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A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS SUSTENTÁVEL


NA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Article · October 2022

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3 authors:

Paulo de Sousa Alejandro Germán Frank


Fundação Dom Cabral Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Laura Visintainer Lerman


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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R ELATÓRI O DE PESQUI SA

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

NA CADEIA DE
SUPRIMENTOS
SUSTENTÁVEL
NA INDÚSTRIA
BRASILEIRA
ABRI L/2 02 2

1
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO

Núcleo de Logística, Supply Chain e


Infraestrutura - Fundação Dom Cabral (FDC)

Prof. Dr. Paulo Renato de Sousa

Núcleo de Engenharia Organizacional -


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Dr. Alejandro Germán Frank

M. Eng., Laura Visintainer Lerman

Profa. Camila Costa Dutra

Júlia Battaglin Pierdoná

Vinicius Sfredo Sokal Lima

FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca Walther Moreira Salles
Fundação Dom Cabral

A transformação digital na cadeia de suprimentos sustentável na indústria brasileira


[livro eletrônico] : relatório de pesquisa / organização Alejandro Germán Frank ... [et
al.] . – 1. ed. – Nova Lima, MG : Fundação Dom Cabral Biblioteca, 2022. PDF.
Outros organizadores : Laura Visintainer Lerman, Camila Costa Dutra, Júlia Battaglin
Pierdoná, Vinicius Sfredo Sokal Lima, Paulo Renato de Sousa.
Bibliografia.
ISBN: 978-85-68143-03-2
1. Cadeia de suprimentos. 2. Cadeia de suprimentos – Gerenciamento. 3. Indústrias
– Brasil. 4. Responsabilidade ambiental. I. Frank, Alejandro Germán. II. Lerman, Laura
Visintainer. III. Dutra, Camila Costa. IV. Pierdoná, Júlia Battaglin. V. Lima, Vinicius Sfredo
Sokal. VI. Sousa, Paulo Renato. VII. Título
CDD-658.7

Bibliotecária: Sandra Maria Vinhal – CRB MG-003270/P


SUMÁ RI O
01. Introdução 5

02. Metodologia 10

03. Caracterização das empresas 14

04. Empacotamento sustentável 17

05. Produção Sustentável 19

06. Compras Sustentáveis 21

07. Relacionamento com fornecedores 23

08. Relacionamento com clientes 25

09. Transformação Digital 27

10. Tecnologias Digitais da Indústria 4.0 29

11. Desempenho Ambiental 32

12. Desempenho Econômico 34

13. Desempenho Social 36

14. Treinamento ambiental 38

15. Consequências do COVID-19


nas atividades da empresa 40

16. Conclusões Gerais 42

17. Recomendações Práticas 44


L I S T A DE F IG U RAS
Figura 1: Dimensões da Indústria 4.0 6
Figura 2: Gestão Inteligente da Cadeia
de Suprimentos Sustentável 8
Figura 3: Segmento de atuação 15
Figura 4: Receita bruta anual e tamanho
da empresa 15
Figura 5: Localização 16
Figura 6: Práticas de Empacotamento Sustentável 18
Figura 7: Práticas de Produção Sustentável 20
Figura 8: Práticas de Compras Sustentáveis 22
Figura 9: Práticas de Relacionamento
com o fornecedor 24
Figura 10: Práticas de Relacionamento
com os clientes 26
Figura 11: Estratégias de Transformação Digital 28
Tabela 1 : Tecnologias de Base 29
Tabela 2 30
Figura 12: Tecnologias para Transformação Digital 31
Figura 13: Desempenho Ambiental 33
Figura 14: Desempenho Econômico 35
Figura 15: Desempenho Social 37
Figura 16: Práticas de Treinamento Ambiental 39
Figura 17: Impactos nos resultados ocasionados
pela pandemia 41
Figura 18: Adoção de tecnologias digitais
da Indústria 4.0 44
Figura 19: Produção Sustentável e
Relacionamento com fornecedores 45
01
INTRODUÇÃO

O conceito de Indústria 4.0 foi primeiramente introduzido em 2011, como forma de re-
ferência à adoção de tecnologias cada vez mais integradas às fábricas nos campos
da automação, tecnologia da informação e controle dos processos de manufatura.
Esse conceito representa uma nova etapa industrial, a 4ª Revolução Industrial, ca-
racterizada pela transformação digital para melhoria da produtividade e eficiência
dos processos produtivos, que engloba e aperfeiçoa processos introduzidos em nas
revoluções anteriores, como o uso de máquinas (1ª Revolução), da eletricidade (2ª
Revolução) e de sistemas de automação informatizados (3ª Revolução).

A transformação digital considera a adoção de tecnologias digitais para mudar pro-


cessos e tecnologias específicos e para aumentar o uso do fluxo de dados em tempo
real nos processos de manufatura e na cadeia de suprimentos1. De acordo com estu-
dos realizados pelo Núcleo de Engenharia Organizacional da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (NEO–UFRGS), as tecnologias da Indústria 4.0 podem ser separadas
de acordo com seu objetivo principal em, pelo menos, duas categorias, conforme
ilustrado na Figura 1. As tecnologias de base, compreendem a conectividade de dis-
positivos e sistemas através da Internet das Coisas (IoT), o acesso a dados e recursos
do sistema a qualquer horário em qualquer lugar do mundo, sem a necessidade da
instalação de programas, através da Computação em Nuvem (Cloud), o armazena-
mento maciço de dados criado através do Big Data e o uso de ferramentas de Analy-
tics baseadas em algoritmos de mineração de dados e inteligência artificial (IA)2. As
tecnologias aplicadas consideram a transformação das atividades fabris com base

1 Holmström, J., Holweg, M., Lawson, B., Pil, F. K., & Wagner, S. M. (2019). The digitalization of operations and supply chain
management: Theoretical and methodological implications. Journal of Operations Management, 65(8), 728–734. https://
doi.org/10.1002/joom.1073

2 FRANK, Alejandro Germán; DALENOGARE, Lucas Santos; AYALA, Néstor Fabián. Industry 4.0 technologies: Implementation
patterns in manufacturing companies. International Journal of Production Economics, v. 210, p. 15-26, 2019

5
em tecnologias emergentes (Smart Manufacturing) e a forma como os produtos são
oferecidos (Smart Products-Service Systems)3. Também considera a forma como as
matérias-primas e produtos são entregues (Smart Supply Chain)4 e as novas formas
de os trabalhadores realizarem suas atividades com base no suporte de tecnologias
emergentes (Smart Working)5 6.

Figura 1: Dimensões da Indústria 4.07

A preocupação com o uso de tecnologias digitais na cadeia de suprimentos a fim de


incrementar flexibilidade e sustentabilidade tem se tornado mais evidente com os
recentes impactos das cadeias globais, geradas por crises como a pandemia do co-
ronavírus (COVID-19) e os efeitos das tensões globais entre potencias mundiais. Além
disso, o desenvolvimento de cadeias mais sustentáveis ou verdes tem recebido mais
atenção nas últimas décadas devido a problemas de mudança climática e escassez
de recursos que criaram pressões sobre empresas impulsionadas pela legislação,

3 Dalenogare, L. S., Benitez, G. B., Ayala, N. F., & Frank, A. G. (2018). The expected contribution of Industry 4.0 technologies for
industrial performance. International Journal of Production Economics, 204, 383-394.

4 Angeles, R. (2009). Anticipated IT infrastructure and supply chain integration capabilities for RFID and their associated
deployment outcomes. International Journal of Information Management, 29(3), 219-231.

