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Cooperativismo
Empreendedorismo
Sustentabilidade Ambiental
REDE ITEGO
Regional 1
Itego Carmem Dutra de Araújo
Itego Genervino Evangelista da Fonseca
Itego Maria Sebastiana da Silva
Itego Sarah Luísa Kubitschek de Oliveira
REVISTA DE DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
EXPEDIENTE
Peridiocidade: Anual
Editada pela Superintendência de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica – Ibraceds
Equipe Técnica
Fabrício Katsuo Kuniyoshi Watanabe
Katia Aline Forville de Andrade Oliveira
José Henrique Neves de Queiroz
Hayane Oliveira Silva
Samuel de Oliveira e Silva Malafaia
Valquíria Martins Pereira
Marco Antonio Chuahy
Normalização
Hayane Oliveira Silva
Comitê Editorial
Katia Aline Forville de Andrade Oliveira
Maria Antônia Gomes
Selva Oliveira de Araújo Almeida
Valquíria Martins Pereira
Diagramação
Marcos Digues
Editor
Marco Antonio Chuahy
Notas do Editor
Para baixar o PDF da Revista de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica / REDE ITEGO a partir do seu smartphone ou
tablet, acesse o endereço https://ibraceds.org.br/revistaeletronica.
R349
ReDIT Revista de desenvolvimento e inovação tecnológica / Institutos Tecnológicos do Estado de Goiás – Rede ITEGO
[periódico online]. V. 1, n.1. (2020). –Goiânia: IBRACEDS, 2020 -.
ISSN 2675-553X
Anual.
Resumos em português e inglês.
Endereço eletrônico: https://ibraceds.org.br/revista/redit/
1. Educação Profissional. 2. Inovação – periódicos. I. Rede ITEGO. II. IBRACEDS. III. Título: ReDIT
CDD: 377.36
2 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 2 - 107, 2020
SUMÁRIO
EDITORIAL 4
RESENHA
PROFESSOR CONVIDADO
ARTIGO
IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO NOS MUNICÍPIOS DE GOIÁS PARA FORTALECIMENTO DA ECONOMIA LOCAL,
18
REGIONAL E ESTADUAL
RELATO DE EXPERIÊNCIA
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DAS AÇÕES DE EXTENSÃO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA EM PROL DA
27
INTERNALIZAÇÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
A EXPERIÊNCIA DE UMA PECUARISTA LEITEIRA COM O ITEGO 31
RELATO DE EXPERIÊNCIA: HORTA COMUNITÁRIA COMO INSTRUMENTO DE ENFRENTAMENTO AO COVID-19 VISANDO
A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DO 34
DESCOBERTO-GO
RELATO DE EXPERIÊNCIA: QUINTAIS ECOLÓGICOS COMO SOLUÇÕES AMBIENTAIS NA BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE 39
RESUMO EXPANDIDO
LOGÍSTICA EMPRESARIAL: UMA PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE APOIO AO SETOR PRODUTIVO NO
48
MUNICÍPIO DE MARA ROSA-GOIÁS PARA A RETOMADA DA ECONOMIA PÓS-COVID-19
PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE SABÃO ECOLÓGICO PELOS ALUNOS DOS CURSOS DE LOGÍSTICA E COOPERATIVISMO DO
51
ITEGO MARIA SEBASTIANA DA SILVA: IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE, DA PESQUISA E DA EXTENSÃO
TCC
ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING NA EMPRESA LARÚBIA PEIXOTO IMÓVEIS 55
GESTÃO DE SERVIÇOS HOTELEIROS: ANÁLISE DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS DO CRISTAL PARK HOTEL 59
MELHORAMENTO GENÉTICO EM APIS MELLIFERA PARA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE APÍCOLA NO NORTE GOIANO 67
ESTUDO DE CASO: JOGOS DIGITAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA 78
ESTUDO DE CASO: A UTILIZAÇÃO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA
84
NO PROCESSO EDUCACIONAL
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO MUNICÍPIO DE NIQUELÂNDIA-GO 91
TUTORIAL
DICA DO PROFESSOR
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 3 - 107, 2020 3
EDITORIAL
O momento atual nos impulsionou a correr contra Por fim, nesta edição, o leitor irá se deparar
o tempo e realizar mesmo que de forma embrionária a com as temáticas: cooperativismo – empreendedoris-
elaboração de um periódico que pudesse representar de mo - negócio: processos e os desafios - sustentabili-
maneira significativa o resultado das experiências e de dade ambiental - tecnologias na educação – indicação
pesquisas vivenciadas e propostas pelos atores do pro- geográfica, além de apresentar aspectos relacionados
cesso acadêmico/pedagógico realizados nos Institutos ao bem-estar no trabalho dos profissionais. Almeja-
Tecnológicos do Estado de Goiás (regional 1) da Rede mos que aprecie, critique, e principalmente que nos-
Itego. Neste sentido, os textos publicados nessa primeira sos esforços no sentido de socializar e disseminar o
edição foram avaliados pela comissão editorial, composta conhecimento produzido e apresentado aqui, tenham
por profissionais de distintas áreas e formação acadêmica, alcançado os resultados esperados, fruto da confiança
mas com uma preocupação única, a de que os trabalhos de avaliadores, editores, autores, e do corpo técnico,
representassem a comunidade acadêmica regional. Tam- toda uma equipe de trabalho envolvida na importante
bém outros dois pontos importantes foram analisados missão de expandir o conhecimento científico.
pela comissão: a experimentação tecnológica apresenta-
da e ainda a contribuição do trabalho para a reflexão dos Boa leitura!
profissionais que atuam no ensino e na pesquisa. Assim
os textos publicados foram em sua maioria contribuições
de autores da Rede Itego, na qualidade de docentes, dis-
centes ou pesquisadores autônomos, além de convidados
de outras instituições que enriqueceram este primeiro
número.
Nessa edição apresentamos um total de 22 tra-
balhos subdivididos em: Artigo, Resenha, Relato de
Experiência, Resumo Expandido, TCC, Tutorial e um
Texto Informativo. A escolha dos trabalhos pela co-
missão se deu de forma inclusiva e propositiva, pois
o objetivo e o de apresentar formas diversas de resul-
tados dos trabalhos acadêmicos, incorporar visões so-
bre diversos tipos de integração teórica/pratica, além
de ressaltar de forma efetiva a vertente interdiscipli-
nar do periódico, e ainda de promover o intercâmbio
das diferentes áreas do conhecimento, apresentando
textos com uma linguagem acessível e de fácil com-
preensão no entanto sem perder a natureza científica. Selva Oliveira de Araújo Almeida
É importante salientar que a difusão dos trabalhos / Superintendente de Desenvolvimento e Inovação Tecno-
conhecimento científicos de diversas áreas da ciência, lógica/Ibraceds
atua como indicador de desenvolvimento científico e
tecnológico de uma região.
REDE ITEGO.
A educação prossional
garantida pelo Governo
de Goiás.
4 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 4 - 107, 2020
RESENHA
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PROFESSOR CONVIDADO
dos processos de trabalho nas empresas. Sendo que o cionada com a economia de escala oferecida para os elos
principal objetivo da abordagem processual está na que compõem as cadeias de suprimento. É certo que, para
sua capacidade de ultrapassar barreiras funcionais, re- alguns gestores a armazenagem está relacionada direta-
duzindo a segmentação departamental, e organizando mente com custos, mas o que precisa ser entendido é que,
as ações dos colaboradores através da visão do cliente quando gerenciada corretamente, a gestão de armazena-
(GONÇALVES, 2000; MELÃO; PIDD, 2000; SELT- gem mostra-se uma oportunidade muito importante para
SIKAS, 1999). obtenção de lucros.
Para Ballou (2012), a logística é entendida como sen- Para Moura (2014), na administração de materiais exis-
do o conjunto de ações voltadas para a movimenta- tem dois conceitos semelhantes, mas que apresentam
ção e armazenagem de produtos ou matérias-primas, divergências importantes. Para o autor, a estocagem está
que visam o escoamento de produtos, que devem ser relacionada com a guarda segura e ordenada de materiais
deslocados desde o fornecedor primário da matéria- nos depósitos, com uma ordem de prioridade de uso de-
-prima, chegando até o consumo final. De tal forma, finida para as operações de produção e para reposição de
também os fluxos de informação devem ser analisa- estoques para as operações. O outro conceito apresentado
dos, pois eles auxiliam a correta movimentação de por Moura (2014) está relacionado com a armazenagem,
produtos, cujo objetivo é oferecer níveis de serviço o qual diz respeito à estocagem ordenada e com a distri-
adequados aos clientes, sempre buscando um custo buição de produtos acabados, que precisam ser organi-
razoável. zados dentro das instalações da empresa ou mesmo em
Segundo Fawcett et al. (1997), é necessário que as em- locais específicos, e gerenciados através de processos de
presas adotem estratégias logísticas para que sejam uti- distribuição.
lizadas como uma guia, o qual sirva para desenvolve- Com a evolução dos processos industriais e com o au-
rem e utilizarem da melhor forma possível os recursos mento de demanda, as soluções para os problemas re-
disponíveis, onde tais estratégias devem possuir como lacionados com a gestão de estoques tiveram que ser
objetivo principal o relacionamento direto com o am- aprimoradas, pois tais necessidades apresentam-se ba-
biente concorrencial e suas dinâmicas. Para os autores, sicamente como uma engrenagem na estrutura empre-
quando a empresa faz uso do desenvolvimento de um sarial que limita o crescimento das empresas. Segundo
comportamento operacional, que seja compatível com Moura (2014), a principal função da armazenagem é a
seu planejamento estratégico, é possível que através de constituição de um sistema de fornecimento contínuo
indicadores, que monitorem as atividades que agregam de recursos para os diversos processos das empresas,
valor ao negócio, torne possível o acompanhamento servindo de guia para a uniformidade é a continuida-
das metas definidas pelo planejamento estratégico. de destes. As funções do armazém não se limitam ao
Os indicadores de desempenho logístico são utilizados simples recebimento, conservação e expedição dos ma-
para monitorar a qualidade das ações que são desempe- teriais, eles também incluem tarefas do tipo administra-
nhadas desde a manufatura, até as ações do último elo tivo e contábil.
dessa cadeia de abastecimento. No setor logístico, os indi- Segundo Carvalho (2013), o conceito de armazenagem
cadores visam a avaliação e o auxílio do controle da per- discute a respeito de sistemas, que buscam administrar
formance logística, por meio da busca constante pela efi- melhor os processos de armazenagem, e quais seriam
ciência, tendo como requisito a necessidade da qualidade os meios adequados de se manter estoques nas quan-
dos serviços prestados ao cliente (FLEURY et al., 2000). tidades precisas, em ambientes apropriados, com um
Porém, para que se consiga atingir tal objetivo não é su- custo baixo. Por meio da visão tradicional, a respeito
ficiente apenas o aprimoramento das atividades internas dos depósitos, estes eram entendidos como ambientes
da empresa, pois agora é imprescindível que ocorra ele- que não acrescentavam valor à cadeia de abastecimen-
vado nível de serviço prestado também entre os parceiros to, e só eram reconhecidos como gastos, mas estudos
da cadeia. recentes estão apresentando uma perspectiva diferen-
Para Fleury et al. (2000), as empresas estão tomando te, e estes locais não estão sendo mais compreendidos
consciência de que não é possível atender a todas exi- como gastos necessários, mas sim como uma estrutura
gências dos clientes e ainda cumprir com os objetivos de cada vez mais integrada dentro da cadeia de abasteci-
custos definidos na empresa sem que sejam realizados os mento.
trabalhos de forma coordenada com os demais elos da Para Carvalho (2013) os depósitos estão desempe-
cadeia de suprimentos. nhando papéis importantes como a consolidação
A administração de materiais tem por objetivo a busca de estoques, desde que seja economicamente jus-
da lucratividade para as empresas, e sua ênfase está rela- tificado recolher/entregar os abastecimentos de
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PROFESSOR CONVIDADO
diferentes fornecedores em um único armazém. O forma, é possível modelar o processo existente, testar
transbordo que se apresenta como um sistema des- inúmeras variações e gerenciar melhorias e/ou inova-
tinado a descarregar e fracionar cargas grandes em ções, possibilitando a organização alcançar de forma
menores, que visam as entregas para os clientes. O mais rápida seus resultados (SMITH; FINGAR, 2007).
cross-docking (passagem pela doca) que descreve Paim et al. (2009, p. 26) afirma que a gestão de proces-
o depósito como uma plataforma de passagem de sos permite reduzir o tempo entre a identificação de um
mercadorias, devidamente preparado para o des- problema nos processos e a implementação das soluções
tino final das cargas, possibilitando a otimização necessárias. Mas para a redução desse tempo, as ações
dos custos de transporte, tanto entre fornecedores de modelagem e análise de processos devem estar bem
quanto consumidores. estruturadas, dessa forma os processos são rapidamente
Para garantir a sustentabilidade do negócio, as orga- diagnosticados e as soluções são identificadas, o que per-
nizações investem cada vez mais em esforços para ob- mite implantações no menor intervalo de tempo e custo
ter uma gestão eficiente através da melhoria contínua. possíveis.
Para conseguir alcançar as metas definidas no planeja- No modelo proposto por Baldam (2016) a primeira etapa
mento, é necessário que os processos estejam bem defi- que é o Planejamento do BPM, tem como objetivo defi-
nidos, além da necessidade de uma boa infraestrutura nir as atividades de BPM que contribuirão para atingir as
de TI. metas organizacionais em todos os níveis (operacional,
Um processo é um conjunto estruturado de atividades tático e estratégico).
sequenciais com relação lógica entre si, com o objetivo A segunda etapa que é a Modelagem e otimização de
de atender e, suplantar as necessidades e expectativas processos engloba atividades que fornecem informações
dos clientes externos e internos da empresa (OLIVEIRA, sobre o processo atual (AS-IS) e a proposta de processo
2007). futuro (TO-BE) e a prática da modelagem. Para a realiza-
A gestão de processos vai além da implantação de melho- ção da modelagem atual é necessário compreender todos
rias nos processos, ela permite uma melhor compreensão os processos atuais, documentar os processos e identifi-
sobre a forma que o trabalho é realizado, fornecendo uma car suas falhas. Posteriormente é necessário comparar
visão do negócio como um todo e trazendo melhorias o modelo como as melhores práticas (benchmarking) e
com base na utilização de indicadores de desempenho, priorizar soluções para os problemas atuais e modelar
projeto organizacional, padronização dos processos, sis- os processos na situação futura e sempre realimentar o
temas de informação, competências, entre outros (PAIM planejamento do BPM (BALDAM, 2016).
et al., 2009). Na terceira etapa que é a execução ou implantação de
A gestão de Processos de Negócios ou Business Process processos são as atividades necessárias que darão o
Management (BPM) é uma ferramenta que permite ma- suporte à implantação, execução e controle dos pro-
pear os processos da empresa, ela tem por objetivo a cessos. A quarta etapa é o controle e análise de da-
execução eficiente e efetiva de processos de negócio, au- dos, que engloba atividades relacionadas ao controle
xiliando as organizações para uma visão orientada a pro- do processo, através do uso de indicadores, métodos
cessos. estatísticos e diagramas de causa e efeito, gerando
Cruz (2010) caracteriza o BPM como um conjunto de posteriormente informações que realimentarão as
metodologias e tecnologias com o objetivo de possibili- atividades de otimização e planejamento (BALDAM,
tar que os processos de negócio realizem a integração de 2016).
clientes, fornecedores, parceiros, influenciadores, funcio- O ciclo de gerenciamento de BPM pode ser represen-
nários e a interação entre estes elementos, dando à orga- tado como um modelo na figura 1, onde está descrita
nização uma visão integrada e completa dos ambientes a metodologia composta por quatro etapas que são:
interno e externo das suas operações. O BPM pode ser planejamento do BPM; modelagem e otimização de
definido como uma ferramenta de gerência, direcionada processos; execução de processos; e controle e análise
na melhora do desempenho corporativo, por meio da de dados.
gestão dos processos de negócio da empresa (HARMON,
2005).
Com a implantação do BPM nas organizações, é refor-
mulada toda a estrutura organizacional, desde as mais
simples até as mais complexas, apresentando ferramen-
tas de monitoramento no andamento dos processos, de
forma ágil, de baixo custo e fácil compreensão. Dessa
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está informando constantemente falhas de divergências mento dos processos foi possível compreender cada eta-
nos estoques, pois não existe um endereçamento pré-de- pa das atividades desenvolvidas, observando seu início,
terminado para o acondicionamento de mercadorias. meio e fim. Com o uso da modelagem é possível, não
O último processo analisado aponta para as vendas reali- apenas compreender de maneira mais simples como os
zadas. Na empresa, o procedimento utilizado indica que, eventos ocorrem, mas também identificar onde ocorrem
quando um vendedor realiza uma venda, ele fica respon- as falhas e quais as atividades precisam ser melhoradas.
sável por separar a mercadoria nos estoques, o que vem A partir da análise do levantamento de atividades desen-
causando problemas devido a separações equivocadas e volvidas na empresa pode-se identificar que uma alte-
devolução de produtos em locais diferentes do determi- ração importante ocorreu na atividade de solicitação de
nado pelo setor de armazenagem. Esse processo é o cau- compra, onde foi sugerido que o setor de vendas faça a
sador de apontamentos equivocados para o setor de com- solicitação de aquisição de estoques diretamente com o
pras, pois quando os vendedores vão ao estoque realizar setor de compras, evitando o uso do caderno de solicita-
a separação das mercadorias de suas vendas, eles não en- ções que está em uso atualmente. Entende-se que a soli-
contram o que necessitam, e como determinado pela ges- citação direta para o setor de compras, ajuda a diminuir
tão, realizam nova solicitação de compras de produtos, a lentidão nas solicitações de aquisição, e de forma indi-
criando um ciclo vicioso de duplicidade de compras, que reta passa a exigir um controle mais rígido do setor de
gera perdas para a empresa e insatisfação para os clientes. armazenagem, pois tal setor é responsável por informar
ao setor de vendas se a empresa dispõe do produto para
DESCRIÇÃO DOS MODELOS E PROPOSTAS DE ME- entregar aos clientes.
LHORIA Outra alteração que se mostra importante, é o fato de que,
na nova modelagem das atividades, o setor de armazena-
No processo de armazenagem quando não ocorre uma gem passa a ser o primeiro setor a manusear as mercado-
classificação de materiais e nem um processo correto de rias recebidas, indicando que agora, o setor de vendas só
localização dos produtos no armazém, ocorre grandes acessa os produtos depois que estes são inseridos tanto
prejuízos no atendimento eficiente aos clientes, porque em sistema quanto em espaço físico.
ocorrem falhas que afetam a imagem da empresa, passan- Uma atribuição que passa ao setor de compras no novo
do a impressão de desorganização e descontrole. Segundo modelo de trabalho, é a responsabilidade pela conferên-
Moura (2014), ao contrário dos transportes, o processo cia dos produtos recebidos do setor de armazenagem,
de armazenagem acontece primeiro nos pontos modais realizando a conferência com o pedido de venda. Tal
da rede de distribuição, e este processo é fundamental atribuição mostra-se relevante, pois implica no aceite de
para que a gestão de estoques seja capaz de suprir as ex- produtos que, se não verificados corretamente, poderão
pectativas geradas nos consumidores. ser entregues aos clientes implicando em insatisfação e
A partir da percepção dos processos de trabalho desen- prejuízos financeiros.
volvidos na empresa, o estudo desenvolveu um modelo A figura 3 apresenta o mapeamento com a otimiza-
segundo o ciclo de vida do BPM, o qual é apresentado ção dos processos de trabalho da empresa. O desenho
na figura 2. E conforme identificado na visita in loco, e aponta para alterações nos processos de aquisição
entrevista com os gestores, os processos foram modela- e de recebimento de mercadorias dos fornecedores.
dos utilizando a notação BPM, sendo que na primeira Chama a atenção o fato de que foi desenvolvida uma
etapa do estudo o modelo definido se apresenta como proposta de solução que busca o aumento da produ-
sendo uma situação “AS-IS”, cuja tradução literal signi- tividade da empresa, por meio do aprimoramento
fica como é, o qual aponta as atividades rotineiras da dos processos de trabalho, sem que fossem sugeri-
empresa. dos novos investimentos em soluções tecnológicas,
A etapa seguinte do estudo, seguindo a metodologia do ou mesmo a contração de novos colaboradores para
BPM, envolve a evolução da análise detalhada das ati- a empresa.
vidades da empresa, pois, com a elaboração do mapea-
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PROFESSOR CONVIDADO
CRUZ, T. BPM & BPMS: business process management SELTISIKAS, P. Information management in process-
& business process management systems. 2. ed. Rio de based organizations: a case study at Xerox Ltd.
Janeiro: Brasport, 2010. Information Systems, v. 9, n. 3, p. 181-195, 1999.
FAWCETT, S. E., SMITH, S. R., COOPER, M. B. SMITH, H. & FINGAR, P. Business Process
Strategic intent, measurement capability, and operational Management (BPM): the third wave. Meghan-Kiffer
success: making the connection. International Journal Press. 1st edition, 2007.
of Phsysical Distribution & Logistics Management,
Bradford, v. 27., n. 7, p. 410-421, 1997. YIN. R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos.
3.ed., Porto Alegre: Bookman, 2005.
FLEURY, P. F., WANKE, P., FIGUEIREDO, K. F. Logística
empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas,
2000.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 7 - 17, 2020. 17
ARTIGO
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ARTIGO
the central region, being expressive for the branches: trans- (tabela 1 e gráfico 4), sendo reformulados posteriormente
port, health, credit, agriculture and work. There are records em apenas sete ramos, com intuito de fortalecimento de
that Goiás has 59 local productive arrangements (APLs), in determinados setores (gráfico 5).
addition to 219 cooperatives and 33 specific productive ag- Das cooperativas brasileiras, 125 delas trabalham direta-
glomerations (2018). As the eastern and northern regions mente com exportação ou importação e esse número tem
present five branches of activity of cooperatives, these areas sido crescente no cenário, sendo que 18% apenas impor-
being professional qualification of ITEGO REDE. tam, 48% apenas exportam e 34% importam e exportam,
em ramos variados (ACB, 2019).
Keyword: Cooperativism. Goiás. Regional Development. É importante ressaltar também que as mulheres têm ga-
nhado força e aumentado a atuação do gênero em coope-
INTRODUÇÃO rativas do país, quando a OCB (2018) analisou o perfil de
2.951 cooperativas em 2014 apresentou 67% de atuação
O cooperativismo é considerado uma das formas mais de homens, e 33% de mulheres, já em 2018 houve um au-
avançadas de organização da sociedade civil, pois a mes- mento de 3% de participação das mulheres, com 64% de
ma proporciona ao desenvolvimento socioeconômico homens e 36% de mulheres.
de seus integrantes e à comunidade possibilitando assim Dentre os setores que mais produzem é perceptível uma
também a cidadania por meio da participação, do exercí- organização e se faz necessário tê-la entre os empreende-
cio da democracia, da liberdade e autonomia (MORATO dores. A percepção de trabalho em equipe consegue ali-
& COSTA, 2001). nhar planejamentos e expectativas nos setores produtivos
De acordo com a Organização das Cooperativas Brasi- mais expressivos no estado de Goiás, como mencionado
leiras (OCB, 2018) existem 3 milhões de cooperativas no anteriormente. Reforçado por Oliveira (2012), onde há
mundo, contando com 280 milhões de colaboradores e atores sociais envolvidos em organizações coletivas há
1,2 bilhões de cooperados (Anuário do Cooperativismo transformação de sujeitos políticos capazes de expressar
Brasileiro, 2019). qual projeto de sociedade estão construindo por meio da
As cooperativas apresentam duas grandes dimensões que influência de suas ações na forma de atuação estatal.
as tornam únicas e organizações poderosas na sociedade, Oliveira (2012) reforça ainda sobre a necessidade de or-
a econômica, com foco no associado e a social com foco ganização de setores produtivos/econômicos/industriais,
na comunidade (BIALOSKORSKI NETO, 2002). Con- onde a demanda pela elaboração de políticas públicas
tudo, a consolidação do sistema cooperativista no Brasil para atender as aspirações da sociedade ou frações dela,
tem papel significativo no desenvolvimento da sociedade, se constitui num exemplo deste protagonismo de deter-
pois promove, dentre outros benefícios, acesso a crédi- minadas classes sociais.
to, saúde, educação, moradia, organização trabalhista, Muitos dos municípios menores ou menos desenvolvidos
desenvolvimento econômico, exportação e ao mercado apresentam históricos de formação de associações/coo-
de trabalho, com responsabilidades sociais e ambientais perativas ou que ainda permanecem relutando, mas o que
(OCB, 2008). é bem visível é que a população não está preparada para
O número de cooperativas no Brasil tem sido crescente, ser um associado/cooperado, a falta de conhecimento
é perceptível observar crescimento exponencial nos úl- sobre o assunto e sua importância tem se mostrado que
timos anos. Em 2010, o Brasil tinha 6.652 cooperativas, acabam levando as cooperativas ao insucesso, em muitos
já em 2014 apresentou uma queda para 6.582, ou seja, municípios ou até mesmo em regiões. Os ITEGOs podem
70 cooperativas foram encerradas, mas a partir de 2018 dar suporte a estas regiões ou cidades capacitando seus
esse número voltou a crescer e registrou 6.828 cooperati- alunos, fortalecendo o setor produtivo através de proje-
vas (gráfico 1), com aumento de 246 novas cooperativas. tos, cursos, mostras, exposições, incubadoras de negó-
O número tem sido crescente, além de serem crescentes cios, startups, buscar recursos para que trabalhos sejam
também os números de cooperados e renda gerada, isso é desenvolvidos junto ao setor produtivo local.
possível pois, geram empregos, rendas, desenvolvimento,
um modelo de negócios que tem possibilitado oportuni- 1. ATUAÇÃO DOS INSTITUTOS TECNOLÓGICOS
dade para as pessoas, assim como para as comunidades DO ESTADO DE GOIÁS (ITEGOS) NA QUALIFICA-
envolvidas, podendo este alavancar o desenvolvimento ÇÃO PROFISSIONAL E FORTALECIMENTO DO
econômico da mesma (OCB, 2018). SETOR PRODUTIVO
O movimento cooperativista brasileiro é diversificado,
dividido anteriormente em 13 ramos de atividades dis- Os Institutos Tecnológicos do Estado de Goiás (ITEGOs)
tintas, sendo eles: Agropecuário; Educacional; Crédito; são instituições estaduais que ofertam cursos de qualificação
Saúde; Infraestrutura; Habitacional; Transporte; Turismo profissional, em nível técnico e com perspectiva de cursos
e lazer; Produção; Especial; Mineral; Consumo; Trabalho superiores em tecnologia. Estas instituições têm buscado
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020. 19
ARTIGO
ofertar qualificações, formando profissional com perfil ino- riência bem-sucedida de países de origem, bem como o
vador, no intuito de fortalecimento do setor produtivo e as- ideal de construir uma nova sociedade.
sim alavancar a economia e desenvolvimento do estado. A OCB realizou uma pesquisa em todo o país a fim de
Os Itegos sediados nas cidades de Goiás (Porangatu), avaliar o conhecimento da população sobre cooperativis-
entorno do DF (Cristalina, Formosa e Santo Antônio do mo com a finalidade de traçar estratégias que viabilizem
Descoberto) atendem aos eixos tecnológicos de: Gestão o conhecimento e a prática sobre o assunto. De 6.700 pes-
e Negócios, Recursos Naturais, Produção Alimentícia, soas ouvidas em todas as 27 capitais concluiu-se que de
Ambiente e Saúde e Produção Cultural e Design. Os pro- cada 10 pessoas, quatro conhecem sobre o cooperativis-
fissionais formados nestes eixos serão qualificados para mo. A análise também permitiu observar que o conheci-
atuarem nos mais variados ramos do mercado de traba- mento prevalece nas classes mais altas economicamente,
lho. E como não poderia ser diferente no Eixo de Gestão chegando a 66% na classe A (topo). A Região Sul apre-
e Negócios é ofertado o Curso Técnico em Cooperativis- sentou maior conhecimento sobre o assunto em relação
mo. Então, busca-se repassar/transmitir/informar/quali- as demais, seguida pela Região Centro-Oeste com 54%,
ficar serem agentes de transformação em um futuro bem consequentemente mais atuação, mais cooperados, mais
próximo. sucesso da cooperativa (ACB, 2019), porém essa afirmati-
Isso porque segundo Braga e Reis (2002) e Bialoskorski va não se sustenta quando comparada com o número de
Neto (2001) há uma forte correlação entre a presença de cooperativas consolidadas, ou seja, a região Centro-Oes-
cooperativas e os índices de educação e desigualdade na te é considerada a segunda região mais bem informada,
posse da terra, concluindo que esse tipo de organização apesar de não tão atuante.
