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IGREJA DE CRISTO NO BRASIL

END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000


www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

Coordenação do Projeto Discipulai:


Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira

Revisão-Geral:
Ev. João Bosco de Lima

Autores/Comentaristas:
Bp. Antônio Tarcísio Barros
Ir. Atália da Costa Rebouças
Ir. Damiana Sheila Gurgel Praxedes
Pr. David Marroque Teixeira
Pb. Girnaldo Andrade Silva
Ir. Keila Siméia de Melo Teixeira Costa
Ir. Maria Helena de Melo Teixeira
Ir. Nicélia Lima Morais
Pb. Tiago de Lima Fernandes

Apodi/RN, 10 de janeiro de 2016.


Agradecimentos e Dedicatória.

Agradeço primeiramente a Deus Pai, o Arquiteto do Universo, Aquele


que enviou Seu Filho Bendito, o qual morreu por mim e me amou sendo eu
um pobre pecador.

Ao Espírito Santo, o Consolador, que conduziu graciosamente as


mentes limitadas de cada pessoa envolvida nesse Projeto, no propósito de
cooperarmos com o Reino de Deus.

A dona Gorete, minha amada mãe, que sempre vinha perguntar o que
eu fazia com a luz do quarto acesa até altas horas da noite [uma das formas
carinhosas dela demonstrar seu amor e preocupação comigo].

A irmã Merabe Libiny, pelo incentivo, carinho e compreensão


incondicionais.

A cada um dos irmãos e irmãs que contribuíram diretamente na


autoria/comentários ao longo da elaboração das treze lições, citados na
página anterior.

Ao Pastor Artur Batista e sua estimada esposa Talita Rodrigues


que, mesmo à distância, aclararam muitas das minhas dúvidas e sempre
enviavam para mim palavras de ânimo e de encorajamento.

Ao Evangelista João Bosco de Lima que, prontamente, aceitou fazer


a Revisão-Geral dessa Apostila no que toca aos assuntos doutrinários.

A Amauri Costa, meu amigo e colega de trabalho, o qual gentilmente


e sem custas, fez a arte da capa desta Apostila.

Por fim, agradeço aos irmãos Raimar Vale, Júlio César, Ítala Lima
e Annabel Mayara, os quais, em menor ou maior grau, contribuíram e/ou
apoiaram com esse Projeto.

DEDICO todo esse projeto ao meu amado irmão ANDREW SAMUEL


(in memoriam).

Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira


Coordenador do Projeto
10/01/2016
Listas de Abreviações e Siglas:

ANTIGO TESTAMENTO (AT) NOVO TESTAMENTO (NT)


Abreviação Quantidade Abreviação Quantidade
Livro Bíblico Livro Bíblico
do Livro de Capítulos do Livro de Capítulos
Gn. Gênesis 50 Mt. Mateus 28
Êx. ou Ex. Êxodo 40 Mc. Marcos 16
Lv. Levítico 27 Lc. Lucas 24
Nm. Números 36 Jo. João 21
Dt. Deuteronômio 34 At. Atos dos Apóstolos 28
Js. Josué 24 Rm. Romanos 16
Jz. Juízes 21 1ª Co. 1ª Coríntios 16
Rt. Rute 4 2ª Co. 2ª Coríntios 13
1º Sm. 1º Samuel 31 Gl. Gálatas 6
2º Sm. 2º Samuel 24 Ef. Efésios 6
1º Rs. 1º Reis 22 Fp. Filipenses 4
2º Rs. 2º Reis 25 Cl Colossenses 4
1º Cr. 1º Crônicas 29 1ª Ts. 1ª Tessalonicenses 5
2º Cr. 2º Crônicas 36 2ª Ts. 2ª Tessalonicenses 3
Ed. Esdras 10 1ª Tm. 1ª Timóteo 6
Ne. Neemias 13 2ª Tm. 2ª Timóteo 4
Et. Ester 10 Tt. Tito 3
Jó. Jó 42 Fm. Filemom 1
Sl. Salmos 150 Hb. Hebreus 13
Pv. Provérbios 31 Tg. Tiago 5
Ec. Eclesiastes 12 1ª Pe. 1ª Pedro 5
Ct. Cantares 8 2ª Pe. 2ª Pedro 3
Is. Isaías 66 1ª Jo. 1ª João 3
Jr. Jeremias 52 2ª Jo. 2ª João 1
Lamentações de
Lm. 5 3ª Jo. 3ª João 1
Jeremias
Ez. Ezequiel 48 Jd. Judas 1
Dn. Daniel 12 Ap. Apocalipse 22
Os. Oséias 14 Outras Abreviações:
Jl. Joel 3 AD Assembleia de Deus
Am. Amós 9 Ap. Apóstolo
Ob. Obadias 1 Bp. / cf. Bispo / conforme
Jn. Jonas 4 Dc. Diácono
Mq. Miquéias 7 Ev. Evangelista
Na. Naum 3 Pb. Presbítero
Hc. Habacuque 3 Pr. Pastor
Sf. Sofonias 3 IC Igreja de Cristo
Ag. Ageu 2 ICA Igreja de Cristo em Apodi
Zc. Zacarias 14 ICB Igreja de Cristo no Brasil
Ml. Malaquias 4 NVI Nova Versão Internacional
Sumário:
Introdução..................................................................................05
Lição 01: História da Igreja de Cristo no Brasil........................07
Lição 02: Bibliologia.................................................................13
Lição 03: Doutrina da Salvação.................................................20
Lição 04: Doutrina de Deus........................................................32
Lição 05: Doutrina de Cristo......................................................40
Lição 06: Doutrina do Espirito Santo.........................................53
Lição 07: Batismo nas Águas e Ceia do Senhor........................ 64
Lição 08: Características, Usos e Costumes do Cristão..............76
Lição 09: Estrutura Organizacional da ICA...............................84
Lição 10: Departamentos da ICA...............................................95
Lição 11: Princípios da Contribuição.......................................109
Lição 12: Noções de Escatologia.............................................117
Lição 13: Técnicas de Evangelismo.........................................126
Considerações Finais...............................................................138
Referências..............................................................................139
Planos de Leitura da Bíblia......................................................141
Introdução
O Projeto Discipulai é um dos frutos do Departamento de Escola Bíblica
Dominical da Igreja de Cristo em Apodi-RN. Ele nasceu da constatação de que
vivemos em tempos trabalhosos (2ª Tm.3.1), onde o amor de muitos está esfriando
por se multiplicar a iniquidade (Mt.24.12). Além disso, o desdém com as coisas
de Deus tem crescido a passos largos e a relativização de Seus ensinos, por parte
de alguns, tem ido no mesmo ritmo. Enquanto Igreja do Senhor não podemos ficar
inertes ante a essa situação. Entendemos que somente pelo fiel ensino da Bíblia é
que os cristãos não se dobrarão aos ventos de doutrina deste mundo.
Afinal, temos por suporte escriturístico que:

 “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”


(Os.4.6a).
 “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28.19).

Sem o conhecimento de Deus: Sua Palavra, pessoa e atributos é impossível


se viver um verdadeiro cristianismo. Logo, constatou-se ser de suma importância
um trabalho de discipulado para que, notadamente os jovens na fé, possam
conhecer os rudimentos da doutrina da Igreja de Cristo.
O IDE do Senhor Jesus (em Mc.16.15) foi para pregar o Evangelho a toda
criatura, no intuito de oportunizá-la a salvação mediante o conhecimento Dele
próprio. Todavia, outro IDE de Jesus (em Mt.28.19) foi no sentido de comissionar
a Igreja a fazer discípulos. Portanto, o cumprimento desta segunda ordenança do
Mestre, qual seja, a Educação Cristã do povo de Deus, é uma das motivações do
Projeto Discipulai.
Ganhar almas para o Reino é um trabalho fundamental. Nada obstante, o
acompanhamento, aconselhamento, instrução e fortalecimento da fé dos crentes,
especialmente os neófitos, é labor igualmente importante e imperioso de uma
Igreja espiritualmente saudável, que é “coluna e firmeza da verdade” (1ª Tm.
3.15).

Assim sendo, são objetivos desse Projeto:

 ESTABELECER na igreja, de forma gradual e permanente, o


discipulado de toda sua membresia, por entender que cada cristão
precisa conhecer a História, a Doutrina, os Usos e Costumes (tradição),
a posição teológica e outras temáticas tocantes a igreja em que se
congrega (Os.6.3a).

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 ESTIMULAR o surgimento de novos mestres e melhor capacitar os
existentes, para que possam ensinar a Palavra com fidelidade e
dedicação, seguindo a orientação que o Apóstolo Paulo deu a igreja em
Roma: “o que ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm.12.7b).
 ANIMAR os irmãos que forem discipulados a fazerem o mesmo, dando
continuidade a esse serviço para que, quando Aquele que distribuiu os
talentos vier prestar contas, nós possamos ter multiplicado aquilo que
recebemos (Mt.25.14-30). Afinal, “de graça recebestes, de graça dai”
(Mt.10.8).

A Metodologia de ensino a ser utilizada fica a critério de cada professor(a).


A título de sugestão, tais lições podem ser ministradas durante os Cultos de
Doutrina ou na própria Escola Bíblica Dominical. Nada obstante isso, a forma
mais eficiente de fazer o estudo dessa Apostila é em caráter pessoal: o(a) aluno(a)
recebe a Apostila e no primeiro momento é abordada a Lição de nº. 01: História
da Igreja de Cristo no Brasil. Feito isto, em comum acordo entre professor e aluno,
são marcados os próximos encontros. O aluno é orientado a estudar previamente
a lição do próximo encontro e já anotar as suas dúvidas e contribuições.
Acreditamos que uma ou duas horas por reunião é mais do que suficiente para um
satisfatório ensino-aprendizagem, a depender do número de pessoas envolvidas
na oportunidade.
São 13 (treze) lições ao todo, organizadas de forma didática, para melhor
compreensão de seu conteúdo: 01) História da IC no Brasil; 02) Bibliologia; 03)
Doutrina da Salvação; 04) Doutrina de Deus; 05) Doutrina de Cristo; 06)
Doutrina do Espirito Santo; 07) Batismo nas Águas e Ceia do Senhor; 08)
Características, Usos e Costumes do Cristão; 09) Estrutura Organizacional da
ICA; 10) Departamentos da ICA; 11) Princípios da Contribuição; 12) Noções de
Escatologia e 13) Técnicas de Evangelismo.
Apesar de ter sido lida e revisada, estamos cônscios que sempre existirá
algo a melhorar na presente Apostila. Logo, agradecemos desde já as críticas
construtivas, as sugestões e a indicação de algum erro encontrado. Tais
contribuições podem ser encaminhadas, preferencialmente, pelo e-mail
projetodiscipulai@hotmail.com ou diretamente a qualquer um dos autores.
Cumpre informar, por fim, que o Projeto Discipulai não tem a pretensão de
esgotar todas as temáticas que envolvem a fé cristã: até porque isso seria
impossível. Esperamos, tão somente, aclarar alguns pontos básicos que todo salvo
precisa conhecer para melhor servir no Reino. O nosso sincero desejo é que esta
Apostila, de alguma forma, contribua para sua edificação. Que o Senhor seja o
seu guia nessa empreitada.

Os autores

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IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
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LIÇÃO 01: HISTÓRIA DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL


Bp. Antônio Tarcísio Barros
OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:
• SABER como, quando e onde surgiu a Igreja de Cristo no Brasil.
• IDENTIFICAR os obreiros que foram pioneiros na fundação da ICB.
• ENTENDER como se deu a expansão regional, a divisão local e as perspectivas para o
futuro da ICB.

TEXTO-BASE:
 “(...) a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1ª Timóteo 3.15).

INTRODUÇÃO
Todo crente, membro ou congregado na IGREJA DE CRISTO deve conhecer a história
de sua igreja. Ele precisa conhecê-la não só para sua segurança, mas também para ensinar a
quem lhe pedir essa informação. Algumas perguntas pertinentes ao tema desta lição são: Como
surgiu a ICB? Onde e quando nasceu? Quem foram os obreiros pioneiros? No que crê a
ICB? Esses e outros questionamentos merecem ser respondidos e são de fundamental
importância para toda membresia da igreja, pois cada discípulo pode e deve estar bem
informado a respeito desses assuntos.

1) COMO SURGIU A ICB?


Houve uma divergência doutrinária entre os dois Missionários da Assembleia de
Deus (AD) no Nordeste, Samuel Nyström e Gunnar Vingren, com respeito à salvação de
graça por meio da fé, sem o concurso dos méritos próprios, e a segurança eterna do crente
genuíno. A divergência foi evidenciada em algumas publicações, a qual se tornou tema de
convenções. Com essas publicações contraditórias acerca da doutrina da segurança e salvação
eterna do crente genuíno, pela graça e pela fé em CRISTO JESUS, um grupo de irmãos elegeu
o Pr. Manoel Higino de Souza para fazer uma carta ao missionário Nils Kastberg, pedindo para
marcar uma convenção onde ele achasse melhor, afim de que estudassem esses pontos
doutrinários com profundidade, para que nenhum crente viesse a errar quanto a essa doutrina.
Enviaram, então, a tal carta solicitando a marcação da referida convenção. A resposta demorava
a chegar. Então, foi acordado entre todos os irmãos de estudarem o assunto com profundidade
na Bíblia, debaixo de jejum e oração em busca de uma resposta do Senhor Jesus. Esse período
de busca aconteceu do dia 20 de maio de 1932 ao dia 13 de dezembro do mesmo ano
(aproximadamente seis meses). Nesse contexto, finalmente chegou a resposta da carta ora
enviada, seu conteúdo foi claro ao ser negada a realização da convenção solicitada, o que
contrariou a expectativa de todos: o missionário Nils Kastberg mencionou em sua resposta os
7
seguintes termos: “estou de acordo com os ensinos da salvação condicional, e quem estiver
aborrecido que saía para onde quiser”.
Diante do impasse descrito e por não terem alternativa, todos os líderes elencados no
tópico seguinte da presente lição, devolveram voluntariamente suas credenciais de Obreiros a
liderança da Assembleia de Deus.
Assim sendo, esse corpo de obreiros formado por Pastores, Presbíteros e Evangelistas
tomaram a decisão histórica de organizarem o trabalho da Igreja de Cristo. Inicialmente, a
denominação surge com o nome de “Assembleia de Cristo” e em 1934 passou ao nome
definitivo de Igreja de Cristo. Para não confundir a Igreja de Cristo, que é o Seu corpo e Templo
do Espírito Santo com o prédio e a organização institucional, por revelação da Palavra,
conforme Mc.11.17a; Is.56.7; At.17.24b, eles decidiram transcrever à frente dos prédios onde
se reúnem a expressão “Casa de Oração da Igreja de Cristo”.
Portanto, ante ao exposto, compreendemos que a convicção doutrinária é ponto
fundamental para a vida do crente. Ele precisa conhecer a Palavra e não abrir mão da doutrina
fiel a Bíblia que é saúde para sua vida espiritual, para também ensinar aos que estão
necessitando dela. No tocante a questão da salvação, há quem ainda creia que ela é condicional,
isto é, dependente das obras que o homem faz (assim crê as AD). Ef. 2.8,91 diz que não é bem
assim. A salvação é somente pela graça. Eu não mereço e ninguém merece. Mas, Jesus me amou
e, ao Nele crê fui salvo independentemente de quem eu era. Jo.3.162, Rom. 5.83, Jo.5.244, Jo.
10.285 e outras tantas outras passagens confirmam essa verdade.

2) ENTÃO, QUEM FORAM OS PIONEIROS?


Os obreiros pioneiros e fundadores da ICB que tiveram maior destaque foram: o Pr.
Manoel Higino de Sousa, o Pr. Eustáquio Lopes e o Pr. João Vicente de Queiroz (com quem
tive não só a honra, mas o prazer de conhecer, desfrutar de suas orientações e instruções que
me foram fundamentais).

1
Efésios 2.8,9 - Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras,
para que ninguém se glorie.
2
João 3.16 - Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
3
Romanos 5.8 - Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo
nós ainda pecadores.
4
João 5.24 - Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
5
João 10.28 - Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
8
Além dos pastores das fotos acima, foram também pioneiros na organização da ICB o
PASTOR Gumercindo Medeiros; os PRESBÍTEROS Cândido Barreto e Tomaz Benvindo
e os EVANGELISTAS João Morais, Domingos Barreto e Francisco Alves, dos quais não
dispomos de imagens.
A partir de então, este corpo de obreiros continuou a trabalhar para o Senhor, mas sem
a cobertura de uma denominação, pregando o evangelho e ganhando almas para Jesus.
Todos os líderes citados neste tópico encontram-se atualmente na glória com o Senhor
Jesus Cristo. Destes pioneiros, o que permaneceu mais tempo entre nós foi o Pr. João Vicente
de Queiroz, que pastoreou a Igreja de Cristo em Fortaleza-CE por longos anos – de 1946 a 1997
– tendo passado a morar com o Senhor Jesus no dia 17 de agosto de 1997, com mais de 91
(noventa e um) anos de idade.
Todos os obreiros já citados, os quais se desligaram da AD pelos motivos já expostos,
passaram a sofrer perseguição e desdém por parte dessa igreja. A AD reagiu à saída do grupo
dissidente os perseguindo e procurando ridicularizá-los ao valer-se de apelidos que alguns
daqueles tinham: Manoel Higino era chamado de “manequim”, por isso os que o seguiram
ficaram conhecidos, jocosamente, por “manequistas”; Eustáquio era o “taquinho”, daí a
expressão os “crentes de taquinho”; João Queiroz era “João Cambé”, daí a expressão os
“crentes de Cambé”. Era uma maneira de humilhar e desprezar a nova igreja que dava sinais
de vida.
Depois de algum tempo, não se sabe precisamente quanto, ao meditarem em Mateus
16.18 , os pioneiros tiveram a inspiração que lhes revelou o nome “IGREJA DE CRISTO”,
6

nome este que permanece até hoje e que haverá de permanecer até chegar ao céu. Jesus Cristo
foi quem disse: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Logo, a Igreja é de Cristo. As
outras denominações tem o nome que têm somente aqui na Terra. A Igreja de Cristo não
precisará mudar de nome nem na glória, pois já tem o nome com qual permanecerá eternamente
no céu. Parabéns a você que é da IGREJA DE CRISTO e glória a DEUS pela obra deixada por
nossos amados irmãos pioneiros!

6
Mateus 16.18 - Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela.
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3) QUANDO E ONDE NASCEU A IGREJA DE CRISTO?
A Igreja de Cristo foi organizada no dia 13 de Dezembro de 1932. Foi a primeira
igreja brasileira que nasceu no Nordeste, uma região pobre, com escassos recursos
financeiros, o que tornou seu trabalho de implantação e consolidação ainda mais difícil. Foi
também a primeira igreja brasileira fundada por missionários brasileiros. A ICB não
nasceu numa capital e sim no interior, mais precisamente em Mossoró-RN, de onde se estendeu
para a região, depois para outros estados, e hoje está presente em quase todas as unidades da
federação. As demais denominações, historicamente, sempre vieram dos grandes centros para,
posteriormente, se expandirem para o interior: medida esta bem mais vantajosa
economicamente. Contrariando esta lógica, a IC partiu de Mossoró-RN com suas dificuldades,
alcançando paulatinamente outras cidades e enfrentando “predadores” que invadiam os
trabalhos iniciados e tomavam os crentes e até os templos da IC. Exemplo desse desserviço
prestado por outras denominações que, aproveitando-se do momento de implantação da IC
levaram muitos dos nossos membros, foi o que ocorreu na cidade de Mossoró, em Serrinha do
Canto e em Moreno (município de Caraúbas). Nesses locais, a IC sofreu perdas para os Batistas.
As dificuldades foram muitas, bem maiores do que as que hoje enfrentamos. Além disso, houve
também perseguições religiosas por parte do catolicismo que combatia vorazmente a igreja
evangélica que, se não é a graça de Deus que esteve e está ao nosso lado, teríamos sido
engolidos vivos; mas, o Senhor nos deu graça e aqui estamos nós.

4) DESENVOLVIMENTO DA ICB
Podemos dividir a história da ICB nos seguintes momentos:

 1932-1960 (O Primeiro Amor): Neste período a igreja vive uma grande motivação
evangelizadora, o que provocou um expressivo crescimento. Abriram-se trabalhos em
diversas localidades, tais como em Melancias 7 (Apodi), Itaú, Tabuleiro Grande, Apanha
Peixe (Caraúbas) e Pau dos Ferros.
 Décadas de 70 e 80 (O Grande Avivamento): Esse grande avivamento iniciou-se na
IC em Parque Araxá, Fortaleza-CE, na década de 70. Ele revolucionou a Igreja no Ceará
e isso se refletiu no Rio Grande do Norte, resultando em calorosas reuniões de oração,
curas, milagres, revestimento de poder e manifestação de dons espirituais, surgindo
vários trabalhos e novos obreiros sendo vocacionados a seara. Um dos grandes frutos
desse período foi a criação do Seminário da Igreja de Cristo na cidade de Fortaleza, que
contribuiu com a formação de diversos obreiros.
 Década de 90 e seguintes (Melhoramentos e consolidação na Estrutura da ICB): A
Igreja tem vivido definições organizacionais internas, tais como projetos de apoio aos
obreiros, projetos de missões e nova estrutura organizacional em nível regional e
nacional.

A IC sempre foi uma igreja de vanguarda. Vanguarda é estar na dianteira do exército.


A IC por toda a sua história foi considerada uma igreja à frente das outras em seus ensinos e
prática de fé. Enquanto surgiam pelo Brasil diversas denominações pentecostais que defendiam
a perseverança e as obras do homem como condição para a salvação, a IC foi o único grupo
pentecostal que apontou para a obra eterna de Deus pela salvação e segurança do crente em
Jesus. A IC afirma que Deus é eterno e sua obra também o é, logo, a salvação não pode jamais
ser perdida pelo crente genuinamente convertido (cf. Jo.10.8).
O “Batismo com o Espírito Santo” era a regra geral entre todos os pentecostais. Este se
dava como uma segunda bênção para o crente que falasse em línguas. A IC, no entanto, foi a

7
A casa de oração da IC em Melancias é a nossa congregação mais antiga entre as congregações da IC em Apodi.
10
primeira e única na época a defender que o crente recebe o batismo com Espírito Santo no
momento da conversão (cf. Gl.3.5; Lc.24.49), o que é diferente de revestimento de poder (mais
informações sobre esse assunto na Lição 06: Doutrina do Espírito Santo).
A IC tem acesso as mais diversas denominações, desde as chamadas tradicionais até as
pentecostais. A IC sempre desenvolveu o espírito de unidade do corpo de Cristo, nos mais
diversos segmentos do protestantismo.

