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O VISLUMBRE DE TEUS OLHOS

Não há nada que exprima a alegria de eu ter te visto e o sentido que minha vida
obteve a partir do momento que vislumbrei seus olhos, aqueles pequenos e humildes
olhos. Neles pude ver o verdadeiro sentido da vida, do amor, do desejo tribal, da razão
perdida entre as poesias seculares. Que olhos... Que belos e malditos olhos. Eles não são
apenas os umbrais da alma, como também a boca que devora a carne dos homens fracos,
dos homens que não conseguem manter a sanidade e plenitude diante tanta beleza
perpétua, a beleza que o bojo transmite e fulgura-se.
E sua beleza não irá morrer em vida nem em história, pois a escreverei, e daqui
em diante você será lembrada para sempre, será posta em baladas, sonetos e poemas.
Você será a inspiração de diversos homens; assim como está sendo a minha. Tu és minha
poesia nua e crua.., e o sangue de minha caneta vem do teu caule, aquele que dá a vida,
aquele que escreve na carne histórias homéricas de um amor platônico, incurável, mas
simples como o orvalhar das plantas noturnas.
E se esse amor é incurável, é-se mortal como o veneno de mil serpentes, é-se
como uma bactéria intolerável, a qual nenhum antibiótico dará conta de exterminá-la,
então a aceitarei. Deixe que domine meu corpo, que se alastre entre meus vasos
sanguíneos e linfáticos e se aloje em meu coração como a Chagas humana... Sabe, não
me preocupo, pois sei que o que vem de ti não é veneno, mas sim o líquido mais raro
que há de existir, mais puro que a chuva, mais quente que tempestades solares, mais claro
que uma manhã à beira mar e mais vívido que o nascimento.
Tu brotas a leste como o nascer do sol e se põe a oeste, deixado um rastro rubro
e púrpuro. E eu sou o girassol que lhe acompanha dia e noite, sem se cansar, sem
pestanejar, pois sei que de ti recebo a energia necessária para o respirar da vida.
Talvez eu esteja rápido demais em minhas palavras e sentimentos, falando sobre
algo que começa a aparecer nos transcorreres dos dias quando duas almas estão
uníssonas e a carne amalgamada em um leito. Porém tenho de ser rápido, pois o mundo
é imediatista, e esse sentimento por ti não foi de tal velocidade, foi construído ao
decorrer dos dias e horas, foi erguendo-se como um castelo de sonhos, aflorando-se da
terra úmida e rica até o tamanho colossal em que se encontra atualmente.
E encontro-me à frente de uma mesa, escrevendo, com a alma, palavras
shakespearianas, brigando com minha mente para achar vocábulos certos e condizentes a
nós... E em cada parágrafo.., cada linha.., cada palavra e letra há um pouco de mim, um
pouco desse simples homem que devaneia em poemas, e de devaneios eu vivo quando
lembro do teu rosto, uma face moldada por deuses, desenhada pela mão de
Michelangelo e esculpida por Leonardo Da Vinci.
Não sou um poeta, muito longe disso, sou apenas um simples apaixonado
arcando com as consequências de expor aquilo que sente por outrem, e é isso que sinto
no âmago de minha essência. Em suma, espero que isso vire opulências futura e dê frutos
de sentimentos. Que o cacho seja rico e dê o vinho mais puro e adocicado, e toda vez
que eu beber deste vinho, espero lembrar-me de teus olhos, dos teus belos e malditos
olhos.

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