é importante para promover a distribuição de renda e o
estoque de capital social, destacando-se neste caso a agri- 2. ATUAÇÃO DO COOPERATIVISMO NO ESTADO
cultura. Sabe-se sobre as dificuldades em que o Brasil DE GOIÁS
enfrenta, que o cooperativismo é entendido ou praticado
nas mais variadas formas e é possível perceber que exis- De acordo com o Sindicato e Organização das Coopera-
tem diferenças entre as regiões do país, essa desigualdade tivas Brasileiras no Estado de Goiás (OCB-GO) o mesmo
de entendimento e prática fica bem evidente na atuação possui 226 cooperativas cadastradas (gráfico 3), atuando
de cooperativas entre a região Sudeste com 2.438 coo- em sete ramos distintos (gráficos 4 e 5). Em 2018 o esta-
perativas, enquanto a região Centro-Oeste apresentou o do de Goiás apresentou 229.477 cooperados, 12.078 em-
menor número dentre elas, com 865 (gráficos 1 e 2). Po- pregos, R$ 10,2 bilhões em receitas, R$ 311,4 milhões em
de-se considerar que a região Sudeste do Brasil é a mais impostos e tributos recolhidos aos cofres públicos e 1
organizada e apresenta o maior número de cooperativas milhão de pessoas ligadas ao cooperativismo em Goiás,
e consequentemente os melhores resultados em números considerando cooperados, empregados e núcleo familiar
de cooperados, trabalhadores, exportação, importação, (OCB-GO, 2020).
organização, conhecimento, conscientização, dentre ou- É perceptível que os ramos representativos por formação
tras. de cooperativas são ramos de forte atuação no estado de
E essa dificuldade de entendimento é explicada por Car- Goiás. Goiás possui 246 municípios, destes representam
neiro (1978) onde o autor atribuiu que as “dificuldades para o estado, fonte de renda no ramo turístico (Caldas
de assimilação de raças condicionadas ao primitivismo”, Novas, Alto Paraiso de Goiás, São Simão, Pirenópolis, Ca-
como causa para a não implantação de uma base histórica valcante, São Miguel do Araguaia, Aruanã, Mineiros, Co-
do cooperativismo em nosso País. Pois, para ele o regi- linas do Sul, Formosa, Caiapônia, Jataí, Cidade de Goiás),
me escravocrata teria influenciado além da raça negra, os confecção (Goiânia, Taquaral de Goiás, Pontalina, Jara-
indígenas, impedindo a assimilação dos princípios asso- guá, Trindade), polos industriais (Anápolis, Itumbiara,
ciativos. Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Catalão), agronegócio
Assim como também, os princípios associativistas eram (Rio Verde, Jataí, Cristalina, Mineiros, Goiatuba, Paraú-
combatidos pelos governantes da época (MILLER, 1999). na, Montividiu, Chapadão do Céu, Ipameri, Catalão e
Em suma, tem-se a convicção de que a influência da Igre- Caiapônia) (IBGE, 2016; IMB, 2017).
ja Católica, em particular a ação dos padres jesuítas, no Muitas destas cidades não estão organizadas em coopera-
trato com os índios, e na conversão ao catolicismo, in- tivas para assim fortalecer o ramo de atuação, perceptível
centivou as práticas de ajuda mútua, que são próprias de no gráfico 4, onde o número de cooperativas no estado
povos primitivos. A evolução, assim como a propagação de Goiás é zero para o ramo de turismo e lazer. Dado este
de práticas cooperativistas, entretanto, somente seria ins- também perceptível na tabela 1, onde o número de coo-
titucionalizada, mais tarde, com a imigração. No Brasil, a perativas no ramo de turismo e lazer são apenas 22 em
iniciativa de movimentos cooperativistas coincide com a todo o país.
chegada dos imigrantes europeus que trouxerem a expe- Apesar do estado fomentar em suas políticas públicas e
20 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020.
ARTIGO
ainda é presente um direcionamento para fortalecimento Ficando em segundo lugar a região Centro representa-
de Arranjo Produtivo Local (ALP) em Turismo, como é da pelas microrregiões Ceres, Anápolis, Iporá, Anicuns
possível observar na figura um, sete APLs em Turismo e Goiânia, totalizando também 82 municípios. Esta re-
prospectados. Mas na OCB-GO não existe registro sobre gião é a mais desenvolvida do estado, pois nela existem
cooperativas com atuação neste ramo. vários polos industriais e a cidade de Rio Verde alcança o
De acordo com a Resolução OCB nº 56/2019, que re- primeiro do estado com maior expressão econômica (R$
gulamenta a classificação dos ramos do cooperativismo, 1.361.313.840) (IBGE, 2017). Sendo esta também a região
agora, o mesmo é organizado em sete ramos. Todos eles mais expressiva apresentando maior número de coopera-
ganharam novos ícones, alguns foram ressignificados e tivas nos ramos: transportes, crédito e saúde (gráfico 5).
outros se fundiram. Tudo para o cooperativismo contar No estado de Goiás a cooperativa COMIGO (Rio Ver-
com ramos ainda mais fortes. Os novos ramos ficaram or- de) apresenta estrutura de exportação que alcançou em
ganizados da seguinte forma: a) agropecuária – sem alte- 2017 mais de US$ 50 milhões, contribuindo assim para
ração; b) consumo – consumo, turismo e lazer (consumi- que a cidade seja uma das mais desenvolvidas do estado.
dores) e educacional (pais); c) crédito – sem alterações; d) Outro exemplo de organização e estruturação de coope-
infraestrutura – infraestrutura e habitacional; e) trabalho, rativa do Goiás é a BORDANA (Goiânia) uma coope-
produção de bens e serviços – trabalho, produção, mine- rativa de bordadeiras de Goiânia. A empresa tem mais
ral, turismo e lazer (profissionais), especial, educacional de sete anos e 22 cooperadas, todas mulheres que, de
(professores); f) saúde – médicos, odontólogos, demais alguma forma, queriam trabalhar no ramo e se superar
profissionais da saúde; g) transporte – transporte de car- (OCB-GO, 2020).
gas, passageiros e turísticos. Apesar da OCB-GO ainda
considerar a classificação para os 13 ramos (tabela 1). Os 3. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS COMO FOR-
dados sobre cooperativismo são poucos, as instituições MA DE DESENVOLVIMENTO E DIRECIONAMEN-
de estatística estão desatualizadas (Instituto Brasileiro de TO PARA O COOPERATIVISMO
Geografia e Estatística, Instituto Mauro Borges). É pre-
ciso olhar para essa área de atuação no estado de Goiás O estado de Goiás possui vários Arranjos Produtivos Lo-
com outros olhos, se faz necessário mais investimento de cais (APLs) consolidados, assim como também aqueles
políticas públicas e cobrança de resultados efetivos. em formação. Os sistemas produtivos e inovadores locais
A OCB publicou em 2012 um relatório com histórias de 366 são os arranjos produtivos em que a interdependência,
cooperativas do Brasil, destas 50 estão no estado de Goiás. articulação e vínculos consistentes resultam em intera-
Na região Norte e Leste do estado, têm-se documentado a ção, cooperação e aprendizagem, possibilitando inova-
Cooperativa Agropecuária Mista do Território da Cidada- ções de produtos, processos e organizacionais, gerando
nia do Vale do Rio Vermelho de Taquaral de Goiás (COO- maior competitividade empresarial e capacitação social
PERRIO), fundada em 2012, com 48 membros e produção (LASTRES et al., 2002).
diária de 3.000 litros de leite. A Cooperativa dos Produ- Estes arranjos são baseados na capacidade estadual, re-
tores de Açafrão de Mara Rosa (COOPERAÇAFRÃO), é gional e/ou municipal em desenvolver tal habilidade para
uma cooperativa dos produtores de açafrão de Mara Rosa - o fortalecimento da economia local, seja ela qual for sua
GO. Fundada em 2003, possui 93 cooperados, com produ- amplitude. Para que isso seja efetivo e positivo se faz ne-
ção em 2012 de 700 toneladas, produto vendido no estado cessário conhecimento, espirito, habilidades, políticas e
e principalmente para São Paulo, com experiência em ex- organização cooperativa. Muitos APLs estão em forma-
portação. Cooperativa Agrícola Serra dos Cristais (COA- ção, de acordo com o Relatório do BNDES (Banco Nacio-
CRIS), cooperativa de produtores de Cristalina, fundada nal de Desenvolvimento Econômico e Social) referente ao
em 1994, com 94 cooperados. Cooperativa de Transporte Projeto: Análise do Mapeamento e das Políticas para Ar-
e Cargas de Alto Horizonte (COOPERALTO) – cidade de ranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oes-
Alto Horizonte, fundada em 2009, com 24 cooperados e 4 te do Brasil, em 2009 haviam 50 APLs no Goiás. Vieira
funcionários. Justificando assim a representatividade nos (2016) lista 59 APLs com referência ao ano de 2009, em
ramos agropecuário e transporte. 26 segmentos produtivos, com forte presença de arran-
É possível observar no gráfico 5, que o ramo agropecuá- jos produtivos agroindustriais. Não existem dados públi-
rio possui maior atuação e formação de cooperativas na cos atualizados sobre a relação de APLs em 2020, pois,
região Sul representada pelas microrregiões Sudoeste de sabe-se que muitos destes já deixaram de existir (APL
Goiás, Vale do Rio dos Bois, Meia Ponte, Pires do Rio, Ca- Confecção de Santo Antônio do Descoberto) ou estão
talão e Quirinópolis, formados por 82 municípios. Sendo em formação (APL Fruticultura de Luziânia) (VIEIRA,
o município de Jataí o segundo com maior expressão eco- 2016) (Figura 1).
nômica no ramo agropecuário, perdendo apenas para Rio Muitos APLs estão organizados em forma de associa-
Verde (R$ 1.041.607.930). ções e por fazerem parte desta modalidade talvez não
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020. 21
ARTIGO
consigam se organizarem estruturalmente quando com- na (gráfico 6). É possível observar no gráfico 5 o número
parados com cooperativas. Sabe-se que o grande pro- de cooperativas registradas, apresentando maior número
blema que interfere no sucesso da mesma sempre está para os ramos agropecuário e de transportes, sendo estas
relacionado a auto-gestão, conhecimento, espírito coleti- responsáveis por 59 municípios.
vo, dentre outras. Além de cooperativas e APLs existem Os ITEGOs têm a responsabilidade e papel principal na
ainda aglomerações produtivas especializadas, que são capacitação, no acompanhamento e fortalecimento des-
atividades econômicas de configurações muito comuns, te princípio de organização coletiva cujas finalidades são
ocorrem muito nos municípios menos desenvolvidos ou econômicas, culturais, sustentáveis, entre outras em be-
menores. Economicamente falando, a aglomeração da nefício de um grupo de indivíduos.
atividade econômica recebe uma definição específica de
cluster. Referindo-se a uma concentração de agentes em CONSIDERAÇÕES FINAIS
determinadas regiões, interligados por suas atividades
produtivas, motivados por benefícios decorrentes desta Percebe-se que o estado de Goiás é bem diverso dentro
concentração, inexistentes quando em situação de isola- de suas riquezas e potencialidades, como demostrado
mento (TEIXEIRA, 2010). anteriormente. E que apesar de todas as dificuldades de
O estado de Goiás apresenta 33 destas organizações in- suporte estadual o mesmo tem demostrado que exis-
formais conhecidas por aglomerações produtivas es- te esforço para que se sobressaiam, alguns ramos ainda
pecializadas, englobando 20 áreas distintas de atuação são considerados tímidos, e estes necessitam de atenção
(turismo, avicultura, confecções, laticínios, farmacêuti- maior, assim como um trabalho ordenado conjuntamente
co, têxtil, produtos cerâmicos e minerais não metálicos, com os que já estão consolidados.
processamento de grãos, minero-químico, informativa e Haja vista que o conceito de educação cooperativista é
telecomunicações, indústria química, indústria de produ- um processo permanente e contínuo de aprendiza-
tos de metal, indústria de móveis, indústria de artefato de gem, prática, repetição que contempla todas as facetas
plásticos, indústria de alimentos, fabricação de bebidas, do empreendimento cooperativo, uma educação que
ensino superior, calçados e artefatos de couro, suinocul- vai além de meros discursos e explanações, mas que
tura, atividade de atenção à saúde e agregados; e artefatos valoriza de igual modo o lado social, empresarial e
de concreto, cimento e gesso), existentes em 32 muníci- as demandas específicas de formação das organizações e
pios goianos (Relatório do BNDES referente ao Projeto dos seus associados para melhor participação/atuação na
Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos cooperativa, em atendimento às particularidades de cada
Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Bra- ramo cooperativista existente.
sil, 2016). Ou seja, o estado é muito diverso em suas áreas É perceptível e já falado por autores que as maiores difi-
de atuação e consequentemente a organização de forma culdades da gestão cooperativista são: a falta de profissio-
ordenada se torna complexa. nalização na gestão, a incipiente organização do sistema,
as dificuldades de capitalização, a ausência de um sistema
4. ITEGO COMO INSTITUIÇÃO QUALIFICADA financeiro próprio, e o nível de educação cooperativista
PARA BUSCAR O FORTALECIMENTO DE PEQUE- do associado. Dificuldades estas que podem ser supridas
NAS ASSOCIAÇÕES OU COOPERATIVAS NAS RE- com o trabalho coordenado pela REDE ITEGO junto aos
GIÕES LESTE E NORTE DO ESTADO setores produtivos locais.
E sem dúvida, este relato deixa evidente que as coope-
As microrregiões Leste e Norte, atendidas pelos Institu- rativas representam uma alternativa de desenvolvimento
tos Tecnológicos do Estado de Goiás – ITEGOs: Maria econômico e social, pois contribuem para o fortalecimen-
Sebastiana da Silva (Porangatu), Genervino Evangelista to das relações sociais e do trabalho. Aquelas que conse-
da Fonseca (Cristalina), Carmen Dutra de Araújo (For- guem uma gestão qualificada tornam-se mais competi-
mosa) e Sarah Luísa Lemos Kubitschek de Oliveira (Santo tivas e conseguem uma maior inserção comercial, como
Antônio do Descoberto) e seus respectivos Colégios Tec- exemplificado anteriormente.
nológicos – COTECs (extensões dos ITEGOs em muni- Entretanto pode-se questionar-se quanto as inúmeras di-
cípios vizinhos), tem possibilitado para a população qua- ficuldades enfrentadas pelas cooperativas, como a sobre-
lificação técnica, voltadas para atuação no mercado de vivência do cooperativismo em face às políticas públicas;
trabalho, atingindo-se assim o objetivo de fornecimento ou ainda como se dá o acesso das cooperativas com o cré-
de mão de obra qualificada e inovadora. Estas microrre- dito; e o mais crítico de todos é a falta de conhecimento
giões apresentam instituições de educação técnica, como sobre todas as cooperativas consolidadas e/ou em conso-
já mencionado, APL, aglomerações produtivas especiali- lidação; e por fim fica um questionamento aberto sobre a
zadas, potencial de desenvolvimento, riquezas naturais, realização de planejamento das cooperativas goianas, se
mas a organização enquanto cooperados ainda é peque- em tempos de pandemia, crise econômica e dificuldades
22 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020.
ARTIGO
surgidas repentinamente, com o avanço da tecnologia, a MILLER, P. C. Cooperativas de Trabalho. 1999. 58 f. Mo-
evolução da inovação, o auge da inteligência artificial, se nografia (Graduação em Ciências Contábeis) – Curso de
estas estão se preparando ou preparadas para enfrentar o Ciências Contábeis, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 1999.
mercado consumidor e atender assim as expectativas dos
clientes. MORATO, A. F.; COSTA, A. Avaliação e estratégia
na formação educacional cooperativista. In: COOPE-
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UNIMED - Federação dos estados de Goiás e Tocantins,
ACB - ANUÁRIO DO COOPERATIVISMO BRASILEI- 2001. 446 p.
RO. Sistema OCB – Núcleo de Informações e Mercado.
3ª versão – atualizada em 5 de agosto de 2019. 122 p. OCB - ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRA-
Brasília-DF, 2019. Disponível em: https://www.ocb.org. SILEIRAS. 2018. Disponível em: http://www.ocb.org.br/
br/publicacoes. Acesso em: 25 de junho de 2020. site/co operativismo/. Acesso em: 21 de junho de 2020.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020. 23
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24 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 18 - 26, 2020.
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ARTIGO
Figura 1 - Mapa do estado de Goiás com seus APLs por região, 2020 (adaptação)
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RELATO DE EXPERIÊNCIA
1 Trabalho elaborado no Instituto Tecnológico do Estado de Goiás (ITEGO) Carmem Dutra de Araújo (CDA).
2 Professora do ITEGO CDA.
3 Coordenador Pedagógico do ITEGO CDA.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 27 - 30, 2020. 27
RELATO DE EXPERIÊNCIA
extensão entre os alunos do ITEGO Carmem Dutra de volvimento social, equitativo e sustentável. As atividades
Araújo e a indústria. de extensão envolvem a troca de conhecimentos por meio
Este estudo abrangeu uma pesquisa bibliográfica e docu- da interação entre a comunidade acadêmica e a socie-
mental sobre as práticas de prevenção e recuperação de dade, para a formação do aluno como cidadão crítico e
danos causados ao meio ambiente pelas atividades pro- responsável, por meio da articulação da teoria e pesquisa
dutivas, neste caso, voltadas para o agronegócio, além de (CNE/CES, 2018).
apreciar a legislação sobre a educação ambiental, bem Grande parte das indústrias, dentre elas os frigoríficos,
como sobre as resoluções que norteiam o desenvolvimen- lançam águas residuais, ou seja, águas utilizadas nos mais
to de extensão acadêmica. diversos processos da indústria para fabricação de pro-
Ainda, utilizou-se da técnica de brainstorming para que dutos ou serviços, em cursos d’água. No entanto, Costa
docente e coordenação pedagógica pudessem discutir a (2011), afirma que os cursos d’água são capazes de di-
viabilidade da proposição de ações de extensão ofertadas luir a carga recebida sem prejuízos se forem volumosos
às turmas dos cursos de Agricultura Familiar, de Agri- e perenes. Porém, a maior parte dos rios que recebe esses
cultura, entre outros. Depois de analisadas as informa- efluentes é de pequeno porte e, devido ao grande volume
ções, uma proposta de ações de extensão foi elaborada e de resíduos, torna as águas improprias à vida aquática e
apresentada à direção do ITEGO para execução com as a qualquer tipo de uso, seja comercial, recreativo ou agrí-
turmas. cola.
Desse modo, o objetivo do trabalho é evidenciar as Visto que a destinação inadequada, sem que se conheçam
possibilidades de ações de extensão que sensibilize a suas características físico-químicas, pode levar a altera-
comunidade acadêmica, sobretudo do Curso de Quali- ções das características dos solos e a outras degradações
ficação de Agricultura Familiar como do Curso Técnico ambientais. Esse resíduo deve receber tratamento especí-
em Agricultura do Instituto Tecnológico do Estado de fico para que possa ser disposto sem riscos de contamina-
Goiás (ITEGO) Carmem Dutra de Araújo, não só para ção ou degradação do ambiente (MOREIRA et al., 2013).
a mitigação de possíveis danos ambientais para a socie- O contexto de meio ambiente se tornou uma das maiores
dade, mas também instrumentalizando-os para a práti- preocupações dos cidadãos e de extrema importância na
ca de ações de prevenção ambiental como preconiza a política governamental (LAYRARGUES, 2000). As leis
Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795, de proteção ambiental defendem a fauna, flora e a água
de 27 de abril de 1999), como de recuperação do dano como os principais bens naturais. Dentre eles a proteção
causado, quando necessário. Dentre as possibilidades, das águas, tem tido maior destaque por ser um bem fun-
pode-se desenvolver experimentos utilizando os resí- damental à preservação da vida humana (VALVERDE,
duos da agricultura com pesquisas a campo, oferecendo 2008).
palestras e/ou oficinas a respeito do tema para alunos e Diante do exposto, é preciso minimizar os resíduos por
agricultores da região. meio de práticas economicamente vantajosas, nas quais
é necessário adotar meios de um melhor controle am-
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO biental. Os resíduos de efluentes de lagoas de tratamentos
originados em frigoríficos, baseado em sua composição
A Resolução nº 7/2018-MEC/CNE/CES define a extensão química são vistos como uma possibilidade de biofertili-
como um processo interdisciplinar, político educacional, zante para a agricultura.
cultural, científico, tecnológico, que promove a interação Com isso, dentre as opções de uso e utilização desses re-
transformadora entre as instituições de ensino e os ou- síduos, principalmente os advindos de frigoríficos está o
tros setores da sociedade. São atividades contempladas na uso agrícola, que na maior parte esses resíduos são restos
matriz curricular e na organização da pesquisa do curso, de estrume de animais, que são ricos em nutrientes es-
envolvendo a produção e aplicação do conhecimento, in- senciais para as plantas, especialmenteem nitrogênio (N).
dissociável ao ensino e à pesquisa. Em pesquisas com rúcula Freitas et al., (2010), obser-
Como prevê a legislação educacional brasileira, as ativi- varam maior número de folhas, quando aplicado maior
dades de extensão podem ser propostas como ações de doses de resíduo nas plantas. Já estudos realizados por
intervenção junto às comunidades externas, nas modali- Souza (2009), mostrou que o efluente tratado de dejetos
dades de programas, projetos, cursos e oficinas, eventos líquidos por meio de lagoas de estabilização, foram fa-
etc. (CNE/CES, 2018). voráveis ao reaproveitamento como biofertilizantes para
A extensão é o processo educativo, cultural e científico, utilização na agricultura.
que viabiliza a relação transformadora entre as institui- Por gerar grandes quantidades de efluentes os frigorífi-
ções educacionais e a sociedade, promovendo o desen- cos, representam um grande problema ambiental. Para
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RELATO DE EXPERIÊNCIA
que se tenha um impacto ambiental de menor relevância ser aplicada será igual para todos os tratamentos, consi-
às áreas circunvizinhas é importante que se faça o trata- derando uma dose de 100kg/ha, aplicados em cobertura
mento desses resíduos (LIBÂNO, 2010). seguindo as recomendações para a cultura da alface.
As quantidades de corretivos e demais fertilizantes serão
RESULTADOS E DISCUSSÃO estimadas a partir da análise química do solo. A semea-
dura da alface será realizada em bandejas de isopor, com
A unidade industrial tem como principal atividade o aba- uso de substrato comercial. As mudas serão transplanta-
te e preparação de produtos e subprodutos de bovinos. das aos 20 dias após a germinação.
Com isso geram grande quantidade de efluentes, o seu Depois de transplantadas as mudas receberão adubação
volume é determinado quanto ao processo, que exigem complementar de cobertura. Serão coletadas amostras
acompanhamento direto de todo sistema produtivo. O de solo antes e depois do cultivo de plantas para avaliar
efluente liquido resultante do processo produtivo deve o teor residual de nutrientes. Serão coletadas também
ser submetido a quatro fases de tratamento, de acordo amostras da parte aérea das plantas para avaliar seu es-
com o Guia Técnico Ambiental de Abate de Bovino e Suí- tado nutricional.
nos (PACHECO;YAMANAKA, 2008), são eles: Em cada amostragem das plantas serão avaliadas as se-
1. Separação ou segregação inicial dos efluentes líqui- guintes características: massa seca e fresca de folha, núme-
dos: são divididos em duas linhas principais (linha ro de folhas e altura de planta. A análise de crescimento
verde e linha vermelha), sendo a primeira dos que será realizada a partir de amostragens de plantas durante
não envolvem sangue e a segunda os processos que o ciclo da cultura, perfazendo seis períodos de avaliação,
envolvem sangue. que serão: 10, 15, 20, 25, 30 e 35 dias após o plantio - DAP.
2. Tratamento primário: remoção de partes sólidas gros- Depois de avaliados os valores dos nutrientes e demais
seiras e suspensos sedimentáres. análises, presentes em cada amostra e seu respectivo tra-
3. Equalização: ocorre a homogeneização dos efluentes tamento serão comparados aos publicados pela literatura.
para não sobre carregar a estação de tratamento. As informações levantadas com a realização do experi-
4. Tratamento secundário: nessa fase ocorre o tratamen- mento, serão divulgadas entre alunos e agricultores fami-
to por ação biológica. liares com oficinas e palestras.
5. Tratamento terciário: onde se faz o ajuste das proprie-
dades físicas, química e biológicas de acordo com as CONSIDERAÇÕES FINAIS
exigências legais, para que se possa efetuar o descarte
adequado. Espera-se que com estas ações de extenção possa-se con-
Observou-se o potencial de aprendizagem que esta pro- tribuir com a aprendizagem dos alunos dos cursos de
posta apresenta, primeiramente para a realização de vi- Agricultura Familiar e de Agricultura, contribuindo com
sitas técnicas com os alunos do curso de Agricultura Fa- a execução da legislação voltada para a promoção da edu-
miliar e de Agricultura, para que estes possam conhecer cação ambiental no Brasil (Lei nº 9.795, de 27 de abril de
o processo produtivo do frigorífico. Após, realizando um 1999), e com a resolução que descreve as ações de exten-
experimento com a aplicação dos efluentes da produção ções como integrante do currículo acadêmico.
com biofertilizante na agricultura. Ainda espera-se que incitar a destinação dos resíduos do
Para isso, foi planejado um ensaio, conduzido no Instituto frigorífico à atividade agrícola de produtores próximos ao
Tecnológico de Goiás Carmem Dutra Araújo, localizado frigorífico, assim evitando o seu descarte aos rios e córre-
no município de Formosa-GO. Será utilizada uma área gos da região, e que estes:
destinada à produção de olerícolas de aproximadamente • Possam atender as necessidades nutricionais da cultu-
40 m², onde serão realizados os experimentos. Durante o ra comparados aos demais tratamentos;
experimento agricultores da região e/ou alunos da comu- • Com as oficinas e palestras os agricultores/alunos sai-
nidade, poderão participar de oficinas e/ou palestras de bam manejar corretamente esses resíduos de forma
como manejar biofertilizantes e adubos de forma geral. que não causem danos à saúde e ao meio ambiente.
O experimento será montado no delineamento de blocos
casualizados, com cinco tratamentos, quatro repetições, REFERÊNCIAS
perfazendo vinte parcelas. Os tratamentos serão consti-
tuídos de T1- aplicação de nitrato de cálcio (Tratamento BRA SIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe
controle); T2 - Aplicação de Resíduo líquido1; T3 - Apli- sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
cação de resíduo líquido 2; T4 - Aplicação de Nitrato de de Educação Ambiental e dá outras providências.
amônio; T5 - Sem aplicação de N. A quantidade de N a Brasilia, DF: Presidência da República, 1999. Disponível
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RELATO DE EXPERIÊNCIA
O caminho
da inovação
passa pela
educação
profissional
30 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 27 - 30, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 31 - 33, 2020. 31
RELATO DE EXPERIÊNCIA
32 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 31 - 33, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
de trabalho e que todos devem atuar no mundo do tra- COSTA, A. C. A Escola-sacrifício: representações dos
balho com uma consciência emancipatória. Entretanto, alunos sobre a escola, o processo escolarização, a evasão
para que esse docente seja capaz de abordar e trabalhar escolar e a conciliação escola/trabalho. Educação: teoria
questões transformadoras na formação de um cidadão e prática, v. 8, n. 14/15, p. 8 -14. 2000. DOI: http://doi.
na perspectiva do trabalho enquanto princípio educati- org/10.18675/1981-8106. Disponível em: http://www.
vo, deve-se reconhecer que ele próprio deva possuir uma periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/
formação que lhe ofereça subsídios para estabelecer uma article/view/2342. Acesso em: 11 jun. 2020.
prática orientada nesse horizonte.
FIGUEIREDO, Natália Gomes da Silva; SALLES,
CONSIDERAÇÕES FINAIS Denise Medeiros Ribeiro. Educação profissional e
evasão escolar em contexto: motivos e reflexões.
Em função da importância da promoção do desenvolvi- Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2017, vol.25,
mento rural - fomentar o desenvolvimento fundiário e n.95, pp.356-392. Epub Apr 27, 2017. ISSN 1809-4465.
rural e promover a execução de política estadual de de- https://doi.org/10.1590/s0104-40362017002500397.:
senvolvimento regional, apesar do impacto positivo que Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
os processos de aprendizagem favorecem o desenvolvi- 40362017000200356&script=sci_abstract&tlng=pt .
mento pessoal e profissional, percebe-se que as políticas Acesso em :11 jun. 2020.
publicam ainda discriminam os alunos da educação pro-
fissional, visto que são excluídos da merenda e do trans- HENNEMANN, A. L. Motivação como ferramenta
porte escolares gratuitos. de aprendizagem. 2015.Disponível em: http://
Observa-se no dia a dia das aulas, por exemplo, que no neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.
momento do intervalo enquanto os outros alunos se ali- com/2015/10/motivacao-como-ferramentade.html.
mentam, alguns alunos ficando olhando de longe com Acesso em: 28 maio de 2020.
fome, depois de um dia desgastante.
O mesmo acontece nos transportes escolares, pois os IZQUIERDO, I. A. Memória. Porto Alegre: Artmed,
alunos da REDE ITEGO não são legalmente transporta- 2011.
dos. Além disso, ressalta-se a necessidade do COTEC ter
um prédio próprio, salas confortáveis, para a valorização NUNES, A. F.; MORAES, J. C. P. de. Relação professor-
do ser humano e do fortalecimento da marca da REDE aluno: a importância da afetividade no contexto
ITEGO. Os alunos do COTEC são trabalhadores, e mui- educativo na visão docente. Pensar Acadêmico,
tos não tomam banho para irem a aula, indo direto do Manhuaçu, v. 16, n. 2, p. 179-200, ISSN 1808-6136, jul./
serviço. Assim, uma mulher que trabalha até o ponto da dez. 2018.
exaustão e na escola sofre esses tipos de discriminação, é
prova viva de que as políticas ainda estão deficientes. PULASKI, M. A. S. Compreendendo Piaget: uma
Ressalta-se, assim, o papel do professor na aprendizagem introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança.
quando este leva em conta a realidade de seus alunos, Rio de Janeiro: LTC. 1986.
buscando adequar seu planejamento de aulas para o perfil
da turma, com afetividade e compromisso para a trans- RAMOS, A. G. Uma introdução ao histórico da
formação da realidade do aluno. organização racional do trabalho. Tese. (Apresentada
ao concurso para provimentos em cargos da carreira
REFERÊNCIAS de Técnico de Administração do quadro permanente
do Departamento Administrativo do Serviço Público
ANUÁRIO DE LEITE. Sua excelência, o consumidor -1949). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1950. 2. ed.
novos produtos e novas estratégias da cadeia do leite Brasília: Conselho Federal de Administração, 2008. 132
para ganhar competitividade e conquistar os clientes p.
finais. EMBRAPA: [edição digital], 2019. Disponivél
em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/ SAVIANI, D. Trabalho e educação: fundamentos
publicacao/1109959/anuario-leite-2019-novos- ontológicos e históricos. Revista Brasileira de
produtos-e-novas-estrategias-da-cadeia-do-leite-para- Educação, v. 12 n. 34 jan./abr. 2007.
ganhar-competitividade-e-conquistar-os-clientes-finais.
