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UM BREVE HISTÓRICO
O fracasso de tudo o que havia sido predito para 1914 e a morte de Russell em 31 de outubro
de 1916, deixou seus seguidores desorientados. Depois de um breve período, Rutherford se
tornou o presidente da organização mundial. [1] Rutherford demonstrou capacidade de
reerguer a organização e foi capaz de reacender o senso de urgência entre os seguidores
remanescentes, ao anunciar através de um discurso público em fevereiro de 1918, que “O
Mundo Terminou — Milhões Que Agora Vivem Talvez Jamais Morram”. No mês seguinte, o
título do discurso foi mudado para uma declaração mais empolgante: “O Mundo Terminou —
Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”. [2]
Embora o discurso tivesse sido proferido originalmente em 1918, a campanha mundial só teve
início decisivo a partir de 1920, devido ao fato de Rutherford e seus associados terem ido
para a cadeia em maio de 1918, ficando lá até 1919.
Que razão existe para examinar novamente este assunto? Afinal, estes fatos já são muito
conhecidos, tanto entre as Testemunhas de Jeová, como entre os que foram desta
organização no passado. A própria liderança da Torre de Vigia já admitiu em parte esse erro
na doutrina. Além disso, trata-se de eventos que ocorreram no início do século 20, muitas
décadas atrás e que, a princípio, não têm qualquer influência na vida das pessoas hoje.
O caso é que lendo a breve menção deste discurso no livro Proclamadores, e considerando-
se que as previsões para 1925 só são mencionadas de maneira parcial e dispersa neste livro,
e não são conhecidas na inteireza pela maioria das Testemunhas de Jeová de hoje, qualquer
um poderia pensar que o ano de 1925 foi de pouquíssima importância na história desta
organização religiosa. Mas esta foi a profecia que, a bem dizer, definiu a presidência de
Rutherford e o fracasso dela teve um impacto na doutrina da Torre de Vigia que perdura até
os dias atuais.
"Milhões que Agora Vivem Jamais Morrerão!" introduziu a previsão de que a ressurreição
terrestre ocorreria em 1925, começando pelos homens fiéis da antiguidade, tais como
Abraão, Isaque e Jacó. Dizia o folheto Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão!, nas
páginas 110 e 111:
[Para ver o texto em inglês com mais nitidez, baixe as imagens acima aqui.]
____________
Esta predição de que a ressurreição terrestre teria início em 1925 resultou num tremendo
crescimento para a organização:
“Isto resultou em trazer para o santuário muitos mais para serem membros deste restante
consagrado por Jeová. Isto ficou evidente à base do aumento da assistência às
celebrações anuais da refeição noturna do Senhor, com 32.661 participando em 1922;
42.000 em 1923; 62.696 em 1924; e 90.434 em 1925.” – A Sentinela de 1º de maio de
1960, pág. 282 (em inglês)
· O fim da Cristandade
Estes ensinos foram apresentados como sendo “de Deus” e 1925 foi proclamado como uma
data “estabelecida definitivamente nas Escrituras”, conforme mostram os nove trechos que
seguem, extraídos de publicações lançadas às vésperas daquele ano:
"Esta cronologia não é de homem algum, mas de Deus... o acréscimo de mais provas a
remove inteiramente do campo da possibilidade e coloca dentro do da certeza
comprovada... a cronologia da verdade atual... não [é] de origem humana” – Revista
A Torre de Vigia de 15 de julho de 1922, pág. 217 (em inglês)
"A data 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras, porque é fixada
pela lei que Deus deu a Israel. Em vista da atual situação na Europa, alguém poderia se
perguntar como é possível conter a explosão por muito mais tempo; e que mesmo antes
de 1925 a grande crise chegará ao auge e provavelmente terá passado." – Revista A
Torre de Vigia de 1º de setembro de 1922, pág. 262 (em inglês)
“A Bíblia e "A Bíblia em Pedra" [a Grande Pirâmide de Gizé] fornecem a data de 1914:
para o início da grande mudança. A história prova que o processo de expulsão
começou pontualmente na hora certa. A profecia indica que 1925-1926 verá a maior
parte da expulsão concluída. Todos os estadistas do mundo estão temendo os próximos
anos.” – Livro O Caminho Para o Paraíso (1924), pág. 171 em inglês.
