Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/364669502
CITATIONS READS
0 8
3 authors:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Paulo de Sousa on 24 October 2022.
A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
NA CADEIA DE
SUPRIMENTOS
SUSTENTÁVEL
NA INDÚSTRIA
BRASILEIRA
ABRI L/2 02 2
1
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca Walther Moreira Salles
Fundação Dom Cabral
02. Metodologia 10
O conceito de Indústria 4.0 foi primeiramente introduzido em 2011, como forma de re-
ferência à adoção de tecnologias cada vez mais integradas às fábricas nos campos
da automação, tecnologia da informação e controle dos processos de manufatura.
Esse conceito representa uma nova etapa industrial, a 4ª Revolução Industrial, ca-
racterizada pela transformação digital para melhoria da produtividade e eficiência
dos processos produtivos, que engloba e aperfeiçoa processos introduzidos em nas
revoluções anteriores, como o uso de máquinas (1ª Revolução), da eletricidade (2ª
Revolução) e de sistemas de automação informatizados (3ª Revolução).
1 Holmström, J., Holweg, M., Lawson, B., Pil, F. K., & Wagner, S. M. (2019). The digitalization of operations and supply chain
management: Theoretical and methodological implications. Journal of Operations Management, 65(8), 728–734. https://
doi.org/10.1002/joom.1073
2 FRANK, Alejandro Germán; DALENOGARE, Lucas Santos; AYALA, Néstor Fabián. Industry 4.0 technologies: Implementation
patterns in manufacturing companies. International Journal of Production Economics, v. 210, p. 15-26, 2019
5
em tecnologias emergentes (Smart Manufacturing) e a forma como os produtos são
oferecidos (Smart Products-Service Systems)3. Também considera a forma como as
matérias-primas e produtos são entregues (Smart Supply Chain)4 e as novas formas
de os trabalhadores realizarem suas atividades com base no suporte de tecnologias
emergentes (Smart Working)5 6.
3 Dalenogare, L. S., Benitez, G. B., Ayala, N. F., & Frank, A. G. (2018). The expected contribution of Industry 4.0 technologies for
industrial performance. International Journal of Production Economics, 204, 383-394.
4 Angeles, R. (2009). Anticipated IT infrastructure and supply chain integration capabilities for RFID and their associated
deployment outcomes. International Journal of Information Management, 29(3), 219-231.
5 Stock, T., Obenaus, M., Kunz, S., & Kohl, H. (2018). Industry 4.0 as enabler for a sustainable development: A qualitative
assessment of its ecological and social potential. Process Safety and Environmental Protection, 118, 254-267.
6 Longo, F., Nicoletti, L., & Padovano, A. (2017). Smart operators in industry 4.0: A human-centered approach to enhance
operators’ capabilities and competencies within the new smart factory context. Computers & industrial engineering, 113,
144-159.
7
FRANK, Alejandro Germán; DALENOGARE, Lucas Santos; AYALA, Néstor Fabián. Industry 4.0 technologies: Implementation
patterns in manufacturing companies. International Journal of Production Economics, v. 210, p. 15-26, 2019
6
interesse público ou oportunidades competitivas 8 9 10 11. Segundo um estudo realizado
pela Universidade de Oxford, 65% das empresas afirmaram ter um propósito claro no
que tange à sustentabilidade e 23% estão trabalhando para isso12. A maior parte das
empresas também admitiu que práticas sustentáveis reduzem riscos e que a adoção
de uma cadeia de suprimentos verde constitui um diferencial competitivo.
Diante desse cenário, o presente estudo concentra-se na Smart Supply Chain (Ca-
deias de Suprimentos Inteligentes) que permite uma gestão integrada de todos os
setores de determinado processo produtivo, visando coibir interrupções, fornecer
dados sobre todas as suas etapas em tempo real e realizar estimativas que consi-
deram diversos aspectos, como capacidade de fornecedores, recursos financeiros e
responsabilidade ambiental. Assim, as instalações de manufatura tornam-se ótimas
oportunidades para impulsionar inovações que contribuem para reduzir as emissões
de carbono e promovem a sustentabilidade. Dentre algumas iniciativas possíveis es-
tão: monitorar o uso de energia em função do volume de produção, medir as emis-
sões de dióxido de carbono em relação aos compromissos de conformidade e apli-
car sistemas de gerenciamento de segurança aos processos sustentáveis.
