores e estabelecimentos do dades leiteiras, determinando que a água para o con-
setor leiteiro, registrados no serviço de inspeção oficial, sumo humano (BRASIL, 2011a), animal e limpeza dos
adotassem critérios e procedimentos quanto à produção, equipamentos da ordenha (BRASIL, 2011b) tenha sua
ao acondicionamento, à conservação, ao transporte, à se- potabilidade garantida. O sistema de cloração é um
leção e à recepção de leite cru. método simples, de baixo custo e seguro (LEIRA et al.,
Para garantir a obtenção de leite de qualidade, que se ade- 2018; SILVA et al., 2018)
que às normas vigentes, devem ser feitos ajustes em todo REIS et al. (2017) e SILVA et al. (2019) afirmam que a im-
o processo produtivo, pois a qualidade do leite cru está plementação de boas práticas agropecuárias proporciona
relacionada a múltiplos fatores como: higiene da orde- estratégias de controle da qualidade e aumento da pro-
nha, limpeza e sanitização de equipamentos e utensílios, dutividade, pois orientam na observação, identificação,
presença de doenças no rebanho, condições de armaze- análise de problemas e tomada de decisões adequadas às
nagem e transporte do leite (LEIRA et al., 2018). realidades socioeconômicas locais.
Pesquisas mencionadas por Silva et al. (2019), demons- O investimento na melhoria da qualidade do leite traz
tram que os pequenos produtores não tem conhecimento retornos diretos para o produtor, que pode receber um
adequado sobre as melhores técnicas de ordenha e higie- valor adicional ao vender sua produção para laticínios,
nização de utensílios e equipamentos. proporcionando uma rentabilidade extra significativa ao
Para Cavalcanti (2014), os principais aspectos que afetam final de cada mês (CAVALCANTI, 2014).
a qualidade do leite cru são a incidência de vacas com
mastite no rebanho e as condições de higiene e armaze- CONTEXTUALIZAÇÃO
namento durante a produção e o processamento do leite.
Segundo Leira et al. (2018), a fase mais importante da ati- Este é um relato das ações iniciais do projeto de extensão
vidade leiteira é a ordenha, por possibilitar o controle da formado através da parceria entre Universidade Federal de
mastite e da qualidade do leite. Goiás (UFG) e Instituto Brasileiro de Cultura, Educação,
A infecção da glândula mamária, conhecida como mas- Desporto e Saúde (IBRACEDS). O projeto busca desen-
tite, reduz a quantidade e qualidade do leite produzido volver o Arranjo Produtivo Local (APL) Lácteo das Águas
pelo animal, trazendo prejuízos econômicos ao produ- Emendadas, com educação profissional e a formação para
tor em decorrência do custo de tratamento, redução na o trabalho, com atividades educacionais voltadas para a me-
produtividade e de penalidades aplicadas pelos laticínios. lhoria da qualidade do leite e implementação de boas práti-
A mastite é causada por microrganismos patogênicos cas agropecuárias para a promoção da sanidade do rebanho
transmissíveis ou ambientais e está fortemente associada e higiene da ordenha, bem como incentivando o beneficia-
a qualidade da água utilizada na ordenha. (REIS et al., mento e melhoria da produção de derivados do leite.
2017; LEIRA et al., 2018). O APL Lácteo das Águas Emendadas abrange cooperati-
A mastite eleva a contagem de células somáticas no leite vas, associações e assentamentos de produtores familia-
(CCS), sua detecção pode ser feita por exame físico do res dos municípios das regiões Nordeste e do Entorno do
úbere, pela aparência do leite em uma caneca de fundo Distrito Federal, atendidos pelo IBRACEDS em um con-
escuro, California Mastitis Test (CMT), cultura e/ou anti- trato com a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação do
biograma (LEIRA et al., 2018) Estado de Goiás.
A água utilizada em todo o processo de produção, seja As ações aqui descritas foram realizadas após uma visita
destinada à dessedentação, limpeza, desinfecção dos de diagnóstico em propriedades familiares e assentamen-
equipamentos e instalações em propriedades rurais, de- tos de reforma agrária localizadas no município de For-
sempenha grande impacto na qualidade do leite (RAMI- mosa, no estado de Goiás.
RES; BERGER; ALMEIDA, 2009; TORTELLI, 2017).
Em propriedades rurais, a água geralmente é captada de RESULTADOS E DISCUSSÃO
fontes passíveis de contaminação como poços, córregos
e/ou minas e utilizada sem tratamento adequado (LEIRA A produção de leite nas propriedades visitadas é princi-
et al., 2018). palmente manual (apenas um produtor realizava ordenha
Segundo Silva et al. (2018), a maioria dos produtores ru- mecânica), caracterizadas pelo uso de técnicas de manejo
102 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 102 - 105, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
ineficientes, baixo emprego de tecnologia e instalações para sua construção e operação, possibilitando a re-
inadequadas para ordenha. produção deste equipamento em qualquer proprieda-
A produção diária média por produtor varia de 30 a 60 de rural.
litros. A água utilizada nas propriedades é captada de po- Silva et al. (2018) afirmam que a cloração da água de
ços artesianos e não passa por nenhum tipo de tratamen- forma isolada não é suficiente para garantir a melho-
to ou sanitização. ria da qualidade do leite, os produtores devem ser ins-
O armazenamento do leite é feito em tanques de refrige- truídos sobre técnicas eficazes de manejo de ordenha
ração comunitários, cedidos por comodato pela prefeitu- e limpeza, visando reduzir a contaminação microbio-
ra de Formosa. Em média, cada tanque é compartilhado lógica do leite durante todo o processo de ordenha,
por quatro produtores de uma mesma região. armazenamento e prevenir a ocorrência de mastite no
A captação de leite é realizada por caminhão tanque iso- rebanho.
térmico, porém, não é feita com a regularidade adequada, Com o objetivo de fornecer uma ferramenta que auxilie
estabelecida na Instrução Normativa 62 (BRASIL, 2011b). na capacitação técnica dos produtores familiares, foi ela-
O leite cru captado é vendido in natura, diretamente borada uma cartilha de boas práticas agropecuárias para
ao laticínio, que estabelece o valor a ser pago aos pro- obtenção de leite seguro e de qualidade (disponível em:
dutores. https://abre.ai/manual-clorador).
O manejo da qualidade da água é um dos pontos críticos A cartilha contém instruções textuais simples sobre téc-
na obtenção de leite seguro e de qualidade. Com o intui- nicas de manejo fundamentais para todas as etapas da
to de melhorar a qualidade microbiológica da água nas produção leiteira, desde a higiene na ordenha, transpor-
propriedades atendidas pelo projeto, foram montados te, resfriamento e armazenamento, visando a melhoria da
dezesseis cloradores contínuos de pastilhas com canos e qualidade do leite.
conexões PVC, um exemplar está indicado na fotografia O controle da mastite é um ponto importante no manejo
1. O projeto de construção foi adaptado de EMATER/MG de ordenha, o leite dos animais deve ser periodicamente
(2013) e SINDILEITE (2019). analisado por meio do teste da caneca e California Mas-
titis Test (CMT). Foram produzidos quinze litros de rea-
Fotografia 1 - Clorador de pastilhas gente CMT destinados ao treinamento dos produtores
para prevenção de mastite no rebanho.
Outro ponto abordado, é a adoção de procedimentos cor-
retos de limpeza para equipamentos e utensílios, evitando
que o leite se contamine por superfícies má higienizadas,
seja devido ao uso produtos inadequados, pelo uso de
concentrações baixas ou técnicas de limpeza insuficien-
tes.
Além disso, a cartilha introduz ferramentas básicas de
manejo sanitário do rebanho, com a implementação de
planilhas para registro escrito da identificação dos ani-
mais, controle de medicamentos aplicados, vacinação e
doenças no rebanho, fornecendo uma visão ampla sobre
a atividade produtiva na propriedade rural, facilitando a
melhoria da qualidade do leite.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 103 - 105, 2021 103
RELATO DE EXPERIÊNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cartilha - Boas práticas Agropecuárias, SINDILEITE
A cartilha elaborada é apenas uma ferramenta, para melho- Goiás, 2ª Edição, Junho, 2019.
ria da qualidade de leite ser efetiva, é necessário acompanhar Cartilha – Tratamento de Água: Clorador de
a implementação e capacitar os produtores continuamente. Pastilhas. EMATER-MG, Maio de 2014. Disponível em
A cloração da água é fundamental para obtenção de lei- https://www.emater.mg.gov.br/doc/intranet/upload/
te seguro e de qualidade. O clorador é um equipamento LivrariaVirtual/cartilha%20tratamento%20de%20
simples, de baixo custo que pode ser montado facilmente. água%20montagem%20clorador.pdf Acesso em: 31 mai.
Os cloradores montados serão instalados nas proprieda- 2020.
des durante a primeira visita técnica de capacitação.
CAVALCANTI, Eliane Resende Costa. Perfil
REFERÊNCIAS socioeconômico dos produtores e qualidade do leite
produzido na bacia leiteira da microrregião de pires do
BRASIL. Ministério da saúde. Portaria n° 2.914, de 12 rio (GO). Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de
de dezembro de 2011. Procedimentos de controle e Alimentos) – Escola de Veterinária e Zootecnica (EVZ),
de vigilância da qualidade da água para consumo Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. Disponível
humano e seu padrão de potabilidade. Diário em:https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/5057.
Oficial da União. Brasília, DF, 2011a. Disponível em: Acesso em: 31 mai. 2020.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
prt2914_12_12_2011.html. Acesso em: 31 mai. 2020. LEIRA, Matheus Hernandes Botelho et al. Fatores que
alteram a produção e a qualidade do leite: Revisão.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Pubvet, v. 12, n. 5, p. 1–13, 2018. DOI: 10.22256/pubvet.
Abastecimento. Instrução Normativa Nº 62 de 29 de v12n5a85.1-13.
dezembro de 2011. Regulamento técnico de produção, ISSN: 1982-1263. Disponível em: http://www.
identidade e qualidade do leite tipo A, do leite pasteurizado pubvet.com.br/artigo/4780/fatores-que-alteram-a-
e do leite cru refrigerado e de seu transporte a granel. produccedilatildeo-e-a-qualidade-do-leite-revisatildeo.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2011b. Disponível em: Acesso em: 31 mai. 2020.
https://wp.ufpel.edu.br/inspleite/files/2018/06/IN62.pdf.
Acesso em: 31 mai. 2020. RAMIRES, Clarissa Holanda; BERGER, Eldo Lauro;
ALMEIDA, Rodrigo De. Influência da qualidade
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e microbiológica da água sobre a qualidade do leite.
Abastecimento. Departamento Nacional de Inspeção de Archives of Veterinary Science, v. 14, n. 1, p. 36–42,
Produtos de Origem Animal. Regulamento da Inspeção 2009.
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – DOI: 10.5380/avs.v14i1.12913
RIISPOA aprovado pelo Decreto nº 9.013. Diário Oficial ISSN: 1517-784X. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/
[da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, veterinary/article/view/12913. Acesso em: 31 mai. 2020.
Brasília, DF, 29 mar. 2017. Disponível em: https://www.
in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/ REIS, Eduardo Mitke Brandão et al. Identificação de
content/id/20134722/do1-2017-03-30-decreto-n-9-013-de- pontos fracos e fortes associados à qualidade do leite em
29-de-marco-de-2017-20134698. Acesso em: 31 mai 2020. propriedade leiteira de agricultura familiar. Pubvet, v.
11, n. 9, p.889-900, Set., 2017.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e DOI: 10.22256/pubvet.v11n9.889-900
Abastecimento. Instrução normativa nº 77, de 26 de ISSN: 19821263 Disponível em: http://pubvet.com.br/
novembro de 2018. Critérios e procedimentos para a artigo/4026/identificaccedilatildeo-de-pontos-fracos-
produção, acondicionamento, conservação, transporte, e-fortes-associados-agrave-qualidade-do-leite-em-
seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos propriedade-leiteiras-de-agricultura-familiar Acesso em 31
registrados no serviço de inspeção oficial. Diário Oficial mai. 2020.
da República Federativa do Brasil, Brasília, 30 novembro
2018, Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/ SILVA, Bárbara Ponzilacqua Krummenauer et al.
asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/52750141/ Caracterização da produção e qualidade do leite em
do1-2018-11-30-instrucao-normativa-n-77-de-26-de- propriedades de agricultura familiar na região sul do Rio
novembro-de-2018-52749887 Acesso em: 31 mai. 2020. Grande do Sul. Revista do Instituto de Laticínios 104
104 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 104 - 105, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 104 - VILELA, Duarte.; RESENDE, João Cesar; LEITE, José
105, 2021 RELATO DE EXPERIÊNCIA Cândido Tostes, Bellini; ALVES, Eliseu Alves. A evolução do leite no
v. 74, n. 4, p. 231–239, 2019. ISSN: 2238-6416 Brasil em cinco décadas. Revista de Política Agrícola,
DOI: 10.14295/2238-6416.v74i4.745 v. 26, n. 1, p. 5-24, 2017. Disponível em: https://seer.sede.
Disponível em: https://www.revistadoilct.com.br/rilct/ embrapa.br/index.php/RPA/article/view/1243/1037.
article/view/745. Acesso em: 31 mai. 2020. Acesso em: 31 mai. 2020.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 105 - 105, 2021 105
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Túlio Natalino de Matos1, Severina do Carmo da Silva Matos2, Douglas Araújo Falcão3
106 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 106 - 112, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
tebook conseguisse capturar o sinal de WiFi, e a rotina, de o ambiente escolar. É um processo que acompanha o
muitas vezes tornou-se exaustiva (FERNANDES; ISIDO- educando ao longo da sua vida e em todos os lugares que
RIO & MOREIRA, 2020). Tem-se a partir de então, dois frequentam (RONDINI, PEDRO & DUARTE, 2020).
lados, o professor exausto, pela nova rotina, preocupado Nesse contexto, muitos professores se mostraram como
com os alunos que não tem acesso ao conteúdo, seja pelo super-heróis, conseguindo o engajamento dos alunos, e
motivo mais adverso, ou até mesmo pelo motivo mais fazendo com que estes, obtivessem êxito no processo de
corriqueiro. Do outro, tem-se os alunos que estão com formação, buscando sanar brechas deixadas pela pande-
saudades dos amigos, do contato social, físico e extrema- mia no processo de ensino-aprendizagem. É pensando
mente cansados pela rotina assustadora que é ficar em nessa conjuntura que esse relato de experiência foi elabo-
frente à um aparelho eletrônico com até oito horas diá- rado, mostrando que mesmo em tempos difíceis o ensino
rias, estudando (CANI et al, 2020). aconteceu, principalmente às práticas acadêmicas, onde
Em meio a esse tempo de turbulência, cabe ao profis- muitas cozinhas serviram de laboratórios.
sional da educação, buscar por alternativas que cha-
mem a atenção dos discentes, e que os tragam para RESULTADOS E DISCUSSÃO
a realidade mais próxima possível e que garanta seu
aprendizado (ROCHA et al, 2020). É a partir de en- A formação na área das ciências da natureza é um pro-
tão que surge os mais diversos aplicativos, tais como, cesso que o discente precisa compreender a importância
Padlet, Kahoot, dentre outras, e as plataformas de vi- na experimentação. A formação de um ser crítico é uma
deoconferências como Zoom, Cisco Webex Meetings, atividade complexa que requer estratégias e metodologias
Google Meet e TEAMS. Tais instrumentos tecnoló- de ensino que tenha significados marcantes no processo
gicos nunca foram tão utilizados e difundidas como ensino aprendizagem. Cada professor busca metodolo-
atualmente. Instituições, professores e alunos tiveram gias, que permitem seus alunos desenvolver e aplicar os
que se adaptar, e rapidamente incorporar ao seu co- conhecimentos adquiridos ao longo da carreira escolar,
tidiano o uso dessas ferramentas não triviais, e que seja ela de ensino básico, técnico ou superior. Sendo as-
dependem de uma rede que nem sempre se encontra sim, alguns professores do COTE-Governador Onofre
em bom estado para o seu funcionamento (PASSANI; Quinan (COTEC-GOQ), Campus Anápolis, desenvol-
CARVALHO & LUCY, 2020). veram estratégias que buscaram sanar o déficit de aulas
Diante do novo cenário mundial e local imposto pela Pan- práticas, decorridos como consequência da pandemia.
