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REVISTA PUBLICAçãO JVIENSAL

\fci Ot1
PEDAGÓGICA, SCIENTIFICA. LITT NOTICIOSA
Fledactores:—Frontino Guimarães, ArtliuP/^Òtí^ít, José . Franeo e
Fpaneiseo Alai*
.< mor ao trabalho A vida pela instrucção

ANNO I S, Patifo, 12 de Seü^oM^ltè^ NUM. 1


desenvolvimento material espantoso; que quanto, nosso fim é tão somente procurar
RKYISTÃ MODERNA sempre esteve na vanguarda entre suas ir- levantar do abatimento em que se acha a
mãs, em tudo que diz respeito ás idéas no- classe que mais servíçcs pôde prestar á Re-
40 de Setembro de 4892 bres e generosas; S. Paulo, repetimos, não publica—a classe do professorado primá-
podia continuar a permanecer n'esse statu rio.
No correr dos tempos moiernoa, não
quo, dando assim, aos olhos do estrangeiro
era possível que a classe do profesaorado
que nos visita, uma triste prova de sua
do Estado de São Paulo permanecesse em
<c inacção.
Tudo caminha no ultimo quartel do sé-
cultura intellectual.
A civilisação d'um paiz não consiste,
tão somente, em fundar-se academias e es-
StiBtnuxM Iptarm
culo XIX. As sciencias, as artes e as indus-
colas superiores. Não bastam as academias,
trias encontram no espirito humano a pu-
não bastam as escolas superiores, freqüen-
jança de que precisam para o seu desen- A instrucção para as intelligencias in-
tadas, mais ou menos, por pessoas abasta
Tolvimento e progresso. cultas è como para o granito a talhadeira
das; è preciso também o desen volvi me ntr
Pois bem; apparece hoje á luz da pu- e o cinzel, manejados por mão hábil.
continuo e progressivo do ensino primário,
blicidade— a REVISTA MODERNA, órgão dos O artista, lascando, cortando, desbas-
professores públicos do Estado de S. Paulo, uma das mais sólidas bases do regimen de-
mocrático. tando e cinzeiando a pedra brula, vae aos
e que terá por escopo, não somente o cer- poucos amoldando-a ao ideal que concebeu
tamen no terreno paramente scientifico e A França, que deve ser appellida^a —o
e esboçou. Surgem como por encanto, ao
litterario, mas ainda, a defesa da classe do coração do mundo, tem nos dado xem- fi.forço manual e mental combinado, as li-
professorado, dentro, porém, da orbita le- plo de quanto vale uma nação foi ;rfmente nhas, as curvaturas, as ondulações, os tra-
gal a do justo. desenvolvida em sua intellectualidade. ços e ornamentações que se vão lenta e
Bsm sabdmosque a lucta é ingente pa- Antes da guerra Franco-Prussi» aa, a progressivamente convertendo em desenho,
ra as nossas forças. Mas, com a boa vonta- instruíçSo popular ainda não se »chava em relevo, em contornos, em busto ou es-
de que temos,com o apoio dos nossos colla- tão disseminada no v.-sto solo da beroica tatua, a perpetuar a memória de um vulto,
ga» e de todcs que se interessem pela causa Franç*. Depois, porém, dessa tremenda ca- da um patriota, de um bravo, de um heróe.
da instrucção popular,esperamos vencer to- tastrophe, em que a Fiança foi vencida,re- O educador também é um artista : ar-
dos os obstáculos que, porventura, se opo- conheceu ella, que devia multiplicar, tri-
tista do espirito. Por meio de processos len-
nham ao nosso tentamen,tendo sempre por plicar as escolas, procurando faz^r que os to e progressivos, vae desbastando as igno-
lemma : o amor ao trabalho. mestres incutissem no espirito da criança rancias brutas e abrindo as válvulas das
Já era tempo de quebrar a monotonia que de hcjí, que deverá ser homem amanhã, o intelligencias boçaes, imprimindo nos cére-
reinava nos arraiaes do professorado publi- verdadeiro amor da pátria, o brio nacional, bros iafantis idéas, principies, regras e no-
co. A descrença, que è precursora de gran- a coragem cívica no tempo da paz como no
ções que os vão locupletando. Mais um
des desgraças, ia, pouco a pouco, se im- tempo da guerra. pouco de esforço, e aquelle ser pensante
pluntando no espirito de nossos collegas, Hoje a França é temida pelas potências de acanhadíssima comprehensão, pelas pre-
tornando a instrucção publica uma verda- européas, está ua vanguarda das nações ci- lecções dos mestres, pelo estudo e medita-
deira múmia, sem valor nem significação. vilisadas, porque desenvolve aqui a scien- ção, torna-se— águia — apto para as gran-
Felizmente para nós, o espirito publico cia, alii as artes, mais além, a agricultu- des concepções do pensamento. Abre o
foiagradavelmente despertado com o proje- ra, a» industrias em suas innumeras appli- grandioso livro da natureza, vôa pelo es-
cto de reforma que, se não é um typo de cações. paço, penetra no âmago da terra, sonda
perteição, pode, entretanto, sendo bem ap- Eis o exemplo que devera seguir um os mares, o ar e os corpos que gravitam
pücada, satisfazer ás exigências actuaes, paiz novo como o nosso. A instrucção pu- no infinito ; pensa, prescruta, raciocina,
melhorando em muito o ensino primário, blica deve ser disseminada por todas as ca- índuz e, de conquista em conquista, dàá-
■ O ramo de serviço publico referente madas sociaes, de modo a reduzir-se a uma cobre arctnos e mysterííp, e chega á com-
á instrucção pri soaria é irrefragavelmen- insignificancia o numero dos analphabetos. prehensão das bellesas da crif cão, das ma-
te de summa importância. E por este lado, vem prestar valioso ravilhas da arte e dos progressos da scien-
A sociedade obumbrada pelo nevo?iro auxilio a BEVISTA MODERNA, que hade ser cia. Mais alguma contensão de espirito, e
contristador da ignorância, não pode ter boa fonte de orientação em tudo quanto se será um artista, um arehitecto, um pbik-
esse nome, porque é a antithise da civisa- referir ao magno problema da instrucção sopho, um lettrado, um naturalista, um
çãoe do progresso. publica. sábio.
E S. Paulo, que marcha na senda do Deus queira que a opinião publica es-
progresso; qu=i tem tido, ultimamente, um teja comnopco n'este commettimento, por- As intelligencias mais cultas mais ri-
s HE^7"XST-A. Is/LOlDlBTlJSrJ^.