“Quando você se dedicar a um estudo mais avançado da Bíblia, descobrirá que o ano
de 1925 AD é marcado particularmente na profecia.” – Livro O Caminho Para o
Paraíso, pág. 220 em inglês.
“Sem dúvida, muitos meninos e meninas que lêem este livro viverão para ver Abraão,
Isaque, Jacó, José, Daniel e aqueles outros homens fiéis do passado surgirem na glória
de sua "melhor ressurreição", perfeitos na mente e no corpo. Não levará muito tempo
para que Cristo os nomeie para seus postos de honra e autoridade como seus
representantes terrestres.” – Livro O Caminho Para o Paraíso, pág. 226 em inglês.
O que diz a organização sobre isso em publicações mais recentes? Fazendo uso do artifício
de citar com aprovação as recordações de uma pessoa apoiadora da organização – e
relembradas 50 anos depois – o Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976 diz na pág.
146:
“Veio e foi-se o ano de 1925. Os seguidores ungidos de Jesus ainda estavam na terra como
classe. Os homens fiéis da antiguidade — Abraão, Davi e outros — não foram ressuscitados
para se tornarem príncipes na terra. (Sal. 45:16) Assim como recorda Anna MacDonald: “1925
foi um ano triste para muitos irmãos. Alguns deles tropeçaram, suas esperanças foram
despedaçadas. Tinham esperado ver alguns dos ‘antigos dignitários’ [homens da antiguidade,
como Abraão] serem ressuscitados. Ao invés de isso ser considerado uma
‘probabilidade’, leram que era uma ‘certeza’, e alguns se prepararam para seus próprios
entes queridos, na expectativa de sua ressurreição.”
Pode-se comparar esta declaração com o que as publicações, citadas na amostra acima,
realmente diziam sobre 1925. O que significam as frases “positiva e indiscutível conclusão”,
“prova”, “evidência com base nas Escrituras”, “certeza comprovada”, “sem dúvida”,
“distintamente indicada” / “estabelecido definitivamente” / “definitiva e claramente marcada”
nas Escrituras? Que pessoa normal entenderia cada uma dessas frases como expressando
nada mais que uma “probabilidade”?
Mas a organização não se limita apenas a essa desonestidade jornalística de sugerir que os
irmãos da época tinham ‘lido mais do que estava escrito’. Embora isso, por si só, seja grave,
o problema vai bem mais longe. Vejamos como se expressam as seguintes publicações:
“Havia sido cometido um erro, mas, como declarou o irmão Rutherford, isto não era razão
para deixar de servir o Senhor. Contudo, alguns o fizeram, e, assim, aquele período
marcou novos peneiramentos dentro do campo francês. Os algarismos publicados na
Sentinela francesa mostram que em 1925 havia 93 pessoas presentes à Comemoração na
congregação de Mulhouse, na Alsácia, enquanto que em 1927 a assistência à Comemoração
havia caído para 23.”
“Embora esses testes resultassem numa peneiração e alguns fossem levados como a
palha ao se joeirar o trigo, outros permaneceram firmes. Por quê? Sobre sua própria
experiência e a de outros em 1925, Jules Feller explicou: “Os que haviam depositado a sua
confiança em Jeová permaneceram firmes e continuaram a sua atividade de pregação.”
Eles reconheceram que se havia cometido um equívoco, mas que de modo algum a Palavra
de Deus falhara, e, assim, não havia razão para deixar que a sua esperança minguasse
ou de esmorecer na obra de apontar para as pessoas o Reino de Deus como a única
esperança da humanidade.”
Quanta sinceridade – para não dizer humildade – existe no ato de reconhecer um erro, mas
insinuar imediatamente (e mais uma vez fazendo uso de reminiscências de pessoas idosas,
apoiadoras da organização) que todos aqueles Estudantes da Bíblia que descontinuaram o
apoio à organização promotora do erro haviam ‘perdido a firmeza’, ‘deixado de servir a Deus’,
‘fracassado num teste de fé’, ‘sido peneirados como palha’ e não tinham mais ‘esperança’
alguma, nem ‘confiança em Jeová ou na Bíblia’? (Para um exemplo adicional de
desonestidade jornalística, veja o Apêndice deste artigo.)