5 Stock, T., Obenaus, M., Kunz, S., & Kohl, H. (2018). Industry 4.0 as enabler for a sustainable development: A qualitative
assessment of its ecological and social potential. Process Safety and Environmental Protection, 118, 254-267.

6 Longo, F., Nicoletti, L., & Padovano, A. (2017). Smart operators in industry 4.0: A human-centered approach to enhance
operators’ capabilities and competencies within the new smart factory context. Computers & industrial engineering, 113,
144-159.
7
FRANK, Alejandro Germán; DALENOGARE, Lucas Santos; AYALA, Néstor Fabián. Industry 4.0 technologies: Implementation
patterns in manufacturing companies. International Journal of Production Economics, v. 210, p. 15-26, 2019

6
interesse público ou oportunidades competitivas 8 9 10 11. Segundo um estudo realizado
pela Universidade de Oxford, 65% das empresas afirmaram ter um propósito claro no
que tange à sustentabilidade e 23% estão trabalhando para isso12. A maior parte das
empresas também admitiu que práticas sustentáveis reduzem riscos e que a adoção
de uma cadeia de suprimentos verde constitui um diferencial competitivo.

Diante desse cenário, o presente estudo concentra-se na Smart Supply Chain (Ca-
deias de Suprimentos Inteligentes) que permite uma gestão integrada de todos os
setores de determinado processo produtivo, visando coibir interrupções, fornecer
dados sobre todas as suas etapas em tempo real e realizar estimativas que consi-
deram diversos aspectos, como capacidade de fornecedores, recursos financeiros e
responsabilidade ambiental. Assim, as instalações de manufatura tornam-se ótimas
oportunidades para impulsionar inovações que contribuem para reduzir as emissões
de carbono e promovem a sustentabilidade. Dentre algumas iniciativas possíveis es-
tão: monitorar o uso de energia em função do volume de produção, medir as emis-
sões de dióxido de carbono em relação aos compromissos de conformidade e apli-
car sistemas de gerenciamento de segurança aos processos sustentáveis.

Dessa forma, justifica-se a adoção de uma Cadeia de Suprimentos Verde, respon-


sável pela integração do gerenciamento da cadeia de suprimentos com os preceitos
do desenvolvimento sustentável. Com isso, a empresa e toda a sua cadeia de mem-
bros alinham-se com o intuito de contribuir para a manutenção da biodiversidade
existente, através da minimização do desperdício de recursos naturais em todas as
etapas do processo de produção e da consciência dos impactos negativos gerados,
buscando compensá-los.

A Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde pode ser subdividida em práticas exter-


nas verdes e práticas internas verdes. As práticas externas, como o próprio nome
demonstra, são aquelas que dizem respeito à processos que não compõem direta-
mente a cadeia de suprimentos, mas são necessários para seu bom funcionamen-
to. As práticas de relacionamento com fornecedores e clientes são exemplos desses

8 Linton, J. D., Klassen, R., & Jayaraman, V. (2007). Sustainable supply chains: An introduction. Journal of operations
management, 25(6), 1075-1082. https://doi.org/10.1016/j.jom.2007.01.012

9 Seuring, S., & Müller, M. (2008). From a literature review to a conceptual framework for sustainable supply chain
management. Journal of cleaner production, 16(15), 1699–1710. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.04.020

10 Wilhelm, M., & Villena, V. H. ([2018) Cascading Sustainability in Multi-tier Supply Chains: When Do Chinese Suppliers Adopt
Sustainable Procurement? Production and Operations Management, n/a(n/a). https://doi.org/10.1111/poms.13516

11 Zhu, Q., & Sarkis, J. (2004). Relationships between operational practices and performance among early adopters of green
supply chain management practices in Chinese manufacturing enterprises. Journal of Operations Management, 22(3),
265–289. https://doi.org/10.1016/j.jom.2004.01.005

12 CLARK. Gordon L. From the Stockholder to the stakeholder. 2015. Disponível em: https://arabesque.com/research/From_
the_stockholder_to _the_stakeholder_web.pdf

7
processos. Já as práticas internas estão diretamente relacionadas à cadeia de su-
primentos, como os processos de empacotamento, produção e compras, todos com
características sustentáveis. O conjunto das práticas externas e internas, quanto bem
executado, abre espaço para implementação de inovações na cadeia. Entre elas, po-
de-se citar a transformação digital, que permite a integração de todos os segmentos
da empresa no ambiente digital. Além disso, a adoção de tecnologias base (aquelas
que são fundamentais para a fabricação/incorporação de produtos) e tecnologias
front-end (as tecnologias com as quais o usuário tem contato direto) também se
torna uma possibilidade. Quando a Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável
encontra a transformação digital e as tecnologias da Indústria 4.0, desenvolve-se o
conceito de Gestão Inteligente da Cadeia de Suprimentos Sustentável (Smart Green
Supply Chain Management - SGSCM), que tem o foco em unir aspectos da uma
cadeia de suprimentos sustentável com estratégias e tecnologias da Indústria 4.0. A
Figura 2 resume os conceitos apresentados até o momento.

Figura 2: Gestão Inteligente da Cadeia de Suprimentos Sustentável

Considerando esses aspectos, esta pesquisa tem por objetivo de construir um pa-
norama a partir da atual situação das cadeias de suprimentos de empresas bra-
sileiras com uma atenção voltada ao âmbito sustentável. Com isso, será possível

8
identificar o potencial das cadeias e os aspectos que necessitam de maior ou me-
nor amadurecimento para alinharem-se aos ideais de desenvolvimento sustentá-
vel com base nos princípios da Indústria 4.0.

9
02
METODOLOGIA

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário de diagnós-


tico elaborado pela equipe do NEO UFRGS e da Fundação Dom Cabral. O questionário
foi estruturado na plataforma Survey Monkey e disponibilizado às empresas de dife-
rentes setores através de um link enviado por e-mail. Os respondentes-alvo foram
executivos, gerentes ou diretores com funções estratégicas de tomada de decisão no
Brasil, muitos representando empresas multinacionais estrangeiras. A amostra inicial
foi composta por aproximadamente mil e quinhentos (1.500) executivos de todas as
regiões brasileiras que participam do Conselho Brasileiro de Executivos de Compras
e Suprimentos. Não foi selecionado nenhum perfil específico de respondente para re-
duzir o viés de seleção e aumentar a randomização da amostra. No entanto, como as
empresas mais engajadas nos tópicos do questionário são mais propensas a parti-
cipar (viés de auto seleção), foi adotada a estratégia de envio do convite por meio de
um canal customizado específico da associação (o que eleva a probabilidade de di-
ferentes tipos de empresas responderem). O e-mail com o convite para participação
na pesquisa foi enviado três vezes para os respondentes-alvo do início de fevereiro
ao final de março de 2021. Após os três envios, foram obtidas 615 respostas, sendo 473
válidas (taxa de resposta de 31,5%) para a análise estatística descritiva sobre o perfil
das cadeias de suprimentos.

O questionário estava dividido em blocos de questões baseados em constructos


identificados em estudos da literatura que consideram aspectos-chave da gestão
inteligente da cadeia de suprimentos sustentável e métricas de desempenho. Para a
resposta de cada questão foi utilizada uma escala Likert de cinco pontos, variando de
1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).