8 Linton, J. D., Klassen, R., & Jayaraman, V. (2007). Sustainable supply chains: An introduction. Journal of operations
management, 25(6), 1075-1082. https://doi.org/10.1016/j.jom.2007.01.012
9 Seuring, S., & Müller, M. (2008). From a literature review to a conceptual framework for sustainable supply chain
management. Journal of cleaner production, 16(15), 1699–1710. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.04.020
10 Wilhelm, M., & Villena, V. H. ([2018) Cascading Sustainability in Multi-tier Supply Chains: When Do Chinese Suppliers Adopt
Sustainable Procurement? Production and Operations Management, n/a(n/a). https://doi.org/10.1111/poms.13516
11 Zhu, Q., & Sarkis, J. (2004). Relationships between operational practices and performance among early adopters of green
supply chain management practices in Chinese manufacturing enterprises. Journal of Operations Management, 22(3),
265–289. https://doi.org/10.1016/j.jom.2004.01.005
12 CLARK. Gordon L. From the Stockholder to the stakeholder. 2015. Disponível em: https://arabesque.com/research/From_
the_stockholder_to _the_stakeholder_web.pdf
7
processos. Já as práticas internas estão diretamente relacionadas à cadeia de su-
primentos, como os processos de empacotamento, produção e compras, todos com
características sustentáveis. O conjunto das práticas externas e internas, quanto bem
executado, abre espaço para implementação de inovações na cadeia. Entre elas, po-
de-se citar a transformação digital, que permite a integração de todos os segmentos
da empresa no ambiente digital. Além disso, a adoção de tecnologias base (aquelas
que são fundamentais para a fabricação/incorporação de produtos) e tecnologias
front-end (as tecnologias com as quais o usuário tem contato direto) também se
torna uma possibilidade. Quando a Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável
encontra a transformação digital e as tecnologias da Indústria 4.0, desenvolve-se o
conceito de Gestão Inteligente da Cadeia de Suprimentos Sustentável (Smart Green
Supply Chain Management - SGSCM), que tem o foco em unir aspectos da uma
cadeia de suprimentos sustentável com estratégias e tecnologias da Indústria 4.0. A
Figura 2 resume os conceitos apresentados até o momento.
Considerando esses aspectos, esta pesquisa tem por objetivo de construir um pa-
norama a partir da atual situação das cadeias de suprimentos de empresas bra-
sileiras com uma atenção voltada ao âmbito sustentável. Com isso, será possível
8
identificar o potencial das cadeias e os aspectos que necessitam de maior ou me-
nor amadurecimento para alinharem-se aos ideais de desenvolvimento sustentá-
vel com base nos princípios da Indústria 4.0.
9
02
METODOLOGIA
10
Os aspectos relacionados a gestão inteligente da cadeia de suprimentos sustentável
foram divididos em cinco constructos que abordam práticas internas e/ou opera-
ções verdes e práticas externas verdes. As práticas internas verdes estão relaciona-
das à três desses constructos: empacotamento sustentável, produção sustentável e
compra sustentável. O empacotamento sustentável inclui as embalagens reutilizá-
veis da empresa, o uso de menos materiais, o incentivo ao uso de embalagens reu-
tilizáveis e a promoção de programas de reciclagem e reutilização de embalagens
(Hsu et al., 2016)13. Para a produção sustentável, é considerado o impacto ambiental
do desenvolvimento e melhoria de produtos, desenvolvimento de produtos com ma-
téria-prima reciclável, baixo uso de recursos, baixo impacto ao meio ambiente e alta
vida útil. A compra sustentável inclui compras baseadas em especificações am-
bientais estabelecidas pelo design do produto e compras realizadas com parceiros
certificados pela ISO 14001 (Hsu et al., 2016)14. Também considera o impacto ambiental
minimizado nos procedimentos de compra e um processo de compra que segue os
padrões de rotulagem do produto para minimizar o impacto ambiental como itens
para este construto (Hsu et al., 2016)15.
13 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252
14 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252
15 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252
16 Laari, S., Töyli, J., Solakivi, T., & Ojala, L. (2016). Firm performance and customer-driven green supply chain management.
Journal of Cleaner Production, 112, 1960–1970. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.150
17 Laari, S., Töyli, J., Solakivi, T., & Ojala, L. (2016). Firm performance and customer-driven green supply chain management.