5) TEMPOS DIFÍCEIS
A região oeste também faz parte dessa história e temos aqui um pequeno esclarecimento
sobre ela. Podem surgir os seguintes questionamentos: Por que existem duas Igrejas de
Cristo em Apodi? E por que duas regiões Oeste?
Até o ano de 2000 havia uma região só, até se levantar um pequeno grupo de obreiros
que, semeando a discórdia, queriam tomar a igreja de Apodi para si. Inicialmente, esse grupo
tentou levantar a Igreja contra seu pastor, à época, o Pr. David Marroque. Usavam o púlpito da
Igreja para tecer acusações contra o pastor e conseguiram criar um clima insuportável entre a
membresia, a ponto de o pastor David resolver sair, achando que a igreja queria mesmo que ele
saísse. O Pr. David chegou a anunciar sua saída, convidou o obreiro que seria seu substituto,
marcou a data para a posse do mesmo e até arranjou o carro para fazer a mudança. Tudo estava
pronto: só faltava acontecer. Então a Igreja reagiu ao fazer o seguinte questionamento: “Por
que o pastor vai embora?”. Ao tomar conhecimento de toda a situação, a igreja manifestou-se
contrária ao grupo responsável por promover essa situação conflituosa. Felizmente, o pastor
David, apoiado por quase toda membresia da ICA (exceto os obreiros que estavam promovendo
essa situação e seus familiares) permaneceu e está à frente da ICA até o dia de hoje. Tal grupo,
composto de um pastor, três presbíteros e um evangelista com suas respectivas famílias, saíram
e organizaram de modo irregular uma segunda Igreja de Cristo, no bairro Lagoa Seca. Foi um
movimento traiçoeiro que teve o apoio do então presidente do Conselho Nacional da IC, o qual
também agiu traiçoeiramente, pois ele foi conivente e cooperou de maneira direta com a divisão
da igreja e da região. Mas, não para por aí. Os apoiadores dessa segunda igreja saíram na região
disseminando a semente do mal, acompanhados do grupo dissidente, e tomaram o domínio de
toda a região oeste, ficando o pastor David sozinho em Apodi, no que se refere a região. Em
razão disso, o Pr. David pretendeu criar um meio para proteger a ICA. Foi quando alguns
obreiros da região procuraram-no demonstrando apoio e pedindo–o para que fosse formada uma
região à qual eles se filiariam, pois também não concordavam com o que acabava de acontecer.
Daí surgiu a região oeste RN, PB, PE, BA, SP e MG, onde a nossa IC em Apodi tem trabalhado
com muita determinação.
É notório o crescimento que tem acontecido e, com a graça de Deus, dezenove 8 igrejas
novas fazem parte da nossa região, implantadas pela IC em Apodi [além de várias outras
congregações no município de Apodi e fora dele]. O nosso trabalho tem crescido e Deus tem
abençoado a obra das nossas mãos. Então podemos dizer com muita segurança: “Se Deus é por
nós, quem será contra nós?” (Rm.8.31). Há a possibilidade de um retorno para que sejam
unificadas as duas regiões e as duas igrejas que se separaram? Se houver, é muito remota.
As partes se tornaram antagônicas e a confiança, fator indispensável em qualquer relação, não
existe mais. Contudo, sempre pode ocorrer uma ação de Deus interferindo na questão, o que
pode mudar tudo isso.
O seu conhecimento dessa história, querido irmão, deve ajudá-lo a ser mais zeloso e
comprometido com a obra de Deus e com a IC em Apodi. Afinal, Jesus afirmou a seus

8
São elas: Mossoró, Severiano Melo, Angicos, Caraúbas, Pau dos Ferros, Currais Novos, Ceará-mirim, Pilões,
Encanto, São Miguel, Coronel João Pessoa, Dr. Severiano, Água Nova, Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Jacobina
(BA), Irecê (BA), Carapicuíba (SP) e Pouso Alegre (MG).
11
discípulos: “É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm!”
(Lucas 17.1).
6) NO QUE CRÊ A IGREJA DE CRISTO?
O seu credo ajuda a definir quem você é. Como igreja que proclama o Evangelho do
Reino de Deus, em linhas gerais, cremos:

 Em Deus: Eterno, todo poderoso, onipresente, onisciente, Senhor do céu e da Terra,


cheio de amor, bondade, misericórdia e também de justiça, que, em seu Filho Bendito,
puniu os nossos pecados.
 Em Jesus Cristo: O filho amado de Deus, que se encarnou tornando-se homem, para
então tomar sobre si os nossos pecados, cravando-os sobre a cruz (Jo.1.1-10).
 No Espirito Santo: o Consolador enviado de Deus, o penhor da nossa herança, que esta
preparando a Igreja para o arrebatamento, enchendo-a de poder para testemunhar do Seu
amor e bondade (Jo.16.7, 13. At.2.4).
 Na Trindade Santa: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, trino em pessoa, mas,
um em essência (Mt.3.15-17).
 No Arrebatamento da Igreja antes da Grande Tribulação: Pois somos também, pre-
tribulacionistas (1ª Co.15. 50-58; 1ª Ts.4.13-17).
 Na Grande Tribulação que há de vir sobre toda terra (Mt.24.21-28).
 Nos Dons Espirituais (1ª Co.12.1-11).
 Nos Dons Ministeriais (Ef.4. 11).
 Nos Frutos do Espírito que devem ser presentes na vida de todo salvo (Gl.5.22,23).
 No Novo Nascimento como condição para entrada no céu (Jo.3).
 No Galardão como recompensa pelo trabalho prestado no Reino (Rm.14.10-12).
 Na Salvação eterna do crente (Jo.3.16, 5.24, 10.28 1ª Jo.5.13).

CONCLUSÃO
Esta lição teve o propósito de abordar a História da ICB sem a pretensão de esgotá-la.
Isto foi o básico. Esperamos que você tenha tido proveito ao lê-la e que tais ensinos possam lhe
ajudar no conhecimento da sua igreja, bem como também ajudar outros a conhecê-la melhor.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO:


1) COMO SURGIU A IGREJA DE CRISTO? Resposta. A Igreja de Cristo teve suas origens
na Assembleia de Deus. Tal fato se deu em razão de uma divergência doutrinária entre dois
Missionários da AD no Nordeste, Samuel Nyström e Gunnar Vingren, com respeito à salvação
de graça por meio da fé, sem o concurso dos méritos próprios, e a segurança eterna do crente
genuíno. Os assembleianos criam na salvação condicionada as obras e, portanto, o crente
poderia perder a sua salvação se não perseverasse dando prova da sua fé com suas obras. Um
grupo de irmãos, liderados pelo Pr. Manoel Higino de Sousa, entendendo que o crente
genuinamente convertido não perderia a sua salvação, desfiliaram-se da AD e fundaram a IC.
2) QUAIS OS NOMES E OS CARGOS DOS PIONEIROS FUNDADORES DA IC?
Resposta. Pastores: Manoel Higino de Sousa, Eustáquio Lopes, João Vicente de Queiroz e
Gumercindo Medeiros; Presbíteros: Cândido Barreto e Tomaz Benvindo e os Evangelistas:
João Morais, Domingos Barreto e Francisco Alves.
3) EM QUE DATA E EM QUE LUGAR NASCEU A IC? Resposta. A IC nasceu em 13 de
dezembro de 1932, na cidade nordestina de Mossoró-RN.

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IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
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LIÇÃO 02: BIBLIOLOGIA.


Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER a importância e a necessidade das Escrituras na vida de qualquer cristão.
• APRENDER como se deve estudar a Bíblia, qual a sua estrutura e seu tema central.
• TRATAR sobre o que é e como se formou o cânon da Bíblia, diferenciando-o dos livros
denominados apócrifos.

TEXTOS-BASE:
• “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente preparado para toda boa obra” (2ª Timóteo 3.16,17).

INTRODUÇÃO
Bibliologia – Disciplina da Teologia voltada para o estudo da Palavra de Deus – é
também conhecida como Isagoge (termo grego que significa conduzir para dentro), e tem como
objetivo introduzir o cristão nos mistérios revelados pelo Senhor Deus através das Sagradas
Escrituras. Dessa forma, Bibliologia é o estudo dos assuntos inerentes à Bíblia. Essa matéria
auxilia o crente a desvendar a Palavra de Deus, a obter compreensão sobre a Bíblia e é
indispensável a qualquer área da Teologia, elucidando inumeráveis fatos bíblicos. Um dos
pontos mais importantes da Bibliologia é o estudo do milagre bíblico, ou seja, a forma
impressionante com que os textos foram escritos, preservados e trazidos até os tempos atuais.
Na lição de hoje estudaremos sobre como a Bíblia é rica em detalhes referentes aos fatos
que nos revela. A compreensão da riqueza dos fatos registrados na Bíblia ajuda o crente a
compreender melhor a vontade de Deus revelada em Sua Palavra. Espero que a partir desse
estudo você possa ser beneficiado com o crescimento espiritual e sinta-se mais desejoso em
permanecer saciando sua sede na infindável fonte que é o Livro Santo.
Para melhor compreensão da Bíblia alguns auxílios podem ser utilizados: um dicionário
secular, um dicionário bíblico, livros escritos por comentarista cristãos, etc. A maioria das
Bíblias de Estudo já vem equipadas com chave e dicionário bíblico, além de notas de rodapé e
mapas que auxiliam no estudo do texto sagrado. Além dos auxílios acima citados, a Bíblia é o
livro que deve ser lido com reverência e em oração, para que o Espírito Santo, que é seu maior
intérprete, possa atuar sobre cada um dando a exata dimensão da vontade de Deus.

13
1) A IMPORTÂNCIA DAS ESCRITURAS
A Bíblia é o único livro na história da humanidade que revela a Deus, ou ainda, que é a
palavra do próprio Deus. Todas as demais obras não conseguem provar por si próprio que tem
como autor o Senhor de todo o Universo. Somente a Bíblia conta a maior história de amor,
jamais revelada de outra forma, a não ser a do Senhor Jesus Cristo, para salvação da
humanidade. Somente a mensagem da Bíblia é capaz, na direção do Espírito Santo, de conduzir
o homem em todas as áreas de sua vida: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o
conselho dos ímpios... antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de
noite.” (Sl.1.1,2).

2) A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS


A revelação de Deus ao homem através dos tempos tem sido por meio das obras que Ele
criou (Rm.1.20, Sl.19.1-6). Além das obras, a maior fonte de revelação de Deus está em Sua
Palavra, a Bíblia Sagrada. Costuma-se dizer que essa revelação é dupla, sendo a Bíblia a palavra
escrita e Cristo a palavra viva. Essa dupla revelação tornou-se necessária devido à queda do
homem. Ao estudarmos a Bíblia devemos considerar as seguintes afirmações:
A Palavra de Deus é o único manual do crente - Os manuais existem para orientar as
pessoas sobre os procedimentos corretos em determinadas ocasiões. Dessa forma, a Bíblia nos
ensina a servir ao Senhor, a empregar bem as orientações deixadas por Deus para uma vida feliz
e para a correta realização de Sua obra. É também a Bíblia que nos mostra o caminho da
salvação, da santificação e da vida eterna. A eficiência no uso da palavra vem do exercício
constante, da prática (1ª Pe.2.9, 3.15; Ef.2.10; 2ª Tm.2.15; Is.34.16; 55.11; Sl.119.130).
A Palavra de Deus alimenta nossas almas - O estudo da Palavra é a nutrição perfeita
para nosso crescimento espiritual. Todo alimento só nutre o corpo se for absorvido pelo
organismo e se for ingerido com regularidade. Quem não tem apetite pela Palavra de Deus não
tem também saúde espiritual (Mt.4.4; Jr.15.16; 1ª Pe.2.2).
A Palavra de Deus é um instrumento do Espírito Santo (Ef.6.17) - O Espírito Santo
tem mais instrumentos para operar onde há abundância da Palavra de Deus. Quando estamos
imersos na Palavra, o Espírito atua mais livremente em nossas vidas (Sl.1.2; Js.1.8).
A Palavra de Deus nos enriquece espiritualmente – Por não conhecerem
adequadamente a Palavra de Deus, muitos crentes se tornam fanáticos. Em vez de deixarem o
Espírito Santo usá-los, querem usar o Espírito Santo para fazer suas vontades. Por outro lado,
há os que conhecem a Palavra, mas a falta de correta e pronta orientação espiritual
[principalmente os novos convertidos] pode resultar em vidas desequilibradas e doentias pelo
resto da existência. São pessoas que ferem a si mesmas e as outras com as quais convivem, pois
não compreenderam as riquezas da liberdade conquistada por Cristo (Sl.119.72; Ef.1.17; 1ª
Co.2.10).
A Palavra de Deus renova a fé do cristão – Para termos nossas orações respondidas
por Deus precisamos apoiar nossa fé nas promessas contidas em sua Palavra. Por outro lado, a
Palavra de Deus desperta fé em nós. Precisamos pedir conforme a vontade de Deus. A principal
forma de conhecer a vontade de Deus é por meio de Sua Palavra (Jo.15.7; Rm.10.17; Jo.5.14).
A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que precisamos saber Deus nos revelou
por meio dela. Somente carecemos nos apropriar dessas revelações e pela fé concretizá-las em
nossas vidas. O autor da Bíblia é Deus, seu intérprete é o Espirito Santo e seu tema central é o
Senhor Jesus Cristo.

3) COMO DEVEMOS ESTUDAR A BÍBLIA?


Para tirar o máximo aproveitamento da Bíblia, devemos estudá-la:

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a) Conhecendo o seu autor - A Bíblia é o único livro cujo autor está presente quando alguém
o está lendo, independentemente do horário. Ninguém explica melhor um livro do que seu
próprio autor. Conhecendo e amando o autor da Bíblia, fica mais fácil compreender Sua
vontade.

b) Diariamente - Como alimento espiritual, a Bíblia só surte efeito desejável se for degustada
diariamente, como nossas principais refeições. Caso isso não aconteça, o crente será alvo da
destruição espiritual (Dt.17.19; Jo.16.12; Hb.5.12; Mc. 4.33).

c) Com reverência - A maneira como lemos a Bíblia é importante para determinar o


aproveitamento dessa leitura. É importante observar o seguinte: (I) Devemos estudar a Bíblia
não como um livro qualquer, mas cônscios de ser tratar da Palavra de Deus; (II) Devemos
estudar a Bíblia com o coração voltado para Deus; (III) Devemos ainda estudar em atitude de
humildade (Tg.1.21); (IV) e estudar crendo em seu ensino (Lc.24.25).

d) Com oração - A melhor leitura bíblica é aquela feita vagarosamente, com meditação, a
exemplo dos servos de Deus no passado (Sl.119.12,18; Dn.9.21-23; Sl.73.16-17). A meditação
aprofunda a compreensão. Orar significa conversar com Deus. Meditar significa ler com
reflexão procurando, de fato, compreender o que se está lendo.

e) Completamente - Existem textos bíblicos que não recebem a devida atenção dos seus
leitores. Ler a Bíblia toda, em atitude de oração e meditação, ajuda a compreender melhor Sua
mensagem. Sendo a Palavra de Deus, a Bíblia é infinita em sua mensagem, mas nem por isso
devemos desistir de estar sempre buscando mais. O Espírito Santo nos ajuda nessa caminhada
de compreensão da vontade de Deus (Rm.11.33,34; 1ª Co.13.12; Dt.29.29).

f) Refletindo sobre seu conteúdo – Na intenção de praticá-la precisamos estar sempre


aplicando seus princípios e ensinos nas nossas vidas. O conteúdo da Bíblia é verdadeiro e seus
preceitos são dignos de serem aplicados na vida do crente.

4) QUAL O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA?


A REDENÇÃO é o tema central da Bíblia com o personagem principal sendo JESUS,
conforme Ele mesmo declara em Lc.24.44, Jo.5.39, At.3.18 e Ap.22.16 vão nessa mesma linha.
Considerando a Redenção como tema central da Bíblia e Jesus como o personagem principal,
podemos dividir os seus 66 (sessenta e seis) livros em 04 (quatro) grandes grupos: a)
Preparação: todo o Antigo Testamento. b) Manifestação: os Evangelhos. c) Explanação: são
as Epístolas. d) Consumação: o livro de Apocalipse.

5) BÍBLIA – O LIVRO
Não encontramos o vocábulo “Bíblia” no texto das Sagradas Escrituras. Esse nome
provém do grego, tendo como origem o termo “papiro”. A forma de escrita mais disseminada
na Antiguidade era com o uso do papiro. Por sua vez, os gregos chamavam o papiro de biblos,
um rolo de papiro era um bíblion e vários destes era uma “bíblia” ou livro. A palavra “bíblia”
significa, assim, “livros pequenos” ou “coleção de livros pequenos”.
O papiro foi um dos principais materiais usados para escrever os manuscritos
bíblicos. O centro da indústria do papiro era o Egito, onde teve início a sua utilização. Antes
do surgimento dos equipamentos gráficos os livros eram escritos à mão, em forma de rolos, em
materiais como o papiro ou pergaminho. O papiro era uma planta que crescia junto aos rios. A
entrecasca, depois de beneficiada, formava rolos de grande extensão, permitindo a escrita. A
Bíblia menciona o papiro diversas vezes: Ex.2.3; Jó.8.11; Is.18.2 sã exemplos disso. Em
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algumas passagens, a Bíblia menciona o junco no lugar do papiro. Na verdade, o papiro era
extraído de uma espécie de junco gigante. A palavra papel também é derivada de papiro. O uso
desse material data do ano 3 mil antes de Cristo.
O pergaminho foi o outro material usado para escrever os manuscritos bíblicos.
Esse nome está relacionado com Pérgamo, cidade que ficou famosa pela fabricação de
pergaminhos, cuja matéria-prima era peles de animais, sendo um material bem mais durável e
resistente que o papiro para a escrita (2ª Tm.4.13). O pergaminho é um material de uso mais
recente, aplicado a partir do Novo Testamento.
Mais recentemente ainda, no final da Idade Média, foi inventada a imprensa. O
primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1452, em alemão. A partir de então, a difusão dos
ensinos bíblicos tornou-se mais rápida e eficiente. Hoje a Bíblia é divulgada de diversas formas,
inclusive por meio de gravação (áudio), vídeos, programas de computador, Internet e outros
meios.
Os estudiosos no assunto afirmam que a expressão "Bíblia” foi primeiramente adotada
por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no V século de nossa era.
Alguns outros nomes pelos quais a Bíblia é conhecida: Escrituras (Mt.21.42); Sagradas
Escrituras (Rm.1.2); Livro do Senhor (Is.34.16); A Palavra de Deus (Mc.7.13; Hb.4.12); Os
oráculos de Deus (Rm.3.2).
A Arqueologia moderna tem sido a maior fonte científica que comprova a infalibilidade
do Livro Sagrado. A história da Bíblia, como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos.
Manuscritos são livros da antiga literatura, escritos à mão.

6) A ESTRUTURA DA BÍBLIA
A Bíblia divide-se em duas partes principais: o Antigo e o Novo Testamento, tendo ao
todo 66 (sessenta e seis) livros, 39 (trinta e nove) no Antigo Testamento e 27 (vinte e sete) no
Novo. Esses livros foram escritos no período de 16 (dezesseis) séculos e tiveram cerca de 40
(quarenta) escritores. Foram pessoas de diversas épocas, línguas e profissões, mas revelando
uma mesma mensagem: que o Supremo Autor desejou passar. Aqui está o grande milagre da
Bíblia.
Testamento vem do grego “diatheke” e significa aliança ou concerto. Hoje, testamento
é um documento que contém a vontade de uma pessoa quanto à distribuição de seus bens após
a morte. Essa duplicidade de sentido ensina que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou
a Nova Aliança, o que nos garante toda a sua herança (Hb.9.15-17). O termo Antigo Testamento
foi usado pela primeira vez por Tertuliano e Orígenes.

6.1) O ANTIGO TESTAMENTO (AT)


A expressão "Antigo Testamento" surgiu no II século d.C., tendo sido divulgada dessa
forma pelos chamados "pais latinos da Igreja", quando procuravam diferenciar as Escrituras
hebraicas (os textos sagrados dos judeus, que até aquela época eram denominadas simplesmente
de "Escrituras"), dos escritos que os apóstolos e discípulos de Jesus passaram a escrever, que
foram denominados de as "Escrituras gregas".
Por sua vez, os judeus não denominam suas Escrituras de "Antigo Testamento", até
mesmo porque se assim o fizessem, estariam reconhecendo a Jesus como o Cristo. Eles chamam
o Antigo Testamento de 'TANACH", palavra formada das iniciais de Torah (Lei), Neviim
(Profetas) e CHetuvim (Escritos), que é o conjunto dos escritos sagrados. Esta forma de
denominar o Antigo Testamento foi utilizada por Jesus (Lc.24.44).
A expressão AT tem sua origem na carta aos Hebreus (Hb.8.6-13) que, por sua vez,
toma como base o profeta Jeremias (Jr.31.31-34). O texto de Jeremias, na versão grega da
Septuaginta, usa a palavra grega "diatheke", que significa pacto ou testamento, tendo sido

16
escolhida a expressão "testamento", já que na carta aos Hebreus estes pactos somente tiveram
valor em virtude de derramamento de sangue (Hb.9.1-8,16,17).
O Antigo Testamento foi produzido no ambiente histórico e cultural do Egito, da
Mesopotâmia e das nações historicamente relacionadas com essas terras. Ele foi escrito
originalmente em hebraico, com alguns trechos em aramaico e em persa. Divide-se
basicamente em quatro grupos de livros: Lei, História, Poesia e Profecia.

a) Lei - São 05 livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Mais conhecidos
como Pentateuco, esses livros tratam da origem de todas as coisas, da lei e do estabelecimento
da nação israelita.
b) História - São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel em seus diversos
períodos, principalmente a Teocracia (governo de Deus sob os Juízes); a Monarquia (governo
de um único rei, sob Saul, Davi e Salomão); Divisão dos reinos de Judá e Israel, sendo Israel
levado cativo para a Assíria e Judá para a Babilônia; Pós-cativeiro (sob Zorobabel, Esdras e
Neemias, em conjunto com os profetas).
c) Poesia - São cinco livros: de Jó a Cantares de Salomão. O nome poesia deve-se ao gênero
de seu conteúdo, não significa que sejam fantasiosos e fictícios. São também chamados de
devocionais ou literatura de Sabedoria.
d) Profecia - São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Podem ser divididos em Profetas Maiores
(cinco livros, de Isaías a Daniel), sendo quatro autores, visto que o livro de Lamentações se
atribui a Jeremias e, Profetas Menores (12 livros, de Oséias a Malaquias). O nome Profeta
Maiores ou Menores não tem nada a ver com o mérito ou notoriedade do profeta, mas,
principalmente, com a extensão do livro ou do ministério profético.

A classificação dos livros bíblicos não obedecem ordem cronológica, pois estão
agrupados por assuntos. A forma como estão dispostos teve origem na Septuaginta 9, através da
Vulgata10.

6.2) O NOVO TESTAMENTO (NT)


Logo depois da ressurreição de Cristo, aqueles que foram testemunhas oculares de Sua
glória saíram pregando o Evangelho em todos os lugares. Isso era feito verbalmente. Com o
passar dos anos surgiu a necessidade de registrar aquilo que ensinavam. Foi aí que os livros do
Novo Testamento começaram a ser escritos. É bom lembrar que, enquanto o AT levou cerca de
1046 anos para ser escrito, o NT o foi em menos de 100 anos.
O NT tem 27 (vinte e sete) livros. Foi escrito em grego popular, conhecido como Koiné.
Os livros são classificados em quatro grupos, conforme o assunto, qual sejam: Biográficos,
Histórico, Epístolas (cartas) e Profecia.

a) Biográficos - São os quatro Evangelhos. Descrevem a vida terrena de Jesus e seu ministério.
Os três primeiros Evangelhos são chamados de Sinópticos devido ao paralelismo existente entre

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Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego koiné, entre o século III
a.C. e o século I a.C., em Alexandria. Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da Bíblia hebraica para o
grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande. A tradução ficou conhecida
como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e
dois rabinos (seis de cada uma das doze tribos) trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a
tradução em setenta e dois dias. A Septuaginta, desde o século I, é a versão clássica da Bíblia hebraica para os
cristãos de língua grega e foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.
10
No sentido corrente, Vulgata é a tradução da Bíblia para o latim, escrita no século IV e início do século V.
17
eles. Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Os demais livros são uma
preparação para a vinda de Cristo ou uma explicação sobre a doutrina de Cristo.

b) Histórico - É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da Igreja primitiva.

c) Epístolas - São 21 (vinte e uma) cartas e vão de Romanos a Judas. Elas contêm a doutrina
da Igreja. Podem ser divididas da seguinte forma: (I) Nove são dirigidas a igrejas (de Romanos
a 2ª Tessalonicenses); (II) Quatro são dirigidas a indivíduos (duas a Timóteo, uma a Tito e outra
a Filemon); (III) Uma é dirigida aos hebreus cristãos; (IV) Sete são dirigidas a todos
indistintamente (Tiago; 1ª e 2ª Pedro; 1ª, 2ª e 3ª João e Judas). Estas últimas são também
chamadas de universais, ou gerais, mesmo sendo duas delas serem dirigidas a pessoas (2ª e 3ª
João).

d) Profecia - Trata-se do livro de Apocalipse ou Revelação. Esse Livro aborda os eventos finais
referentes ao universo, a terra, a igreja e ao destino da humanidade.

7) O CÂNON DA BÍBLIA
Cânon ou Escrituras Canônicas é a coleção completa dos livros divinamente inspirados,
constituindo a Bíblia. Cânon é uma palavra grega que significa vara reta de medir, assim como
uma régua de carpinteiro. A palavra aparece no original em Ez.40.5. No sentido religioso, cânon
significa norma, regra. Com esse sentido, aparece no original em vários textos do Novo
Testamento (Gl.6.16; 2ª Co.10.13, 15; Fp.3.16).
A Bíblia é a nossa norma ou regra de fé e prática. O termo cânon foi empregado pela
primeira vez por Orígenes (185-254 d.C.). Antes de Orígenes, as verdades reconhecidas pela
Igreja eram chamadas cânon. Diz-se livros bíblicos canônicos para diferenciá-los dos
apócrifos. Por volta do ano 90 d.C., em Jâmnia, perto da atual Jafa, na Palestina, os rabinos
num concílio sob a presidência de Joanan Bem Zakai, que tinha como finalidade a
reestruturação do judaísmo após a destruição do templo de Jerusalém (70 d.C.), reconheceram
e fixaram o cânon do AT. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros. Note-se,
porém, que o trabalho desse Concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os
judeus através dos séculos. Jâmnia, após a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. tornou-se
sede do Sinédrio - o supremo tribunal dos judeus. O reconhecimento e fixação do cânon do
Novo Testamento ocorreram no III Concílio de Catargo, no ano 397 d.C. Nessa ocasião os
27 (vinte e sete) livros que compõem o Novo Testamento foram reconhecidos e aceitos
como canônicos. No entanto, durante esses 400 (quatrocentos) anos de história da Igreja, os
livros e cartas eram lidos pelos crentes primitivos em suas reuniões, como referência de fé e
doutrina.