eas de conhecimentos, principiaram sua ducador, mesmo de acanhada» hsbilitsções; ção comprehendendo que para desempe-
aprendizagem pela escola, que é a base de porque, do contrario, verão seus filhos cres- nhar-se desta incumbência, era necessário,
todo o saber do geaero humano. cer, tem haver quem lhe ministre o te- era preciso instruir o povo, tractou logo
E' por isso que a concepção moderna, sejauo pão do espirito. de crear escolas, institutos, onde a todos
que todos os homens de espirito alevantado Em logares onde a população é igno- fosse dado freqüentar.
se esforçam pela diffusão das escolas em rante, é como em terra de cgos, quem tem Na republica Norte Americana, essa
larga escala, desde os centros mais popu- um olho é rei. republica modelo muito se tem feito em
losos até aos bairros, mais afastados; por- Br»gança. prol da instrucção publica, desde o tempo
que sSo ellas outeos tantos factores de luz do aeu immortai fundador Washington,
outros tantos luzeiros a espancar as trevas M. CARNEIRO.
que ae assumir as rédeas do governo,
da igaorancia. E tanto mais loavavf 1 è esr e exclamava: «a virtude e a intelligencia
empenho, quando é certo, e esU na cons- dos cidadãos, ^ão duas garantias indis-
cie-eia de todos, que é pela inatrucção que pensáveis das instituições republicanas».
se pode elevnr o nivel moral do povo, fa- I i
Ali o professor publico occupa uma
zendo-o o.omprehender seus devores, seus
direitos e regalias.
Os poderes do Estsdo váo felizmente
ncmsçao n lisa posição elevada! nobre, que teera os fun-
cionários públicos, os magistrados e as
escolas primários são plantados em tados
prestando a este ramo de serviço publico a os recantos das cidades e aldéas.
nms seria atlençSo, já augumentado o nu'
Quando em 1866, o parlamento fran-
mero de escolas, jâ melhorando as condi- O indifTerentisrao,o menospreso, com cez íratava de reformar a instrucção pri-
ções de intellectualidndedo professorado e que tem sido tratada a classe do profes- maria, Jules Simoü em um eloquentissi-
já proporcionando-lhe sufâcientes garan- sorado publico, no nosso paiz por parte mo discurso disse, que a primeira riqueza
tias de poder viver com indipendenci». dos poderes, competentes^tem levado qua- de um paiz, é a riqueza intellectual e co-
O numero, porém, de cadeiras criadas si o desanimo, a descrença de se vel-a mo todas as riquezas, tem ella necessi-
é muito superior ao de professores habili- elevar-se á altura a que merece, si é prin- dade de ser cultivada para ser fecunda,
tados; e cs que se vão habilitando mal dão cipio incontroverso que o engrandecimen- disse mais, que a intelligencia é a primei-
para as vagas em cidades, villas e fregue- to de um povo está na rasão directa da ra força do mundo.
zias. As de bairros, onde n5o ha recursos, sua instrucção, esta classe, cuja missão
nem distracções, nem sociabilrdsde, nem Entretanto si existe o desanimo, a
nobre é preparar cidadãos úteis e presta- descrença que já nos referimos, todavia,
muitas vezes casa com acommodações para veis á pátria, quando não gozasse de cer-
eschola, ^flcam sem provimento, por não pelos legisladores do congresso esladuali
tas imraunidades, de certos privilégios, foi elaborado um projecto de reforma di-
hsver quem as pretenda, salvas excepçõ-:s devia ao menos merecer a attenrão do
raras, e isso mesmo com caracter proviso gno de uma corporação tão illustre, o qual
governo, dando-lhe meios, recursos para apenas depende da sancção governamen-
rio. A.' primeira vaga em villa ou cidede, a sua manutenção, para a sua elevação,
os professores de bairros pedem sua remo- tal, para ser posto era execução e que
na posição que occupa na sociedade. veio plantar um novo marco a esta clas-
ção, porque, acostumado? á convivência de
Os governos não podem descurar da se do professorado publico, dando incen-
pessoas educadas, em centros de mais vi-
instrucção popular, base e alicerce de to- tivo para uma nova vida, para o ongran-
da, mal se coadunam a servir, como que
do o governo e principalmente da demo- decimento intellectual e moral deste Es-
isolados ou exilados, em bairros povoados cracia que é o governo do pove pelo povo. tado.
ordinariamente de gente analphabeta e es-
túpida, que, passsndo o dia no trabí.iíio. á Ja nos antigos tempos em Roma e S. Paulo. 30 de Agosto de 1892.
noite procura, no repouso e no descanço, a Athenas, berço de tantos jurisconsultos e
reparação das forças para as luctas do dia philosophos, era cdjas doutrinas os mo- FRONTINO GUIMARãES
seguinte. dernos pensadores, vão encontrar um ma-
nancial de sciencia e de luz, os governos
Eis a rasão por que as cadeiras de bair-
procuravam diffundir a instrucção por to-
rios se acham quasi todas vazias. das as camadas sociaes.
Para estas a lei deveria abrir uma ex-
Na França, o paiz livre por excellen-
cepção.
Não havendo normalistas ou preten-
cia cuja liberdade fora conquistada com o
sacrifício de milhares devidas.mas dando
A INSTRUCÇÃO
dentes habilitados que se apresentem aos ao homem direitos que até então estava
concursos,conviria permittir-se a qualquer privado de gozar, apezar de lhe serem na-
pessoa, depois de ter provado, perante os tuos, deflnindo-lhe a posição nobre e alti-
Conselhos Manicipaes, de ter boa conducta De todos os problemas sociaes. a ins-
va para que veio ao mundo, na França di- trucção é sem duvida alguma o mais im-
moral e civil e saber bem ler, escrever e go eu. já no tempo dos imperadores en-
contar, a ficuldade de ser nomeada para portante.
contramos muitos delles preoccupando-se Sem ella, o horaem vive nas trevas
rege-las mediantes vencimentos, razoáveis grandemente com a instrucção primaria
até apparecer concurrente convenientemen- profundas da ignorância, e isto é impró-
como Luiz XIV, que deu o seu nome ao prio para uma sociedade adiantada e ci-
te preparado que as pretenda.
século em que viveu, como Francisco I, vilisada.
Cadeiras sem provimento são lampeões no século XVI, que antevendo a ruina do
Um escriptor disse muito ácertada-
apagados» seu paiz, pela ignorância do seu povo, mente : «A felicidade dos povos depende.
A luz mesmo, fraca, sempre alumia; e mandando chamar Erasmo, esse espirito da instrucção da humanidade. O homern
é melhor viver na claridade, embora tênue, reformador e franqueando-lhe os cofres não instra/do é como uma moeda despre-
do que ás escuras. públicos diz-lhe que trabalhasse e conse- zível que os estrangeiros não recebem :
Para centros raraes afastados, onde não guisse o renascimento das lettras e das o homem instruído é como o ouro fino
ha mestres nem recursos, os pais conside- artes, tão decadentes. que tem curso em lodo o paiz.»
ram como um bea^flcio possuíram um e- Erasmo, amante como era da instru- Em todas as partes do mundo a ins-
I^E^TIST-A. DVCOIDER^T-A.