demia pelo novo Corona Vírus o Governo do Estado de O COTEC Govenador Onofre Quinan faz parte da REDE de
Goiás além de decretar o isolamento mento social por meio Colégios Tecnológicos do Estado de Goiás que em 2020 este-
do Decreto nº 9.633, de 13 de março de 2020, também houve ve vinculado à Secretaria de Desenvolvimento e Inovação –
uma ação efetiva e pioneira do Conselho Estadual de Edu- SEDI e Secretaria de Estado da Retomada – SER. Atualmente
cação para minimizar os efeitos do momento de calamida- a gestão do COTEC é operacionalizada por meio do Contra-
de para estudantes e docentes, que por meio Resolução nº to de Gestão 01/2017-SED pela Organização Social Instituto
02/2020-CEE/GO, de 17 de março de 2020, estabeleceu di- Brasileiro de Gestão Compartilhada - IBGC, concebido por
retrizes para que as aulas de cursos ofertados na modalidade meio do Chamamento Público 07/2016 - SED. Essa trans-
presencial passarem a ser oferecidos e operacionalizados em ferência de gestão por meio de parceria teve como objetivo
Regime Não Presencial de Aulas (REANP). minimizar as burocracias no tocante da aplicação de recursos
A partir daí, o papel do professor tornou-se desafiador bem como de contratação de pessoas e serviços. Tal modelo
pelo motivo em que eles trabalham muito mais em casa de gestão foi muito importante para o alcance de resultados
do que quando iam a escola, para ensinar nas suas aulas positivos durante a pandemia devido a celeridade dos proces-
presenciais dentro do âmbito escolar que era totalmente sos não apenas de contratação, mas também das aquisições.
conhecido. Este profissional tornou-se uma máquina de O COTEC Governador Onofre Quinan é uma Unidade
criatividade, diminuindo seu tempo para refletir e des- de Educação Profissional e Tecnológica – UEPT, tendo
cansar. Mal sabem que são os maiores influenciadores como missão ofertar cursos para a profissionalização e ou
digitais do século XXI, pois eles precisaram perder a ver- qualificação nas modalidades Presencial e EaD, Ativida-
gonha em frente às câmeras e fazer acontecer, tal como no des Prático Acadêmicas Suplementares e de Desenvolvi-
modelo presencial (CANI et al, 2020). O currículo esco- mento e Inovação Tecnológica. Localizado no DAIA em
lar não mudou. A única mudança foi na forma de trans- Anápolis, Goiás se tornou uma unidade referência não
miti-lo, e com as mesmas exigências, dos planejamentos, apenas na oferta de cursos, mas também da promoção e
relatórios, como se nada estivesse acontecendo. É impor- produção de conhecimento científico.
tante ressaltar que a educação em si, também transcen- É importante lembrar que durante o ano de 2020 no mo-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 107 - 112, 2021 107
RELATO DE EXPERIÊNCIA
delo presencial o COTEC Governador Onofre Quinan com os alunos um experimento sobre termoquímica, e
contava com 3.158 alunos matriculados em todos os cur- evidenciando os processos endotérmicos e exotérmicos.
sos da instituição conforme Quadro - 1. E que em decor- Foi pedido para que os alunos replicassem em casa uti-
rência da Pandemia pela Covid-19 todos esses alunos fo- lizando materiais alternativos, como garrafa PET, balde,
ram migrados para o modelo de REANP, em observância funil, papel higiênico, balão, dentre outros. Tal procedi-
às diretrizes das autoridades de Vigilância em Saúde e do mento trouxe resultados extremamente positivos, uma
Conselho Estadual de Educação de Goiás, e continuam a vez que o aluno pudera vivenciar na prática os conceitos
cursar normalmente. adquiridos em aulas no modelo não presencial.
Destacam-se também que do total de alunos migrados
dos cursos da modalidade presencial para o regime de Figura 1- Experimento de Termoquímica. Processo
aulas não presencias (REANP), 771 alunos, que repre- endotérmico
sentam 24% do total de matrículas do Quadro 1, estavam
matriculadas até 2020 nos cursos de Graduação e Técni-
cos com disciplinas de química em no conteúdo progra-
mático objeto deste relato de experiência, conforme dis-
tribuição do Quadro 2.
108 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 108 - 112, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Figura 3- Processo exotérmico e endotérmico A figura 6 relata a técnica de filtração que é possível reali-
zar com um auxílio de um papel filtro, e pode ser aplicado
diariamente no preparo do café.
Ainda nessa mesma perspectiva foi solicitado que os alu- Fonte: Acervo pessoal.
nos fizessem um experimento em casa sobre os tipos de
misturas em uma disciplina de Química Geral. Os mes- Os meios de cultura (figura 6) são insumos, geral-
mos realizaram as experiências, gravaram e fotografa- mente preparados em laboratório, que fornecem os
ram como pode ser visto na figura 4. Tais procedimentos nutrientes para o crescimento e desenvolvimento de
resultaram em uma discussão sobre as propriedades de microrganismos. Nessa aula os professores solicita-
densidade e polaridade das moléculas aplicados aos pro- ram que os alunos preparassem um meio de cultura
cessos de separação de misturas. utilizando caldo de legumes cozidos, juntamente com
gelatina incolor.
Figura 4- Mistura heterogênea (água, álcool e óleo) Foi solicitado também que ao fazer o meio e este esti-
vesse pronto (figura 7), os alunos coletassem micror-
ganismos de acordo com as técnicas de semeadura
em meio sólido, ensinadas em aulas ao vivo pelo apli-
cativo Zoom. Isso pode ser visto na figura 8, a cole-
ta sendo realizada no teclado do computador, notas
(dinheiro), e chaves. É válido ressaltar que os alunos
utilizaram os equipamentos de segurança como se
estivessem presentes dentro do laboratório, e nessa
prática cada aluno adotou um local para a coleta dos
microrganismos.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 109 - 112, 2021 109
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Figura 8- Técnica de semeadura em meio sólido Cada um teve o seu resultado, como pode ser visto na
figura 11 a presença de fungos.
110 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 110 - 112, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Figura 13- Experimento sobre a primeira e segunda lei plorando ao máximo as possibilidades de realizar aulas
da termodinâmica por meio de Laboratórios Maker, Real LAB, Gameficação,
potencializando o aprendizado dos alunos por meio de
aulas modernas atraentes e instigantes.
Os desafios, sem dúvida, são grandes. Principalmente
mudar o formato de ensino e agregar eficiência e tecnolo-
gia ao processo de aprendizado, contudo as boas práticas
continuam sendo exploradas para que não apenas alunos
possam vislumbrar novas possibilidades do apender fa-
zendo, mas também o intercâmbio dos conhecimentos e
experiências de forma multidisciplinar e transversal com
os demais professores, multiplicando os saberes fortale-
cendo ainda mais a cultura de educação de qualidade do
COTEC Governador Onofre Quinan.
REFERÊNCIAS
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 111 - 112, 2021 111
RELATO DE EXPERIÊNCIA
GOIÁS. Decreto nº 9.633, de 13 de março de 2020. RONDINI, Carina., PEDRO, Ketilin, DUARTE,
Dispõe sobre a decretação de situação de emergência Cláudia (2020). Pandemia do Covid-19 e o
na saúde pública do Estado de Goiás, em razão da ensino remoto emergencial: mudanças na práxis
disseminação do novo coronavírus (2019-nCoV). docente. EDUCAÇÃO, 10(1), 41–57.
ROCHA, Flavia; LOSS, Taniele; ALMEIDA, Braian; World Health Organization. Coronavirus disease 2019
MOTTA, Marcelo; KALINKE, Marco (2020). O uso de (Covid-19). Situation Report – 38. February 2020.
tecnologias digitais no processo de ensino durante a
pandemia da covid-19. Revista Jounal Interacções.
Retomada
Secretaria de Estado
da Retomada
112 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 112 - 112, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 113 - 115, 2021 113
RELATO DE EXPERIÊNCIA
o marco foi o início da rádio Difusão Educativa, funda- 2020 e a continuidade e retenção na segunda fase em 2021.
ção dos Institutos Monitor e Universal Brasileiro. Em 1965 1ª Etapa: Pode ser classificada como de transição e adapta-
inicia a TV Educativa e a Fundação Roberto Marinho, um ção, e iniciou no primeiro semestre de 2020, quando o pro-
sistema de transmissão aberta para todo o país. Mas um fessor ainda não estava acostumado com o novo método de
dos mais importantes, foi o lançamento a partir dos anos ensino, e muitos alunos presenciais não tinham recursos
80 do telecurso 2º grau e a criação em 1996, da Lei de Di- para o ensino remoto. Com isso os planos de ensino foram
retrizes e Bases da Educação (LDB). Em 2006 a LDB se adaptados ao momento e não ao método. Mediante as difi-
consolida e ainda institui o sistema de educação superior culdades, no segundo semestre do ano, os grandes institutos
pública, Universidade Aberta do Brasil (UAB). Em 2020 o e universidades passaram a capacitar professores que se tor-
ensino à distância em quaisquer de suas modalidades passa naram a figura central de todo processo educacional.
a ser intitulado de EAD 3.0 (pelo uso ampliado de diver- Os alunos e familiares também ficaram mais adaptados
sas tecnologias) e é inserido o ensino remoto em caráter ao final de 2020, e a família neste contexto teve papel
alternativo de urgência para dar continuidade ao ensino coadjuvante no processo de ensino aprendizagem. Clas-
brasileiro mediante a pandemia do COVID-19. Neste sen- sificado como segunda fase do ensino na pandemia, a
tido é pertinente esclarecer o que é ensino REANP e EAD 2ª Etapa veio com o questionamento: Ensino remoto ou
3.0. Ou seja, no regime de aulas não presenciais o profes- EAD, como fica em 2021? Ficou claro que, o ano se ini-
sor organiza o tempo de ensino visando uma aprendiza- ciou com a imprevisão na educação mediante fatos, ora
gem autônoma dos estudantes, mas com papel mediador relacionados com a evolução da pandemia no país e no
em período fixo de forma remota mantendo a hora aula mundo, ou com o novo modelo de educação brasileira
de 60 (sessenta) minutos, com interferência via vídeo con- daqui para frente. O que se pode detectar, já no fim deste
ferências, chats on-line e outras tecnologias. No EAD 3.0, primeiro semestre de 2021, é que o Ambiente Virtual de
o ensino à distância no modelo atual, o professor é media- Aprendizagem (AVA) está mais dinâmico e os professores
dor num sistema semipresencial ou totalmente à distância já dominam certos aplicativos e tecnologias educacionais
apenas com a intervenção esporádica, correção das ativi- que sempre estiveram disponíveis, mas anteriormente
dades e avaliações. O EAD 3.0 se utiliza de equipamentos e pouco usados. Por outro lado, os alunos estão familia-
tecnologias atuais para desenvolvimento da aprendizagem. rizados à nova rotina e praticamente todos os ingressos
Não há horário estipulado e sim, cumprimento de carga na educação profissionalizante ou superior já sinalizam
horaria do componente e ou disciplina. alguma experiência com o REANP ou EAD. Desta forma
é pertinente refletir sobre a retenção de alunos a partir de
METODOLOGIA agora, pois após a primeira fase do ano de 2020, quando
foram utilizados momentos síncronos e tecnologias dife-
Quanto a abordagem a metodologia de pesquisa se enqua- renciadas para o processo de transmissão e compartilha-
dra como qualitativa, tendo como objetivo uma narrativa mento do ensino, foi constatada uma queda na evasão
descritiva, usando como procedimentos técnicos o relato de de alunos, nos cursos profissionalizantes e superiores. Al-
experiência, que procurou levantar as informações através guma desistência daqui para frente não estará diretamen-
de análise de depoimento de professores em reuniões vir- te relacionada com método, modalidade, componente ou
tuais, relatório de resultados institucionais e observação tecnologia, e sim, por causas estritamente pessoais.
participativa da rotina de cursos profissionalizantes, nas Portanto para que tudo funcionasse e as escolas não paras-
modalidades REANP e EAD, nas categorias de capacitação se no país os docentes precisaram se utilizar de recursos
e qualificação de algumas regionais atendidas pelo governo criativos, afinal tudo agora parece ter sido fácil, mas não foi
do Estado e Institutos Tecnológicos de Goiás. A população bem assim, no início do ano de 2020, foi preciso, aprender,
estudada foram alunos e professores destas regionais e o es- reinventar e criar novas tecnologias e ferramentas. Foram
tudo ocorreu entre março de 2020 a março de 2021. precisos novos métodos de ensino, afinal REANP não é
EAD, embora utilize os mesmos instrumentos, e a EAD
DISCUSSÕES se beneficiou com o REANP. O professor precisou passar
mais tempo com o aluno, este profissional tornou-se pa-
Desde o início o REANP foi confundido pelos professo- lestrante, artista, designer gráfico, técnico de informática,
res que atuavam em aulas presenciais e professores tutores locutor, muti mídia, multitarefa, tutor, psicólogo, conteu-
com experiencia na área de EAD, como sendo um método dista, consultor e se parar para analisar, estes não são os
que seguia as normas do ensino à distância. Sendo assim, mesmos profissionais de antes. Ficaram melhores!!!!
para uma análise mais precisa, dividiu-se a observação em Neste sentido, para obter os resultados alcançados atual-
duas etapas, a adaptação na primeira fase da pandemia em mente, foi necessário aproximar do aluno, providenciar au-
114 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 114 - 115, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
las passo a passo, fazer vídeo aulas e hospedá-las no youtube, Ensino a distância em tempos de pandemia. Canal
buscar outros conteúdos já publicados por outros professo- Pequi. Roda de Conversa. h. 01 min.50 s. You Tube.
res, usar os aplicativos whatsapp, zoom, meet, google class, Disponível em <https://youtu.be/6y
elaborar resumos para tornar o conteúdo mais dinâmico e mP-qxTXus>.Acesso em: 28 de maio 2021.
colorido, livros incorporados para ampliação do estudo, sa-
ber comprimir e melhorar ou reduzir qualidade de material GOIÁS. Secretaria geral da Governadoria-Coordenação
de compilação/referência. E além de tudo isso, plantão no do Conselho Pleno. Nota Técnica nº: 2/2020 - COCP –
chat e aproveitar esse período para entrar em contato perso- CEE- 8461.Esclarecimentos sobre o funcionamento das
nalizado com alunos, reabertura de componentes ao final do unidades escolares no período de isolamento social pelo
curso para uma repescagem e acompanhamento individual. coronavírus, covid-19.2020.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 115 - 115, 2021 115
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Selva Oliveira de Araújo Almeida2, Angélica Cristina Pereira Schmidt3, Fabrício Katsuo Kuniyoshi Watanabe4, Katia
Aline Forville de Andrade Oliveira5, Samuel de Oliveira e Silva e Silva Malafaia6, Franklin Silva de Castro Bonfim7
116 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 116 - 126, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
with the academic communities of the COTECs and EFGs, operacional Open BSD que se reuniram em Calgary, no
to identify their knowledge about the Hackathon, then a Canadá (FOREDUCATION, 2021).
live awareness raising was held and, later, teacher training Assim, pretende-se nesse processo de implantação de cul-
workshops in the methodology active and innovative solu- tura da formação inovadora promover vivências através
tion to everyday challenges and problems and a Hackathon de diversas metodologias que aproximem ao resultado
exploration workshop with COTECs and EFG students. esperado, portanto a primeira proposta é a realização de
The action involves around 384 participants, including um Hackathon (interno) nos Colégios Tecnológicos (Co-
students, teachers, academic and external communities. tecs) e Escola do Futuro do Estado de Goiás (EFG) do
In the satisfaction survey with the actions developed with Norte, Nordeste e Entorno do Distrito Federal no Estado
the participants, 97% of responses were “very satisfied” and de Goiás, regiões que abrangem os municípios da Regio-
“satisfied”. It is expected that this action not only favors nal 1.