Journal of Cleaner Production, 112, 1960–1970. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.150
11
Outros dois constructos foram analisados relacionados à transformxação digital que
mede a estratégia do uso das tecnologias digitais (Nasiri et al., 2020)18 e tecnologias
digitais da indústria 4.0 que considera o uso de tecnologias de base e de front-end.
As tecnologias de base são transversais ou de uso geral que as organizações preci-
sam adotar junto com seus sistemas quando desejam implementar a transformação
digital. Para sua avaliação foram utilizados cinco itens que consideram tecnologias
digitais como IoT, computação em nuvem, análise de big data, IA e blockchain. No
caso das tecnologias front-end, foram incluídos os robôs colaborativos, simulação
computacional, realidade aumentada e impressão 3D, pois essas tecnogias avan-
çadas apoiam o desenvolvimento da cadeia de suprimentos inteligente (Frank et al.,
201919; Meindl et al., 2021 20).
18 Nasiri, M., Ukko, J., Saunila, M., & Rantala, T. (2020). Managing the digital supply chain: The role of smart technologies.
Technovation, 96–97, 102121. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2020.102121
19 Frank, A. G., Dalenogare, L. S., & Ayala, N. F. (2019). Industry 4.0 technologies: Implementation patterns in manufacturing
companies. International Journal of Production Economics, 210, 15–26.
20 Meindl, B., Ayala, N. F., Mendonça, J., & Frank, A. G. (2021). The four smarts of Industry 4.0: Evolution of ten years of
research and future perspectives. Technological Forecasting and Social Change, 168, 120784. https://doi.org/10.1016/j.
techfore.2021.120784
21 Cousins, P. D., Lawson, B., Petersen, K. J., & Fugate, B. (2019). Investigating green supply chain management practices
and performance. International Journal of Operations & Production Management, 39(5), 767-786. https://doi.org/10.1108/
IJOPM-11-2018-0676
22 Zhu, Q., Sarkis, J., & Lai, K. (2008). Confirmation of a measurement model for green supply chain management practices
implementation. International Journal of Production Economics, 111(2), 261–273. https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2006.11.029
23 Cao, M., & Zhang, Q. (2011). Supply chain collaboration: Impact on collaborative advantage and firm performance.
journal of operations management, 29(3), 163-180. https://doi.org/10.1016/j.jom.2010.12.008
24 Flynn, B. B., Huo, B., & Zhao, X. (2010). The impact of supply chain integration on performance: A contingency and
configuration approach. Journal of operations management, 28(1), 58-71.
12
olhos dos consumidores, melhoria do relacionamento com os stakeholders da comu-
nidade e melhoria do bem-estar dos funcionários (Nath e Agrawal, 202025).
25 Nath, V., & Agrawal, R. (2020). Agility and lean practices as antecedents of supply chain social sustainability.
International Journal of Operations & Production Management, 40(10), 1589-1611.
13
03
CARACTERIZAÇÃO
DAS EMPRESAS
No que tange ao tamanho das empresas (Receita bruta anual), observa-se que
46,30% são empresas de grande porte, com faturamento anual maior que 1 bilhão de
reais. Já as empresas médias, com faturamento maior que 90 milhões e menor ou
igual a 300 milhões, representam 13,11% do total. Já as pequenas representam 1,69%,
e possuem faturamento igual ou inferior a 16 milhões. As informações sobre receita
bruta anual e tamanho estão consolidadas na Figura 4.
26 IPEA. Indicador de Consumo Aparente de Bens Industriais – março de 2021. 2021. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/
cartadeconjuntura/index.php/2021/05/indicador-de-consumo-aparente-de-bens-industriais-marco-de-2021/
14
Figura 3: Segmento de atuação
15
Quanto à localização, todas as empresas pesquisadas são brasileiras e, na sua
maioria, estão localizadas na região sudeste (71,67%). As regiões Sul (17,55%) e Nor-
deste (4,65%) também se destacam. As informações referentes à localização estão
na Figura 5.
Figura 5: Localização
16
04
EMPACOTAMENTO SUSTENTÁVEL
27 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 2019. Estudo macroeconômico de embalagens. Disponível em: http://infoeconomico.com.
br/portal/embalagem-estudo-abre-fgv/
17
cerca de 28 mil pessoas em toda a operação. Além do exemplo da Boticário, outras
grandes empresas também investem. Avanços significativos podem ser vistos até
mesmo em grandes multinacionais: os sorvetes da empresa Häagen-Dazs, de pro-
priedade da Nestlé, serão comercializados em latas de aço inoxidável recarregáveis.