"O slogan "Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão" aplicava-se apenas à “grande
multidão” de “outras ovelhas”, mencionadas nas Escrituras em Revelação 7:9 e João
10:16, cujo destino é um paraíso terrestre.”
Em março de 1918 veio o que parecia ser uma resposta bem tangível às nossas perguntas.
Anunciou-se e divulgou-se amplamente uma conferência pública. Esta se intitulava “Findou o
Mundo, É Possível que Milhões Que Agora Vivem Jamais Morram!”. Ela foi divulgada por
discursos e por folhetos impressos em todo o país e no estrangeiro. De fato, foi a primeira
publicação que tive o privilégio de oferecer ao público à base duma contribuição. Alguns
duvidavam naquele tempo da possibilidade de milhões de pessoas serem ajuntadas à
organização do povo de Deus. Eu, da minha parte, sempre achava que ‘a Jeová nada é
impossível’. (Mat. 19:26) Estava disposto a esperar, a trabalhar e a ver o que ia acontecer.
Note-se a frase “alguns duvidavam naquele tempo”. Na realidade ninguém tinha essa dúvida,
já que o ensino não era este. Conforme se verá a seguir, estar associado à “organização do
povo de Deus” não era um requisito “essencial” para a sobrevivência ao Armagedom.
“O Senhor fala a respeito de uma classe de pessoas a quem ele ‘livrará no dia do mal e a
conservará viva e abençoada na terra’. (Sal. 41:1, 2) Esta deve ser a classe de pessoas da
qual amiúde se fala como ‘os milhões que agora vivem que jamais morrerão’.” Hoje, é
emocionante ver na realidade milhões de tais pessoas sendo marcadas para a preservação,
ao passo que se revestem da verdadeira personalidade cristã, numa relação dedicada com
Jeová por meio de Cristo Jesus... Apresentaram-se naquela ocasião provas conclusivas que
identificavam a “grande multidão” de Revelação 7:9 com as “outras ovelhas” de João
10:16, com a classe de Jonadabe, com os marcados na testa para a sobrevivência, com os
milhões dos que agora vivem e que nunca morrerão, e com as “ovelhas” separadas dos
“cabritos”, as quais herdarão a vida eterna no domínio terrestre do Reino de Deus.”
Estas declarações nas 4 publicações precedentes não poderiam estar mais longe da
verdade. O ensino da Torre de Vigia não era que a “grande multidão” de associados à
organização nunca morreria. O ensino era exatamente o contrário disso.
Charles Russell havia proposto que todos os seguidores da Torre de Vigia estavam
destinados a ir para o céu, enquanto a maioria da humanidade – que não tinha qualquer
associação com a organização Torre de Vigia – sobreviveria ao Armagedom para que as
pessoas fossem instruídas pessoalmente por Jesus no paraíso terrestre:
"Ele [Jesus Cristo] assume a humanidade como a encontrar, e durante a era milenial lidará
com cada pessoa do mundo de acordo com a própria condição particular dela, tendo
misericórdia dos fracos e exigindo mais dos fortes ..." – Estudos das Escrituras VI - A Nova
Criação, pág. 114 em inglês.
É interessante que mesmo depois que se tornou presidente, Rutherford continuou a promover
este ensino por vários anos. No novo sistema, livre da influência de Satanás, Jesus ensinaria
diretamente todas as pessoas e daria a cada um a oportunidade de escolher se queria viver
para sempre, servindo-o. A salvação não dependia de se tornar um seguidor da Torre de
Vigia, ou mesmo um crente em Cristo antes do Armagedom. Na verdade, as igrejas eram até
criticadas por Rutherford, pelo fato de cada uma delas ensinar a seus membros que só eles
seriam salvos. Eis como se expressou o folheto Milhões:
“As seitas religiosas querem que o povo acredite que sómente serão salvos aquelles que
pertencem ou tornam-se membros das egrejas. Na Biblia não se encontra esta doutrina...