the realization of innovation events in the Cotecs / EFG, Este projeto apresenta um breve referencial teórico sobre
but also instigates the continuing education of teachers to o tipo de evento Hackathon e as metodologias emprega-
acquire methodologies that bring meaning and autonomy das, bem como o planejamento para do I Hackathon da
to their students, as well as encourage the identification of Regional 1. O projeto teve como objetivo a promoção da
problems and seek solutions that can bring corporate chan- implantação de uma cultura da inovação contínua nos
ges to improve the associations’ solutions. Cotecs/EFG como metodologia de aprendizagem para
o desenvolvimento do empreendedorismo inovador no
Keywords: Methodology. Learning. Innovation. Hacka- âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão na educa-
thon. Professional education. ção profissional, por meio da vivência de metodologias
de inovação que incitem a comunidade acadêmica para
INTRODUÇÃO o exercício da criatividade e a busca por solução aos de-
A cultura da inovação pode ser entendida como uma safios que o mundo do trabalho tem apresentado para a
nova forma de trabalhar e de enxergar os processos atuação do profissional contemporâneo. Este objetivo é
internos e externos [...] Vai muito além de ter novas
e boas ideias e tem a ver com a capacidade de aplicar apoiado nos seguintes objetivos específicos:
um pensamento inovador em todas as áreas da orga- • Disseminar a metodologia do Hackathon pelos Co-
nização. (https://blog.99empresas.com/). tecs/EFG como ferramenta de aprendizagem ativa e
Instituições como SEBRAE e a startup Foreducation da significativa;
área de edtech, têm apontado os benefícios da meto- • Propiciar à comunidade acadêmica a vivência do Ha-
dologia do Hackathon na educação, desde a solução de ckathon na formação profissional atrelada à uma cul-
problemas na gestão escolar, sobretudo no fazer docente tura inovadora, com foco na solução de problemas;
como na aprendizagem significativa e desenvolvimento • Popularizar a metodologia do Hackathon para a pro-
de outras competências importantes para o profissional moção da inovação aberta para indução do cresci-
em formação. mento econômico e o desenvolvimento tecnológico
É relevante destacar que a realização de Hackathon em do setor produtivo vinculados aos Cotecs/EFG;
ambientes escolares é uma realidade na Europa, no Cana- • Fomentar as ações de empreendedorismo e inovação
dá, que tem alcançado escolas particulares de São Paulo, tecnológica nos Cotecs/EFG da região Norte, Nordes-
mostrando-se ainda um desafio para as escolas de gestão te e Entorno do DF no Estado de Goiás;
pública. • Estimular a implementação e o fortalecimento de am-
Portanto, é nesse sentido que este documento foi elabo- bientes de inovação nos Cotecs/EFG;
rado e tem como finalidade nortear esse processo de im- • Despertar o público dos Cotecs/EFG para a organi-
plantação de uma cultura inovadora onde a preparação zação do ecossistema de inovação nos municípios de
para vivenciar a metodologia do Hackathon, evento que atuação dos Cotecs/EFG;
teve sua idealização em 1999 e objetivava aproximar vá- • Promover o espírito de empreendedor inovador entre
rios profissionais da Tecnologia da Informação e Comu- os alunos formados nos Cotecs/EFG;
nicação, especialistas em desenvolvimento de software e • Proporcionar que ações de inovação aberta benefi-
programação, para uma competição de inovação que visa ciem também o pequeno empresário e o pequeno
soluções tecnológicas e, apesar de se tratar de uma ati- produtor no atendimento às suas necessidades e de-
vidade de provocação, o ambiente é colaborativo e visa mandas tecnológica;
o surgimento de novas ideias. Segundo o Government • Atender aos documentos que regem o Contrato de
Technology News, o primeiro Hackathon registrado foi Gestão 03/2017 - Edital de Chamamento 05/2016 –
feito por um grupo de 10 desenvolvedores do sistema SED; Proposta Técnica Ibraceds, demandas de calen-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 117 - 126, 2021 117
RELATO DE EXPERIÊNCIA
118 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 118 - 126, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
No Brasil desde 2014 diversas empresas têm desenvol- pedagogia que “[...] resulta em aprendizagem significativa
vido Hackathons, entre elas: Deloitte, Bosch, Ambev, de conceitos e habilidades na prática através de desafios
Natura, John Deere, Saint-Gobin e Uber. A partir dos contextualizados”, sendo capaz de “[...] desenvolver nos
Hackathons, a Natura conseguiu uma nova patente com alunos a capacidade de atuar com foco na resolução de
o desenvolvimento de um sistema de personalização de problemas de maneira empreendedora.” (SEBRAE, 2021).
sabonetes. A Uber desenvolveu, em 2018, Hackathons
de mobilidade em seis capitais brasileiras, cujas solu- 2.2 CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS DO HACKA-
ções poderiam ser integradas ao aplicativo da Uber e a THON
premiação à equipe vencedora foi conhecer a sede da
Uber nos Estados Unidos. A Vix Logística realizou o Embora a ideia inicial da maratona envolva a programa-
HackaVix 18 – Logística do Futuro para soluções cus- ção como solução tecnológica proposta, muitas vezes o
tomizadas na área da logística, voltados para locação e conceito do produto é apresentado através de metodo-
gestão de cargas, traslado de pessoas, movimentação de logias de modelo de negócio acompanhado do Produto
cargas, além de logística automotiva e dedicada. Foram mínimo viável (MVP) – do inglês Minimum Viable Pro-
mobilizados 120 inscritos pela rede social LinkedIn e se- duct, o MVP é um conceito aplicado para validar a ideia
lecionados 42 participantes distribuídos em 8 times com de um produto ou serviço por meio de um protótipo
profissionais diversificados (desenvolvedores, designers simples para a solucionar o desafio inicial, desenvolvido
e business), sendo 76% do sexo masculino (ARRUDA; com pouco investimento, a ser testado por um número
LOTT, s/d). A Vix Logística tem trabalhado a inovação pequeno de clientes - e de protótipos. Claro que isso de-
por meio do Vix Labs implantado para o fomento de pende das regras do evento. No HackaVix, por exemplo,
ideias disruptivas voltadas ao comércio e à experiência a solução apresentada pelos times não precisava ser um
do cliente, em parceria com a Fundação Dom Cabral “protótipo final muito refinado”, mas sua apresentação
(ARRUDA; LOTT, s/d). deveria apresentar um conceito de produto consistente,
A Foreducation (2021), startup da área da educação – com a ideia e as funcionalidades do aplicativo, bem como
edutech – defende que o Hackathon traz consigo ima lin- a forma como resolveriam e desafio – dores apresentadas
guagem adaptada que reflete a abordagem emergente da no briefing das áreas do evento (ARRUDA; LOTT, s/d).
Este tipo de evento pode ser promovido por qualquer tipo 2.2.1 Hackathon na Educação
de empresa, pública ou privada, de qualquer setor produ-
tivo, escolas e faculdades, indústria, saúde, atendimento Muito além de favorecer às soluções inovadoras, a metodolo-
ao público etc., evidenciando os vantagens e benefícios gia do Hackathon na educação é capaz de desenvolver outras
destacados na figura 2. competências importantes na formação profissional, como:
raciocínio rápido, comunicação efetiva, busca por soluções
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 119 - 126, 2021 119
RELATO DE EXPERIÊNCIA
120 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 120 - 126, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
uma empresa terceira especialista neste tipo de evento de Considerando a novidade deste tipo de metodologia de
inovação organizacional. Sua metodologia inclui ferra- aprendizagem ativa significativa e inovadora para os Co-
mentas de inovação como: tecs/EFG, bem como a necessidade de promoção de uma
• Design Thinking – É uma metodologia usada para cultura inovadora nas unidades, e o momento de emer-
criar novas ideais que solucionem o problema ou gência em saúde pública no Estado de Goiás, decretado
desafio inicial. O método que auxilia na descoberta, pela pandemia da Covid-19 no Estado de Goiás, foi ne-
definição, desenvolvimento e entrega do conceito do cessário planejar uma dinâmica diferenciada a realização
produto; do I Hackathon.
• Plataforma de tecnologia para a gestão do Hackathon; Assim, para o desenvolvimento do I Hackathon, prouve-
• Speed dating - processo usado para que os mentores -se realizar um trabalho preliminar para apresentar a me-
possam circular entre os times de trabalho com tem- todologia da maratona e mobilizar o público dos Cotecs/
pos estipulados para que todos possam ter as mesmas EFG para o funcionamento da metodologia, divididos
oportunidades. Os mentores circulam por todos os em 5 etapas, como mostra a figura 3.
times, orientando, esclarecendo, dando ideias e dire-
cionamentos. Figura 3 - Etapas para desenvolvimento do Hackathon
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 121 - 126, 2021 121
RELATO DE EXPERIÊNCIA
122 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 122 - 126, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Figura 5 – Card de divulgação da live Alguns dos comentários e sugestões que os respondentes
deixaram: Comentários e sugestões: “Sou aluna de peda-
gogia UEG, e gostei de participar, pois acho que na área
da educação esse assunto é importante.”, “palestra bem ex-
plicativa”, “Excelente tema. Muita inovação no ramo das
tecnologias”, “Muito bom e inovador”, “Ter mais eventos
como esse”, “A live foi muito esclarecedora, gostei bastan-
te”, “Parabéns ao palestrante e mediador”, “O Hackathon
é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento edu-
cacional”, “Excelente conteúdo”, “Um assunto diferente,
mas interessante”, “Sou grata por nos proporcionar co-
nhecimentos”.
Fonte: Dos autores, 2021. Os eventos voltados para os professores e as equipes pe-
dagógicas e gestoras dos Cotecs/EFG foram worshops,
Figura 6 – Tela da transmissão no Youtube
realizados nos dias 24 e 25/05/2021, das 19h às 22h, no
formato de webinar. O tema escolhido foi Hackathon –
Uma abordagem metodológica, ministrados também
pelo Embaixador de Inovação de Goiás, Franklin Bonfim
(figura 7).
Com o propósito de oportunizar o conhecimento e a
vivência de metodologia do Hackathon, o workshop
despertou professores e equipes pedagógicas e gestoras
para uma cultura do empreendedorismo e da inovação,
entendendo o Hackathon como uma metodologia ativa
e inovadora de aprendizagem incitando sua aplicação na
Fonte: Dos autores, 2021.
educação profissional. A transmissão do webinar foi pela
Sala do Google Meet do Ibraceds (figura 8).
Participaram 59 pessoas avaliaram a live (gráfico 1), ob-
tendo 99% de satisfação geral com a live realizada. Figura 7 – Card de Divulgação do Workshop com
professores
Gráfico 1 – Satisfação dos respondentes com a live
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 123 - 126, 2021 123
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Figura 8 – Tela da transmissão no Google Meet do Entre os comentários finais inseridos no formulário de
workshop com professores avaliação da live, teve-se: “Excelente formação. Muito
produtiva. Obrigada”, “Parabéns a todos da Equipe Su-
dit.”, “Foi excelente o evento.”, “Muito produtiva a live.
Parabéns a organização.”, “Sugestão: mais dias de evento”,
“Mais formação como esta”, “Muito válido e prazeroso
os momentos de aprendizado com os colegas.”, “Gestos
como esse são de grande relevância para todos nós.”
Após a formação dos professores e equipes pedagógicas
e gestoras, foram realizados os workshops com os alunos
dos Cotecs/EFG.
Fonte: Dos autores, 2021. O evento para a formação dos alunos para participarem
de um Hackathon, levou-os a conhecer a metodologia
Além de abordar os tipos de eventos de inovação, funcio-
ativa e inovadora usada, o formato de eventos inovadores
namento, processo e benefícios, o público participou de
bem como os benefícios de um Hackathon, seja para sua
enquetes e de brainstorming em salas temáticas, recursos
formação profissional, para as empresas que apoiarem, ou
do Google Meet. Participaram dos workshops 62 pessoas
para a organização ou fortalecimento do ecossistema de
e a avaliação da webinar realizada alcançou 96% de média
inovação local.
geral de respostas “satisfeito” e “muito satisfeito”.
Foram realizados workshops nos dias 31/05 e 01/06/2021,
Também foi aferido individualmente os seguintes itens:
com o tema Hackathon – Uma exploração no universo do
a relevância do assunto, o ministrante, a divulgação, a
empreendedorismo e inovação (figura 9).
transmissão e o conhecimento adquirido (gráfico 2).
Os alunos aprenderam como funciona um Hackathon,
seus benefícios e conheceram as experiências do Embai-
Gráfico 2 – Avaliação dos respondentes do workshop
xador da Inovação de Goiás, Franklin Bonfim, como par-
ticipante, voluntário, mentor e organizador de eventos de
inovação.
124 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 124 - 126, 2021
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Os workshops contaram com a participação de cerca de Na pergunta aberta, os alunos deixaram os seguintes co-
80 pessoas e visou despertar os alunos para a cultura do mentários: “Poderia haver mais atividades desta?”, “Ter
empreendedorismo e da inovação, para a participação do mais sempre que possível”, “Muito bom”, “Parabéns aos
Hackathon como metodologia ativa de aprendizagem e organizadores”, “Muito bom, que venha outras oportuni-
como para sua formação e crescimento profissional. dades para adquirir mais conhecimento”, “Evento mara-
vilhoso, que tenham mais eventos como este”, “Foi inte-
Figura 10 – Tela de transmissão do workshop com ressante”, “Mais eventos como este, voltado para área de
alunos alimentação”.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 125 - 126, 2021 125
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Canal Tecnologia em Vídeo no Youtube. Hackathon // Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias
Tecnologia em 3 Minutos #05. Disponível em: https:// Empresas – SEBRAE. Você sabe o que é um hackathon?
www.youtube.com/watch?v=ffolPw5I32I. Acesso em: Descubra como a ferramenta pode potencializar a
Abr 2021. Vídeo. educação. Educação Empreendedora. Disponível em:
https://cer.sebrae.com.br/blog/voce-sabe-o-que-e-
Canal Sensedia. Webinar Hackathons - Benefícios e um-hackathon-descubra-como-a-ferramenta-pode-
como fazer o seu. Disponível em: https://www.youtube. potencializar-a-educacao/#:~:text=O%20hackathon%20
com/watch?v=wJsTR6LaTxA. Acesso em: Abr 2021. pode%20ser%20utilizado,ensino%20e%20
aprendizagem%20s%C3%A3o%20muitas. Acesso em:
Edital de Chamamento Público nº 05/2016. Abr 2021.
Disponível em: https://www.desenvolvimento.
go.gov.br/files/OSS/IBRACEDS/Chamamento/ WACHOWICZ, Marta Cristina. Psicologia das
EditalChamamentoPublicoassinado.pdf. Acesso em: Abr 2021. Relações Humanas. Instituto Federal do Paraná –
Educação a Distância. Rede e-Tec. Curitiba (PR), 2011.
FOREDUCATION. Disponível em: https://
foreducationedtech.com.br/. Acesso em: Mai 2021. 99 Empresas. Disponível em: https://blog.99empresas.
com. Acesso em: Mai 2021.
126 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 126 - 126, 2021
RESUMO EXPANDIDO
INTRODUÇÃO METODOLOGIA
1 Aluna do Curso Técnico em Administração do COTEC MSS. Assessora Técnica de DIT do COTEC Maria Sebastiana da Silva, Graduada em Letras
pela Universidade Estadual de Goiás e Pós-graduada em Literatura e língua Portuguesa em Contexto escolar: Plataforma lattes: http://lattes.cnpq.
br/7380593559156646. E-mail: integracaomss@ibraceds.org.br.
2 Aluno do Curso Técnico em Administração do COTEC MSS. Tutor no Cotec Maria Sebastiana da Silva, graduado em Gestão Ambiental pela Uni-
versidade Leonardo Vinci e pós-graduado em Educação e Linguagens pela Universidade Estadual de Goiás. Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.
br/7879865360351848. E-mail: wiriaranger86@gmail.com.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 127 - 128, 2021 127
RESUMO EXPANDIDO
nas organizações empresariais, quer sejam elas: serviços, todavia nada substitui uma boa conversa presencial. Sen-
estratégias de gestão, missão, metas e outros fatores que do assim, desenvolver habilidades comunicativas e capa-
sem dúvida agem como impulsionadores desses negó- citações quanto a perspicacia da linguagem é de extrema
cios. Pois a confiabilidade aumenta a lucratividade. importância para o sucesso organizacional das empresas.
A comunicação age como um fomento para a competi-
tividade, uma vez que direciona a produtividade de seus CONCLUSÃO
colaboradores. Sendo assim, é possível inferir que:
A integração do publico interno é fundamental, pois Diante das abordagens elencadas acima é importante
quando as pessoas dispõem das mesmas informa- mencionar que o trabalho alcança seus objetivos inciais,
ções e compreende que são parte integrante da vida
organizacional, que possuem valores comuns e que pois assegura que a comunicação empresarial eficaz e de
compartilham dos mesmos interesses, os resultados qualidade promove no ambiente organizacional maior
fluem. É de extrema importância que todos os funcio- solidez nas relações interpessoais.
nários saibam quais são os objetivos da organização Ainda evidencia-se que com uma comuniação envolta
sua missão e valores. Dessa forma, todos se sentem na confiabilidade e nas estratégias de gestão, gera lucra-
parte do empreendedorismo, dedicando-se mais e
contribuindo com sugestões criticas. (MATOS, 2009, tividade e visbilidade para as empesas, uma vez que os
p.101). colabradores fazem parte desse processo e se sentem im-
A integração facilita o compartilhamento de interesse e portantes para a produtividade organizacional.
ideias e influenciam os resultados positivos dessas empre- A comuncicação ainda prevê um trabalho em equipe,
sas. Caso, o colaborador entenda tanto a missão, quanto uma vez que o contato é necessário para o filtro de dados
os valores da organizam que ele pertence, de certa forma e segurança das informações.
ele se sentirá parte empreedimento. Dessa forma, a pesquisa considera a comunicação em-
De acordo com a interatividade empresarial é possível presarial uma ferramenta de sucesso empresarial dentro
gerenciar todos os setores das organizações. Uma forte e fora do ambiente de atuação.
aliada desse gerenciamento dos setores é a tecnologia e a
utlização de diversos meios de comuncação que facilitem REFERÊNCIAS
a rápida interatividade e a linguagem eficiente.