8) OS LIVROS APÓCRIFOS
Além dos livros canônicos existem os chamados "livros deuterocanônicos", ou seja, os
livros do "segundo cânon", que foi o cânon aprovado pela Igreja Romana no Concílio de Trento
(1545-1563), até hoje seguido pelos católicos. Nas Bíblias de edição católico-romana o total de
livros é em número de 73 (setenta e três), tendo a mais 7 (sete) livros apócrifos, além de 04
(quatro) acréscimos ou apêndices a livros canônicos, em um total de 11 (onze) escritos
apócrifos. Há 14 (catorze) escritos apócrifos, sendo 10 (dez) livros e 4 (quatro) acréscimos.

a) Os sete livros apócrifos constantes na edição católico romana são: Tobias (depois de
Esdras); Judite (depois de Tobias); Sabedoria de Salomão (depois de Cantares); Eclesiásticos
(depois de Sabedoria); Baruque (depois de Jeremias); I e II Macabeus.

18
b) Os quatro acréscimos a livros canônicos são: Ester (10.4-16.24); Cântico dos Três Santos
Filhos (Daniel 3.24-90); História de Suzana (Daniel 13); Bel e o Dragão (Daniel 14).

c) Os demais apócrifos ainda aceitos pela Igreja Ortodoxa Grega são: III e IV Esdras e A
Oração de Manassés. São assim chamados porque na Bíblia católico-romana os livros de Esdras
e Neemias são chamados de I e II Esdras.

A aprovação dos apócrifos pela Igreja Católica, em 18 de abril de 1546, foi uma
tentativa de combater a Reforma Protestante, recente a época. Os protestantes combatiam
violentamente as novas doutrinas romanistas do Purgatório, Oração pelos Mortos,
Salvação mediante Obras, dentre outras. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais
doutrinas e apelaram para eles.

CONCLUSÃO
O estudo da Bibliologia vai muito mais além do que tratamos nesta lição. Temos aqui
apenas um esboço do assunto, para que você, aluno, sinta o desejo de estudar melhor a temática.
Se conseguirmos despertar seu interesse pelo estudo desta matéria teremos atingido nosso
objetivo principal.
Temos prazer em lembrar que o maior livro de Bibliologia é a própria Bíblia Sagrada,
que se auto explica, se auto interpreta e se auto justifica. Destaco, para concluir, que toda e
qualquer Bíblia de estudo precisa ser lida com a consciência de que o comentarista da mesma
tem suas visões particulares sobre o conteúdo da Palavra o que, nem sempre, significa um
comentário acertado. Somente a Bíblia, em seus originais, é a Palavra infalível de Deus.
Leia a Bíblia com amor, dedicação e submissão ao Espírito Santo. E que Deus esteja
sempre conosco. Amém.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO:

1) POR QUE É TÃO IMPORTANTE SE MEDITAR NA BÍBLIA DIARIAMENTE?


Resposta. Porque a Bíblia é a Palavra de Deus. Seus ensinos são verdadeiros, seus preceitos são
eternos e suas lições são regras de fé para todo crente. Não há como se conhecer a Deus sem
estudar a Bíblia e crê no seu conteúdo pela fé. Isso não é algo que deve ser feito
esporadicamente, mas, todos os dias. Afinal, se nosso corpo físico precisa se alimentar todos os
dias, nossa alma também: a Palavra de Deus é quem alimenta nossa alma.

2) SEGUNDO A LIÇÃO DE HOJE, COMO SE DEVE ESTUDAR A BÍBLIA, QUAL A


SUA ESTRUTURA E QUAL O SEU TEMA CENTRAL? Resposta. Devemos estudar a
bíblia conhecendo o seu autor, diariamente, com reverência, com oração, completamente e
refletindo sobre seu conteúdo. Quanto a sua estrutura, a Bíblia divide-se em Antigo e Novo
Testamento, tendo ao todo 66 livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo. O seu tema central
é a Redenção através do Senhor Jesus Cristo.

3) POR QUE A BÍBLIA EVANGÉLICA TEM 66 (SESSENTA E SEIS) LIVROS E A


BÍBLIA CATÓLICA-ROMANA TEM 73 (SETENTA E TRÊS)? Resposta. A Bíblia
Evangélica somente aceita os livros verdadeiramente tidos como inspirados em seu cânon. Os
pais da Igreja primitiva aceitaram apenas 66 (sessenta e seis) livros. Os católicos aprovaram os
livros denominados apócrifos como uma tentativa de combater a Reforma Protestante. Os
protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas do Purgatório, Oração
pelos Mortos, Salvação mediante Obras, dentre outras. Os romanistas viam nos apócrifos base
para tais doutrinas, e apelaram para eles.
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LIÇÃO 03: DOUTRINA DA SALVAÇÃO (SOTERIOLOGIA).


Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira
Ir. Maria Helena de Melo Teixeira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• FAMILIARIZAR-SE com a terminologia ligada a salvação espiritual.
• IDENTIFICAR o plano salvívico de Deus, através do Seu Filho Jesus, o Salvador.
• APRESENTAR, resumidamente, os principais pontos defendidos pelas escolas
Arminiana e Calvinista, defendendo a posição doutrinária da ICB quanto a essa questão
ligada a doutrina da salvação.

TEXTOS-BASE:
 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o
seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por ele” (Jo.3.16,17)
 “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc.19.10).
 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2.8,9).
 “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que
me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida”
(Jo.5.24).
 “Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê
para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm.10.9,10).

INTRODUÇÃO
No AT, o termo salvação, frequentemente, diz respeito à libertação da escravidão e à
preservação da vida. O principal verbo hebraico traduzido com salvar é yasha, que tem o sentido
de ajudar, libertar, livrar e salvar, e é utilizado cerca de 205 (duzentas e cinco) vezes na Bíblia.
Esse verbo ocorre em contextos de livramento de grandes perigos, com risco de morte
(Ex.2.17), sendo usado para indicar tanto o afastamento da ameaça de derrota (Js.10.6) como a
libertação do jugo opressor (Jz.12.2).
Segundo a Lei Mosaica, aquele que ouve o choro de alguém que precisa ser salvo dos
maus tratos tem a obrigação de fazer algo para livrá-lo (Dt.22.27; 28.29; 2º Sm.14.4). O verbo
yasha aparece em muitas súplicas em situações de guerra e questões judiciais (Sl.3.7; 20.9;
20
72.4; 86.2), com a ideia de preservação de uma ameaça iminente, ainda que o sofrimento seja
merecido (Gn.49.18; 1º Sm.14.45; Is.12.3).
O conceito de salvação no NT inclui a maioria dos elementos e aspectos aludidos no
AT, acrescentando-lhe dimensões espirituais. O Termo grego soteria11 compreende tanto a
salvação nacional como a pessoal. A nacional pode ser vislumbrada em Lucas 1.69. A salvação
pessoal pode ser vista em Atos 27.34, no episódio do naufrágio de Paulo; em Filipenses 1.19,
no livramento de Paulo da prisão. A libertação espiritual é especialmente aludida em Atos 4.12
e em Romanos 10.10. Ela se dá por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo.
No NT, o termo soteria e o verbo sozo dizem respeito ao poder de Deus de libertar da
escravidão do pecado (Fp.2.12). São encontrados nos episódios que falam da futura libertação
dos que creem e esperam a volta de Cristo (Rm.13.11; 1ª Ts.5.8,9) e da libertação da nação de
Israel no segundo advento de Cristo (Lc.1.71; 2ª Ts.2.10; Ap.12.10).

1) TERMINOLOGIA REFERENTE À SALVAÇÃO ESPIRITUAL


 ELEIÇÃO é o aspecto da salvação que diz respeito à soberania de Deus e ao Seu
propósito eterno. Por meio da eleição, Ele escolhe a quem se revelará. Por Sua
presciência, Ele sabem quem crerá e será salvo (Mt.22.14; At.13.48; Ef.1.4; 2ª Ts.2.13).
Entretanto, ninguém é isentado de crer no plano de salvação e de aceitá-lo, obedecendo
ao Senhor, por causa da eleição. Deus quer que todos os homens se salvem e venham
ao conhecimento da verdade (1ª Tm.2.4). Em Atos 2.21, é dito que todo aquele que
invocar o nome do Senhor será salvo. Quem não aceitar a livre oferta de salvação de
Deus não poderá culpar a ninguém, senão a si mesmo, pela perdição e morte eterna.

 PREDESTINAÇÃO na Bíblia não é sinônimo de eleição [nem de um destino pré-


determinado por Deus, sem a escolha do homem]. Tem uma relação específica com a
intenção de Deus em conformar os eleitos, os santos, à imagem de Cristo (Rm.8.29,30).

 CHAMADO é usado biblicamente em dois sentidos. O primeiro alude ao chamado


geral do evangelho, que é endereçado a todos os homens (Mt.22.14; Jo.3.16-18; 16.7-
11). [Todos foram chamados a crerem e a serem salvos.] O segundo significado de
chamado é a aplicação prática do evangelho à vida daqueles que Deus escolheu, o que
resulta em regeneração [e consequentemente em um novo sentido para a vida e uma
nova missão] (Jo.6.44; Rm.8.28,30; 1ª Co.1.23,24).

 A JUSTIFICAÇÃO aparece pela primeira vez na Bíblia num episódio com Abraão,
quando ele acreditou nas promessas que Deus lhe fez e sua fé foi-lhe imputada como
justiça (Gn.15.6; Rm.3.23-4.12; Gl.3.6). Se apenas o cumprimento pessoal da Lei fosse
necessário para a justificação do ser humano perante Deus, ninguém seria salvo. No
entanto, aqueles que creem no Senhor são justificados pela fé em Cristo, que foi o
sacrifício perfeito oferecido a Deus pelo perdão dos pecados e resgate da humanidade.
Esse sacrifício trouxe justificação e satisfez as justas exigências de Deus. Assim, para
aquele que confia em Cristo, a fé lhe é imputada como justiça. A lei é o meio pelo qual
Deus revelou Sua vontade ao povo da aliança no AT, visto que Ele estabelecera Sua
aliança pela graça. O NT demonstra que o papel da lei não é justificar, mas mostrar-nos

11
Do termo grego soteria deriva o nome Soteriologia, que é a disciplina da Teologia que se dedica ao estudo da
doutrina da salvação.
21
o que é o pecado (Gl.2.16). A lei nos serviu de aio 12, para nos conduzir a Cristo, para
que, pela fé, fôssemos justificados (Gl.3.24).

 A REGENERAÇÃO diz respeito a mudança espiritual pela qual uma pessoa gerada
pelo Espírito Santo passa para ter uma nova vida. Esta transformação acaba com a morte
espiritual e traz vida espiritual. É uma modificação radical na essência de um indivíduo,
que faz com que este tenha comunhão com Deus. O NT explicitamente apresenta a
doutrina da regeneração (2ª Co.5.17; Ef.2.1; 1ª Jo.4.7, Jo.3.3,5), ao passo que o AT
apenas a deixa implícita. Moisés revelou aos israelitas que o Senhor circuncidaria o
coração deles e dos seus descendentes para o temerem (Dt.30.6). Isaías falou de
vivificação do espírito dos abatidos e do coração dos contritos (Is.57.15) [e Jeremias de
outro concerto, por meio do qual Deus escreveria Sua lei no coração do homem
(Jr.31.33,34)] – algo que se assemelha ao novo nascimento no NT.

 SANTIFICAÇÃO é o trabalho de Deus no sentido de gerar no cristão uma nova vida


e de conduzi-lo à perfeição perante Ele. Ser santificado é ser afastado de uma vida de
pecado e ser separado para um propósito santo. Embora os cristãos sejam santificados
completamente em Cristo, eles posicionalmente são santos, enquanto
experimentalmente são santificados progressivamente. Em outras palavras, em Cristo,
todos os cristãos já são visto pelo Pai como santos. Mas, enquanto viverem aqui na
Terra, estão em processo de santificação pessoal.

 GLORIFICAÇÃO é a conclusão da obra de Deus naquele que creu em Jesus. Pela


justificação, Deus declara justo aquele que creu no Seu Filho. Pela santificação, Deus
age no cristão para conformá-lo à imagem de Cristo. Pela glorificação, Deus torna o
crente perfeito e sem pecados, para uma nova vida no céu (Rm.8.30).

2) JESUS, O SALVADOR
Com as boas-novas do nascimento do Salvador Jesus, dadas pelo anjo Gabriel a Maria,
veio a seguinte revelação: “E dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt.1.21)
O fato de Cristo ter a importante missão de salvar é muito nítido em sua declaração em
Marcos 10.45 – “o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos” –, e em João 12.27 – “agora, a minha alma está perturbada;
e que direi eu? ‘Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora”.
Posteriormente, a missão de Jesus como o Salvador do mundo é demonstrada em Sua
boa vontade em ir para a cruz, quando poderia ter invocado os poderes celestiais para virem
resgatá-lo (Mt.26.53,54). Entretanto, em vez disso, Jesus, de forma voluntária, deu a Sua vida,
como está registrado nos quatro Evangelhos. Ironicamente, os líderes religiosos judeus que
estavam perto do local da crucificação disseram algo verdadeiro: “Salvou os outros e não pode
salvar-se a sai mesmo” (Mc.15.31). [Contudo, Ele não precisava de salvação. Ele é a salvação].

3) O PLANO DE SALVAÇÃO DE DEUS


O plano de salvação de Deus consiste, grosso modo, na estratégia de Deus em
ofertar a salvação a tantos quantos no seu Filho crerem. Deus faz tal oferta por causa do

12
A palavra "aio" ou "tutor" (NVI) vem de uma palavra grega que quer dizer, literalmente, "uma pessoa que conduz
uma criança". Os aios na época de Paulo foram servos responsáveis pela proteção dos filhos de seus senhores,
levando-os para a escola, corrigindo-os, etc. É claro que esta função foi temporária. Quando o filho chegou à
maioridade, não estava mais sujeito ao aio.
22
Seu amor infinito e sua graça inefável. Tal plano de salvação implica no reconhecimento do
homem de seus próprios pecados. Pecado é iniquidade, é tudo o que ofende a santidade de
Deus. O homem peca em ações, em pensamentos, até em um olhar. Nenhum ser humano está
isento de pecar. De fato, “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm.3.23).
Mas, felizmente, apesar dos nossos pecados Deus nos ama. Está escrito: “Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3.16). Por causa de tão grande amor, Jesus morreu na
cruz por nossos pecados (em nosso lugar): “Mas Deus dá prova do seu amor para conosco,
em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm.5.8). Sabendo de todas
essas verdades, qual será a melhor resposta ao plano de salvação de Deus? É crer e confessar
ao Senhor Jesus como único e suficiente salvador13.
Vejamos abaixo duas ilustrações que tratam sobre o processo de aceitação de Cristo
como Senhor e Salvador pessoal:

13
Único, porque não há outro. Está escrito: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum
outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos” (At.4.12) e suficiente, porque em mais nenhum
outro há poder para perdoar pecados ou salvar, só Jesus faz isso: “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra” (Mt.28.18).
23
4) ARMINIANISMO X CALVINISMO
O arminianismo, nome devido ao seu precursor Jacobus Arminius, é a crença
soteriológica comum a muitos grupos evangélicos, tais como a Igreja Metodista, a Assembleia
de Deus, parte da Igreja Batista e também da Igreja Anglicana. Ele pode ser representado pelo
acrônimo FACTS:

 Freed by Grace (to Believe) – Livre pela graça (para crer)


 Atonement for All – Expiação para Todos (expiação ilimitada)
 Conditional Election – Eleição Condicional
 Total Depravity – Depravação Total
 Security in Christ – Segurança em Cristo

De maneira ampla e um tanto imprecisa estes pontos correspondem aos do histórico


Artigo da Remonstrância (embora esta não seja especificamente uma representação deles), os
quais foram compostos em 1610 pelos primeiros arminianos e constituem o primeiro sumário
formal da teologia arminiana.
A posição calvinista - nome devido ao teólogo protestante João Calvino - é a crença de
diversas denominações tradicionais, tais como a Igreja Presbiteriana, a Igreja Congregacional,
parte da Igreja Anglicana e alguns Batistas. Ela pode ser representada pelo acrônimo TULIP:

 Total Depravity – Depravação Total


 Unconditional Election – Eleição Incondicional
 Limited Atonement – Expiação Limitada
 Irresistible Grace – Graça Irresistível
 Perseverance of the Saints – Perseverança dos Santos

A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL entende que o debate acerca dessas duas


escolas de interpretação soteriológica tem sido, em grande parte, carnal e que o mesmo
tem trazido mais dissensão que edificação. A impressão que fica para os ferrenhos defensores
de cada lado é que foi Calvino quem afirmou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" e a de
que Armínio lhe respondeu: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á". Não vemos
a necessidade de um cristão se declarar arminiano, pois o Senhor Jesus e a sua Palavra precedem
e transcendem Armínio e o arminianismo. Mas, respeitamos quem faz questão de bater no peito
e dizer: "Eu sou arminiano". Aliás, respeitamos também muitíssimo os irmãos calvinistas.
Compreendemos que a teologia é o que os teólogos dizem da Bíblia, enquanto a Bíblia é a
própria Palavra de Deus!
A doutrina da ICB quanto a salvação está, quase em sua totalidade, alinhada com
o arminianismo. Há, apenas, algumas ressalvas com alguns pontos controversos
defendidos por alguns arminianos, tais como o “cair da graça” e a “manutenção da
salvação condicionada as obras” (Ef.2.10). Quanto as essas ressalvas, entendemos de forma
calvinista. Compreendemos ainda que, apesar das duas escolas em comento apresentarem
argumentos lógicos e que cada ponto do FACTS ou do TULIP serem consequências um dos
outros, não existe a obrigatoriedade do crente em declarar sua posição como “100% arminiano
ou 100% calvinista”.
Lembramos, uma vez mais, que a Teologia é o que os teólogos dizem da Bíblia e que o
debate Arminianismo x Calvinismo jamais chegará ao fim aqui na Terra. Melhor que ver quem
tem os melhores argumentos seria se calvinistas e arminianos saíssem ás ruas com as mãos
cheias de folhetos evangelizando. Enquanto ficamos procurando “cabelo em ovo” e “chifres em
cavalos”, os mendigos, enfermos, presidiários, aidéticos, cancerosos, leprosos, meninos de rua,
24
órfãos, viúvas, pobres, desempregados, oprimidos, cativos, alcoólatras, drogados, prostitutas, e
o restante da população humana, em sua grande maioria, está perecendo longe de Deus. Não
estamos dizendo que irmãos de diferentes confissões de fé como calvinistas e arminianos não
tem dado atenção aos marginalizados, mas, o nosso apelo é para os que ficam encastelados,
presos aos seus dogmas e só sabem estudar a respeito e debater, mas não fazem nada mais que
isso pelo evangelismo dos perdidos.
Em suma, podemos afirmar que a ICB não é nem 100% (cem por cento) arminiana nem
0% (zero por cento) calvinista, mas, somos 100% (cem por cento) reverentes a Palavra de Deus.

4.1) ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO14


Todas as igrejas que seguem a doutrina calvinista ensinam a doutrina de uma
propiciação parcial. Elas creem que alguns homens e anjos são predestinados por Deus para a
vida eterna enquanto os demais estão condenados à morte eterna. Esses homens e anjos
predestinados são designados particular e imutavelmente, e o seu número é definido: não se
pode aumentá-lo nem diminuí-lo. Deus os escolheu por conselho secreto e segundo a Sua
vontade. Para os eleitos, não há qualquer exigência de fé, de boas obras ou de perseverança nem
condição alguma para alcançar a graça divina.
Ainda segundo os predestinacionistas, não há outros remidos em Cristo, efetivamente
chamados, adotados e santificados, senão os eleitos. Quanto ao restante da raça humana, Deus,
por Seu beneplácito e conforme o insondável conselho de Sua Vontade, pela qual estende ou
retém a misericórdia como Lhe apraz, destinou à ira por causa de seus pecados. Assim, Cristo
morreu apenas para consolidar a salvação dos que já eram o Seu povo.
É certo que Jesus adquiriu a herança no Reino dos céus para todos os que o Pai Lhe deu.
Contudo, quanto a ideia calvinista de que não há outros remidos senão os eleitos, apresentamos
as seguintes passagens: “Nosso Salvador [...] quer que todos os homens se salvem e venham
ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo, homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1ª Tm.2.3-
6); “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor
do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte
por todos” (Hb.2.9). Deus está longe de querer somente a salvação dos eleitos, antes, “quer
que todos os homens se salvem”.
Os calvinistas dizem que Cristo adquiriu a salvação apenas para alguns, e que não se
pode resistir a graça de Deus, mas está escrito: “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos,
como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mt.23.37; ver
também João 5.40); “Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor
Jeová; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva? [...] Porque não tomo
prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei” (Ez.18.23, 32;
ver também Ez.33.11). Vemos aqui pessoas que Cristo quis salvar e pessoas o Pai não quis que
morressem sem antes serem convertidos. Portanto, alguns se perdem por escolha própria – e
não porque Deus assim o determinou.
Para nós, foge a toda lógica dizer que a propiciação feita por Cristo visava apenas a um
punhado de indivíduos, enquanto os demais seres humanos, que são a maioria e vieram à
existência sem serem consultados, são relegados a um estado irreversível de perdição e
condenados ao fogo do inferno sem chance de salvação. Os calvinistas defendem-se dizendo
que os decretos de Deus se referem igualmente a todos os eventos futuros, de qualquer espécie
que sejam, até às ações pecaminosas, pois tudo estaria ligado a um sistema individual de coisas,
sendo cada elo essencial à integridade do sistema todo.

14
Esse tópico foi adaptado de um artigo gentilmente enviado pelo Bispo Ildo Marcos, da Igreja Metodista Livre.
Para outros estudos edificantes, recomendo uma visita ao seu blog: http://escatologiacrista.blogspot.com.br/
25
Tal argumento não somente peca contra os ensinos das Escrituras Sagradas como ofende
os princípios da Filosofia. Se Deus decretasse que os seres humanos praticassem ações
pecaminosas, ele seria o autor do pecado. E se Deus decretasse igualmente todas as ações
pecaminosas e todas as que são moralmente boas, as más ações também estariam em
conformidade com a vontade de Deus, e quem as praticasse estaria obedecendo ao Criador –
não mereceria, portanto, castigo, e sim recompensa!
Esse sistema, como se vê, destrói toda a distinção entre justiça e injustiça, pecado e
santidade, virtude e vício, atribuindo indiretamente todas as ações à determinação da vontade
divina. Ele torna o Deus justo no mais injusto dos seres, porque estaria obrigando alguém a
pecar, para depois condená-lo ao castigo eterno por algo que Ele mesmo decretou. Mas, essa
não é a doutrina da Bíblia: “Tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente” (Dt.30.19; ver também Ez.33.13-19).
A verdade é que os decretos imutáveis de Deus, em vez de designarem e predestinarem
João e Pedro para a salvação e igualmente Judas para a perdição eterna, proveram recursos
suficientes para todos, decretando a salvação de todos os que empregarem esses recursos,
igualmente a condenação para todos os que desprezarem (ver João 3.16-21). Assim, os
caminhos de Deus são iguais e sem acepção de pessoas (ver Romanos 2.11; Atos 10.34),
demonstrando a grande bondade e justiça do Ser Supremo.
Queremos concluir esta primeira parte com uma conhecida ilustração que ajuda a
entender corretamente a doutrina da eleição. A eleição corporativa é como um navio (Igreja) a
caminho do seu destino final (a santificação e a Nova Jerusalém). Cristo é escolhido para ser o
piloto deste navio. Deus deseja que todos os seres humanos embarquem neste navio e faz
providências neste sentido. Todos são chamados, mas escolhidos são apenas aqueles que
confiam no Piloto. Estes tem o direito de embarcar. E estarão na condição de eleitos desde que
permaneçam firmes em sua fé. Mas, se abandonarem o navio por conta da incredulidade,
passaram a não constar mais entre os eleitos [significa dizer que nunca se converteram de
verdade]. A eleição só é experimentada na união com o Comandante deste navio. Predestinação
tem a ver com o porto de destino deste navio e com o destino final que Deus tem preparado
para aqueles que permanecem nele. Todos são convidados e ninguém precisa ficar de fora.