10
Os aspectos relacionados a gestão inteligente da cadeia de suprimentos sustentável
foram divididos em cinco constructos que abordam práticas internas e/ou opera-
ções verdes e práticas externas verdes. As práticas internas verdes estão relaciona-
das à três desses constructos: empacotamento sustentável, produção sustentável e
compra sustentável. O empacotamento sustentável inclui as embalagens reutilizá-
veis da empresa, o uso de menos materiais, o incentivo ao uso de embalagens reu-
tilizáveis e a promoção de programas de reciclagem e reutilização de embalagens
(Hsu et al., 2016)13. Para a produção sustentável, é considerado o impacto ambiental
do desenvolvimento e melhoria de produtos, desenvolvimento de produtos com ma-
téria-prima reciclável, baixo uso de recursos, baixo impacto ao meio ambiente e alta
vida útil. A compra sustentável inclui compras baseadas em especificações am-
bientais estabelecidas pelo design do produto e compras realizadas com parceiros
certificados pela ISO 14001 (Hsu et al., 2016)14. Também considera o impacto ambiental
minimizado nos procedimentos de compra e um processo de compra que segue os
padrões de rotulagem do produto para minimizar o impacto ambiental como itens
para este construto (Hsu et al., 2016)15.

As práticas externas verdes consideram os constructos relacionamento com forne-


cedores e relacionamento com os clientes. O relacionamento com fornecedores in-
clui cooperação com fornecedores para o design de produtos ecológicos, desenvol-
vimento de logística de insumos verdes, entendimento mútuo das responsabilidades
das questões ambientais e preferência dos fornecedores por um sistema de gestão
ambiental (Laari et al., 2016)16. O relacionamento com clientes considera a coopera-
ção com os clientes para o design de produtos ecológicos e a compreensão mútua
das responsabilidades em questões ambientais. Também possui itens relacionados
às demandas dos clientes, como informações sobre a conformidade ambiental da
empresa, garantia de práticas sustentáveis dos fornecedores da empresa e a solici-
tação de implantação de um sistema de gestão ambiental como a ISO 14000 (Laari
et al., 2016)17.

13 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252

14 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252

15 Hsu, C.-C., Tan, K.-C., & Mohamad Zailani, S. H. (2016). Strategic orientations, sustainable supply chain initiatives,
and reverse logistics: Empirical evidence from an emerging market. International Journal of Operations & Production
Management, 36(1), 86–110. https://doi.org/10.1108/IJOPM-06-2014-0252

16 Laari, S., Töyli, J., Solakivi, T., & Ojala, L. (2016). Firm performance and customer-driven green supply chain management.
Journal of Cleaner Production, 112, 1960–1970. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.150

17 Laari, S., Töyli, J., Solakivi, T., & Ojala, L. (2016). Firm performance and customer-driven green supply chain management.
Journal of Cleaner Production, 112, 1960–1970. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.150

11
Outros dois constructos foram analisados relacionados à transformxação digital que
mede a estratégia do uso das tecnologias digitais (Nasiri et al., 2020)18 e tecnologias
digitais da indústria 4.0 que considera o uso de tecnologias de base e de front-end.
As tecnologias de base são transversais ou de uso geral que as organizações preci-
sam adotar junto com seus sistemas quando desejam implementar a transformação
digital. Para sua avaliação foram utilizados cinco itens que consideram tecnologias
digitais como IoT, computação em nuvem, análise de big data, IA e blockchain. No
caso das tecnologias front-end, foram incluídos os robôs colaborativos, simulação
computacional, realidade aumentada e impressão 3D, pois essas tecnogias avan-
çadas apoiam o desenvolvimento da cadeia de suprimentos inteligente (Frank et al.,
201919; Meindl et al., 2021 20).

Em relação as métricas de desempenho, foi utilizado um construto principal rela-


cionado ao desempenho ambiental nos últimos três anos. Esse construto foi sele-
cionado porque o objetivo era analisar a influência da transformação digital nas
operações e relacionamentos verdes na gestão da cadeia de suprimentos. Para sua
análise foi utilizada uma escala que considera o aumento da reciclagem de mate-
riais, redução de emissões, redução do uso/desperdício de recursos e diminuição do
uso de materiais perigosos e prejudiciais ao meio ambiente (Cousins et al., 201921; Zhu
et al., 200822).

Nas questões relacionadas a métricas de desempenho também foram incluídos os


construtos associados ao desempenho social e econômico. O desempenho econô-
mico considera o crescimento das vendas, o retorno do investimento, a margem de
lucro sobre as vendas e a diminuição dos custos operacionais (Cao e Zhang, 201123;
Flynn et al., 201024). Por outro lado, o desempenho social inclui integração com a so-
ciedade, inclusão ou aprimoramento de valores sociais, melhoria da imagem aos

18 Nasiri, M., Ukko, J., Saunila, M., & Rantala, T. (2020). Managing the digital supply chain: The role of smart technologies.
Technovation, 96–97, 102121. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2020.102121

19 Frank, A. G., Dalenogare, L. S., & Ayala, N. F. (2019). Industry 4.0 technologies: Implementation patterns in manufacturing
companies. International Journal of Production Economics, 210, 15–26.

20 Meindl, B., Ayala, N. F., Mendonça, J., & Frank, A. G. (2021). The four smarts of Industry 4.0: Evolution of ten years of
research and future perspectives. Technological Forecasting and Social Change, 168, 120784. https://doi.org/10.1016/j.
techfore.2021.120784

21 Cousins, P. D., Lawson, B., Petersen, K. J., & Fugate, B. (2019). Investigating green supply chain management practices
and performance. International Journal of Operations & Production Management, 39(5), 767-786. https://doi.org/10.1108/
IJOPM-11-2018-0676

22 Zhu, Q., Sarkis, J., & Lai, K. (2008). Confirmation of a measurement model for green supply chain management practices
implementation. International Journal of Production Economics, 111(2), 261–273. https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2006.11.029

23 Cao, M., & Zhang, Q. (2011). Supply chain collaboration: Impact on collaborative advantage and firm performance.
journal of operations management, 29(3), 163-180. https://doi.org/10.1016/j.jom.2010.12.008

24 Flynn, B. B., Huo, B., & Zhao, X. (2010). The impact of supply chain integration on performance: A contingency and
configuration approach. Journal of operations management, 28(1), 58-71.

12
olhos dos consumidores, melhoria do relacionamento com os stakeholders da comu-
nidade e melhoria do bem-estar dos funcionários (Nath e Agrawal, 202025).

Além disso, também se avaliaram questões referentes ao treinamento ambiental nas


empresas e o impacto da pandemia por COVID-19 nas empresas. Em relação ao trei-
namento ambiental, analisaram-se os treinamentos relacionados ao tema, aplica-
ção de treinamento ambiental de forma ética e oportunidades de aplicar o conhe-
cimento. No que tange às consequências do COVID-19, analisaram-se a demanda
por produtos, volume de produção, distribuição dos produtos, compras de insumos e
matérias-primas e o faturamento.

Complementarmente a este relatório descritivo, estudos acadêmicos com utilização


de técnicas multivariadas de dados também foram desenvolvidos e se encontram
atualmente em submissão para futura publicação em periódicos acadêmicos da
área.

25 Nath, V., & Agrawal, R. (2020). Agility and lean practices as antecedents of supply chain social sustainability.
International Journal of Operations & Production Management, 40(10), 1589-1611.

13
03
CARACTERIZAÇÃO
DAS EMPRESAS

A Figura 3 apresenta o principal segmento de atuação das empresas respondestes.