Pensando nessas tecnologias é possível citar algumas MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação
ferramentas importantes que estão sendo utilizadas no Empresarial sem complicação. 2ª edição. Barueri, SP:
mundo business, quer sejam elas: correios eletrônicos, Manole, 2009.
pois formalizam atos comunicativos; aplicativo de video-
chamada, o google meet, um novo facilitador de confe- MELO, Vanêssa Pontes Chaves de. A comunicação
rências onlines e reuniões e o chamado networking, uma interna e sua importância nas organizações.
vez que propicia a comunciação externa e interna das or- Universidade Tiradentes, 2006.
ganizações por meio de uma rede de contatos direciona-
dos as mesmas áreas de comunição.
A tecnologia auxilia a rapidez e fluidez nas comunicações,
128 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 128 - 128, 2021
TCC
RESUMO 1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho será apresentado um estudo de caso no A gestão de estoques é um assunto vital e, frequentemen-
formato de um artigo, feito numa empresa do ramo te, absorve parte substancial do orçamento operacional
agropecuário, na cidade Goiana de Cristalina, que de uma organização. Como eles não agregam valores aos
trata da evolução e as propostas de avanço na área de produtos, quanto menor o nível de estoques com que
estoques. Trazendo a luz do conhecimento a pesquisa um sistema produtivo conseguir trabalhar, mais eficiente
sobre o impacto do controle de gestão de estoque na será.
empresa “Produtec” no município de Cristalina. Em A eficiência na sua administração poderá criar a diferen-
uma empresa de produtos agrícolas a responsabilidade ça com os concorrentes, melhorando a qualidade, redu-
de se manter esse controle se torna ainda maior, pois se zindo os tempos, diminuindo os custos entre outros fato-
trata de produtos de alto valor agregado, onde quanto res, oferecendo, assim, uma vantagem competitiva para a
menores forem os erros sobre os volumes de estoque própria empresa.
maior poderá ser o ganho, além de referir-se também É fundamental que as empresas diminuam, ao mínimo, a
a um comércio de demanda sazonal. Serão apresenta- quantidade de estoques na cadeia de suprimentos, a fim
das as motivações para o desenvolvimento do tema, de obter uma racionalização nos custos de armazenagem
assim como as justificativas, cronograma, e referencial e respectiva manutenção.
teórico para o estudo. A Gestão de Estoque é utilizada tanto para negócios físi-
cos como digitais, e envolve atividades, como: a) Garan-
Palavras-chaves: Estoque. Cristalina. Controle de gestão. tir que o estoque esteja sempre atualizado e correto; b)
Reduzir perdas de produtos por roubo, deterioração ou
ABSTRACT obsolescência; c) Melhorar o fluxo de caixa da empresa
através de compras mais assertivas; d) Aumentar a sa-
In this work, a case study will be presented in the form tisfação dos clientes com vendas tendo sempre estoques
of an article, made in a company in the agricultural sec- disponíveis; e) Automatizações gerando economia com
tor, in the city of Goiana de Cristalina, which deals with funcionários e folha de pagamento; f) Preços de venda
the evolution and advancement proposals in the area of mais competitivos ao se ter uma estrutura de custos mais
stocks. Bringing the light of knowledge to the research enxuta para controlar o estoque.
on the impact of inventory management control in the Podemos dizer que o controle de estoque otimizado per-
company “Produtec” in the municipality of Cristalina. mite que o espaço seja bem aproveitado, os itens estejam
In an agricultural products company, the responsibility bem organizados no estoque – o que facilita sua identifi-
to maintain this control becomes even greater, as these cação, aumentando a produtividade – e também influen-
are high value-added products, where the smaller the er- cia diretamente na saúde financeira da empresa, uma vez
rors on stock volumes, the greater the gain can be, and it que com todas as informações disponíveis, é possível evi-
also refers to a seasonal demand trade. The motivations tar a compra em excesso de produtos (o que pode acar-
for the development of the theme will be presented, as retar em perdas), deixar de gastar capital na aquisição de
well as the justifications, schedule, and theoretical fra- itens que já estão obsoletos ou têm baixo giro e, ainda,
mework for the study. tentar obter descontos com fornecedores para a compra
de maior volume dos itens que possuem muita saída.
Keywords: Stock. Crystalline. Management control. Dessa forma, os custos são reduzidos, a produtividade
aumentada, as perdas são evitadas e o capital de giro dei-
1 Aluna do Curso Técnico em Logística pelo Colégio Tecnológico do Estado de Goiás – Genervino Evangelista da Fonseca de Cristalina – GO.
2 Professor do Curso Técnico em Logística pelo Colégio Tecnológico do Estado de Goiás – Genervino Evangelista da Fonseca de Cristalina – GO.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 129 - 138, 2021 129
TCC
xa de ser comprometido apenas com estoque, permitin- ção em vários aspectos, entre eles o controle de estoque
do que os gestores empreguem esses recursos em outras de produtos agrícolas.
áreas que necessitem ou até mesmo em outras formas de Durante a realização da pesquisa, optou-se por estudar
investimento. apenas os impactos do controle de gestão de estoque da
Diante da importância para o sucesso das empresas e da empresa. Neste estudo, o foco de estudo são os processos/
complexidade que envolve este tema, este trabalho bus- mecanismos gestão de estoques trabalhados na empresa
ca a seguinte resposta: Qual é o impacto do controle de “Produtec”, no munícipio de Cristalina, bem como anali-
gestão de estoque na empresa Produtec no município de sar sua efetividade e o impacto do controle de gestão de
Cristalina? estoque na empresa e sua efetividade nos aspectos am-
Se o controle de estoque não for adequado e bem moni- bientais, sociais e econômicos.
torado, poderá haver excesso de produtos, representando A hipótese verificada neste estudo é que a gestão de esto-
recursos financeiros parados ou falta de materiais para ques diante do que foi apresentado acima, é identificar os
atender as necessidades da organização. processos/mecanismos identificar o impacto do contro-
Os estoques são elementos cruciais no atendimento a le de gestão de estoque numa empresa no município de
demandas previstas, alimentam todo o fluxo produtivo, Cristalina - GO.
permitem racionalização nos processos de compra, ga- O objetivo deste estudo foi identificar o impacto do con-
rantem homogeneidade do processo produtivo e possibi- trole de gestão de estoque numa empresa no município
lita às organizações a prática de economia em escala em de Cristalina - GO. Este foi apoiado nos objetivos espe-
muitas tarefas. cíficos:
Por este prisma, os estoques podem ser encarados como • Descrever o conceito e tipos de estoques existentes;
fatores intimamente relacionados à competitividade das • Descrever sobre os aspectos e técnicas de gestão de
organizações e das cadeias de suprimentos (ACCIOLY et estoques;
al, 2008). • Conhecer o método de controle de estoque a empresa
De acordo com Martins e Alt (2009), os estoques são um estuda utiliza;
recurso produtivo que no final da cadeia de suprimentos • Analisar o impacto da gestão de estoque na empresa
criará valor para o consumidor final, por isso assumem estudada;
papel ainda mais importante. Todas as empresas procu- • Identificar se há pontos de melhoria a serem tratados
ram de uma forma ou de outra obter vantagem competi- na empresa estudada.
tiva em relação aos seus concorrentes, e a oportunidade
de atendê-los prontamente, no momento e na quantidade 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
desejada, o que é facilitada por meio da administração
eficaz dos estoques. 2.1 CONCEITO DE ESTOQUE
A motivação da pesquisa é ilustrada pela curiosidade
singular das integrantes em saber mais sobre a temática Os estoques são de grande importância no processo de
Estoque, tão abordada no Curso Técnico em Logística. gestão para a organização. Estoque é um termo utilizado
O estudo é focado na apresentação da metodologia de praticamente em todas as empresas e representa, de for-
estoques, buscando conhecer a importância da gestão ma geral, os produtos que estão armazenados para serem
de estoques em uma empresa de produtos agrícolas. vendidos para os clientes. Segundo Viana (2000), de uma
A empresa pesquisada fica em Cristalina - Go, e rece- forma mais simples e generalista estoque é definido como
berá o nome fictício Produtec, focando nas diretrizes uma reserva para ser utilizada em tempo oportuno.
da empresa para realizar o bom gerenciamento do seu Slack, Chambers e Johntons (2002), definem estoque
estoque. como, a acumulação armazenada de recursos materiais
Foram estudados dentre as diversas áreas da empresa, em um sistema de transformação, e também é usado para
o controle de estoques merece grande importância, descrever qualquer produto armazenado.
pois ele é estratégico em qualquer empresa. Fazendo Já para Tófoli (2008), estoque é a quantidade de bens físi-
um controle eficiente do estoque a empresa consegue cos que são mantidos em reserva à espera da venda ou da
reduzir custos, praticar melhores preços e atender o utilização na produção. Os bens em estoques podem ser
cliente com maior agilidade e qualidade. Trazendo entendidos como, matérias primas, produtos semiaca-
para o contexto municipal, claramente notamos que a bados, produtos acabados e mercadorias para venda. Os
atividade é de longe a mais importante. Observando estoques são itens que não são utilizados constantemente,
todos esses fatores concluímos que sendo uma ativida- entretanto são estocados em função de futuras necessi-
de tão importante para nossa região, merece mais aten- dades.
130 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 130 - 138, 2021
TCC
Cunha (2001 apud BITTENCOURT, 2006) afirma ainda ceber e armazenar e atender os materiais estocados de
que, para as organizações, os estoques são parte de seu acordo com as necessidades, principalmente controlar os
ativo e se encontram na eminência de ser transformados estoques em termos de quantidade e valor, fornecendo
em lucro. informações sobre a posição do estoque, para a informa-
ção ser correta é preciso manter inventários periódicos
2.2 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÂO para avaliação das quantidades de estoques dos materiais
estocados, identificando e retirando do estoque os itens
O intuito desta seção é trazer o conceito de gestão. Vamos obsoletos e danificados.
à etimologia: administrar significa planejar algo, contro- Muitas empresas buscam manter estoques mínimos para
lar e dirigir os recursos humanos, materiais e financeiros. tentarem obter vantagem competitiva no mercado. Com
Em sua concepção, o termo é mais voltado para o aspecto os baixos valores agregados aos estoques elas conseguem
técnico, com foco no processo administrativo. ter a oportunidade de investir o capital ao invés de deixá-
Segundo o francês Jules Henri Fayol, fundador da Teoria -lo ocioso em forma de estoques.
Clássica da Administração, o administrador é responsá- Entender os tipos de estoques ajuda no planejamento e
vel por conduzir a empresa, levando em consideração al- nas vendas aos clientes. Saber quando e por quanto com-
cançar os objetivos da organização. Sendo assim, a admi- prar cada produto e, por qual valor vender, poderá resul-
nistração é racional e visa atingir as metas e os propósitos tar em lucro ou prejuízo para a empresa.
da empresa.
Atividade que tem como princípio fundamental incenti- 2.4 GESTÃO DE ESTOQUES
var a participação, estimular a autonomia e a responsa-
bilidade dos funcionários. O foco é a questão gerencial, Freitas (2008) considera a gestão de estoque uma das ati-
cujo processo é voltado para o político-administrativo. vidades chave para a administração da empresa, pois ela
Ou seja, carrega componentes mais humanos, mais intui- está relacionada com a eficiência das empresas em geri-
tivos do que a administração. rem seus processos.
Vendrame (2008) define que a gestão de estoque constitui
2.3 TIPOS DE ESTOQUE uma série de ações que permitem ao administrador veri-
ficar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem lo-
Segundo Martins e Alt (2009), para efeitos contábeis os calizados em relação aos setores que deles utilizam, bem
estoques são classificados em cinco grandes categorias, já manuseados e bem controlados.
que eles fazem parte de uma parcela expressiva dos ativos Conforme Vendrame (2008) a gestão de estoque é, basi-
das empresas, camente o ato de gerir recursos ociosos possuidores de
• Estoque de materiais: São todos os itens utilizados valor econômico e destinado ao suprimento das necessi-
no processo de transformação em produtos acabados. dades futuras de material, numa organização.
São todos os materiais que a empresa comprou e ar- A gestão de estoque visa, portanto, numa primeira abor-
mazenou para utilizar no processo produtivo. dagem, manter os recursos ociosos expressos pelo inven-
• Estoque de produto em processo: Diz respeito aos tário em constante equilíbrio em relação ao nível econô-
itens que já entraram no processo produtivo, estão mico ótimo dos investimentos. Pode ser entendido ainda,
sendo transformados, ainda não estão acabados. como certa quantidade de itens mantidos em disponi-
• Estoque de produto pronto: São os produtos finais bilidade constante e renovados, permanentemente, para
da Empresa, isto é, estão prontos para venda. produzir lucros e serviços.
• Estoques em trânsito: São todos os produtos que A gestão de estoques deve considerar todos os custos
estão sendo transferidos de uma unidade fabril para incorridos de qualquer decisão ou metodologia que ve-
outra e ainda não chegaram ao seu destino final, nor- nha a ser empregada na organização. O dinamismo do
malmente são transferências na mesma empresa. mercado, sobretudo, influencia diretamente nesses meios
• Estoque em consignação: Materiais que estão em po- apresentados.
der do fornecedor até que sejam vendidos. Martins e Alt (2004) salientam que os estoques têm a
Para Dias (1998) existem princípios básicos para um con- função de reguladores do fluxo de negócios. Dessa forma,
trole de estoques, primeiramente é preciso determinar o torna-se imprescindível que a empresa tenha bem defi-
que é, e quantos produtos devemos manter no estoque. nida sua política de estoques, ou seja, os princípios pelos
Quando devemos reabastecer, isto é, a periodicidade do quais o abastecimento e a saída de produtos, sejam acaba-
reabastecimento e, assim, acionar o departamento de dos ou não, seguem.
compras para executar a aquisição de estoque. Para re- Estabelecer quanto tempo levará para se entregar
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 131 - 138, 2021 131
TCC
produtos até o cliente, definir número de depósitos entram e saem e da frequência com que isso acon-
e suas respectivas localizações, bem como os mate- tece.
riais que ficarão estocados em cada um deles. Ainda, Vendrame (2008) conceitua que o objetivo básico do con-
decidir qual será o nível de flexibilidade ao cliente, trole de estoques é evitar a falta de material sem que esta
antecipar compras visando menores custos de aqui- diligência resulte em estoques excessivos às reais necessi-
sição, entre muitos outros. Todas são políticas que a dades da empresa.
empresa pode optar na busca por maior competitivi- O controle de estoque procura manter os níveis estabe-
dade no mercado. lecidos em equilíbrio com as necessidades de demanda,
De acordo com Dias (1998), é preciso integrar e controlar consumo ou das vendas ou custos daí decorrentes. Os
quantidades e valores de todas as atividades envolvidas, níveis dos estoques estão sujeitos a velocidade da deman-
prevalecendo-se sobre a preocupação única a respeito de da. Se a constância da procura sobre o material for maior
vendas e compras. que o tempo de ressuprimento, pode ocorrer a ruptura
Aumentar a eficiência da utilização de recursos internos ou esvaziamento do estoque, com prejuízos visíveis para
equivale à economia de custos, menores desperdícios e produção, manutenção e vendas. Contrapartida, se não
maior eficiência do processo como um todo. dimensionarmos as necessidades do estoque, poderemos
Isso posto, Garcia et al (2006) destacam as principais de- chegar ao ponto de excesso de material ou ao transbor-
cisões referentes à gestão de estoques, damento de seus níveis em relação a demanda real, com
a) Quanto pedir: especificação da quantidade requerida prejuízos para circulação de capital.
com base em demandas futuras esperadas, restrições de
suprimentos, descontos existentes e custos envolvidos. 2.6 MODELOS E TÉCNICAS DE GESTÃO DE ESTO-
b) Quando pedir: momento exato de emitir uma nova QUES
ordem determinado pelo ponto de pedido, ou seja, data
através da qual o pedido atende exatamente às necessi- Diversos modelos de gestão de estoques podem ser en-
dades da empresa, que depende do lead time de ressu- contrados na literatura, como sugere Santoro (2006), di-
primento, da demanda esperada e do nível de serviço vidindo em dois grandes grupos,
desejado. a) Modelos reativos: não é necessário obter previsões so-
c) Com que frequência revisar os níveis de estoque: conti- bre a demanda para tomar as decisões de abastecimento
nuamente ou periodicamente, dependendo da tecnologia de estoques.
presente e dos custos de revisão, dentre outros fatores. b) Modelos ativos: baseiam-se fortemente em previsões
d) Onde localizar os estoques: decisões de localização se sobre a demanda futura para tomar tais decisões.
houver a possibilidade de haver centros de distribuição; Devido à simplicidade que geralmente existe em suas
depende dos custos de distribuição, restrições de serviço, operações, o modelo reativo tem sido utilizado inten-
tempo em que os clientes aceitam esperar, tempo de dis- samente. Eventualmente, os gestores elaboram estudos
tribuição, custos de estoque e custos das instalações. com hipóteses sobre o comportamento da demanda du-
e) Como controlar o sistema: utilização de indicadores de rante a determinação dos parâmetros iniciais que ope-
desempenho e monitoramento das operações para apoiar ram os modelos. O modelo atua reagindo à demanda
medidas corretivas e ações de contingência, se o sistema e à eficiência em se manter níveis de estoque e perdas
logístico estiver fora de controle. de oportunidades dependem de o quanto a demanda
se afasta de um comportamento constante estacionário
2.5 CONCEITO E OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTO- (FREIRE, 2007).
QUES Por outro lado, para o mesmo autor, os modelos ativos
necessitam de previsões de demanda feitas periodica-
A gestão de estoque pode ser entendida como o processo mente. As variações, teoricamente, podem ser previstas e
que envolve a definição do tipo de estoque a ser utilizado, os estoques abastecidos conforme estabelecida a deman-
as metodologias de organização e a realização de inven- da. A sua eficiência, portanto, depende de o quanto a pre-
tário. visão se desvia do valor real da demanda.