4.2) REFUTAÇÃO A ALGUNS DOS TEXTOS COMUMENTE USADOS PELOS


CALVINISTAS EM DEFESA DA DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO.
Comentaremos a seguir algumas passagens bíblicas, cuja má interpretação deram
origem à doutrina da eleição pessoal e da predestinação individual.

4.2.1) “AMEI A JACÓ, PORÉM ME ABORRECI DE ESAÚ” (ROMANOS 9.13)


Os calvinistas interpretam Romanos 9 de modo a contradizer todo o ensino bíblico a
respeito do amor de Deus. Por exemplo: o texto: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú” é
interpretado como se Deus realmente tivesse odiado a Esaú e a todos os não eleitos de modo
totalmente arbitrário, antes mesmo de que viessem a existir. Tal conclusão entra em choque
direto com o ensino de inúmeras passagens da Bíblia que declaram que “Deus é amor” e entra
também em flagrante conflito com o caráter de Deus revelado em Jesus Cristo.
No entanto, o termo "aborreci" significa um repúdio relativo semelhante ao que
encontramos no seguinte texto bíblico: "Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe,
e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo"
(Lc 14.26). Sabemos muito bem que foi o próprio Esaú quem desprezou o seu direito de
primogenitura, perdendo assim o privilégio de ser o pai da linhagem da qual nasceria o Salvador
do Mundo.

26
Não se trata aqui de salvação ou perdição pessoal ou dos descendentes. Mais tarde,
observamos que Esaú foi misericordioso para com o seu irmão. Seria isto um sinal da graça de
Deus sobre sua vida? Em todo caso, não podemos afirmar que tenha perdido a sua alma. Muitos
ou alguns de seus descendentes podem ter exercido fé em Deus a semelhança do Pai Abraão.
E, quanto a Israel, muitos de seus filhos se desviaram após outros deuses.
Notemos também que Jacó e Esaú representam Israel e Edom. Israel, e não Edom, foi
escolhido para ser o povo de Deus herdeiro da promessa feita a Abraão. Edom é descendente
de Abraão e Isaque tanto quanto seu irmão Israel.
O que Paulo quer demonstrar aqui é que a rejeição atual de boa parte dos descendentes
de Abraão não é apenas possível, como já havia ocorrido no passado, como se vê no caso de
Esaú e seus descendentes.
Através do profeta Obadias, Deus esclareceu o real motivo de sua ira contra os
Edomitas: "Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a vergonha, e serás
exterminado para sempre… tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia
da sua calamidade; nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter
falado de boca cheia, no dia da sua angústia… não devias ter parado nas encruzilhadas, para
exterminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem no dia da angústia."
(Ob.1.10-14). Precisamos sempre associar a presciência de Deus com a eleição e reprovação
divina, pois Deus é amoroso e justo!
E quando os calvinistas interpretam que a escolha de Jacó e a rejeição de Esaú como
algo arbitrário que nada tem ver com a presciência de Deus, acabam por tropeçar no próprio
ensino de Paulo que, no capítulo anterior de Romanos, escreveu "porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm.8.29) e também no texto de Pedro: “Eleitos
segundo a presciência de Deus Pai” (1ª Pe.1.2).
Não podemos confundir predestinação com presciência. O conhecimento prévio que
Deus tem das coisas não é o que as tornam assim existentes, antes, porque elas serão desta ou
daquela maneira, Deus as conhece antecipadamente. Deus conhece as pessoas mesmo antes
delas nascerem. Ele sabe como elas reagirão diante das variadas circunstâncias da vida. Deus
as escolhe baseado em sua presciência. Isto não nega o livre arbítrio do homem, pelo contrário,
o reafirma ainda mais. Pois uma eleição baseada na presciência divina leva em consideração a
autonomia dos seres humanos. Deus é soberano, e em sua soberania, determinou que o homem
fosse um ser dotado da capacidade de escolher, sendo, portanto, responsável por seus atos. Seria
completamente sem cabimento existir um dia de juízo final se as pessoas não tivessem tido a
mínima possibilidade de escolha, se cada um tivesse apenas cumprido o papel teatral que lhe
foi prescrito, como um fantoche nas mãos do inevitável destino sobre eles decretado.
Para reforçar a tese de que a promessa nada tem a ver com a descendência carnal de
Abraão, Paulo lembra que Esaú, foi rejeitado como povo herdeiro da promessa ainda que fosse
o preferido de seu pai, Isaque. Deus tem os seus motivos e enxerga bem melhor do que Isaque.
Deus é livre para escolher e decidir como e através de que povo ou povos se dará o cumprimento
de suas promessas.
Observe que o tema da eleição individual não está na mente de Paulo, mas, sim, o da
eleição dos judeus para ser o povo escolhido, a rejeição da nação de Israel, e a escolha dos
gentios em seu lugar. Esaú e Jacó são os representantes de dois povos: Israel e Edom. O
indivíduo Esaú jamais serviu ao indivíduo Jacó (9.12). Tal profecia se cumpriu posteriormente
na história dos dois povos que deles descenderam.
Portanto, o que Paulo quer deixar claro aqui é que o conceito de povo de Deus é algo
que transcende a etnia hebraica. Não basta ser descendente físico de Abraão, é preciso ser
descendente espiritual, como o foram Raabe e Rute! Não importa se você é judeu ou gentio,

27
pois os verdadeiros herdeiros da promessa de Abraão são os que exercem fé no Messias que é
sobre todos, Deus Bendito Eternamente!

4.2.2) “TEREI MISERICÓRDIA DE QUEM ME APROUVER TER


MISERICÓRDIA” (ROMANOS 9.15)
Outro texto mal interpretado por eles é o que diz “terei misericórdia de quem me
aprouver ter misericórdia” (Rm.9.15), pois, baseados nele, afirmam que Deus ama e tem
misericórdia apenas dos eleitos. Mas isto contrariaria a afirmação do próprio Paulo, que, na
conclusão deste assunto, disse que Deus tem misericórdia de todos (11.32). Lembre-se também
que, um pouco antes, ele proclamou a rica misericórdia de Deus para com todos os que o
invocam (10.11). Tal interpretação também colide com diversas outras passagens bíblicas que
falam da bondade e da misericórdia de Deus para com todos os homens, como o Salmo 145.9,
que diz: “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas obras”.
Portanto, as promessas de Deus feitas a Abraão estão, sim, sendo cumpridas no Israel
de Deus, que é composto por judeus e gentios que creem em Cristo. Deus tem direito de rejeitar
a qualquer povo, mesmo os judeus, por sua incredulidade, e eleger qualquer outro que ele quiser
em seu lugar. Deus é livre para estabelecer a fé como a condição para a salvação de judeus e
gentios.

4.2.3) "NÃO DEPENDE DE QUEM QUER OU DE QUEM CORRE, MAS DE USAR


DEUS A SUA MISERICÓRDIA” (ROMANOS 9.16).
E, quanto a Romanos 9.16, "assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre,
mas de usar Deus a sua misericórdia”, a conclusão dos calvinistas é de que Deus usa de
misericórdia apenas para aqueles que ele escolheu de antemão salvar. Tal interpretação
contradiz os textos que afirmam que “Deus não faz acepção de pessoas” (At.10.34 e Rm.2.11)
e entra em colisão com todos aqueles que falam sobre o amor de Deus por todas as pessoas.
Um amor tão grande pelo mundo, termo kosmos que no Evangelho de João sempre representa
toda a humanidade, a ponto de levá-lo a oferecer o Seu Filho Unigênito para a salvação de todos
que creem (Jo.3.16). A expiação ilimitada tem sido defendida pela ampla maioria dos teólogos
da história da Igreja, até mesmo Calvino reconheceu que Jesus morreu em favor de todos os
homens! Expiação limitada aos eleitos não é possível porque a Bíblia diz que Jesus “é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo” (1ª Jo.2.2). Observa-se aqui que "todo o mundo" não pode de maneira alguma significar
"mundo dos eleitos", pois se apresenta em contraste com "não somente pelos nossos". Porque
é dito que "Cristo morreu pelos nossos (Igreja) pecados" (1ª Co.15.3) e a eficácia do Seu sangue
é poderosa para salvar todos os seres humanos (1ª Jo.2.2). Porque: “a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que creem no seu
nome” (Jo.1.12). Porque: “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm.10.13).
Porque Jesus, "o Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade", estendeu este sincero convite
as multidões: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-
me" (Mc. 8.34) e também: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei" (Mt.11.28). “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os
homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no
presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt.2.11-12). Porque Deus não tem prazer na
morte do ímpio, pois seu desejo é que se converta e viva (Ez.18.23). Porque Deus “deseja que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1ª Tm.2.4) e "o
qual a si mesmo se deu em resgate por todos" (1ª Tm.2.6). Porque Deus “não quer que ninguém
se perca, senão que todos venham a arrepender-se” (2ª Pe.3.9). Jesus "provou a morte por
todos" (Hb.2.9). E Paulo afirmou que Jesus morreu por todas as pessoas, inclusive por aquelas

28
que perecem, quando exortou aos cristãos de Roma, dizendo: “Não faças perecer por causa da
tua comida aquele por quem Cristo morreu” (Rm.14.15).

4.2.4) O CORAÇÃO ENDURECIDO DE FARAÓ (ROMANOS 9.17,18)


Paulo usa a figura de faraó para retratar Israel. Assim como faraó, através da dureza de
seu coração, serviu como um instrumento para o Êxodo milagroso do povo de Israel,
produzindo a glória de Deus por toda a terra, assim também a dureza de coração de Israel
propiciou a redenção dos gentios (11.11).
Deus também pode endurecer o coração de quem Ele acha por bem fazê-lo, sem que isto
implique em injustiça ou em uma atitude meramente arbitrária. Não é dito que Deus endureceu
o coração de Faraó desde a eternidade. Tal endurecimento é melhor compreendido como a
entrega da pessoa a si mesma: "Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus
corações" (Rm.1.24a). Lembremos que antes do relato do Êxodo dizer que Deus endureceu o
coração de faraó, por 05 (cinco) vezes é dito que foi o próprio faraó quem foi endurecendo o
seu próprio coração de maneira gradativa (Ex.7.13; 7.22; 8.15; 8.32; 9.7). Paulo sabe que os
judeus aceitam com facilidade o fato do endurecimento do coração de faraó, mas que não
reconhecem que a mesma incredulidade que levou a rejeição de faraó também está levando a
rejeição dos judeus como povo de Deus. O povo uma vez favorecido e liberto das garras de
faraó, deixa de ser favorecido quando se desvia da fé de Abraão e segue o erro, a obstinação e
a incredulidade de faraó. Deus endurece a quem quer. E Ele quer endurecer aqueles que
endurecem a si mesmos.
Portanto, “se, hoje, ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb.3.15).
Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11.6a). A verdadeira circuncisão é a do coração e os
verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que abraçaram a Promessa com fé. É bom observar
que a citação do endurecimento de Faraó tem a ver com o seu papel histórico como líder da
nação Egípcia no conflito com a nação de Israel e não diz respeito a sua salvação pessoal.

4.2.5) VASOS DE IRA E VASOS DE MISERICÓRDIA


Paulo entraria em contradição consigo mesmo se por "vasos de ira" e "vasos de
misericórdia" estivesse ensinando que, por conta de um decreto eterno de Deus, apenas uma
parte da humanidade seria salva, enquanto que a grande maioria restante estaria
irremediavelmente condenada a perdição, pois, como foi dito, no final do capítulo 11, ele fala
sobre a possibilidade de salvação dos rejeitados e de perdição dos que se encontram salvos, em
decorrência da atitude de fé e não de uma prévia eleição. É por isto que Paulo enfatiza a
relevância da pregação do Evangelho para a salvação de todos os que creem em Cristo: "Pois
não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com
todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como,
porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada
ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?
Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!" (10.12-15).
Paulo NÃO usa a expressão "vasos de ira" para discorrer sobre predestinação, mas para
falar da rejeição temporária de Israel por conta de sua incredulidade, o que, de certa forma,
favoreceu a salvação dos gentios, contribuindo assim para os propósitos divinos. Deus não nos
destinou para a ira (1ª. Ts.5.9). Deus não criou ninguém para a perdição, nem nós, nem o povo
de Israel e nem mesmo os ninivitas (Jn.4.11). "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e
tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo
ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo
o seu procedimento: a vida eterna aos que perseverando em fazer o bem procuram glória,
honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e
29
obedecem à injustiça. Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o
mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que
pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção
de pessoas" (Rm.2.4-11).
É preciso sempre lembrar que a intenção de Paulo aqui é a de esclarecer que a promessa
não é para os filhos carnais de Abraão, mas para os herdeiros daquela mesma espécie de fé de
Abraão. Gentios crentes são adotados como “filhos da promessa”, enquanto os “filhos da carne”
são rejeitados por conta da sua incredulidade (9.8 cf. 11.17). Agora, tal rejeição não é, de
maneira alguma, determinista, fatalista ou definitiva, mas apenas contingencial, pois, mais
adiante, Paulo fala da esperança que tem na conversão de judeus, pelo menos de alguns mais
(11.14), e arremata dizendo: “Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão
enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo”! (11.23). Portanto, vasos de
desonra podem ser transformados em vasos de honra: “Se alguém se purificar dessas coisas,
será vaso para honra, santificado, útil para o Senhor e preparado para toda boa obra” (2ª
Tm.2.21).
Assim também vemos suceder aos gentios que, anteriormente, eram “filhos da ira”, mas
que alcançaram salvação pela fé em Jesus Cristo e se tornaram “filhos da promessa”, herdeiros
de Deus! (Ef.2.3-6). Mas os gentios crentes não devem se sentir superiores aos judeus
incrédulos, pois a fatura ainda não está definida, nem de um lado e nem de outro. “Aquele que
está em pé, cuide para que não caia” (1ª Co.10.12).
Aos que Paulo chamou de "vasos de misericórdia" preparados de antemão para a glória
(9.23,24), ele adverte: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que
caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte,
também tu serás cortado” (Rm.11.22). Em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo fala deste
risco em termos bem pessoais: "Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que,
depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado" (1ª Co.9.27). Tal
esforço de Paulo por uma vida de santidade para não ser reprovado não faria o menor sentido
se ele acreditasse que sua alma já estivesse predestinada para a salvação.
Portanto, para Paulo, o destino das pessoas não está traçado. Enquanto o destino do Povo
de Deus está definido "todo o Israel será salvo", o destino dos indivíduos está condicionado a
fé no Messias que lhes permite fazer parte deste Israel de Deus. Sendo portanto, necessário estar
em Cristo pela fé, e nele permanecer fiel até o fim (Jo.15.1-6).

5) ALGUNS PONTOS CALVINISTAS QUE A ICA ACREDITA


Nada obstante o tópico anterior, o qual foi dedicado a refutar as principais doutrinas
calvinistas, notadamente no que toca a doutrina da Predestinação; a ICB entende que alguns
pontos dos ensinos de Calvino merecem ser observados. Dentre eles destacamos, a princípio, a
salvação eterna dos que genuinamente se converteram a Cristo.
A ICB defende que se alguém verdadeiramente foi salvo, não perde mais a
salvação. A frase corriqueiramente usada para exemplificar essa doutrina que cremos é “uma
vez salvo, salvo para sempre”. Não cremos que alguém que foi alcançado pela graça salvívica
do Espírito Santo [e que foi convertido por Ele] pode voltar ao mundo de pecados de outrora e
nele permanecer até a morte. Não há suporte bíblico razoável para a doutrina denominada “cair
da graça”. Entendemos que o salvo, pela “concupiscência da carne, dos olhos e a soberba da
vida” (1ª Jo.2.16) pode vir a pecar. Contudo, nem que seja no último dia de sua vida ele se
arrepende, confessa, deixa o pecado e volta para a Casa do Pai. Caso assim não o faça e morra
em seus pecados significa que, de fato, nunca houve verdadeira conversão [nem a conseguinte
salvação]. Um bom exemplo da Palavra para ilustrarmos isso é a parábola do filho pródigo
(Lc.15.11-32). Este, apesar de pródigo e de ter cometido outros erros, um dia caiu em si
(Lc.15.17,18) e voltou a casa do seu pai (Lc.15.20). Ele voltou pelo simples fato de nunca ter
30
deixado de ter sido filho. E o pai da parábola, que confiadamente esperava o retorno do seu
filho, representa o Pai que está nos céus. Em outras palavras, é impossível que alguém que foi
verdadeiramente salvo perca sua salvação. A salvação não é algo que se possa ganhar e depois
perder, para que se faça necessário ganhá-la novamente. O Espírito Santo não fica salvando
incontáveis vezes a mesma pessoa. Ou se é de Cristo eternamente após uma genuína conversão
ou nunca se foi Dele. Quem não é com Ele é contra Ele; e quem com Ele não ajunta espalha
(Lc.11.23).
Um outro ponto do ensino de Calvino que merece nosso reconhecimento é o que
trata das obras. Alguns cristãos defendem que a salvação é ganha e/ou mantida pelas obras
que se faz. A ICB não entende dessa forma. A Bíblia registra que a salvação é pela graça [frise-
se bem, pela graça e não pelas obras], por meio da fé (Ef.2.8); “não vem das obras, para que
ninguém se glorie” (Ef.2.9). Para não nos estendermos muito para concluir esta lição,
concordando com o ensino de Calvino, a ICB defende que o cristão não realiza boas obras
para ser salvo nem para manter-se salvo: ele realiza boas obras porque é salvo.

CONCLUSÃO
Ante ao exposto, a ICB entende que o plano de Salvação de Deus consistiu em ter
enviado Jesus Cristo ao mundo para que, tantos quantos Nele cressem, não pereçam, mas
tenham a vida eterna (Jo.3.16,17). Todos os homens herdaram o pecado de Adão e continuam
a pecar com seus pensamentos e ações e, portanto, precisam de um Salvador. Jesus Cristo é esse
Salvador, pois foi o Cordeiro que suportou a ira do Pai na cruz do calvário, oportunizando a
humanidade a reconciliação com Ele. A salvação é mediante arrependimento e confissão dos
pecados. Ela é possível pela graça de Deus, através da fé (Ef.2.8,9) e esta é conseguida ao se
tomar conhecimento da Palavra de Deus (Rm.10.17). A morte de Cristo é suficiente para a
salvação de todos, mas eficiente somente para os que Nele creem.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO:


1) COM BASE NESTA LIÇÃO, DEFINA COM SUAS PALAVRAS O QUE É ELEIÇÃO,
PREDESTINAÇÃO, CHAMADO, JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO,
SANTIFICAÇÃO E GLORIFICAÇÃO. Resposta pessoal.
2) POR QUE O HOMEM PRECISA DE UM SALVADOR? COMO ALGUÉM PODE
SER SALVO? Resposta. Todo ser humano precisa de um salvador justamente porque todos
pecaram e estão afastados da glória de Deus. Herdamos o pecado original de Adão, além de
pecarmos todos os dias em pensamentos, atitudes e ações. Logo, para alguém ser perdoado por
todos os seus pecados precisa ter um encontro com Cristo, o Salvador e perdoador. Apesar de
nosso estado depravado, todo ser humano pode ser salvo, crendo em Cristo como seu único e
suficiente salvador. Isto se dá pela graça, mediante a fé e não vem de nós, é dom de Deus.
3) QUAL A POSIÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL EM RELAÇÃO A
DOUTRINA DA SALVAÇÃO? Resposta. A ICB entende que a morte de Cristo é suficiente
para a salvação de todos, mas eficiente somente para os que Nele creem. A salvação é um
presente de Deus. A única participação do homem nesse processo é justamente receber tal
presente. Por fim, só Cristo pode remir os pecados de alguém, declarando-o justo, para que este
passe a ser cidadão do céu. Logo, podemos afirmar, soteriologicamente, que nos alinhamos
quase que totalmente com a doutrina da escola Arminiana. Contudo, cremos em parte da
doutrina calvinista, notadamente, quanto a salvação eterna do crente genuíno e a
impossibilidade de sermos salvos (ou mantermos a salvação) pelas nossas próprias obras.

31
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 04: DOUTRINA DE DEUS15.


Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• APRENDER, inicialmente, que existem várias concepções erradas sobre Deus.
• ESTUDAR, de forma sucinta, os atributos naturais e morais de Deus.

TEXTOS-BASE:
 “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser:
O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome?
Que lhes direi? Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim
dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim
dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente, e este é
o meu memorial de geração em geração” (Ex.3.13-15).

INTRODUÇÃO
Uma das definições mais comuns acerca de Deus em teologia sistemática 16 é: “Deus é
Espírito, pessoal, infinito, eterno e imutável em seu ser, amor, sabedoria, poder, santidade,
justiça, bondade e verdade”. A incapacidade do ser humano de conhecer a Deus em todos os
Seus aspectos e manifestações é demonstrada na pergunta de Jó 11.7: “Porventura, alcançarás
os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-poderoso?”. A teologia sistemática não
pretende, de maneira alguma, chegar à perfeição do Todo-poderoso. Sua pretensão é elaborar
uma doutrina de Deus baseada nas revelações que Ele próprio, graciosamente, faz de si mesmo
nas Escrituras.
Uma pessoa com muita sede e à beira do rio Amazonas não deixará de beber de sua
água, porém jamais beberá todo o conteúdo desse grande rio. Ela só conseguirá beber a
quantidade suficiente para saciar a sede. O mesmo ocorre com nosso estudo sobre Deus: não
podemos conhecê-lo totalmente, pois o Ser infinito não pode ser conhecido em Sua plenitude

15
A presente lição foi adaptada do capítulo intitulado Doutrina de Deus, do Manual de Educação Cristã (p.109-
120), 2012, cuja autoria é do Pastor Gilmar Vieira Chaves, publicado pela Editora Central Gospel.
16
Teologia Sistemática é o estudo das coisas de Deus de uma maneira sistemática e ordenada, onde não apenas
consideramos o que esse e aquele texto dizem, mas onde consideramos tudo o que a Palavra diz sobre a revelação,
depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Deus é, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Jesus é, e
depois tudo o que ele fez por nós. Depois, a teologia sistemática prossegue para considerar a doutrina do homem,
do pecado, da santificação, dos sacramentos, da igreja e do fim dos tempos.
32
pelo ser finito. Entretanto, podemos conhecê-lo dentro dos limites de Sua revelação, o que será
suficiente para a nossa salvação e comunhão com Ele.
Basicamente, podemos conhecer a Deus de quatro maneiras:
 Pelo registro bíblico de Sua natureza e Seus atributos. Estudando o texto
sagrado, teremos um conhecimento que será sempre parcial do Criador, contudo
poderá ser exato e satisfatório para nossa comunhão com Ele.
 Pela revelação de Seu Filho, Jesus Cristo (Hb.1.1).
 Por Sua revelação na natureza, pois as coisas criadas manifestam a glória de
Deus (Sl.19.1).
 Pela experiência pessoal com o Senhor. Cremos que Deus sempre esteve
interessado em manifestar-se ao ser humano e ser conhecido deste.

1) CONCEPÇÕES ERRADAS SOBRE DEUS


Antes de estudar o que as Escrituras revelam a respeito de Deus, analisaremos algumas
concepções erradas sobre Ele. É evidente que não é possível esgotar todas as formas
equivocadas que podem ser concebidas na mente humana a respeito do divino, mas, a presente
lição visa pontuar sobre algumas destas visões distorcidas acerca de Deus.

1.1) Ateísmo
Essa concepção nega a existência de Deus e todos os ensinos que estejam
relacionados à existência de um Ser criador, autoexistente, onipotente, onipresente e
onisciente. No sentido mais geral, todas as concepções não cristãs são ateísticas. No sentido
mais estrito, o ateu é a pessoa que não aceita e/ou combate os ensinos sobre a existência de
Deus.
A descrição do parágrafo anterior, no entanto, é a de tempos recentes. Nos tempos
bíblicos, não se questionava a existência de Deus. Por essa razão, não encontramos nas
Escrituras argumentos para justificar essa realidade, que é afirmada tanto no AT como no NT.
Certas passagens do AT que parecem apontar a negação da existência de Deus na
verdade apontam ao estilo de vida que não leva Deus em consideração (Sl.10.4; 53.1; Jr.5.12).
No NT, o mais próximo que temos disso é a expressão sem Deus, em Ef.2.12, que, ainda
assim, indica um estado de desgraça espiritual. Aliás, nos primeiros séculos da história da
Igreja, os próprios cristãos eram considerados ateus, por negar adoração aos deuses do
paganismo.
Nos dias de hoje, a existência de Deus não só é negada, como o ateísmo cada vez mais
se destaca por sua militância, combatendo por vários meios, como campanhas publicitárias, as
doutrinas cristãs.