Acesso em: 11 jun. 2020.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 31 - 33, 2020. 33
RELATO DE EXPERIÊNCIA
1 Trabalho elaborado no Instituto Tecnológico do Estado de Goiás (ITEGO) Sarah Luísa Lemos Kubitschek de Oliveira (SLLKO)
2 Assessor de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do ITEGO SSLKO.
3 Professor do ITEGO SLLKO.
4 Diretor do ITEGO SLLKO.
5 Assessor Administrativo do ITEGO SLLKO.
6 Coordenador Pedagógico ITEGO SLLKO.
34 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 34 - 38, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ações de suprimento de alimentos através da implan- mento e minimização dos impactos provocados pela pan-
tação de hortas comunitárias possibilita à população de demia do Corona vírus (covid-19) em Santo Antônio do
baixa renda em Santo Antônio do Descoberto ter acesso Descoberto (GO).
a alimentos nutritivos em uma escala dimensional essen-
cial de segurança alimentar permitindo que os próprios DESCRIÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
comunitários possam produzir alimentos suficiente e
com qualidade, para satisfazer suas necessidades diárias O presente trabalho teve como campo vivencial a horta
a fim de levar uma vida ativa saudável e com poder imu- comunitária construída nas dependências do Instituto
nológico neste período de pandemia. O acesso ao alimen- Tecnológico do Estado de Goiás (ITEGO) Sarah Luísa
to através da produção própria de alimentos hortícolas, Lemos Kubitschek de Oliveira (SLLKO), localizada no
poderá minimizar os impactos econômicos da população centro de Santo Antônio do Descoberto-GO, que, apesar
vulnerável, quando a produção familiar poderá propor- de ser um território urbano densamente povoado, as co-
cionar redução nos gastos com alimentos e quando se munidades apresentam fortes relações com a agricultura.
obtêm renda com as vendas dos excedentes da produção O público alvo deste projeto foi, inicialmente, alunos do
(BRASIL, 2014). próprio ITEGO SLLKO, entidades filantrópicas, proprie-
Outras ações são trabalhadas basicamente no incentivo tários de lotes e produtores de hortaliças com disposição
e apoio ao cultivo de alimentos seguros, quanto a proce- a difundir esta iniciativa de ação educativa.
dência, valor nutricional e, assim, apoiam processos que O espaço do ITEGO onde foram construídas as hortas
visam segurança alimentar nos diferentes espaços viven- comunitárias foi selecionado em razão de possuir maior
ciais agrícolas. Atua também na geração de oportunidade controle de fluxo de pessoas neste período de pandemia
de socialização do conhecimento técnico sobre as hortas e por existir um ambiente socioeducativo onde alunos,
e os diversos usos sociais e pedagógicos, através de mem- professores e funcionários poderão vivenciar ensinos e
bros extensionistas, voluntários dos projetos e produtores aprendizados de como se produz e processam alimentos
hortícolas com o ITEGO SLLKO e demais participantes com segurança e qualidade após este período de pande-
(BRASIL, 2012). mia (COUTINHO et al., 2011).
O cultivo de hortaliças em espaços de produção coleti- Para a implantação das hortas, integrou-se aos conheci-
va, convenientemente denominadas de hortas comuni- mentos técnicos e a segurança dos atores envolvidos na
tárias, representa uma alternativa concreta de segurança ação, devido à pandemia e uso de fatores de produção
alimentar, principalmente neste período durante e após adaptado a cada comunidade dando ênfase ao saber tra-
pandemia. Visa também o aumento na oferta de alimen- dicional no uso e manejo dos recursos locais.
tos de qualidade e em quantidade, contribuindo para a Nesse sentido, em março de 2020 deu-se início as insta-
melhoria das condições de vida de grupos sociais em si- lações das hortas comunitárias. O primeiro passo foi de-
tuação de insegurança alimentar e estimula a produção terminar o local onde se construiria os canteiros na área
de hortaliças para o consumo próprio e para comercia- do ITEGO SLLKO, que estrategicamente teria que ter boa
lização através de processos educativos e agroecológicos luminosidade e que estivesse próximo de alguma fonte de
(BRASIL, 2014). água. Sendo assim, foram construídos 8 canteiros com di-
E estes processos educativos se tornam mais importante mensões de 0,90 m x 9,00 m com substrato constituído de
ainda quando a produção de alimentos seguros nas hor- terra de subsolo e fonte de matéria orgânica a base de es-
tas comunitárias serve de elo entre os eixos tecnológicos terco equino na proporção de 4 x 3, provenientes de baias
do ITEGO voltados para esta temática (produção ali- de propriedades parceiras do projeto. Foram produzidas
mentícia e gestão e negócios) e diversos setores da cadeia 6 mil mudas de hortaliças acondicionadas em bandejas
produtiva de alimentos locais, trazendo uma perspectiva de polietileno com capacidade de 200 mudas por bandeja
de fortalecimento deste setor, aproximando cada vez mais (Anexo 1- Figura 1).
produtores de alimentos rurais e urbanos do ITEGO, ins- Para ressaltar a importância da diversidade agroecológica
tituição pública estadual com propósito de impulsionar, de plantas em uma horta comunitária, foram cultivadas
incentivar e estimular desenvolvimento socioeconômico diferentes espécies tais como, hortaliças, plantas medici-
destes diversos setores produtivos (SANTIAGO et al., nais e condimentares, com o intuito de atender as mais
2011). variadas necessidades socioeconômicas das comunidades
Diante disso, o objetivo deste trabalho é descrever ex- rurais e urbanas de Santo Antônio do Descoberto (Anexo
periências vivenciadas com a utilização da horta comu- 1- Figura 2).
nitária como mecanismo proporcionador de segurança A manutenção diária das hortas comunitárias é feita prin-
alimentar, nutricional e como instrumento de enfrenta- cipalmente pelo profissional de jardinagem e viveiricultu-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 34 - 38, 2020. 35
RELATO DE EXPERIÊNCIA
ra do ITEGO e pelo professor das disciplinas de agrope- Evidencia-se também as parcerias estabelecidas entre o
cuária, agronegócio e gestão ambiental do ITEGO, que ITEGO SLLKO, Prefeitura Municipal de Santo Antônio
além de irrigar regularmente, mantém as hortas comu- do Descoberto, por meio da Secretaria de Agricultura e
nitárias com seus devidos tratos fitossanitários orgânicos demais setores da cadeia produtiva de alimentos do mu-
e culturais, através de capinas para as retiradas das ervas nicípio que por meio destas ações contínuas e permanen-
espontâneas e controle de pragas através de observações tes, propuseram a produção de alimentos seguramente
rotineiras e com armadilhas. Quando surge um aumento saudáveis para fins de enfrentamento e minimização dos
de insetos que prejudiquem as hortaliças faz-se aplicação impactos da pandemia causada pelo Corona vírus (covid
de defensivos naturais a base de essências de plantas. 19).
Os produtos originados nos canteiros das hortas comu-
nitárias serão doados às famílias em estado de vulne- CONSIDERAÇÕES FINAIS
rabilidade socioeconômica causado pela pandemia e a
entidades filantrópicas cuidadoras de idosos e pessoas As hortas comunitárias sobre perspectivas pedagógicas
das demais faixas etárias carentes de cuidados durante e e de segurança alimentar, propiciam o desenvolvimento
após pandemia. As mudas de hortaliças produzidas em sustentável, a partir do qual se vivencia processos de pro-
sementeiras serão doadas a entidades filantrópicas, pro- dução de alimentos, práticas de cultivos relacionados à
prietários de lotes e produtores de hortaliças e outras biodiversidade local e práticas de produção orgânica de
instituições públicas interessadas em difundir estas ações alimentos, além de se configurar como um espaço de or-
educativas. ganização comunitária.
Assim, conclui-se que a horta comunitária do ITEGO SL-
RESULTADOS E DISCUSSÕES LKO é um projeto que, com limitações provocadas pelo
período pandêmico, está conseguindo redesenhar novas
De maneira geral, vem-se obtendo resultados significa- formas seguras e limpas de produção de alimentos. Além
tivamente importantes com o projeto de implementação da possibilidade de integração comunitária, consolidan-
das hortas comunitárias do ITEGO Sarah Luísa Lemos do-se modelos de agriculturas sustentáveis, proporcio-
Kubitschek de Oliveira, como a doação de mudas e do nando equidade socioeconômica aos atores envolvidos.
produto de diversas hortaliças que estão servindo respec- Portanto, entendemos que é baseado em ações e espa-
tivamente de difusão desta prática e de complementação ços como estes, que poderemos nos superarmos, adap-
e reforço alimentar de famílias em estado de vulnerabili- tarmos e evoluirmos com às mudanças que este período
dade socioeconômica durante e após período de pande- tão agressivo, calamitoso e pandêmico está provocando
mia (Anexo 1-Figura 3). a nossa comunidade local. Os atores sociais envolvidos
Além disso, as hortas comunitárias estão servindo como nestes espaços e ações poderão ser os agentes transforma-
um espaço de articulação entre comunitários, ITEGO SL- dores e multiplicadores nesse momento tão trágico.
LKO, e poder público municipal, que começam a pensar Nesse sentido, ainda há muito o que ser feito, pois os de-
de maneira coletiva sobre a construção de outras hortas safios são grandes, entretanto não ultrapassam os nossos
comunitárias revitalizando espaços públicos como as de- desejos de vermos mudanças. Para isso o projeto foi es-
pendências estruturais da Assistência Social Municipal, truturado em um plano de ação contínuo e permanente,
na Comunidade Morada Nobre e realização de outras fundamentado em ações de expansão destas atividades
benfeitorias, como, por exemplo, a revitalização de espa- em outros espaços e outros momentos. Dessa maneira, os
ço público de lazer e recreação, também nesta comuni- próximos passos serão na direção da consolidação dessas
dade. propostas e de outras ações como revitalização de espa-
Dentre outras contribuições das hortas comunitárias no ços públicos, privados e ociosos através da construção
ITEGO SLLKO, pode-se destacar três eixos fundamen- de outras hortas comunitárias com o cultivo e produção
tais: saúde, meio ambiente e organização comunitária. A de mudas para reflorestamentos e recuperação de áreas
saúde, por meio das discussões durante e após período degradadas, pois sempre estaremos voltados para partici-
de pandemia, sobre segurança alimentar e nutricional, e parmos da criação e execução de projetos que alavancam
também pelo consumo de alimentos livres de agrotóxi- ações sociais e afirmativas de políticas públicas voltadas
cos, produzidos pelos próprios comunitários. Em relação à saúde e à sustentabilidade que proporcionem números
ao meio ambiente, ressalta-se a conservação dos recursos concretos e transparentes de medição de seus resultados
naturais, o uso racional de água e a amenização do im- sociais junto à comunidade e adjacentes na qual o ITEGO
pacto ambiental decorrente da revitalização e ocupação SLLKO está inserido.
humana destes espaços, buscando a sustentabilidade.
36 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 34 - 38, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e SANTIAGO, F. E. M.; LUDUVICO, J. R.S; Soares, J.M.;
Combate à Fome. Marco de referência de educação ANJOS, M. M. L.; COUTINHO, J. Agroecologia em
alimentar e nutricional para as políticas públicas. Ação: horta comunitária como instrumento pedagógico.
Brasília, DF.: MDS; Secretaria Nacional de Segurança In: SEMINÁRIO PIAUIENSE DE AGROECOLOGIA,
Alimentar e Nutricional, 2012. Disponível em: 1 e SEMANA DE AGRICUTURA ORGÂNICA DO
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/ NORTE PIAUIENSE, 2., 2011, Parnaíba. Anais [...].
seguranca_alimentar/marco_EAN.pdf Acesso em: 20 Parnaíba, 2011.
maio de 2020.
SANTOS, A.; SOMMERMAN, A. Ensino disciplinar e
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a transdisciplinar: uma coexistência necessária. Rio de
população brasileira. Brasília, DF.: Ministério da Saúde, Janeiro: Wak, 2014.
Nossaa missã
ão:
trazerr conhecimento
e inovação para a
vida prática.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 34 - 38, 2020. 37
RELATO DE EXPERIÊNCIA
ANEXO
Figura 2 – Hortas comunitárias em estágio inicial (estágio 1) de crescimento no ITEGO SLLKO. Fonte própria.
Figura 3 - Hortas comunitárias em estágio avançado (estágio 2) de crescimento no ITEGO SLLKO. Fonte própria.
38 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 34 - 38, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
1 Trabalho elaborado no COTEC de Flores de Goiás, vinculado ao ITEGO Carmem Dutra de Araújo.
2 Professor e coordenador do Projeto Quintais Ecológicos – Curso Técnico em Meio Ambiente do COTEC de Flores de Goiás.
3 Professoras do Curso Técnico em Meio Ambiente.
4 Coordenadora e professora do Curso Técnico em Meio Ambiente.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 39 - 42, 2020. 39
RELATO DE EXPERIÊNCIA
“interpreta sua experiência de vida em articulação com de Goiás, 0,597, sendo uma das regiões de maiores desi-
a comunidade local e a sociedade. Aqui, é fundamental gualdades sociais (IBGE, 2020).
identificar falas que representam uma situação-limite, ou As tecnologias sociais emergem como um elo entre as
seja, um limite explicativo na visão da família a ser supe- tecnologias convencionais menos agressivas, e soluções
rado (senso comum)” (TARDIN; GUHUR, 2012, p. 6). simples de baixo custo, a partir do momento que com-
Salienta-se que esta proposta atende a Resolução nº preendemos que devemos romper com os paradigmas de
7/2018-MEC/CNE/CES que define a extensão como um desenvolvimento, e rompemos com a forma de políticas
“processo interdisciplinar, político educacional, cultural, públicas que emergem de cima para baixo, sem uma lei-
científico, tecnológico, que promove a interação transfor- tura das condições reais das localidades e dos atores en-
madora entre as instituições de ensino e os outros setores volvidos, respeitando as diversidades culturais, étnica e
da sociedade”. Envolve ações e atividades que constam da econômica.
matriz curricular e na organização da pesquisa, o que re- Esta proposta tem como objetivo desenvolver unidades
flete na produção do conhecimento no curso, propostas de quintais sustentáveis, com reuso de águas cinzas, águas
de ações intervencionistas junto às comunidades exter- negras, fazendo a gestão do resíduo residencial, sanea-
nas, programas, projetos, cursos e oficinas, eventos etc. mento ecológico e produção de alimentos agroecológicos.
Desta forma, para delineamento desta proposta, foram Desta forma, as unidades demonstrativas (UDs) dos
utilizados conhecimentos científicos unidos aos saberes quintais ecológicos, devem ser desenvolvidas através de
populares, com acompanhamentos técnicos, análise de tecnologias sociais ecológicas de baixo custo, como (SIL-
dados, questionários, avaliação socioambiental, oficinas e VA, 2019, RIOS, 2012, FIGUEIREDO et al., 2019):
cursos, construção de material didático e conscientização a) Saneamento ecológico, Fossa de evapotranspi-
ambiental, utilizando as UDs, como espaços pedagógicos ração - solução para o tratamento e disposição
para multiplicação de experiência. Deste modo, alunos e
final dos dejetos do vaso sanitário domiciliar
professores do Curso Técnico em Meio Ambiente do Co-
légio Tecnológico (COTEC) de Flores de Goiás, vincula- (águas negras);
do ao Instituto Tecnológico do Estado de Goiás (ITEGO) b) Canteiro econômico - é uma tecnologia social
Carmem Dutra de Araújo (CDA). para a produção de hortaliças com pequena
quantidade de água;
EMBASAMENTO TEÓRICO c) Compostagem dos resíduos – uma espécie de
“reciclagem dos resíduos orgânicos” por meio
“O saneamento no Brasil é caracterizado pela diversida-
de institucional e organizacional de modelos de gestão, de técnica de transformação de restos orgâ-
resultado do percurso histórico de políticas que ora se nicos em adubo (sobras de frutas e legumes e
respalda no protagonismo do ente municipal, ora no ente alimentos em geral, podas de jardim, trapos de
estadual, ora na maior ou menor atuação da União” (FU- tecido, serragem etc.);
NASA, 2019, p. 114). Assim deixando um legado onde: d) Coleta seletiva - é a coleta diferenciada de re-
As populações das áreas rurais e dos pequenos mu-
nicípios permaneciam, e permanecem, à margem do síduos previamente separados segundo sua
Estado brasileiro, carecendo de ações e serviços públi- composição, ou seja, resíduos com caracterís-
cos em todas as áreas fundamentais para o desenvol-
vimento humano: saúde, alimentação, educação, se-
ticas similares são selecionados pelo gerador
gurança, transporte público, energia, meio ambiente, (que pode ser o cidadão, uma empresa ou ou-
assistência técnica e extensão rural, e, evidentemente, tra instituição) e disponibilizados para reutili-
o saneamento básico (FUNASA, 2019, p. 31).
O município de Flores de Goiás, possui uma população zação, recuperação e reciclagem;
estimada de 16.557 de habitantes, sendo 73,3% de zona e) Pomarização - é o método de criar viveiros de
rural e 26,7% considerada de área urbana, com renda per mudas utilizando de vasilhas recicláveis e adu-
capita de 51,2% da população vive com até ½ salário mí- bo orgânico.
nimo, apresentando 21,1% de domicílio com saneamento Assim, os quintais ecológicos, buscam desenvolver uni-
adequado. O município tem o terceiro pior indicador do dades de quintais sustentáveis, com reuso de águas cinzas,
Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM)5 do Estado águas negras, gestão do resíduo residencial, saneamento
5 O IDHM foi criado pela ONU na década de 1990, como uma unidade de medida utilizada para aferir o grau de desenvolvimento de uma comunidade
levando em conta os quesitos de educação, saúde e renda, cuja referência numérica varia entre 0 e 1, do mais baixo para o maior índice (http://www.
conei.sp.gov.br/ind/MetodologiasIDH-MeICV.pdf).
40 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 39 - 42, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 39 - 42, 2020. 41
RELATO DE EXPERIÊNCIA
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Agência Universidade Federal de Mato, Campo Grande - MS,
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de tratar o esgoto de vaso sanitário. Revista DAE. Francisco. Remanso (BA), SASOP, 2012.
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coleta seletiva: influência da triagem e da frequência de
FONSECA, A. R. Tecnologias sociais e ecológicas revolvimento. Dissertação (Mestrado em Engenharia
aplicadas ao tratamento de esgoto no Brasil. Rio de Edificações e Saneamento) - Universidade Estadual
de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio de Londrina, Londrina – PR, 2009. Disponível em:
Arouca, 2008. http://www.uel.br/pos/enges/portal/pages/arquivos/
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GALBIATI, Adriana Farina. Tratamento domiciliar de
águas negras através de tanque de evapotranspiração. TARDIN, J. M.; GUHUR, D. M. P. Diálogo de Saberes,
Dissertação. (Mestrado em Tecnologias Ambientais) - no encontro de culturas. Caderno de Ação Pedagógica:
Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Campo Grande, Maringá, 2012.
42 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 39 - 42, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 43 - 47, 2020. 43
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Neste contexto, a Zuf Florestas tem buscado investir no e organização de estoques de matérias-primas e produ-
processo de produção de cavacos para fornecer matéria tos acabados, (4) no planejamento de controle da pro-
prima para empresas de grande produção nacional (ci- dução, e (5) no controle de transporte de embalagens
mento, cerveja e papel higiênico) busca utilizar suas flo- (PAURA, 2012), (Figura 1).
restas plantadas e manejadas de forma sustentável como
matéria-prima para produção de biomassa, e avaliar a Figura 1 - Processos Logísticos da Empresa Zuf Florestas
problemática da mão de obra humana e as vantagens da (2020).
mecanização das inovações tecnológicas de maquinários
e sistema logístico, abrangendo a importância da qualifi-
cação e capacitação profissional ofertada pela REDE ITE-
GO, no município de Cristalina, Goiás.
Espera-se que este relato de experiência, originado a par-
tir de uma visita técnica à empresa Zuf Florestas, permi-
ta aos alunos, professores e outros profissionais do setor
possam; i. adquirir conhecimentos e desenvolver capa-
cidades de forma a compreender o modelo de negócio
e linhas de orientações estratégicas da Zuf Florestas; ii.
identificar as variáveis que sustentam o sucesso no ramo
da logística, para uma produção constante de cavacos no
campo e maior conhecimento das variáveis de interferên-
cia na produtividade e no planejamento operacional.
As reflexões da visita realizada foram apoiadas em apon-
tamentos bibliográficos.
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como mencionado por Paura (2012), uma organização
empresarial que preze pelo compromisso com a qualida- • Análise do sistema logístico na produção de cavacos
de de seus produtos, com a satisfação do cliente e com
preço justo, se faz necessário tem como base de sua admi- A evolução e migração da mão de obra humana para
nistração um bom planejamento logístico, sendo reflexo a automatizada, na empresa Zuf Florestas, localiza-
diretamente proporcional a um fluxo de materiais mais da na BR-050, Km 156, Zona Rural do município de
racional, ou seja, desde o momento da compra de ma- Ipameri, Goiás, teve início, após o proprietário Marco
téria-prima até a entrega do produto acabado ao clien- Antônio Zuffellato, diretor da empresa, visitar uma
te, tudo deve ser planejado para se evitar desperdício de feira de tecnologia e implementos do setor de maqui-
tempo e dinheiro. O que não se pode confundir é inves- nários, voltados para o ramo da sua empresa. Após,
timento e economia, pois, o problema das empresas hoje o conhecimento de novas máquinas, ele observou a
é querer reduzir seus custos a qualquer preço. É preciso oportunidade de solucionar a problemática da mão
conhecimento e planejamento para não investir em um de obra humana.
produto que não atenda às necessidades do cliente, pen- A empresa no ano de 2010 utilizava-se de grande parte
sando em economizar ou aumentar o capital da empresa. de sua mão de obra humana disponibilizando um qua-
E quando não se pensar na satisfação do cliente e em dro geral de 600 funcionários para a produção, tais como:
todos os processos harmônicos de uma empresa, infe- colaboradores para o corte com motosserras, descarregar
lizmente o gestor não estará atendendo aos requisitos e carregar caminhões, ônibus de transporte para levar os
mínimos da logística. Esse tipo de perfil empreende- colaboradores ao campo e para o retorno as suas casas,
dor é comum, onde um profissional não especializado nas cidades entorno da empresa, uma vez que a mesma
foi colocado para exercer uma função que necessita de é situada na zona rural. Atualmente, a empresa viabiliza
conhecimentos na área de logística. O profissional de dos mesmos serviços realizados com um número reduzi-
logística empresarial estuda como prover, de forma efi- do de profissionais.
ciente, a lucratividade (1) nos serviços de distribuição É importante destacar a logística com pessoas e a parte
ao cliente, (2) no fluxo de materiais dentro da empresa, administrativa, que no início demandava um número
(3) no planejamento de compra, passando pelo controle exorbitante de colaboradores, que afetava diretamente na
44 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 43 - 47, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
rotatividade de funcionários e acabava por interferir dire- para o processamento do cavaco como a utilizada pela
tamente no sistema produtivo da empresa, algo que teve Zuf Florestas.
uma substancial mudança a partir da automatização de Chegando na empresa faz-se a distribuição de notas fis-
grande parte do trabalho realizado na Zuf. cais e rotas, onde o setor logístico rastreia em tempo real
A logística de transportes antigamente utilizava cami- e preciso todo o processo de saída, até a chegada do pro-
nhões baús com tampa, no descarregamento do produ- duto ao cliente.
to para os clientes, este processo era realizado de forma
braçal, necessitava-se de uma máquina para empurrar o • Relato do diretor Marco Antônio Zuffellato
cavaco para total descarrego do caminhão, no local in-
dicado pelo cliente, em seguida, a tampa era fechada e o Em respostas às perguntas realizadas, ele destacou que a
caminhão era rebocado por um trator. empresa foi criada em 2010, atua no ramo de biomassa,
Um dos maiores perigos ocasionados por esse tipo de que é um setor novo no Estado de Goiás e não contou
trabalho braçal, é o risco da pressão causada pelo mate- com o auxílio de quaisquer órgãos ou instituições na
rial armazenado dentro do baú, o que poderia incidir em implantação das atividades e que teve seu crescimento
acidentes de trabalho. O motorista tinha todo o trabalho mais notório a partir de 2015. Destacou a necessidade
de varrer o caminhão baú para não ficar nenhum resíduo de mão de obra qualificada e capacitada para desenvol-
do produto. O processo com a mão de obra era exaustivo ver as atividades da empresa, acrescentando elogios ao
e demandava muito tempo para finalizar a produção e a Itego, por estar proporcionando qualificação e capaci-
entrega ao cliente. tação profissional, para novos ingressantes ao mercado
Com a evolução na aquisição dos equipamentos tecno- de trabalho. Atualmente a empresa Zuf Florestas desta-
lógicos, hoje o cenário da empresa é totalmente auto- ca-se no ramo de exploração de florestas transforman-
matizado, o que gera melhor desempenho e retorno no do-as em biomassa, ressalta que a mesma, não é feita
processo produtivo. Atualmente, os maquinários utili- de máquinas e sim de pessoas e pontua, que encontra
zados pela empresa, são: Trator Florestal Skidder Rodas dificuldades em encontrar profissionais capacitados e
John Deere 648H, Track Feeer Buncher: Trator Caterpillar- qualificados, para atuarem no ramo, no qual ele ofer-
-Track Feller Buncher Mod.541, Escavadeira Hid. Trator ta empregos. Marco relatou se sentir privilegiado pela
Caterpillar-320, 3 unidades de Picador para cavaco Bruno equipe construída que hoje atua em sua empresa e que
Forest King, frota com 30 caminhões com Piso Móvel-auto ele incentiva a sua equipe a se aprimorar para crescer
descarregável (ANEXO 1). pessoal e profissionalmente para continuar a contribuir
De acordo com o gerente de logística da empresa Wer- e crescer junto com a empresa.
merson Aparecido de Andrade, atualmente, com a “O nosso diferencial é garantir a qualidade do atendi-
mão de obra automatizada, a empresa apresentou uma mento aos nossos clientes, sendo eles empresas grandes
redução de cerca de 90% no quadro de funcionários, ou pequenas. O que diferenciou e diferencia a nossa em-
produzindo todo o processo em três linhas de carre- presa é perceber exatamente a necessidade da qualidade
gamento, atendendo demandas de diferentes produtos. do produto que o cliente almeja. A empresa disponibi-
Todo processo produtivo, ocorre no campo, ou seja, a liza de serviço completo abrangendo as necessidades do
cada meia-hora é possível produzir três carregamentos cliente. Somos fornecedores exclusivos de multinacionais
de diferentes tipos de cavacos para diferentes deman- que se não receberem o cavaco não produzem: papel hi-
das de aquisição por clientes. O manejo do processo giênico, cerveja e cimento, o que acaba gerando grande
é simplificado e facilita a logística, no qual são neces- responsabilidade e é através também do trabalho de lo-
sários dez operadores de máquinas. O transporte lo- gística, realizado pelo Gerente Wemerson que podemos
gístico é automatizado em forma de piso-móvel auto conseguir os resultados desejados”, afirma Marco Antô-
descarregável, o caminhão encosta próximo ao picador nio Zuffellato.
e em aproximadamente 15 a 30 minutos é feito o pro- O diretor da Zuf finalizou dizendo que; “Foram neces-
cesso de carregamento. sários dois fatores: investimento em equipamentos, bai-
O sistema de produção de cavacos no campo é uma xos custos, alta produtividade e ainda a formação de uma
das inovações tecnológicas presentes no setor florestal equipe coesa, na qual todos trabalham com o mesmo ob-
brasileiro, que permite o transporte da matéria-prima jetivo. A empresa se preocupa em ser precisa trabalhando
que será utilizada diretamente na fabricação de diferen- de forma ética, pois ela tem a preocupação em gerar ren-
tes matérias, sem a necessidade de seu processamento da, realizar sonhos e contribuir com o desenvolvimento
no pátio da fábrica como ocorre com sistema de toras social.
segundo Marques (2008), e pode-se citar esse exemplo
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 43 - 47, 2020. 45
RELATO DE EXPERIÊNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS onde vem ou para onde vai, ou como são feitos
os produtos, mais que isso, aprendemos sobre
As alunas do curso técnico em Logística, do ITEGO Ge- conscientização e respeito ao meio ambiente”
nervino Evangelista da Fonseca, Girlande Suelen Almei- (Jaqueline de Oliveira Galvão Costa).
da da Silva, Jaqueline de Oliveira Galvão, Joyce Cardoso • “... A Zuf é uma empresa que tem o controle de
da Silva, Juliana Gonçalves de Oliveira, Tainara do Couto tudo que entra e sai, cada conhecimento que
Borges e Mariana da R. Marques, acompanhadas das pro- adquiri na empresa foi muito importante para
fessoras Kátia Roseane da Silva Aguiar e Priscila dos San- mim” (Girlande Suelen Almeida da Silva).
tos, a assistente administrativa Kelly Alves de Andrade e • “... A visita técnica na empresa Zuf contribuiu
o encarregado de Recursos Humanos Tiago Célio Lima de forma produtiva, para que alunos viven-
de Farias foram recepcionados pelo gerente da empresa ciasse o processo logístico na prática” (Tainara
Wemerson Aparecido de Andrade, que é o responsável do Couto Borges).
pela gestão de frotas e todo acompanhamento logístico
da empresa, até a entrega aos clientes. O gerente conduziu REFERÊNCIAS
toda a visita com intuito de explicar como funciona todo
o processamento de cavacos. A visita foi de bastante valia, CARIOCA, J. O. B.; ARORA, H. L. Biomassa:
pois, vivenciar a prática enriquece o saber acadêmico dos Fundamentos e aplicações tecnológicas. Universidade
alunos. Federal do Ceará: UFC/BNB, 1984.