A intenção da gestão de estoque é evitar a falta ou o Vale ressaltar que para a eficiência da utilização de um
excesso de mercadorias, pois isso pode representar modelo de estoque determinado, é indispensável que se
prejuízos para o caixa da empresa, assim, a gestão tenha conhecimentos relacionados à demanda do produ-
de estoque tem como objetivo alcançar o equilíbrio to alvo em questão. O desconhecimento total do compor-
entre compras, armazenamento e entregas. Para tamento do mercado implica em perdas significativas que
isso, é feito o controle de todas as mercadorias que afetam toda a organização.
132 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 132 - 138, 2021
TCC
A definição dos métodos de controle de estoque é nagem. Para maior acerto nas operações, recomenda-se
fundamental no setor de distribuição e logística, pois usar um sistema de gestão empresarial – ERP – para pre-
determina aspectos operacionais e financeiros da em- visibilidade e controle do estoque.
presa.
O tipo de negócio vai influenciar qual a melhor opção 2.6.5 Curva ABC
entre os métodos de controle de estoque.
A escolha de uma estratégia acertada de acordo com o Entre os métodos usados na gestão de estoque destaca-se
ramo garante benefícios como: a Curva ABC, pela qual são considerados fatores como
• Otimização do espaço físico do estoque; giro, faturamento e lucratividade para elencar os produ-
• Otimização de custos; tos em três categorias,
• Redução de desperdícios e prejuízos; • Tipo A: 20% dos produtos e 80% do valor do estoque;
• Organização de compras; • Tipo B: 30% dos produtos e 15% do valor do estoque;
• Eficiência na gestão de produção. • Tipo C: 50% dos produtos e 5% do valor do estoque.
A seguir vamos apresentar oito métodos de gestão de es- Entre os benefícios da Curva ABC é que ela aumenta o
toques. conhecimento sobre o giro de estoque e relevância dos
produtos, podendo otimizar a operação.
2.6.1 Primeiro Que Entra, Primeiro Que Sai (PEPS)
2.6.6 Preço Específico
O método de gestão de estoque PEPS (Primeiro que En-
tra, Primeiro que sai) é um dos mais praticados e refe- Opção para controle de estoque recomendada para pro-
re-se à saída das mercadorias de acordo com a ordem dutos como carros ou maquinários. Nesse cálculo o preço
cronológica. específico da mercadoria orienta o processo de baixa dos
Essa opção ajuda na redução de desperdícios princi- produtos no estoque após a venda, considerando que o
palmente em segmentos que lidam com produtos pe- valor total do estoque consiste na soma dos custos espe-
recíveis. cíficos dos itens.
A sigla UEPS significa Último a Entrar, Primeiro a Sair e O controle por giro de estoque é calculado para identi-
é justamente o contrário do método PEPS. ficar o desempenho da empresa de distribuição em de-
Nesse caso, a gestão prioriza a saída dos itens que entra- terminado período, identificando fluxo das mercadorias.
ram por último no estoque, pois eles são mais caros do Para calculá-lo é preciso avaliar a capacidade de armaze-
que os que já estão no armazém. Esse método não atende nagem e saída dos produtos. Por exemplo, se a empresa
empresas que trabalham com perecíveis. armazena 5 mil celulares simultaneamente e vende 100
mil ao ano, o cálculo é: 20 giros anuais a cada 18 dias, em
2.6.3 Custo Médio média.
O Custo Médio, também chamado de MPM (Média Pon- 2.6.7 Ciclo PDCA
derada Móvel) também é aceito pela Receita para cálculo
dos tributos. Nesse modelo, deve-se somar o valor dos O ciclo PDCA para controle de estoque é baseado nos
produtos já em estoque e os novos produtos dividindo processos Plan (planejar), Do (fazer), Check (verificar),
pelo total de mercadorias. O resultado consiste no custo Act (agir). Ele é focado no operacional e resolução de
médio por produto e deve ser o valor usado para calcular problemas. Um exemplo de passo a passo inclui:
as tributações da empresa. • Identificar o processo que causa problema e precisa
ser otimizado;
2.6.4 Just in Time • Mapear as causas do problema;
• Traçar planos de ação para solucionar as causas do
Entre os métodos de controle de estoque que não podem problema;
ser usados diretamente com a Receita destaca-se o Just in • Colocar os planos de ação em prática;
Time, ou ‘No Tempo Certo’. Esse modelo é recomendado • Verificar se houve a resolução se o problema.
para manutenção de um estoque mínimo, sendo indica-
do para empresas que querem reduzir custos de armaze-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 133 - 138, 2021 133
TCC
134 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 134 - 138, 2021
TCC
Balneário Camboriú. Opera no setor de vendas de produ- - Quais os principais custos que os estoques acarretam?
tos agrícolas. A empresa foi estabelecida em 18 de junho Hoje o estoque acarreta custo de perca de produto, cálculo
de 2015 errado no frete, vendas erradas de produtos, produtos que
A Produtec Agronegócios e uma empresa direcionada vence dentro do armazém.
no ramo de produção agrícola sendo seu foco principal - Como é calculado o estoque mínimo e máximo que a
na cultura da soja e também contém outras culturas empresa pode ter?
agricultáveis tais como, milho doce, feijão, tomate e Hoje os estoques estão organizados nas classificações e no
sorgo. ciclo então o estoque mínimo e calculado de acordo com a
Existe uma FILIAL do tipo SOCIEDADE EMPRESÁ- carteira de pedido do cliente, aonde a quantidade mínima
RIA LIMITADA que está situada em CRISTALINA-GO, que tem q ter no estoque é a metade da carteira do cliente
sua atividade econômica principal é Cultivo de Soja. pois no nosso caso sempre trabalhamos com estoque má-
• Situação: ATIVA ximo que seria os fechamentos de todas as carteiras e uma
• Data de Abertura: 29/06/2015 pequena sobra pra poder atender em caso de emergência.
• Tipo: FILIAL - Existem dificuldades para mensurar os níveis de esto-
• Natureza Jurídica: Sociedade Empresarial Limitada que? Essa dificuldade se deve a qual fator?
• Porte da Empresa: Demais Sim o maior fator seria o clico, pois tem fábrica que não
• Quantidade de Funcionários: Indeterminada consegue atender a demanda de produtos solicitados onde
• Faturamento Presumido: Indeterminado acaba atrasando ou até mesmo prejudicando o ciclo tanto
• Estado / UF: Goiás / GO do plantio quanto da colheita.
• Município: Cristalina
• Bairro: Zona Rural 3.5 RESULTADOS
Questionamentos levantados:
- Quem define os as estratégias ou gestão nestes setores? A logística exerce a função de responder pela movimen-
Uma pessoa é responsável onde ela vai fazer o comando tação de materiais, no ambiente interno e externo da em-
de entrada e de saída desses produtos no caso de compra presa, desde a chegada da matéria-prima até à entrega do
e venda. produto final ao cliente. Suas atividades podem ser distri-
- Qual o planejamento neste setor? buídas da seguinte forma:
O planejamento e feito através de reuniões. • Atividades primárias: essenciais ao cumprimento da
- Relação com o governo Municipal e a comunidade? De- função logística, contribuem com o maior montante
sempenha algum trabalho social? do custo total da logística.
Relação com o governo é apenas o pagamento do imposto, • Transportes: refere-se aos meios utilizados para movi-
e a comunidade entra na parte que empregamos pessoas, mentar os produtos até os clientes: que podem ser via
profissionais qualificados para trabalhar nesse setor. rodoviária, ferroviária, aeroviária e marítima. O ge-
- Qual é o objetivo da sua empresa? renciamento desta atividade é de grande importância,
O objetivo é para suprir a necessidade da empresa, o custo em virtude do peso desse custo em relação ao total do
de produção, essa empresa abastece outras empresas, o ob- custo da logística.
jetivo é não deixar faltar. • Gestão de estoques: dependendo do setor em que a
- Relação com meio ambiente, sustentabilidade; empresa atua e da sazonalidade, é necessário um nível
Sempre em busca de novas técnicas para estar em prol do mínimo de estoque que aja como amortecedor entre
meio ambiente, evitando descartes de embalagem que pos- oferta e demanda. Processamento de pedidos: deter-
sa poluir o meio ambiente. mina o tempo necessário para a entrega de bens e ser-
- Existe sistemas de informações para analisar a gestão viços aos clientes.
de estoque? • Atividades secundárias: exercem a função de apoio às
Sim, hoje por temos uma quantidade imensa de produtos atividades primárias na obtenção de níveis de bens e
variados todos os estoques ou trabalha com sistema pago serviços requisitados pelos clientes, a saber,
por exemplo (temos o SIAGRI) ou sistema grátis, por exem- a) Armazenagem: envolve as questões relativas ao espa-
plo, criado dentro do Excel. ço necessário para estocagem dos produtos.
- São feitos previsões em relação ao estoque? b) Manuseio de materiais: refere-se à movimentação dos
Sim, todo sistema passa por um processo de atualização de produtos no local de armazenagem.
dados e drives isso é feito todo mês para que o sistema vem c) Embalagem de proteção: sua finalidade é proteger o
estar 100 no momento de retirar planilhas e saber saldos produto.
dos produtos. d) Programação de produtos: compreende programar,
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 135 - 138, 2021 135
TCC
quando da necessidade de produção e seus respecti- Em uma óptica de fluxos, as atividades logísticas, em seu
vos itens da lista de materiais. conjunto, percorrem toda a cadeia de abastecimentos ori-
e) Manutenção de informação: exige uma base de dados gem-destino. Assim, se por um lado, é evidente que exis-
para o planejamento e o controle da logística. tem realidades empresariais diversas, destaque-se as do
É por meio da gestão adequada das atividades primá- produtor, do distribuidor e do prestador de serviços, por
rias com as atividades de suporte que a logística em- outro lado, fica clara a necessidade de uma visão global de
presarial vai atender ao objetivo de proporcionar ao toda a cadeia de abastecimento.
cliente produtos e serviços que satisfaçam suas neces- O tratamento das atividades logísticas nas empresas pode
sidades. É pela coordenação coletiva e cuidadosa des- ser classificado em várias fases, de acordo com o grau de
sas atividades relacionadas com o fluxo de produtos e inter-relação existente entre diversos agentes da cadeia.
serviços que a empresa obtém ganhos significativos, Esse relacionamento inicia na fase em que a empresa trata
como redução dos estoques, do tempo médio de entre- os problemas logísticos somente na óptica interna, pas-
ga, da produtividade etc. sa em seguida pelos primeiros passos rumo à integração
A logística procura agrupar as diversas atividades da em- empresa-cliente, progride posteriormente em direção ao
presa relacionadas aos processos de produção e distribui- tratamento integrado empresa-fornecedor e atinge, fi-
ção de seus produtos aos clientes e consumidores finais. nalmente, a fase da logística integrada que é a tendência
Esse agrupamento permite à empresa melhor controle e atual, a procura de uma forma mais rentável e racional de
maior integração dos diferentes departamentos, que, ori- distribuição dos produtos, não somente no aspecto inter-
ginalmente, tinham visão limitada de sua área de ativi- no, como também na integração com o ambiente externo.
dade. Muitas vezes prevalecem os interesses individuais, Considerando que a importância empresarial está em es-
não importando o envolvimento que cada departamento tudar como a distribuição pode prover melhor nível de
tem sobre a distribuição dos produtos finais e consequen- rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e
te influência em toda a empresa. consumidores, existe o interesse de que os consumido-
A logística empresarial estuda como a administração res tenham bens e serviços quando e onde quiserem e na
pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços condição física que desejarem. Não podemos esquecer,
de distribuição aos clientes e consumidores, por meio de porém, que temos o problema de os consumidores não
planejamento, organização e controles efetivos às ativida- residirem próximo às localidades onde os produtos se en-
des de movimentação e armazenagem, que visam, facili- contram.
tar o fluxo de produtos. A logística é um assunto vital à A logística empresarial está composta por um número de
competitividade das empresas nos dias atuais, podendo organizações e indivíduos que se encarregam de levar os
ser um fator determinante do sucesso ou fracasso das em- produtos ou serviços ao local onde o comprador poten-
presas. cial se encontra, em tempo e momento convenientes, ao
A logística integrada irá demandar a ótima administra- menor custo possível, a esses compradores e em condi-
ção, para que as empresas se tornem mais competitivas, ções de transferir a posse. Essas vias são parte de um sis-
tenham sistemas logísticos mais eficientes e eficazes, pro- tema complexo que tem envolvimento com forças sociais
porcionando melhor padrão de vida para todos e tornan- e culturais para que possa existir troca de consumo.
do-se, dessa forma, vital para a economia e para a empre- Com a logística, as empresas passam a contar com uma
sa como uma entidade individual. ferramenta precisa para medir os reflexos de um bom
Em sua evolução histórica, a logística tem dispensado tra- planejamento na distribuição de suas mercadorias, tanto
tamento fragmentado às várias atividades de movimenta- no que se refere aos aspectos externos, consumidores e
ção de materiais e informações nas empresas. No entanto, fornecedores, quanto a seu aspecto interno, fluxo de ma-
todas essas atividades procuravam contribuir com a me- teriais e armazenamento físico de matéria-prima e pro-
lhoria dos fluxos ao longo de toda a organização, assim dutos acabados.
como melhorar os principais vínculos com fornecedores Assim, essa ferramenta permite que as empresas tenham
e clientes. a possibilidade de reduzir custos e, consequentemente,
A necessidade de compatibilizar todas as atividades para aumentar sua competitividade diante dos concorrentes,
atingir o objetivo desejado permitiu que, por si só, elas nessa nova realidade de mercado globalizado em que fa-
fossem integrando-se umas as outras. A primeira integra- tores como redução de custos são primordiais para a con-
ção parcial se originou de dois grandes subsistemas: o de tinuidade das empresas.
materiais e o de distribuição física, ficando claro que a A logística na empresa é um assunto vital, exercendo
logística significa, essencialmente, planejamento e gestão uma função de estudar as formas de como a adminis-
de fluxos – fluxos físicos e informacionais. tração pode obter cada vez mais eficácia/eficiência nos
136 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 136 - 138, 2021
TCC
seus serviços de distribuição aos clientes e consumi- suprimentos estão disponíveis a qualquer momento,
dores, levando em consideração planejamento, organi- deve-se acumular estoque para assegurar a disponibi-
zação e controles efetivos para as atividades de movi- lidade de mercadorias e minimizar os custos totais de
mentação e armazenagem que visam a facilitar o fluxo produção e distribuição.
de produtos. As vantagens encontradas na empresa são: A utilização
A logística representa um fato econômico em virtude de um software que facilita o controle das mercadorias
da distância existente tanto de recursos (fornecedores), e integração dos setores de compra, estocagem e vendas;
quanto de seus consumidores – e esse é um problema que O planejamento realizado antes da compra a ser efetua-
a logística tenta superar. Isto é, se ela conseguir diminuir da, permitindo que o Rezende trabalhe com produtos de
o intervalo entre sua produção e a demanda, fazendo com qualidade a fim de repasse para os seus clientes.
que os consumidores tenham bens e serviços quando e As desvantagens encontradas na empresa são: O soft-
onde quiserem, e na condição física que desejarem, fica ware utilizado não informa quais são os produtos que
comprovado que ambas só têm a ganhar. estão em baixa no estoque, e para isso o responsável pela
Em virtude de nosso ambiente estar em processo acele- compra deve fazer uma avaliação de cada item; e a falta
rado de constantes mudanças, em razão dos avanços da de informatização na recepção das mercadorias ao che-
tecnologia, alterações na economia e em outros fatores, a gar na loja, visto que existe uma equipe para recebe o
empresa tem de se adaptar a todo instante às novas reali- material, conferir as mercadorias e encaminha-las para
dades, colocando à prova seu desempenho e procurando o local onde serão armazenadas, porém, as informações
sempre superar uma nova ordem das coisas (nova visão precisam ir para o setor financeiro para serem lançadas
empresarial). no sistema.