1.2) Gnosticismo e agnosticismo


O termo grego gnosis significa saber, conhecer. O gnosticismo é um movimento
ligado ao misticismo, à magia e ao esoterismo 17 e dedicado à busca de um conhecimento
elevado, por meio do qual o indivíduo supostamente pode alcançar a “salvação”.
O agnosticismo, por sua vez, afirma que o ser humano não pode chegar ao conhecimento
pleno da verdade, e que todo conhecimento é relativo, parcial e incerto. Ele não nega a

17
Esoterismo é o nome genérico que designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas
e religiões que buscam desvendar seu sentido supostamente oculto. Segundo alguns, o esoterismo é o termo para
as doutrinas cujos princípios e conhecimentos não podem ou não devem ser "vulgarizados", sendo comunicados a
um restrito número de discípulos escolhidos. Um sentido popular do termo é de afirmação ou conhecimento
enigmático e impenetrável. Hoje em dia o termo é mais ligado ao misticismo, contudo, ligando ao mesmo tempo
o natural com o sobrenatural
33
existência de Deus, mas também não afirmar a crença Nele. Em resumo, os agnósticos
acreditam que é impossível saber se Deus existe ou não.

1.3) Politeísmo
É a crença na existência de muitos deuses. Faz parte das religiões politeístas a
adoração aos elementos da natureza – Sol, Lua, estrelas, mar, fogo, animais, e assim por diante.
A Bíblia, no entanto, ensina que há um único Deus: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o
único Senhor” (Dt.6.4).
Assim, herdamos a fé monoteísta, que não admite a existência de outro Deus. A ideia
de um só Deus é também expressa de maneira muito clara em Êx.15.11: “Ó Senhor, quem é
como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em santidade, terrível em louvores,
operando maravilhas?” Além de afirmar a crença num único Deus, as Escrituras condenam a
fé politeísta: “Não terás outros deuses diante de mim (Êx.20.3; cf. Dt.6.14,15); Adorarás o
Senhor, teu Deus, e só a ele servirás (Lc.4.8).

1.4) Dualismo
É a crença na existência de dois princípios distintos, autoexistentes e eternos: o bem
e o mal. Para o dualista, o bem e o mal são iguais em poder e autoridade, vivem digladiando-
se desde o princípio e continuarão assim eternamente, sem que um triunfe sobre o outro.

1.5) Deísmo
Ensina que Deus existe e é o Criador de todas as coisas, mas não interfere na vida
humana, preferindo manter-se transcendentalmente a distância. Segundo esse ponto de
vista, o poder de Deus pode ser percebido na natureza, porém a Sua pessoa está distante.
Também podemos entender o deísmo como a convicção de que a verdadeira religião é a religião
natural fundamentada na razão, e não em alguma revelação especial detentora de autoridade,
como as Sagradas Escrituras.

1.6) Panteísmo
Esse termo deriva de duas palavras gregas: pan, que significa tudo, e theós, deus. O
panteísta considera todas as coisas finitas como partes de um ser eterno, imutável e
autoexistente, isto é, tudo é Deus e Deus é tudo. É uma filosofia presente em várias religiões,
como o budismo18, o hinduísmo19, o bramanismo20 e o movimento Nova Era21.

18
O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia. Foi
criado por Sidarta Gautama, também conhecido como Buda. Este criou o budismo por volta do século VI a.C. Ele
é considerado pelos seguidores da religião como sendo um guia espiritual e não um deus. Desta forma, os
seguidores podem seguir normalmente outras religiões e não apenas o budismo.
19
O Hinduísmo é uma das religiões mais antigas – alguns dos seus manuscritos sagrados são de 1400 a 1500 A.C.
Também é uma das religiões mais diversas e complexas, possuindo milhões de deuses. Os hindus possuem uma
grande variedade de crenças básicas e contêm muitas seitas diferentes. Apesar de ser a terceira maior religião do
mundo, o Hinduísmo existe primeiramente na Índia, Nepal e em menor escala em alguns países ao redor.
20
O bramanismo é a antiga filosofia religiosa indiana que formou a espinha dorsal da cultura daquela civilização
por milênios. Se estende de meados do segundo milênio a.C. até o início da era cristã. Persiste de forma modificada,
sendo atualmente chamada de hinduísmo, já comentada no item anterior.
21
As ideias e os objetivos da Nova Era recolhem elementos das religiões orientais, o espiritismo, as terapias
alternativas, a psicologia transpessoal, a ecologia profunda, a astrologia, o gnosticismo e outras correntes. Os
mistura e os comercializa de mil formas, proclamando o início de uma nova época para a humanidade. Mas, no
fundo, não parece ser mais que outra tentativa vã do homem de se salvar por si mesmo fazendo promessas que não
pode cumprir e atribuindo-se poderes que não possui. O movimento da Nova Era é uma falsa religião que apela
aos sentimentos dos indivíduos, levando-os a pensar que são Deus e que podem melhorar as suas vidas através de
si mesmos.
34
O panteísmo ressalta a imanência de Deus (o fato de Ele estar presente e envolvido em
Sua criação), em detrimento de Sua transcendência (o fato de Ele ser distinto de Sua criação).
Essa doutrina transforma tudo em divino: o finito e o infinito, o temporal e o eterno, o mutável
e o imutável.

1.7) Humanismo
Sistema filosófico cuja figura central é o próprio ser humano. Muitos teóricos e
filósofos do passado e do presente são humanistas. Protágoras dizia que “o homem é a medida
de todas as coisas”. O humanista afirma que todas as considerações éticas, morais ou práticas
dependem do homem, não de alguma intuição, força ou algum deus alheios ao próprio homem.
O humanismo possibilitou o surgimento do relativismo 22 e da descrença em valores
absolutos, tão em voga hoje.

2) ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS


Os atributos de Deus são características ou qualidades que nos permitem compreender
um pouco da natureza do Ser divino. Várias classificações têm sido propostas para esses
atributos, mas, para os nossos propósitos, iremos dividi-los em naturais e morais.

2.1) Personalidade
A personalidade não depende dos órgãos de nosso corpo. Por isso, mesmo não
possuindo corpo físico, Deus possui personalidade. Os elementos constituintes dela são: razão,
sentimento e vontade. Um ser pessoal é capaz de pensar, sentir e tomar decisões, e tudo isso
pode ser percebido em Deus. Ele pensa (Is.55.8), comunica-se (Sl.25.14), é sensível ás nossas
atitudes (Is.1.14) e toma decisões (Gn.1.1,26,37).

2.2) Espiritualidade
No diálogo com a samaritana, Jesus declarou: “Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo.4.24). Essa afirmativa implica que Deus é um
Ser espiritual, e isso corresponde a dizer que Ele é imaterial e incorpóreo.
Apesar de haver na Bíblia referências ás mãos (Is.65.2) e aos olhos (1ª Rs.8.29) de Deus,
não é teologicamente correto afirmar que Ele possui forma física. O uso do antropomorfismo,
ou seja, da atribuição de formas ou características humanas a Deus, é inevitável, porque Deus
está além de qualquer possibilidade de descrição.
Também se afirma o atributo da espiritualidade pelo fato de Deus ser invisível. Ele
nunca foi visto por alguém (Jo.1.18) e é chamado de Deus invisível (Cl.1.15). Deus é um ser
que nenhum dos homens viu nem pode ver (1ª Tm.6.16).
Assim como é verdade que a matéria não possui em si mesma o pensamento, a razão, a
ciência e o poder de movimento, também é verdade que existe o Autor, o Criador, o
Sustentáculo de todas as coisas. Reconhecemos que um Ser cuja natureza é puramente espiritual
é algo maravilhoso demais para nós. Mas quando pensamos na imensidão e na majestade de

22
O relativismo é a recusa de qualquer proposição filosófica ou ética de valor universal e absoluto. Tudo o que
se diga ou faça é relativo ao lugar, à época e demais circunstâncias nas quais o homem se encontra. No setor da
filosofia não se poderia falar da verdade ou erro-falsidade, como na área da Moral não se poderia apregoar o bem
a realizar e o mal a evitar. O homem (indivíduo) seria a medida de todas as coisas, como já dizia o filósofo grego
Protágoras. Em consequência o comportamento do homem ignora a lei natural, que é a lei de Deus incutida a todo
ser humano desde que ele dispõe do uso da razão; da mesma forma a sociedade só conhece e respeita as leis que
os seus governantes lhe propõem sem questionar a consonância dessas leis (ditas “positivas”) com a lei do Criador:
por conseguinte, se as leis dos governantes legalizam o aborto, a clonagem, o antissemitismo, etc. a população lhes
obedece, não levando em conta que, antes da palavra do legislador humano, existe a do Legislador Divino, que é
a mesma para todos.
35
Seu domínio, podemos somente concluir que Deus é um Espírito puro, infinito e sem origem.
Portanto, assim como é certo que Deus existe, certo é também que a espiritualidade é um de
Seus atributos essenciais.

2.3) Unicidade
A Bíblia nos legou um Deus único e incomparável, o verdadeiro. Não há outro Deus
além do nosso: “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt.6.4); “Para nós há um só Deus,
o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos” (1ª Co.8.6).

2.4) Triunidade
A natureza divina é uma unidade de três pessoas. Mas como Deus pode ser uno e trino
ao mesmo tempo? A palavra trindade não se encontra no texto bíblico, no entanto, a doutrina
da Trindade está revelada de forma clara na Palavra de Deus. O nosso Deus é uno, mas também
trinitário, um único Deus que se manifesta em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito
Santo. Eles são iguais em substância, porém diferentes em funções que exercem.
H. Wayne House relaciona os elementos essenciais da Trindade:

 Deus é um.
 Cada uma das pessoas da Deidade é divina.
 A unidade de Deus e a trindade de Deus não são contraditórias.
 A Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é eterna.
 Cada uma das pessoas de Deus tem a mesma essência e não é inferior ou superior às
outras essências (House, 1999, p.56).

Segundo Boyce, em seu livro Fundamentos da Fé Cristã, o que está nas Escrituras a
respeito da Trindade podem ser resumidos em cinco proposições:

 Há um só Deus, vivo e verdadeiro, que existe em três pessoas: Deus-Pai, Deus-Filho e


Deus-Espírito Santo.
 Jesus Cristo é totalmente divino, sendo a segunda pessoa da Trindade, que se fez homem
e habitou entre nós.
 O Espírito Santo é totalmente divino. Foi o Senhor Jesus Cristo quem de forma mais
clara descreveu o ministério do Espírito Santo com Seu próprio ministério (Jo.
14.16,17).
 Embora todas as pessoas da Trindade tenham atributos divinos comuns, elas têm papéis
diferentes na salvação do homem.
 Na obra de Deus, as pessoas da Trindade trabalham juntas (Boyce, 2001, p.100, 101).

Em face do que conhecemos, a Trindade é um mistério. A Bíblia nos permite vislumbrar


esse atributo divino, porém não nos revela o suficiente pra que o possamos compreender em
sua totalidade. Podemos apenas aceitar de maneira reverente o que nos foi revelado.

2.5) Eternidade
Quando Deus começou a existir? A resposta é: nunca. Ele sempre existiu, pois é
autoexistente. O conceito de eternidade se prende a dois polos. Primeiro: um ser é eterno porque
não teve início (Sl.90.2). Segundo: um ser é eterno porque a sua existência jamais findará
(Sl.102.27). A eternidade de Deus consiste em que Ele não teve princípio nem terá fim. Ele é a
Causa Primeira, o Ser Não Causado. Essa é a Sua natureza, expressa na declaração Dele próprio:
“Eu sou o que sou” (Ex.3.14).
36
2.6) Imutabilidade
O Universo está em constante transição, e o ser humano precisa estar sempre mudando.
Isso é uma necessidade, pois de outra forma não seria possível desenvolver o conhecimento
nem formar o caráter. Deus, no entanto, não precisa de complementos. Ele é perfeito, por isso
Nele “não há mudança, nem sombra de variação” (Tg.1.17).
J. Rodman Williams explica que “Deus é Rocha. Ele não flutua de um acontecimento
para o outro. Há constância e estabilidade em tudo o que Ele é e faz. Assim Ele não está
evoluindo de um estágio para outro. Não há movimento de alguma natureza ‘primordial’ para
uma natureza ‘resultante’ em nenhum aspecto de Seu ser. Deus não é um Deus em formação,
um Deus em crescimento” (WILLIAMS, 2011, p. 50). Ele não pode aprender porque é perfeito.
Por isso, Nele não há mudança nem sombra de variação. O fato de Deus ser imutável dá
segurança sobre Seus ensinos e Seus julgamentos.

2.7) Onipotência
A onipotência de Deus se define por Seu incomensurável poder: Ele pode tudo, e nada
pode limitá-lo (Is.14.27). É bem conhecido o questionamento filosófico: “Deus seria capaz de
criar uma rocha tão grande que Ele mesmo não pudesse carregar? Em qualquer situação, não
conseguindo criá-la ou carregá-la, ficaria demonstrado que Ele não é todo-poderoso”.
Podemos encontrar uma resposta em Eduardo Joiner, que define a onipotência como “o
poder de fazer tudo que Lhe apraz [a Deus] e que não seja contrário a Sua natureza” (JOINER,
2004, p.61). Isso significa que Deus pode fazer tudo que deseja (Sl.135.6), porém nenhum
de Seus atos pode contradizer Sua natureza. Longe de evidenciar uma limitação, esse fato
destaca a excelência da natureza divina.

2.8) Onipresença
O Deus onipresente está em todos os lugares ao mesmo tempo. Assim, não há lugar no
Universo que possa estar fora de Seu alcance. Esse atributo é expresso de maneira vívida nas
palavras do salmista: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua
presença? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás
também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me
guiará e a tua destra me susterá” (Sl.139.7-10).
O texto destaca os dois extremos desse atributo divino: não há lugar no Universo para
onde se possa fugir de Deus, mas também não há lugar que esteja fora do alcance de Seu
cuidado.

2.9) Onisciência
É o conhecimento que Deus tem de todas as coisas: “Não há criatura alguma encoberta
diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos
de tratar” (Hb.4.13; Sl.139.1-4; Is.40.28).
Esse atributo implica também o conhecimento que Deus tem de si próprio, daí a
declaração de Jesus: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão
o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt.11.27). Mesmo que Deus revele algo
mais de si mesmo a alguém, esse conhecimento, naturalmente, será também limitado (1ª
Co.2.11).
A onisciência de Deus, do ponto de vista humano (porque todos os fatos são conhecidos
por Ele de forma simultânea), também inclui o conhecimento pleno do futuro como o próprio
Deus declara: “Anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda
não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is.46.10).

37
3) ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS
Os atributos morais de Deus, como o nome indica, são qualidades morais necessárias à
essência divina. Destacamos aqui quatro desses atributos.

3.1) Santidade
Esse é o principal atributo pelo qual Deus deseja ser conhecido (Lv.11.44,45; 1ª
Pe.1.15,16). Sua santidade é o que o distingue como absolutamente separado de Suas criaturas
e exaltado sobre elas, sendo igualmente separado da iniquidade moral e do pecado. Essa
qualidade do Senhor nos assegura a impossibilidade de que venha a cometer erros, pecados ou
equívocos (1ª Sm.2.2; Sl.5.4).
O atributo em comento quer trata da pureza perfeita e retidão absoluta da natureza de
Deus. Numerosas e bem explícitas são as passagens bíblicas a respeito desse assunto, por
exemplo Sl.22.3; Hc.1.13; Jó 25.5; Is.6.3; Sl.71.22; Ap.4.8, 15.4.
Essa santidade em Deus significa a posse, em grau absoluto, de todo o princípio da
excelência moral, e a exclusão de todo o mal. Ele é “a luz e não há nele treva alguma” (1ª
Jo.1.5). Santidade absoluta é inerente à natureza divina, tanto que Deus não pode sancionar,
aprovar ou olhar para o mal sem aversão, pois de outro modo deixaria de ser Deus. Deus só
pode querer ou aprovar o que está acordo com Suas próprias perfeições, com Sua retidão infinita
e Sua justiça imutável. Os princípios de retidão moral são tão eternos e imutáveis como são as
perfeições divinas. O fundamento de todas as suas perfeições é o próprio Deus. Elas não podem
ser tiradas Dele, nem podem pertencer a qualquer entidade criada no grande universo.
Não se deve considerar a santidade de Deus como um atributo entre outros, mas antes
como um termo geral representando a concepção de Sua perfeição absoluta e glória total. Sua
santidade é a Sua infinita perfeição moral coroando a Sua inteligência e poder infinitos.
Santidade é um atributo de Deus que se apresenta três vezes num mesmo versículo (Is.6,3;
Ap.4.8), para dar ênfase ao quão santo Deus é.

3.2) Amor
O amor é a essência de Deus, por isso João disse que Deus é amor (1ª Jo.4.8). Ele ama
a humanidade, e a maior prova disso foi o sacrifício de Seu Filho, descrito pelo apóstolo João:
“Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao
mundo, para vivermos por meio dele” (1ª Jo.4.9; Jo.3.16; 2ª Co.13.11; Ef.2.4,5).
O amor faz parte do fruto do Espírito (Gl.5.22), sendo o caminho que o cristão deve
trilhar (1ª Co.12.31-13.13). A vida cristã é alicerçada no amor, e o amor é o segredo da boa
convivência entre irmãos (Ef.17; 4.2).

3.3) Bondade
A natureza de Deus é benigna, como o salmista pôde comprovar: “Provai e vede que o
Senhor é bom” (Sl.34.8). O profeta Zacarias também estava ciente desse aspecto do caráter de
Deus: “Quão grande é a sua bondade!” (Zc.9.17).
Esse atributo está intimamente ligado à misericórdia de Deus, porque o Senhor é bom,
e eterna, a sua misericórdia (Sl.100.5; Sl.145.8,9). Só um Deus bondoso poderia demonstrar
misericórdia ao homem pecador.

3.4) Justiça
Os textos bíblicos referenciados a seguir são alguns dos que demonstram ser a justiça
um dos atributos de Deus: Jó 8.3; Sl.89.14; Is.45.21; Sf.3.5; Rm.3.26; Ap.15.3.

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O atributo da justiça de Deus é a expressão da santidade em ação, ou a disposição para
dar a cada um segundo a sua obra. A justiça divina pode ser considerada como legislativa e
judicial.
 Justiça legislativa, prescreve o que é bom e proíbe o que é mau, anunciando ao mesmo
tempo qual será a recompensa tanto de um como de outro.
 Justiça judicial aplica-se à conduta de entes racionais: chama-se de recompensadora
quando refere-se ao galardão dos obedientes, e o vingativa quando refere-se ao castigo
aos desobedientes.
A justiça recompensadora ao justo não é por débito, mas por graça. Seremos
recompensados não por causa das nossas obras. Neste sentido diz o apóstolo: “Porque Deus
não é injusto para esquecer das vossas obras e do trabalho de caridade” (Hb.6.10). E o Senhor
Jesus acrescenta: “O meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo as suas obras”
(Ap.22.12). A justiça vingativa, como em toda administração divina, será administrada segundo
os princípios da justiça restrita, porque segundo a obra do homem, lhe será pago. “Deus não
procede impiamente; nem o Todo-poderoso perverte o juízo” (Jó.34.11,12).
Finalmente, a justiça de Deus é administrada com imparcialidade. É verdade que na
distribuição das bênçãos temporais, há muitas vezes desigualdade nos quinhões proporcionados
às diferentes nações e indivíduos pela providência divina. Mas realiza-se um ajustamento
completo neste assunto pela aplicação da máxima do Salvador: “E a qualquer que muito lhe
for dado, muito se lhe pedirá” (Lc.12.48). Muito antes foi dito por Abraão: “Não faria justiça
o juiz de toda terra?” (Gn.18.25). As recompensas do Grande Dia darão a resposta satisfatória
a esta questão diante dos povos reunidos.
CONCLUSÃO
Percebemos ao longo da presente lição que muitas são as concepções erradas sobre
Deus. Explanamos, de forma resumida, algumas dessas ideias erradas. Somadas a estas, existem
muitas seitas, que se autoproclamam igrejas, difundindo ventos de doutrina sobre a Pessoa de
Deus e Sua Palavra. Portanto, o verdadeiro discípulo de Cristo precisa dedicar tempo a
meditação nas Escrituras para não ser levado pelo engodo doutrinário apregoado por muitos.
Isto é possível com disciplina e, a medida que conhecemos o Criador e Seus atributos naturais
e morais, cada vez mais nos pareceremos com Ele.
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO:
1) CITE E EXPLIQUE PELO MENOS 03 DAS CONCEPÇÕES ERRADAS SOBRE
DEUS QUE FORAM ABORDADAS NA LIÇÃO DE HOJE. Resposta pessoal.

2) DIFERENCIE, DANDO EXEMPLOS, OS ATRIBUTOS NATURAIS DOS


ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS. Resposta pessoal.

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IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
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LIÇÃO 05: DOUTRINA DE CRISTO (CRISTOLOGIA)


Ir. Atália da Costa Rebouças

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


 TENTAR apresentar uma definição sobre a natureza de Jesus, Sua Pessoa e Obra.
 APRENDER, a luz a da Bíblia, sobre a revelação, a encarnação, a humanidade, a
divindade, a morte, a ressurreição e a ascensão ao céu do Senhor Jesus.

TEXTOS-BASE:
 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada
do que foi feito se fez” (Jo.1.1-3).
 “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de
todas as coisas, e por quem fez também o mundo; sendo ele o resplendor da sua glória
e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade nas alturas, feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais
excelente nome do que eles” (Hb.1.1-4).

INTRODUÇÃO
A Doutrina de Cristo ou Cristologia é o estudo da vida de Jesus com vistas a definir a
Sua Pessoa e Sua obra. Com relação a Sua pessoa, procura entender a Sua divindade no que diz
respeito ao papel que desempenhou desde a eternidade e o período do AT até encarnação. A
cristologia também estuda a obra de Jesus porque a nossa salvação ou perdição depende de
crermos ou não no Cristo crucificado (Jo.8.24; 1ª Co.2.2). A palavra Cristo vem do grego
“Christos” e significa “o ungido”. Este nome é geralmente aplicado a Jesus de Nazaré, o
Salvador do mundo e fundador do cristianismo.
Podemos resumir da seguinte maneira o ensino bíblico acerca da pessoa de Cristo:
“Jesus Cristo foi plenamente Deus, plenamente homem em uma só pessoa e assim o será para
sempre”.

1) A REVELAÇÃO DE DEUS
“As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus, porém as reveladas são para nós
e para nossos filhos para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt.29.29).
O que significa revelação? Por revelação queremos dizer que é o ato de Deus através
do qual Ele se descobre ou comunica a verdade a mente humana; a revelação é o modo pelo
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qual Deus torna manifesto as Suas criaturas aquilo que não poderia ser conhecido de outro
modo.
Cristo é o centro da história e da revelação de Deus como demonstra o escritor sagrado
em Hb.1.1-3. Paulo o descreve como a imagem do Deus invisível (Cl.1.15) e afirma, inspirado
por Deus, que Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl.2.9). Outros textos
sobre o assunto estão em Mt.11.27 e Jo.1.18. João nos informou que o próprio Jesus disse:
“Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo.14.9). Consequentemente, a igreja desde o princípio vê em
Cristo a suprema revelação do Pai.
Em Cristo temos uma tríplice revelação de Deus: A revelação de Sua existência, de Sua
natureza e de Sua vontade. Ele é a melhor prova da existência de Deus, pois viveu a vida divina
entre os homens. Ele não tinha apenas a mera coincidência suprema da presença do Pai em sua
vida, Ele estava em comunhão constante com Ele (Jo.8.18, 28,29; 11.41; 12.28). Mas, mostrou
por Suas reivindicações (Jo.3.58; 17.5), Sua vida impecável (Jo.8.46), Seu ensino (Mt.7.28, 29;
Jo.7.46), Suas obras (Jo.5.36; 10.37,38; 15.24), Seus ofícios e prerrogativas (Mt.9.2-6; Jo.5.22,
25,28) e Suas relações com o Pai (Mt.28.19; Jo.10.38) que Ele mesmo era Deus.
Jesus revelou a santidade absoluta de Deus (Jo.17.11,25), o profundo amor de Deus
(Jo.3.14-16), a paternidade de Deus aos crentes verdadeiros (Mt.6.32; 7.11; Jo.8.41-44; 16.27)
e a natureza espiritual de Deus (Jo.4.19-26). Revelou também a vontade de Deus que todos
deveriam arrepender-se (Lc.13.1-5), crer Nele (Jo.6.28,29), tornar-se perfeitos como o Pai é
perfeito (Mt.5.48) e que os crentes devem levar o Evangelho a todo o mundo (Mt.28.19,20). A
revelação de Deus em Cristo é o mais profundo fato da história e merece a mais cuidadosa
consideração.