Já a PepsiCo começará a vender o suco de laranja Tropicana em garrafas de vidro30.
30 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 2019. Estudo macroeconômico de embalagens. Disponível em: http://infoeconomico.com.
br/portal/embalagem-estudo-abre-fgv/
18
05
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Outro dado que chama a atenção é o que diz respeito à vida útil dos produtos. 40%
das empresas concordam totalmente e 22% parcialmente que desenvolve produtos
com alta vida útil. Isso se reflete não só na melhor percepção da empresa por seus
clientes, já que estes adquirem produtos de melhor qualidade, mas também no volu-
me de lixo gerado. Produtos com alta vida útil evitam a necessidade de extração de
31 REDE EMPRESARIAL BRASILEIRA DE AVALIAÇÃO. Rede ACV. 2016. Disponível em: https://acv.ibict.br/sobre/rede-empresarial-
brasileira-de-acv-rebacv/
19
mais recursos para fabricação de novos, além de gerarem confiança na marca que
os fabrica.
A utilização de matéria prima reciclada, com a qual 58,8% das empresas concordam
e o desenvolvimento de produtos com baixo impacto ambiental, apontado por 72,1%
delas são também informações positivas obtidas através do questionário.
20
06
COMPRAS SUSTENTÁVEIS
A Figura 8 apresenta os dados obtidos neste âmbito. Pode-se perceber que 39,75%
das empresas afirmam comprar materiais que não danificam o meio ambiente,
como os biodegradáveis e aqueles que podem ser reciclados. Além disso, apenas
23,04% das empresas afirmam executar o processo de compras com parceiros
com certificação ISO 14001. Essa certificação garante que esses parceiros possuem
um Sistema de Gestão Ambiental, o que permite o gerenciamento de impactos am-
bientais a curto, médio e longo prazo dos produtos e/ou serviços. A Figura 8 também
32 VERDE GHAIA. O que a norma ISO 20400 diz sobre compras sustentáveis?. 2020. Disponível em: https://www.
consultoriaiso.org/o-que-sao-compras-sustentaveis/
21
demostra que 36,4% das instituições seguem totalmente um processo de compras
que minimiza o impacto ambiental e 36,8% seguem parcialmente. Este processo de
compras também segue as normas de rotulagem de produtos para minimizar o im-
pacto ambiental em 66% das instituições.
33 CAMPOS, Álvaro. BB, Cemig e Natura estão entre empresas mais sustentáveis do mundo, diz estudo. 2020. Disponível
em: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2020/01/22/bb-cemig-e-natura-estao-
entre-empresas-mais-sustentaveis-do-mundo-diz-estudo.ghtml
22
07
RELACIONAMENTO
COM FORNECEDORES
23
Figura 9: Práticas de Relacionamento com o fornecedor
24
08
RELACIONAMENTO
COM CLIENTES
Além disso, cerca de 54% das empresas afirmam trabalhar em consonância com os
clientes para levar as questões ambientais em consideração no desenvolvimento de
produtos. Isso não apenas dá a empresa um melhor entendimento das necessidades
do cliente, mas possibilita a inovação dentro do mercado ao criar produtos para um
segmento de clientes que valoriza boas práticas ambientais.
Também é válido destacar que 45,5% das empresas discordam em algum grau que
seus clientes exigem a adoção de um sistema de gestão ambiental. Embora isso seja
demandado pela legislação brasileira, seria ideal que essa exigência partisse tam-
bém dos consumidores, não apenas para reforçar sua importância, mas para incen-
25
tivar instituições a compreenderem a importância do tema e os benefícios que um
sistema de gestão ambiental pode proporcionar à comunidade na qual a empresa
está inserida.
Ademais, 27,06% das companhias têm a percepção de que elas e seus clientes pos-
suem um entendimento mútuo e claro de suas responsabilidades ambientais. Por
fim, destaca-se que 25,58% das empresas trabalham em conjunto com seus clientes
para levar as questões ambientais em consideração ao desenvolvimento do produ-
to. Considerando esses aspectos, várias empresas estão investindo em desenvolver
o relacionamento com os clientes. Segundo uma pesquisa da IBM de 2020, 70% dos
consumidores entrevistados estão dispostos a pagar até 35% a mais por um produto
que seja ecologicamente correto34.