fo •■vV MO m inou sempre como uma As luzes em profusão; Mas afastai-os dos trilhos
ip/erosas alavancas do pro- ífa alegria o povo immerso Das caducas gerações !
r-,
0
^ssor.'dpXeRectual dos povos; como um Fitando o sol do progresso
^/ - C) íact^-híaMpensavel a todas as classes Saúda nella a instrucção.» No florir da juventude
LJ£L- ^;- '.J^-ínstrucção é o sol da humanidade, Crença, nobreza e virtude
X Não ha duvida, a escola é utilissima
'L /^JJ^Jfo raios illuminam a intelligencia, es- O livro fazdiflundir!
clarecem as idéias e formam o talento. á instrucção, é um dos seus principaes Oh ! no riso da criança
Com ella o homem tudo dislingue; elementos. Sem ella a instrucção jamais Ha muita luz de esperança.
sem ella, elle parece envolvido em pro- progredirá. A escola é o verdadeiro em- Ha muita fé no porvir.»
fundas trevas, encherga tudo ás escuras ! blema da instrucção. Portanto, o Con-
Com ella, elle pôde vir a ser um cidadão gresso Paulista, criando mais escolas pu- Pátria ! oh minha pátria amada ! só
prcstante, um henemerito pevante a socie- blicas, coopera asrim para o progresso
intellectual da pátria, merecendo franca desejo que haja a instrucção no teu seio,
dade; sem ella, elle jamais passará de um para serdes verdadeiramente feliz!
ignorante, incapaz de prestar qualquer estima do professorado publico e de todos
que amam a instrucção e a felicidade da S Paulo, 25 dt Agosto de 1892
serviço intellectual apropria terra que lhe
deu o ser ! pátria.
Sim, triste, bem triste ê o homam que Terminando este artigo, desejo fe- AKTHüR GOULAKT.

cobre-se com o negro e horrível manto chal-o com chave de ouro, publicando
da ignorância ! uma excellente poesia do distineto poeta,
Não sabe reconhecer as eousas gran-
diosas, ignora completamente os progres-
nosso compatriota Ernesto Machado.
Eil-a: DL L S, ds Csmp
sos da sciencia, das artes e das industrias. Faz hoje um anno que a inexorável
Emflm, o homem sem instrucção é um Instrucção
Atropos cortou o fio" da existência neces-
corpo sem alma, é um edifício bello por
fora, tendo por dentro os vermes da po- sária e preciosa d'aquelle distineto cida-
Instrucção, ó sã cadeia,
dridão ! dão—a quem a Escola Normal de ^ão
Que nos prende a cada idéa
No momento actual, é que nós, bra- Paulo, a instrucção publica do Estado,
N'um élo feito de luz,
zileiros, elevemos tratar minuciosamente digamol-o, muito e muito devem. Espi-
da instrucção e com aturado estudo, pois E's a sol, sublime estrella,
rito finamente educado, costumes puros,
no solo da pátria resplande brilhantemen- Que do céo, tão pura e bella.
tempera catoniana, justamente venera-
te o bello sol da liberdade: e para ella Os nossos passos conduz!
va-o, merecidamente distmguia-o o povo
ser completa e feliz, é preciso que haja paulista.
instrucção, um dos factores mais impor- Sem ti, que seria o mundo,
tantes da mesma. Esse pelago profundo A Revistei Moderna, órgão popugna-
Encapellado e fatal? dor dos interesses da Instrucção Publica,
Infelizmente, no Brazil, a instrucção não poderia deixar passar em olvido, sem
popular não é adiantada, por isso, de- E nôs, tristes marinheiros.
vemos trabalhar com affinco, até que ella Navegando forasteiros, rompimento manifesto de um dever sa-
se rivalise com a dos Estados Unidos, a Sem termos ura sô phanal? grado, semelhante data, curvando-se re-
mais adiantada de todo mundo. E' justa- verente e grata ante a memória saudosa
mente da instrucção publica, que a pá- E's a fagulha brilhante, daquelle cuja vida foi um exemplo fri-
tria depende, ella é que fôrma os futu- Que sempre, linda e constante, sante de amor á instrucção e á humani-
ros cidadãos.No emtanto os poderes com- Nos chama á voz da razão; dade.
petentes nada teem feito em relação á es- E's a senda da verdade
sa magna questão, á essa alavanca social
que fôrma o homem e, portanto, a socie- Espargindo a liberdade
dade.
Em S. Paulo até ha pouco tempo, a
Nü mais remoto sertão!

Quereis no mundo a sciencia


larsshal Dsodcro
instrucfão publica era olhada por parte Depois de longa e pertinaz enfermi-
do governo como um pouco de luz, porem Progredindo em sua essência ?
Oh! dai ao povo instrucção! dade falleceu no dia 23 de agosto, o bene-
de uma luz morta, sem importância e mé-
rito. Hoje porem, elle está comprehen- Veremos em cada crença mérito fundador da republica brazileira,
dendo que um Estado sem instrucção, é De todo o homem que pensa Manoel Deodoro da Fonseca.
o mesmo que uma flor sem aromas, que Uma idéa de Catão! Estinguiu-se a vida desse bemfeitor
uma estreita sem brilho ! Por isso, o con- da pátria, mas o seu nome fica para ser
gresso Estadual tem criado varias escolas Educai as lindas crianças! escripto nas paginas douradas da historia,
publicas e está sendo considerado como E' a mais bella das heranças como foi escripto o de Washington im-
um benemérito da instrucção publica deste Que um pae lhes pôde legar- mortal fundador da republica Norte-Ame-
Estado. ricana.
Pátria, familia, historia,
Muitas vezes, é de uma simples es- Tudo repleto de gloria, A «llecista Moderna» compartilhan-
cola publica que sahem grandes talentos. Faz o mundo prosperar ! do-se dos sentimentos da pátria, reves-
A escola é um astro brilhante. Um-poeta
brazileiro já o disse nos seguintes versos : te-se de lutto e de tristezas pelo passa-
O amor à humanidade mento de tão ilkutre brazileiro em cujo
O saber e a liberdade peito ardia um patriotismo atheniense en-
« Surge a escola, astro fecundo Devem ser os seus brazões! coberto por uma couraça espartana.
Que projecta pelo mundo Sim! educai vossos filhos.
■REViST-A.
?'•■: -■"-.■*.
I^OIDEUISrA.