A partir dos depoimentos das alunas, pode-se perceber
o quanto de aprendizado foi adquirido na Visita Técnica: MARQUES, A. P.; MENDONÇA FILHO, W. F.; Análise
• “Foi gratificante poder ter ido nessa visita téc- do Processamento mecânico de madeira no sistema de
nica, ter aprendido um pouco mais da logística cavaqueamento de campo para celulose. In: I SIMPÓSIO
na prática e entender que hoje em dia precisa- DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA MADEIRA DO
mos bastante da tecnologia” (Joyce Cardoso da RIO DE JANEIRO, Anais[...]. Seropédica, 1 CD ROM,
Silva). 2008.
• “Foi de grande importância o conhecimento
na área de logística, aprendemos como é feito PAURA, G. L. Fundamentos da Logística. Ministério da
todo o processo logístico de uma empresa que Educação: Curitiba, PA., 2012. p. 112.
produz o cavaco, para onde é destinado e no
que é usado, conhecemos também todo o ma- OMACHI, I. H.; RODRIGUES, L. G.; STOLF, M.;
quinário usado nesse processo de fabricação” CANNAVAL, R.; SOBREIRO, R. Produção de biomassa
(Juliana Gonçalves de Oliveira). florestal para exportação: o caso da AMCEL. Biomassa
• “Foi muito importante esse conhecimento na & Energia/Rede Nacional de Biomassa para energia. vol.
área da logística, pois nem sempre sabemos de 1, n. 1. Viçosa: RENABIO: UFV, 2004. p.29-36.
REDE ITEGO.
A educação prossional
garantida pelo Governo
de Goiás.
46 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 43 - 47, 2020.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
ANEXO I – FOTOS
Controle da Logística de bor- Equipe do Itego, alunas, professoras e ge- Alunas, professoras e gerente da
do dos caminhões da Zuf rente da empresa, Wemerson Aparecido Zuf Florestas
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 43 - 47, 2020. 47
RESUMO EXPANDIDO
48 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 48 - 50, 2020.
RESUMO EXPANDIDO
-prima até o consumidor final” (REIS, 2004, p.13). isto Reis (2004) explica que, as constantes transformações
O essencial seria que em cada estabelecimento houvesse do mercado provocam mudanças organizacionais, ou
um profissional da área, contudo algumas cidades meno- seja, provocam mudanças de fora para dentro da empre-
res, como, por exemplo, a cidade de Mara Rosa-GO, não sa, forçando esta a se adaptar ao novo ambiente.
há profissionais para atuar nesta função, que acaba por Neste sentido, uma estratégia é fundamental para posi-
ser efetuada por algum funcionário hábil, treinado pelo cionar e fortalecer a empresa no mercado, como resposta
dono do estabelecimento. imediata a essa adaptação. Assim, a estratégia deve estar
Com o início da pandemia no Brasil, o decreto de estado voltada aos objetivos básicos da empresa, à determinação
de emergência em saúde pública no Estado de Goiás obri- de metas e á eficiência dos processos para melhor atender
gou o fechamento do comércio afetando a taxa crescente às necessidades dos clientes (REIS, 2004, p.10).
de desemprego, diminuindo o fluxo do capital na cidade, O autor (REIS, 2004) evidencia a necessidade de uma
afetando a todos, principalmente os pequenos comer- adaptação do mercado e em sua organização, por meio
ciantes e microempreendedores. de uma estratégia voltada para a empresa, comércio etc.
Assim, para auxiliar o setor produtivo para enfrentar essa Desta forma, espera-se fazer isso a partir de parceria para
realidade, será necessário um trabalho em conjunto e que oferta de uma consultoria, entre o Colégio Tecnológico
terá como finalidade dar apoio aos comércios, lojistas ini- (COTEC) vinculado ao Instituto Tecnológico do Estado
ciantes e com pequenos negócios, para que possam su- de Goiás (ITEGO), a ACIAMAR, a Mineração Amarillo
perar os danos econômicos causados pela pandemia, que e a Prefeitura Municipal de Mara Rosa, visando à reor-
inclua a formação de mão de obra para o momento de ganização e ampliação no setor produtivo local, propor-
retomada da economia local. cionando a capacitação de pessoas para estarem aptas ao
As instituições de ensino também atuam no sentido mercado de trabalho.
de evidenciar seu papel social junto à comunidade lo- Esta estratégia para a cidade de Mara Rosa-GO poderá
cal, integrando seus alunos ao setor produtivo local, promover uma união REDE ITEGO e a Associação Co-
por meio de ações de extensão. Diante deste contexto, mercial, Industrial e Agronegócios de Mara Rosa (ACIA-
a Resolução nº 7/2018-MEC/CNE/CES define como MAR), que serão responsáveis por disponibilizar e exe-
extensão como um processo interdisciplinar contem- cutar as ações de consultoria, cursos e treinamentos, aos
plado na matriz dos cursos, capaz de promover a in- comerciantes, microempreendedores e seus funcionários,
teração transformadora entre entidade de ensino e os para a reorganização e estruturação financeira e de força
outros setores da sociedade, vinculadas ao ensino e à de trabalho dos empreendimentos, capacitando profis-
pesquisa. sionais e assim disponibilizar mão de obra qualificada.
Ainda, podendo também contar com a ajuda da Prefeitu-
RESULTADOS E DISCUSSÃO ra Municipal para divulgar e incentivar o consumo local
dos pequenos empresários, tendo a colaboração e o apoio
Na situação em que se encontra o país neste período, o nas ações da Mineração Amarillo Gold, como ilustra na
mercado tem se modificado e se reinventado para conti- figura 1.
nuar em pé, diante das dificuldades. Em concomitância a
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 48 - 50, 2020. 49
RESUMO EXPANDIDO
50 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 48 - 50, 2020.
RESUMO EXPANDIDO
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 51 - 54, 2020. 51
RESUMO EXPANDIDO
-se a Lei nº 9605/1998 que trata sobre crime ambiental, sa obter sobre seus projetos de investimentos, para man-
inclusive do descarte incorreto de óleo residual de co- ter o valor de mercado de suas ações e atrair os recursos
zinha, a Lei nº 9.795/1999, que dispõe sobre a educação necessários para a empresa”. A ocupação inicial de uma
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Am- empresa deve observar o volume vendido, levando-se em
biental que trata da educação formal em todos os níveis conta o mercado competitivo, a existência entre custos e
de ensino justificando esta proposta no currículo de cur- produção que leva sempre a buscar o entendimento, das
sos técnicos, e a Lei nº 12305/2010, que institui a Polí- noções de custos de curto e de longo prazo. Sendo que a
tica Nacional de Resíduos Sólidos, incluindo a logística empresa considera os custos de curto prazo, ao se modi-
reversa como um instrumento de gestão compartilhada ficarem, os insumos ou produtos de produção, também
dos resíduos sólidos pós-consumo. modificam os valores de custos dos produtos.
O óleo residual de cozinha serve “[...] como matéria-pri- Quanto ao cálculo dos custos Ribeiro (2009, p. 2) destaca
ma na fabricação de diversos produtos, tais como bio- que “[...] a contabilidade é fácil, basta que os assuntos se-
diesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, jam estudados no momento adequado, isto é, de maneira
entre outros.” (OLIVEIRA et al., 2016, p. 1). gradual, sempre partindo de situações mais simples para
Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em situações menos simples, sem desprezar, preliminarmen-
água (hidrofóbicas), de origem animal, vegetal ou te, o estudo das noções básicas da contabilidade”.
mesmo microbiana, formadas predominantemente
de produtos de condensação entre glicerol e ácidos
Para tanto, o levantamento desses conceitos leva a melhor
graxos, chamados triglicerídeos. compreensão das necessidades dos cálculos, conseguindo
A diferença entre óleo (líquido) e gordura (sólida), adequar as quantidades a serem compradas e estocadas,
reside na proporção de grupos acila saturados e in- evitando gastos desnecessários. O levantamento dos cus-
saturados presentes nos triglicerídeos. Nos óleos tos faz-se necessário, para averiguação do patrimônio a
as cadeias carbônicas são insaturadas, tornando-os
líquidos à temperatura ambiente de 20º C, ao passo
ser investido.
que nas gorduras as cadeias carbônicas são saturadas, A partir das informações apresentadas, acerca dos funda-
deixando-as sólidas à mesma temperatura ambiente mentos teóricos e práticos da logística e do cooperativis-
(KUNZLER; SCHIRMANN, 2011, p. 13). mo para o desenvolvimento do projeto do sabão ecológi-
O cooperativismo agrega valores e conhecimentos, bus- co, será apresentada uma reflexão quanto à importância
cando garantir o alcance de objetivos comuns e comu- desse projeto para mobilização dos conhecimentos de
nitários. O cooperativismo surgiu na primeira revolução forma interdisciplinar e para a promoção de um acadê-
industrial representado “[...] a passagem da sociedade mico pesquisador.
rural para a sociedade industrial, a mudança do trabalho Desta forma, a produção do conhecimento por meio des-
artesanal para o trabalho assalariado [...]” quando pes- ta pesquisa visa articular o ensino e a aprendizagem dos
soas se juntaram em cooperação em torno de um mesmo componentes estudados em sala de aula, com o intuito
ideal. Ao longo da história da humanidade, o cooperati- de articular a teoria e a prática, e assim desenvolver nos
vismo, “[...] quase sempre surge em momentos de dificul- acadêmicos a capacidade de reflexão, investigação, leitura
dades e da consciência de fragilidade do homem dentro e análise. Segundo Pescuma (2005, p. 15) “o aluno deve
do mundo em que atua” (SALES, 2010). aprender a ler, entender e reproduzir fielmente o que lê;
Enquanto a logística vem como respaldo trazendo o ma- tornar-se capaz de buscar informações importantes e
terial, a matéria-prima certa, no tempo certo. coletar dados; relacionar as teorias e os dados empíricos
Segundo Ballou (1993) a logística, é a área da administra- [...]”.
ção voltada para os serviços de distribuição de insumos, Nesse sentido, o componente em que é trabalhado o Pro-
matérias-primas e produtos acabados aos consumidores e jeto Interdisciplinar torna-se um momento oportuno
clientes, através de planejamento, organização e controle para a integração dos conhecimentos dos vários compo-
das atividades, desde a área de suprimentos, impactando nentes específicos, com a revisão dos autores estudados
na produção e na distribuição. Já a área da logística rever- no módulo, pois de acordo com Amaral (2013) interdisci-
sa envolve “[...] um conjunto de ações, procedimentos e plinaridade vem do prefixo “inter”, que dentre as diversas
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos conotações que lhe são atribuídas, tem o significado de
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveita- “troca”, “reciprocidade” e “disciplina”, de “ensino”, “intro-
mento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou dução”, “ciência”. Reforçando Silva (2017, p. 15) que:
outra destinação final ambientalmente adequada” (BRA- A interdisciplinaridade é um dos princípios pedagó-
SIL, 2012). gicos definidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais,
tanto para o Ensino Médio quanto para o Ensino Téc-
Partindo dessa premissa, Gitman (1997, p. 382) cita os nico de Nível Médio e Tecnológico. É um desafio a
“custos de capital e a taxa de retorno que a empresa preci- ser alcançado, se apresenta como uma opção capaz de
52 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 51 - 54, 2020.
RESUMO EXPANDIDO
favorecer a integração curricular, uma vez que esti- realidade e presentes na rotina de vida pessoal e profis-
mula a reorganização das áreas do conhecimento, a sional. E assim, percebam o leque de possibilidades para
seleção e organização de conteúdos curriculares e a
definição de metodologias de ensino e aprendizagem
a geração de renda a partir do planejamento, fabricação,
inovadores. administração, comercialização e distribuição da pro-
Nessa perspectiva, o projeto acerca da produção do sabão dução.
ecológico pelos acadêmicos do curso Técnico em Coope- Deseja-se com esta proposta, chamar a atenção dos aca-
rativismo e Logística, visa mobilizar os conhecimentos e dêmicos para a construção de uma visão de mercado,
a formação de profissionais pesquisadores para o olhar com o máximo de conhecimento possível, alinhando os
no mundo do trabalho, com foco na geração de renda e conhecimentos teóricos à prática, visando ainda aguçar
na sustentabilidade, uma vez que são cursos profissionali- em cada acadêmico a curiosidade pela pesquisa.
zantes que precisam aproximar e envolver os acadêmicos
nas problemáticas do seu campo de formação para busca CONSIDERAÇÕES FINAIS
de soluções e contribuições por meio da construção do
saber. Este resumo apresentou a proposta de um trabalho inter-
Corroborando, Moura (2008, p. 217) fala que a unidade disciplinar com os acadêmicos dos Cursos Técnicos em
ensino/pesquisa nos cursos profissionalizantes colabora Cooperativismo e Logística, como uma forma inovadora
para edificar a autonomia dos alunos, porque é por meio e tecnológica de geração de renda, que resultará na cria-
do desenvolvimento da capacidade de aprender a apren- ção de uma Cooperativa de Sabão para fabricação de um
der, proporcionado pela investigação, pela inquietude e produto artesanal, de modo sustentável e com foco no
pela responsabilidade social que o estudante deixa de ser meio ambiente.
um “depósito” de conhecimentos produzidos e transmi- Nesse sentido, a proposta utilizará a logística reversa na
tidos e passa a construir, desconstruir e reconstruir suas coleta do óleo de cozinha já utilizado para a fabricação do
próprias convicções a respeito da ciência, da tecnologia, produto, integrado ao conceito primário do cooperativis-
do mundo e da própria vida. mo, onde um grupo de pessoas se junta em prol de uma
Por fim, é importante ressaltar a Resolução nº 7/2018- mesma ideia, formando uma produção e compartilhando
MEC/CNE/CES que trata as atividades de extensão como de forma igual o lucro obtido desta atividade.
um processo interdisciplinar de formação, destacando A junção dos dois cursos para execução do projeto sabão
as dimensões: político educacional, cultural, científico e ecológico é de grande valia, tendo em vista que são dois
tecnológico. Tal processo está voltado para a articulação estudos distintos, que se agregam e somam forças no mo-
das instituições de ensino com outros setores da socieda- mento da prática, da execução.
de, a partir dos conhecimentos previstos no currículo do
curso, integrando ensino e à pesquisa, envolvendo inter- REFERÊNCIAS
venções, projetos, programas, projetos, cursos e oficinas,
eventos etc. (CNE/CES, 2018). AMARAL, E. B. F. do.; DAVID, D. E. H. Planejamento
integrado interdisciplinar no curso técnico em
RESULTADOS E DISCUSSÃO agropecuária do centro estadual de educação
profissional agrícola da lapa. Cadernos PDE. Paraná,
Esta proposta foi idealizada pelos professores dos Cur- Secretaria da Educação do Paraná, vol. 1, p. 2-29, versão
sos Técnicos em Cooperativismo e Logística do ITEGO online, 2013.
Maria Sebastiana da Silva com o apoio da Coordenação
Pedagógica e será realizado durante todo o período dos BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes,
cursos. administração de materiais e distribuição física. São
Seu início foi postergado por ocasião do estado de emer- Paulo: Atlas, 1993.
gência em saúde pública decretado no Estado de Goiás,
que resultou no início das aulas com atendimento remoto e BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
uso da plataforma de educação a distância (ead.go.gov.br). Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
Partir do início do projeto, que será realizado no labora- derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
tório do ITEGO, espera-se que os acadêmicos dos Cur- ambiente, e dá outras providências. Brasília, DF:
sos Técnicos em Cooperativismo e Logística, adquiram Presidência da República, 1998. Disponível em: http://
conhecimento e reflitam sobre a prática da produção www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm. Acesso
como da autogestão, os ensinamentos mediados no âm- em: 13 mai. 2020.
bito educacional, tornando os conceitos estudados uma
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 51 - 54, 2020. 53
RESUMO EXPANDIDO
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe 1, p. 23-38, jul. 2015. ISSN 2447-1801. Disponível em:
sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/RBEPT/article/
de Educação Ambiental e dá outras providências. view/2863. Acesso em: 26 jun. 2020. doi:https://doi.
Brasília, DF: Presidência da República, 1999.Disponível org/10.15628/rbept.2008.2863.
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm.
Acesso em: 13 mai. 2020. OLIVEIRA, Janara Cristiny C. De; GROSSI, Elton
Carlos; GOMES, Dilma Alves; GUSMÃO, Jussara Maia.
BRASIL. Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Reaproveitamento do óleo de cozinha para a produção
Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação de sabão. Seminário de Iniciação Científica, 5. Anais
Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 [...]. Montes Claros, 2016.
da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de
Educação – PNE 2014-2024 e dá outras providências. PESCUMA, D. C.; ANTONIO PAULO F. de. Projeto
Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: http://www. de Pesquisa – o que é? como fazer?: um guia para sua
in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/ elaboração. São Paulo: Olho d’Água. 2005.
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RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7.ed..
GITMAN, L. J. Princípios de Administração São Paulo: Saraiva, 2009.
financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.
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KUNZLER, Andréia Alaíde; SCHIRMANN, Angélica. Revista Brasileira de Gestão e Engenharia. n. 1, jan./
Proposta de reciclagem para óleos residuais de jun. 2010. Disponível em: http://periodicos.cesg.edu.br/
cozinha a partir da fabricação de sabão. 2011. 37 index.php/gestaoeengenharia/article/viewFile/30/23.
f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Acesso em: 13 mai. 2020.
– Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Medianeira, 2011. SILVA, M. O. da. A interdisciplinaridade como uma
possibilidade no processo ensino: aprendizagem da
MOURA, Dante Henrique. A formação de docentes para educação profissional de nível tecnológico para o
a educação profissional e tecnológica. Revista Brasileira mundo do trabalho. Revista Brasileira da Educação
da Educação Profissional E Tecnológica, [S.l.], v. 1, n. Profissional e Tecnológica, v.2, n,13, 2017.
O caminho
da inovação
passa pela
educação
profissional
54 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 51 - 54, 2020.
TCC
1 Trabalho de Conclusão do Curso Técnico em Transações Imobiliárias pelo ITEGO Genervino Evangelista da Fonseca, 2017.
2 Egresso do Curso Técnico em Transações Imobiliárias pelo ITEGO Genervino Evangelista da Fonseca.
3 Orientadora do trabalho. E-mail: luciele.ibraceds@gmail.com.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 55 - 58, 2020. 55
TCC
aquisitivo da população, mesmo nos países mais desen- imóveis e tem sido essencial para estabelecer o devido
volvidos, as empresas se limitavam a produzir produtos potencial dos corretores de imóveis e imobiliárias em sua
padronizados e de qualidade apenas razoável, não exis- área de atuação, colaborando para o aumento do profis-
tindo uma competição pela preferência do consumidor e sionalismo e qualidade do setor.
muito menos segmentação de mercado. Contudo, observa-se que as imobiliárias não dão a devida
Segundo Kotler apud Serrano (2010), o marketing é um importância para as ações de marketing antes de lançar
conjunto de ações que aplicadas ao mercado tem o poder um produto imobiliário no mercado. Não se pode negar
de influenciar pessoas e grupos de pessoas a obter aqui- a necessidade de uma pesquisa prévia, ainda no desen-
lo de que necessitam e que desejam fovorecendo assim a volvimento do projeto, para identificar o que é realmente
criação de ofertas de livre negociação de produtos e ser- relevante para o consumidor (ALMEIDA apud NASCI-
viços. MENTO, 2013).
Com o desenvolvimento das teorias administrativas, o De acordo com Almeida apud Nascimento (2013), o mar-
termo “marketing” começou a ser empregado nos Estados keting visa analisar o comportamento do consumidor,
Unidos no começo do século XX. Em 1930, foi fundada buscar satisfazer seus desejos e necessidades através de
a American Marketing Association (AMA), uma entidade ações, produtos e serviços que o encante, induzindo-o ao
criada para orientar os profissionais para o desenvolvi- consumo.
mento das atividades do setor. Neste período, as univer- Kotler apud Serrano (2010) aponta que o processo de
sidades norte-americanas ofertavam os primeiros cursos marketing exige ações que promovam o mix ou com-
de marketing, focadas em técnicas de distribuição, ven- posto de marketing, o qual se divide em 4 Ps: a) Pro-
das e pesquisas de mercado. No entanto, até os anos 1960 duto - é tudo aquilo capaz de satisfazer um desejo ou
o que prevaleceu foi o marketing de massa, o marketing uma necessidade, é o planejamento das características
orientado para o produto (PINHO apud CORDEIRO, que definirão o produto e gestão do benefício propor-
2006). cionado pela oferta; b) Preço - é o valor agregado que
Segundo Pinho apud Cordeiro (2006), no Brasil o mar- justifica a troca, envolvendo o valor a ser investido no
keting chegou nos anos 1950, trazido pelas multinacio- contrato de compra ou aluguel do imóvel; c) Praça ou
nais norte-americanas e europeias que aqui se instala- distribuição - é o local ou o meio pelo qual se oferece,
vam: “Encarado inicialmente como uma panaceia para vende e entrega o produto (loja física ou virtual); e, d)
todos os males, uma verdadeira mágica para a solução Promoção - é o sistema de comunicação integrado que
de problemas, o termo marketing não teve na língua por- interage com o mercado: divulgação, promoção (estra-
tuguesa uma tradução com a abrangência e a amplitude tégias de fidelização, etc).
que ele possui”. A essência do marketing é o processo de A utilização do marketing ainda é uma ferramenta
troca, em que duas ou mais partes se dão algo de valor, pouco utilizada no mercado imobiliário de Cristalina,
com o objetivo de satisfazer necessidades recíprocas. acredita-se que seja devido ao pouco conhecimento
Mas a definição da AMA é descritiva e não incorpora que o empresariado local tem sobre esta ferramenta
o conceito de lucro, finalidade essencial da organização tão importante para divulgação de produtos e servi-
comercial. ços, captação e fidelização de clientes. A partir disto,
Kotler apud Serrano (2010) define a administração de o objetivo deste trabalho é identificar as estratégias
marketing como sendo o processo de planejar e executar de marketing utilizadas pela empresa Larúbia Peixoto
a concepção, a determinação de preço, a promoção e a Imóveis, analisar e propor novas ações de marketing
distribuição de ideias, bens e serviços para criar negocia- com o intuito de captar e fidelizar clientes, por meio
ções que satisfaçam metas individuais e organizacionais. deste estudo de caso.
Ainda segundo o autor: “O objetivo real do marketing é Para a realização deste trabalho foi utilizado modelo teó-
ganhar o mercado, não apenas fazer ou vender produtos”. rico-metodológico de natureza qualitativa. Para consoli-
Cordeiro (2006): “A meta do marketing é facilitar as tro- dar o atual estudo, utilizou-se à pesquisa bibliográfica e à
cas para que se aumente a satisfação de todas as partes pesquisa de campo. No que se refere a coleta de dados, foi
envolvidas”. realizada a aplicação de questionário.
A finalidade do marketing imobiliário é traçar o melhor
caminho e determinar as melhores ações a serem aplica- METERIAL E MÉTODO
das pelo corretor de imóveis e imobiliárias, para conquis-
tar e fidelizar clientes, sendo de fundamental importância Neste trabalho optou-se por fazer um estudo de caso, que
para o crescimento de mercado. Entretanto, o marketing busca explorar determinado assunto com uma aborda-
imobiliário vai muito além das ofertas para vendas de gem qualitativa, realizado na empresa Larúbia Peixoto
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TCC
Imóveis, situada na Rua 7 de setembro, Qd.03, Lt.26, Se- • Localização centralizada de ótima visualização
tor Central, Cristalina-GO. e fácil acesso, facilitando assim uma divulga-
A motivação pela escolha desta imobiliária se deu devido ção eficaz com possibilidade de alcançar um
à empresa ser a única no município de Cristalina a uti- grande número de pessoas, e uma sólida par-
lizar algumas estratégias de marketing, objeto de análise ceria com uma grande instituição financeira
deste estudo. amparada por contrato de prestação de servi-
A coleta de dados ocorreu por meio de uma visita técnica ço;
realizada no dia 18 de outubro de 2017. • A empresa também utiliza da propaganda do
boca a boca, apesar de que se trata de uma for-
RESULTADOS E DISCUSSÃO ma mais tradicional de divulgação de produtos
e serviço, porém esse tipo de divulgação tem
O presente estudo foi realizado na empresa Larúbia Pei- um grande raio de ação, tendo em vista o ta-
xoto Imóveis fundada em 2008, por Larúbia Peixoto dos manho do município;
Santos, com a finalidade de prestar serviço de consultoria • Serviço de pós-venda realizada pela imobiliá-
de qualidade ao mercado imobiliário local. Ao longo de ria, visto que um bom pós-venda pode manter
9 anos de atuação no mercado de Cristalina, a imobiliá- os clientes fidelizados a empresa, uma vez que
ria conquistou uma grande quantidade de clientes devido o cliente ao perceber o quanto a empresa dá
sua atuação junto a Caixa Econômica Federal facilitando importância aos seus clientes, cria uma relação
financiamentos imobiliário para todas as classes sociais, mais sólida.
fato que a tornou a única empresa da cidade a firmar par- Em relação aos pontos fracos, que necessitam ser melho-
ceria com a Caixa Econômica Federal como despachante rados, destacam-se:
imobiliário e correspondente bancário. • Pouca divulgação dos produtos e serviços
A empresa é localizada em uma área estratégica, situa- ofertados pela empresa, bem como as formas
da no centro da cidade, onde se tem o maior fluxo de de divulgação que vem sendo utilizada pela
pessoas, tendo assim uma maior visibilidade do seu em- imobiliária;
preendimento. • Não possuir missão, visão e valores, essa pos-
A imobiliária é uma microempresa e possui um pequeno tura empresarial pode vir a impactar a traje-
quadro de funcionários, composta de três pessoas: um tória da empresa rumo ao sucesso. Pois esses
recepcionista, um gerente administrativo e a administra- princípios são o que representa a identidade
dora proprietária. da empresa. Toda empresa necessita ter tais
De acordo com a proprietária a imobiliária ainda não tem princípios e os colaboradores devem saber cla-
em seu plano de negócio a definição de missão, visão e ramente o propósito, assim como a razão da
valores. As atividades desenvolvidas pela empresa abran- existência da organização.
gem: i. os procedimentos para financiamento de imóveis, Atualmente, as mídias sociais são canais de vendas que a
devido à parceria existente entre Caixa Econômica Fede- cada dia estão sendo usados, e o marketing tem explora-
ral e a imobiliária; ii. a intermediação de compra e ven- do todas as possibilidades. Mas observa-se que a Larúbia
das; e, iii. laudos de avaliação mercadológica. Peixoto Imóveis utiliza muito pouco o marketing como
Em relação a plano de marketing, foi observado que a em- um diferencial competitivo, com tantas mídias disponí-
presa utiliza exclusivamente ações de comunicação, com veis apenas uma é utilizada, o “Facebook”.
panfletagem, anúncios em redes sociais e a propaganda A partir desta análise, sugere-se que sejam utilizadas ou-
de boca a boca para a divulgação de seu empreendimen- tras formas de divulgação da imobiliária para aumentar
to. A divulgação por meio da panfletagem é realizada em a divulgação dos serviços prestados pela imobiliária, uti-
pontos estratégicos para divulgação dos produtos e servi- lizando por exemplos, sites para anunciar seus produtos,
ços ofertados pela empresa, onde divulgam diferenciais tais como: Olx, Viva Anúncios, Zip Anúncios, Primeira
dos imóveis em construção, de pronta entrega e em refor- Mão.
ma, convidam o cliente a visitar sua rede social “facebook” Por fim, com este estudo foi possivel perceber que a
ou ligar para ter mais informações. Após o fechamento do proprietária tem pouco conhecimento a respeito da
negócio a empresa também realiza o serviço de pós-ven- importância do marketing no setor imobiliário, mas
da através de contatos telefônicos e “whatsapp”. não descarta possibilidade de futuramente desenvol-
Durante a visita técnica na empresa, foi possível verificar ver um planejamento mais agressivo na área do mar-
as potencialidades e as fraquezas da imobiliária. Os pon- keting.
tos fortes podem ser melhor explorados:
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58 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 55 - 58, 2020.