34 IBM. Estudo IBM: Consumidores pagarão até 35% a mais por produtos sustentáveis e de porcedência transparente em
2020. 2020. Disponível em: https://www.ibm.com/blogs/ibm-comunica/estudo-ibm-consumidores-pagarao-em-media-
35-a-mais-por-produtos-sustentaveis-e-de-procedencia-transparente-em-2020/
26
09
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Além disso, 75,69% das instituições concordam total ou parcialmente que pretendem
criar uma rede de comunicações mais forte entre os diferentes setores da cadeia
de suprimentos com tecnologias digitais. A AB Inbev, conglomerado do setor cerve-
jeiro, desenvolveu o aplicativo B2B, que conecta produtores, lojas de conveniência e
varejo36. Através do app, é possível fazer pedidos e acompanhar seu status, além de
receber sugestões de novas marcas e produtos baseados em compras passadas.
35 GOBIRA, João. Transformação digital: conheça 5 empresas que souberam digitalizar seus negócios. 2021. Disponível em:
https://app.startse.com/artigos/empresas-transformacao-digital-negocios
36 EMBRATEL. 4 exemplos de empresas que tiveram sucesso na transformação digital. 2020. Disponível em: https://
mundomaistech.com.br/ti/transformacao-digital/4-exemplos-de-empresas-que-tiveram-sucesso-na-transformacao-
digital/
27
A partir da figura também é possível concluir que apenas 9,73% das empresas dis-
cordam do objetivo de realizar troca de informações na cadeia de suprimentos com
a digitalização. A possibilidade do acesso de documentos de qualquer lugar a as no-
vas técnicas de segurança cibernética são alguns dos motivos para isso. Outro dado
significativo que pode ser visualizado é que 40,8% concordam totalmente que seu
objetivo consiste no aprimoramento da interface com os clientes com a digitalização
de forma eficiente.
28
10
TECNOLOGIAS DIGITAIS
DA INDÚSTRIA 4.0
Tecnologias de Base: como o nome sugere, são aquelas fundamentais para a fabri-
cação/incorporação de produtos e que possibilitam a adoção de tecnologias mais
avançadas e dão suporte para inovações. As tecnologias e suas aplicações estão
apresentadas na tabela 1:
TECNOLOGIA APLICAÇÕES
Pagamentos internacionais, criptomoedas, registro de dados, contratos
Blockchain
inteligentes, rastreabilidade e controle de qualidade.
Previsões climáticas, avaliações de terrenos, veículos autônomos, integração
Inteligência
de tecnologias, mudanças na planta de produção e realização de tarefas
Artificial
complexas.
Seleção de candidatos, previsão de performance, geração de recomendações,
Big Data Analytics prever necessidades, mapear o perfil de consumidores e auxiliar na criação de
marketing.
Computação em Criação de bancos para consulta, análise de dados, cyber segurança, proteção
nuvem de documentos importantes e criação de formulários e apresentações.
Integração de maquinário/dispositivos, monitoramento de condições de saúde,
Internet das Coisas monitoramento de tráfego, geolocalização, gestão de frotas, criação de chaves
eletrônicas para hotéis e gestão da manutenção.
29
Tecnologias front-end: são aquelas que permitem a construção das partes com a
qual o usuário interage diretamente. Elas estão especificadas na tabela 2.
Tabela 2
TECNOLOGIA APLICAÇÕES
Criação de ferramentas, gabaritos e acessórios, elaboração de
Impressão 3D protótipos, impressão de próteses, testes de precisão, fabricação de
peças de reposição ou pequenos lotes e criações personalizadas.
Realidade Marketing, permite ao cliente visualizar o produto de maneira mais
Aumentada realista, criação de jogos e visitas virtuais.
Distribuição térmica em edifícios, previsão de crescimento econômico,
Simulação
segurança de veículos automotores e previsão de demanda e de
Computacional
produção.
Realização de testes, soldagem, pintura, inspeção de cargas,
Robótica
empacotamento, reconhecimento de imagem, montagem, inspeção de
Colaborativa
produtos, fundição e movimentação de cargas.
Segundo a Figura 12, aquelas que se destacaram com maiores percentuais de res-
postas afirmativas (parcialmente e totalmente) foram Computação em Nuvem
(Cloud) com 58,35%, Big Data Analytics (42,07%) e Simulação Computacional, com
um total de 41,65%.