Jesus morreu não somente por aquelles que são membros da egreja, mas por todos. S. João,
claramente declarou: "Elle é a propiciação pelos nossos peceados, e não sómente pelos
nossos, mas tambem pelos de todo mundo". (1° S. João, 2:2)... Assim temos a certeza que
Jesus morreu para salvar todos os homens, não sómente para poucos... Seria portanto,
impossível á raça humana acceitar ou receber a dádiva da vida eterna antes de ser offerecida.
Sómente será offerecido no tempo determinado por Deus, e o plano Divino demonstra que
este tempo é depois do desenvolvimento da semente da promessa, depois do
estabelecimento do Reino; então cada um na sua ordem, terá conhecimento de que existe
um plano de redempção, e ha um meio pelo qual elle póde acceitar as condições e viver...
Durante a época do Evangelho, sómente os christãos tiveram este conhecimento, e todos os
que guardaram estas palavras e as cumpriram fielmente até o fim, terão vida eterna no plano
Divino (Apocalipse, 2:10). Os outros da raça humana não ouviram, portanto não podiam
guarda-lo. No emtanto, elles ouvirão no tempo determinado depois do Reino
estabelecido... Baseado nos argumentos até aqui apresentados, isto é, que a ordem velha
das cousas, o velho mundo está se findando e desapparecendo, e que a nova ordem ou
organização está se iniciando, e que 1925 será a data marcada para ressurreição dos
anciões dignos e fieis, e o principio da reconstrucção, chega-se á conclusão razoável de que
milhões dos que vivem agora na terra, ainda estarão vivos no anno de 1925. Então, baseados
nas promessas encontradas nas palavras Divinas, chegamos á positiva e indiscutível
conclusão de que, milhões que agora vivem jamais morrerão.” – Milhões Que Agora Vivem
Jamais Morrerão, págs. 118, 120, 121, 122 (grifos acrescentados)
O livro A Harpa de Deus (publicado originalmente em inglês no ano de 1921) tinha na capa a
frase "Prova Conclusiva de que Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão". Este livro
explicou detalhadamente a generosidade de Deus em salvar a maioria da humanidade para
ser instruída neste novo sistema de coisas. Depois de descrever a vida num novo sistema com
referência a Isaías 35:4-6, o livro disse na pagina 331 (em inglês):
"... quando estes grandes milagres começarem a ser efetuados na terra, espera-se então, que
os mais céticos acreditarão que o Senhor Jesus reina."
A página 333 prosseguia descrevendo a promessa de Deus a Noé de nunca mais "arruinar
todos os seres vivos", como prova de que o Armagedom não resultaria numa grande
carnificina humana. "A maioria da humanidade pratica a injustiça" (pág. 334 em inglês) e estes
são os que terão a oportunidade de aprender a praticar a justiça durante o reinado do
Messias. Este era um conceito justo que mostrava o amor e a razoabilidade de Deus para
com a humanidade.
[Traduções abaixo]
Depois que alguns dissidentes da Torre de Vigia demonstraram qual era realmente o ensino
da organização, esta decidiu providenciar algum esclarecimento dos fatos, na tentativa de
neutralizar os efeitos desta exposição. Em relação aos “milhões”, o livro Testemunhas de
Jeová – Proclamadores do Reino de Deus, finalmente admitiu na pág. 163:
“Uma vez terminados os Tempos dos Gentios, eles [os Estudantes da Bíblia] achavam que o
tempo da restauração estava muito próximo; portanto, de 1918 a 1925, proclamavam:
“Milhões que agora vivem jamais morrerão.” Sim, entendiam que as pessoas que viviam
naquele tempo — a humanidade em geral — tinham a oportunidade de sobreviver, de entrar
no tempo da restauração e receber então instruções concernentes aos requisitos de Jeová
para a vida. Sendo obedientes, atingiriam gradativamente a perfeição humana. Sendo
rebeldes, seriam, com o tempo, destruídos para sempre.” (O grifo é nosso.)
Como em muitos outros casos, a liderança da organização não fez aqui um reconhecimento
claro dos seus ensinos. Em vez disso, além de apresentar a informação de maneira dispersa
no livro, ainda recorreu ao freqüentemente utilizado expediente de transferir a
responsabilidade, afirmando que eram os “Estudantes da Bíblia” da época que “achavam” isso
ou “entendiam” aquilo (como se o ensino tivesse se originado nas mentes deles).
