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Dissociados
O livro de 1 Coríntios também especifica os pecados a que essas palavras
se aplicam. O conselho tem a ver com alguém que “se chama irmão” que
“pratique” os pecados listados lá. Não diz que eles deveriam continuar a
ser evitados depois de eles deixarem de se identificar como um irmão
Testemunha de Jeová. Ou seja, quando alguém se dissocia, formalmente
dizendo que não se identifica como Testemunha de Jeová, ela deixa de se
encaixar na situação descrita pelo texto, e não deveria ser evitada.
Somente enquanto pratica o pecado
Também não diz que deveriam evitar contato total com alguém que
parou de praticar seu pecado. Acontece muito de um adolescente
Testemunha de Jeová ser desassociado por fumar ou por praticar
fornicação. Anos depois, eles já não praticam mais o pecado que resultou
em sua desassociação, e nem são reconhecidos como Testemunhas de
Jeová, e mesmo assim são evitados pela família e amigos, sem base
bíblica.
Maioria, não todos
Pode-se perceber, também, que Paulo não insistiu que todos
participassem dessa disciplina. Posteriormente, ele recomendou que a
“maioria” participasse dessa repreensão, o que mostrava que alguns, na
congregação, poderiam escolher não evitar alguém:
(2 Coríntios 2:5-6) Ora, se alguém causou tristeza, ele entristeceu não a
mim, mas a todos vocês, até certo ponto — para não ser severo demais
no que digo. Essa censura da parte da maioria é suficiente para esse
homem;
A Tradução do Novo Mundo (assim como a maioria dos eruditos), por
meio de uma referência cruzada nesse versículo, mostra que Paulo estava
fazendo uma referência à situação ocorrida em 1 Coríntios 5:1. Paulo, em
diversas ocasiões, deu conselho similar de ‘tomar nota’ e ‘evitar’
pecadores. Isso não significa que devemos ignorar totalmente, nunca
cumprimentar, evitar contato visual, atravessar a rua para se esquivar de
pecadores, e isso é o que as Testemunhas de Jeová fazem comumente
com os desassociados.
O que diz 2 João 10
O tratamento extremo que a organização impõe, de não falar nem um
simples “oi” para um desassociado, não se baseia nos textos acima, mas
num único texto: 2 João 7-11: Pois muitos enganadores saíram pelo
mundo afora, aqueles que não reconhecem que Jesus Cristo veio na
carne. Eles são o enganador e o anticristo.
Tenham cuidado para que vocês não percam as coisas que trabalhamos
para produzir; em vez disso, que possam obter uma plena recompensa.
Todo aquele que vai além dos ensinamentos do Cristo e não permanece
neles não tem Deus. Quem permanece nesses ensinamentos é quem tem
tanto o Pai como o Filho. Se alguém vier a vocês e não trouxer esses
ensinamentos, não o recebam na sua casa, nem o cumprimentem.
Pois quem o cumprimenta participa das suas obras más.
2 João está falando do anticristo e não deveria ser aplicado a todas as
formas de pecado, como a organização das Testemunhas de Jeová faz.
Para justificar sua posição, a organização das Testemunhas de Jeová
descreve os que param de ser Testemunhas de Jeová como apóstatas e
como do Anticristo, dizendo o seguinte:
*** w85 15/7 p. 32 ***
Ajuda ao Entendimento da Bíblia indica que a palavra “apostasia” provém
da palavra grega que significa literalmente “‘afastar-se de’, mas tem o
sentido de ‘deserção, abandono ou rebelião’” … abandono dos padrões
morais corretos … Tais pessoas que voluntariamente abandonam a
congregação cristã tornam-se, desta forma, parte do ‘anticristo’. Na
verdade, muitos que deixam de ser Testemunhas de Jeová continuam a
seguir Jesus e os padrões moral da Bíblia, mas descobriram que a
organização Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, das Testemunhas de
Jeová, não é guiada por Jesus.
Interessantemente, o conselho de João aqui não se limitava a ex-cristãos.
Incluía todos os que negavam a Cristo. Isso incluía Judeus que rejeitaram
Jesus, assim como pessoas das nações que adoravam outros deuses e
nunca foram cristãos. Ainda assim, a posição das Testemunhas de Jeová
aplica-se apenas a ex-Testemunhas de Jeová.
O significado da frase “não o recebam na sua casa” deve ser entendido
no contexto de como era a hospitalidade na Jerusalém do primeiro
século. Visto que os cristãos faziam suas reuniões em suas casas, João
provavelmente sentiu que convidar alguém que negava a Cristo para
dentro de sua casa poderia ser interpretado como compartilhar a
adoração com não-cristãos.