Já aquelas tecnologias que se destacam pela baixa adesão das instituições (dis-
cordam total ou parcialmente) em sua cadeia de suprimentos são: Impressão 3D
(66,39%), Robótica Colaborativa (54,75%) e Realidade Aumentada (54,12%). No en-
tanto, segundo estudo global publicado pela MakerBot em 202037, que inclui o Brasil,
74% das empresas entrevistadas planejam investir em impressão 3D em 2021. Além
disso, 50% delas planeja gastar até US$ 100 neste investimento.
30
Ademais, o mercado brasileiro de robôs colaborativos está crescendo rapidamente.
A empresa Pollux, que fabrica estes robôs, faturou R$ 75 milhões em 2016. Esse cres-
cimento está de acordo com um estudo da consultoria inglesa IHS, que afirma que
o número de dispositivos da indústria conectados à internet deve ultrapassar o de
aparelhos domésticos entre 2022 e 2025, somando 40 bilhões e movimentando US$
14 trilhões no mundo38.
38 GLOBO. Empresa brasileira faz robôs que trabalham em parceria com humanos. 2018. Disponível em: https://
revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/02/empresa-brasileira-faz-robos-que-trabalham-em-parceria-com-
humanos.html
31
11
DESEMPENHO AMBIENTAL
Um dos dados mais notórios apontado pela pesquisa é que apenas 8,24% das ins-
tituições discordam total ou parcialmente que diminuíram o uso de materiais peri-
gosos/nocivos ao meio ambiente nos últimos três anos. Outro dado significativo é a
redução do uso/desperdício de recursos nos últimos três anos, que aconteceu em
77,8% das empresas. O desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e a substitui-
ção de práticas antigas por novas mais seguras e satisfatórias (como a digitalização
de documentos) são alguns dos motivos para isso.
39 MARASCIULO, Mara. Por que o Brasil ainda recicla tão pouco (e produz tanto lixo)? 2020. Disponível em: https://
revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2020/02/por-que-o-brasil-ainda-recicla-tao-pouco-e-produz-
tanto-lixo.html
32
Figura 13: Desempenho Ambiental
33
12
DESEMPENHO ECONÔMICO
Além disso, outro dado significativo demostra que 37,63% das empresas aumenta-
ram seus lucros sobre as vendas nos últimos três anos. Isso possibilita a expansão
das instituições e, consequentemente, a abertura de novos postos de trabalho. Des-
taca-se também que 57,3% concordam total ou parcialmente que seus custos ope-
racionais diminuíram nos últimos três anos. Este dado é, muitas vezes, propiciado
pela adoção das tecnologias digitais citadas anteriormente.
34
Figura 14: Desempenho Econômico
35
13
DESEMPENHO SOCIAL
O desempenho social das empresas é mensurado a partir das ações que são desen-
volvidas por elas que buscam contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa, ou seja, são atos voluntários das organizações que direcionam suas atividades
para o bem-estar social, conduzem seus negócios visando o interesse coletivo e não
somente os lucros, uma vez que priorizam o todo.
Também é notório o fato que apenas 8,46% das empresas não aumentaram a in-
tegração com a sociedade nos últimos três anos, enquanto 75,9% aumentaram. A
pandemia de COVID-19 foi uma ótima oportunidade para as empresas cultivarem
essa integração. A Nivea Brasil passou a produzir álcool em gel na unidade de Itatiba,
interior de São Paulo. A produção foi doada para hospitais públicos e, ao todo, tota-
lizou mais de 110 toneladas do produto. Além disso, foram doados 200 mil sabonetes
para pessoas em situação de vulnerabilidade social.40
O bem-estar dos colaboradores é outro fator que, segundo as empresas, foi melho-
rado nos últimos três anos. 49,05% delas concordam totalmente com a afirmação,
40 ALVES, Soraia. Nivea Brasil vai doar 110 toneladas de álcool gel e milhares de produtos em combate à COVID-19.
2020. Disponível em: https://www.b9.com.br/124136/nivea-brasil-vai-doar-110-toneladas-de-alcool-gel-e-milhares-de-
produtos-em-combate-a-covid-19/
36
e 35,52% parcialmente. Estes dados também podem estar conectados com outra
indagação feita, sobre a melhora da imagem da empresa frente aos seus consumi-
dores nos últimos três anos. Nesta última pergunta, os percentuais foram bem pare-
cidos com os da pergunta citada anteriormente: 46,51% concordaram totalmente e
33,19% parcialmente. Isso acontece porque, muitas vezes, as ações de caráter sociais
adotadas por uma instituição, que contribuem para a qualidade de vida dos seus
trabalhadores, são um fator de diferenciação dentro do mercado, já que melhoram a
reputação da empresa frente à sociedade.