2) A ENCARNAÇÃO
A palavra encarnação não pode ser encontrada na Bíblia, por mais que a procuremos.
Entretanto, essa doutrina ocupa lugar significativo nas Escrituras, pois afirma a realidade de
Deus ter enviado seu único filho ao mundo para nascer e viver com homem e, no epílogo de
sua existência terrena, morrer na cruz. Tal fato, portanto, prefigura o sacrifício perfeito para
redenção da humanidade.
Jesus não poderia ter desenvolvido Sua missão se não tivesse nascido neste mundo, mas,
quais foram os motivos de sua encarnação? Aprendamos a seguir.

2.1) Demonstrar o amor divino pela humanidade caída (Rm.5.8; Jo.3.16; 4.9)
“Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda
pecadores” (Rm.5.8).
Deus não apenas provou e evidenciou o Seu amor, mas, o magnificou e o tornou ilustre.
Isso não só põe o Seu amor acima de qualquer discussão como o torna objeto da maior
maravilha e admiração.
Quando o Ap. Paulo diz “sendo nós ainda pecadores”, isso implica que não seremos
sempre pecadores, e que haverá uma mudança, porque Ele morreu para nos salvar, não em
nossos pecados, mas, de nossos pecados. Cristo morreu por nós: nem justos e nem bons. Éramos
culpados e detestáveis, não só de forma que não haveria qualquer perda se perecêssemos, mas,
de forma que tal destruição fosse grandemente redundar para glória da justiça de Deus, pois
éramos criminosos que merecíamos morrer.

2.2) Revelar o Pai à humanidade (Jo.1.18; Hb.1.1)


“Deus nunca foi visto por alguém. O filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez
conhecer” (Jo.1.18).

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Jesus declarou Deus para nós; nenhum homem o tinha visto em tempo algum. Ele é o
filho unigênito e quem melhor para conhecer o Pai do que o filho ou onde o Pai é mais bem
conhecido do que em seu filho?
Ele é o seio do Pai; está no seio do seu amor especial, querido e sob seu agrado. Não
havia ninguém mais apto para se fazer conhecer a Deus, pois ninguém conhecia sua mente como
ele.

2.3) Cumprir as promessas de Sua vinda como homem (Is.9.6; Gn.3.15; Mq.5.2;
Rm.15.8, 9)
“Um menino nos nasceu, um filho se nos Deus; e o principado está sobre os seus
ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe
da Paz” (Is.9.6).
Podemos contemplar Jesus de duas formas nesse versículo: em Sua humilhação, o
mesmo Deus poderoso é uma criança a nascer. Em sua exaltação: esta criança, este filho de
Deus, este filho do homem, recebe a maior honra e o maior poder. Ele será chamado
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Seu povo o
conhecerá e o adorará com esses nomes. Ele é a sabedoria do Pai, Ele é o Poderoso Deus. Como
Rei, Ele é a nossa paz!

2.4) Salvar o pecador (Mt.1.21; Is.53.4-5; 1ª Co.15.3,4)


“Ela (Maria) dará à luz a um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o
seu povo dos seus pecados” (Mt.1.21).
Cristo veio salvar o Seu povo, não em seus pecados, mas, de seus pecados; para comprar
para eles não a liberdade de pecar, mas, a libertação dos pecados; para redimi-los de toda
iniquidade e para redimi-los dentre os homens para Ele, que é completamente separado do
pecado.

2.5) Resgatar-nos e tornar-nos filhos e herdeiros de Deus (Gl.4.4-7; Mc.10.45)


“Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho, nascido de mulher, nascido sob
a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E,
porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o espírito de seu filho, que clama: ‘Aba,
Pai’. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por
Cristo” (Gl.4.4-7).
Não estamos mais debaixo da servidão da Lei, mas ao crer em Cristo, tornamo-nos filhos
de Deus, aceitos por Ele, adotados por Ele e, como filhos, somos também herdeiros de Deus e
temos direito à herança celestial. O grande privilégio que os fiéis tem em Cristo é serem filhos
adotivos do Deus dos céus. Nós, que por natureza somos filhos da ira e da desobediência,
tornamo-nos pela graça filhos do amor.

2.6) Vencer o diabo e destruir o pecado (Hb.9.26b; Cl.2.15)


“Para isto o filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1ª Jo.3.8)
“Agora na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado
pelo sacrifício de si mesmo” (Hb.9.26b).
O Evangelho é a última dispensação da graça de Deus aos homens. Os sacrifícios legais
não poderiam por si só aniquilar o pecado, nem obter o perdão pelo mesmo, nem tinha poder
contra ele. O pecado ainda seria lançado sobre nós e teria domínio sobre nós, mas, Jesus Cristo,
pelo único sacrifício produziu o fim do pecado. Ele destruiu as obras do diabo.

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2.7) Mostrar com sua própria vida o padrão de santidade a ser seguido por nós (1ª
Pe.2.21; 1ª Jo.2.6)
“Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para sigais as suas pisadas” (1ª
Pe.2.21).
Jesus Cristo sofreu por nós. Não foi o Pai quem sofreu, mas aquele a quem o Pai
santificou e enviou ao mundo para esse fim. Foi tanto o corpo quanto a alma de Cristo que
sofreram e Ele sofreu por nós, em nosso lugar, para o nosso bem.

3) A HUMANIDADE DE JESUS
Discutiremos a humanidade de Cristo, depois Sua divindade e, em seguida, tentaremos
mostrar como a divindade e a humanidade de Jesus unem-se na única pessoa de Cristo.

3.1) O nascimento virginal.


Quando falamos na humanidade Cristo, convém iniciar com uma consideração do
nascimento virginal de Cristo. As Escrituras afirmam claramente que Jesus foi concebido no
ventre de sua mãe Maria, por obra miraculosa do Espírito Santo e sem um pai humano.
“Ora, o nascimento de Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José,
sem que tivessem antes coabitado, achou-se gravida pelo Espírito Santo” (Mt.1.18). Logo
depois, um anjo do Senhor disse a José: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua
mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt.1.20). Então, lemos que José
fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu
enquanto ela não deu a luz ao filho, a quem pôs o nome de Jesus (Mt.1.24,25).
O mesmo fato é afirmado no Evangelho segundo Lucas, onde lemos sobre a aparição
do anjo Gabriel a Maria. Depois que o anjo disse a ela que teria um filho, Maria perguntou:
“Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?”. O anjo a respondeu: “Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado filho de Deus” (Lc.1.35).

3.1.1) Mas, por que Jesus não herdou a natureza pecaminosa de Maria?
A Igreja Católica Romana responde a essa pergunta ao afirmar que Maria era isenta de
pecado, mas, as Escrituras não ensinam isso em parte alguma e, de qualquer maneira, isso ainda
não resolveria o problema. A melhor resposta é dizer que a obra do Espírito Santo em Maria
deve ter evitado não só a transmissão do pecado de José (pois Jesus não teve pai humano), mas
também, de maneira miraculosa a transmissão do pecado de Maria: “Descerá sobre ti o Espírito
Santo (...)”. Qualquer um que afirme que o nascimento virginal de Jesus é algo impossível só
está confessando a própria incredulidade no Deus da Bíblia. Para compreendermos de modo
correto o ensino bíblico sobre a pessoa de Cristo é essencial começarmos com a afirmação dessa
doutrina.

3.2) Fraquezas e limitações humanas.


3.2.1) Jesus possuía um corpo humano.
O fato de que Jesus possuía um corpo humano exatamente como o nosso é visto em
muitas passagens das Escrituras. Ele nasceu assim como nascem todos os bebês humanos
(Lc.2.7). Ele passou da infância para a maturidade como qualquer ser humano: “crescia o
menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”
(Lc.2.40). Lucas ainda nos diz que “crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de
Deus e diante dos homens” (Lc.2.52).
Jesus ficava cansado como qualquer um de nós, pois lemos que “cansado da viagem,
assentava-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta” em Samaria (Jo.4.6). Jesus tinha

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sede, pois quando estava na cruz disse “tenho sede” (Jo.19.28). Depois de jejuar por quarenta
dias no deserto, lemos que “teve fome” (Mt.4.2). Às vezes, Jesus ficava fisicamente fraco,
pois durante sua tentação no deserto jejuou quarenta dias. Naquele momento “vieram os anjos
e o serviram” (Mt.4.11) aparentemente para cuidar Dele e lhe fornecer alimento até que
recuperasse força suficiente para sair do deserto.
Quando Jesus estava caminhando para a crucificação, os soldados forçaram Simão
Cirineu a carregar Sua cruz (Lc.23.26), mais precisamente porque Jesus estava tão fraco depois
dos açoites que havia recebido, que não tinha forças suficientes para carrega-la por si só. O auge
das limitações de Jesus quanto ao seu corpo humano é visto quando ele morreu sobre a cruz
(Lc.23.46). Seu corpo humano deixou de portar Sua vida e parou de funcionar, tal qual ocorre
com o nosso corpo quando morremos.
Jesus também ressuscitou dos mortos num corpo humano, físico, ainda que aperfeiçoado
e já não sujeito a fraqueza, enfermidade ou morte. Ele demonstrou várias vezes aos discípulos
que possuía, de fato, um corpo real. Ele disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou
eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne e ossos como vede que eu
tenho” (Lc.24.39). Outro indício desse fato é que “lhe apresentaram um pedaço de peixe
assado e Ele comeu na presença deles” (Lc.24.42; Jo.20.17; 21.9,13).

3.2.2) Jesus possuía uma mente humana.


O fato de Jesus ter crescido em sabedoria significava que Ele passou por um processo
de aprendizado assim como acontece com todas as outras crianças: aprender a comer, a falar, a
ler e a escrever, bem como ser obediente aos pais (Hb.5.8). Esse processo de aprendizado fazia
parte da genuína humanidade de Cristo.

3.2.3) Jesus possuía alma humana e emoções humanas.


Logo antes a Sua crucificação, Ele disse: “Agora, está angustiada a minha alma”
(Jo.12.27). João escreve um pouco depois: “Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em Espírito”
(Jo.13.21).
Além disso, antes da crucificação, percebendo o sofrimento que enfrentaria, Jesus disse:
“A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt.26.38); tamanha a aflição que sentia
a ponto de parecer que, caso se intensificasse um pouco mais, lhe roubaria a vida.
Jesus experimentou uma sucessão de emoções humanas. Ele “admirou-se” com a fé do
centurião (Mt.8.10); chorou de tristeza com a morte de Lázaro (Jo.11.35) e orou com um
coração repleto de emoção, pois ofereceu “com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a
quem podia livrar da morte” e foi “ouvido por causa da piedade” (Hb.5.7).
A completa ausência de pecado na vida de Jesus é ainda mais notável pelas tentações
severas que enfrentou, não só no deserto, mas, durante toda a vida. O autor de Hebreus afirma
que Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb.4.15).
O fato de ter enfrentado tentações significa que possuía natureza genuinamente humana a qual
podia ser tentada, pois as Escrituras são claras em nos dizer que “Deus não pode ser tentado
pelo mal” (Tg.1.13).

3.3) A Impecabilidade.
Ainda que o NT seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano, o mesmo
também afirma que Jesus era diferente em um aspecto muito importante: Ele nasceu isento de
pecado e jamais cometeu qualquer iniquidade durante sua vida. Alguns dizem que se Jesus não
pecou então não era verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas, os que
fazem tal objeção não percebem que os seres humanos estão agora numa situação anormal.
Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos.

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3.3.1) Jesus poderia ter pecado?
Alguns defendem a impecabilidade de Cristo entendendo por impecável “não sujeito a
pecar”. Outros objetam que se Jesus não fosse capaz de pecar, Suas tentações não teriam sido
reais, pois como uma tentação seria real, se a pessoa que estivesse sendo tentada não fosse
mesmo capaz de pecar? Para responder a essa pergunta precisamos distinguir, por um lado, o
que as Escrituras afirmar claramente e, por outro, o que é mais uma dedução da nossa parte.
Vejamos algumas ponderações a respeito desta temática:

 As Escrituras afirmam claramente que Cristo, de fato, jamais pecou. Não deve haver
nenhuma dúvida em nossa mente a esse respeito.
 As Escrituras também afirmam que Jesus foi tentado e que as tentações foram reais
(Lc.4.2). Se cremos na Bíblia, precisamos insistir que Cristo foi “tentado em todas as
coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb.4.15). Se nossa especulação sobre
essa questão de Cristo poder ou não ter pecado leva-nos a dizer que Ele não foi
verdadeiramente tentado, então chegamos a uma conclusão errada, a uma conclusão que
contradiz a própria Escritura.
 Também precisamos reafirmar tal qual registra as Escrituras que “Deus não pode ser
tentado pelo mal” (Tg.1.13). Se Jesus como pessoa tivesse pecado, implicando tanto a
natureza humana como a divina no pecado, então o próprio Deus teria pecado e teria
deixado de ser Deus. Mas, é claro que isso é impossível por causa da santidade infinita
da natureza de Deus. Assim, se perguntarmos se de fato era possível Jesus pecar,
precisamos concluir que isso não era possível. A união de sua natureza humana e divina
em uma pessoa a impediu de pecar.

3.4) Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano?
Quando João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético,
segundo o qual Jesus não era homem. Esta heresia tornou-se conhecida como docentismo 23.
Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João podia dizer que se
tratava de uma doutrina do anticristo: “Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: todo espírito
que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a
Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo” (1ª Jo.4.2,3). O
apóstolo João entendia que negar a verdadeira humanidade de Jesus era negar um fato bem
central do Cristianismo, de modo que ninguém que negasse que Jesus veio em carne era enviado
por Deus.
Quando examinamos o NT, vemos vários motivos pelos quais Jesus tinha de ser
plenamente humano para ser o Messias e obter nossa salvação. Vamos listar aqui sete razões:

1) Para possibilitar uma obediência representativa: Jesus era nosso representante e


obedeceu em nosso lugar, naquilo em que Adão falhou e desobedeceu.
2) Para ser um sacrifício substitutivo: Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia
ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus
nos diz: “Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência
de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas
referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb.2.16,17).

23
Docentismo é uma antiga heresia que permeou o mundo cristão, surgida no século I, que negava a completa
natureza humana de Jesus e, por conseguinte, a realidade dos Seus sofrimentos e morte. Em outras palavras, Jesus
apenas “parecia” ser Deus totalmente encarnado. Para os docentistas Jesus era como se fosse um fantasma. Um
bom exemplo de tentativa para combater esta heresia está em 1ª João 1.1-4; 4.1-3.
45
3) Para ser o único mediador entre Deus e os homens: Estávamos apartados de Deus
por causa do pecado. Necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós,
para nos reconciliarmos com Ele. Precisávamos de um mediador que pudesse nos
representar diante de Deus e que, ao mesmo tempo, representasse Deus para nós. Só
uma pessoa preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só mediador
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1ª Tm.2.5). Para cumprir essa
função de mediador, Jesus tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus.
4) Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação: Deus
colocou o ser humano sobre a terra, enquanto representante divino, para subjugá-la
e dominá-la. Contudo, o homem não cumpriu esse propósito, pois caiu em pecado.
5) Para ser nosso exemplo e padrão de vida: João afirma que “aquele que diz que
permanece Nele, esse deve andar assim com Ele andou” (1ª Jo.2.6), e nos lembra
de que “quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele”. Essa esperança de
futura conformidade com o caráter de Cristo confere mesmo agora a pureza moral
cada vez maior à nossa vida (1ª Jo.3.2,3). Paulo nos diz que estamos continuamente
sendo “transformados na sua própria imagem” (2ª Co.3.18), avançando, assim,
para o alvo para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à imagem de seu filho”
(Rm.8.29). Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de considerar o
exemplo de Cristo: “Pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos
exemplo para seguirdes os seus passos” (1ª Pe.2.21). Em toda nossa vida cristã
devemos correr a carreira colocada diante de nós, “olhando firmemente para o autor
e consumador da fé, Jesus” (Hb.12.2).
6) Para ser o padrão de nosso corpo redimido: Paulo nos diz que quando Jesus
ressuscitou dos mortos, Ele o fez num novo corpo (1ª Co.15.42-44). Esse novo corpo
ressurreto de Jesus é o padrão/modelo do que teremos quando também
ressuscitarmos, pois Cristo é “as primícias 24” (1ª Co.15.23). Temos agora um corpo
físico como o de Adão depois da desobediência, mas teremos um corpo como o de
Cristo: “(...) assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos também
trazer a imagem do celestial” (1ª Co.15.49). Jesus tinha de ser ressuscitado como
homem para ser o “primogênito de entre os mortos” (Cl.1.18), o padrão para o corpo
que teremos no futuro.
7) Para compadecer-se como Sumo Sacerdote: O autor de Hebreus nos lembra de
que “naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer
os que são tentados” (Hb.2.18; 4.15,16). Se Jesus não tivesse existido na condição
de homem, não teria sido capaz de conhecer por experiência própria o que sofremos
em nossas tentações e lutas nesta vida. Mas, por ter vivido como homem, Ele é capaz
de compadecer-se mais plenamente de nós em nossas experiências.

4) A DIVINDADE DE JESUS
Temos provado pelas Escrituras Sagradas que Jesus Cristo é verdadeiramente homem.
Agora veremos que Ele também é verdadeiramente Deus. Trata-se de uma doutrina totalmente
bíblica, como veremos a seguir.
Embora a palavra não ocorra de maneira explícita na Bíblia, a Igreja tem empregado o
termo “encarnação” para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A
encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza humana.
A comparação bíblica da divindade de Cristo é bem ampla no NT. Vamos examiná-la
sob algumas categorias.

24
Neste caso, “primícias” é uma metáfora utilizada por Paulo para comparar Cristo a primeira amostra da colheita,
o que demonstra como será o fruto daquela colheita.
46
4.1) Alegações bíblicas diretas
Examinaremos declarações diretas da Bíblia de que Jesus é Deus ou de que é divino.

4.1.1) A palavra Deus (theos) atribuída a Cristo


Apesar de a palavra theos, “Deus”, ser em geral reservada no NT para Deus Pai, há
algumas passagens em que é também empregada em referência a Jesus. Em todos esses trechos
onde isso ocorre, a palavra “Deus” é empregada com um sentido denso em referência àquele
que é criador do céu e da terra, o governante de tudo. A título de exemplo, temos as seguintes
passagens: Jo.1.1; 1.18; 20.28; Rm.9.5; Tt.2.13; Hb.1.8 (citando Sl.45.6) e 2ª Pe.1.1.

4.1.2) A palavra Senhor (kyrios) atribuída a Cristo


Ás vezes a palavra Senhor (gr. kyrios) é empregada simplesmente como tratamento
respeitoso dispensado a um superior (Mt.13.27; 21.30; 27.63; Jo.4.11). Outras vezes pode
simplesmente significar “patrão” de um servo ou escravo (Mt.6.24; 21.40). Ainda assim, a
mesma palavra é também empregada na Septuaginta como uma tradução do hebraico yhwh,
“Javé”, ou “O Senhor” (conforme traduzido com frequência) ou “Jeová”. A palavra kyrios é
empregada para traduzir o nome do Senhor 6.814 (seis mil oitocentas e quatorze) vezes no AT
grego.
Há muitos casos no NT em que “Senhor” é empregado em referência a Cristo. Esse
emprego da palavra “Senhor” é bem contundente na palavra do anjo aos pastores de Belém:
“(...) hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc.2.11).
Embora essas palavras nos sejam familiares pela leitura frequente da história de Natal,
precisamos perceber como seria surpreendente para qualquer judeu do primeiro século ouvir
que algum recém-nascido era o “Cristo” ou “Messias” e, além disso, que esse Messias era
também “o Senhor” – ou seja, o próprio Senhor Deus!
O significado surpreendente da declaração do anjo, que os pastores tiveram dificuldade
em acreditar, equivalia, em essência, a dizer: “Hoje em Belém, nasceu uma criança que é vosso
Salvador e vosso Messias e também é o próprio Deus”. Não é de estranhar que “todos os que
ouviram se admiravam das coisas referidas pelos pastores”.

4.2) Sinais de que Jesus possuía atributos de divindade


Além das afirmações da divindade de Jesus vistas nas passagens já citadas até aqui,
vemos muitos exemplos de atos na vida de Jesus que indicam seu caráter divino. Basta
rememorar que, tanto os atributos morais quanto os naturais do Pai25 foram manifestos no Filho.

5) A NATUREZA DIVINO-HUMANA DE JESUS


Quando chegamos ao estudo deste assunto, penetramos em um domínio de profundo
mistério. Como pode haver duas naturezas e, mesmo assim, só uma pessoa? Encontramos
dificuldade em responder a essa pergunta.
As Escrituras nos encorajam a considerar o mistério de Deus, Cristo (Cl.2.2,3), e Jesus
indica que um verdadeiro conhecimento Dele é possível através da revelação divina (Mt.11.27).
O estudo da pessoa de Cristo é tão difícil porque neste aspecto não há outro ser como Ele e,
portanto, não podemos raciocinar do conhecido para o desconhecido.

5.1) A prova de Sua união


Se a divindade e a humanidade estivessem misturadas e confundidas no Senhor, em tal
caso Ele teria sido um ser composto, nem Deus, nem homem. Mas, a Ele nada faltava, nem à
Sua humanidade, nem à Sua divindade. Ele é Cristo: o verbo encarnado.
25
Para maiores informações, ver os tópicos 02 e 03 da lição de número 04 “A Doutrina de Deus”.
47
Este dois princípios, ou seja, estas duas naturezas se auto complementam, e a unidade
de ambas em uma só pessoa é a chave para entendermos a doutrina neotestamentária de que o
Senhor Jesus é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Os céticos26 perguntam: Se Jesus Cristo fosse verdadeiro Deus, como podia Ele nascer
e morrer? Como podia Ele crescer em sabedoria e estatura? Como podia Ele ser sujeito à Lei?
Como podia ser tentado? Como precisou de oração? Como a Sua alma poderia ficar cheia de
tristeza até a morte? Como poderia ser abandonado pelo Seu próprio Pai? Como poderia remir
a igreja com Seu próprio sangue? A resposta para estas questões é uma só: Ele também foi
homem.
Por outro lado, causa admiração que um homem comum pudesse curar doenças com a
Sua vontade, e sem apelar a qualquer poder mais alto, como Cristo fez muitas vezes. Acalmar
os ventos e as ondas, prever Sua própria morte, perdoar pecados, ser exaltado sobre toda criatura
no céu e na terra, estar presente onde quer que estejam reunidos dois ou três em Seu nome, estar
com seus discípulos até a consumação dos séculos, reivindicar homenagem universal e que toda
criatura dobrasse ao Seu nome os joelhos, possuir os atributos de Deus.
Como se explica tudo isso com relação a Cristo? A explicação é que Cristo é Deus!
A união das duas naturezas em Cristo chama-se, na Teologia, de “união hipostática”.
Isto significa que essa união não é uma mistura e que o resultado é uma unidade pessoal. Há
uma pessoa a quem pertencem tanto os atributos divinos como os humanos. Esta doutrina
escriturística a respeito da pessoa de Cristo pode se resumir nas seguintes proposições:

 Ele tinha uma natureza humana completa, isto é, um corpo real e uma alma racional.
 Tem uma natureza divina verdadeira. É Deus.
 Essas naturezas coexistiam inteiras e distintas, sem mistura ou confusão.
 Ele é uma só pessoa.

Embora tenha duas naturezas e uma única personalidade, é a mesma pessoa divina
que existe desde toda a eternidade, que se fez carne, a qual é Cristo: verdadeiro Deus e
verdadeiro homem. Ele efetivamente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado para nos
reconciliar com Seu Pai. Este Cristo ressuscitou dos mortos, tomando outra vez Seu corpo
(agora glorioso) e subiu aos céus. Ali está assentado no trono, até voltar para julgar os vivos e
os mortos no dia do Juízo Final.

6) A MORTE EXPIATÓRIA27 E A CRUCIFICAÇÃO.