doloso unitarismo político e administra- lhor titulo, a sua orientação na moderna


tivo. concepção do Direito... seria dissenso ju-
ÍQGS, rídico. Seria collocar na phrase de Alexan-
dre Herculsno, o causídico beirão de curta
A Lei no 55 de 13 de ago-ito do corren- intelligencía e nenhuma philosophia, a re-
te, auctoris m ao Presidente do Estfdo: gulsr a ordem do Fórum paulista em 1892,
0 facto mais curioso que hoje observa- i.0 A contraetar com algum eu ai de sobre a p lha dos seus volumes refertos
se no Braail, é inegavelmente, esse de ter guns juris-consultos do Estado ou da de erudiçoss gravíssimas, pesadissímas,pe-
o paiz entrado no gozo pleno e c .mpleto de União, aelabowçao das Leis do Processo, d&ntíssímas, onde o pró e o contra das opi-
uai systema político, em tão diametral op- determinada pela Conütituíção estadal; niões dos junsconsultos se acham aceu-
posição ao que derribou no legendado 15
2.° A remunerar essa serviço de codi- mulados portal arte, que a leitura dessas
DE NOVEMBRO DB 1889, e de — conservar ao
ficação, dispendendo até á quantia de se- dezenas de in quartos é o meio mais seguro
mesmo tempo, a orbita dos seus direitos tenta contos, pagos no acto da entrega dos de se não saber qual è o verdadeiro direito
privados, sob a despotica regência já das na maior parte das matérias jurídicas.
projeatos pelo autor;
ORDENAÇÕES DO REINO DE PüRTüGA.L E DA
3.» A estipular no cont-ato o praso
CONQUISTA, já da illogica, difusa e apople-
para entrega desses prejeetos, não exce-
tica legislação da extincta monarchia pá- O artigo 20, n. 8, letra b) da Constitui-
dente de dóus annos contados o a lei, me-
tria. nos para o Código de ProcesíO Criminal ção do Estado, determina que compete ao
que será apresentado ao Congresso na fces- congresso decretar sobre leis do processo.
são legislativa de 1893. O Congresso vendo, lhe não sobrar tem-
Facto notável!
Será exequivelmente opportuno ludo po para a execução de outras attribuições
E o espanto que Rssalta o espirito da
de urgência reconhecida, commetteu este
quem medita sobre táüdescomoaunii anti. quanto determina esta Lei ?
importante serviço ao executivo, da forma
monis, recresce de msis em msis, quando Meditemos.
porque se expressa a Lei.
o pensador quer a todo custo devassar,
mas sempre em vão, por ser uma questão Tudo isto é justo e rasoavel; mais tar-
insaluvel — essa maravilhosa umtiva que de, o poder Ifgislatívo perfilhará as codífl-
Que são leis do processo ?
põe de perfeitíssimo aecôrdo, na mais fra- csções do jurisconeulto se achai as dignas
São as que estabelecem as formas para
ternal õ intima convivenci , as pesadas e por ellas se tratarem as causas em juiso. de serem leis.
tyranieas trevas do despotismo pussado, O que, porém, não parece de melhor
Logo as leis precessuaes pre£up.poem
com os radiosos clarSes da liberdade mo- a existência de um Código que estibeleça conselho, é ter a lei se referido, não ao Co -
dema digo de Processo Criminal tão somente,
os princípios de Direito, para cuja demons-
Como comb.Ear o espirito detcocratico tnção, ellas dão os tramites em juize. mas também ás leis processuaes do cível.
das liberrimas constituições da União e Deste epglobamento o seguinte resul-
Relativamente ao processo criminal, a
dos Estado», com as insidias de uma orgm- opportunidade desta lei, não pôde soffrer tado :
nisação jurídica elaborada em mil qui- o meaor «piro, por que o paiz já esta l." Uma Codificação processual que o
nhentos e tentos, ou com a legislação ur- desde muito tempo de posse do moderno código civil yae tornar imprestável; mas
dida no decorrer de um pystema político como o Governo não pôde de xir de honrar
Ccdígo Penal.
que primava pela vexatoriedade da centra- a lettra de seus contratos ;
O mesmo, porém, não se dá cem o Có-
lisação de todos os seuspod.res bazilares? 2.- O pagamento de 70:000á!000, em
digo Civil.
E no entretanto o facto dá se. remuneração aos dous annos que o juris-
Portanto, se ainda espera-se por um
cbnsulto trabalhou para o Estado.
Código Civil, a que se cifrará a este respei-
As modificaçõss jurídicas são relativas to, o trabalho do juris-consulto ?
ás ncjessidades ocszíonaes da sociedide. e Será iudubitavelmente um trabalho A Lei devia oecupar-se apenas do códi-
porísao o Direito è evolutivo, e não um inglório, porque hade reiuzir-se a uma go do Processo criminal.
principio ide&l, ura conceito puro da razão. servil codificação das f rmalidades proces- Quanto ao processo cível, seria, por-
Desde que, portanto, o Direito não é suaes ora existentes. ventura, mais prudente, aguardar que se
estacionario, desde que segue & evolução Será alem disso, um tr. balho impres- t <rnasse cpnhecido, quando em discussão
gsral da humanidade, não pôde, — é evi- tava!, porque daqui a dous annos quando no Cocgresso Federado futuro Código Cí-
clgüte no meio de outros uzos e oatu- seu autor tiver de apresental-o ao governo vel, já que não teado predominado a opi-
mes,de outras necessidades, diante final- paulista, será quando o Dr. Coelho Rodri- nião do douto Dr. Campos Salles, a autono-
mente, da seiencía moderna que desenvol- gues fira eatregí ao poder federal do codi- mia dos Estados não vae até ter legislação
ve podigiosamente todos os ratcoa dos gíj mil que com o mesmo contratou, e em sepsradi.
conhecimentos humanos, toda a acfívida cuja o gsnisação tem avançado muito, co-
ALFHED FUILLKE
de que è capaz a intdligencia hominal, mo hd pouco declarou pela imprensa.quan-
— coníervar si neste ultimo quartel do do íh>i constou que apparecea no Senado
XIX° século, tal qual era, nas re-rogradua da União um projecto acceitando o código
érss dos reis, porgrsçade Deus, de Portu- elab.rado pelo dr. Felicio dos Sanfjs.
gal e dos Algarves e senhores da Perdia e Dizer-se qus poderia ser aproveitado
de Guiné, ou nos tempos mais visinhos, para proce-sar^se por elle os princípios
embora mais suaves, mas ainda de fo-nii- estatui ios n'um Código que tnz como me-
IRE vi ST .A. iwazonDEnisr-A.
dem a pensar, observando e pensando. tando-se, porém, os elementos actuaes
ENSINO PUBLICO Esta inducrfio — desenvolvida desde
os primeiros annos, ó que torna os ame-
e creando instituições de ensino transi-
tórias, acoramodadas ás circumstancias.
ricanos eminentemente práticos nas suas instituições que só dasapparecerão quan-
emprezas e. ao mesmo tempo, lhe desen- do forem posssiveis as escolas diOníthas,