As empresas respondentes foram divididas em 15 possíveis áreas de atuação. Con-
forme mostrado na Figura 3, grande parte delas está inserida no setor de bens de
consumo, que segundo dados do Indicador de Consumo de Bens Industriais do IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) registrou aumento de 12% na demanda
no terceiro trimestre de 202026. Esses dados demonstram o potencial de crescimento
do setor, bem como sua importância para a economia do país. Dentre as grandes ca-
tegorias econômicas, ainda segundo o Ipea, a demanda por bens de capital (como
máquinas e materiais de construção) aumentou 10,4% em janeiro de 2021 quando
comparado ao mesmo período de 2020.

No que tange ao tamanho das empresas (Receita bruta anual), observa-se que
46,30% são empresas de grande porte, com faturamento anual maior que 1 bilhão de
reais. Já as empresas médias, com faturamento maior que 90 milhões e menor ou
igual a 300 milhões, representam 13,11% do total. Já as pequenas representam 1,69%,
e possuem faturamento igual ou inferior a 16 milhões. As informações sobre receita
bruta anual e tamanho estão consolidadas na Figura 4.

26 IPEA. Indicador de Consumo Aparente de Bens Industriais – março de 2021. 2021. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/
cartadeconjuntura/index.php/2021/05/indicador-de-consumo-aparente-de-bens-industriais-marco-de-2021/

14
Figura 3: Segmento de atuação

Figura 4: Receita bruta anual e tamanho da empresa

15
Quanto à localização, todas as empresas pesquisadas são brasileiras e, na sua
maioria, estão localizadas na região sudeste (71,67%). As regiões Sul (17,55%) e Nor-
deste (4,65%) também se destacam. As informações referentes à localização estão
na Figura 5.

Figura 5: Localização

16
04
EMPACOTAMENTO SUSTENTÁVEL

Atualmente, a grande maioria das indústrias utiliza algum tipo de embalagem em


seus produtos. Segundo estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV)27, o valor bruto
da produção de embalagens no Brasil atingiu R$ 80,2 bilhões em 2019, um crescimen-
to de 6,5% em relação ao ano anterior. Segundo um estudo da Associação Brasileira
de Embalagens (ABRE)28, os materiais plásticos têm a maior participação no valor da
produção, representando 41%. Em seguida estão papel/cartão/papelão (30%), me-
tálicas (19%), vidro (6%), entre outras. Esses dados são preocupantes uma vez que os
plásticos representam um risco ao meio ambiente, por seu longo período de degra-
dação.

A Figura 6 apresenta o comportamento das empresas questionadas no que tange ao


uso de embalagens. Destaca-se aqui que 43,55% das empresas promovem progra-
mas de reciclagem e reutilização de embalagens. Um bom exemplo disso é o pro-
grama “Boti Recicla”, da empresa O Boticário, que atualmente é considerado o maior
do Brasil29. Todas as lojas da empresa possuem Pontos de Entrega de Resíduos (PEVs)
para descarte de embalagens. Os clientes que participam da ação são beneficiados
com descontos nos produtos da empresa. As embalagens coletadas são enviadas
às cooperativas parceiras para triagem e reutilização ou reciclagem, o que envolve

27 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 2019. Estudo macroeconômico de embalagens. Disponível em: http://infoeconomico.com.
br/portal/embalagem-estudo-abre-fgv/

28 ASSOCIAÇÃO BARSILEIRA DE EMBALAGENS. 2019. Estudo abre macroeconômico da embalagem e cadeia de


consumo. Disponível em: https://www.abre.org.br/dados-do-setor/ano2019/#:~:text=O%20estudo%20exclusivo%20
macroecon%C3%B4mico%20da,75%2C3bilh%C3%B5es%20alcan%C3%A7ados%20em%202018.

29 O BOTICÁRIO. Relatório de Impacto. 2020. Disponível em: https://relatoriogrupoboticario.com.br/wp-content/


uploads/2021/07/RA_IMPACTO_BOTICARIO_12_0707_PORT.pdf

17
cerca de 28 mil pessoas em toda a operação. Além do exemplo da Boticário, outras
grandes empresas também investem. Avanços significativos podem ser vistos até
mesmo em grandes multinacionais: os sorvetes da empresa Häagen-Dazs, de pro-
priedade da Nestlé, serão comercializados em latas de aço inoxidável recarregáveis.
Já a PepsiCo começará a vender o suco de laranja Tropicana em garrafas de vidro30.

Ademais, apenas 20,51% das empresas concordam totalmente com a afirmação de


que utilizam embalagens reutilizáveis, enquanto 45,9% concorda parcialmente. Es-
tes dados refletem uma transição no que se refere à composição das embalagens.
A maioria das instituições, historicamente, utiliza embalagens constituídas de ma-
teriais nocivos ao meio ambiente tanto pela questão econômica (por serem mais
baratos) quanto pela falta de consciência quanto aos impactos destes materiais.
Atualmente, com a expansão dos treinamentos ambientais (que serão abordados
posteriormente no relatório) e com o desenvolvimento de novos materiais ecologi-
camente corretos e mais acessíveis, muitas empresas estão buscando modernizar
suas embalagens a fim de diminuir seu impacto ambiental. Destaca-se também que
materiais ecologicamente corretos já são utilizados por 75,7% das instituições, o que
é um dado extremamente significativo.

Figura 6: Práticas de Empacotamento Sustentável

30 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 2019. Estudo macroeconômico de embalagens. Disponível em: http://infoeconomico.com.
br/portal/embalagem-estudo-abre-fgv/

18
05
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

As práticas de produção sustentável são essenciais para a preservação da biodi-


versidade. Essas práticas demonstram respeito pelos clientes, que estão mais inte-
ressados em adquirir produtos que não agridam a natureza, e pela comunidade na
qual a indústria está inserida. Com isso, surge um novo diferencial entre as empresas,
possibilitando que algumas assumam uma posição de destaque no mercado.

A Figura 7 ilustra a aplicação dessas práticas nas empresas pesquisadas. É notório


que a maioria delas, 53,1%, avalia o impacto ambiental gerado para desenvolver/me-
lhorar os produtos. Uma das ferramentas mais utilizadas para isso é a Avaliação do
Ciclo de Vida (ACV), que analisa os potenciais impactos ambientais de um produto
ou serviço desde a extração da matéria-prima até a destinação final. A Rede Empre-
sarial Brasileira de ACV contava com a partição de 29 empresas até o início de 201631,
destacam-se: Braskem, Tetra Pak, Raízen, Petrobrás, entre outras. Ademais, é possível
perceber que a maioria das respondentes (51,37%) também desenvolve produtos fo-
cados no menor consumo de recursos.

Outro dado que chama a atenção é o que diz respeito à vida útil dos produtos. 40%
das empresas concordam totalmente e 22% parcialmente que desenvolve produtos
com alta vida útil. Isso se reflete não só na melhor percepção da empresa por seus
clientes, já que estes adquirem produtos de melhor qualidade, mas também no volu-
me de lixo gerado. Produtos com alta vida útil evitam a necessidade de extração de

31 REDE EMPRESARIAL BRASILEIRA DE AVALIAÇÃO. Rede ACV. 2016. Disponível em: https://acv.ibict.br/sobre/rede-empresarial-
brasileira-de-acv-rebacv/

19
mais recursos para fabricação de novos, além de gerarem confiança na marca que
os fabrica.