“E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
E, havendo dito isso, expirou” (Lc.23.46).

Cristo veio ao mundo não apenas para exercer um ministério de poder e anunciar a
chegada do Reino de Deus. Ele veio também para morrer. Na verdade, pode-se dizer que Sua
morte se constitui no ensino mais importante da Bíblia. Os reformadores diziam: “quem
compreende a cruz compreende Cristo e a Bíblia”. A importância dessa doutrina é indiscutível
por várias razões: 1) Foi uma morte anunciada; 2) Foi um sacrifício representativo de toda
a humanidade; 3) Foi a razão principal de Ele ter nascido; e 4) Foi o sacrifício único e
definitivo pela nossa salvação. A crucificação de Cristo teve poder suficiente para abolir todos
os sacrifícios que até então se podiam oferecer para cobrir os pecados. Jesus veio trazer o perdão
definitivo, tornando-se o único e suficiente caminho para a salvação.

26
Pessoa ou agrupamento de pessoas que duvidam de tudo.
27
Expiação, no sentido bíblico, significa pagar uma pena por meio de sofrimento.
48
A morte de cruz era a mais vil e a mais dolorosa maneira de se castigar uma pessoa. Era
um suplício infame que os romanos reservavam aos escravos e aos maiores criminosos.
Jesus suportou contra si toda sorte de sofrimento em nosso lugar. Vejamos:

 Castigos e açoites: Além dos golpes já sofridos pelos judeus (Mt.26.67; Mc.14.65),
Jesus também foi castigado pelas soldados romanos, pois, de acordo com as leis do
império, uma pessoa condenada à morte de cruz deveria antes ser açoitada (Jo.19.1). Os
primeiros açoites rasgavam a carne e os seguintes aprofundavam os ferimentos. Eram
usados chicotes feitos de couro e, na extremidade, eram colocados pedaços de ossos,
ferro ou chumbo. Depois dos intensos maus tratos, se iniciou o cortejo que conduziu
Jesus ao Calvário. Era preciso oferecer aos criminosos [a caminho da execução] uma
bebida feita de vinho misturado com um pouco de incenso, para entorpecê-los e
amenizar a sede e a dor (Jo.19.28,29).
 Repartiram as Suas vestes: No ato da crucificação, a vítima era desposada de suas
vestes, as quais eram, às vezes, cortadas e divididas entre os soldados (Jo.19.23). Quanto
à túnica de Jesus, não rasgaram, mas lançaram sorte sobre ela, para que se cumprisse a
profecia (Sl.22.18).
 Está consumado: O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap.13.8),
naquela tarde sombria, no Gólgota, consumou o plano redentor: as profecias foram
cumpridas; os tipos sacrificiais foram abolidos e a cabeça da serpente foi esmagada
(Gn.3.15). Mesmo padecendo horrendas dores, Jesus pronunciou Suas últimas palavras:
“Está consumado; Pai nas tuas mãos entrego o meu espírito. E havendo dito isso,
expirou” (Jo.19.30; Lc.23.46).

6.1) Fenômenos ocorridos após a morte de Cristo


 Houve trevas sobre a terra: Durante algumas horas, o sol se escondeu até Jesus morrer
(Mt.27.45; Mc.15.33; Lc.23.44).
 O véu do templo se rasgou: Somente uma força sobre-humana conseguiria rasgar
aquela cobertura espessa tecida em parte com fios de púrpura e de ouro, coberta quase
que por inteiro de querubins bordados. Além disso, o véu se rasgou de alto a baixo (do
céu para a terra) – aquele era, portanto, um sinal de que Jesus, com Sua morte, abriu a
passagem que concedia ao homem condições de achegar-se a Deus.
 A terra tremeu: Um terremoto fendeu as pedras (Mt.27.51).
 Mortos foram ressuscitados: Com o terremoto se abriram os sepulcros, e muitos
corpos de santos que dormir foram ressuscitados (Mt.27.51-54).

6.2) A comprovação da morte física de Cristo


Antes que Jesus expirasse, os judeus pediram a Pilatos que apressasse a agonia dos
condenados na cruz. O governador prontamente enviou alguns soldados que quebraram as
pernas dos salteadores crucificados ao lado de Jesus. Mas, ao se aproximarem do Salvador
viram que este já estava morto e não lhe quebraram as pernas (Jo.19.31-34).
Para maior segurança, um deles traspassou o peito de Jesus com uma lança. Do
ferimento aberto saiu água e sangue.
O apóstolo João revela nesse fato o cumprimento de duas profecias:
 Por ordem do próprio Deus, os judeus não podiam quebrar os ossos do Cordeiro
Pascal (Ex.12.46; Nm.9.12; Jo.19.36).
 O golpe com a lança também cumpriu outra profecia: “E olharão para mim, a quem
transpassaram” (Zc.12.10).

49
7) O SEPULTAMENTO DE JESUS
Um dos discípulos secretos de Jesus, José de Arimatéia (Jo.19.38), encarregou-se de
retirar o corpo do Mestre da cruz e levá-lo para o sepulcro. Para isso, pediu consentimento ao
governador. Como era membro do Sinédrio 28 não teve dificuldades em ser atendido (Mc.15.43-
45). Neste ato cumpriu-se a profecia de Isaías 53.9.
José de Arimatéia foi com Nicodemos, outro discípulo de Cristo, para o calvário.
Aqueles homens colocaram-lhe substância aromáticas, envolveram-no em um lençol de linho
branco e colocaram-no no sepulcro (Jo.19.38-42).
Em nome do Sinédrio, uma comissão de sacerdotes dirigiu-se a Pilatos para lhe pedir
que liberasse uma guarda para vigiar o sepulcro de Jesus. Eles alegavam que, em vida, Cristo
havido dito que ressuscitaria (Mc.9.31); portanto, poderia acontecer de seus discípulos
roubarem o corpo e, mentindo, dizer que Ele havia ressuscitado. O procurador atendeu ao
pedido e colocou alguns soldados à disposição. Assim, certificaram-se de que o sepulcro estava
bem guardado (Mt.27.61-66).

8) A RESSUREIÇÃO
O Messias não ficaria prisioneiro da morte, pois é o príncipe da vida, conforme
proclamou o apóstolo Pedro (At.2.26,27). Toda a obra realizada por Cristo se fundamenta nesta
dimensão de Seu ministério, a ressureição de entre os mortos (Mc.9.31).

8.1) Ele não está aqui porque já ressuscitou!


Os guardas permaneceram ali, vigiando o sepulcro. De repente, um terremoto. Logo
apareceu um ser sobrenatural, refulgente, com vestes brancas que removeu a pedra do sepulcro
e sentou-se sobre ela. Os guardas assombrados ficaram como mortos (Mt.28.2-4).
Mateus e Marcos falam de um anjo no sepulcro (Mt.28.5; Mc.16.5). Lucas e João falam
de dois (Lc.24.4; Jo.20.12).
No domingo pela manhã, quando as mulheres chegaram para ungir o corpo do Salvador,
três dias após Sua morte, o túmulo estava aberto e o corpo não se encontrava mais ali. Então,
apareceram dois anjos que lhes falaram: “por que buscais o vivente entre os mortos? Não está
aqui, mas ressuscitou” (Lc.24.1-5).

8.2) As aparições do Cristo ressurreto.


 Em Jerusalém e arredores:
o A Maria Madalena (Mc.16.9; Jo.20.11-18).
o A outra mulher (Mt.28.8-10).
o A Pedro (Lc.24.34).
o Aos dez discípulos (Lc.24.13-48; Jo.20.19-25).
o Aos onze, inclusive Tomé (Mc.16.14; Jo.20.26-29).
o Na ascensão (Mc.16.19,20; Lc.24.50-53; At. 1.4-12).

 Na Galiléia (Mt.28.16-20; Jo.21.1-24):


o A mais de quinhentas pessoas (1ª Co.15.6)
o A Tiago e aos apóstolos (1ª Co.15.7)

 A Paulo na Estrada de Damasco: (At.9.16; 22.1-10; 26.12-18; 1ª Co.15.8).

28
Assembleia judia de anciãos da classe dominante à qual diversas funções políticas, religiosas, legislativas,
jurisdicionais e educacionais foram atribuídas. A palavra aparentemente foi aplicada a diversos corpos diferentes,
mas designa especialmente a suprema corte judia legislativa e judicial de Jerusalém.
50
9) A ASCENSÃO
Depois de ressuscitar, Jesus ministrou a Seus discípulos por mais quarenta dias, quando,
enfim, ascendeu aos céus (At.1.1-9).
A ascensão põe fim ao ministério terreno de nosso Senhor Jesus Cristo. Da mesma forma
sobrenatural como entrou no mundo, o filho de Deus subiu ao céu e, um dia, voltará para buscar
os Seus (Mt.16.27; Mc.13.23,27; Jo.14.2-4).

9.1) O Redentor foi elevado ao céu


Enquanto Jesus desaparecia entre as nuvens, os discípulos continuavam olhando em
direção ao céu, esperando voltar a vê-lo. Porém, dois anjos em forma humana, vestidos de
branco, colocaram-se ao lado deles, como no dia da ressureição de Cristo e falaram: “Varões
galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima
no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At.1.11).
Assim, findou-se gloriosamente a vida do Salvador entre os homens. Não existem
adjetivos que possam descrever com exatidão a dor que Jesus sofreu em nosso lugar. Porém,
tudo se resume em uma só palavra: AMOR.
Hoje, Ele está assentado à direita de Deus Pai, governando, protegendo, intercedendo e
abençoando a Sua igreja, a qual os Seus olhos não perdem vista nem o Seu coração jamais pode
esquecer. A Ele a honra, a glória e o louvor para sempre!

CONCLUSÃO (A VOLTA DE CRISTO)


“E se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para
que, onde estiver, estejais vós também” (Jo.14.3).

Na história do cristianismo tem havido grande interesse pela segunda vinda de Cristo e
pelos acontecimentos que ocorrerão nos fins dos tempos. No centro dessa preocupação se
encontra a seguinte pergunta: Como podemos estar preparados para um acontecimento se não
sabemos quando ele ocorrerá?
A preocupação com o fim dos tempos pode nos trazer inquietações desnecessárias ou,
ao contrário, pode fazer-nos crer que esse dia se encontra em um futuro distante – esta última
ideia, algumas vezes, leva-nos a negligenciar a vida cristã. Paulo, no entanto, nos convida a
vivermos diariamente na esperança da segunda vinda de Jesus, a fim de que, independente da
hora, sejamos encontrados prontos para esse dia glorioso (1ª Ts.4.17). Pois se esperamos em
Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1ª Co.15.19).
Esse assunto ocupa um lugar de centralidade e de grande destaque em toda a Bíblia. Por
muitas vezes, este tema aprece tanto no AT quanto no NT. Nos evangelhos, encontramos várias
alusões do próprio Jesus a respeito de Sua volta ao mundo.
Não nos é possível viver a fé cristã de maneira coerente se, ao mesmo tempo,
negligenciarmos esta dimensão do ministério de Cristo. O Senhor retornará à terra para cumprir
Suas promessas de arrebatamento dos remidos e de estabelecimento do Seu Reino.
A vida do homem não termina aqui. O Senhor não retarda a Sua promessa. Ele não quer
a perdição de ninguém, mas, que todos cheguem ao arrependimento. O cristão, no entanto,
precisa esperar novos céus e nova terra, vivendo em santo procedimento e piedade (2ªPe.3.9-
13).
Satanás só atua no mundo, hoje, porque lhe foi dada permissão relativa para que, por
intermédio do pecado, ele desenvolvesse seus propósitos de destruição. Porém, em uma
sequência de acontecimentos, que tem como ponto de partida a volta de Cristo a terra, ele será
definitivamente preso e lançado junto com seus anjos no lago de fogo eterno (Ap.20.10).

51
Aprendemos com este fato que só Deus é soberano e que o diabo segue debaixo do Seu
controle absoluto. Um dia, satanás será lançado em cadeias eternas pelo Altíssimo e estará
impedido de agir. Os objetivos da volta de Cristo a terra são:

 Para cumprir Suas promessas: Cristo, por diversas vezes, prometeu que voltaria um
dia. As promessas que Ele fez não voltam vazias (Is.55.11); dessa forma, devemos
abrigá-las em nosso coração e aguardar sua concretização, porque Ele é fiel e justo
(Dt.7.9).
 Para buscar os salvos: A morte de Jesus foi validada por Sua ressureição ao terceiro
dia. Da mesma forma, o plano que Deus arquitetou para resgatar o homem do poder do
pecado será validado quando Cristo, em glória, voltar no fim dos tempos (Jo.14.3).
Neste dia, enfim, Ele tomará para Si os Seus escolhidos.

É impossível ao ser humano descrever completamente a beleza e o esplendor da volta


do Senhor. Toda pessoa salva deve estudar a respeito desta dimensão do ministério de Cristo e
alimentar em seu espírito a esperança do retorno de Jesus ao mundo.
Sua recomendação de vigilância, estado de alerta e prontidão é muito clara e atual. Que
as pessoas no mundo inteiro, sob orientação do Espírito Santo, continuem a render-se a Jesus e
a submeterem suas vidas aos cuidados Dele e à adoração, serviço e louvor de Seu santo nome.
Que todos digam em uma só voz: “O que há de vir virá e não tardará. Ora vem Senhor Jesus”
(Hb.10.37b). Amém.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO:

1) POR QUE ERA NECESSÁRIO, NO QUE DIZ RESPEITO A SALVAÇÃO DA


HUMANIDADE, QUE CRISTO SE FIZESSE HOMEM, HABITASSE ENTRE NÓS E
MORRESSE NA CRUZ DO CALVÁRIO? Resposta. A Palavra nos ensina que sem
derramamento de sangue não tem como haver remissão de pecados (Hb.9.7). Logo, era
necessário que o Filho de Deus encarnasse, nos ensinasse O caminho para a salvação (Ele
próprio) e morresse na cruz, como forma de pagar os nossos pecados pela Sua morte vicária e
substitutiva.

2) POR QUE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO É TÃO IMPORTANTE PARA A


HUMANIDADE? Resposta. Se Cristo tivesse morrido e não tivesse ressuscitado, tanto a
pregação da Sua Palavra quanto a nossa fé seriam vãs. “Porque, se os mortos não são
ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado” (1ª Co.15.16). Quando Cristo ressuscitou
provou que venceu a morte e o inferno. Logo, todos quantos Nele crerem também serão
ressuscitados e estarão com o Mestre sempiternamente.

3) EM SUAS PALAVRAS, QUAIS OS OBJETIVOS DA VOLTA DE JESUS? Resposta


sugerida. Para cumprir Suas promessas e para buscar os salvos.

52
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 06: DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA).


Ir. Atália da Costa Rebouças
Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira
Ir. Maria Helena de Melo Teixeira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER que o Espírito Santo é Deus, uma pessoa da Trindade e que atuou tanto
no AT como no NT.
• DESCREVER E ANALISAR cada um dos frutos do Espírito mencionados em Gálatas
5.22,23.
• DIFERENCIAR batismo com Espírito Santo de Revestimento de Poder.
• IDENTIFICAR E CONCEITUAR os dons espirituais, diferenciando-o dos frutos do
Espírito, no propósito de não restar nenhuma confusão acerca destas importantes
doutrinas.

TEXTOS-BASE:
 “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para
sempre” (Lc.14.16).
 “Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a
bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei”
(Gl.5.22.23).
 “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do
alto sejais revestidos de poder” (Lc.24.49).
 “Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho
sobremodo excelente” (1ª Co.12.31).

INTRODUÇÃO
O termo Espírito Santo é citado muitas vezes nas Sagradas Escrituras, tornando-o de
interesse vital para o nosso entendimento da Revelação de Deus. Os eruditos dizem que espírito
vem do hebraico ruach, passando pelo grego pneuma, e significa “respiração” ou “vento”.
Dessa forma, a etimologia da palavra não pode nos fornecer muito auxílio na investigação desse
tema, como apresentado nas Escrituras.
O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade. Essa afirmação contém dois elementos
que devem ser conhecidos por todo cristão: a divindade e a personalidade do Espírito Santo.
Ele não é uma energia, uma força, tampouco um atributo de Deus: é uma pessoa divina. Ele
passa a fazer parte do cristão no ato da sua genuína conversão a Cristo e é derramado sobre ele,
53
quando este é revestido com poder, quando lhe concede os dons espirituais. O fruto produzido
por Ele é o que caracteriza o cristão verdadeiramente espiritual.

1) A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO


Pelo fato de o Espírito Santo ter uma atuação mais discreta que a do Pai e a do Filho
(Jo.16.13), algumas correntes teológicas afirmam que Ele seria mais uma influência ou uma
expressão do poder divino do que uma pessoa. Contudo, não há nas Escrituras um texto que
apresente o Espírito Santo como algo menor que um Ser divino.

1.1) No Antigo Testamento


No AT, a pessoa e a obra do Espírito Santo não são tão evidentes, embora sejam
inegáveis. Isso se deve ao fato de as Escrituras hebraicas ressaltarem o monoteísmo, em
oposição às crenças politeístas. Ou seja, o maior interesse dos escritores do AT era ressaltar o
Deus único (Dt.6.4), em contraste com o grande número de divindades pagãs. Mas, observamos
a Sua obra já na Criação (Gn.1.2), e alusões à Sua pessoa em expressões como Espírito de Deus,
Espírito do Senhor e mesmo Espírito Santo (Ex.31.3; Jz.3.10; Is.63.10).

1.2) No Novo Testamento


A personalidade do Espírito Santo é evidenciada no NT principalmente no Livro de Atos
e nas Epístolas. A concentração maior de informações sobre a Sua pessoa nesses livros é
natural, uma vez que o Seu derramamento se segue à narrativa dos Evangelhos – que também
fazem referências explícitas à terceira pessoa da Trindade 29.

1.3) Fatos que evidenciam a Sua personalidade


Não há dúvida de que o Espírito Santo é uma pessoa, porque possui os atributos de
personalidade, como intelecto (Rm.8.16,27), sensibilidade (Ef.4.30) e vontade (1ª Co.12.11).
Ele também realiza ações próprias de uma pessoa: inspira as profecias (2ª Pe.1.21), revela as
verdades divinas (1ª Co.2.10), convoca os obreiros para o seu serviço (At.13.2), comunica-se
com a igreja local (Ap.2.7), testifica (Jo.15.26), intercede (Rm.8.26), guia (Jo.16.13) e ensina
(Jo.14.26).
Em nosso relacionamento pessoal com Ele, podemos entristecê-lo (Ef.4.30), tentá-lo
(At.5.9), mentir para Ele (At.5.4), blasfemar contra o Seu nome (Mt.12.31,32), resistir a Ele
(At.7.51) e insultá-lo (Hb.10.29).
Ações descritas nesse tópico não podem ser realizadas por um poder ou por uma
influência. Vontade, capacidade de comunicação e sentimentos são atribuições de um ser
pessoal.

2) A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo não é uma simples pessoa: Ele é uma pessoa divina. Sua divindade
pode ser provada pelos nomes que lhe são atribuídos, por Seus atributos e pelas obras que Ele
executa.

2.1) Nomes que expressam a Sua natureza divina


A Bíblia atribui nomes e títulos ao Espírito Santo que comprovam a Sua divindade.
Vejamos alguns deles:

 Consolador ou Paráclito: Ele nos orienta e consola (Jo.14.16).

29
Mateus 1.18 e Lucas 1.35 (sobre a concepção de Jesus); Marcos 12.36 (mencionando a Sua ação no AT); João
14.26 (quando Jesus prometeu o Consolador).
54
 Deus: Os apóstolos não tinham dúvidas de que Ele era uma pessoa divina (At.5.3,4).
 Espírito de Jesus: Título que talvez remeta ao fato de Jesus tê-lo enviado (At.16.7;
Jo.16.7).
 Espírito da glória: Ele nos capacita a glorificar a Deus no sofrimento (1ª Pe.4.14).
 Espírito de Deus: Comprovação de Sua divindade (1ª Jo.4.2).
 Espírito da graça: Ele pode conceder graça (Hb.10.29).
 Espírito da verdade: Ele é fonte de verdade e também é a verdade (Jo.14.17; 1ª
Jo.5.6).
 Espírito de sabedoria e de revelação: Ao mesmo tempo em que nos concede
sabedoria, Ele revela as verdades divinas (Ef.1.17).
 Espírito de santificação: Somos santificados por Ele (Rm.1.4).
 Espírito de vida: Ele nos concede vida em Cristo Jesus (Rm.8.2).
 Espírito Santo: A santidade é uma atributo divino (Ef.4.30).
 Espírito Santo da promessa: Além de ser prometido a nós, Ele cumpre as promessas
de Cristo (Ef.1.13).

2.2) Características divinas


O Espírito Santo é Deus, por isso encontramos nas Escrituras características atribuídas
a Ele que são próprias da divindade. No Salmo 139.7a, o autor inspirado pergunta: “Para onde
me irei do teu Espírito?”, sabendo que a resposta é: “Para lugar nenhum”. Temos aí a Sua
onipresença.
Em 1ª Co.2.10, somos informados de que o “Espírito penetra todas as coisas, ainda as
profundezas de Deus”. É a prova de Sua onisciência. Ele também compartilha o poder divino
(Lc.1.35; At.1.8), que é a prova da Sua onipotência, e é chamado de Espírito eterno (Hb.9.14),
uma alusão à eternidade de Deus.

2.3) Suas obras


A obra do Espírito Santo consiste em manifestar a presença ativa de Deus no mundo e
em especial na Igreja. Esse ministério iniciou com o Pentecostes, quando Ele desceu sobre os
120 (cento e vinte) irmãos reunidos no cenáculo, em cumprimento à promessa de Cristo (At.
2.14; Jo. 15.26). Desde então, o Espírito Santo tem realizado tarefas que são prerrogativas de
um Ser divino.
Uma dessas tarefas é convencer o mundo “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo.16.8),
ou seja, há sempre uma obra do Espírito no pecador que reconhece a necessidade de salvação e
arrepende-se. O Espírito Santo é o responsável pela regeneração do ser humano, ou seja, pelo
novo nascimento espiritual (Jo.3.3-6; Tt.3.5). Ele batiza todos os cristãos no Corpo espiritual
de Cristo, garantindo a unidade da Igreja (1ª Co.12.12,13; Gl.3.27).
Também é obra do Espírito revestir ou encher o cristão de poder (At.1.8; 2.4; 4.31). A
missão evangelizadora da Igreja está sob a direção Dele (At.13.2).
Muitas outras obras fazem parte de Seu amplo ministério e poderiam ser listadas nesse
tópico, porém as tarefas mencionadas no parágrafo anterior já são suficientes para evidenciar a
magnitude de Sua obra na Igreja e no mundo.

3) OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo, o consolador, tornou-se depois do dia de pentecostes, o executor da
obra de redenção, regenerando e santificando os que por Ele são convencidos do pecado, da
justiça e do juízo. Dessa forma, Ele ministra em duas áreas específicas: nos frutos do Espírito
e capacitando sua Igreja com Dons Espirituais.

55
“Mas o fruto do Espírito é: Amor, Paz, Longanimidade, Benignidade, Bondade,
Fidelidade, Mansidão e Domínio Próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl.5.22,23).
O fruto do Espírito é implantado naqueles que nascem de Deus e são cultivados pelo
próprio Espírito Santo, fazendo com que o novo homem ande em novidade de vida e não mais
esteja sujeito a carne. Todavia “a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne,
porque são opostos entre si” (Gl.5.17). Esse conflito é inevitável, a vitória, no entanto, também
não pode ser evitada, pois quem vence é maior e o apóstolo João diz quem é o maior:
“Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que
está em vós do que aquele que está no mundo” (1ª Jo.4.4). E, se o que está nos verdadeiros
crentes é maior, temos, portanto, a certeza da vitória sobre a carne, o mundo e o diabo. Essa
vitória, apesar de já ter sido conquistada por Jesus na cruz do calvário, vem sendo consolidada
na vida de cada crente através do amadurecimento dos frutos do Espírito que acontece
gradativamente. Afinal de contas, o apóstolo Paulo diz em sua carta aos Romanos, que “fomos
predestinados para sermos conforme a imagem de Jesus Cristo” (Ef.1.4-6).
Os frutos do Espírito são qualidades morais cuja origem é divina, todavia não há aqui
pretensão de se fazer uma lista completa de virtudes. O que o apóstolo Paulo selecionou foram
características essenciais, antes corrompidas pelo pecado que começam a serem restauradas,
após a regeneração, pelo Espírito Santo. Veremos então com detalhes cada uma dessas
qualidades:

3.1) O Amor (Ágape)


O Amor Ágape, é o amor pelo qual Deus nos amou primeiro: “Ora, a esperança não
confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos
foi outorgado” (Rm.5.5) para que pudéssemos amar com o amor que Ele nos amou. Esse amor
é a base, o fundamento onde todos os outros frutos são edificados. Ninguém pode dizer que tem
um fruto e outro não; o que acontece é que alguns frutos amadurecem mais rápido que os outros.
O Amor Ágape nos constrange e leva-nos a agir ao contrário daquilo que a lógica estabeleceu
como padrão. 1ª Coríntios 13 é o exemplo daqueles que nasceram do Espírito: Vivem um amor
que não busca seus próprios interesses.
Resta claro que esse fruto diz respeito ao tipo de amor que Deus tem pela
humanidade e que faz com que o cristão ame até seus maiores desafetos (Mt.5.44).