Da mesma forma, o termo “não o cumprimentem” precisa ser entendido
sob a luz dos costumes do primeiro século. No artigo a seguir, a
organização das Testemunhas de Jeová afirma, incorretamente, que João
usou o termo ‘cumprimentar’ para referir-se a um simples “oi”:
*** w88 15/4 A disciplina que pode dar fruto pacífico ***
[Nota(s) de rodapé] João usou aqui khaí·ro, que era um cumprimento tal
como “bom dia” ou “olá”. (Atos 15:23; Mateus 28:9) Ele não usou
a·spá·zo·mai (como no versículo 13 ), que significa “envolver nos braços,
por conseguinte, saudar, dar boas-vindas”, e pode ter subentendido um
cumprimento muito cordial, mesmo com um abraço. (Lucas 10:4; 11:43;
Atos 20:1, 37; 1 Tessalonicenses 5:26) Portanto, a diretriz de 2 João 11
pode muito bem significar nem mesmo dizer “olá” a tais.
Este artigo afirma que a palavra khaíro é usada para proibir um simples
cumprimento, em vez de aspázomai, que significa um abraço mais
afetuoso, envolver nos braços, beijar, saudar ou dar boas vindas. Esse
raciocínio está errado, porque o correto é exatamente o oposto disso. A
obra Strong’s Concordance diz (em inglês, tradução minha): •5463 chairo
{khah’-ee-ro} 1) alegrar-se, estar feliz 2) regozijar-se 3) estar bem,
prosperar 4) saudação: salve! 5) no início de cartas: para cumprimentar
ou saudar alguém • 783 aspasmos {as-pas-mos} 1) uma saudação, seja
ela oral ou escrita
O livro de 2 João não indica que um cumprimento educado seja errado.
João está mostrando que um cristão pode estar compartilhando das
obras do anticristo se mostrar aceitação ou acordo com a causa ou com
os ensinos dos malfeitores, ou se desejar-lhes favor ou sucesso.
A organização das Testemunhas de Jeová usa esse único texto de 2 João
para impor que todo desassociado ou dissociado não seja sequer
cumprimentado por educação. Essa regra aplica-se para qualquer pecado
que as Testemunhas de Jeová consideram digno de desassociação, e isso
inclui uma longa lista de regras criadas pela organização, tais como
jogatina, fumar ou aceitar transfusão de sangue.
Todos os amigos do desassociado que são Testemunhas de Jeová são
instruídos a nunca mais cumprimentá-lo, a menos que ele se arrependa e
seja formalmente readmitido pelas Testemunhas de Jeová. Como autor
deste site, posso dizer, por experiência própria, que minha própria mãe e
irmãos não falam comigo há anos.
Na Bíblia, essa punição de cortar relações é mencionada apenas uma vez,
e deveria aplicar-se somente ao Anticristo, e, por isso, está sendo mal
utilizada com extremismo.
Processo Judicativo sem base Bíblica
O processo que as Testemunhas de Jeová seguem para desassociar
distancia-se muito dos princípios bíblicos em inúmeras áreas.
Razões não mencionadas na Bíblia
Deveria sempre haver base bíblica clara para justificar uma
desassociação, e o escritor bíblico João repreendeu Diótrefes por tentar
expulsar pessoas da congregação desnecessariamente em 3 João 9-10:
(3 João 9, 10) Escrevi algo à congregação, mas Diótrefes, que gosta de
ocupar o primeiro lugar entre eles, não aceita nada de nós com respeito.
10 É por isso que, se eu for aí, trarei à atenção as coisas que ele tem feito,
as calúnias que tem espalhado sobre nós. Não satisfeito com isso, ele se
recusa a receber os irmãos com respeito e tenta impedir e expulsar da
congregação aqueles que querem recebê-los.
Os textos bíblicos sobre evitar contato (afastamento), escritos por Paulo e
João, limitam-se a apenas as seguintes áreas:
Fornicação, ganância, idolatria, injuriadores, bebedeiras, extorsão, e a
quem não permanecem nos ensinamentos de Cristo.
Apocalipse 21:8 não fala exatamente desse mesmo afastamento, mas se
fizéssemos uma concessão, poderíamos considerar que sim, e daí
adicionaríamos as seguintes áreas: adultério, homens mantidos para
propósitos desnaturais, homens que se deitam com homens, ladrões,
covardes, os sem fé, os nojentos em sua impureza, assassinos, espíritas e
mentirosos. Essa lista deveria, por força de lei, incluir todos os pecados
que justificam uma desassociação.
A lista enorme de violações criadas pelas Testemunhas de Jeová incluem
inúmeras práticas não mencionadas na lista acima, a exemplo das
transfusões de sangue. No entanto, a organização vai além!
Práticas comuns, nunca mencionadas na bíblia como sendo pecado,
tornaram-se base para desassociação. Tais práticas comuns incluem:
• Sexo anal e oral
• Jogatina – comum ao longo da história (lançaram sortes sobre as roupas
de Jesus – Mat 27:35)
• Uso de drogas como a maconha (era comum no primeiro século)
• Celebrações – Romanos 14:1-18 diz, especificamente, para não julgar
ninguém que observa certos dias
Se Jeová quisesse que seus seguidores evitassem contato com quem
praticava essas coisas, a Bíblia diria claramente.
Será que as Testemunhas de Jeová deveriam criar regras de
desassociação além das listadas na Bíblia? Claro que não!