Mas, será que depois desse “reconhecimento” a organização pelo menos pôs fim a essa
prática de tentar associar os “milhões que agora vivem jamais morrerão” com a “grande
multidão”? O exame de publicações posteriores ao livro Proclamadores (que foi lançado nos
congressos de 1993) responde facilmente a esta questão. As três citações que seguem são
representativas do que as publicações continuaram dizendo depois de 1993:
Apesar dos últimos avanços na medicina, a morte ainda reina até mesmo hoje. Embora isso
não seja nenhuma surpresa, alguns talvez tenham ficado um tanto desapontados quando
afinal se viram diante deste inimigo de longa data. Por quê? Bem, lá nos anos 20, a
Sociedade Torre de Vigia proclamou a mensagem: “Milhões que agora vivem jamais
morrerão.” Quem seriam esses milhões? As “ovelhas” mencionadas por Jesus nas
suas observações sobre as ovelhas e os cabritos. (Mateus 25:31-46) Profetizou-se que
essas pessoas que são como ovelhas surgiriam no tempo do fim, e que sua esperança seria a
de ter vida eterna na terra paradísica. Com o passar do tempo, o povo de Deus obteve um
entendimento melhor da posição que essas “ovelhas” têm nos propósitos de Jeová. Foi
entendido que esses obedientes seriam separados dos obstinados “cabritos”, e que,
depois da destruição desses últimos, as ovelhas herdariam o domínio terrestre do
Reino, preparado para elas.
O leitor é facilmente induzido a pensar que esses conceitos grifados estavam todos expressos
no discurso. Na verdade não se fez a mínima referência a eles e esse ‘desapontamento’
mencionado no parágrafo ocorreu justamente porque as verdadeiras afirmações feitas no
discurso não se concretizaram.
“No começo dos anos 20, um discurso público de destaque, apresentado pelas Testemunhas
de Jeová, teve por tema “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”. Este talvez fosse
otimista demais naquela época. No entanto, hoje se pode fazer esta declaração com plena
confiança.”
Usa-se aqui mais ou menos o mesmo artifício usado na Sentinela de 15 de julho de 1970,
citada acima (que falou em ‘dúvidas’ de algumas pessoas não-identificadas). Não haveria
como algum Estudante da Bíblia achar esse discurso “otimista demais”. Alguém só poderia ter
achado isso se o entendimento daquela época fosse que os “milhões” se referiam à “grande
multidão” de associados à Torre de Vigia, como essa Sentinela pretende insinuar, e que só
eles sobreviveriam ao Armagedom (que é o ensino de hoje).
Os seguidores ungidos de Cristo já fazem o convite desde 1918. Naquele ano, o discurso
público “Milhões que agora vivem talvez jamais morram” apresentou a esperança de que
muitos ganharão a vida eterna numa Terra paradísica depois da batalha
do Armagedom.
Tecnicamente esta afirmação grifada está correta, mas ela induz o leitor a pensar que este
sempre foi o ensino da organização, ou pelo menos que esta era a mensagem básica do
discurso. Omite-se aqui que esta não era a “esperança” apresentada nele. Os ‘milhões que
então viviam jamais morreriam’ porque sobreviveriam ao Armagedom, (independentemente
de estarem ou não associados com a Torre de Vigia e independentemente até de serem
cristãos), e não porque ganhariam a vida eterna “depois da batalha do Armagedom”, muitos
dos quais tendo passado pela experiência da morte e precisando ser ressuscitados.
APÊNDICE
Resposta: Certamente não retornaram. Ninguém os viu e seria tolice fazer tal
declaração. Foi declarado no livro ‘Milhões’ que poderíamos razoavelmente esperar
que retornassem pouco depois de 1925, mas isto era simplesmente uma opinião
expressa.”
Quem conhece o conteúdo do folheto Milhões, sabe muito bem que o assunto não havia sido
apresentado só como algo ‘razoável para se esperar’, e muito menos como ‘simples opinião’.
Tampouco o folheto falara alguma coisa sobre “pouco depois de 1925”. O exame dos trechos
que tratavam das predições relativas ao ano de 1925 demonstra quão longe da verdade estão
as declarações dessa citação acima.