Com a devida venia trasladamos para as volve a faculdade inventiva que tanto os cujos typos serão, desde já, creados no
nossas columnas um artigo sob a epigra- distingue. maior numero possível.
phe- «Considerações Geraes»—extrahido Diante de um exemplo deste;-não é
da Reforma do Ensino Publico, por Ga- mais permittido hesitar na orientação que
briel Prestes. O soa nome é bastanta co- nos convém.
nhecido da nossa imprensa e ninguém des- Quaes, porém, os elementos que te-
conhece sua lúcida intelligencia. mos para encaminhar nesse sentido o
Quando Gabriel Prestes,cursava a Escho- nosso ensino popular?
la Normal deste Estado ouTimos o grande Os actuaes ptofe^sores ?...
mestre Júlio Ribeiro, de saudosa memória,
Esses, porem, embora desenvolvam
dizer;—«Gabriel Prestes é o ornamento
o máximo exforço, nada podem contra a
desta eschola, é conhecedor da lingua ver-
desorganisação do ensino.
nácula e muitos serviços hade prestar á A' nossa modesta HBVISTA dá pronuncia-
instrucçSo primaria, infelizmente tão de- Num corpo de ensino composto de do relevo, accentuado realce um artigo àn-
cahida em nosso paiz » mil professores, no qual talvez 85 O/o quelledistincto cidadão, sob o pseudonjmo
apenas tendo o curso da Escola Normal, de Alfred Fuillée.
De facto, estas palavras do grande phi- Na pessoa dodr. Hyppolito de Camargo
lologo foram propheticas, porque até hoje nós não soubemos ver a necessidade de coexistem, salientes e harmônicas, duas
ninguém prestou tantos serviços á cau-a aproveitar os elementos existentes, me- entidades verdadeiramente distinctas, dits-
ia instrucçSo publica, como tem presta- ihorando-os pelo estimulo e peia pratica tin-ítamente verdadeiras : a moral e a in-
do Gabriel Frentes, em curto lapso de tem- do ensino intelligentemente liscalisada. teilectual.
po, no Congresso Estadual. Ao contrario disto, impedimos que elles Cidadão útil e prestante ; honrado e ca-
rinhoso chefe de família ; amigo sincero
se aperfeiçoem, não lhes dando os meios dedicada e leal—eil-o sob primeiro ponte
de ensinar, e não os iniciando, pelo exem- de vista.
plo, na pratica de novos methodos ; dei- Robustas provas fornecerão o seu grande
Considerações Çgeraes xamos que os que são mais aptos deser- numero de admiradores e daquelles que
tem do magistério sem nos lembrarmos têm tido a satisfação de privar, de man-
ter com elle relações amistosas.
John Bríght, em um meeting que fez de que temos no Estado i,039 cadeiras, Jurisconsulto notável, pujante cerebra-
em Birmingham, ha alguns annos, refe- e que mais de duzentas vagas existentes ção litteraria, vasta e profunda iliustia-
rindo-se ao progresso dos Estados Unidos; nunca puderam ser preenchidas, porque, ção—eil-o sob o ponto de vista intelle-
a verdade é esta—O Estado não paga os ctual.
e ao enormissimo contingente de desco- Testemunho fiel desta ass^rção minis-
bertas com que aquella nação concorre professores, não lhes dá escolas, deixa-
lhes todo o encargo de organí&ar o ensino, tram-nos as livrarias e bibliothecas do paiz,
para o engrandecimento da industria mo- onde as suas obras, os seus trabalhos en-
derna, attribue este ultimo facto ao de- sabendo que o que elles ganham nem contram espontâneo agasalho e franco aco-
senvolvimento da instrucfão publica. lhes dá para viver. ihimect*.
Por outro lado, quando se volta os olhos E' autor das seguintes obras :
A observação é verdadeira, mas seria a) Nascimentos, casamentos e óbitos
mais precisa se. para esse effeito, assi- para a Escola Normal, que representa a (theoria e pratica).
gnalasse a influencia immediata do me- única esperança de reorganisação, ve- b) A reforma eleitoral de 1881.
thodo de ensino.Nâo ha talvez paiz algum mos alU um desanimo profundo ; cada c) Modos de responder quesitos nos jul-
em que o methodo mereça mais sérios cui- um dos alumnos percorre o curso todo da gamentos do jury.
dados do que nos Estados Unidos : os Escola, sem o incentivo de um futuro d) Menores e Interdictos (estudo sobre
antigos systemas baseados em uma falsa compensador dos seus exforços. Saem tutellas).
comprehensão psycologica, foram postos muitos com a verdadeira comprehensão e) Casamento Civil.
completamente á margem. do ensino, mas esses muitos são uma insi- /) Código Penal theoria e pratica.
Os educacionistas norte-americanos, gnificante minoria deante das nossas ne- g) Projecto da organisação judiciaria do
cessidades ; e esses mesmos, uma vez E*tado de S. Paulo.
comprehendendo o grande papel que, os h) Ementário de jurisprudência theoria e
sentidos exercem na acquisição dos co- em exercido, deixam-se levar pelo desa-
pratica, no prelo.
nhecimentos, empregaram e desenvolve- nimo geral. Um desses poucos, não ha
t) O Estado Civil, em publicação.
ram os processos intuitivos, erigindo a muito, em artigos publicados nos jornaes,
j/ Organisação ao poder judicial do Esta-
observação, a mais fecunda fonte de co- depois de analysar com justeza as exi- do de S. Paulo, a entrar para o prelo.
nhecimentos educativos em ponto de par- gências do ensino e a sua situação, ter- Avista deste repertório vasto e succu-
tida de todos os seus methodos pedagó- minava com a ousada afflrmação de que lento, quem negará ao dr. Hyppelíto de
gicos. A observação concreta, primeiro, não se preoccupava muito com as suas Camargo o titulo de distinctissimo cultar
attribuições porque o governo lhe não da nossa litteratura jurídica, preenchendo-
vem nos seus processos dar o conheci- ihe claros e enriquecendo-a?
mento essencialmente synthenico dos se- pagava.
Não exaggeramos, não somos lisongei-,
res ; e este primeiro passo que poderia No desenvolvimento deste assumpto ros, não somos amigos de louvaminhos :
conduzir o espirito a um objectivismo exa- farei a analyse das nossas escolas pu- agradável mente impressionados pelosuH
gerado, é logo completado pela observa- blicas, mostrarei o que ellas são e o que CUIOUE TRIBüBRE temos por lemma—sali-
ção analytica, relativa ás propridades e devem ser, e depois hei de provar que, entar o mérito, render-lhe homenagens e
reverências.
assim, induzindo e meditando, formam para attingiro ideal que traçarmos, faz-se Demais o dr. Hyppolito de Camargo im-
os alumnos, por si mesmos, as suas necessária uma reforma radical, quanto põe pelo seu talento, pela sua illustração,
construcções subjectivas; isto é, apren- aos meios até aqui empregados, aprovei- pelos seus serviços.
6 HEVIST-A. Is^OIDEUlSr^.