A utilização de matéria prima reciclada, com a qual 58,8% das empresas concordam
e o desenvolvimento de produtos com baixo impacto ambiental, apontado por 72,1%
delas são também informações positivas obtidas através do questionário.

Figura 7: Práticas de Produção Sustentável

20
06
COMPRAS SUSTENTÁVEIS

A questão da sustentabilidade não diz respeito somente ao comprimento da legis-


lação ambiental, mas entra também no âmbito da responsabilidade social e das
questões econômicas. Assim, as compras assuem um papel importante dentro da
sustentabilidade, uma vez que compõem parte substancial do orçamento de qual-
quer empresa. Portanto, o que uma organização adquire, de quem adquire e o uso
que faz destes bens afeta o desempenho e bem-estar de seus trabalhadores, bem
como sua relação e reputações com outros diversos stakeholders. Segundo a In-
ternational Organization for Standardization (ISO, em português) pode-se definir o
processo de compras sustentáveis como: “o processo de tomada de decisões de
compras que atendam às necessidades de uma organização para bens e serviços
de uma forma que beneficie não só a organização, mas a sociedade como um todo,
minimizando seu impacto no meio ambiente. Isto é conseguido assegurando que as
condições de trabalho dos funcionários e de seus fornecedores sejam decentes, que
os produtos ou serviços adquiridos sejam sustentáveis, sempre que possível, e que
questões socioeconômicas, como a desigualdade e a pobreza, sejam tratadas.”32

A Figura 8 apresenta os dados obtidos neste âmbito. Pode-se perceber que 39,75%
das empresas afirmam comprar materiais que não danificam o meio ambiente,
como os biodegradáveis e aqueles que podem ser reciclados. Além disso, apenas
23,04% das empresas afirmam executar o processo de compras com parceiros
com certificação ISO 14001. Essa certificação garante que esses parceiros possuem
um Sistema de Gestão Ambiental, o que permite o gerenciamento de impactos am-
bientais a curto, médio e longo prazo dos produtos e/ou serviços. A Figura 8 também

32 VERDE GHAIA. O que a norma ISO 20400 diz sobre compras sustentáveis?. 2020. Disponível em: https://www.
consultoriaiso.org/o-que-sao-compras-sustentaveis/

21
demostra que 36,4% das instituições seguem totalmente um processo de compras
que minimiza o impacto ambiental e 36,8% seguem parcialmente. Este processo de
compras também segue as normas de rotulagem de produtos para minimizar o im-
pacto ambiental em 66% das instituições.

Existem diversas empresas que estão investindo em compras mais sustentáveis. A


empresa brasileira de cosméticos Natura ficou em 30° lugar no ranking de empresas
mais sustentáveis do mundo feita pela Corporate Knights33. A empresa realiza ações
de uso sustentável de recursos naturais da Amazônia, e 80% dos seus produtos são
de origem vegetal.

Figura 8: Práticas de Compras Sustentáveis

33 CAMPOS, Álvaro. BB, Cemig e Natura estão entre empresas mais sustentáveis do mundo, diz estudo. 2020. Disponível
em: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2020/01/22/bb-cemig-e-natura-estao-
entre-empresas-mais-sustentaveis-do-mundo-diz-estudo.ghtml

22
07
RELACIONAMENTO
COM FORNECEDORES

Os fornecedores são parte essencial de uma cadeia de suprimentos. Diversos fato-


res devem ser considerados pela empresa no momento de contratar um provedor,
como a qualidade do serviço prestado, preços justos e experiências anteriores. Além
disso, é preciso avaliar se as visões e os valores da empresa também estão refletidos
em seus fornecedores. Conforme a Figura 9, 33,62% das empresas que responde-
ram ao questionário dizem que elas e seus provedores possuem um entendimento
mútuo e claro das responsabilidades ambientais, enquanto 4,02% afirmam que isso
não ocorre. No entanto, somente 26,43% responderam que desenvolvem a logística
de insumos com os fornecedores para serem mais ecologicamente correta. Outro
dado notório é a quantidade de empresas que avalia a conformidade ambiental de
seus fornecedores, cerca de 70%. Este aspecto é importante para garantir que todas
as ações feitas pelos fornecedores estejam de acordo com os valores da instituição.
A empresa estadunidense Patagonia, que fabrica roupas esportivas, utiliza somente
algodão de agricultores com certificação de produção orgânica. Além desse caso, a
empresa americana Procter & Gamble desenvolveu o programa Supplier Sustainabi-
lity Performance para classificar o desempenho ambiental de seus fornecedores. São
considerados aspectos como o uso de energia, uso de água, descarte de resíduos e
emissões de gases de efeito estufa anualmente. Com isso, houve uma melhora de
8,4% na média geral de todas as métricas avaliadas no programa.

23
Figura 9: Práticas de Relacionamento com o fornecedor

24
08
RELACIONAMENTO
COM CLIENTES

A facilidade de acesso à informação e a agilidade em estabelecer vínculos com no-


vos contatos são algumas das consequências proporcionadas pela evolução da
tecnologia e da internet. Assim sendo, é fundamental que as empresas possuam um
sistema de atendimento ao cliente satisfatório, a fim de fidelizá-lo. Para isso, é preci-
so ter atenção em todos os pontos de contato entre o cliente e a empresa, desde o
contato inicial até o pós-venda.

Como a competitividade é alta, as instituições devem buscar fatores de diferencia-


ção para destacarem-se. Segundo a Figura 10, 22,20% das empresas concordam
parcialmente e 16,07% totalmente com o fato de seus clientes exigirem que elas ado-
tem um sistema de gestão ambiental, totalizando mais de 35%.

Além disso, cerca de 54% das empresas afirmam trabalhar em consonância com os
clientes para levar as questões ambientais em consideração no desenvolvimento de
produtos. Isso não apenas dá a empresa um melhor entendimento das necessidades
do cliente, mas possibilita a inovação dentro do mercado ao criar produtos para um
segmento de clientes que valoriza boas práticas ambientais.

Também é válido destacar que 45,5% das empresas discordam em algum grau que
seus clientes exigem a adoção de um sistema de gestão ambiental. Embora isso seja
demandado pela legislação brasileira, seria ideal que essa exigência partisse tam-
bém dos consumidores, não apenas para reforçar sua importância, mas para incen-

25
tivar instituições a compreenderem a importância do tema e os benefícios que um
sistema de gestão ambiental pode proporcionar à comunidade na qual a empresa
está inserida.

Ademais, 27,06% das companhias têm a percepção de que elas e seus clientes pos-
suem um entendimento mútuo e claro de suas responsabilidades ambientais. Por
fim, destaca-se que 25,58% das empresas trabalham em conjunto com seus clientes
para levar as questões ambientais em consideração ao desenvolvimento do produ-
to. Considerando esses aspectos, várias empresas estão investindo em desenvolver
o relacionamento com os clientes. Segundo uma pesquisa da IBM de 2020, 70% dos
consumidores entrevistados estão dispostos a pagar até 35% a mais por um produto
que seja ecologicamente correto34.

Figura 10: Práticas de Relacionamento com os clientes

34 IBM. Estudo IBM: Consumidores pagarão até 35% a mais por produtos sustentáveis e de porcedência transparente em
2020. 2020. Disponível em: https://www.ibm.com/blogs/ibm-comunica/estudo-ibm-consumidores-pagarao-em-media-
35-a-mais-por-produtos-sustentaveis-e-de-procedencia-transparente-em-2020/

26
09
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A incorporação de tecnologias trouxe mais agilidade e assertividade para todos os


processos existentes dentro de uma cadeia de suprimentos. Pensando especifica-
mente no transporte de cargas, o rastreio dos veículos, embarcações e aeronaves
permite uma previsibilidade que, há alguns anos, era inimaginável.