Jesus condenou os fariseus por criarem milhares de leis para cada
situação, em vez de promover os princípios divinos e entender o
significado de piedade. Certa vez, quando um fariseu ficou surpreso ao
ver que Jesus não havia feito o ritual de se lavar antes do jantar, Jesus o
repreendeu de forma bastante dura:
(Lucas 11:42) Mas ai de vocês, fariseus, porque dão o décimo da hortelã,
da arruda e de todas as outras ervas, mas desconsideram a justiça e o
amor a Deus!
(Mateus 12:7) No entanto, se vocês tivessem entendido o que significa:
‘Quero misericórdia, e não sacrifício’, não teriam condenado os
inocentes.
Se Deus falasse diretamente com o Corpo Governante (como ele falava
com os Apóstolos) e seus escritos fossem infalíveis (como eram os dos
Apóstolos), então talvez eles tivessem autoridade para acrescentar algo
às escrituras. Mas como eles mesmos admitem, não é o caso. O Corpo
Governante não é infalível e não é inspirado por Deus para escrever
regras adicionais que não aparecem na Bíblia. Por esta razão, a lista de
pecados que merecem desassociação deveria se limitar à lista da bíblia.
Regras adicionais continuam a ser acrescentadas a essa lista, a exemplo
do artigo de A Sentinela de 2006 – w06 15/7 p.30 – que explicou que
“crassa impureza” e “impureza com ganância” são base para desassociar
alguém por praticar “pesadas carícias”, “telefonemas de cunho
explicitamente sexual”, e “ver pornografia”.
Tribunal Judicativo Confidencial a Portas Fechadas
Para determinar se alguém deve ser desassociado, os anciãos formam
uma “comissão judicativa” para se reunir com o pecador. Essa reunião é
privada, e o pecador não tem permissão para trazer um observador, um
advogado ou mesmo um dispositivo de gravação de áudio e/ou vídeo.
*** Livro dos Anciãos – ks10 – Pastoreiem o Rebanho de Deus, p. 90 ***
Escutem apenas as testemunhas com informações relevantes sobre a
suposta transgressão. Não se devem permitir depoimentos de quem
pretende falar apenas sobre o caráter do acusado. As testemunhas não
devem ouvir detalhes nem depoimentos de outras testemunhas. Não é
permitida a presença de observadores para dar apoio moral. Não é
permitido o uso de aparelhos de gravação. Esse cenário permite que
ocorram abusos nos procedimentos.
Muitas pessoas relatam quão humilhante é, para uma mulher, sentar-se
na frente de 3 homens e descrever, em profundos detalhes, atos sexuais
que são considerados pecaminosos.
A expressão “comissão judicativa” não aparece na Bíblia, e viola
princípios bíblicos. Tanto os Israelitas quanto as congregações cristãs
primitivas discutiam os problemas abertamente entre as pessoas. E m vez
de serem resolvidos privativamente, diante apenas de anciãos, os
assuntos eram tratados pelos Israelitas nos portões da cidade para que
uma discussão justa, com observadores, pudesse ser feita, ou na frente
da congregação cristã. Isso evitava injustiças que podem ocorrer diante
de um pequeno grupo de anciãos.
*** w77 1/3 p. 152 par. 9 Repreensão
“perante todos os espectadores” ***
Os regulamentos e relatos bíblicos indicam que os casos de transgressões
eram levados perante os anciãos da cidade, nos portões, principalmente
quando havia controvérsias envolvidas, como no caso em que um ofensor
não admitia ter prejudicado outro, e também quando a comunidade,
como um todo ficava seriamente afetada ou em perigo por causa da
transgressão.
(1 Timóteo 5:20) . . .Repreende perante todos os espectadores aqueles
que praticam o pecado, para que os demais também tenham temor.
*** g81 22/12 p. 17 Em busca de raízes jurídicas ***
Visto que o tribunal local estava situado nos portões da cidade, não havia
dúvida de o julgamento ser público! (Deut. 16:18-20) Sem dúvida, os
julgamentos públicos ajudavam os juízes no sentido de exercerem
cuidado e justiça, qualidades estas que às vezes faltam nas audiências em
tribunais secretos e arbitrários.
Em Mateus 18:17, Jesus ensinou que as transgressões não resolvidas
deveriam ser levadas “à congregação”, não a uma comissão selecionada
de líderes da congregação. Era assim que as contravenções eram julgadas
originalmente. O arranjo da comissão judicativa só foi inaugurado por
Knorr em 1944, conforme artigo sobre o desenvolvimento histórico da
desassociação.
Motivo da Desassociação não é Revelado
Nos tempos bíblicos, quando uma pessoa era desassociada ou
repreendida publicamente, a congregação deveria saber o motivo. Paulo
abertamente falou à congregação da conduta errada de Pedro,
Alexandre, Diótrefes e Himeneu. Para evitar problemas legais, a
organização não segue esse conselho bíblico. O anúncio da
desassociação/dissociação limita-se a:
“[Nome da pessoa] não é mais Testemunha de Jeová”. – Organizados
para Fazer a Vontade de Jeová (edição de 2005 de capa verde), página
154, ou edição de 2015 de capa cinza/colorida, página 141.