TCC
1 Trabalho de Conclusão do Curso Técnico em Transações Imobiliárias pelo ITEGO Genervino Evangelista da Fonseca, 2017.
2 Egresso do Curso Técnico em Transações Imobiliárias pelo ITEGO Genervino Evangelista da Fonseca.
3 Orientadora do trabalho.
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TCC
Neste sentido, o Ministério do Turismo (2011) elaborou Tendo em vista tudo que foi abordado, é notório que a
um novo modelo de classificação dos meios de hospeda- qualidade dos serviços prestados está direta e inteiramen-
gem com o intuito de tornar a competitividade mais am- te focada no cliente final, pois sendo este o utilizador do
pla no país para o setor. A nova classificação dos meios de serviço disponibilizado, é quem avalia e determina se suas
hospedagem foi elaborada em parceria com o Instituto Na- expectativas foram atendidas ou mesmo superadas.
cional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), A finalidade da pesquisa aqui relatada foi conhecer o aten-
a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) e a sociedade dimento da qualidade dos serviços prestados pelo Cris-
civil. Cada categoria deverá atender os pré-requisitos mí- tal Park Hotel, situado na cidade de Cristalina, estado de
nimos para se adequarem ao novo sistema, de acordo com Goiás, atende aos pré-requisitos de qualidade nos seviços
o nível da infraestrutura e serviços oferecidos, o estabeleci- de hotelaria, que é uma atividade muito antiga.
mento é acrescido de uma ou mais estrelas. Cristalina tem uma população segundo o IBGE de 55.347
Os meios de hospedagem existentes são: a) Hotel – de 1 habitantes, seu PIB per capita é de 34.894,12 (ano 2014) e
a 5 estrelas; b) Hotel Fazenda – de 1 a 5 estrelas; c) Cama percentual de fontes externas de 76,3% (ano 2015) com o
& Café – de 1 a 4 estrelas; d) Resort – de 4 a 5 estrelas; e) 7º maior PIB agrícola do país, Cristalina tem a maior área
Hotel Histórico – de 3 a 5 estrelas; f) Pousada – de 1 a 5 irrigada da América Latina é uma grande produtora de
estrelas; g) Flat/ Apart- Hotel – de 3 a 5 estrelas. soja, milho, sorgo, eucalipto, batata e alho. Antigamente
Recentemente o foco principal dos hotéis, em todos os se- sua principal fonte econômica era a extração dos cris-
tores, tem sido a busca contínua pela melhoria da qualida- tais, era conhecida como a “terra dos cristais”, com isso
de de seus serviços. A qualidade foi um diferencial antiga- inúmeras famílias tiravam seu sustento desta atividade
mente, mas na atualidade é mais uma exigência imposta e trazia turistas em busca do artesanato e comercializa-
pelo mercado, para garantir que o produto e/ou serviço si- ção das pedras. Atualmente a pedra perdeu espaço para a
gam os padrões mínimos especificados. Diante deste fator agronomia já que nos dias de hoje não se vê tanto retorno
busca-se a satisfação do cliente, que é o consumidor final e financeiro deste. Atualmente, o turismo em Cristalina é
também o sucesso da empresa (SEBRAE, 2000). estimulado pelo agronegócio, onde muitos clientes que se
Os consumidores a cada dia tornam-se mais criteriosos, hospedam com a principal necessidade de ter um lugar
devido a essa questão quando um setor carece de uma me- para repousar vindos especialmente a trabalho. A cidade
lhor qualidade exige uma maior atenção e compromisso tem inúmeros atrativos turísticos dentre eles estão: as lo-
dos empreendedores, sendo assim se faz necessário à bus- jas de lapidação dos cristais, Balneário das Lages, Pedra
ca por melhorias. Não investir em qualidade de prestação Chapéu do Sol e a Reserva particular Serra dos Topázios.
de serviços pode custar muito mais caro. [...] “investir em Pouco se sabe do começo da hotelaria na cidade de Crista-
qualidade resulta em menos defeitos, produtos melhores, lina, atualmente os turistas podem ter uma grande diversi-
posição financeira melhor, maior bem-estar, menos giro dade de hotéis na cidade seja desde hotéis pequeno, médio a
de pessoal, menor absenteísmo, clientes satisfeitos e uma grande porte, sendo notório o investimento dos empreende-
imagem melhor” (CASTELLI, 1994, p. 15 - 16). dores locais neste ramo, tendo em vista que é cada vez maior
De acordo com Campos (1992, p. 02), um “[...] serviço a quantidade de hospedagens que a cidade oferece.
de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma O Cristal Park Hotel, um empreendimento de hospeda-
confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo gem estabelecido na cidade é o objeto deste estudo. O
certo às necessidades do cliente”. Sendo assim, é de suma empreendimento tem como objetivo se tornar um dife-
importância seguir um padrão de qualidade elevado e de- rencial na hotelaria local, seja na estrutura como no aten-
monstrar ao cliente que o empreendedor busca melhor dimento, prezando pelo conforto e qualidade. Seu desig-
atendê-lo com a qualidade que ele procura, gerando con- ner também não fica de lado com uma grande estrutura,
fiança no serviço prestado. que em breve contará com um elevador. O hotel é bem
Contudo, mesmo com todos os motivos, tudo refere-se administrado já que se observa uma grande preocupação
ao cliente, pelo bom atendimento e qualidade percebida em melhorais prezando o bem estar e a satisfação de seus
pelo mesmo, realmente destacando a empresa das de- clientes.
mais. Conforme Almeida (2001), a percepção do cliente Segundo Castelli (2016, p. 33) a gestão de qualidade total
em relação ao atendimento depende da sua necessidade pode ser descrita como um modelo gerencial em que a
momentânea, da sua personalidade, experiência e estado empresa por meio de controle ou da gestão dos proces-
de espírito. É fato que há vários tipos de clientes, devi- sos, busca satisfazer as necessidades de todas as pessoas
do a isso o staff do atendimento precisa estar preparado as quais tem compromisso. Cabe acrescentar que, des-
para atender de forma personalizada, tendo em vista que de o desenvolvimento das normas da ABNT NBR ISO
a maioria da clientela já tem certa experiência e expecta- 8402:1994, a gestão da qualidade consiste no conjunto de
tivas quanto ao serviço que lhe será prestado. atividades coordenadas para dirigir e controlar uma or-
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ganização com relação à qualidade, englobando o plane- 3 na recepção (check in, chek out e reservas), 2 na gover-
jamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. nança (limpeza e higienização dos ambientes e rouparia),
Entretanto, para satisfazer as clientes e atender suas ne- 1 copeiro, 1 na lavanderia. Nenhum destes tem formação
cessidades na sociedade atual, as empresas precisam ter na área do turismo e o recrutamento é feito por meio de
compromisso com os clientes evidenciado em seu plane- divulgação no Sistema Nacional de Emprego (SINE), no
jamento, uma preparação preventiva e futura, no qual o sistema de rádio, nos classificados e por indicação.
meio hoteleiro busca melhoria para satisfazer seu cliente. O empreendimento ainda não tem missão, visão e valores
Desta forma, o objetivo deste estudo é avaliar e entender o pla- defnidos, mas o plano de negócios encontra-se em fase de
nejamento no Hotel Cristal Park, como é o processo de traba- elaboração. Seu público alvo é na sua maioria composto
lho e qual a busca pela qualidade de serviço ofertado no hotel. por prestadores de serviço do agronegócio, que é a prin-
cipal fonte de economia do município.
MATERIAL E MÉTODO O hotel utiliza a internet como meio de divulgação como
fanpage e site de reservas, além de ter vínculos com em-
A metodologia utilizada neste trabalho foi uma pesquisa presas parceiras, agências de viagem, além de usar cartões
de campo, apoiada nas técnicas de entrevista e observação, de visita.
com o propósito de se alcançar os resultados, assim de- O hotel se preocupa com a sustentabilidade, utilizando equi-
senvolvendo este método, seguindo o conceito de Lakatos pamento de aquecimento solar, desligando os frigobares dos
(2016) de conseguir informações e/ou conhecimento acer- quartos quando não estão em uso, adquirindo frutas da épo-
ca de um problema, para qual se procura uma resposta ou ca para servir e fazer os sucos no café da manhã.
de uma hipótese, que se queira comprovar. O objetivo deste estudo no Cristal Park Hotel foi avaliar
No que se refere à pesquisa, este estudo apoiou-se em o empreendimento, buscando responder os questiona-
pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo de acordo mentos acerca da qualidade dos serviços prestados pelo
com Severino (2016) a descrição e classificação dos livros referido estabelecimento.
e documentos similares, seguindo critérios, tais como au- Observa-se que é preciso que um estabelecimento no
tor, gênero literário, conteúdo temático, dados etc. ramo de hospedagem fique atento com o propósito de se
A pesquisa foi documentada em forma descritiva elabo- ter uma excelente organização, tendo sempre em vista: i.
rando um relatório, analisaram-se os dados contidos e a melhoria continua para os clientes; ii. a qualidade nas
pesquisou-se através de sites e especificamente do site do instalações; iii. a hospitalidade; iv. o conforto; v. a segu-
referido hotel, e, por fim, verificou-se a importância da rança; vi. a boa localização; vii. o atendimento nos servi-
qualidade dos serviços do Cristal Park Hotel. O estudo ços prestados; viii. preocupação com a sustentabilidade;
teve como propósito analisar e observar o trabalho elabo- ix. visão de futuro.
rado e seu nível de qualidade. O ramo de hospedagem é cada vez mais competitivo e
na região de Cristalina os empresários estão despertando
RESULTADOS E DISCUSSÃO para suprir esta demanda latente. Entretanto, nota-se que
alguns problemas e/ou dificuldades são comuns em todos
O Hotel Cristal Park, objeto deste estudo, está situado à os estabelecimentos, tornando-se assim imprescindível
rua Otaviano de Paiva, nº 900, no centro de Cristalina. que os mesmos busquem a melhoria de seus processos.
Bem localizado, o empreendimento está em local de mui- Analisando os dados levantados, identificou-se como
ta curculação de pessoas, ao lado da prefeitura, perto de pontos fortes: a boa localização, limpeza, quartos acon-
lojas, restaurante, padaria e bares. chegantes com preços variáveis, recepção com 24 horas,
Fundado em 2005 com 11 quatros simples e remodela- segurança, serviço de quarto, café da manhã, TV a cabo,
do em 2012, o empreendimento está em reforma para WI-FI, ar-condicionado em todos os quartos, estaciona-
a instalação de um elevador para maior comodidade e mento e elevador em fase de acabamento.
acessibilidade de novos hóspedes. A quantidade de aco- Pontos a serem melhorados, constatou-se que o hotel
modações atualmente é de 32 quartos, distribuídos em 3 não tem programa de gestão de pessoas e não existe um
andares, sendo 11 no 1º e 2º andar e 10 no 3º andar, cada treinamento periódico para melhorar o desempenho dos
quarto possuí banheiro, frigobar, armário, TV Led a cabo, profissionais, que não tem formação na área do turismo
WI-FI. O meio de hospedagem oferece serviços de café e não dominam nenhuma língua estrangeira. O hotel
da manhã, serviço de quarto, estacionamento privativo, também não oferece: cofre, atividades de entretenimento,
internet WI-FI, TV a cabo, ar-condicionado e lavanderia. nem almoço ou jantar.
O hotel também disponibiliza de um salão de eventos para Algumas oportunidades de melhoria identificadas, foram:
locação, mas não tem equipe de organização de eventos. • Apresentar uma gestão de pessoas competente
São sete funcionários distribuídos em dois turnos, sendo para que o hotel forme um bom time de fun-
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62 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 59 - 62, 2020.
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Cultura vivenciada (praticada ou fruída) no tempo ou seja, para a hospedagem. Ainda de acordo com Cas-
disponível. O traço definidor é o caráter desinteressado telli (2007, p. 46), o hotel é “uma edificação que, median-
desta vivência. Não se busca, fundamentalmente outra
recompensa além da satisfação provocada pela situa-
te o pagamento de diárias, oferece alojamento à clientela
ção. A disponibilidade de tempo significa possibilidade indiscriminada”.
de opção pela atividade prática ou contemplativa. Hotel é uma “Edificação com localização preferencial-
Por sua vez o entretenimento, engloba todas as atividades mente urbana; normalmente com vários pavimentos
que de certa forma promovem bem-estar, relaxamento, (partido arquitetônico vertical). Oferece hospedagem e
cultura e hospitalidade, exercidas por anfitriões hotelei- alguma estrutura para lazer e negócios. UHs4 com ba-
ros preocupados em oferecer um serviço de qualidade nheiro privativo (ou em no mínimo 60% das UH, para os
para seus hóspedes, no caso dos serviços de hospedagem. que já operavam)” (EMBRATUR, 2008, p. 32). Segundo
Como não poderia deixar de ser, o lazer e o entreteni- Sancho (2001, p. 79) a hotelaria, pode ser definida como
mento se complementam, a única diferença entre eles “o sistema comercial de bens materiais e inatingíveis dis-
está no tempo em que se destina a esta prática, já que o postos para satisfazer às necessidades básicas de descanso
lazer engloba o tempo de turismo e o tempo de recreação, e alimentação dos usuários fora de seu domicílio”.
sendo que no entretenimento é a realização de uma ativi- Para Vieira (2003), o hotel é considerado uma organiza-
dade específica. ção, pois está associado a um grupo de pessoas que exerce
Os empreendimentos hoteleiros utilizam instrumentos diferentes funções para atingir um objetivo comum. Esse
ligados ao lazer para expandir sua diversidade de servi- objetivo é oferecer ao hóspede o melhor serviço, o me-
ços ofertados, fazendo com que os hóspedes tenham mais lhor atendimento, o melhor preço e a melhor satisfação.
opções de escolha. Castelli (2003) expõe que os hotéis de- Ou seja, o hotel, através da comunicação e do trabalho de
vem possuir uma infraestrutura específica para o lazer, pessoas em diferentes áreas, deve proporcionar ao hós-
proporcionando uma série de opções e, que, não necessa- pede/cliente o melhor: serviço, atendimento, preço para
riamente, poderão influenciar em lucratividade, mas que satisfazer plenamente todas as suas necessidades e garan-
afeta de alguma maneira o lado emocional dos hóspedes, tir seu retorno. Complementando, o autor define: “Meio
por proporcionar experiências. de hospedagem mais convencional e comumente encon-
Em alguns meios de hospedagem encontra-se a opção da trado em centros urbanos. É o estabelecimento onde os
recreação, uma área utilizada em hotéis voltados ao lazer, turistas encontram hospedagem e alimentação em troca
que propõe uma série de atividades direcionadas ao lúdi- de pagamento por estes serviços. Hotel é uma empresa
co. Lohmann e Panosso (2008, p. 83-84) citam que “[...] pública que visa a obter lucro oferecendo ao hóspede alo-
a recreação é de extrema importância para a sociedade, jamento, alimentação e entretenimento” (VIEIRA, 2003,
pois, por meio dela, é possível obter uma maior integra- p. 39).
ção social, desenvolver o espírito de grupo de crianças Observa-se que o setor hoteleiro tem explorado de forma
e adultos, dar vazão as pressões cotidianas e melhorar o comercial a prática do lazer e do entretenimento em seus
equilíbrio emocional das pessoas”. estabelecimentos, de forma direta ou indireta, para aten-
Algo muito importante a considerar quando se contem- der as exigências dos hóspedes, diferenciando os hotéis
pla o tema recreação, é a possibilidade da inserção de entre os que oferecem esse tipo de serviço dos demais.
atividade que pode contemplar diferentes idades, tanto O tema lazer e entretenimento foi selecionado neste es-
o público infantil como para as demais faixas etárias, tudo por ser um diferencial que vem ganhando destaque
adequando cada ação as necessidades de cada indivíduo. por sua importância nos últimos anos. No município de
Para Moletta (2003, p. 11) Cristalina, estado de Goiás, esta área é pouco desenvol-
[...] somente nas horas de lazer, existe tempo dispo- vida ou não recebe investimentos significativos. Consi-
nível para praticar atividades recreativas. Esses são derando que os hóspedes estão mais exigentes quanto
os elementos ativos para o processo criativo e de al-
to-expressão, por isso, podem atingir todas as faixas
aos serviços oferecidos pelo setor hoteleiro, a elaboração
etárias, classes sociais, estilos de pessoas, etc. deste estudo foi fundamental seja para conhecer a práti-
Neste contexto, os meios de hospedagem devem ser cientes ca dos hotéis de Cristalina, como também de analisar o
que, além de oferecer um serviço ligado à recreação, é ne- impacto no setor hoteleiro dos pontos de vista negativo
cessário considerar as necessidades de seus hóspedes para e positivo.
proporcionar um excelente trabalho e não tornar sua ex- Uma vez conhecendo os impactos dos serviços de lazer
periência frustrante, gerando uma avaliação desfavorável. e entretenimento, poderão ser discutidas as vantagens e
Os hotéis, segundo Castelli (2007) são empresas de hos- as desvantagens da implementação deste serviço, como
pedagem inseridas no sistema turístico como produto. A forma de melhorar a eficiência do Setor Hoteleiro de
empresa hoteleira dá o suporte para a estadia do turista, Cristalina.
64 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 63 - 66, 2020.
TCC
Assim este trabalho teve por objetivo geral fazer um nado, onde é servido o café da manhã preparado por sua
levantamento dos hotéis que oferecem lazer e entrete- equipe observando os requisitos de higiene necessários.
nimento no município de Cristalina, identificando o O hotel possui 28 funcionários, que desempenham servi-
impacto desses atrativos para o desenvolvimento e cresci- ços de recepção, jardinagem, lavanderia, cozinha, cama-
mento do setor hoteleiro local. reiras, limpeza e gestão.
De forma específica, o estudo buscou conceituar, carac- Uma preocupação do hotel com seus hospedes é de-
terizar lazer e entretenimento e descrever o segmento monstrada pelos quartos adaptados para atender pes-
hoteleiro. Ainda, identificar os hotéis que oferecem lazer soas com deficiências (PCD) ou mobilidade reduzida,
e entretenimento no município e quais as atividades ou com barra de apoio junto ao sanitário, porta com di-
serviços oferecidos. Por fim, analisar a importância e o mensões maiores do banheiro, sem box, com barras
impacto dessas atividades para o crescimento e desen- de apoio no chuveiro e ainda uma estrutura que au-
volvimento do Setor Hoteleiro em Cristalina. xilia o banho de pessoas com deficiência ou idosos.
O hotel tem dispositivos para economia de energia em
MATERIAL E MÉTODOS toda a sua estrutura, sendo acionado pelo cartão de acesso
do quarto. Possui também lavanderia própria que supre
A metodologia utilizada neste estudo pode ser classifica- todas as necessidades do hotel, e oferece serviço tercei-
da quanto aos meios e quantos aos fins. Quanto aos fins, rizado de lavanderia para os clientes quando solicitado.
esta investigação é explicativa, isto porque neste trabalho Com relação ao lazer e entretenimento, pode-se verificar
objetiva tornar justificável a necessidade de se estudar o que essa área é bem deficitária, possuindo apenas uma
lazer e o entretenimento. academia para atender aos seus hóspedes. Neste sentido,
Quanto aos meios, trata-se de pesquisa de campo, rea- a gerente informou que o foco principal do hotel é o aten-
lizada diretamente nos hotéis que aceitaram participar dimento voltado a atividade do agronegócio, principal
da pesquisa. Simultaneamente, pode ser também clas- atividade econômica do município de Cristalina. Entre-
sificada como pesquisa documental, visto que neste tanto, é uma reclamação dos hóspedes a ausência de uma
estudo serão utilizados documentos particulares e ofi- piscina.
ciais do ramo e da unidade hoteleira, e, também como
pesquisa bibliográfica, realizada por meio da leitura de • HOTEL RECANTO DOS CRISTAIS
livros, revistas, jornais, artigos e sites da internet.
O universo da pesquisa de campo estará relacionado a O Hotel Recanto dos Cristais, um hotel fazenda, locali-
poucas unidades, especificamente o Ity Hotel e o Hotel za-se na Fazenda Trevo, BR 040, KM 92, zona rural do
Recanto dos Cristais, e buscará entender o setor hoteleiro município de Cristalina. É um hotel fazenda com o po-
no município de Cristalina e sua visão do lazer e entrete- tencial turístico e a beleza natural que inspira à reflexão e
nimento, através de técnicas de observação, entrevistas, ao relaxamento.
elaboração e aplicação de questionário estruturado, pos- O hotel tem 10 quartos e 2 chalés, tem um ambiente agra-
sibilitando mais fundamentos para análise das informa- dável, limpo e bem decorado, além de uma bela vista para
ções coletadas. um lago, onde é possível pescar e desfrutar do final da
A coleta de dados foi realizada com representantes dos tarde.
empreendimentos, com apoio de um roteiro, ocorrendo A equipe do hotel é composta por 10 funcionários que
mês de fevereiro de 2020. realizam atividades ligadas ao preparo de alimentos e aos
cuidados com os animais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Os hóspedes têm livre acesso à cozinha do hotel, propor-
cionando interatividade, na preparação do seu próprio
Este estudo foi realizado nos empreendimentos Ity Hotel alimento, podendo utilizar a churrasqueira, por exemplo,
e Hotel Recanto dos Cristais, cujas informações são des- promovendo desta forma bem-estar. Como a legislação
critas aqui. sanitária exige que o local do preparo dos alimentos seja
fechado, o hotel está investindo na construção de uma co-
• ITY HOTEL zinha fechada.
O hotel tem uma obra em andamento que deverá desen-
O Ity Hotel localiza-se no Setor Noroeste, Rua Amazonas, volver ainda mais seu potencial turístico, como constru-
quadra 51, lote 01, em Cristalina, com uma área construí- ção de piscinas, ofurô, terapia com cristais, lanchas, peda-
da de 3.200 m², sendo 63 apartamentos dispostos em 4 leiras, quiosques, espaço de meditação e a construção de
andares. O hotel tem um espaço amplo, ventilado e ilumi- uma mandala. Quando acrescido aos serviços do hotel,
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que atualmente, oferecem retiro para descanso e relaxa- de hospedagem para o seu público alvo, que são pessoas
mento, com massagens e terapias alternativas, pode-se que trabalham com o agronegócio. Eles recepcionam
observar que o hotel fazenda dispõe de uma grande va- com grande excelência e oferecem um serviço de altíssi-
riedade de atividades aos seus hóspedes, com uma vista ma qualidade e preço compatíveis com mercado cristali-
maravilhosa do cerrado, passeios por trilhas, que podem nense. Embora a qualidade de seus serviços, mesmo as-
ser realizadas por meio de jipe, bicicleta, a pé ou a cavalo, sim falta um diferencial para promover um relaxamento
além de pescaria e academia. aos seus hóspedes, como uma piscina e um bar interno,
que promoveriam entretenimento aos seus clientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS No desfecho deste estudo, constatou-se que a estrutura
hoteleira no município de Cristalina está preocupada em
O tema desenvolvido neste trabalho refere-se exclusiva- atender exclusivamente o setor agropecuário, sem levar
mente sobre o lazer e entretenimento, que são as ativida- em conta o potencial turístico local, uma área que merece
des praticadas no tempo livre de cada pessoa, ao qual a ser desenvolvida e explorada pelo setor hoteleiro, como
diferença entre eles é somente o tempo destinado a cada em outras localidades que se pode mencionar: Pirenópo-
um. A prática do lazer e do entretenimento dá-se de di- lis, Caldas Novas, Alto Paraíso, dentre outras cidades.
versas formas, desde atividades como ler um livro, ficar
deitado ou até fazer atividades físicas. REFERÊNCIAS
O lazer e o entretenimento no setor hoteleiro têm rele-
vância, pois é um diferencial para o meio de hospedagem, BRASIL. Anuário de 2008. EMBRATUR.2006. Brasília:
e também de oferecer uma diversão para seus hóspedes, Ministério do Turismo, EMBRATUR, 2008. Disponível
além de ser uma área que tem um retorno financeiro. em: http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_
Porém o que foi observado nas visitas técnicas é que os acoes/informacao_estudos/index.html. Acesso em: 15
hotéis geralmente não oferecem serviços de lazer e entre- set. 2009.
tenimento. Segundo os representantes dos hotéis pesqui-
sados, seus hóspedes que só vem para descanso, porém, CASTELLI, G. Administração hoteleira. Caxias do Sul:
há algumas exceções aos quais os hóspedes acabam falan- Educs, 2003.
do que seria bom ter áreas destinadas a prática do lazer e _________. Gestão hoteleira. São Paulo: Saraiva, 2007.
entretenimento.
No Hotel Recanto dos Cristais são oferecidas atividades DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular: debates. São
de lazer e entretenimento, além dos serviços de hospe- Paulo: Perspectiva, 1976.
dagem tradicional. A qualidade está presente em cada
detalhe, é um atendimento personalizado efetuado pe- LOHMANN, G.; PANOSSO, A. N. Teoria do turismo:
los próprios proprietários promovendo um serviço com conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph. 2008.
aquele carinho de “vó”. Este é um grande diferencial do
local, mostrando que seus proprietários estão antenados MARCELLINO, N. C. Lazer e educação. Campinas: Pa-
com os conceitos de atendimento humano. pirus, 2006.
Os hóspedes do Hotel Recanto dos Cristais buscam ati-
vidades desenvolvidas ao ar livre, e o hotel disponibiliza MOLLETA, V. B. F. Turismo de entretenimento e lazer.
diversas práticas ligadas a biodiversidade da região, pro- Série desenvolvendo o turismo, v.10. Porto Alegre: SE-
porcionando um diferencial em termos de contato com a BRAE, 2003.
natureza. Imersos em meio às áreas verdes, há variedades
de passeios, como: trilhas (jipe, bicicleta e a cavalo), pes- SANCHO, Amparo. Introdução ao turismo. São Paulo:
ca, academia, garimpo, cavalgada e locais de jogos. Deste Roca, 2001.
modo, os hóspedes tem acesso à observação de aves e ani-
mais endêmicos do Cerrado. VIEIRA, P. A pequena produção e o modelo catarinen-
Já no Ity Hotel, embora não ofereça os serviços de lazer e se de desenvolvimento. Florianópolis: APED, 2003.
entretenimento, seus gestores zelam pelo melhor serviço
66 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 63 - 66, 2020.
TCC
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 67 - 70, 2020. 67
TCC
Kerr, pesquisador brasileiro, deu início ao que são con- melhoramento genético estão sendo utilizadas por api-
siderados os primeiros trabalhos brasileiros sobre me- cultores do Norte Goiano.
lhoramento das abelhas Apis mellifera. Assim, a atividade A pesquisa foi realizada por meio de estudo de caso, sen-
começou a crescer apenas no decorrer dos anos de 1970, do utilizados métodos de observação e entrevistas através
devido às técnicas de manejo adequadas para a espécie de visitas técnicas em apiários da região de Porangatu,
(KERR, 1982). junto a um técnico em apicultura. Assim, foram realiza-
Segundo Martinez e Soares (2012), a produção animal das entrevistas semiestruturadas contendo 10 perguntas
resulta do conjunto da utilização racional das ações ge- referentes às experiências e atividades realizadas no apiá-
néticas e ambientais, sendo a parte genética o limitante rio, bem como sobre as técnicas de melhoramento que
para a capacidade de resposta dos animais aos processos estão sendo utilizadas pelos apicultores da região.
seletivos. Assim, somente através do melhoramento si- Por meio de uma revisão teórica sobre os assuntos que
multâneo da composição genética dos animais e das con- envolvem o melhoramento genético, principalmente em
dições ambientais torna-se possível atingir níveis altos de Apis mellifera. Por meio da pesquisa bibliográfica e visan-
produção. do a contextualização do tema abordado foram realiza-
Atualmente a apicultura conta com apoio de estudos cien- das leituras de obras e artigos científicos publicados em
tíficos e tecnológicos para melhoramento genético. Vá- revistas científicas indexadas referentes à área pesquisa-
rios estudos realizados por muitos pesquisadores (SOA- da, proporcionando embasamento teórico à pesquisa e
RES, 2004; PEREIRA et al., 2013; MATTOS, 2016), como garantindo legitimidade e credibilidade de sua produção.
os estudos sobre melhoramento genético de população
de abelhas do professor Kerr (1982; 1983; 2006), buscam RESULTADOS E DISCUSSÃO
melhorar a resistência e consequentemente o desempe-
nho dos enxames, com o melhoramento, as colmeias irão Os apicultores entrevistados que utilizam melhoramento
realizar um trabalho mais eficiente e com isso a produção genético em suas colmeias relataram que utilizam essas
de mel e dos demais produtos por elas produzidos terão técnicas em todas as colmeias, quando possível, para o
um aumento significativo em relação as colmeias de en- aumento da produtividade de mel há uma média de dois
xames comuns. anos. Com relação ao que os incentivaram a utilização o
O melhoramento genético é muito utilizado para que melhoramento, os apicultores informaram que esta von-
se tenha um aprimoramento em produção na área apí- tade apareceu e influenciou a investir profissionalmente,
cola, por esse motivo os pesquisadores buscam aumen- através de uma atividade com alta produtividade. Além
tar a resistência dos enxames e com isso consequente- de produzir mais com poucos enxames, uma vez que,
mente o apicultor terá mudanças positivas em relação com a mão de obra escassa, se faz necessário a potencia-
a produtividade das colmeias. Porém, o intenso cru- lização do enxame.
zamento genético entre espécies pode resultar em aci- Para os apicultores o manejo das técnicas não apresenta
dentes, como ocorreu com a abelha africanizada, uma dificuldades, sendo utilizadas as técnicas de seleção dos
espécie que é a grande maioria no país, ainda assim é a melhores enxames e divisão (seleção natural) e método
melhor opção, afinal o sucesso desse método pode sig- espanhol. Nesse sentido, Kerr (1982) explicam que a sele-
nificar grandes avanços no ramo da apicultura (KERR, ção das abelhas constitui o primeiro método em popula-
1983). ções que não passaram por nenhum melhoramento.