Dentro dos conceitos de uma cadeia de suprimentos sustentável, o mapeamento de


processos internos e a digitalização e armazenamento em nuvem de documentos
são algumas das inovações mais significativas para a redução do impacto ambien-
tal de empresas. Conforme a Figura 11, feito a partir das respostas das empresas ao
questionário, 37,63% das empresas concordam totalmente que seu objetivo é digita-
lizar tudo que é possível na cadeia de suprimentos, e 34,25% concordam parcialmen-
te com essa informação. A empresa Sicoob Coopercredi, ao implementar iniciativas
de digitalização, conseguiu reduzir em até 72% o tempo de solicitação de serviços,
além de eliminar 50% das impressões de documentos.35

Além disso, 75,69% das instituições concordam total ou parcialmente que pretendem
criar uma rede de comunicações mais forte entre os diferentes setores da cadeia
de suprimentos com tecnologias digitais. A AB Inbev, conglomerado do setor cerve-
jeiro, desenvolveu o aplicativo B2B, que conecta produtores, lojas de conveniência e
varejo36. Através do app, é possível fazer pedidos e acompanhar seu status, além de
receber sugestões de novas marcas e produtos baseados em compras passadas.

35 GOBIRA, João. Transformação digital: conheça 5 empresas que souberam digitalizar seus negócios. 2021. Disponível em:
https://app.startse.com/artigos/empresas-transformacao-digital-negocios

36 EMBRATEL. 4 exemplos de empresas que tiveram sucesso na transformação digital. 2020. Disponível em: https://
mundomaistech.com.br/ti/transformacao-digital/4-exemplos-de-empresas-que-tiveram-sucesso-na-transformacao-
digital/

27
A partir da figura também é possível concluir que apenas 9,73% das empresas dis-
cordam do objetivo de realizar troca de informações na cadeia de suprimentos com
a digitalização. A possibilidade do acesso de documentos de qualquer lugar a as no-
vas técnicas de segurança cibernética são alguns dos motivos para isso. Outro dado
significativo que pode ser visualizado é que 40,8% concordam totalmente que seu
objetivo consiste no aprimoramento da interface com os clientes com a digitalização
de forma eficiente.

Figura 11: Estratégias de Transformação Digital

28
10
TECNOLOGIAS DIGITAIS
DA INDÚSTRIA 4.0

Como mencionado anteriormente, a adoção de tecnologias digitais contribuiu imen-


samente com o aperfeiçoamento da cadeia de suprimentos em todos os aspec-
tos. Atualmente, diversos recursos estão disponíveis para serem implementados de
acordo com as necessidades especificas de cada instituição e aquilo que desejam
concretizar. No questionário aplicado para construção deste relatório, as empresas
foram indagadas especificamente sobre nove tecnologias. São elas: Internet das Coi-
sas (IoT), Computação em Nuvem (Cloud), Big Data Analytics, Inteligência Artificial,
Blockchain, Robótica Colaborativa, Simulação Computacional, Realidade Aumenta-
da e Impressão 3D. Essas tecnologias são divididas em dois tipos: Base e front-end.

Tecnologias de Base: como o nome sugere, são aquelas fundamentais para a fabri-
cação/incorporação de produtos e que possibilitam a adoção de tecnologias mais
avançadas e dão suporte para inovações. As tecnologias e suas aplicações estão
apresentadas na tabela 1:

Tabela 1 : Tecnologias de Base

TECNOLOGIA APLICAÇÕES
Pagamentos internacionais, criptomoedas, registro de dados, contratos
Blockchain
inteligentes, rastreabilidade e controle de qualidade.
Previsões climáticas, avaliações de terrenos, veículos autônomos, integração
Inteligência
de tecnologias, mudanças na planta de produção e realização de tarefas
Artificial
complexas.
Seleção de candidatos, previsão de performance, geração de recomendações,
Big Data Analytics prever necessidades, mapear o perfil de consumidores e auxiliar na criação de
marketing.
Computação em Criação de bancos para consulta, análise de dados, cyber segurança, proteção
nuvem de documentos importantes e criação de formulários e apresentações.
Integração de maquinário/dispositivos, monitoramento de condições de saúde,
Internet das Coisas monitoramento de tráfego, geolocalização, gestão de frotas, criação de chaves
eletrônicas para hotéis e gestão da manutenção.

29
Tecnologias front-end: são aquelas que permitem a construção das partes com a
qual o usuário interage diretamente. Elas estão especificadas na tabela 2.

Tabela 2

TECNOLOGIA APLICAÇÕES
Criação de ferramentas, gabaritos e acessórios, elaboração de
Impressão 3D protótipos, impressão de próteses, testes de precisão, fabricação de
peças de reposição ou pequenos lotes e criações personalizadas.
Realidade Marketing, permite ao cliente visualizar o produto de maneira mais
Aumentada realista, criação de jogos e visitas virtuais.
Distribuição térmica em edifícios, previsão de crescimento econômico,
Simulação
segurança de veículos automotores e previsão de demanda e de
Computacional
produção.
Realização de testes, soldagem, pintura, inspeção de cargas,
Robótica
empacotamento, reconhecimento de imagem, montagem, inspeção de
Colaborativa
produtos, fundição e movimentação de cargas.

Segundo a Figura 12, aquelas que se destacaram com maiores percentuais de res-
postas afirmativas (parcialmente e totalmente) foram Computação em Nuvem
(Cloud) com 58,35%, Big Data Analytics (42,07%) e Simulação Computacional, com
um total de 41,65%.

O sistema de computação em nuvem é baseado em uma rede se servidores conec-


tados pela internet que possibilita o armazenamento e processamento de dados de
forma mais segura. Essas informações podem ser acessadas de qualquer lugar do
mundo, desde que haja conexão com a internet. Utilizando esta tecnologia, clientes
da empresa Schneider Eletric conseguem utilizar os dados para fazer uma gestão
operacional e controlar gastos com a energia elétrica de maneira mais assertiva e
eficiente.

Já aquelas tecnologias que se destacam pela baixa adesão das instituições (dis-
cordam total ou parcialmente) em sua cadeia de suprimentos são: Impressão 3D
(66,39%), Robótica Colaborativa (54,75%) e Realidade Aumentada (54,12%). No en-
tanto, segundo estudo global publicado pela MakerBot em 202037, que inclui o Brasil,
74% das empresas entrevistadas planejam investir em impressão 3D em 2021. Além
disso, 50% delas planeja gastar até US$ 100 neste investimento.

37 MarketBot. Relatório de Tendências de Impressão 3D. 2021. Disponível em: https://pages.makerbot.com/


pro3DPrintingTrendReport.html

30
Ademais, o mercado brasileiro de robôs colaborativos está crescendo rapidamente.
A empresa Pollux, que fabrica estes robôs, faturou R$ 75 milhões em 2016. Esse cres-
cimento está de acordo com um estudo da consultoria inglesa IHS, que afirma que
o número de dispositivos da indústria conectados à internet deve ultrapassar o de
aparelhos domésticos entre 2022 e 2025, somando 40 bilhões e movimentando US$
14 trilhões no mundo38.