Com isso, a logística gera um ambiente competitivo e so- Pode-se observar que a empresa trabalho com um es-
mente sobreviverá quem seguir as regras dos outros. toque muito grande, o que gera custos para a empresa,
porém esses estoques garantem que a mercadoria estar·
3 CONCLUSÕES sempre disponível para os clientes no momento em que
estes solicitarem e que principalmente o estoque de grãos
A administração de materiais na empresa é um conjunto tem que ser elevado devido a variação da tonalidade que
de atividades com a finalidade de assegurar o suprimento pode ocorrer na hora da fabricação.
de materiais necessários ao funcionamento da organiza- Como sugestões do trabalho, a empresa deveria colocar
ção, no tempo correto, na quantidade necessária, na qua- um sistema informatizado no setor de almoxarifado,
lidade requerida e pelo melhor preço. pois assim as informações estariam disponíveis a partir
Antes do tempo correto, ocasiona estoques altos, acima do momento em que os produtos chegam na empresa,
da necessidade da empresa. Após o tempo correto, oca- facilitando assim todo o processo, tanto para quem está
siona falta de material para o atendimento das necessida- recebendo, quanto para o setor de estoque e vendas que
des. Além da quantidade necessária, representa imobili- necessitam dessas informações. As limitasse na realiza-
zações em estoque ocioso. ção desse trabalho foram quanto as entrevistas, onde os
Sem atributos de qualidade, acarreta custos maiores e gerentes de compras e o gerente administrativo não pos-
oportunidades de lucros não realizados. Aquém da quan- suem uma agenda fechada, dificultando assim a realiza-
tidade necessária, pode levar à insuficiência de estoque. ção das entrevistas.
O grau de importância de um órgão de material está dire- O marketing e a importância da criação de um site para
tamente relacionado com o ramo de atividade da empre- fornecer informações e realizar as vendas;
sa. Porém, podemos garantir que a referida área sempre O meio de transporte utilizado e sua influência no gestor
estará presente, pois qualquer atividade requer materiais de estoque da empresa;
e serviços. Em geral, no comércio, o envolvimento com A disposição dos fornecedores e como a infraestrutura
materiais atinge de 70% a 85% do orçamento, na indústria das estradas afetam a gestor do estoque.
entre 50% a 65%, e em prestadora de serviços está entre Sugere-se que este Modelo de Gestão de Estoques seja
10% a 15%. revisado preventivamente trimestralmente, buscando
A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso fu- detectar possíveis falhas ou correções, principalmente no
turo exige investimento por parte da organização. O que tange aos dados, como demanda e lead time. Além
ideal seria a perfeita sincronização entre a oferta e a de- disso, pode-se estar atuando de forma corretiva, caso o
manda, de maneira a tornar a manutenção de estoques valor do estoque de segurança caia mais de 2/3 do valor
desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer inicial. Pode-se também revisar o modelo caso haja uma
exatamente a demanda futura e como nem sempre os entrada considerável de novos insumos.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 137 - 138, 2021 137
TCC
ACCIOLY, Felipe el al. Gestão de Estoque. FVG, 2008. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para
eficiência nos estudos. 4. ed. SP: Atlas, 1996.
AS 500 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL.
Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro. v.38, n. 9, SANTORO, M.C. Sistema de gestão de estoques de
set.1984. Edição Especial. múltiplos itens em local único. Tese (Livre Docência
em Gestão de Operações e Logística) – Escola
DIAS, G. P. P. D. De volta a gestão de estoques: Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
as técnicas estão sendo usadas pelas empresas? In:
SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON,
LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 13., Robert. Administração da produção. 2 ed. São Paulo:
1998, São Paulo. Anais: São Paulo, FGVSP, 1998. Atlas,
2002.
FREIRE, G. Estudo comparativo de modelos de
estoque com previsibilidade variável de demanda. TOFOLI, I; Administração Financeira Empresarial: Uma
Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola tratativa prática. Lins, Arte Brasil, 2008.
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
VENDRAME, F. C. Administração de Recursos
FREITAS, R. P. Controle de Estoque de Peças de Materiais e Patrimoniais, 2008.
Reposição: Revisão da Literatura e um Estudo de Caso.
Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade VIANA, F. Logística Atual. Ceará, setembro, 2000.
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Disponível em: http://www.iesc.com.br/. Acesso em:
Industrial, Rio de Janeiro, 2008. nov. 2020.
138 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 138 - 138, 2021
TCC
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 139 - 149, 2021 139
TCC
cá-las de forma segura e adequada no mercado nova- analisar sua efetividade nos aspectos ambientais, sociais
mente. Esse processo é extremamente importante para e econômicos.
se evitar o descarte irregular de embalagens toxicas no A hipótese que foi verificada neste estudo é que a logística
meio ambiente, impedindo danos causados pelo des- reversa diante do que foi apresentado acima, é identificar
carte inadequado dessas embalagens. os processos/mecanismos de logística reversa das emba-
Na agricultura, a utilização de defensivos é de grande lagens de agrotóxicos utilizadas na empresa “X”, no mu-
importância para a extinção de pragas e doenças que nícipio de Cristalina, bem como analisar sua efetividade
possam impossibilitar o desenvolvimento e a produção nos aspectos ambientais, sociais e econômicos.
nas plantações dos produtores rurais. Mas apesar de Assim, o objetivo deste estudo foi identificar os mecanis-
beneficiar em eficiência, os agrotóxicos podem trazer mos de logística reversa das embalagens de agrotóxicos
também consequências severamente negativas para os utilizadas pelas lavouras do munícipio de Cristalina, bem
demais seres vivos do ecossistema. Isto porque com o como analisar sua efetividade nos aspectos ambientais,
uso de substâncias extremamente tóxicas pode levar a sociais e econômicos. Estes foram apoiados nos seguintes
contaminação do solo, da água e do ar. Portanto, diante objetivos específicos:
de tais complicações causadas pela utilização de quí- • Descrever o contexto histórico e a evolução do con-
micos agrícolas, é imprescindível ter métodos de desti- ceito da Logística Reversa,
nação e descarte adequados. Sendo aplicado com bas- • Conhecer os fatores que influenciam a adoção da Lo-
tante prudência, reduzindo assim o impacto ao meio gística Reversa,
ambiente. • Identificar e descrever os Canais de Distribuição Re-
O estudo, apresentado em formato de artigo, é focado na versos - CDR das embalagens de agrotóxicos,
apresentação da metodologia de logística reversa utiliza- • Estudar a legislação nacional de logística reversa de
da na empresa X em Cristalina, focando nas diretrizes da embalagens de agrotóxicos,
empresa para realizar o descarte de resíduos industriais e • Identificar os processos de logística reversa das emba-
no fator predominante para realizar o envio das embala- lagens de agrotóxicos no munícipio de Cristalina,
gens retornáveis. Pelo fato do assunto de logística reversa • Analisar os impactos ambientais, sociais e econômi-
ser, ainda, pouco difundido no meio acadêmico, mas por cos da logística reversa de embalagens de agrotóxicos
ser muito importante na realidade das empresas atual- em Cristalina.
mente, resolveu-se desenvolver o tema.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 ESCOPO DO TRABALHO
2.1 LOGÍSTICA REVERSA
O trabalho foi desenvolvido no setor agropecuário em
uma empresa não denominada, identificada neste tra- 2.1.1 Evolução do conceito de Logística Reversa
balho como empresa “X”, situada no município de Cris-
talina, abordando o processo de Logística Reversa para A definição da logística, segundo a Associação Brasileira
resíduos e embalagens. Serão estudados os motivos pelos de Logística, é expressa como: “O processo de planeja-
quais a empresa faz a Logística Reversa, os ganhos e as mento, implementação e controle do fluxo e armaze-
dificuldades do processo, e abordado, também, como é a nagem eficientes e de baixo custo de matérias primas,
logística interna dos itens estudados. Serão descritos os estoque em processo, produto acabado e informações re-
fluxos completos, mostrando os caminhos que resíduos lacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de con-
e embalagens percorrem até seu destino final. Os proces- sumo, com o objetivo de atender aos requisitos do clien-
sos/mecanismos de logística reversa das embalagens de te”. A logística reversa se trata do mesmo processo, porém
agrotóxicos utilizadas na empresa “X”, no munícipio de procedendo-se de maneira inversa.
Cristalina, bem como analisar sua efetividade nos aspec- Leite (2003) salienta que o desenvolvimento e competiti-
tos ambientais, sociais e econômicos. vidade do mercado globalizado fizeram surgir uma maior
Durante o trabalho, optou-se por estudar apenas os resí- quantidade e variedade de produtos com preços reduzidos,
duos que mais impactam nos custos da empresa e que são obsolescência acelerada e, desta forma, com ciclo de vida
gerados em maior quantidade, para facilitar a análise da menor. Isso aliado a fatores como modismo, status e o avan-
logística reversa na empresa. Neste estudo, o foco de estu- ço tecnológico, fez crescer consideravelmente o número de
do da logística reversa será os processos/mecanismos de produtos descartados, aumentando as áreas destinadas a li-
logística reversa das embalagens de agrotóxicos utilizadas xões e aterros sanitários e um consequente questionamentos
na empresa “X”, no munícipio de Cristalina, bem como da população sobre os problemas deles decorrentes.
140 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 140 - 149, 2021
TCC
Os autores Rogers e Tibben-Lembke (1999) expli- futuramente será o produto. Na fase seguinte é quando
cam a Logística Reversa (LR) como o processo de são retiradas as ideias do papel e são postas em prática,
planejamento, implementação e controle do fluxo da iniciando o plano de vendas e a estratégia de marketing,
matéria-prima desde o ponto de consumo até o pon- fazendo a introdução ao mercado. Já na terceira etapa, a
to de origem, tendo como objetivo a recuperação do de crescimento, é anteposta a participação no chamado
valor e o descarte correto para a coleta e tratamento “market share” a qual denota o resultado do marketing e
do lixo. da qualidade do produto em relação ao feedback dos con-
A LR é uma área relativamente nova para as empresas e sumidores.
sociedades no Brasil e no mundo. Segundo Leite (2003), A quarta etapa é a de maturidade, é quando as vendas
o aumento do interesse nesse ramo se deu pela crescente se tornam mais estáveis após a conquista do ápice de sua
preocupação com o meio ambiente e acima disso, com a rentabilidade. A quinta e última etapa do ciclo de vida
preocupação de atender aos desejos dos clientes e reduzir do produto é o declínio, o número de vendas e lucros cai
custos. Com relação ao meio ambiente, através das legis- drasticamente fazendo com que seja necessário se ade-
lações ambientais, as empresas têm obrigação em fazer quar-se novamente ao mercado atual com um novo pla-
estudos de descarte de materiais para não haver degrada- nejamento de comércio, voltando assim para a primeira
ção do mesmo. etapa.
Diante disso, elaboram políticas e programas para des- O ciclo de vida prevê um descarte apropriado após o con-
cartes do lixo industrial e administrativo, e um dos sumo. Visa minimizar o volume e reduzir impactos que
meios para isso é através da logística reversa. Já para podem ser prejudiciais aos seres vivos e ao meio ambien-
atender aos anseios dos clientes e à legislação de defesa te. Ou seja, é um processo complexo que não deve ser
do consumidor, a LR é aplicada quando há problemas tratado de forma simples.
no produto vendido e a empresa deve estudar a me- Ao ver essa perspectiva percebe-se que a prática gira em
lhor maneira de recolhê-lo, independentemente de ser torno de melhorar as práticas socioambientais para uma
problema com relação à garantia, avaria no transporte, produção e consumo consciente.
ou prazo de validade expirado. Ao ter um programa
para isso, as empresas ganham mais credibilidade na 2.1.3 Canais de distribuição reverso – CDR
visão dos clientes, podendo ter um retorno com o au-
mento das vendas dos produtos e podem, também, ga- Constitui-se de todas as etapas necessárias para que haja
nhar destaque no mercado. Segundo Andrade, Ferreira retorno, podendo ser produtos com defeitos de fabrica-
e Santos (2009), os principais fatores que motivam as ção, vencidos, ciclo de vida encerrado e reaproveitamento
empresas a implementar a LR são: legislação, razões de embalagens ao ciclo de produção da empresa. Para que
competitivas, melhoria da imagem coorporativa, reva- ocorra esta distribuição reversa, há canais específicos que
lorização econômica, renovação de estoques, ganhos direcionam aos determinados objetivos.
econômicos, responsabilidade socioambiental, recupe- O canal de distribuição reverso de pós-consumo tra-
ração de ativos e/ou de valor, e prestação de serviços ta-se de do retorno de produtos já consumidos ou
diferenciados. vencidos ao seu local de origem de fabricação. É um
De acordo com Lacerda (2002), a compressão crescente dos sistemas mais empregados pela maioria das em-
nas margens de rentabilidade acarretada pela internacio- presas, tendo em vista que anteferi o reaproveitamento
nalização da economia, leva muitas empresas a buscarem das embalagens, garantindo assim o descarte correto.
oportunidades em focos não explorados por meio de Como exemplo há a coleta de pneus para a reutilização
operações inovadoras e mais competitivas. na produção de asfalto.