LIXTERATUJFt^V

%%%

1 SSC0L1 Loura creança altiva e poderosa.


Tua altivez o peito meu domina.
E o teu mago poder que me fascina
Vós que buscaes a senda da esperança, Faz mirdTalma soffrer angustiosa.
Entrai: aqui lia mundos luminosos
N'um céo, que a mão, por mais pequena, alcança.
Rainha da belleza — és orgulhosa,
Mas adoro esse orgulho e essa divina
A ^alma aqui se refaz de elhereos gozos ; Vaedade causadora da ruína
Vinde para o paiz da primavera, Em que meu coração está, formosa.
Vós, que deixaes os mundos tenebroros.
Da altivez que dos olhos teus expandes,
Tanta luz aqui dentro vos espera, Do poder que só têm as almas grandes
Que sahireis estrellas redivivas, E' que nasce esse orgulho, essa vaedade :
Como as que brilham na azulada esphera.
Mas adoro-te assim e assim te quero,
E assim meu coração — triste Ashavero
Almas, das trevas lugubres captivas, Uma vez achará tranquillidade.
Abri as vossas azas rutilantes;
Entrai bando de pombas fugitivas. S. Paulo—/892.

Nas curvas destes pórticos gigantes dose c/a.ãvares de Âjacerdt


Haveis de ler uma inscripção, que alente
Os vossos vôos inda vacillantes.
•—■VOig&ih
E' aqui o paiz do amor ardente.
Quem entra, leva um peso aos pès atado,
Como o mergulhador do mar do Oriente,

Que sobe á tona leve e festejado,


E vem de tantas pérolas coberto,
kh\ m ípuma
Que nem se lembra do labor passado.
A J. Lourenço Rodrigues
Para encravar um éden no deserto, Vinha surgindo além a aurora, quando
Fazer um sol de um monte de granito, Risonha ella partiu pelos caminhos,
E para vêr melhor o cèo de perto. Saudal-a vieram os pardaes, deixando
Por ella o goso cálido dos ninhos.
Encostar uma escada no infinito,
Entrar pela estellifera voragem E veio um melro... e um... mais um... e um bando
Ser razão o fanal, verdade o mytho, De melros joviaes, de passarinhos,
Depôr-lhe flores no seu seio brando
E casto e suave como vós, arminhos.
E armado de tenaz, feroz coragem.
Arrasando os enigmas da vida,
Cavar nas trevas lúcida passagem... E ella caminha... (O sol os campos doura)
Tinge-lhe a face a côr da madrugada.
Beija-lhe a brisa a cabelleira loura.
A isto esta cidade vos convida.
Entrai; por mais que a noite em vós se note E ella caminha, ai céos, ai tentações,
Tereis um astro á fronte na sabida. Deixando aromas, flores, pela estrada,
E amor e espinhos pelos corações.
Da cidade moderna é luz o mote,
Que na porta da entrada arde e flammeja.
Entrai! a escola é cathedral, igreja;
Hóstia — a sciencia; o mestre — sacerdote. cnené çüarreío.