Figura 12: Tecnologias para Transformação Digital

38 GLOBO. Empresa brasileira faz robôs que trabalham em parceria com humanos. 2018. Disponível em: https://
revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/02/empresa-brasileira-faz-robos-que-trabalham-em-parceria-com-
humanos.html

31
11
DESEMPENHO AMBIENTAL

Assim como o desempenho econômico é utilizado para mensurar parte do cresci-


mento de uma empresa, o desempenho ambiental demonstra o compromisso da
empresa com sua responsabilidade ambiental. Além daquilo que é exigido por lei,
todas as instituições devem zelar pelo bom desenvolvimento da comunidade em que
estão inseridas, já que isso se reflete no bem-estar de seus colaboradores e em sua
produtividade.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resí-


duos Especiais (Abrelpe)39 o Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo,
um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, mas deste total, apenas 3%
foi reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. Segundo a Figura 13, 39,53% das
empresas concordam totalmente que aumentaram a reciclagem dos materiais nos
últimos três anos, enquanto 30,44% concordam parcialmente.

Um dos dados mais notórios apontado pela pesquisa é que apenas 8,24% das ins-
tituições discordam total ou parcialmente que diminuíram o uso de materiais peri-
gosos/nocivos ao meio ambiente nos últimos três anos. Outro dado significativo é a
redução do uso/desperdício de recursos nos últimos três anos, que aconteceu em
77,8% das empresas. O desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e a substitui-
ção de práticas antigas por novas mais seguras e satisfatórias (como a digitalização
de documentos) são alguns dos motivos para isso.

39 MARASCIULO, Mara. Por que o Brasil ainda recicla tão pouco (e produz tanto lixo)? 2020. Disponível em: https://
revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2020/02/por-que-o-brasil-ainda-recicla-tao-pouco-e-produz-
tanto-lixo.html

32
Figura 13: Desempenho Ambiental

33
12
DESEMPENHO ECONÔMICO

Conhecer o desempenho econômico de uma empresa é fundamental para que ela


se mantenha competitiva frente às diversas mudanças no cenário econômico mun-
dial. Ele também é importante para auxiliar os gestores nas tomadas de decisão da
empresa e no cumprimento de prazos e compromissos de forma hábil.

A Figura 14 ilustra o desempenho econômico das empresas respondentes. 53,28%


delas concordam totalmente que suas vendas cresceram nos últimos três anos, en-
quanto 30,44% concordam parcialmente, totalizando 83,72%. Segundo dados do IBGE,
o comércio varejista do Rio Grande do Sul registrou aumento de 2,6% nas vendas até
julho de 2021, quando considerados os últimos 12 meses.

Além disso, outro dado significativo demostra que 37,63% das empresas aumenta-
ram seus lucros sobre as vendas nos últimos três anos. Isso possibilita a expansão
das instituições e, consequentemente, a abertura de novos postos de trabalho. Des-
taca-se também que 57,3% concordam total ou parcialmente que seus custos ope-
racionais diminuíram nos últimos três anos. Este dado é, muitas vezes, propiciado
pela adoção das tecnologias digitais citadas anteriormente.

34
Figura 14: Desempenho Econômico

35
13
DESEMPENHO SOCIAL

O desempenho social das empresas é mensurado a partir das ações que são desen-
volvidas por elas que buscam contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa, ou seja, são atos voluntários das organizações que direcionam suas atividades
para o bem-estar social, conduzem seus negócios visando o interesse coletivo e não
somente os lucros, uma vez que priorizam o todo.

A Figura 15 foi elaborado a partir das respostas obtidas no questionário, e remete o


comportamento das empresas em relação ao seu desempenho social. É significativo
o dado de que 49,05% das instituições concordam totalmente com a afirmação de
que incluiu/melhorou/aperfeiçoou os valores sociais nos últimos três anos, além das
30,87% que concordam parcialmente, somando 79,92%.

Também é notório o fato que apenas 8,46% das empresas não aumentaram a in-
tegração com a sociedade nos últimos três anos, enquanto 75,9% aumentaram. A
pandemia de COVID-19 foi uma ótima oportunidade para as empresas cultivarem
essa integração. A Nivea Brasil passou a produzir álcool em gel na unidade de Itatiba,
interior de São Paulo. A produção foi doada para hospitais públicos e, ao todo, tota-
lizou mais de 110 toneladas do produto. Além disso, foram doados 200 mil sabonetes
para pessoas em situação de vulnerabilidade social.40

O bem-estar dos colaboradores é outro fator que, segundo as empresas, foi melho-
rado nos últimos três anos. 49,05% delas concordam totalmente com a afirmação,

40 ALVES, Soraia. Nivea Brasil vai doar 110 toneladas de álcool gel e milhares de produtos em combate à COVID-19.
2020. Disponível em: https://www.b9.com.br/124136/nivea-brasil-vai-doar-110-toneladas-de-alcool-gel-e-milhares-de-
produtos-em-combate-a-covid-19/

36
e 35,52% parcialmente. Estes dados também podem estar conectados com outra
indagação feita, sobre a melhora da imagem da empresa frente aos seus consumi-
dores nos últimos três anos. Nesta última pergunta, os percentuais foram bem pare-
cidos com os da pergunta citada anteriormente: 46,51% concordaram totalmente e
33,19% parcialmente. Isso acontece porque, muitas vezes, as ações de caráter sociais
adotadas por uma instituição, que contribuem para a qualidade de vida dos seus
trabalhadores, são um fator de diferenciação dentro do mercado, já que melhoram a
reputação da empresa frente à sociedade.

Figura 15: Desempenho Social

37
14
TREINAMENTO AMBIENTAL

Para que os valores e visões de uma empresa sejam aplicados em suas práticas
cotidianas, é fundamental que seus colaboradores estejam cientes deles e saibam
como aplicá-los corretamente. Por isso, uma das melhores estratégias a serem ado-
tadas é a realização de treinamentos ambientais dentro das corporações.

Por meio dos treinamentos, é possível alicerçar boas práticas ambientais aos mais
diversos setores de qualquer instituição. O treinamento faz-se especialmente neces-
sário naqueles setores cujos projetos trarão impacto direto ao meio ambiente. Em
geral, o treinamento é constituído de diversas práticas, como palestras, oficinas, ro-
das de conversa e dinâmicas em geral.

A Figura 16 ilustra o comportamento das empresas respondentes ao questionário no


quesito de treinamentos ambientais. Destaca-se aqui que a maioria das empresas
(51,59%) afirma disponibilizar treinamento ambiental aos seus colaboradores. Este
dado é extremamente positivo, uma vez que é por meio dos treinamentos que os
colaboradores terão a oportunidade de aprimorar seu trabalho e compreender a
importância e o impacto que isso trará ao meio ambiente. Além disso, outro dado
relevante apontado pelo questionário é que, em 43,97% das instituições, os colabo-
radores têm muitas oportunidades de aplicar o conhecimento adquirido através
do treinamento ambiental.

Considerando esses aspectos, destaca-se o seguinte exemplo prático de treinamen-


to ambiental. No banco Itaú, os funcionários têm a oportunidade de participar de trei-
namentos de educação ambiental e posteriormente, de um concurso de ideias ino-

38
vadoras sobre práticas sustentáveis. As melhores propostas são premiadas, e quem
as escolhe são os próprios funcionários do banco41.