O Território Rural Norte Goiano contribui com uma pro- A seleção natural consiste na seleção de matrizes, machos
dução anual média de mel de 45.720 kg/mel (IBGE - pro- e fêmeas, seguindo uma linhagem genética, com rigoro-
dução pecuária municipal 2014), a produção por colmeia so padrão de seleção, visando manter a origem genética
situa em torno de 15 kg/colmeia/ano. Na literatura não com características desejáveis para produção e sanidade
são encontradas pesquisas sobre os métodos de melhora- (PAIVA, 2011).
mento genético na atividade apícola utilizados na região. O método espanhol consiste em pegar um quadro com
Assim, este estudo tem o objetivo de verificar os métodos crias e deixá-lo em posição horizontal, com isso as abe-
de melhoramento genético em Apis mellifera utilizados lhas operárias puxam realeiras nas crias mais fortes e ali-
para aumentar a produtividade apícola no Norte Goiano. mentá-las com geleia real.
Para os apicultores poderiam ser utilizados outros mé-
MATERIAL E MÉTODOS todos, porém os utilizados atendem suas necessidades,
considerando que todos os métodos podem ser utilizados
O presente artigo é de caráter qualitativo, pois visa expli- na região Norte de Goiás, apesar do clima interferir um
car por meio de métodos e teorias, quais as técnicas de pouco na produção de cada técnica. Ainda, os entrevis-
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TCC
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 67 - 70, 2020. 69
TCC
(Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão PEREIRA, et al. Produção de rainhas (Apis mellifera L.),
Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 136 p. e taxa de fecundação natural em quatro municípios do
2012. nordeste brasileiro. Revista Verde. Mossoró, RN., v. 8, n.
2, p. 09-16. 2013.
MATTOS, I. M. Estudo do melhoramento genético no
sistema produtivo de pólen apícola e suas implicações ROLIM, M. B. Q., et al. Generalidades sobre o mel e
na saúde das abelhas Apis mellifera L. 2016. 114 f. Tese parâmetros de qualidade no Brasil: revisão. Medicina
(Doutorado em Genética) – Faculdade de Medicina de Veterinária .UFRPE, v.12, n.1, p.73-81. 2018.
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto, 2016. SOARES, A. E. E. Captura de enxames com caixas
iscas e sua importância no melhoramento de abelhas
PAIVA, C. S. Produção de abelhas rainha africanizadas africanizadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
(Apis mellifera L.) sob o efeito do sol e de área APICULTURA, 15. 1CONGRESSO BRASILEIRO
sombreada. 2011, 40f. Mossoró, RN. Monografia DE MELIPONICULTURA, 1. Anais [...]. Natal – RN:
(Bacharelado em Zootecnia) – Universidade Federal Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, 2004.
Rural do Semi-árido, Mossoró, RN, 2011.
Nosssa missão:
trazer conhecimento
e inovação para a
vida prática.
70 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 67 - 70, 2020.
TCC
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 71 - 73, 2020. 71
TCC
processo produtivo está sujeito também a outros proble- e artigos científicos publicados em revistas científicas in-
mas como: o envelhecimento da rainha, falta de alimento, dexadas referentes ao tema pesquisado, proporcionando
enxameação, exposição a agrotóxicos, dentre outros (AL- embasamento teórico à pesquisa e garantindo legitimidade
MEIDA et al., 2013). e credibilidade de sua produção. Assim, foi realizada uma
A ocorrência de tais problemas nas colmeias pode dimi- revisão teórica dos assuntos sobre problemas em apiários,
nuir a produtividade do enxame, pois quando morrem medidas preventivas e técnicas de manejo.
abelhas adultas ou até mesmo as crias, o enxame fica me-
nor e a produção diminui. Em casos mais graves, o api- RESULTADOS E DISCUSSÃO
cultor pode perder todo o seu enxame, pois quando a col-
meia fica muito fraca com poucos indivíduos, as abelhas De acordo com os apicultores entrevistados, todos rea-
têm o habito de enxamear (SANTOS; MENDES, 2016). lizam visitas e fazem revisões nos apiários de 15 em 15
Segundo dados da Cooperativa dos Apicultores e Agri- dias, mantendo assim suas caixas em bom estado de con-
cultores Familiares do Norte Goiano (COOPERMEL), o servação e deixando seus enxames sempre fortes. Matos
território do Norte Goiano tem uma produção média de et al. (2014) explica que para os apicultores que usam
45.720 kg/mel/ano (IBGE, 2014), entre estes, 24.990 kg/ apiários fixos, o melhor a fazer é manterem essas colônias
mel/ano (IBGE, Produção pecuária municipal 2014), são fortes para quando começar as chuvas, colherem mel nos
produzidos no município de Porangatu, sendo a produ- primeiros meses, para não ter de esperar o enxame ficar
ção por colmeia em torno de 15 kg/mel/ano. forte outra vez.
Em Porangatu a exploração apícola é feita por pequenos Por outro lado, ainda que os apicultores tomem medidas
apicultores que tem na atividade uma complementação para deixar os enxames sempre fortes, ainda há proble-
de renda familiar com média de 30 colmeias e não se mas físicos, químicos e biológicos em seus apiários, como
pratica a apicultura migratória. Estudar problemas em demonstrado no gráfico abaixo (Figura 1).
apiários proporciona ao apicultor desenvolver novas ma-
neiras para combater e lidar com quaisquer transtornos, Figura 1 – Impactos físicos, químicos e biológicos em
propondo, assim, soluções cabíveis em seu apiário. apiários localizados no munícipio de Porangatu – GO
Assim, este trabalho visa analisar os impactos físico-
-químicos e biológicos em apiários no município de Po-
rangatu. Dessa forma, o apicultor poderá consultar esta
pesquisa para esclarecer seus problemas específicos, sem
precisar arcar com mais perdas de produtividade e de col-
meias. Além disso, este estudo poderá auxiliar os técnicos
em apicultura na assistência aos apiários.
MATERIAL E MÉTODOS
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TCC
vos velhos. De acordo com Pereira et al. (2003), as traças O resultado deste estudo ficará disponível e apicultores
adultas depositam ovos em pequenas frestas dos quadros e técnicos em apicultura poderão obter o conhecimen-
e caixas, fazendo com que as abelhas não alcancem para to dos problemas mais recorrentes nos apiários, além de
fazer a retirada, principalmente em colmeias fracas. As lar- como lidar com esses problemas através de uma análise
vas das traças alimentam-se da cera, construindo galerias sobre as técnicas de manejo utilizadas.
nos favos onde depositam fios de seda, prejudicando o nas-
cimento das crias e dificultando o movimento das abelhas. REFERÊNCIAS
Os apicultores também relataram que enfrentam proble-
mas com enxameação, chuvas, bem como com caixas e ALMEIDA, C. T., et al. Identificação de fatores
cavaletes estragados, caracterizando problemas, muitas associados à ocorrência de doenças de abelhas
vezes, em decorrência do manejo utilizado. Para evitar africanizadas (Apis mellifera l.) em apiários do estado do
tais situações procuram deixar o enxame sempre forte, Rio de Janeiro. Rev. Bras. Med. Vet., v. 35, n. 1, p.33-40,
diminuir o alvado, trocar favos velhos e utilizar cobertu- 2013.
ras nas caixas, as quais, assim como os cavaletes, quando
estragados, são consertados quando há possibilidade. CALDAS, C. A., et al. Impacto das principais classes de
Segundo Hepburn (1998) para que as colmeias não so- agrotóxicos utilizadas mundialmente sobre a apicultura.
fram com enxameações (multiplicação das colônias de In: MOSTRA CIENTÍFICA FAMEZ/UFMS,11, 2018.
abelhas pela emigração de uma parte da população de Campo Grande, MS. Anais [...]. Campo Grande, MS:
uma colmeia) é necessário investir em recursos que di- UFMS, 2018.
ficultam esses abandonos, decorrentes tanto de fatores
naturais quanto artificiais. COELHO, M. de S. Alimentos convencionais e
Ainda, segundo os entrevistados, em algumas épocas há alternativos para abelhas. Revista Caatinga. Mossoró,
escassez de alimento. Para tanto Coelho et al. (2008) ex- RN. 2008. Revisão de Literatura, v. 21, n. 1, p. 01-09.
plica que é essencial que o apicultor forneça alimentação
artificial para que o enxame não se enfraqueça. HEPBURN, H. R.; RADLOF, S. E. Honeybees of Africa.
Alguns produtores relataram que já ocorreu morte súbi- Springer-Verlag Berlin: Heidelberg. 1998.
ta de abelhas e perdas de colmeias em seus apiários em
períodos em que foram aplicados agrotóxicos em lavou- HIBOU, F. A colmeia e o ser humano. Arte médica
ras vizinhas. Hibou (2016) afirma que a atividade apícola ampliada, v. 36, n. 2, p. 45-56, 2016.
próxima ou integrada em sistemas agrícolas que utilizam
agrotóxicos representa um grande perigo para as abelhas. INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística.
Nesse sentido, Caldas et al. (2018) explicam que os agro- Disponível em: www.ibge.gov.br/. Acesso em: 10 mar.
tóxicos contaminam os recursos (néctar, pólen, água e 2017.
resinas) coletados pelas abelhas, resultando na morte da-
queles insetos que entram em contato com tais produtos. MATOS, E. J. A. Boas práticas de manejo apícola.
Todos os apicultores declararam que possuem cursos de Petrolina, 2014.
qualificação na área apícola, sendo que um entrevistado é
zootecnista e executa visitas técnicas em apiários através do PEREIRA, D. S., et al. Mitigação do comportamento de
programa SENAR MAIS. As orientações recebidas em cur- abandono de abelhas Apis mellifera L. em apiários no
sos, bem como a experiência adquirida ao longo do tempo, Semiárido Brasileiro. ACTA Apícola Brasílica, v. 02, n.
são de grande importância para as técnicas de manejo e 2, p.01 – 11. 2014.
prevenção que os apicultores utilizam em seus apiários. Se-
gundo Xavier (2009), grande parte das informações sobre PEREIRA, F. de M. et al. Doenças e inimigos naturais.
apicultura são adquiridas através da convivência com ou- Embrapa: Embrapa Meio-Norte. 2003.
tros apicultores e cursos relacionados à atividade apícola.
SANTOS, A. M. M.; MENDES, E. C. Abelha
CONSIDERAÇÕES FINAIS africanizada (Apis mellifera l.) em áreas urbanas no
Brasil: necessidade de monitoramento de risco de
O presente artigo possibilitou constatar que todos os acidentes. Revista Sustinere, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p.
apicultores do município de Porangatu possuíram e pos- 117-143. 2016.
suem diversos problemas em seus apiários, sendo eles fí-
sicos, químicos ou biológicos. XAVIER, T. C., et al. Apicultura como alternativa
Os apicultores tomam medidas para minimizar ou preve- social, ambiental e econômica para o município de
nir tais problemas utilizando métodos conhecidos e ou- Afogados da Ingazeira. Resumo, 2009. Disponível em:
tros mais avançados que aprendem com a experiência e/ http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/
ou em cursos. r0498-1.pdf. Acesso em: 10 mar. 2017.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 71 - 73, 2020. 73
TCC
Palavras-chave: Atividade apícola. Desenvolvimento. A apicultura é uma atividade que promove a conserva-
Econômico. Social. ção e permite a manutenção da biodiversidade através do
serviço ambiental de polinização, sendo uma das poucas
ABSTRACT atividades agropecuárias que preenche todos os requisi-
tos da sustentabilidade: o econômico porque gera renda
Beekeeping is an activity that promotes conservation and para os apicultores; o social porque utiliza a mão de obra
1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em Apicultura do ITEGO Maria Sebastiana da Silva, Porangatu, 2019.
2 Egresso do Curso Técnico em Apicultura do ITEGO MSS.
3 Professora orientadora do trabalho.
74 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 74 - 77, 2020.
TCC
familiar; e o ecológico porque não se desmata para criar de estudo de caso, sendo utilizados métodos de observa-
abelhas (SANTOS; RIBEIRO, 2009). ção e entrevistas através de visitas técnicas em apiários da
No Brasil, a atividade apícola teve início em 1839 quando região de Porangatu, junto a um zootecnista que ofere-
o padre Antônio Carneiro introduziu abelhas da espécie ce assistência gratuita a um grupo de apicultores através
Apis mellifera (abelha europeia) no estado do Rio de Ja- do SENAR MAIS, além de entrevistas com membros do
neiro,trazidas da região do Porto, em Portugal. Em 1956, Conselho de Administração da Cooperativa dos Apicul-
alguns enxames de Apis mellifera scutellata (abelha afri- tores e Agricultores Familiares do Norte Goiano (COO-
cana) escaparam de um apiário experimental e cruzaram PERMEL).
com as abelhas europeias, formando um híbrido natural Assim, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas
produtivo (PONCIANO et al., 2013). contendo 15 perguntas para três apicultores, 16 per-
Esta prática vem crescendo constantemente, devido ao guntas para dois dirigentes da COOPERMEL e nove
grande investimento do governo em pequenos cursos perguntas para o técnico zootecnista de campo da Api-
especializados, que se devem ao cenário ambiental preo- cultura, referentes às experiências apícolas na região e a
cupante, com a extinção de espécies de abelhas funda- relação com os aspectos econômicos e sociais advindos
mentais na polinização de plantas. Com isso, são gerados dessa atividade, ou seja, a geração de uma ocupação/
empregos em várias áreas, bem como no beneficiamento emprego e de renda. As entrevistas foram realizadas
e comércio de mel, principalmente, entre outros produtos pessoalmente com cada apicultor, gravadas e, posterior-
apícolas. De acordo com Sousa et al. (2012, p.18): mente, transcritas.
O mercado brasileiro de produtos apícolas está avalia- Por meio de pesquisa bibliográfica e visando a contex-
do atualmente em US$ 360 milhões anuais, de acor- tualização do tema abordado foram realizadas leituras de
do com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Atualmente existem 14 federações, 200 associações
obras e artigos científicos publicados em revistas cientí-
em nível municipal ou regional e 160 empresas apíco- ficas indexadas referentes à área pesquisada, proporcio-
las registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária nando embasamento teórico à pesquisa e garantindo le-
e Abastecimento (MAPA) com Serviço de Inspeção gitimidade e credibilidade de sua produção.
Federal-SIF, mas ainda é muito pouco, não atingindo Assim, foi feita uma análise entre os dados coletados nos
a 50% do potencial brasileiro, para mais de 2 milhões
de apicultores existentes, nas diversas categorias, me-
apiários do município de Porangatu, sendo, portanto,
ladores, meleiros, apicultores amadores e profissio- realizada uma revisão teórica dos conceitos de problemas
nais. e benefícios econômicos e sociais de atividades agrícolas.
Atualmente a apicultura vem se desenvolvendo constan-
temente devido a tecnologia ao seu favor com isso trazen- RESULTADOS E DISCUSSÃO
do inúmeros benefícios, além de movimentar parte im-
portante da economia agropecuária do Brasil. Estima-se De acordo com os apicultores entrevistados, todos utili-
que a cada R$ 5.000,00 investido na Apicultura gera um zam mão de obra familiar na colheita e/ou no processa-
emprego ou uma ocupação, e como consequência novas mento. Um dos apicultores relatou que desde os 12 anos
pessoas especializadas nesta área se tornarão cada vez de idade acompanha e ajuda o seu pai na atividade apí-
mais capacitadas (SOUZA et al., 2007). cola, sendo que com a formação no curso de veterinária
Portanto, entender como surgem as oportunidades de e cursos de qualificação, está aprendendo cada vez mais.
emprego e renda na apicultura servirá para tornar essas Freitas (2003) expõe que a apicultura se destaca como
demandas de mercado mais conhecidas. Assim, o pre- alternativa econômica complementando a renda do pro-
sente trabalho tem como principal objetivo analisar os dutor na agricultura familiar. Assim, a atividade apícola
aspectos socioeconômicos da apicultura em Porangatu. apresenta características favoráveis e compatíveis com as
Através da pesquisa também o apicultor poderá com- condições de trabalho e capital do produtor, causando
preender a importância do seu empreendimento para ge- impactos positivos sociais, econômicos e ambientais.
ração de novos empregos e geração de renda. Os apicultores entrevistados possuem cursos de aperfei-
çoamento em apicultura, assim, consideram que é impor-
MATERIAL E MÉTODOS tante ter uma qualificação para se tornar apicultor, sendo
que não recomendam a prática apícola sem nenhuma
O presente artigo é de caráter qualitativo, pois visa ana- capacitação. Da mesma forma o zootecnista entrevista-
lisar por meio de métodos e teorias, os benefícios eco- do afirma que a importância da qualificação se deve para
nômicos e sociais da apicultura no município de Poran- evitar acidentes.
gatu - GO, ou seja, como ocorre a geração de empregos Através de cursos ministrados pela Empresa de Assistên-
e de renda na região. A pesquisa foi realizada por meio cia Técnica Extensão Rural (EMATER – GO) no municí-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 74 - 77, 2020. 75
TCC
pio de Porangatu, iniciou-se a prática da apicultura por exercem a atividade aliada a outras, principalmen-
pequenos produtores, mulheres e pessoas que precisavam te através da mão de obra familiar. O autor também
melhorar a renda familiar, considerando a apicultura uma afirma que outros apicultores consideram a atividade
atividade viável (REVISTA ACIAP, 2004). como hobby, e outros só comercializam quando há ex-
Nesse sentido, a COOPERMEL incentiva a qualificação cedente na produção. Por outro lado, os membros do
dos apicultores através de cursos básicos e avançados for- Conselho da COOPERMEL ainda ressaltaram que há
necidos gratuitamente através de parcerias com o Serviço casos de pessoas que abandonam a atividade, pois não
Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR – GO) e o Ser- buscam conhecer a importância e os resultados decor-
viço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas rentes da apicultura.
(SEBRAE - GO). Além da parceria com o Instituto Tec- Para os membros do Conselho de Administração da
nológico do Estado de Goiás Maria Sebastiana da Silva, COOPERMEL, a cooperativa tem o papel de facilitar a
por meio de cursos e oficinas. comercialização de produção dos seus cooperados, sendo
Os apicultores também consideram importante a contra- entidade de representação da apicultura em Porangatu e
tação de assistência com experiência na atividade. Sendo região. Sobre a produção de mel, consideram que há um
que, no município a assistência técnica gratuita foi mo- investimento maior na apicultura no município, pressu-
bilizada pela COOPERMEL por meio de parcerias com pondo um aumento da produção.
o SENAR MAIS e com a EMATER – GO. Arruda et al. Para o técnico de campo entrevistado o aumento da pro-
(2011) afirmam que grande parte dos pequenos produ- dução de mel é decorrente da capacitação dos apicultores
tores não possuem articulação com o mercado, dessa e utilização de novas tecnologias, sendo que ressaltou que
forma, são necessárias a capacitação técnica e gerencial o clima também tem se mantido favorável. Para Arruda
desses produtores. et al. (2011), grande parte dos pequenos produtores de
Assim, para os membros do Conselho da COOPERMEL, mel atuam no mercado de forma desarticulada, assim,
a área de assistência técnica em apicultura é recente no torna-se necessário a adoção de inovações tecnológicas e
Brasil e na região, porém tem demandado mão-de-obra capacitação técnica e gerencial.
qualificada, ou seja, pessoas que compreendam os aspec- Assim, os entrevistados acreditam que as expectativas
tos relacionados à apicultura, como floradas e manejo. De para a apicultura em Porangatu são as melhores, pois os
acordo com Wiese (2005), para ser apicultor não é su- apicultores tem se especializado, além disso, com o curso
ficiente apenas ter algumas colmeias, sendo necessário Técnico em Apicultura os jovens estão adquirindo quali-
compreender o comportamento social e a biologia das ficação técnica e ainda há uma demanda de pessoas que
abelhas, bem como buscar um constante aprendizado de desejam fazer o curso. Também explicaram que com a
técnicas de manejo e produção. cooperativa no município, a valorização da atividade au-
Os apicultores consideram a atividade como geradora de menta ainda mais.
emprego e renda e, principalmente, uma atividade sus-
tentável para o Cerrado, em função da polinização. Os CONSIDERAÇÕES FINAIS
membros do Conselho de Administração da COOPER-
MEL entrevistados consideram que, na região, a apicul- O presente estudo possibilitou o conhecimento do pro-
tura é e poderá continuar sendo uma oportunidade para cesso de geração de empregos locais e renda decorrentes
profissionais com qualificação adequada, visto que já há da apicultura no município de Porangatu, sendo tanto
uma assistência técnica em apicultura, produtores locais para apicultores, profissionais técnicos e pessoas com
de cera, professores no Curso Técnico em Apicultura. qualificação e experiência nas áreas apícolas.
Além disso, a cooperativa atualmente gera muitos empre- Assim, considera-se que apesar de alguns gargalos, o mer-
gos e renda, através da fabricação de lâminas alveoladas, cado apícola é muito promissor, entretanto, é necessário
que hoje emprega dois alunos do Curso Técnico em Api- haver investimento por parte do governo e de instituições
cultura, e por meio da fabricação de caixas, quadros e mel- financeiras de crédito.
gueiras na marcenaria localizada no entreposto de mel e
cera. Araújo et al. (2015) explicam que a apicultura é alter- REFERÊNCIAS
nativa sustentável, dentre as atividades agrícolas, para gera-
ção de renda, empregos e utilização dos recursos naturais. ARAÚJO, F. D. et al. Valoração econômica do mel
Para alguns apicultores a atividade serve como fonte de no estado de Goiás: conservação e renda. Agrarian
renda complementar, sendo que um apicultor conside- Academy, Centro Científico Conhecer, v.2, n. 04, p. 98-
ra hobby. Golynski (2009) explica que muitos apicul- 107, 2015.
tores trabalham com baixo retorno econômico, assim,
76 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 74 - 77, 2020.
TCC
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 74 - 77, 2020. 77
TCC
1 TCC do Curso Técnico em Informática para Internet do Colégio Tecnológico de Valparaíso, vinculado ao Instituto Tecnológico do Estado de Goiás
(ITEGO).
2 Egressos do Curso Técnico em Informática para Internet do Colégio Tecnológico de Valparaíso.
3 Orientador do trabalho.
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TCC
cada aluno, no seu ritmo de aprendizagem. (PERRE- do professor, incrementarão do parque tecnológico das
NOUD, 2000, p.155) escolas, uso crítico da tecnologia em sala de aula com
Portanto, o autor enfatiza que se deve preservar uma visão de expandir, influência digital do aluno, entre ou-
ação pedagógica que coloque o estudante no centro da tros aspectos.
aprendizagem, contextualizada, motivadora, desafiadora, Entretanto, para que ocorra a elevação do uso crítico
envolvente, com uso de matériais didáticos, tecnológicos dessas novas tecnologias em sala de aula, faz-se indispen-
ou não, e um professor fazendo a mediação desse ato, traz sável que os educadores possuam habilidades para essa
a possibilidade do aluno ter uma aprendizagem significa- prática. Desse modo, investir de forma intensa na forma-
tiva. (PERRENOUD, 2000). ção e/ou capacitação docente é tão ou mais importante
Neste sentido, a ação pedagógica deve permitir que o alu- quanto equipar a escola com infraestrutura tecnológica
no seja o centro do processo e possibilitar atividades sig- para os alunos. São esses educadores que irão passar esses
nificativas, contextualizadas, motivadoras e envolventes. recursos tecnológicos nas atividades educacionais e assim
Nesse trabalho busca-se apresentar a educação matemáti- conseguir implementar um bom trabalho com as práticas
ca de forma significativa explorando o potencial do aluno transformadoras de ensino e aprendizagem.
para desenvolver habilidades e competências. Nos dias atuais as tecnologias de informação e comuni-
No Relatório da Organização das Nações Unida (UNES- cação são vistas como uma ferramenta muito importante
CO), intitulado Toward Universal Learning: recommenda- para a área da educação. Os jogos digitais, com finalidade
tions from the learning metrics task force (recomendações educativa, vem sendo um excelente recurso didático para
da força-tarefa de métricas de aprendizado), aponta que a educação, ajudando assim a intensificar as aprendiza-
250 milhões de crianças que ainda estão em idade escolar, gens matemáticas e outros ramos da educação (BRASIL,
em todo o planeta terra, não possuem a capacidade da 2014).
leitura, da escrita e da contagem, enfatizando ainda que Sabendo que existem diversas plataformas que disponi-
das crianças que permanecem na escola até quatro anos, bilizam jogos digitais, foram realizadas pesquisas com o
o que é ensinado não dá condições aos alunos de adquiri- propósito de verificar, avaliar e analisar os jogos digitais
rem essas práticas de ler, escrever e contar. gratuitos com potencial de ensino e aprendizagem da ma-
Os resultados das avaliações aplicadas no Brasil, tan- temática e dos outros ramos da educação, com foco em
to nacionais quanto as internacionas, apontam que as conteúdo específico para atender alunos das series ini-
apendizagens da leitura, da escrita e da matemática ainda ciais do ensino fundamental.
possuem deficiências e tropeços significativos. E esses re- Os resultados evidenciaram que os jogos digitais estão
sultados aparecem nos dados indicados e acompanhados sendo utilizado dentro de planejamentos eficiente po-
pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes dem sim contribuir para a educação de forma significati-
(PISA), do Índice de Desenvolvimento da Educação Bá- va aprimorando os conhecimentos e elevando o nível de
sica (IDEB) e do Sistema de Avaliação da Educação Bá- aprendizagem na educação. Assim os jogos digitais vêm
sica (SAEB), da prova Brasil e da Avaliação Nacional da com intuito de que os utilizadores possam aprimorar e
Alfabetização (ANA), dentre outros (NORONHA; BAR- desenvolver suas competências sobre estudos, como ma-
BOSA, 2014). térias importantes para a educação, assim podendo lidar
A utilização das tecnologias digitais nas mudanças do de maneira simples com as necessidades para a vida em
processo evolutivo de ensino-aprendizagem tem citado sociedade (CORREA, 2006).
o delineamento de políticas públicas educacionais que Nos últimos anos, nota-se um grande aumento do inte-
ensinam o uso das Tecnologias de Informação e Comu- resse quanto ao uso de jogos digitais na Educação. Esta
nicação (TIC) no meio pedagógico tem auxiliado para a aproximação se dá especialmente como uma tentativa
melhoria da qualidade do processo educativo. Assim, o para modificar o processo educacional, de modo a conec-
uso de TICs no meio pedagógico tem auxiliado para a tá-lo às tecnologias digitais, tão ubíquas na atualidade.
melhoria da qualidade do processo educativo. Nos dias atuais todos nós devemos está por dentro e
Outra visão importante relacionada ao uso diário das acompanharmos de perto essa evolução da tecnologia,
tecnologias é a inclusão digital, ser pautada como uma através disso os jogos digitais vem ganhando uma grande
possibilidade real de aperfeiçoar o acesso às oportuni- força, e gerando cada vez mais interesses a esses assuntos,
dades de emprego e consequentemente a melhoria de os jogos digitais tem uma grande capacidade de ensino,
condição social do mundo do trabalho no século que pois ajudam a desenvolver o seu nível de QI.
vivemos e pode contribuir para grandes transforma- Muitos jogos digitais vêm sendo usados como forma de
ções, para as instituições escolares, desde ter inovação ensino e para desenvolver sua capacidade mental, tanto
para a sala de aula, despertar o comodismo de formação de pensar, quanto também desenvolver mais ainda seu
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TCC
raciocínio lógico estudos demonstram que o ambiente de problemas complexos relacionados ao uso de novas tec-
jogo possui grande potencial como ferramenta didática nologias na educação.
(MARTINS & CAMPESTRINI, 2007), porém promover Afirma-se que o exercer pedagógico do professor para
seu uso em ambiente escolar não é uma tarefa fácil por utilizar os jogos digitais no intuito de auxiliar a melho-
diversos aspectos, principalmente quando se trata de jo- rar o ensino da aprendizagem da matemática pede um
gos digitais, querendo ou não o mundo digital não é um ótimo planejamento, analisando o que se é trabalhado
mundo muito aconselhado pra crianças, por exemplo, em sala de aula e observando os aspectos conceituais
por esse motivo que existe esse preconceito com os jogos que os jogos possuem. Com base no pensamento das
digitais. autoras Smole et al. (2007) enfatizam que o trabalho
Os objetivos das tecnologias educacionais são de servi- com jogos na sala de aula, bem evidente que quando
rem como instrumentos que podem aprimorar a apren- bem orientado e bem planejado, podem trazer para
dizagem, propiciando ao aluno ações como solucionar as classes situações que se tornam aliada ao prazer e a
problemas, interagir com outros, descobrir coisas, obter aprendizagem mais elevada, podendo ser ainda um re-
experiências, socializar e assim reconstruir o seu conhe- curso que ajuda a análise, e a observação, como também
cimento. Em nossa pesquisa a importância está voltada o requerimento de hipóteses, a exposição, a tomada de
para os jogos digitais e educacionais e defender o uso na tais decisões, o desenvolvimento dos processos de racio-
pratica pedagógica é fundamental. cínio e da linguagem, a interação social entre os alunos e
Ao imaginar a tecnologia como uma ferramenta pedagó- tudo isso ocorre porque no jogo cada jogador e capaz de
gica disponível a professores e alunos, torna-se essencial acompanhar o desenvolvimento de todos os membros
compreendermos que tais recursos tecnológicos podem ou participantes que estão no jogo e assim aprendendo
e devem servir como mecanismo para o progresso da a ter um pensamento crítico e a defender seu ponto de
qualidade e do processo de ensino-aprendizagem, para vista. A respeito dos jogos digitais de cunho educacio-
que isso venha acontecer é necessária uma boa forma- nal Arruda e Poeta Geller (2014) fala que estes precisam
ção para que professores mesmo possuindo certo domí- proporcionar ao aluno um ambiente critico, incentiva-
nio da didática e dos conteúdos e com toda compreen- -lo para a percepção de conteúdos disciplinares e moti-
são necessária que as tecnologias veem com a intenção vá-lo a desenvolver métodos que o permita avançar no
de estimular a capacidade de construção criativa desen- jogo. Poeta e Geller (2014) relacionam algumas carac-
volvendo assim a capacidade intelectual e a autonomia, terísticas muito importantes que devem existir em um
permitindo assim cada vez mais o conhecimento e pen- jogo digital com base educacional para que realmente
samento demonstrado com a citação de Araújo (2006, p. melhore o modo de aprendizagem.