Âiuiz Velftmo.
IREVIST.A. l^COIDEIllíT^.
tamente a nobre e fértil inspiração de que
OS SIMPLES seu auctor édotado. A MORTE DB D. JOãO
Trago d'amargura o coração desfeito...
Vê que fundas magnas no embacíado olhar!
não é inferior a Os SIMPLES, mas é um poe- Nunca eu sahira do meu ninho estreito I...
ma, tem obrigação ae ser primoroso attra- Minha velha ama. que me deste o peito,
Guerra Junqueiro, o valente cantor hente e rico ce bons pensamentos, como Canta,me cantigas para me embalar !...
d' A Morte de D João, acaba de dar a luz de facto possue todas estas qualidades e
da publicidade mais um primoroso livro portanto, está fora de combate.
Poz-me Deos outr'ora no frouxel do ninho
de versos, cujo titulo encima estas linhas. Não se pode f zer ura juizo critico Pedrarias destros, gemas de luar...
O nome do glorioso vnte portuguez já comparando as duas obras— A MOKTE DE
Tudo me roubaram, vê pelo caminho 1...
é bsm conhecido na mundo das lettras, D. JOãO E Os SIMPLES.
Minha velha ama, sou um pobresinho...
como um dos mais inspirados bardo-1 da Aquella éum poema e eslaé um sim- Canta-me contigas de fazer chorar !...
heróica terra do immortal poeta à.'Os Lu- ples livro de versos.
síadas - Camões.
A MORTE DE D, JOãO é uma obra ceie
Na poesia tem sido e'.le um verdadei- bre como poema. Os SIMPLES são uma obra Como antigamente, no regaço amado,
ro horoe, cada um livro seu é um foco de (Venho morto, morto I ..) deixa-me deitar 1
celebre como versos que não visam theses.
luz vivissima, cujos raios illuminam ruti- Ai, o teu menino como está mudado !
Os SIMPLES são uma perfeita obra
lantetnente todo o mundo litterario. Assim, Minha velha ama, como está mudado I
d'arteque merecem sinceros elogios do to-
a sua Morte de D. João é uma obra que dos os admiradores d» poesia contemporâ- Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar 1..
hade ficar para sempre como um monu-
nea, de todos os admiradores do que é bom
mento glorioso na historia da poesia portu-
e de todos aquelles que exigem no verso Canta-me cantigis, manso, muito manso..
gueza, resplandecendo como um meteoro
uma forma correcta, um estjlo saave ebello Triste?, muito tristes, como á noite o mar
brilhantíssimo, como uma pedra preciosa, e uma linguagem amena, encantadora, at-
de primeira água. Canta-me cantigas para ver se alcanço
trahente e fidalga. Que a minValmadurm», tenha paz des-
D'nquelle elegante e riquíssimo BOU- eanço,
Os SIMPLES são uma collecção de tu-
QUET de raras flores, destaca-se uma rosa Quando a Morte, em breve, m'a vier bus-
do o que poda haver de f no em poesia.
belÜEsima, pura, louçi e purpurina, que car I...
è a seguinte : O auctor mesmo diz «Tentei uma
obra d'arte, que fossa ao mesmo tempo ab- Por esta excellente poesia os leitores
O' mães que tendes filhos, mães piedosas, solutamente individual, ingenitamente poderão avaliar a sublimídade in totum
Quando ellas morrerem criancinhas, portugueza e vasta e fundamentalmente d' Os SIMPLES. Não ha em, Portugal, nem
Enfeitai-lhes os caixões de brancas rosas: humana. Alcanceio ? O tempo o dirá.» mesmo nos paizes mais litterarios da Eu-
Deixae, deixae voar as andorinhas Alcançou, sim. Não será o tempo fu- ropa inteira, quem cultive com tanto es-
Em busca das paragens luminosas. turo que o dirá, porque o presente já o está mero e amor os versos alexandrinos como
dizendo. São de uma naturalidade extraor- o soberbo auctor d' A. MORTE DE D. JOãO.
Não accordeis as timidas crianças
dinária os versos d'Os SIMPLES. Por isso è que a eminente litterata por-
No pequenino túmulo risonho:
Tudo nos encanta e delicia. tugueza, D. Guíomar Torresão, justamente
Ditosos os que morrem como esperanças
Como o bardo descreve lão elegante- conaiderada como um dos bellos ornamen-
Felizes os que morrem como um sonho.
mente e com naturalidade. tos das lettras moderaas, disse o seguinte
sobre o illustre cantor d' Os SIMPLES :
Um dos sftus primeiros trabalhos — A .MOLEIRINHA. « Os alexandrinos de^Guerra Junquei-
MUSA EM FERIAS — possue também um fi- ra formariam no omplomado estudo maior
níssimo valor litterario, a par de uma ele Pela ctrada plana, toe, toe, toe, de todos es^ea radioaos poemas gaulezes,
gante e correta forma artística. Guia ojuraentinho uma velhinha errante. em que a idéia vive, esmo uma alma tan-
Os mais exigentes críticos de Portugal Como vão ligeiros, ambos a reboque, gível, dentro do relicario d'ouro da forma,
consideram Guerra Junqueiro como o mes- Antes que anoiteça, to 3, toe, toe,
A velhinha atraz, o jumentito adiante 1... e que symbolisam o predomínio mental da
tre renovador da poesia moderna, e não é Franç*, affirmado muito mais na tradi cão
para menos, pois elle tem feito muito em Esta poesiajjá é bem conhecida dos leito- de passado do que no depoimento do pre-
prol do progresso litterario d'aquella ter- res, pois foi publicada em vários joraaes sente »
ra, por meio do seu fecundo e extraordiná- importantes deste Estado. Por isso não a Como lyrista também é sublime e ini-
rio talento e das suas ardentes e reconhe- publicamos toda. mitável o illustre bardo. Neste gênero tem
cidas aptidões litterarias. A ultima poesia aã.'03 SIMPLES» é sim- sido admirado em todos os paizes mais lit-
plesmente soberba e incomparavel. Leito- terarios da Europa. A poesia nasceu com
E porque não diremos já que Guerra
res, leiam e apreciem: elle, Guerra Junqueiro, é um verdadeiro
Junqueiro é um gênio, quando elle é a pri-
meira cabeça poética da língua portugue- REGRESSO AO LAR poeta.
za^l quando produziu obras notáveis e A poesia ama-o, e elle a tem sempre
mesmo celebres, como a MUSA EM FERIAS, Ai, hi quantos annos que eu parti chorando no coração.
A MORTE DE D. JOãO e ultimamente Os D'e3te meu saudoso, carinhoso lar 1... Terminando estas linhas, dizemos que
SIMPLES 1 Sim, Guerra Junqueiro, poetica- Foi ha vinte !... ha trinta I... Nem eu sei Os SIMPLES faram mais uma victoria, uma
mente fallando, é um gênio e, sendo assim, já quando 1... gloria alcançada pelo grande e incançavel
é uma gloria não só para a terra que lhe Minha velha ama, que me estás fitando, cantor d'A MORTE DE D. JOãO.
deu o ser, mas também para todos os pai* Canta-me cantigas para me eu lembrar I... Isto não é uma critica, é somente uma
zes onde se cultivem com esmero as mu- homenagem do mais humilde dos admi-
sas, onde se admirem os sólidos talentos e Dei a volta ao mundo, dei a volta a vida... radores do grande poeta, justamente con-
oade, emflm, se saiba reconhecer a fidal- So achei enganos decepções, pesar... siderado a maior gloria da poesia contem-
guia de boa litteratura ! Oh I a ingênua alma tão desílludida ?... porânea.
Os SIMPLES são um livro de fôlego ; Minha velha ama, com a voz dorida, 23-8-92.
em cada um de seus versos vemc? perfei- Canta-me cantigas de me adormentar !,„ ARTHUR G- ULART.
IRE-VIST-A. I^OüEXUST-A.

instrucção publica, crendo pela nova refor- sor Romão Pniggari, que não poupou es-

IlfÜl II11!II ma do ensin» primário deste Estado.