Figura 16: Práticas de Treinamento Ambiental

41 BARBOSA, Vanessa. 20 empresas-modelo em responsabilidade socioambiental. 2016. Disponível em: https://exame.


com/negocios/as-20-empresas-modelo-em-responsabilidade-socioambiental/

39
15
CONSEQUÊNCIAS DO COVID-19
NAS ATIVIDADES DA EMPRESA

A pandemia de COVID-19 trouxe consequências inimagináveis para todas as empre-


sas do Brasil. A proibição do atendimento presencial e a paralização das indústrias
por boa parte do ano de 2020 e alguns meses de 2021 foi um desafio imenso para to-
das as instituições. Muitos dos reflexos desse período ainda são visíveis atualmente.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE42, 716.00 empresas fecharam entre
março e julho de 2020 por conta da pandemia.

A Figura 17 demonstra como as empresas entrevistadas sentiram os impactos gera-


dos pelas medidas de restrição. Apenas 19,67% das entrevistadas afirmam que seu
faturamento diminui, sendo que desde total, só 3,81% afirma que diminui intensamen-
te. A pesquisa do IBGE revela também que apenas 18,1% delas precisaram fazer de-
missões para manter a saúde financeira, o que está em consonância com os dados
obtidos através do questionário.

Outro dado positivo foi a afirmação de 58,35% das instituições de que a demanda
por produtos e/ou serviços aumentou durante a pandemia de COVID-19. Deste total,
20,51% reportaram que a demanda aumentou intensamente. Além disso, 54,12% res-
ponderam que seus processos produtivos aumentaram durante o período em ques-
tão. Em muitas empresas, o impacto inicial da pandemia foi mais severo, mas com o
entendimento das medidas de prevenção e a vacinação, a retomada das atividades
foi possível, mesmo que de forma gradual.

42 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD COVID19. 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/
estatisticas/sociais/trabalho/27946-divulgacao-semanal-pnadcovid1.html

40
Figura 17: Impactos nos resultados ocasionados pela pandemia

41
16
CONCLUSÕES GERAIS

Diante dos dados apresentados neste relatório, é possível afirmar que a maior parte
das empresas tem consciência da necessidade de adoção de práticas sustentáveis
e está trabalhando para a implantação delas. A redução da quantidade de resíduos
utilizados e da emissão de gases nos últimos três anos são fatores que exemplificam
uma mudança de mindset dentro das instituições, que passam a entender que a me-
lhor forma de garantir o fornecimento regular de matérias primas de boa qualidade
no futuro é garantindo condições favoráveis para seu desenvolvimento no presente.

No que tange à adoção de tecnologias digitais na cadeia de suprimentos, perce-


be-se que ainda há espaço para crescimento. Embora a computação em nuvem
tenha sido apontada como a tecnologia mais utilizada, ela soma pouco mais de 58%
das empresas questionadas, o que demonstra certo atraso na modernização dos
processos da cadeia de suprimentos. Estas tecnologias são fundamentais para com-
por a Smart Supply Chain (Cadeia de Suprimentos Inteligente), um dos pilares da
Indústria 4.0. Portanto, observa-se aqui que a maior parte das empresas brasileiras
ainda precisa avançar no âmbito da transformação digital, a fim de melhorar sua
produtividade e eficiência no uso de recursos, além de integrar-se a cadeias globais
de valor.

Um ponto positivo que chama a atenção nos resultados encontrados são as práticas
de desenvolvimento sustentável. Atualmente, com um mercado muito competitivo
em quase todos os segmentos, muitas empresas são pressionadas a desenvolver
novos produtos em um curto espaço de tempo. Muitas vezes, esta necessidade cons-
tante de evolução leva ao consumo exagerado de recursos valiosos ao meio am-
biente, que nem sempre são utilizados da melhor maneira possível. Mas segundo a
pesquisa, a maior parte das empresas utiliza matéria prima reciclada no desenvol-

42
vimento de produtos. Também é relevante o fato de 81% das instituições avaliarem
o impacto ambiental que elas causam para desenvolver/melhorar seus produtos.

Outros pontos notórios observados a partir dos resultados da pesquisa são os que
dizem respeito ao desenvolvimento econômico e às consequências da pandemia.
Destaca-se que foi registrado aumento no faturamento não só nos últimos três anos
como também durante a pandemia de COVID-19. A maioria das instituições também
reportou aumento nos outros quatro campos perguntados durante a pandemia: de-
manda, volume de produção, distribuição e compra de insumos. Estas informações
são um pouco surpreendentes já que as restrições impostas para conter o avanço
do vírus foram muito severas para as indústrias. No entanto, após a adoção de pro-
tocolos sanitários rígidos ou a migração para o home office, foi possível retomar as
atividades de forma segura.

43
17
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS

1) Adoção de tecnologias digitais da Indústria 4.0: Considerando o uso de tecnolo-


gias digitais, há oportunidades para empresas brasileiras, visto que há tecnologias
ainda pouco exploradas que poderiam trazer benefícios de produtividade, flexibili-
dade e qualidade da produção. Portanto, as empresas podem pensar no desenvol-
vimento de projetos que utilizam Blockchain, Realidade aumentada e Impressão 3D.
Essas tecnologias são capazes de auxiliar na troca de informações, além de promo-
ver o bem-estar do trabalhador e ainda facilitar o desenvolvimento de novos produ-
tos sustentáveis para empresa ganhar competitividade no mercado.

Figura 18: Adoção de tecnologias digitais da Indústria 4.0

2) Produção sustentável e relacionamento com fornecedores: Em relação a uma


produção mais sustentável, as empresas possuem oportunidades em relação ao
desenvolvimento de produtos, que pode ser auxiliado pelo uso de tecnologias. As
empresas podem, com base nas informações coletadas pelas tecnologias e pela
utilização de tecnologias apropriadas, desenvolver produtos com matéria prima

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reciclável e aumentando a vida útil do produto. Essas práticas também estão re-
lacionadas ao desenvolvimento de fornecedores cujo objetivo é desenvolver uma
logística que propicia que os insumos sejam mais ecologicamente corretos.

Figura 19: Produção Sustentável e Relacionamento com fornecedores

3) Compras sustentáveis, fornecedores e clientes verdes e cadeia de suprimentos


verde: considerando os aspectos relacionados ao processo de compras com certi-
ficação ISO 14001 que é garantia de uma certificação com foco no meio ambiente,
as empresas têm uma oportunidade de desenvolver seus processos para atender
as necessidades ambientais dos seus clientes. garantindo, assim, que os produtos
serão entregues com o menor impacto ambiental possível. Dessa forma, a avaliação
da conformidade com os fornecedores é imprescindível para garantir a qualidade
ambiental requerida pelo cliente. Propiciando, consequentemente, a adoção de um
sistema de gestão ambiental em toda a cadeia. E o uso de tecnologias pode favo-
recer o monitoramento das atividades de sistema de gestão ambiental da cadeia
como um todo, possibilitando, assim, o desenvolvimento sustentável dos membros
da smart green supply chain.

4) Desenvolvimento de uma Smart Green Supply Chain – A adoção de estratégias


e tecnologias digitais juntamente com o uso de práticas sustentáveis em compras,
produção, empacotamento e relacionamento com clientes e fornecedores pode
ajudar as empresas a obterem melhores resultados, alcançando, assim, os resulta-
dos desejados no desenvolvimento sustentável, além de minimizar os impactos do
COVID-19.

Acesse a versão completa do estudo, publicado no Supply Chain Management: an


International Journal: https://doi.org/10.1108/SCM-02-2022-0059

https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/SCM-02-2022-0059/full/
html

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