Quando um produto se torna insatisfatório para o consu-
2.1.2 O Ciclo de vida do produto e a Logística Reversa midor final, devido a diversos fatores decorrentes de má
qualidade ou somente a desistência de compra, emprega-
O ciclo de vida do produto vai do desenvolvimento à saí- -se a logística reversa de pós-compra: o produto é read-
da do mercado, ao lançamento e crescimento com o pú- quirido pela empresa e encaminhado a um determinado
blico, tendo este processo o devido acompanhamento. O novo destino.
economista alemão Theodore Levitt foi quem propôs este Para evitar o descarte inapropriado e o desperdício de
modelo de ferramenta administrativa, caracterizando-se produtos, diversas empresas passaram a utilizar da logís-
por cinco diferentes etapas. tica de reuso, que consiste na venda industrial de mate-
Primeiramente ocorre o desenvolvimento, nesta etapa riais residuais em leilões.
são recolhidas as ideias e é dado início ao projeto do que
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 141 - 149, 2021 141
TCC
142 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 142 - 149, 2021
TCC
Para Butter (2003), a relação da logística reversa com o ciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às
meio ambiente tem importância porque as constantes mo- responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
vimentações de materiais residuais, provenientes dos pro- instrumentos econômicos aplicáveis (ALMEIDA, 2012;
cessos de fabricação e das devoluções de produtos, pode- PEREIRA et al., 2012).
rão causar de alguma forma acidentes ambientais. Então, IMPACTOS DA LEI FEDERAL Nº 12305/2010: PNRS –
um sistema de gestão ambiental quando implantado, for- POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA
nece ferramentas e procedimentos que serão facilitadores, AS EMPRESAS a lei que estabelece a Política Nacional de
na condução da logística reversa dos resíduos sólidos. Resíduos Sólidos trata das diretrizes gerais quanto ao re-
Para Donaire (1999), a questão ambiental nas empresas torno de resíduos sólidos de alguns produtos. Segundo o
envolve: produtos obtidos de matéria-prima renováveis ou inciso XII do artigo 3º da Lei nº 12305/2010 conceitua
recicláveis, que não agridam o meio ambiente e com baixo a logística reversa como[...] instrumento de desenvolvi-
consumo de energia no processo; processos com poluição mento econômico e social caracterizado por um con-
controlada, mínima geração de resíduos, nenhum risco junto de ações, procedimentos e meios destinados a
para os trabalhadores, baixo consumo de energia e eficiên- viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
cia na utilização dos recursos; conscientização ambiental, setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo
com objetivo de ser mais competitivo; padrões ambientais, ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
para gerar novas oportunidades; comprometimento ge- final ambientalmente adequada.
rencial; capacitação do pessoal, treinamento em todos os O artigo 30 da Lei 12305/2010 informa que[...] a respon-
níveis; capacidade da área de pesquisa e desenvolvimento sabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produ-
desenvolver produtos ecologicamente corretos; e disponi- tos, a ser implementada de forma individualizada e
bilidade para investimentos em novas tecnologias. encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, os consumidores e os ti-
3.2 A POLÍTICA NACIONAL DE AGROTÓXICOS E A tulares dos serviços públicos de limpeza urbana de ma-
DESTINAÇÃO DAS EMBALAGENS VAZIAS nejo de resíduos sólidos. De acordo com o artigo 33 da
Lei 12305/2010 são obrigados a estruturar e implementar
Segundo Butter (2003), os resíduos sólidos industriais são sistemas de logística reversa, mediante retorno dos pro-
considerados especiais e classificados em dois grupos em dutos após o uso pelo consumidor, de forma independen-
função de suas particularidades de acordo com a NBR te do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos
10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribui-
ABNT, que segue o critério dos riscos potenciais ao meio dores e comerciantes de:
ambiente: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como
• Resíduos Perigosos - Classe I: são os resíduos sólidos outros produtos cuja embalagem, após o uso, consti-
ou mistura de resíduos que, em função de suas carac- tua resíduo perigoso, observadas as regras de geren-
terísticas de inflamabilidade, corrosividade, reativi- ciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou
dade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do
risco à saúde pública e/ou apresentar efeitos adversos Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;
ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos II - pilhas e baterias;
de forma inadequada. Como exemplo tem-se resí- III - pneus;
duos industriais, pilhas e baterias. IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
• Resíduos Não Perigosos - Classe II: o A (Não Iner- V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio
tes): Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos e de luz mista;
que não se enquadram na Classe I – perigosos ou na VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Classe II B – inertes. Estes resíduos podem ter pro- § 1º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos
priedades tais como: combustibilidade, biodegradabi- setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder
lidade ou solubilidade em água. São basicamente os público e o setor empresarial, os sistemas previstos no
resíduos com as características do lixo doméstico. caput serão estendidos a produtos comercializados em
Quanto à ordem legislativa, as empresas necessitam embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
obedecer à legislação vigente e para isso, foi sancionada demais produtos e embalagens, considerando, priori-
em agosto de 2010 a Lei Federal nº 12305/2010 – Políti- tariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde públi-
ca Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) a qual dispõe ca e ao meio ambiente dos resíduos gerados. As medidas
sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como necessárias para a implementação e operacionalização
sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao geren- do sistema de logística reversa, segundo o § 3º podem ser:
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 143 - 149, 2021 143
TCC
I -implantar procedimentos de compra de produtos ou lho foi alcançado e identificando os próximos pontos a
embalagens usados; II -disponibilizar postos de entrega de serem abordados numa pesquisa futura.
resíduos reutilizáveis e recicláveis; III -atuar em parceria
com cooperativas ou outras formas de associação de ca- 3.3 CRONOGRAMA
tadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, nos casos de
que trata o § 1o. Com a adoção dessas dentre outras me- Para o desenvolvimento do trabalho, seguiu-se o crono-
didas, as empresas podem reduzir seus custos, cumprir grama proposto abaixo, onde constam as seguintes eta-
com a legislação, beneficiar o meio ambiente, melhorando pas:
sua imagem e agregando valor ao seu produto. • Etapa 1 – Escolha do tema: O tema foi escolhido de-
mocraticamente em grupo, no que diz respeito à área
3 MATERIAL E METODOS objeto de estudo, e a oportunidade de estudá-la numa
grande empresa do setor agropecuário.
3.1 DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA • Etapa 2 - Revisão bibliográfica: A partir do tema es-
colhido iniciou-se a buscar por referências válidas, ou
Como metodologia adotada no trabalho, pode-se afirmar seja, reconhecidas pelo Colégio Tecnológico do Esta-
que este é de natureza básica, já que o sistema de Logística do de Goiás. Como referências a acadêmica buscou
Reversa já está aplicado e aqui só será descrito o processo artigos, teses e livros publicados sobre o assunto.
adotado pela empresa X, e por esse mesmo motivo, este • Etapa 3 - Coleta de Dados: Nesta etapa há a coleta dos
trabalho tem um objetivo descritivo. A abordagem do dados in loco, o desenvolvimento prévio do texto e
tema é feita de maneira qualitativa e com método do tipo validação do profissional orientador do estudo.
estudo de caso por envolver o estudo da logística reversa • Etapa 4 - Análise dos dados: Envolve a análise das in-
em uma empresa do agronegócio no Município de Cris- formações obtidas anteriormente de modo a possibi-
talina Goiás, de modo amplo e detalhado. litar resultados a serem incorporados ao trabalho.
• Etapa 5 - Elaboração do Projeto Interdisciplinar: Ela-
3.2 ESTRUTURA DO TRABALHO boração do relatório contendo todas as atividades de-
senvolvidas, como descritas acima. Está é uma etapa
O trabalho está organizado em cinco capítulos, conforme que ocorre em paralelo às demais a fim de evitar a
descrito abaixo. No primeiro capítulo, introdução, o tema perda de informações durante o desenvolvimento do
de pesquisa é apresentado, assim como a justificativa para trabalho.
sua escolha.
O segundo capítulo traz os objetivos, as contribuições do 3.4 ÁREA DE ESTUDO
estudo e a metodologia utilizada.
No capítulo três, contempla a revisão de literatura, que A Empresa X de Cristalina é uma empresa que tem como
engloba os aspectos relacionados à Logística Reversa foco a comercialização de agrotóxicos promovendo a prá-
(LR). Apresentam-se os diversos conceitos de LR, o seu tica de uma agricultura sustentável e de vanguarda, le-
papel, atividades e importância, razões para o retorno de vando a tecnologia ao homem do campo, desenvolvendo
produtos, fatores motivadores, formas de gestão para os pessoas, comercializando produtos de elevada qualidade
fluxos reversos, citando a recuperação de valor dos pro- e prestando o melhor serviço agronômico.
dutos, o ciclo de vida, relação do tema com as questões Dentre as modalidades de serviços ofertadas pela empre-
ambientais, abordagem do tema com relação a embala- sa, há a entrega de produtos por meio de uma transporta-
gens retornáveis, e com relação ao descarte de resíduos. dora exclusiva e a venda em massa de produtos.
No capítulo quatro serão descritas as delimitações do No quadro de profissionais encarregados dentro de cada
método, onde serão abordados os pontos que não foram departamento há: no setor financeiro dois funcionários;
discutidos no trabalho, os resultados alcançados com o no setor de vendas quatro funcionários; no setor de en-
estudo e as propostas de melhorias, cronograma. Assim tregas dois funcionários; no setor de estoque um funcio-
como será apresentada a descrição das características da nário; no setor de gerência um funcionário.
empresa em análise, seguido do protocolo de pesquisa, O funcionamento de turnos da empresa se estende a cinco
onde será justificado em termos da metodologia de pes- dias por semana durante o horário da manhã e da tarde.
quisa selecionada, objetivando garantir os aspectos de va- Nas instalações da empresa há: um hall de entrada e re-
lidade e fidedignidade do trabalho. cepção; um galpão de almoxarifado; três banheiros; uma
No último capítulo constarão as conclusões mais impor- sala administrativa; um refeitório.
tantes deste trabalho, observando se o objetivo do traba- Durante a rotina diária de turnos da empresa há a entrada
144 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 144 - 149, 2021
TCC
dos funcionários no início da manhã às 08:00 até o horá- Após a lavagem as embalagens devem ser inutilizadas, sen-
rio de saída às 18h00, com uma pausa para o almoço de do danificadas para que não sejam usadas como recipiente
12h00 até 13h00. novamente. Para isso, cortes e furos deveram ser feitos no
O gerente é responsável pela gestão administrativa dos fundo da embalagem, certificando-se de que não terá mais
demais setores. utilidade.
Para entregar um serviço de qualidade, a empresa se dis- Com as embalagens limpas e inutilizadas, ocorre o processo
põe de recursos tecnológicos de ponta no em seus demais de recolhimento sendo levadas até um local de recebimento
setores, além de dois veículos transportadores particulares. ou na própria loja, respeitando a exigência de até um ano.
A empresa possui como premissa Entrega de serviços de As embalagens passam por um novo tratamento e encami-
qualidade visando a satisfação do cliente desde o atendi- nhadas em blocos compactados e prensados para as indús-
mento no setor de venda até a entrega do produto. trias recicladoras.
A empresa se consolidou como uma empresa conceitua- • Como deve ser o armazém para guarda das embala-
da e respeitada na região, nunca se limitando a revender gens vazias de defensivos agrícolas?
os produtos, sempre capacitando seus colaboradores, Para o armazenamento correto das embalagens, não se
respeitando o meio ambiente, integrada a comunidade e deve armazenar juntamente a alimentos ou rações. A cer-
oferecendo soluções tecnológicas inovadoras visando um tificação da lavagem e inutilização das embalagens é de
futuro promissor e sustentável. extrema importância, pois só assim poderão ser adequa-
A gestão é trabalhada da seguinte forma: Após a utiliza- damente armazenadas. Sendo assim, as embalagens lava-
ção dos produtos agrotóxicos é feito o recolhimento dos das devem estar separadas das embalagens não lavadas.
galões vazios devendo lavá-los corretamente quando en- O uso da caixa de papelão original dá melhor condição de
caminhados de volta a empresa. Os galões serão recebi- armazenamento e, posteriormente, as embalagens lavadas
dos e, posteriormente, reciclados, podendo ser reutiliza- podem ser guardadas em uma caixa à parte ou na própria
dos na forma de um novo galão de plástico. Caso não seja caixa de papelão;
possível sua reciclagem, o galão será incinerado da forma As embalagens deverão ser armazenadas com tampas e
mais sustentável. rótulos originais, preferindo a conservação da caixa de
A empresa possui a visão “Ser conhecido no mercado papelão original (caixa de embarque) para o seu arma-
como uma sociedade ética, sólida, rentável, sustentável e zenamento.
importante para o aumento dos resultados das ativida- A análise do ciclo de vida dos produtos contém sete fases
des de seus clientes, mantendo o grau máximo de eficácia que interagem com o ambiente: entrada de matéria-pri-
conferido pelos seus fornecedores”. ma; processamento; processo de produção; processo de
Questionamentos levantados: embalagem; processo de transporte e distribuição; recu-
• O que é feito com as embalagens de agrotóxicos? peração dos resíduos e produtos secundários; e adminis-
As embalagens após serem limpas e descartadas são reco- tração de resíduos (KINLAW, 1997). Porém, segundo La-
lhidas sem conteúdo e encaminhadas de volta a empresa cerda (2009), um produto não tem o fim do seu ciclo de
para o processamento correto. vida quando é entregue ao cliente, pois eles podem voltar
• O que é feito com as embalagens de agrotóxicos cole- à sua origem devido a descarte, reparos ou reaproveita-
tadas pelas empresas especializadas na área? mentos, o que influencia diretamente nos custos.
As embalagens vazias são recebidas e, posteriormente, re-
cicladas, podendo ser reutilizados na forma de um novo 3.5 RESULTADOS
galão de plástico.
• Em que situações podem ser usadas embalagens vazias? A logística reversa tem se tornado cada vez mais importante
Após os seus recolhimentos, caso não seja possível recicla- no mercado competitivo, e, devido a isso, conceitos novos
gem, o galão será incinerado da forma mais sustentável surgem com objetivo de defini-la. A seguir, serão abordados
para garantir que a não contaminação do meio ambiente. alguns conceitos mais relevantes encontrados nas literaturas
• Como deve ser a lavagem e descarte das embalagens? pesquisadas. Para Rogers e Tibben-Lembke (1999) a logísti-
Primeiramente é necessário que se lave bem as embala- ca reversa é o processo de planejamento, implementação e
gens, esvaziando-as completamente no tanque do pulveri- controle de fluxos de matérias-primas, de produtos em pro-
zador. Em seguida, deve-se adicionar água limpa em até cesso e acabados e de informações, desde o consumidor final
um quarto do volume do frasco, tampando e agitando por até o fornecedor, com o objetivo de recuperar valor ou fazer
30 segundos. Esta água também deve ser jogada no tanque uma apropriada disposição ambiental.
do pulverizador. Este procedimento deverá se repetir três Leite (2003) amplia o conceito de logística reversa e a
vezes. Este procedimento é chamado de tríplice lavagem. define como a área da logística empresarial que plane-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 145 - 149, 2021 145
TCC
ja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas por não ter que dispor de uma nova embalagem a cada
correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e carregamento de peças; outro resultado positivo é o retor-
de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo pro- no financeiro obtido com a venda de resíduos recicláveis,
dutivo, por meio dos canais de distribuição reversos, como é o caso do papel e papelão, plásticos e madeira,
agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômi- que são separados internamente na empresa e, posterior-
co, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, mente, enviados às empresas de reciclagem.
entre outras. Outro aspecto verificado é que com a logística reversa,
Adlmaier e Sellitto (2007) complementam a definição de há preocupação em reduzir a geração de resíduos e com
Leite (2003), conceituando LR como: área da logística isso diminuir os custos logísticos; outro benefício que a
empresarial que visa gerenciar, de modo integrado, to- empresa tem ao realizar essa política é o reconhecimento
dos os aspectos logísticos do retorno dos bens ao ciclo da adoção de boas práticas ambientais e logísticas.
produtivo, por meio de canais de distribuição reversos de A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento
pós-venda e de pós-consumo, agregando-lhes valor eco- econômico e social que consiste num conjunto de ações,
nômico e ambiental (...) pela sua reintegração a um ponto procedimentos e métodos utilizados para viabilizar a coleta
do ciclo produtivo de origem, ou a outro ciclo produtivo, e restituição de resíduos sólidos do setor empresarial. Este
sob a forma de insumo ou matéria-prima. instrumento visa o reaproveitamento dos resíduos para a
Os resultados da pesquisa na empresa X em Cristalina própria empresa ou para qualquer outro ciclo produtivo que
mostra que os resíduos que saem da empresa não voltam tenha uma destinação final adequada do material coletado.
ao ciclo de produção. As empresas passam a ser respon- Este sistema foi proposto de acordo com a Política Nacio-
sáveis pela destinação final adequada de seus produtos e/ nal de Resíduos Sólidos, estabelecida pela Lei nº 12.305
ou embalagens, quando fazem a LR, proporcionando a de 2 de agosto de 2010 e sua implantação, que passou a
diminuição dos riscos associados ao descarte inadequado vigorar a partir de 2014. É mais um mecanismo para o
de produtos e embalagens de agrotóxicos. desenvolvimento sustentável do planeta, uma vez que ele
Os resíduos são armazenados em embalagens específicas possibilita a reutilização e a redução no consumo de ma-
de acordo com sua classe, atendendo à legislação vigente. térias-primas.
De acordo com a norma NBR 12235 / 1992, a armazena- Entre os conceitos que este sistema introduz, o mais im-
gem deve ser feita de modo a não alterar a quantidade / portante é a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
qualidade do resíduo. vida dos produtos, uma vez que a atribuição de limpeza e
A armazenagem dos resíduos não perigosos é feita em de manejo urbano dos resíduos sólidos será feita de ma-
coletores de diferentes cores, conforme descrito abaixo: neira individual e de responsabilidade de todas as partes
o Lixo comum - coletor preto. envolvidas, sejam consumidores, empresários, fabrican-
o Papel e papelão - coletor azul; tes ou comerciantes.
o Plástico – coletor vermelho; A logística reversa tem sido considerada um mecanis-
o Vidro - coletor verde; mo ecologicamente correto, que evita a degradação
o Metais - coletor amarelo; ambiental e o excesso de resíduos na natureza. Por
o Toner, cartucho, pilhas e baterias – coletor especial; meio dela, os materiais, pós-venda ou pós-consumo,
o Toalhas industriais para limpeza – coletor cinza. voltam para o ciclo de negócios ou ciclo produtivo. Di-
o Embalagens de agrotóxicos – coletor especial. fere-se do meio tradicional, no qual o produto sai do
A motivação principal para implantar a logística reversa, fabricante e termina seu ciclo no consumidor. No pro-
no caso dos resíduos, advém da necessidade em atender à cesso reverso, a mercadoria, pós-uso, volta ao produ-
legislação. Isso é explicado pelo fato de que mesmo antes tor. Isso se dá por meio de pontos de coleta, nos quais
da abertura da empresa ela ter que ser licenciada para po- os consumidores depositam os resíduos, depois de uti-
der entrar em atividade. lizarem os produtos.