69) que ressalta: “As novas tecnologias criam uma nova Por exemplo, apresentar objetivos claros com instruções
cultura e um novo modelo de sociedade, a tecnológica e e regras; explorar efeitos auditivos e visuais, para manter
do conhecimento”. Assim, ainda se discute que a escola a curiosidade e facilitar o alcance do objetivo educacional
seja o espaço mais importante para que se incentive a proposto; incorporar o desafio, através da utilização de
busca e construção de conhecimento, com o intuito de diferentes níveis para solucionar um determinado pro-
ir mais a fundo do papel da certificadora de experiências blema, pontuação, velocidade de resposta, feedback do
e capacidades tecnológicas, mas assegurando aos alunos progresso, entre outros aspectos (BONGIOLO et al., 1999
uma formação consciente e melhor avaliada do mundo apud POETA e GELLER, 2014, p. 50).
(KENSKI, 2008). É necessário destacar que não será apenas o jogo que
Perrenoud (2000, p. 125) alerta: [...] “A escola não pode garantira a aprendizagem do aluno, mas que haja entre
ignorar o que se passa no mundo. Ora, as Novas Tecno- aluno e professor diálogos necessários sobre os conceitos,
logias da Informação e da Comunicação (TIC ou NTIC) permitindo que o aluno se torne competente para realizar
transformam espetacularmente não só nossa maneira os desafios que existem no jogo, tudo isso será orientado
de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir e de pelo professor.
pensar”. O método de ensino apresentado em escolas, faculdades
É necessário um professor preparado para essa realidade e palestras com o passar do tempo ocorre resoluções, as-
escolar e quem ainda saiba lidar com a tecnologia para sim são aplicadas modelos de ensino vigentes ao século
que passe a utilizar tais instrumentos na prática pedagó- estudado. No mundo contemporâneo que vivemos, o uso
gica tornando assim a tecnologia aliada da educação, por da tecnologia é imprescindível para o bom deslanche da
meio de um processo de comunicação onde se valoriza a educação no mundo, embora o método de ensino com
comunicação do educador com tal processo de constru- uso de jogos digitais não seja implementado com vee-
ção do conhecimento e ainda pensando sobre a crise de mência.
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TCC
O essencial fundamento da arguição desse projeto de pes- • Os jogos digitais podem ser tratados como estratégia
quisa é instruir os leitores e a sociedade a importância da educacional para a aprendizagem da Matemática.
tecnologia no meio didático, alguns estudos apresentados • Quais as dificuldades encontradas no atual momento
pelo centro universitário Bonn da Alemanha, mostra que para a implementação desses recursos pedagógicos/
alunos sujeitos a métodos de ensino com interação, têm a tecnológicos.
elevação da capacidade de introdução do conteúdo apli- Na busca de obter resposta para essas perguntas foi feita
cado. Um dos maiores déficits na educação é a absorção uma pesquisa bibliográfica na literatura específica sobre
de conteúdo e assim, o mundo sofre com uma descomu- o tema, além de observar na internet, sites e/ou portais
nal crise de analfabetos funcionais. educacionais que disponibilizam jogos digitais disponí-
Alguns pontos apresentados pela Bonn no desenvolvi- veis no ramo da matemática e com conteúdo detalhados
mento de jogos como método de ensino são: nos anos de início do ensino fundamental.
• Agilidade no raciocínio; Assim, o aspecto geral delineado nesse artigo é investigar
• Criatividade; e analisar jogos digitais disponíveis com grande potencial
• Controle de tomada de decisões. de utilização no seu processo educacional e aprendiza-
A aplicação estratégica de uma nova metodologia de en- gem da Matemática com os estudantes dos anos iniciais
sino engloba a remodelação na aprendizagem, trazendo do ensino fundamental.
pensamentos jamais utilizados. Este estudo de pesquisa O projeto foi classificado como modo de pesquisa quali-
busca, métodos de implementação e se baseia nos méto- tativa, de cunho exploratório-descritivo e fez utilização
dos já testado no mundo. de técnicas de coleta de informação como a pesquisa
Os objetivos dos jogos digitais como estratégia educacio- bibliográfica e documental para alcance do objetivo pro-
nal é de que com jogos os indivíduos a utilizarem essa posto. O trabalho apresenta uma fundamentação teórica
ferramenta possam se interessar cada vez mais pelos es- que dá espaço para as reflexões e críticas feitas ao longo
tudos e assim, estudar deixa de ser visto como uma mera do trabalho.
obrigação e passa a ser algo divertido de se fazer durante A pesquisa é um processo calculado e detalhado em ob-
esse tempo tão importante. tenção de conhecimento, com fins de agregar as várias
Com os jogos estudar pode se tornar um habito, por pren- de conhecimento perante a sociedade. Adotamos o es-
der a atenção de pessoas de diferentes idades e gostos, e tilo de pesquisa qualitativa, buscando se aprofundar nas
ao mesmo tempo educar de diferentes formas, tanto da compreensões de cada situação apresentadas. Buscando
forma tradicional utilizando jogos educativos em âmbito explicar o porquê de certas implementações de jogos na
escolar, ou de forma mais dinâmica como a que propõe educação como métodos de ensino.
que os educandos criem seus próprios jogos e com isso Para alguns estudiosos, como Minayo (2011), pesquisas
podem motivar e estimular a busca pelo conhecimento, qualitativas têm por objetivo trabalhar no universo de
ampliar e desenvolver habilidades e competências impor- significados, motivos, aspirações e crenças. Além desses
tantes para a vida. objetivos são contidos em uma pesquisa qualitativa, hie-
Visto que atualmente o interesse por atividades virtuais rarquização das ações de descrever, compreender e expli-
tem aumentado no ambiente escolar, o uso da tecnolo- car as relações em determinados locais.
gia também pode contribuir para o desenvolvimento do O modelo de pesquisa apresentado neste trabalho foi
indivíduo. A capacidade psicomotora é um dos benefí- com visão qualitativa. A escolha por este tipo de pes-
cios que se desenvolvem no indivíduo que utiliza essas quisa é justificada, de acordo as características espe-
atividades virtuais, exercitando, por exemplo, as funções ciais que está só tem. Buscando entender os aspectos da
mentais e intelectuais das crianças. realidade que não é possível quantificar-se, mas que é
No geral, todos concordamos que passar cinco horas possível explicar via dinâmica das relações entre seres
sentado em uma sala de aula, podendo se levantar e sociais. Entendemos uma por uma citação apresentada
ter contato com outras pessoas somente no intervalo, é por Minayo,
chato e entediante, portanto os jogos educativos, além [...] objetivação do fenômeno; hierarquização das
ações de descrever, compreender, explicar precisão
de divertirem, possibilitam que as crianças se tornem
das relações entre o global e o local em determinado
mais competitivas e persistentes naquilo que querem, e fenômeno; observância das diferenças entre o mundo
permitem uma vida social muito mais ampla, e ainda social e o mundo natural; respeito ao caráter interati-
motivam os estudantes a sentirem vontade de estudar vo entre os objetivos buscados pelos investigadores,
cada vez mais. suas orientações teóricas e seus dados empíricos; bus-
ca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposi-
A pesquisa realizada tem como objetivo responder o se-
ção (MINAYO, 2011, p.48)
guinte problema:
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TCC
Ao iniciar uma pesquisa com enfoque qualitativo, ro e Santo Antônio de Jesus. Criada em 2005, a partir de
foram descritas 4 etapas para construção do trabalho. uma divisão da escola de agronomia da UFBA, a institui-
• Etapa 1 – Pesquisa Bibliográfica e Documen- ção potencializa a formação dos seus estudantes utilizan-
tal: inicialização de pesquisas em projetos im- do os recursos sociais e ambientais disponíveis na região.
pressos e digitais que tenham vínculo com a Este estudo de caso relatado está embasado no trabalho
Educação, Tecnologia e Jogos Digitais. apresentado pelos alunos de pós-graduação de tecnologia
• Etapa 2 – uma análise na Internet de Obje- digitais da UFBA, sendo assim uma pesquisa baseada em
tos de Aprendizagem e/ou Jogos Digitais: fo- fatos estudados.
ram realizadas pesquisas na internet, tendo O estudo mostra pontos relatados nesta parte.
como objetivo principal os portais do Mi- i. Os jogos para muitos têm como objetivo principal en-
nistério da Educação que disponibilizam al- treter, criando em seus usuários, desejos, fantasias, possi-
guns recursos digitais relacionados a apren- bilitando o usuário a criar sua própria história. A indução
dizagem, selecionando-os pela influência e de utilização como meio de aprendizagem é considerada
usabilidade do site. Após a definição de uso por muitos estudiosos e pesquisadores como uma boa
dos portais, foram selecionados 2 jogos de ferramenta para o meio educativo.
cada um deles que poderiam ser utilizados ii. Os jogos em geral não podem ser considerados, como
para aprendizagem da matemática, da área uma ferramenta de isolamento, hoje existem muitas pla-
para os anos iniciais. taformas, há interações de comunidades online, que li-
• Etapa 3 – Análise de jogos digitais com obser- gam todos os seus usuários.
vação da facilidade de acesso e usabilidade do iii. Em algumas áreas da medicina, usam-se os jogos
jogo (interface simples); identificação se con- como ferramenta de recuperação para os seus pacientes
tribui para apreensão dos conteúdos da Ma- de psicoterapia infantil utilizando, caixas de areia, jogos
temática trabalhados no primeiro e segundo em família têm grandes resultados nas mudanças de com-
ciclo do Ensino Fundamental. portamentos pacientes, por ter potencial de levar os joga-
• Etapa 4 – Relacionar o conteúdo dos jogos di- dores às análises de seus comportamentos como também
gitais com os objetivos de Matemática propos- ajudam em sua pomada de atitudes.
tos na área. iv. Os jogos são grandes influenciadores de opinião públi-
Como na decisão e análise dos jogos digitais, foi con- ca, trabalhando temas como, por exemplo, raças, etnias,
cedia pela observância que atenderiam os rumos de sexo e desigualdade, têm como o objetivo criar pensa-
Matemática. Dentro disso também temos uma pes- mentos críticos sobre os assuntos apresentados. Os jogos
quisa bibliográfica e entendemos com Fachin (2006), não são algo novo, para alguns até mais antigo que até a
“Conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas própria cultura.
obras”. Esse pensamento são definições que o leitor en- v. É importante saber, que podemos colocar os jogos em
contrará, e com isso possuirá o objetivo de ser condu- dois módulos, aqueles que possuem cunho educativo e
zido a determinado assunto e proporcionar, a produ- aqueles que não possuem cunho educativo. As indústrias,
ção criação coletadas para o desenvolvimento de uma por exemplo, começaram a investir em jogos digitais
pesquisa. educativos, e perceberam o quão amplo é o mercado e
O texto faz uma breve explicação sobre a presença dos envolvente seus usuários, os jogos digitais podem trazer
jogos e da tecnologia na educação; mostrando como se dá modelo educativo, não só para o meio escolar, mas tam-
a utilização de jogos digitais na prática educacional e fi- bém para diversos âmbitos da vida.
naliza com um levantamento das possibilidades de jogos Aprender, ação que traz conhecimento ao ser, com isso
digitais da Internet com fins e voltados para o aprendiza- devemos levar em consideração o tempo em que se tem
do de matemática, com possibilidade de uso na prática para o auge do conhecimento. Porém não depende so-
pedagógica do professor trazendo mais aproveitamentos mente do aspecto intelectual do sujeito que está em busca
nas salas de aula. do conhecimento, mas também daquilo e que se relaciona
a formas de interação de diversas maneiras de aprender.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Com isso pode-se levar em consideração que os jo-
gos digitais, podem ajudar sim como ferramenta na
A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFBA), educação, diminuindo a incidência de evasão escolar
objeto deste estudo, é uma universidade pública com sede e repetência, mas não devemos achar que os games,
em Cruz das Almas e tem campi distribuídos nas cidades por si só resolveram o problema da educação, mas
de Amargosa, Cachoeira, Feira de Santana, Santo Ama- também auxiliaram para que os alunos se adaptem as
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TCC
escolas como um lugar seguro e com entretenimento BRASIL. Ministério da Educação. Pacto nacional pela
educativo. alfabetização na idade certa: jogos na Alfabetização
Com a inclusão dos jogos na educação, podemos levar Matemática. Brasília: MEC, SEB, 2014.
em consideração que os mesmos têm a capacidade de
favorecer o apreender três possibilidades: a) aprender CORRÊA, Juliane. Mídias e tecnologias da informação
por meio dos jogos, quando os jogos são feitos com a na educação. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de
especialidade de atender o currículo, desenvolvido para Aprendizagem Comercial - SENAC, 2006.
abordar um conteúdo específico; b) há também a pos-
sibilidade de aprender com os jogos, aqueles que não FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. São
foram criados para finalidades educacionais, porém Paulo: Saraiva, 2006.
adaptados para o meio educacional, c) há a possibilida-
de de aprender produzindo jogos, que possibilitar a sis- KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a
tematização do conhecimento em determinado tópico, distância. Campinas, SP: Papirus, 2008.
o jogo a ser desenvolvido pode ou não ter uma aborda-
gem educativa, contudo o elemento mais importante são MARTINS, J. G.; CAMPESTRINI, B. B. Ambiente
os conhecimentos adquirido ao decorrer do desenvolvi- Virtual de Aprendizagem favorecendo o ensino-
mento do projeto. aprendizagem. In: PEREIRA, A. T. C. Ambientes
Assim, a gamificação, que o uso de jogos na aprendiza- Virtuais de Aprendizagem: em diferentes contextos. Rio
gem, surge com objetivo de interagir, professores e alu- de Janeiro: Ciência Moderna, 2007, cap. 9, p. 154-166.
nos, por meio de práticas como sistemas de programação
aproximando os alunos com o meio de aprendizado. MINAYO, M.C.S. Da inteligência parcial ao
pensamento complexo: desafios da ciência e da
CONSIDERAÇÕES FINAIS sociedade contemporânea. Política & Sociedade,
Florianópolis, v.10 n. 19, Outubro, 2011.
Na pesquisa apresentada pelos alunos e educadores da
UFRB, pontos de gamificação nos mostra como se dá a NORONHA, Claudianny Amorim; BARBOSA, Tatyana
interação de alunos com os jogos digitais. Mabel Nobre. Das políticas de leitura, do ensino da
Há pontos relevantes e essenciais que foram apresentados, matemática: encontro (im)possível? Natal: EDUFRN,
que mostram a utilidade dos jogos no meio educacional, 2014.
como, por exemplo, a capacidade de aprender através de
várias áreas de jogos digitais. Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Vale ressaltar a profundidade de conhecimento, com a Ciência e a Cultura. UNESCO. Toward Universal
abordagem do assunto tratado pelos alunos da UFRB, Learning A Global Framework for Measuring
termos técnicos utilizados nas falas e explicações, exem- Learning. Report No. 2 of 3 Learning Metrics Task Force
plificam o conteúdo apresentado e assim se compreende July 2013. Disponível em: http://educacaosec21.org.br/
de melhor forma o ideal da pesquisa. wp-content/uploads/2013/08/2-relatorio-LMTF.pdf.
As pesquisas também poderiam ser direcionadas, como Acesso em: 1 dez.2020.
as fabricas de jogos digitais poderiam ajudar na imple-
mentação dos mesmos no sistema pedagógico, ou tam- PERRENOUD, F. Dez novas competências para
bém poderia participar ativamente de uma implementa- ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
ção nas escolas ou nos modelos pedagógicos.
A distribuição da pesquisa para os alunos em toda área POETA, Cristian Douglas; GELLER, Marlise. Jogos
nacional agregaria muito, em pensamentos e desenvolvi- digitais educacionais: concepções metodológicas
mento da causa como da implementação de jogos. na prática pedagógica de matemática no ensino
fundamental. Educação Matemática em Revista – RS.
REFERÊNCIAS ano 15, n. 15, v.1, 2014.
ARAUJO, Luis César Gonçalves de. Organização e SMOLE et al., Kátia Stocco. Jogos de Matemática de 1° a
métodos. São Paulo: Atlas, 2006. 5° ano. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 78 - 83, 2020. 83
TCC
1 Trabalho de Conclusão de Curso, elaborado como requisito parcial para conclusão do Curso Técnico em Informática para Internet do Colégio Tecno-
lógico, Valparaíso, 2020.
2 Egresso(a) do Curso Técnico em Informática para Internet do Colégio Tecnológico, Valparaíso, 2020.
3 Professor orientador do trabalho.
84 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 84 - 90, 2020.
TCC
Existe uma corrente contemporânea que tem trabalhado Nesta perpectiva, novas propostas foram colocadas em
cada vez mais enfatizada para admissão das tecnologias prática e também as parcerias como colaboração no con-
de informação comunicação, não apenas pelas institui- trole de conhecimentos, todavia, mais uma vez é signi-
ções, mas por companhias de diversas áreas, sobretudo ficativo enfatizar que nenhuma infraestrutura por si só
com espalhamento de aparelhos digitais no dia a dia da proporcionará a cooperação entre as pessoas. Esse com-
na contemporaneidade. Na atualidade, há uma diver- portamento faz parte de uma competência que deverá ser
sidade de informações que com tratamento digital que disseminada e sistematizada, sendo necessária a adequa-
gera uma infinidade de formas e meios de se comunicar, ção no modelo anteriormente consebido.
como, exemplo, podemos citar ícones, som, movimentos, As TICs vêm marcando nossa sociedade atual, a cultura e
modelos manipuláveis de dados e sistemas, todos integra- também a identidade humana. Isso por conta da internet,
dos e imediatamente á disposição, que assim disponibili- que e um meio de comunicação que potencializa a disse-
zam um novo quadro de fontes de temas que podem ser minação da informação. Assim, observa-se que as novas
objeto de aprendizagem. tecnologias tem um papel muito importante na escola,
Num espaço organizacional, onde uma comunidade exemplo é a mudança no trabalho dos professores com o
busca um mesmo propósito, a comunicação se torna im- uso das TICs, auxiliando na elaboração de atividades ino-
prescindível e a forma de tratar essa informação deve ser vadoras e auxiliando na qualificação e formação do edu-
clara e direta, aumenta a espectativa de uma transmissão cador, além de servir de estímulo para que ele repense a
segura da informação. Porém, existem obstáculos no re- sua prática pedagógica e envista em mudanças profundas
passe dessas informações, um exemplo é a comunicação na sua forma de atuar.
no campo artístico, das engenharias, do meio Jurídico, E, nesse espaço tecnológico, apontam-se bastantes di-
dentre outros. Esses exemplos mostram que para que não ferenças na metodologia de aprendizado, assim para
haja dificuldade na comunicação, a forma de se transmitir compreender o incentivo do aluno na utilização das
a informação é importante e devem ser claros tanto para TICs nas salas de aulas, para assim buscar novos co-
o emissor para que se possa transmitir o código correto, nhecimentos na área de ensino, e isso influencia no
quanto para o receptor, que deve descifrar a mensagem. empenho do aluno. Ainda como já dito, coisa bastan-
Neste sentido, comunicar às vezes se torna uma tarefa te positiva com relação ao relacionamento do aluno e
complicada para algumas pessoas, consequentemente, os professor, percebe-se que o aluno tem um papel ativo e
desafios são muitos e cabe a todos nós transpormos essas entusiástico no levantamento de novos estudos na uti-
barreiras. lização das TIC nas salas.
A humanidade vive na era da informação, da comunica- As TICs posicionam a utilização transversal das tecno-
ção e do conhecimento, um mundo novo, onde muitas logias em um cenário educativo e, consequentemente,
atividades que eram feitas de forma mecânica e/ou ma- deve ir além de alvos centrados no desenvolvimento do
nufaturada pelo humem, foram subustituidas pelas má- uso das TICs, para assim ser considerado um ensino sis-
quinas, mas prevalecendo para este a responsabilidade de tematizado. Nesse ponto de vista, a utilização das TIC se
criar, ter boas idéias e ser imaginativo. torna mais eficaz.
Pode-se afirmar que desde o final do século XX, no Contudo, a falta de capacidade no uso das TICs reflete
início da chamada era da informação, a velocidade na ausência de formação, motivação e competência, surge
em que as informações têm alcançado os cinco con- como um dos grandes obstáculos na inclusão das TICs
tinentes do planeta é extraordinária. Destaca-se que o nas escolas. No decorrer dos anos, esta situação vem sen-
aumento da circulação da informação tem sido impul- do alvo de intervenções políticas, a partir da elaboração
sionado pelos meios informatizados que crescem pro- do Plano Tecnológico para a educação (PTE). Sobre uma
gressivamente. A questão crucial neste momento, está importância de uma perspectiva construtiva em relação
em como conduzir as informações e transformá-las em ao ensino e sobre as TICs na educação, abordamos nes-
conhecimento para ecoar benefícios, principalmente te estudo as concepções que o termo nos traz novidades,
para aumentar competências e capacidades do indiví- inovações no ensino e práticas educativas.
duo, no qual a informação não se traduza somente na A pedagogia é um conjunto de princípios que compreen-
acumulação de informações, mas transforme-se em de o universo da educação, ou seja, métodos e formas de
conhecimentos adquirido como um diferencial indi- trabalhar a educação, o ensino, também relacionados à
vudual (FARIAS, 2013). administração escolar e a condução dos assuntos educa-
Hoje em dia, o termo Tecnologia da Informação mudou, cionais em um determinado contexto.
passou da sigla TI, para TIC, que, de forma mais abran- Ao longo dos anos, o curso de pedagogia é um dos cursos
gente, significa Tecnologia da Informação e Comunica- mais procurados pelos brasileiros, perdendo apenas para
ção (TIC). direito e administração.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 84 - 90, 2020. 85
TCC
A pedagogia é a área profissional para quem queira ensi- visita técnica para a coleta de dados, para assim realizar-
nar, orientar e educar pessoas nos mais variados estágios mos a análise das informações, do estudo de caso reali-
da vida no ambiente escolar. Trata-se de uma ciência que zado.
tem como objetos de estudo a educação, os processos de
ensino e a aprendizagem, e é obrigatório o estudante ter EMBASAMENTO TEÓRICO
amor pelo próximo e querer colocar em prática os recur-
sos humanos. A INTERNET
A utilização de dispositivos móveis, como tabletes e ce-
lulares, já não são mais vistos só pelo fato de descontrair, Desde o século XX, mais precisamente na década de
hoje eles são considerados também como ferramenta de 1960, o grande filósofo da comunicação Herbert Marshall
estudo e de trabalho. O uso da tecnologia na educação McLuhan já preconizava que as novas tecnologias elec-
implica no conceito de aprendizagem móvel que vem do trônicas encurtariam as distâncias e que o avanço tecno-
termo mobile learning (m-learning), que oferece acesso à lógico tende a reduzir essa distância planetária por tanto
formação sustentatada pela mobilidade (MENDONÇA & o mundo estaria condenado a situação de vir a ser uma
OLIVEIRA, 2017). grande aldeia: global, ou seja, um mundo em que todos
A aprendizagem adaptativa é uma estratégia de ensino estariam de certa forma interligados, uma sociedade se
que procura entender as necessidades individuais, assim evoluindo globalmente. McLuhan visualizava um siste-
ela pode se adaptar para entender cada estudante de for- ma de conexões assim permitindo que em todo o planeta
ma personalizada (OTA & ARAÚJO JR, 2016). Para tan- fosse capaz de se conectar ao mesmo tempo, de forma
to, as plataformas digitais, com recursos de inteligência rápida e sem contratempos. Assim se existisse qualquer
artificial interpretam as respostas dos estudantes e tradu- acontecimento em algum ponto do planeta, poderíamos
zem para o educador o ritmo de aprendizagem em dis- ter pessoas seguindo as informações como se estivesse em
ciplina e assunto (BECHARA & HAGUENAUER, 2009). um mesmo lugar (CAZAVECHIA & TOLEDO, 2018).
A gameficação utiliza a lógica de jogos na educação com Mas não era só McLuhan que tinha toda essa ideia ino-
o método de aprendizagem acontece por meio de ex- vadora para aquela época, por volta do ano de 1926 um
perimentação e erro, a tecnologia na educação tem um croata chamado Nikolas Teslas, cientísta, inventor e um
grande potencial para a aprendizagem (COSTA & MAR- profissional inovador nos campos da eletrônica, trans-
CHIORI, 2016). missão elétrica sem fio, evolução do rádio e de motores
A gameficação desenvolve habilidades para o mercado automobilísticos, também um visionário já naquele sé-
de trabalho da contemporaneidade, um dos exemplos é culo disseminava a idéia de que mais rápido do que se
o jogo Minecraft Education que é utilizado por quase mil poderiam imaginar os meios de comunicação eletricos e
escolas em mais de 40 países. Em seus jogos os partici- eletrônicos iriam evoluir de tal modo que as distâncias
pantes, que são os estudantes, precisam construir estru- entre as pessoas e os paises diminuirião.
turas e plantar para a sobrevivência e encontrar recursos, A história da internet começa na era dos computadores
ai os alunos unem conhecimento entre si (BOITO, 2018) ligados a energia elétrica, assim surgindo nos anos 1950,
As TICs na educação estão integradas aos hábitos que o que de fato eram pesadas, enormes e também bastante
ensino facilita, no envolvimento e relação dos alunos na lentas que eram usados em laboratórios científicos, dife-
modalidade de ensino, nas práticas pedagógicas moder- rente dos computadores de hoje que são menores e rápi-
nas que são essencialmente caracterizadas pelo processo dos. E nisso não existiam fabricações para o uso pessoal e
de aprendizagem proporcionando evolução na aptidão e assim só eram disponíveis em países de primeiro mundo
na habilidade com a TICs. e que deram origem na criação da internet (WEBLINK,
Este trabalho buscou apresentar a importância das tecno- 2020)
logias da informação e comunicação (TICs) na educação, Nos anos 1960 houve a criação da Advanced Research
a sua utilização e, apresentar as ferramentas disponíveis Projects Agency Network (ARPANET) que acabou surgin-
e a sua função dentro do ambiente virtual de aprendiza- do de um laboratório dos Estados Unidos que era conhe-
gem. Já os objetivos específicos procuraram evidenciar a cido como Departamento de defesa do país, assim logo
necessidade de adaptação do modelo pedagógico vigente começou a desenvolver uma rede onde computadores se
para atender as demandas emergentes da educação a dis- interligavam (WEBLINK, 2020). Eles viam que isso po-
tância (EAD), para o desenvolvimento das habilidades e deria proteger as comunicações durante a guerra fria e
competências do aluno. também em momentos que fossem favoráveis à união so-
Na parte da metodológica, foi realizado um estudo de viética. Com esse projeto começaram a ter redes privadas
caso tendo como objeto de estudo a Faculdade Sena Aires onde esses computadores se interligavam, então assim
(FACESA), apoiado em um levantamento bibliográfico e tendo uma ideia em criar uma rede global que permiti-
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ria conexões simultâneas em vários tipos de redes, assim car-se junto ao MEC e, uma vez criados, os cursos a dis-
surgindo a internetworking sendo um ponto-chave da tância passam pela mesma avaliação aplicada em cursos
criação da internet (WEBLINK, 2020). presenciais. Assim, o diploma recebido em curso superior
Em 1974, essa abreviação internetworking fez com que a à distância, reconhecido pelo MEC, tem a mesma vali-
palavra INTERNET fosse usada pela primeira vez depois dade quanto o diploma dos cursos presenciais (BRASIL,
de 1920 anos e assim se aproximar do que conhecemos 2019).
hoje na tecnologia. Assim nos anos 1980 o Cientista Tim A primeira geração do EAD foi caracterizada pelos cursos
Berners-Lee criou o (WWW-World Wide Web), assim si- por correspondência. Nesse tipo de curso, o aluno recebia
multaneamente HTML e também o primeiro navegador o material do curso em casa, com conteúdos e exercícios
chamado WordWideWeb sem espaço no ano de 1990. Já do tema que seria estudado pelo correio. Essa geração é
em 1991 ele lançou a primeira pagina que conhecemos o Instituto Universal Brasileiro, preparava os alunos para
hoje e em 1993 foi mundialmente anunciado que usuá- o mercado de trabalho com materiais impressos enviado
rios poderia se interagir entre si e criar pagina e sites, e as- pelos Correios (PORTAL EAD, 2020).
sim a sociedade começou a se transformar. Em 1994 teve A segunda geração do ensino a distância no Brasil veio
lançamento do Geocities sendo uma ferramenta gratuita a partir dos anos 1970, quando o foco principal ainda
para a criação de paginas personalizada ou pessoal assim eram os materiais impressos, mas surgiram também fitas
tendo 34 milhões de usuários (WEBLINK, 2020). de vídeo, programas da televisão (PORTAL EAD, 2020).
Ainda nos anos 1990, teve o surgimento das redes sociais O Telecurso é um programa que passava na televisão no
que veio a crescer a internet mundialmente tendo uma horário da manhã para ajudar o aluno na matéria que o
interação entre milhares de usuários. A primeira rede aluno tinha dificuldade na escola. Nessa mesma época,
social era chamada de Classmates que era uma pagina na Europa e nos Estados Unidos já surgiam as primeiras
de alunos do Canadá e os Estados Unidos, assim alunos Universidades Abertas.
trocavam conhecimentos ou ate mesmo marca encontros. (PORTAL EAD, 2020).