O |dj-. Ernssto Goaiart Penteodo, è um
moço, que pela sua honradez e torça de von-
tade, muitos serviços tem prestado a classe
forços afim de fornecer á instrucção pri-
maria um livro adaptado ao ensino mo-
derno.
O segunlo é a Aritmética Pratica feita
do profossorado publico e hade ainda pres- pelo tileatoso professor normalista Roman
Ur, como membro do conselho superior.
F»z'm hoje 61 annos, que os estudantes A «R-vista Moderna», orgulha-se em ser Roca, é um trabalho perfeito e que muito
íaliindodas aulas, ouviram n'uina dís sa- a primeira em recebor essa circular e faz vem auxiliar o professor no ensino aos
las do velho conventD fraaeiscaao os va. votos pela viítoria do distineto e intellieren- cálculos ás crianças, pelo método intuitivo.
te professor dr. Ernesto R. [Goulart Pen- Rogamos ao illustrado collega que
g dcs de um recemuaecido e um dentreelles continue a enriquecer a noisa bibliotheca
teado.
exalamau : «Temos nnis um estudact .• primaria, com produções análogas.
Qaém era esse estudante, qae acabava de «Revista Moderna» Parabéns a instrucções primaria.
nascer no legendário convento ? Era o
grande poeta Alvares de Azevedo ; era mais Agradecemos penhorados ás redac-
Collaboradores
uma estrella scintillante, que apparecia no çoes d' A Platèa. Correio do Norte, Cor-
vasto espaço da Jitteratura. reio do Salto e Tribuna do Tovo, as lison- Honra-sos com as suas collaborações
A cidade de S. Paulo, pátria de tantos geiras noticias que deram sobre o breve os maviosos poetas,, Tavares de Lacerda
heroes, hojí enorgulha-se em ter sido o apparecimento desta revista. e Benê Barreto, sendo aquelle acadêmico
berço desse gênio, nascido entre as mura- e este normalista.
lhas das sciencias. «A R.eae#ão »
Essa criança cresceu e quando do seu Kalleeimento
Tivamos o prazer de receber os doua
cérebro cameçirSo a sahir lavas das suas ultimo» números desta sjmpathica folha Fulleceu nesta Capital no dia 6 do cor-
graades inspiraçõas, eiá que a morte vem e scademica, órgão do Club dos Estudantes rente o Snr. Guilherm1 da Fonseca, estima-
traiçoeiramente rouba-nos esse Hugo bra- Catholicos. do negociante desta praç». O finado que
zileiro, qua a vaidosa Europa invej*. Como outr'ora, ella reapparece bem es- possuia muitas amizades deixa viuva e
cripta e variada. filhos.
Alvares de Azevedo foi um gênio e o seu Nossos pezimes á familia do morto.
nome está esoripto no pantheon daim. Gratos pela amável visita.
mortaliiade, comlettrastalhadas no már-
more da litteratura bnzileira. «Indicador- IPaulista » Hospede
S. Paulo, 12 de setembro de 1892. Tivemos o prazer áe receber o pri- Esteve nesta capital a passeio, o nos-
meiro numero da importante e apreciada so distineto amigo e collaborador, sr. Ma-
F. F. O. noel de Almeida Carneiro, residente na
revista mensal Indicador Paulista, que cidade de Bragança.
nsr o i o i
T -A-IRI o vê a luz da publicidade nesta Capital.
Possue a preciosa revista 124 paginas
e é litteraria, commercial e noticiosa. Consórcio
A parte litteraria do primeiro nume- Deve easar-se brevemente na cidade de
ro está excellente tanto na prosa como na Bragança o distineto pharmaceutico Snr.
O dr, Ernesto Goulart Pen^adj, vai em poesia. José Camargo, com a Exc. Snr. D. Mana
breve dirigir ao profossorado publico; a E' seu director o nosso distineto ami- Ricardina Carneiro, gentil filha do distineto
seguinte circular : — go e snr. Oscar Monteiro. Agradecemos cidadão Manoel de Almeida Carneiro.
ILLUSTRB COLLEGA penhoradissimos a gentileza da visita e
Apressnto-me condidato ao logar da anciosos esperamos o segundo numero. Dr. Ferreira Alves
membro do coaselho superior da instruo-
ção publica, só viso o interesse da classe a Foi nomeado ministro do SupreTo Tri-
que me orgulho de pertencer. Novos livros bunal de j ustiça, o dis^neto júri* consulto
Com a reforma actuíl o professor tem di- e integro magist-a ^ Dr. Joaquim A. Fer-
ante de si um campo vasto ás SUHS aspira- Consta qae o intelligente professor reira Alves.
rações, ainda as mais ousadas. Não desce, João Lou^enço Rodrigues vae brevemente Parabéns.
como oufora, os degráui Íngremes e cruéis publicar uma arithnnet;c« elementar.
da escada que leva ao desespero; mas O auetor é um moço applieado e dis-
sobe,sobe sempre, até ao piaaeulo dessa tineto, e estamos certos que o seu livro vae
mesma escada, e lá encontra o idetl de
todo ser pensante a remuneração do traba-
lho passado junto à melhoria do trabalho
prestar relevantes serviços áinfância estu-
diosa.
EXPEDIENTE
futuro. — Gruças aos nossos bons editores Tei-
Eis porque apresento-me candidato aos xeira & Irmão, acaba de sahir do prelo una .A. S SI Gnsr-A.TXJH.A.S
vossos sutfrBgios. coileeção de livros do dr. Joã) Kork^pro CAPITAL INTERIOR
Não sou um desconhecido para vós : pro- prio? para leitura corrente nas escolas pri-
fessor antigo, pois que exerço o magistério Anno . . . 10$000 | Anno . . . Í2S000
ha mais de doze annop, formado em direi- maria'?. Semestre . õSOOO | Semestre . 6ÍI000
to, tendo um pissado nté hoje sem man- Recommendamos esses livros ao pro-
chas, creio que devo merecer o suffragio fs orado publico, pelas vantageia que of- Toda a correspondência e mais negó-
do vosso voto, na eleição que ora se vae ferece e mesmo porque neste gênero è, uma cios referentes a esta folha devem ser
ferir. Espero, pois, todo vos-to apoio, po- uma das melhores publicaçõe3 que tem se dirigidos á rua Marechal Deodoro, 10-A.
deis contar com minha dedicação e bôa feito até hoje no Brazil escriptorio provisório da redacção.
vontade, em tudo quanto disser respeito
aos vossos direitos e prerogativas. —A, nossa bibliothec* primaria acaba A artigos de interesse da Instrucção
Vosso collegi e amigo. de adquirir mai? dous livros de grande uti- franqueamos as nossas columnas.
lidade para o ensiio das crianças nas es- Quem não remetter o primeiro nu-
ERNBST» R. G. PENTEADO colas primarias. mero á redacção será considerado nosso
Como se vê, pela circula-, o dr. Ernesto O primeiro é a Cartilha da Infância, do assignante.
Gouart Penteado,apre8enta se candidato ao provecto professor Thomsi Galhardo, mo-
logar de membro do conselho superi; r da dncada e s mpliada pelo intelligente profes Typ. dojto&tffâml

MO-

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