A logística reversa é uma solução eficiente para os proble-
4 CONCLUSÕES mas de acúmulo de resíduos no Brasil. Embora ainda te-
nha muitos desafios a serem superados, para as empresas
A implantação da Logística Reversa na empresa traz que geram resíduos, os fluxos reversos não só significam
como resultados, uma possível redução de custos de pro- ganhos econômicos. As organizações que adotam a logís-
dutos, em se tratando de embalagens, pois gasta-se me- tica reversam também evitam os passivos ambientais.
nos com embalagens retornáveis, do que com embalagens Uma das grandes vantagens da logística reversa é que
descartáveis, uma vez que aquelas são mais resistentes, o ela possibilita a reciclagem dos materiais, diminuindo os
que ajuda evitar avarias nos produtos, e principalmente, custos com a compra de nova matéria-prima. Além disso,
146 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 146 - 149, 2021
TCC
diminui o acúmulo de resíduos e a degradação ambiental, problemas como a geração de gases tóxicos. Além disso,
dando vida nova às sobras, que podem ser reinseridas no poupa a exploração de matérias-primas naturais e o des-
ciclo produtivo. carte negligente das sobras no meio ambiente, o que pode
Para a imagem da empresa também é muito benéfico ade- contaminar solos e rios.
rir à logística reversa. Sinaliza que é um compromisso da O desenfreado aumento consumista traz uma grande ge-
organização fabricar produtos com responsabilidade am- ração de resíduos sólidos urbanos e, na maioria das ve-
biental. Isso faz com que consumidores deem preferência zes o gerenciamento desse lixo não é realizado de forma
a essa empresa, pois o público está cada vez mais vigilante correta. O grande desperdício de produtos passíveis de
quanto às organizações que atuam de forma consciente reutilização, reaproveitamento ou reciclagem é comum e
em relação ao meio ambiente. muitos deles vão parar em aterros e lixões ou, pior, na
O objetivo principal da logística reversa é que os fabri- natureza. Essa é a importância de políticas públicas e em-
cantes de produtos que geram resíduos criem condições presariais de logística reversa.
de receber essas sobras após a mercadoria ser usada pelo Tendo em vista um cenário agrícola abastado em di-
consumidor final. versidade e de proporções consideráveis, em específi-
Para o sucesso do fluxo reverso deve haver o envolvimen- co no município de Cristalina/Goiás, é notório que a
to de vários agentes. O governo deve investir em educa- aplicação da logística reversa torna-se de grande im-
ção ambiental, estimulando a devolução dos resíduos dos portância para com o meio ambiente local e para as
produtos. O consumidor deve se empenhar em depositar demais empresas que utilizam defensivos agrícolas em
os resíduos dos produtos que são inutilizáveis. Os fabri- larga escala. Isto sendo apresentado, por conseguinte,
cantes ou comerciantes devem instalar postos de coleta considerando o processo de reaproveitamento aplicado
para a devolução dessas sobras e as empresas precisam por eles.
recolher esses materiais, dando a eles um destino correto. O descarte inadequado das embalagens além de agravar
Ao receber essas sobras, um ponto importante é o geren- o meio ambiente, que já é muito preocupante, contribui
ciamento responsável delas pelo fabricante. É fundamen- com outros fatores de riscos como a Dengue, pois ao
tal investir em soluções de reciclagem, pois o resíduo que menor acúmulo de água os mosquitos se multiplicam de
chega de volta pode se tornar matéria-prima da fábrica, forma acelerada colocando em perigo centenas de vidas
sendo reinserido em seu processo produtivo. e o acúmulo de lixo possibilita um perfeito habitat para
Ao adotar a reciclagem depois de receber os resíduos, a bichos peçonhentos, contaminação de solo e de água, po-
organização evita desperdícios diminuem a poluição e luição atmosférica entre outras desastres.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 147 - 149, 2021 147
TCC
______. NBR 12235: Armazenamento de resíduos GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de
sólidos perigosos. Rio de Janeiro, 1992. pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991.
______. NBR 14001: Sistemas de gestão ambiental – LAKATOS, Eva e Marconi, Marina. Metodologia do
requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004. Trabalho Científico. SP: Atlas, 1992.
148 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 148 - 149, 2021
TCC
KINLAW, D. C.. Empresa Competitiva e Ecológica: LEITE, P.R. Logística reversa: nova área da logística
desempenho sustentado na era ambiental. São Paulo: empresarial. Revista Tecnologística. São Paulo, 2002.
Makron Books, 1997.
LEITE, P.R. Logistica reversa: meio ambiente e
LACERDA, L. Logística reversa, uma visão sobre os competividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
conceitos básicos e as práticas operacionais. Centro de
Estudos em Logística – COPPEAD – UFRJ – 2002. LEITE, P. R.; BRITO, E. P. Z. Logística Reversa
Disponível em: <http://www.ilos. de produtos não consumidos: Uma descrição das
com.br/site/index.php?option=com_ práticas das empresas atuando no Brasil. In: Simpósio
content&task=view&id=763&Itemid=74>. Acesso em: de administração da produção. logística e operações
20/01/2021 internacionais,
6., 2003. Anais... São Paulo: FGV:EAESP, 2003.
LAMBERT, D.; STOCK, J.; VANTINE, J. Administração
Estratégica da Logística. São Paulo: Vantine MINAS GERAIS. LEI Nº 18031, de 12 de janeiro de
Consultoria, 1998. 2009. Política Estadual de Resíduos Sólidos. Minas
Diário do Executivo, Belo Horizonte, MG, 13 jan. 2010.
LEITE, P.R. Logística reversa: categorias e práticas
empresariais em programas implementados no Brasil – um MINAS GERAIS. DECRETO Nº 44844, de 25 de agosto
ensaio de categorização. In: ENCONTRO DA NPAD, 2005. de 2008. Minas Diário do Executivo, Belo Horizonte,
MG, 13 jan. 2010.
LEITE, P.R. Canais de Distribuição Reversos. Revista
Tecnologística. São Paulo, 1998. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para
eficiência nos estudos. 4. ed. SP: Atlas, 1996.
LEITE, P.R. Canais de Distribuição Reversos. Revista
Tecnologística. São Paulo, 1999. TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex.
Brasília, DF, ano 1, n. 1, p. 18-23, fev. 1997.
LEITE, P.R. Canais de Distribuição Reversos. Revista
Tecnologística. São Paulo, 2000.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 149 - 149, 2021 149
DICA DO PROFESSOR
Uma trajetória de sucesso é feita todos os dias com deter- proporciona brilho nos olhos e logo você se vê feliz atuan-
minação e força de vontade. No entanto, procurar um tra- do. Observe a profissão de perto e perceba as suas reações
balho não é muito fácil, não somente pelas dificuldades dentro daquele contexto. Neste processo de escolha há
econômicas atuais, mas porque o processo é complexo, diversos cursos técnicos e/ou capacitação e qualificação
desgastante e exigente. Além disso, a pandemia de Co- profissional disponíveis no mercado, seja na modalidade
vid-19 vem estimulando as empresas e os trabalhadores a a distância como presencial te aguardando. E mesmo que
repensarem maneiras de responder às novas necessidades você já esteja cursando uma faculdade, permita-se apri-
do mercado de trabalho. Desta maneira, listei algumas di- morar seus conhecimentos, incrementando informações
cas para ajudar quem está ingressando nessa jornada. novas e até com mais praticidade. Logo, a presença destes
cursos em seu currículo tenderá a enfatizar o quão habili-
1. Exercite a gentileza que há em você tado e completo profissionalmente você se encontra para
a área que escolheu atuar, seja inserido em um ambiente
Por mais trivial que possa parecer, a gentileza é uma ação corporativo ou mesmo gerencie seu próprio negócio.
essencial para o convívio harmônico de todos e, infeliz-
mente, muitas pessoas acabam ignorando este ato tão ne- 4. Participe de eventos na área que deseja atuar
cessário para o dia a dia. O ato de desejar bom dia ao pró-
ximo quando chegam ou quando vão embora, um “muito Participe de workshops, seminários, palestras ou acom-
obrigado”, “desculpas” e “por favor”, chamar as pessoas panhe blogs e sites, pois além de aprimorar seus conhe-
pelo nome, responder uma mensagem de WhatsApp ou cimentos, com dicas, informações atuais e tendências no
e-mail também são exercícios de gentileza e atenção que mercado, há uma grande oportunidade de você desenvol-
quando são levados para o mercado de trabalho trans- ver suas habilidades em um ambiente mais descontraído,
bordarão oportunidades. Afinal, no ambiente corporati- cheio de ideias e quem sabe te apresente uma nova forma
vo não seria diferente, já que reúne pessoas com pensa- de trilhar seu caminho de sucesso.
mentos, opiniões, costumes e crenças diferentes umas das
outras, e a gentileza no trabalho permitirá que as equipes 5. Dê atenção a pontualidade e aos compromissos
mantenham sintonia e continuem alcançando suas me-
tas, além de fortalecer uma boa rede de contatos. É considerado uma falta de compromisso e de disponi-
bilidade o profissional que chega atrasado em suas ativi-
2. Mantenha-se otimista custe o que custar dades, de modo que esse tipo de atitude pode fazer você
perder uma oportunidade de trabalho ou mesmo uma
Comece e mantenha o otimismo. Estabeleça uma meta promoção. Diante disso, um curso técnico ou de capa-
e trace seu caminho até ela, sem se deixar abater. Não é citação é, mais uma vez, uma boa oportunidade de de-
fácil este processo, mas os sonhos foram feitos para se- senvolver hábitos que te ajudarão em sua carreira. Assim,
rem alcançados. Portanto, seja o primeiro a acreditar em comece a organizar melhor os seus horários para chegar
suas realizações e não se perturbe quando as coisas ou às aulas na hora certa e se esforce em cumprir os prazos
situações não saírem como planejado. Cada processo é estipulados para a entrega de trabalhos.
um trabalho e se torna prazeroso quando é algo que es-
colhemos cultivar com amor. O importante é seguir em 6. Cuide de sua imagem pessoal
frente e tentar novamente se precisar, mas com otimismo.
Essa sugestão não quer dizer que você precisa mudar
3. Invista na capacitação quem você é para satisfazer o mercado, mas sim que é
preciso ter um bom senso crítico para entender que al-
Ter uma formação de qualidade é fundamental para con- gumas atitudes podem afetar a sua carreira. Nas redes so-
quistar um espaço no mercado de trabalho. Portanto, es- ciais, por exemplo, tudo é visto e levado em consideração,
pecialize-se cada vez mais na área que você escolher. A portanto, cautela. É importante refletir sobre as opiniões
melhor área é aquela que ao pensar trabalhando nela já te que expressa e os conteúdos que compartilha. Além disso,
150 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 150 - 151, 2021
DICA DO PROFESSOR
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 151 - 151, 2021 151
TUTORIAL
152 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 152 - 157, 2021
TUTORIAL
Nesta janela clique mais uma vez em Pular para que possa
Nesta tela deverá digitar um código que foi encaminhado avançar a sua primeira criação de TEMPLATES.
no e-mail que cadastrou na tela anterior. Após digitar o
código numérico clique em pronto para avançar.
Passo 3
Ao clicar em apresentação e aparecerá uma variedades de
Ao abrir essa janela com as opções “Uso pessoal”, “Profes- modelos de apresentação que você pode editar ou então
sor”, “ONG...”, “Pequena Empresa”, “Estudante”, “Empresa poderá criar a sua apresentação do zero.
de grande porte”.
Você irá escolher a opção a Professor destacado em ver-
melho.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 153 - 157, 2021 153
TUTORIAL
Passo 4: Passo 5:
Para criar a sua apresentação pode escolher um template Após isso você pode inserir Imagens, elementos, textos,
e a partir dele, organizar e colocar imagens, elementos, entre outros recursos fazendo do mesmo jeito. Só é pre-
textos, música, vídeos, modificar o fundo da apresenta- ciso tomar cuidado pois, alguns desses recursos são gra-
ção, fazer uploads de arquivos seus, em mais permite você tuitos e outros pagos. Mas, ele apresenta esta informação
inserir gráficos e integrar com algum aplicativo. em cada recurso.
Fique atento para não escolher as versões pro, pois você
não conseguirá baixar o sua apresentação, só se optar em
fazer uma conta pro que é paga.
Passo 6:
154 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 154 - 157, 2021
TUTORIAL
Passo 7:
Passo 8:
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 155 - 157, 2021 155
TUTORIAL
Passo 9:
Feito a escolha do formato do arquivo é só clicar em bai- Este é um material criado no Canva para sentibilização de
xar e aguardar. professores para a prática de tutoria on-line.
156 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 156 - 157, 2021
TUTORIAL
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 157 - 157, 2021 157
TUTORIAL
Passo 2
RESUMO
Digite o código que será encaminhado para o e-mail que
O StreamYard é um estúdio de streaming (transmissão foi incluído na tela anterior, e depois clique em “Log in”.
em tempo real) de uso gratuito, que utiliza apenas o na-
vegador e os recursos de áudio e vídeo do computador.
Criado por dois estudantes de engenharia norte-ameri-
canos, que idealizaram essa ferramenta com base em 3
pilares: fácil de usar; estabilidade e aparência profissional;
o Estúdio é extremamente intuitivo e permite fazer strea-
ming para Facebook, Linkedin, Periscope ou por meio de
um Servidor RTMP (Real Time Messaging Protocol).
Nesse tutorial demostramos como estruturar, configurar
e transmitir eventos pelo YouTube, e experimentar por Nesta tela clique em “Onward”
29 dias todos recursos da plataforma por meio de uma
parceria com a rede social Linkedin. Após os 29 dias a
conta continua ativa, porém com a versão free, que pos-
sui recursos limitados. Para voltar a ter acesso a todos os
recursos da plataforma após o período de degustação, é
preciso assinar um dos planos oferecidos. Vale ressaltar
que os recursos da versão free são suficientes para qual-
quer transmissão com até 6 pessoas.
Para um melhor aproveitamento dos estudos, desen-
volvemos um minicurso que contém 4 módulos em vi-
deoaulas, disponibilizado no canal PEEQUI do YouTube O primeiro acesso será direcionado para a opção “Des-
– no link: https://youtube.com/playlist?list=PL8M0DW_ tinations”.
YM0Ydd02_zZVyKP5mz9GBjaUEf.
CRIANDO UM ACESSO
Passo 1
ACESSE https://streamyard.com/linkedinlive
inclua um e-mail válido na caixa “Email address” e em
seguida clique no botão azul “Get started”.
158 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 158 - 164, 2021
TUTORIAL
CONFIGURANDO UM DESTINO E UM EVENTO Após digitar o e-mail e a senha, nessa tela clique em “Per-
mitir”.
Passo 3
Passo 5
Entrando no Estúdio
Para acessar o estúdio, após criar o evento, basta clicar no
botão “Enter studio”.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 159 - 164, 2021 159
TUTORIAL
160 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 160 - 164, 2021
TUTORIAL
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 161 - 164, 2021 161
TUTORIAL
Botões inferiores
162 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 162 - 164, 2021
TUTORIAL
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 163 - 164, 2021 163
TUTORIAL
164 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 164 - 164, 2021
NORMAS EDITORIAIS
Eixos de pesquisa
• Agronegócio (Agricultura, Pecuária, Zootecnia e Empreendedorismo);
• Logística;
• Produção Alimentícia;
• Saúde (Uso da biodiversidade do Cerrado);
• Sustentabilidade;
• Empreendedorismo e Inovação.
Finalidade da pesquisa
Artigo, Resumo Expandido, Estudo de caso;
Diagnóstico do setor produtivo e Pesquisa de Mercado;
Viabilidade de implementação e desenvolvimento de arranjos produtivos e rotas
de integração;
Relato de experiências no ensino e aprendizagem de EPT.
As submissões
As submissões ocorrem
ocorrem mediante
mediante publicação
publicação anual deanual
editalde edital específico
específico e as
e as normas normas e instruções
e instruções aos autores aos autores
sobre estrutura
e formação
sobre dos trabalhos
estrutura podem
e ser acessadas
formação no site
dos https://ibraceds.org.br/revistaeletronica/
trabalhos podem ser na parte
acessadas edições
no futuras.
site
https://ibraceds.org.br/revistaeletronica/ na parte edições futuras.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.2 n.1, p. 165 - 166, 2021 165