Porém, de novo o problema aqui não se resume a isso. Um exame atento revela que este
Anuário só citou parcialmente a declaração de Rutherford. A declaração completa dele pode
ser encontrada numa revista A Torre de Vigia de 1926. Só a metade do parágrafo da revista
foi citada no Anuário (com um ponto final substituindo um ponto-e-vírgula). Vejamos a citação
completa, na página 196 (em inglês):
Resposta: Certamente não retornaram. Ninguém os viu e seria tolice fazer tal declaração. Foi
declarado no livro ‘Milhões’ que poderíamos razoavelmente esperar que retornassem pouco
depois de 1925, mas isto era simplesmente uma opinião expressa; além disso 1925 acabou
de passar. Não há qualquer boa razão pela qual devamos esperar que os
merecedores da antiguidade só retornem quando a igreja estiver completa e a obra da
igreja na terra estiver feita. Neste momento o trabalho não está completo e é bem
evidente que muitos membros do corpo de Cristo ainda estão aqui.”
[Baixe aqui uma fotocópia da página da revista original, onde se encontra esse trecho]
Esse trecho deixa bem claro que, mesmo após o fracasso da predição, ainda se fez esforço
para manter as pessoas na expectativa em conexão com esta data de 1925. De fato, embora
a própria data de 1925 tenha sido finalmente descartada, Rutherford continuou esperando o
retorno desses “merecedores da antiguidade” até o fim de sua vida, em 1942. O livro
Santificado Seja o Teu Nome (publicado em 1961) confirma isso nas páginas 336, 337:
Além dele próprio, todos os associados à organização Torre de Vigia na época foram
mantidos nessa mesma expectativa por muitos anos. O ensino sobre o retorno desses
“merecedores” para serem “príncipes por toda a terra” só foi abandonado oficialmente pela
organização em 1950 (veja o Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, págs. 213, 214).
NOTAS:
[1] O Testamento de Russell aparece na revista A Torre de Vigia de Sião que se seguiu à
morte dele e também em Estudos das Escrituras – Volume I – O Plano das Eras, Edição de
1927 em inglês, págs. 8 a 14, no tópico “Biografia”. Ele instruiu ali que em vez de uma única
pessoa ter o controle completo do que seria publicado pela organização, uma Comissão
Editora de cinco pessoas (os nomes dos componentes aparecem no Testamento) estaria
encarregada disso. Rutherford desconsiderou isso e, depois de assumir a presidência, com o
tempo assumiu o controle completo sobre tudo o que era publicado. Uma tradução comentada
do Testamento completo de Russell encontra-se disponível no Mentes Bereanas.
[2] “1918 – O discurso “O Mundo Terminou — Milhões Que Agora Vivem Talvez Jamais
Morram” é proferido pela primeira vez, em 24 de fevereiro, em Los Angeles, Califórnia. Em 31
de março, em Boston, Massachusetts, o discurso é intitulado “O Mundo Terminou — Milhões
Que Agora Vivem Jamais Morrerão”.” – Livro Testemunhas de Jeová – Proclamadores do
Reino de Deus, pág. 719 (O itálico na palavra “jamais” é deles.)
[3] Livro Apocalipse Adiado, de M. James Penton, pág. 61 e livro Testemunhas de Jeová –
Proclamadores do Reino de Deus, pág. 717
[4] Romanos 5:6: "Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios." (Almeida Revista e Atualizada) 2 Coríntios 5:14: "Porque somos dominados
pelo amor que Cristo tem por nós, pois reconhecemos que um homem, Jesus Cristo, morreu
por todos, o que quer dizer que todos tomam parte na sua morte." 2 João 2:2: “E ele é um
sacrifício propiciatório pelos nossos pecados, contudo, não apenas pelos nossos, mas
também pelos do mundo inteiro.” (Tradução do Novo Mundo)
[5] Para uma consideração detalhada do ensino que a Torre de Vigia mantém há muitas
décadas, referente à salvação, veja o folheto A Organização Torre de Vigia e a Salvação –
Crêem as Testemunhas de Jeová Que Só Elas Serão Salvas?, disponível no site Mentes
Bereanas.