Logo surgiu o Fotolog em 2002, Linkedin em 2003, já em A terceira e última geração é as dos dias atuais, na qual a
2004 surgiu o Orkut e Facebook, então em 2005 veio o tecnologia está totalmente adaptada, os alunos utilizam
Youtube, já no ano de 2006 veio a surgi o Twitter, e no ano os recursos de comunicação por meio de computadores
de 2010 surgiu o Instagram. Nisso vemos que a internet conectados à internet, atendende um número bem maior
está em todo o lugar, em dispositivos, consoles, eletrodo- de pessoas. Existem, no Brasil, mais de um milhão de
mésticos e também como vimos atualmente em relógios alunos que adquiriu pelo ensino a distância para concluir
inteligentes, existe cerca de 3,9 bilhões de usuários co- uma faculdade (PORTAL EAD, 2020).
nectados em qualquer parte do mundo, eles estão a todo Outro benefício da EAD é que os alunos podem se co-
o momento enviando e-mails, enviando mensagens nas municar através da internet e interagir com o professor e
redes sociais, pesquisando no Google, assistindo vídeos com outros alunos, além que se a pessoa morar longe não
e acumulando horas de conteúdos no Netflix. Nos anos precisa gastar com deslocamento e alimentação fora de
1950 a tecnologia se revolucionou na forma de pessoas se casa (FARIAS, 2013).
comunicarem, nos estudos, nos trabalhos, ou seja, barrei- Ainda, os cursos a distância têm custos menores do que
ras foram quebradas pela internet até os tempos de hoje os cursos presenciais, isso acontece porque não necessita
(WEBLINK, 2020). de uma escola física para as aulas porque ele ocorre atra-
vés do ambiente virtual do ensino, tem outro fator que
ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) economiza o gasto do aluno é o fator de este não precisar
se mover ate uma escola não é preciso gastar com ônibus
A EAD, de um tempo pra cá está crescendo de uma forma ou alimentação.
muito acelerada no país, sendo incentivado por progra- Ao escolher um curso a distância, o aluno precisa ter os
mas do governo para facilitar o acesso de alunos ao en- mesmos cuidados que teria ao escolher um curso presen-
sino superior, o ensino a distancia é a maneira de ensino cial, é saber se o curso possui reconhecimento do MEC,
que mais cresce no Brasil (PORTAL EAD, 2020). por que isto garante o diploma quando formar.
O bem-estar do aluno, a preferência de horário, a eco- Até a facilidade do ensino a distancia de ter o os conteú-
nomia de tempo e o custo de mensalidades mais baratas, dos para rever quantas vezes quiser pelo site, e o con-
são alguns do interesse da modalidade EAD responsáveis teúdos sempre será atualizados, além da economia de
pelo número cada vez maior de estudantes que escolhem uma metodologia mais prática, o nível de especialização
por esta modalidade (BELLONI, 2003). dos professores é muito grande, o que aumenta ainda
O Ministério da Educação (MEC) reconhece os cursos mais as chances de um maior aproveitamento também
superiores EAD, para isso, as instituições devem qualifi- visa um aprendizado mais rápido e dinâmico que tona
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todo o processo de assistir a matéria mais interessante tância com apoio de matérias didáticos sistematicamen-
(SILVA, 2003). te organizados, através de vários meios de comunicação
Ainda que a qualidade seja semelhante ou igual dos cur- (GUTIERREZ & PRIETO, 1994). Na EAD algumas fer-
sos de presenciais, a grande maioria dos cursos que fazem ramentas de comunicação são adotadas com o objetivo
parte da EAD. de facilitar o processo de ensino e também estimular a
colaboração entre os alunos. Ademais, a interatividade
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) entre os alunos que acontece entre os meios de comunica-
ção, ou seja, a comunicação que se estabelece ao mesmo
O uso dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), tempo (síncrono) ou não (assíncrono), assim não sendo
um ambiente de aprendizado, vem crescendo, não so- necessários que os participantes tenham acesso à internet
mente na EAD, mas com uma tendência no decorrer dos (PALLOF & PRATT, 2002).
anos. Esse ambiente consiste na interação entre o profes-
sor e o aluno, do aluno com outros alunos. O acesso do RESULTADOS E DISCUSSÃO
aluno à uma aula virtual pode ocorrer onde ele estiver
desde que haja conexão à internet (PEREIRA; SCHIMIT; A Faculdade Sena Aires (FACESA) situada no Campus
DIAS, 2007). na cidade de Valparaíso de Goiás (Figura 1). Neste local
Dependendo da plataforma é possível acessar o material está a Biblioteca Central da faculdadem inaugurada em
de aula off-line, neste caso o aluno pode baixar a vídeo 2000, é mantida pelo Centro Tecnológico de Educação
aula e assistir quando quiser e, assim, assisti-la onde e Sena Aires (CETESA) e tem como objetivo atender com
quando quiser. Também transmissões ao vivo outra coisa qualidade, rapidez e eficiência, as necessidades e expecta-
forte que o aluno pode ver aulas em tempo real uma coisa tivas do ensino, pesquisa e extensão da comunidade aca-
muito vantajosa, não precisa esta fisicamente em um nú- dêmica dos cursos presenciais e EAD (Cursos Técnicos
cleo de ensino (PEREIRA; SCHIMIT; DIAS, 2007). presenciais e em EAD, Técnicos administrativos, Tutores
O uso da informática na área da educação é cada vez mais e Comunidade Externa), oferecendo serviços e produtos
crescente, pois tem proporcionado melhor desempenho em informação que acompanham as transformações tec-
das aulas ministradas por professores e aprendizado dos nológicas e sociais no campo da educação, saúde e da so-
alunos, Algumas plataformas como o principal compu- ciedade como um todo.
tador ou um celular, assume um papel fundamental para Possuem 321.14m de área construída, contendo oito salas
a aprendizagem, tornando-se indispensável na área da de estudo individual, oito salas de estudo em grupo, uma
educação, tanto na modalidade presencial quanto a dis- sala de informática com computadores ligados à internet,
tância (virtual), fornecendo várias opções de utilização. sala de fotocópias, banheiros adaptados para pessoas com
Na modalidade virtual têm-se bons recursos para a troca necessidades especiais (PNE), bebedouros, e a sala com
de informações, que estimulam as interações e apoiam o acessibilidade para apoiar os deficientes visuais e com
trabalho colaborativo entre alunos (KENSKI, 2003). baixa visão na BCESA.
Os processos de ensino e de aprendizagem, ocorrem in- A visita técnica realizada na FACESA buscou levantar
dependentemente de alunos e professores estarem no práticas na área da EAD, fornecidas por um representan-
mesmo lugar ou ao mesmo tempo (assíncrono), o que te da faculdade, que lá mostrou como é feito o cadastra-
caracteriza a EAD (PALLOF & PRATT, 2004). mento do aluno para os cursos presenciais e EAD.
O AVA geralmente é desenvolvido por núcleos acadêmi-
cos ou empresas, sejam elas públicas ou privadas, que for- Figura 1 - Frente da Faculdade Sena Aires
necem aos alunos ferramentas a serem utilizadas durante
o seu aprendizado, para assim facilitar o compartilha-
mento das matérias de estudo e também manter discus-
sões, registrar notas dos alunos, coletas atividades, entre
outros. O AVA contribui para um melhor aproveitamento
na aprendizagem na EAD, pois oferece diversos recursos
para a realização das aulas e interatividade entre os alu-
nos e professores (LANDIM, 1997).
Segundo a Secretaria de Educação a Distância, a diferen-
ça da modalidade presencial e a EAD está no ambiente
físico e virtual, respectivamente. Na EAD, o aluno tem
acesso ao conhecimento e desenvolve novas habilidades
e hábitos, com a mediação de professores, atuando a dis-
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As atividades acadêmicas são colocadas no Ambiente Figura 3 - Computador exclusivo para PCDs
Virtual de Aprendizagem (AVA), que dá acesso para
que os professores possam interagir com os seus alu-
nos, esses exercícios têm um tempo e limite de vezes
para serem acessadas. Alguns cursos EAD oferecidos
pela faculdade são técnicos em Enfermagem, Radio-
logia, e Segurança do Trabalho. Estes cursos de ensino
EAD precisam ter um cuidado maior, pois o aluno tem
que estar sempre ativo nas atividades e aulas presen-
ciais de finais de semana para as atividades de labo-
ratório.
A faculdade disponibiliza mais de dois mil livros em sua
biblioteca física e na biblioteca digital, nesse local pode-
mos encontrar um espaço enorme para descanso, com
salas também para estudar no conforto.
Além de a faculdade disponibilizar uma sala física para
alunos que fazem EAD, para poderem assistir a aula no
progetor que fica conectado na web, outro fator muito
importante é a assebilidade que a faculdade tem com o
laboratório de informática (Figura 2), tem computado-
res para os cursos presenciais e EAD, além de ter alguns
computadores especiais para deficientes visuais utilizan-
do o Braile (Figura 3).
Figura 4 - AVA
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nal, com isso Goiás passou a ser o terceiro do Brasil em a soja tem fluidez imediata, dadas as suas características
produção de milho e da soja também se tornou o terceiro de “commodity” no mercado internacional, enquanto
com aumento de 9,0%, com 12,46 milhões de toneladas, que milho tem sua produção voltada para o abastecimen-
representando 10,4% da produção nacional. Em ambos to interno, embora atualmente a sua exportação venha
houve aumento da área cultivada, do milho em 11,7%, o sendo realizada em quantidades convincentes e contri-
que significa uma área de 1,87 milhões de hectares, já a buindo para maior sustentação dos preços internos. Ape-
soja cresceu 2%, totalizando 3,54 milhões de hectares a sar disto, o milho tem evoluído como cultura comercial
mais na safra de 2019/2020, a produtividade é outro im- apresentando, nas últimas décadas, taxas de crescimento
portante dado que cresceu 6,9%, ou seja, 3.516 quilos por da produção.
hectare a mais (NOTICIAS AGRÍCOLAS, 2020). Outro fator que tem alavancando o crescimento de mi-
Soja é a cultura de maior destaque dentre diversas pro- lho na região Centro-Oeste, e em especial no Estado de
duzidas no estado, onde sua produção teve crescimen- Goiás, é a ampliação do parque industrial (principalmen-
to mais expressivo na região Goiana. Barbosa (1987), te o dedicado à criação e processamento de carnes de
Cunha et al. (1994) e Sousa (1990) confirmam que a soja aves e suínos), em direção à região de cerrado, que utiliza
é uma cultura que se adapta à mecanização e à demanda milho como insumo. Por outro lado, o uso da cultura de
do complexo agroindustrial que migrou para o Estado milho no sistema de plantio direto também tem favore-
(APROSOJA, 2020). cido os níveis de produção e produtividade nesta região
É um grão importante principalmente pelo seu alto per- (IBGE, 2017)
centual de proteína, os primeiros relatos de produção no Na produção do milho, onde a maioria do grão da sa-
Brasil, foi na região sul do pais, que tem um clima tem- fra tardia, que já foi chamada de safrinha, mas devido
perado mais próximo do chinês, local de origem da soja, a alta produção passando muitas vezes a primeira safra,
mas com tecnologia e melhoramento genético, propicia- atualmente é reconhecida como segunda safra. Também é
do pelas pesquisas hoje o Brasil é um dos maiores produ- comum que os pequenos e médios produtores plantem a
tores do grão que pode ser encontrado em todo território cultivar para utilizar na alimentação de seus animais, em
nacional (APROSOJA, 2020). grãos ou em formato de silagem.
O grão chegou em Mato Grosso do Sul (MS), Mato Gros- De acordo com o coordenador do sindicato rural cultu-
so (MT) e Goiás (GO), nos anos de 1970 e 1980, o rápido ralmente não é tradição na região, mas está estabelecido
crescimento foi incentivado pelos altos preços no merca- como uma opção para a alimentação dos animais, prin-
do internacional no período de 1969 a 1977. As cultivares cipalmente quando o milho está caro. A cultura do sorgo
desenvolvidas que se adaptaram melhor ao Brasil central apresentou expressiva expansão nos últimos anos agríco-
tiveram grande parte da parcela do crescimento da pre- las, principalmente pelo potencial de produção de grãos
sença da cultivar no centro oeste (IGREJA et al., 1988). e matéria seca da cultura, além de suportar climas adver-
De acordo com o sindicato rural no município de Nique- sos, sendo uma excelente opção em diversas situações em
lândia cerca de 70% das terras de cultivo da soja, são pró- que é preciso uma forrageira ou produção de grãos mas
prias dos produtores, porem nos últimos dois anos houve há déficit hídrico ou baixa fertilidade dos solos (EMBRA-
um crescimento na procura de arrendamento de terras. PA, 2020).
Na localidade há mais de 3 pontos de beneficiamento É comum a produção de sorgo na região de Niquelândia
no município, várias secadores como a da ADF, Wilton sendo voltada mais para cobertura de solo pós-safra e as
Guimarães Filho, Abner Caixeto, Armazém da família vezes na alimentação de animais devido ser uma produ-
Miguel. Apesar da entrada de lavouristas vindos de ou- ção mais barata.
tras regiões no município existem alguns produtores tais O sorgo apresenta taxas de nutrientes muito próximos
como: Evaldo Rincon, Roberto Sorgi, Sebastião Paulista, do milho, no entanto apresenta diferenças na taxa de de-
os Peixoto, os Leal, entre outros. gradação e com relação a sua digestibilidade no caso de
O milho além de ser um alimento de grande importância bovinos (STOCK, 1999). Já no caso de galinhas PINTO et
principalmente na alimentação dos animais, também está al.(2005) não observa menor desempenho das poedeiras,
atrelado a eventos culturais típicos do Brasil. Enquanto ao substituir o milho pelo sorgo, total ou parcialmente,
na Europa as festa juninas, entre junho e setembro, acon- mas nota uma diminuição da pigmentação da gema do
teciam para comemorarem a colheita do trigo, quando a ovo, saliente que deve haver inclusão de carotenoides na
tradição desembarcou no Brasil, trazidas pelos coloniza- alimentação para atingir a coloração desejada.
dores, as festas realizadas em junho foram para comemo- A agropecuária familiar em si é bem relevante, pois na
ra a colheita do milho , que tem o período de colheita na parte de cultivo de alimentos para consumo interno,
mesma época do trigo europeu. existem diversas famílias produtoras de hortaliças e fru-
A produção de milho no Estado de Goiás, juntamente ticulturas, onde com apoio do Sindicato Rural, Serviço
com a de soja, contribui com cerca de 80% da produção Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e Colégio Ti-
de grãos. O que difere as duas culturas está no fato de que radentes que tem um projeto para fomentar a produção
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em pequenas e medias propriedades vem tornando cada ramo agrícola do município, e de órgãos ligados ao ramo
vez maior. Atualmente a principal intenção é abastecer no município, como Sindicato Rural, Associação Comer-
o município mas há planos de chegar até mercados vi- cial e Secretaria Municipal, por meio da aplicação de ques-
zinhos. tionário e entrevistas a fim de conseguir uma análise com-
Já na parte da pecuária, a relevância maior fica para a pro- parativa da expansão ou não da agricultura do município
dução de leite e seus derivados. São de extrema importân- nos últimos anos (NIQUELÂNDIA, 2020).
cia econômica do município sendo que 75% da produção Analisando a produção do município de Niquelândia-
é oriunda da produção familiar, gerando renda para vá- -GO, onde vamos descrever pelo menos dois cultivares
rios produtores que tem a pecuária leiteira como prin- no município; ressaltando a evolução da produção dos
cipal fonte de renda. A produção de bovinos para corte anos anteriores. Onde pesquisas que visem analisar o se-
também está presente, mas em menor número. tor agrícola a fim de demonstrar abordagens positivas e
Quanto a produção de grãos, na agricultura familiar é negativas quanto ao caráter evolutivo da agricultura de
mais tímida, em muitos casos toda a produção fica dentro Niquelândia. Esses números são importantes, a fim de
da propriedade na alimentação de animais como bovinos, mostrar se tem obtido ganhos de produtividades e au-
aves e suínos, os mais presentes dentro das propriedades. mento dos padrões de modernização. No caso do Estado
Quando se fala em extensas propriedades os principais de Goiás, e a região nordeste, a economia baseia-se em
cultivos do município são os grãos, especificamente os grande parte de atividades agrícolas, e, com isso, sendo
cereais. A mão de obra em média é especializada, devido relevante que pesquisas sejam realizadas a fim de buscar
a tecnologia empregada, no entanto, a das lavouras são cada vez mais desenvolvimento destas atividades, e for-
mais afastadas da cidade de Niquelândia e mais próximas mação maior do produto interno bruto do Estado.
de outras cidades. Com isso é mais comum que a mão Quanto ao município de Niquelândia-GO, observa-se
de obra utilizada seja de outras cidades. Um ponto que que são poucos estudos realizados neste sentido, mesmo
dificulta a ligação das fazendas produtoras com o municí- a agropecuária sendo um ponto forte da economia do
pio é a precariedade de muitas estradas. Existem diversos mesmo, e tais estudos são importantes para que demons-
avanços tecnológicos na produção do município e evolu- trem a oscilações das atividades ao longo do tempo.
ção de maquinários. A presente pesquisa pode ser justificada, por buscar dados
Diversos produtores vêm investindo na região com a pro- que analisem o mercado agrícola do município, apontando
dução de soja e milho, e estão obtendo bons resultados, pontos positivos e negativos, e com isso oferecer, tanto a
fazendo com que haja valorização da terra, principalmen- população acadêmica, como empresários do ramo agrí-
te nas que tem boa capacidade de mecanização. O desen- cola na ampliação de informações. Até porque nas próxi-
volvimento da agricultura, não deixa de trazer rentabili- mas décadas, o maior desafio dos profissionais ligados ao
dade e novos projetos para a região. agronegócio será como planejar, implementar e conduzir
O município de Niquelândia teve por muito tempo a modelos produtivos que sejam inovadores, ambientalmen-
exploração mineral como sua principal fonte de renda, te corretos e socialmente justos em seus territórios rurais,
empregando os morados da cidade e fomentando a eco- agregando valor às matérias-primas dos territórios rurais.
nomia local, com a diminuição do extrativismo mineral o
agronegócio que já vinha despontando, apresentou cres- RESULTADOS E DISCUSSÃO
cimento acentuado, se tornando uma das principais op-
ções de investimento da população niquelandense. A fim de conseguir base das informações locais do mu-
Com o objetivo de avaliar a expansão da agricultura, nicípio de Niquelândia-GO, foi feita uma entrevista com
principalmente das culturas de soja e milho na região, o Paulo Martins, coordenador do Sindicato Rural do mu-
estudo busca avaliar e mostrar as características da pro- nicípio, a respeito da produção agrícola, pautada nas se-
dução agrícola do município, localizada no norte goia- guintes questões:
no. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 1. Área e tempo de atuação;
Estatística (IBGE), o município de Niquelândia-GO tem 2. Levantamento da produção agrícola do muni-
passado por uma fase de expansão na plantação de soja e cípio, além de milho e soja;
outros grãos. 3. Levantamento da produção da agricultura fa-
A metodologia do estudo será de caráter bibliográfico e miliar local e sua relevância;
de pesquisa em campo. A pesquisa bibliográfica consiste 4. Se a mão de obra empregada na produção de
em estudo em livros, artigos e publicações que abordem grãos é especializada e a prediminância de ma-
a temática agrícola, em Niquelândia-GO, a fim de conse- quinários;
guir uma abordagem comparativa. A pesquisa em campo, 5. Evolução tecnológica na produção agrícola do
buscará informações em comércios da cidade, e órgãos pú- município;
blicos a fim de conseguir dados reais e atuais da agricultura 6. Se a produção agrícola é arrendada ou com
do município, buscando a participação de comerciantes do propriedade própria;
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7. Levantamento dos grandes produtores de Um importante objetivo a ser levado em conta, quando
grãos do município; se fala em produção é o melhoramento genético a fim de
8. Local de beneficiamento dos grãos produzidos conseguir uma maior produtividade, uma cultivar que
no municípios, local de suas secadoras locais; consegue alcançar uma produção considerável é facil-
9. Existência da produção do sorgo e se o grão mente popularizada, ao atingir um equilíbrio balanceado
é comumente usada na limentação de animais de genes (KIIHL, 1994). E no município as cultivares es-
criados na região. colhidas são frutos de melhoramento a fim de se adequar
Paulo Martins está há mais de cinco anos envolvido com melhor na região do cerrado, investindo em tecnologias o
a produção agropecuária e, nos últimos anos, pode ob- ganho de resultados é significativo.
servar a crescente transformação na região na produção, Outro ponto que deve ser mencionado é a mecanização
principalmente de soja e milho. da produção agrícola, que revolucionou o agronegócio,
Com este estudo pode-se constatar que a região de Nique- aumentando a eficiência de muitos processos. Hoje no
lândia-GO apresenta um vasto território disponível e, em Brasil já são mais de 2 milhões de máquinas agrícolas,
grande parte, é manejado abaixo da sua capacidade de pro- um aumento de mais de 48% se compararmos ao mesmo
dução, tanto na pecuária, por apresentar muitas pastagens período em 2018. BRANDÃO, REZENDE e MARQUES
degradas, quanto na agricultura, o foco do nosso trabalho. (2005) comentam que o aumento na aquisição de máqui-
A agricultura do município de Niquelândia-GO é bem nas está associado ao crescimento da área cultivada.
ampla com diversos tipos de cultivares, apesar de apre- Falando da agricultura familiar vemos o ótimo cresci-
sentar diversos solos sendo aptos ou não para cultivo, mento através das parcerias e vem mostrando a grande
onde através de assistência técnica e correções no solo importância do pequeno produtor rural para a cidade e
promove a melhora na produção. estado. Com vários apoios técnicos à agricultura desen-
Apresenta vários cultivares tais como: Cana de açúcar, se- volvida pelas famílias vem se tornando destaque. Se-
ringueiras, mogno africano, pitaya, abacaxi entre outros. gundo a Secretária Municipal da Agricultura e Pecuária
Também na área agropecuária existem os confinamentos buscar novas parcerias é uma prioridade sendo ela na
de bovinos de corte e produção de leite. produção vegetal de grãos, hortifrutis, fruticultura, mas
O estudo evidenciou que, desde 2010 há relatos da plan- também na animal e seus derivados, como: leite, queijo,
tação de soja em Niquelândia, um exemplo dos primeiros carnes em geral, na produção de peixes, devido ao muni-
lavouristas no município é Bartolomeu Braz que arren- cípio ter uma enorme condição de criação através do lago
dou terras no município, afirmando que o solo tem boa serra da mesa.
composição e que a tonelada de calcário é facilmente en- Quanto a lavouras permanentes o IBGE (2018) indica
contrada, por haver jazidas próximas (GLOBO RURAL, que Niquelândia-GO de 487 hectares plantados, número
2013). Embora os primeiros agricultores de grandes ex- relativamente pequeno levando em consideração o tama-
tensões de terra viessem de foram, atualmente há muitos nho do território de 984.300 hectares. Já quanto a lavou-
originários na cidade, plantando em suas próprias terras, ras temporárias que inclui soja, milho, feijão, entre outros
incentivados pela alta da soja e milho e os bons resultados é de 55.465 hectares em 2018, segundo o IBGE, demons-
obtidos na região. trando um interesse maior pelas cultivares temporárias
Através dos fatos citados percebe-se uma grande evolu- que tem ciclos menor que um ano, e que necessitam de
ção da agropecuária na região centro oeste, e no municí- novo plantio para que haja outra safra.
pio de Niquelândia também é perceptível essas mudan-
ças. Evolução esta de suma importância economicamente CONSIDERAÇÕES FINAIS
e socialmente no estado Goiano, gerando empregos e ali-
mentos para o Brasil e mundo. Niquelândia-GO há uns 10 anos atrás tinha como sua
Diversos produtores na região comentam o aumento da principal atividade econômica a Mineração, porém com
procura do exterior em grãos brasileiros o que vem fa- o passar dos anos uma das empresas que atuava na extra-
zendo com eles se interessem em produzir cada vez mais, ção de minérios fechou deixando centenas de desempre-
procurando sempre a expansão do território para aumen- gados. A agropecuária que já era forte no município, se
tar a produção, território que anteriormente era utilizado tornou a principal fonte de renda do município, e a cada
como pastagem. Dado confirmado pela Aprosoja Brasil ano que passa, mais pessoas se tornavam agricultores.
que comunica que o Brasil bateu recorde de exportação Também vieram muitos lavouristas de fora em busca de
no mês de março, em comparação aos meses anteriores, terras para a produção.
em grande parte os grãos estão sendo exportados para Foi então que a produção de grãos em grande escala
a China que vem sendo o maior comprador brasileiro. ganhou proporção maior, principalmente soja e milho,
Um dado importante também divulgado é que 65 países trazendo diversas empresas de sementes, fertilizantes, de-
compram soja e farelo de soja do Brasil e 17% do milho fensivos agrícolas, adubos, maquinários e implementos
exportado no mundo é brasileiro. agrícolas para a região.
94 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 91 - 95, 2020.
TCC
EMBRAPA. Calagem. Disponível em: https://www. SOUSA, I.S.F. Condicionantes à modernização da soja
agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/ no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural,
arvore/CONTAG01_34_711200516717.html. Acesso em: v.28, n.2, p.175-212, abr./jun. 1990.
13 jun. 2020.
STOCK, R.A. Nutritional benefits of specialty grain
GLOBO RURAL. Produtores de Soja Buscam Novas hybrids in beef feedlot diets.
Áreas Para o Plantio do Grão em GO. 2013. Disponível Journal of Ani”lal Science, v. 77, Suppl. 2, p. 208-212,
em: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/ 1999.
noticia/2013/10/produtores-de-soja-buscam-novas-
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 91 - 95, 2020. 95
TUTORIAL
RESUMO
O Kahoot é uma plataforma de aprendizado baseada em jogos, usada como tecnologia educacional em escolas e demais
instituições de ensino. Seus jogos de aprendizado, “Kahoots”, são testes de múltipla escolha que permitem a geração quizzes
e podem ser acessados por meio de um navegador da Web ou do aplicativo Kahoot.
Neste tuturial vamos aprender algumas funcionalidades, como construir um quiz e compartilhar esse quiz com os estu-
dantes.
COMO ACESSAR
Figura 2 - Página inicial
Digite kahoot no google ou https://kahoot.com.
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TUTORIAL
Ao entrar você, irá visualizar a área de trabalho. Aba Na aba kahoots é onde você encontra todos os seus ques-
“Home” tionários prontos.
Ao clicar na aba “Discover”, você pode buscar o tema que Clique em “Create” Criar para desenvolver um kahoot.
deseja e utilizar de kahoots já construídos por outras pes-
soas. Figura 8: Menu “Create”
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TUTORIAL
Figura 10 - Menu Kahoot title Aqui você digita a pergunta, até 120 caracteres e espaço
conta.
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TUTORIAL
Pode descrever a imagem para ajudar os usuários que uti- Ou pode enviar um vídeo ou videoaula e ainda determi-
lizam software ou app para deficiente visual e ou auditiva. nar qual o ponto de inicio e de termino do vídeo para que
E, se for o caso, colocar os créditos da imgem. seja feito questionamento.
Figura 20 - Alternativas
Figura 21 - Tempo
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TUTORIAL
Neste lugar é possível ajustar o valor da questão entre: 0, Figura 25 - Duplicar questão
1000 ou 2000 pontos.
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TUTORIAL
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TUTORIAL
Figura 32 - Volume
102 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 96 - 102, 2020.
TUTORIAL
RESUMO
O APP PEEQUI - Plataforma de Ensino, Desenvolvimento, Pesquisa e Inovação, disponibilizará cursos de capacitação,
mini cursos, palestras, artigos científicos e notícias relevantes. O objetivo do aplicativo é a popularização e disseminação
da ciência, com foco nos pequenos e médios produtores do setor primário, estudantes, docentes, pesquisadores e comu-
nidade geral.
A ferramenta é fácil de usar e intuitiva, proporcionando um aprendizado eficiente e certificado.
Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 103 - 105, 2020. 103
TUTORIAL
ferir os dados. Caso haja algum erro você ainda poderá Clicando no menu “Setor Produtivo” o APP apresenta os
corrigi-lo. botões: “Inovações”, “Incubação”, “Prestação de Serviços”,
Com o cadastro completo você poderá acessar o menu “Boas Práticas” e “Fomento”.
“Notícias”, para se manter informado de tudo o que está
acontecendo no Brasil e no mundo, em relação a Desen- Inovações – Este menu apresenta as inovações pertinen-
volvimento e Inovação Tecnológica, além de novidades, tes ao Setor Produtivo pela Rede Itego – Regional 1.
como novos cursos e eventos. Incubação – Este menu apresenta a lista de capacitações
disponíveis para os empreendedores que participam da
Figura 2 - Notícias Incubadora da Rede Itego – Regional 1.
Prestação de Serviços – Este menu apresenta a lista de
serviços técnicos disponíveis.
Boas Práticas – Este menu apresenta material informati-
vo referente a Boas Práticas, importantes para o desenvol-
vimento do Setor Produtivo.
Fomento – Este menu apresenta editais de fomento dis-
poníveis para submissão.
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TUTORIAL
Figura 5 - Cooperativa/Associação
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DICA DO PROFESSOR
106 Rev. Desen. Inov. Tecn., Goiânia, GO, v.1 n.1, p. 106 - 106, 2020.
NORMAS EDITORIAIS
As submissões ocorrem mediante publicação anual de edital específico e as normas e instruções aos autores sobre estrutura
e formação dos trabalhos podem ser acessadas no site https://ibraceds.org.br/revistaeletronica.
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Nossa contribuição para
o DESENVOLVIMENTO E
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
está aqui dentro.
Tudo preto no branco.