37
14
TREINAMENTO AMBIENTAL
Para que os valores e visões de uma empresa sejam aplicados em suas práticas
cotidianas, é fundamental que seus colaboradores estejam cientes deles e saibam
como aplicá-los corretamente. Por isso, uma das melhores estratégias a serem ado-
tadas é a realização de treinamentos ambientais dentro das corporações.
Por meio dos treinamentos, é possível alicerçar boas práticas ambientais aos mais
diversos setores de qualquer instituição. O treinamento faz-se especialmente neces-
sário naqueles setores cujos projetos trarão impacto direto ao meio ambiente. Em
geral, o treinamento é constituído de diversas práticas, como palestras, oficinas, ro-
das de conversa e dinâmicas em geral.
38
vadoras sobre práticas sustentáveis. As melhores propostas são premiadas, e quem
as escolhe são os próprios funcionários do banco41.
39
15
CONSEQUÊNCIAS DO COVID-19
NAS ATIVIDADES DA EMPRESA
Outro dado positivo foi a afirmação de 58,35% das instituições de que a demanda
por produtos e/ou serviços aumentou durante a pandemia de COVID-19. Deste total,
20,51% reportaram que a demanda aumentou intensamente. Além disso, 54,12% res-
ponderam que seus processos produtivos aumentaram durante o período em ques-
tão. Em muitas empresas, o impacto inicial da pandemia foi mais severo, mas com o
entendimento das medidas de prevenção e a vacinação, a retomada das atividades
foi possível, mesmo que de forma gradual.
42 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD COVID19. 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/
estatisticas/sociais/trabalho/27946-divulgacao-semanal-pnadcovid1.html
40
Figura 17: Impactos nos resultados ocasionados pela pandemia
41
16
CONCLUSÕES GERAIS
Diante dos dados apresentados neste relatório, é possível afirmar que a maior parte
das empresas tem consciência da necessidade de adoção de práticas sustentáveis
e está trabalhando para a implantação delas. A redução da quantidade de resíduos
utilizados e da emissão de gases nos últimos três anos são fatores que exemplificam
uma mudança de mindset dentro das instituições, que passam a entender que a me-
lhor forma de garantir o fornecimento regular de matérias primas de boa qualidade
no futuro é garantindo condições favoráveis para seu desenvolvimento no presente.
Um ponto positivo que chama a atenção nos resultados encontrados são as práticas
de desenvolvimento sustentável. Atualmente, com um mercado muito competitivo
em quase todos os segmentos, muitas empresas são pressionadas a desenvolver
novos produtos em um curto espaço de tempo. Muitas vezes, esta necessidade cons-
tante de evolução leva ao consumo exagerado de recursos valiosos ao meio am-
biente, que nem sempre são utilizados da melhor maneira possível. Mas segundo a
pesquisa, a maior parte das empresas utiliza matéria prima reciclada no desenvol-
42
vimento de produtos. Também é relevante o fato de 81% das instituições avaliarem
o impacto ambiental que elas causam para desenvolver/melhorar seus produtos.
Outros pontos notórios observados a partir dos resultados da pesquisa são os que
dizem respeito ao desenvolvimento econômico e às consequências da pandemia.
Destaca-se que foi registrado aumento no faturamento não só nos últimos três anos
como também durante a pandemia de COVID-19. A maioria das instituições também
reportou aumento nos outros quatro campos perguntados durante a pandemia: de-
manda, volume de produção, distribuição e compra de insumos. Estas informações
são um pouco surpreendentes já que as restrições impostas para conter o avanço
do vírus foram muito severas para as indústrias. No entanto, após a adoção de pro-
tocolos sanitários rígidos ou a migração para o home office, foi possível retomar as
atividades de forma segura.
43
17
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS
44
reciclável e aumentando a vida útil do produto. Essas práticas também estão re-
lacionadas ao desenvolvimento de fornecedores cujo objetivo é desenvolver uma
logística que propicia que os insumos sejam mais ecologicamente corretos.
https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/SCM-02-2022-0059/full/
html
45
View publication stats