3.2) A Alegria (gr. Xapá)


Esta alegria não é gerada por elementos externos que produzem momentânea e falsa
alegria, mas é produzida pelo Espirito Santo de Deus que habita naqueles que por Ele foram
regenerados. Portanto, é uma alegria que não depende das circunstâncias e mesmo diante
das labutas do dia-a-dia os filhos de Deus não desanimarão. Esta alegria impulsiona o crente
a permanecer firme nas promessas do Senhor ajudando-o a não se desesperar diante das
injustiças. Mesmo que choremos e tenhamos fome e sede de justiça, há uma alegria imensurável
como fonte de água viva que transborda para a vida eterna. Escrevendo aos Romanos, o
apóstolo Paulo ensina: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas Justiça, e Paz,
e alegria no Espírito Santo” (Rm.14.17). O fruto “alegria” é o resultado do nosso
relacionamento com Deus (1ª Ts.1.6).

3.3) A Paz
No hebraico Paz é SHALOM: “Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor e lhe
chamou de ‘O Senhor é Paz’” (Jz.6.24). Todos os que andam na presença de Deus desfrutam
dessa paz. Os israelitas perderam a paz porque não andaram nos caminhos do Senhor (Jz.6.1).
Na “Nova Aliança”, Cristo é a nossa Paz (Ef.2.14), uma paz que excede todo entendimento
(Fp.4.7); porque, como a alegria, a paz não depende das circunstâncias e nem pode ser
56
arrebatada por satanás. Foi o Príncipe da Paz que nos deu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize”
(Jo.14.27). Essa paz não significa que seremos tirados da luta e da tribulação que cai sobre toda
a humanidade. Mas, seremos guardados nessa hora (Ap.3.10). Quem tem essa paz é aprovado
no dia da tribulação. Ao contrário do mundo que vive uma angustia eterna. Este fruto
representa o bem-estar interior que nos permite não nos desesperarmos por mais difícil
que seja a situação (Fp.4.6,7).

3.4) Longanimidade
Longanimidade é a paciência com que Deus segura sua ira diante da iniquidade do
homem: “Que diremos pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder,
suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição” (Rm.9.22).
Portanto, longanimidade é a capacidade gerada pelo Espírito Santo, no cerne do Espírito
humano que ele passa a suportar determinadas afrontas sem se irar. O apóstolo Paulo
exorta os Colossenses a procederem como eleitos de Deus, cultivando os frutos do Espírito
Santo. A longanimidade também se evidencia na capacidade de esperar: “Eis que temos por
felizes os que perseveram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor
lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tg.5.11).

3.5) Benignidade
“Celebrai as benignidades do Senhor e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o
Senhor nos concedeu e segundo a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que
usou para com eles, segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas
benignidades” (Is.63.7). Este fruto do Espírito, segundo muitos comentadores, é o que de
maneira maravilhosa reflete mais o Amor de Deus para com os outros sem interesses paralelos.
A benignidade evidencia-se na misericórdia que exercemos para com o nosso próximo. O
mundo age na base do interesse, visando algo em troca, principalmente a glória deste mundo,
enquanto aqueles que nasceram de Deus e foram transformados pelo Seu poder, já não pensam
em amar por algo em troca, como os elogios ou os benefícios que possam vir de tais atitudes.
O maior ato de benignidade do Senhor foi manifesto em Cristo Jesus para salvar pessoas que
não mereciam, mas Ele prova o seu amor para conosco tendo Cristo Jesus morrido na cruz,
sendo nós ainda pecadores. Vejamos a carta do apóstolo Paulo endereçada a Tito: “Quando,
porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,
não por obras de Justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou
mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele derramou sobre nós
ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos
tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt.3.4-7). Como filhos de
Deus, devemos nos interessar até pelos nossos inimigos, em todos os sentidos, principalmente
no que concerne em lhes dar o que há de melhor, de mais essencial. O que uma pessoa pode
querer que seja maior do que a vida eterna que Cristo nos deu? Devemos, portanto, pregar o
Evangelho da Salvação para elas. Isso não significa que o lado social deve ser negligenciado.
O mundo tem sua maior fome do pão que veio do céu: Jesus Cristo. Se há algo de bom que se
possa fazer por alguém é dar-lhe desse pão que verdadeiramente sacia a fome. CRISTO foi
quem melhor expressou esta qualidade. Na medida que estamos sendo transformados na
imagem do Filho de Deus, passaremos a agir, cada vez mais, como o nosso Salvador Jesus.

3.6) Bondade
Bondade é generosidade em ação para com os outros. Em outras palavras, bondade é a
prática da benignidade. Uma pessoa é bondosa quando ajuda os necessitados, como no caso do
bom samaritano (Lc.10.26-37). Somos verdadeiros adoradores de Deus quando quebramos as
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muralhas das diferenças, e só assim, passaremos a ser conhecidos como verdadeiros cristãos.
Esse fruto do Espírito, atualmente, está sendo pouco cultivado, ou melhor, está sendo
negligenciado. Na verdade, sem o conhecimento da palavra de Deus os frutos permanecerão
verdes ou levarão muito tempo para amadurecerem. A Igreja de Roma é um bom exemplo desse
conhecimento, pois o apóstolo diz que eles eram instruídos: “Meus irmãos, eu mesmo estou
convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruídos, sendo capazes de
aconselhar-se uns aos outros” (Rm.15.14). Vejamos o que Tiago fala a esse respeito: “De que
adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?
Se um irmão ou irmã estiver necessitado de roupas ou alimento de cada dia e um de vocês lhe
dizer: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se, sem, porém, lhe dar nada, de que
adianta isso? (Tg.2.14-16). Você pode ver que tanto a fé como as obras estavam atuando juntas,
e a fé foi aperfeiçoada pelas obras. Como vimos, aí está a bondade de Deus que foi derramada
em nossos corações pelo Seu infinito amor. Portanto, não podemos ser crentes egocêntricos,
voltados exclusivamente para nossos próprios interesses. Devemos, pois, nos preocupar com o
próximo pois quando agimos dessa forma estamos buscando primeiro o Reino de Deus e a Sua
justiça, e com toda certeza, todas as outras coisas nos serão acrescentadas. Se agirmos de outra
forma, não estaremos evidenciando através das nossas obras a ação do Espírito Santo em nosso
viver. Como crentes, raquíticos na fé, estaremos desestruturados, vulneráveis as intempéries da
vida. É importante salientar que toda boa obra, feita com o objetivo de obter mérito diante de
Deus, surge de um desejo egoísta daqueles que querem ser elogiados pelos outros. No entanto,
as obras do fruto do Espírito é um desejo gerado pelo Espírito Santo, por isso, podemos dizer
que as obras não somos nós que fazemos, mas Deus quem as faz. Somos apenas instrumentos
nas Suas mãos, a fim de abençoarmos os outros. Somos guiados pelo Espírito a fazer a vontade
de Deus.

3.7) Fé (Fidelidade)
Esse fruto do Espírito foi dado aos Santos (Jd.1.3) para que eles perseverem no dia mal
que há de vir sobre todo o mundo, para pôr a prova os que habitam na terra (Ap.3.10). O
apóstolo Paulo disse que o que vence o mundo é a nossa fé. A fé impulsiona o crente a vitória;
ela crê que, para Deus, tudo é possível. Por isso marcha em frente, permanece firme, continua
leal, mesmo em meio a reverses e decepções. Essa fé é estável, mesmo em face de experiências
abaladoras, pois seu olhar está fixado Naquele que é fiel, e não no caos e confusão das
circunstâncias que nos cercam. No mundo secular, se você crer em algo significa que você
acredita naquilo. E quando se acredita em alguma coisa as pessoas começam a agir
harmoniosamente com a fé naquilo que acreditam. Assim como acontece no mundo econômico-
financeiro, se uma pessoa acredita que determinado investimento irá dar certo, ele com toda a
convicção investirá seus recursos porque acredita, tem fé naquilo que está fazendo. Assim é
também com as coisas espirituais, ou se tem fé ou não se tem. Por isso, algumas pessoas ouvem
a Palavra e não acreditam, porque não têm fé no que ouviram. Elas permanecem incrédulas
porque o diabo cegou as suas consciências para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho
da Graça de Deus. E com toda certeza, ninguém quer vir a Ele para ter vida, a não ser que Ele
dê vida aquele que está morto nos seus delitos e pecados. Tudo isso pela ótica bíblica de que a
fé é um dom de Deus e que o homem só é salvo por ela. O apóstolo Paulo diz: “Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie” (Ef.2.8,9). FÉ também significa fidelidade. Somos convidados a ser fiéis
até a morte (Ap.2.10). Isso não significa pensar que podemos perder a Salvação caso haja
infidelidade, pois trata-se, sem sombra de dúvida, de exortação para o crente manter o
testemunho fiel da palavra de Deus nesse mundo estruturado na injustiça que se levanta contra
o Senhor do céu e da terra.

58
3.8) Mansidão
Mansidão no hebraico significa gentileza, humildade, suavidade, brandura. No grego
ela tem o mesmo significado. Na medida em que somos transformados de glória em glória na
imagem de Cristo, tornamo-nos cada vez mais mansos e humildes de coração. Jesus é o grande
exemplo: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt.11.29). Os mansos não são covardes;
ao contrário do que se pensa, eles são pacificadores. Onde há discórdia eles levam paz e agem
dessa forma porque são cheios do Espírito Santo e procuram, assim como a corsa anseia por
água, encherem-se do Espírito de Deus: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef.5.18). O mundo precisa de pessoas mansas, que
deem testemunho com suas vidas da vitória que Cristo conquistou na cruz. Agindo assim, Deus
é glorificado e exaltado entre as nações. Quem procede dessa forma são os verdadeiros
adoradores. O mundo é diferente. A arrogância, a prepotência, o individualismo e a auto
exaltação são as marcas características do líder mercenário que denigre o Evangelho para
adquirir o que o vazio do seu Espírito almeja incansavelmente. Uma grande característica dos
verdadeiros mansos é que eles não se conformam com esse mundo mal e procuram transformá-
lo, não pela violência, mas através da paz e do amor de Deus. A transformação acontece pelo
testemunho fiel.

3.9) Temperança (Domínio Próprio)


Esta palavra significa autocontrole, domínio próprio, ponto de equilíbrio entre um
extremo e outro. O homem guiado pelo Espírito Santo não é um descontrolado, um colérico,
mas uma pessoa que, diante de uma situação que humanamente falando exige uma atitude
enérgica (violenta), o servo de Deus consegue dar a volta por cima e agir com moderação
(autocontrole). Fomos chamados a agirmos com sobriedade: “Mas tu sê sóbrio em tudo” (2ª
Tm.4.5); “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios” (1ª Pe.4.7). Por
que esse fruto é tão importante em nossas vidas? Muito sal pode prejudicar a saúde; a luz em
excesso pode cegar; o fogo sem controle pode destruir. O supercrente pode ser uma má
influência e levar muitos irmãos a cometerem os mesmos excessos. O apóstolo Paulo fala à
igreja de Corinto, a fim de doutriná-la, que os carismas sem amor são como bronze que soa (1ª
Co.13.1). Ali havia um grupo de supercrentes e eles achavam-se altamente espirituais porque
falavam em línguas, mas, Paulo dirigiu-se a eles como a carnais, meninos em Cristo (1ª Co.13.1-
2). Quando os frutos permanecem verdes não existe o equilíbrio necessário para o
funcionamento sadio, não haverá unidade e Deus ama a unidade: “a fim de que todos sejam
um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia
que tu me enviaste (Jo.17.21).

4) DIFERENÇAS ENTRE BATISMO NAS ÁGUAS, BATISMO COM ESPÍRITO


SANTO E REVESTIMENTO DE PODER.
Existe muita confusão feita por algumas igrejas no que diz respeito a determinadas
nomenclaturas. Disto emergem algumas dúvidas: Seria o batismo nas águas o mesmo que
batismo com Espírito Santo? E este último, é a mesma coisa que Revestimento de Poder? Para
dirimir essas questões, eis o presente tópico.
Batismo nas águas é uma das duas30 ordenanças que o Senhor Jesus instituiu para a
igreja. Trata-se, portanto, de uma confissão pública de fé em Cristo, por intermédio de atos e
palavras, onde o batizando mostra ter aceitado plenamente as verdades da Bíblia Sagrada. É o
batismo que João Batista realizava no Jordão.

30
A outra ordenança é a Ceia do Senhor. Para maiores informações a respeito, tanto sobre Batismo nas Águas
quanto sobre Ceia do Senhor, ver lição 07 do presente estudo.
59
Batismo com/no Espírito Santo é o selo que Deus concede ao salvo no momento da
sua conversão. A ICB entende que, tão logo o pecador se converta genuinamente a Cristo, o
Espírito Santo passa a fazer morada nele. Portanto, todo aquele que verdadeiramente foi salvo
por Jesus é batizado com o Espírito Santo, isto é, nasceu de novo.
Já o Revestimento de Poder é uma experiência distinta e subsequente à experiência do
novo nascimento (leia-se, “posterior ao batismo com Espírito Santo”). Atos dos apóstolos 8.12-
17; 10.44-46; 11.14-16; 15.7-9 corroboram com essa verdade bíblica. Tal enchimento de poder
nos permite experimentar uma plenitude espiritual (Jo.7.37-39; At.4.8), uma reverência mais
profunda por Deus (At.2.43; Hb.12.28), uma intensa consagração a Ele e dedicação à Sua obra
(At.2.42), e um amor mais ativo por Cristo, por Sua palavra e pelos perdidos (Mc.16.20). Todos
os crentes tem direito à essa promessa do Pai, a qual deveriam esperar ardente e intensamente
o revestimento com poder e com fogo, de acordo com o mandamento do nosso Senhor Jesus
Cristo. É tarefa de cada salvo buscar os dons, preferencialmente, os que Paulo chamou de os
mais excelentes.
De fato, todos os dons já passam a estar com o crente a partir do momento em que ele
genuinamente se converte a Cristo [isso é de fácil dedução, pois ao ser salvo o crente passa a
ter o Espírito Santo de Deus em sua vida]. Contudo, a manifestação desses dons é uma ação
soberana do Espírito na vida do crente para aquilo que for útil. Cabe, pois, ao crente buscar o
revestimento de poder para se manifestarem os dons do Espírito que está dentro dele.

5) OS DONS DO ESPÍRITO SANTO


Os dons são dotações que o Espírito Santo concede ao cristão para que este exerça com
autoridade e poder ministérios específicos. Os dons compõem a base de um ministério poderoso
e são empregados para edificação da Igreja e confirmação da mensagem pregada. Sua
manifestação deve estar submetida ao julgamento da Palavra de Deus. O texto de 1ª Co.12.4-
11 menciona 09 (nove) dons, que trataremos a seguir:

5.1) Palavra da sabedoria


O dom da sabedoria nos foi dado para suprir aquilo que a sabedoria humana não pode
proporcionar. Aliás, a fé não pode depender de sabedoria humana. A sabedoria é necessária à
igreja local em diversas situações. Nas questões administrativas, por exemplo, uma medida
errada pode causar transtornos e prejudicar a vida espiritual de muita gente. Tomar decisões na
igreja é sempre uma questão delicada, porque o responsável pela decisão está lidando com
almas.
Estêvão, o primeiro mártir, certamente respondeu aos seus acusadores fazendo uso do
dom em comento, pois ninguém conseguia argumentar com ele, exatamente com Jesus disse
que seria (At.6.10; 7.57; cf. Lc.21.14,15).

5.2) Palavra de ciência


A palavra da ciência ou do conhecimento tem relação direta com o ensino da Palavra de
Deus. Nesse caso, trata-se do ensino adquirido de maneira sobrenatural, além daquele obtido
pelas vias normais, como nos cursos teológicos ou mesmo na EBD. Pode ser um esclarecimento
de determinada passagem bíblica cuja explicação não se encontre nos livros.
O dom de ciência também é usado para revelar situação que não teríamos condições de
descobrir pela simples capacidade humana. Pela palavra do conhecimento, algumas situações
são reveladas no meio da igreja, as quais de outro modo não seriam descobertas.
Quando o casal Ananias e Safira mentiu aos apóstolos, dizendo que estava ofertando o
valor integral da venda de uma propriedade, Pedro disse a Ananias: “Por que encheu Satanás
o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?”
(At.5.3).
60
5.3) Fé
Todo cristão tem fé em Deus, pois somos salvos por meio da fé (Ef.2.8). Mas, o dom da
fé transcende esse nível, vai além. Trata-se da fé colocada em ação durante situações que só
podem ser resolvidas de maneira sobrenatural.
O apóstolo Pedro deu uma impressionante demonstração de fé no episódio em que
Cristo caminhou sobre as águas em direção ao barco em que estavam os discípulos. Em
determinado momento, porém, ele começou a ficar com medo e afundou, sendo socorrido pelo
Mestre, que lhe disse: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” (Mt.14.31b).

5.4) Dons de curar


As curas desempenharam um papel importante no ministério de Cristo (Lc.4.40; 6.19)
e dos apóstolos (At.5.14-16; Mt.10.8). Observe que a expressão está no plural. Sem dúvida,
Deus coloca à disposição da Igreja dons que podem trazer cura a qualquer espécie de
enfermidade.
Outro ponto interessante é a fé dos que estão envolvidos no processo. Em algumas
situações, a cura acontece por causa da fé do doente. Nos primeiros dias da Igreja, pessoas
afluíam de todo lado para receber a cura, demonstrando fé nos dons dos apóstolos (At.5.15).
Em outras ocasiões, basta a fé de um terceiro, como no caso do centurião que buscou Cristo
intercedendo a favor de um criado (Mt.8.8). Há também casos em que a fé de quem tem o dom
já é suficiente (At.3.1-8).

5.5) Operação de maravilhas


Esse dom envolve a expulsão de demônios e a ação do poder divino sobre as forças da
natureza, além da intervenção do Senhor para mudar uma situação, entre outras realizações
sobrenaturais.
Cristo prometeu e concedeu aos discípulos poder sobre os espíritos malignos
(Mc.3.14,15). As forças da natureza foram alteradas pelo poder de Cristo (Mc.4.36-41). O
apóstolo Paulo certa vez foi mordido por uma cobra venenosa, mas o veneno não lhe causou
mal algum, para espanto dos que observavam a cena (At.28.3-6; Mc.16.18).

5.6) Profecia
Profecias são mensagens que as pessoas agraciadas com esse dom entregam à igreja por
inspiração do Espírito Santo. A profecia serve para edificação, exortação e consolação (1ª
Co.14.3; At.15.32).
Paulo insiste em que os ouvintes julguem o que o profeta fala a igreja. Isso indica que a
profecia não é o mesmo que Palavra infalível de Deus, pois então não haveria necessidade de
julgamento. Não precisamos julgar a Bíblia nem o que dela ouvimos diretamente de Deus.
Entretanto, as profecias devem ser examinadas à luz das Escrituras.

5.7) Discernimento de espíritos


Com o dom de discernimento de espíritos, a igreja se protege dos ataques sutis de
Satanás ou de qualquer elemento que não provenha de Deus (1ª Jo.4.1).
Existem casos em que Satanás infiltra na igreja alguém com ideias e comportamentos
estranhos. Há pessoas que esbanjam simpatia e aparente serenidade, mas são agentes dos reino
das trevas. A equipe do apóstolo Paulo certa vez se deparou com um desses agentes, uma jovem
que ia trás deles anunciando: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são
servos do Deus Altíssimo” (At.16.17). Se o apóstolo não tivesse discernimento, ficaria
orgulhoso daquelas afirmações, pois em geral encontrava no campo missionário oposição e

61
perseguição. Paulo, no entanto, identificou a procedência daquelas declarações e expulsou o
demônio que estava na moça.

5.8) Variedade de línguas


O dom de variedade de línguas consiste no fato de a pessoa falar, pelo Espírito Santo,
uma ou mais línguas que nunca aprendeu, isto é, uma língua desconhecida.
No dia de Pentecostes, aquelas pessoas reunidas em oração, ao serem revestidas com
poder, falaram em outras línguas. Elas falaram dois tipos de línguas: 1) Línguas conhecidas
pelas nações ali representadas, definidas pela palavra grega dialektos; e 2) línguas
desconhecidas por todos, definidas pela palavra grega glossa. Assim, pessoas de outras
nacionalidades ouviram aqueles simples galileus falando em seu idioma, e todos ouviram
línguas sobre as quais não tinham qualquer entendimento.
Outro objetivo do dom de variedade de línguas é edificar aquele que fala, pois ele está
falando com Deus (1ª Co.14.2). É uma conversa regida pelo Espírito Santo, cujo conteúdo não
entendemos (v.14), mas que com certeza edifica e conduz a uma profunda comunhão com o
Pai.

5.9) Interpretação das línguas


As línguas faladas pelo cristão individualmente servem para sua própria edificação. Já
as faladas em voz alta no culto requerem interpretação, pois se direcionam à igreja.
Se o Espírito Santo leva alguém a falar em voz alta na igreja é porque deseja comunicar
algo à congregação. Se a mensagem é em língua estranha, então existe a necessidade de
interpretação, porque Deus está querendo edificar não só a pessoa que está falando, mas também
o povo ali reunido. A própria pessoa que fala a língua deve orar par que Deus lhe conceda o
dom de interpretação. Aliás, essa é a recomendação do apóstolo Paulo (1ª Co.14.13).

6) Relação entre os frutos e os dons do Espírito


Uma vez que existe entre alguns leitores da Bíblia a tendência de medir a espiritualidade
pelos dons, e não pelos frutos, convém destacar aqui as principais diferenças entre eles:

 Os dons são concedidos pelo Espírito Santo; os frutos são desenvolvidos pelo cristão.
 Os dons são concedidos prontos e acabados; os frutos devem ser aperfeiçoados.
 Os dons vêm de fora para dentro; os frutos, de dentro para fora.
 Os dons enfatizam os tipos de operação realizados por meio do cristão; os frutos
destacam o caráter do cristão.
 Alguns dons só são concedidos após o revestimento de poder; as manifestações dos
frutos estão ao dispor de todos os salvos.
 Os dons terminam com a cessação da vida; os frutos permanecem para sempre.

Em resumo, o que define a espiritualidade do cristão são os frutos do Espírito que ele
produz, não os dons espirituais que ele manifesta. Isto é dito não para diminuir a importância
dos dons, pois eles são essenciais ao avanço da Igreja, mas para fazer justiça entre eles e a
produção dos frutos do Espírito, que é um fator determinante na formação do caráter cristão e
na preservação da Igreja como legítima representante do Reino de Deus na terra.

7) QUESTÕES CONTROVERSAS
7.1) Os dons cessaram após a era apostólica ou continuam até hoje?
Essa é uma discussão que jamais se encerrará aqui na Terra. Contudo, de forma
resumida, podemos afirmar que existem pelo menos duas correntes doutrinárias que se propõem
62
a tratar dessa temática levantada no presente subtópico: os cessacionistas e os continuístas. Os
primeiros, representam a visão de teólogos reformados (calvinistas) e batistas fundamentalistas,
geralmente de origem puritana. Eles formulam que alguns dons do Espírito Santo foram úteis apenas
para os primórdios da igreja cristã, tendo cessado essa manifestação no período da Igreja Primitiva.
Segundo eles, os dons chamados de revelacionais e também os de milagres e curas teriam
desaparecido. Já os continuístas advogam que todos os dons são contemporâneos, assim o
Espírito queira manifestá-los ao crente para o que for útil. A posição da ICB e de outras
denominações pentecostais, como a Assembleia de Deus, Deus é amor, Igreja Metodista,
etc. é alinhada com o pensamento dos continuístas. O cessacionistas afirmam, erroneamente,
que os dons espirituais cessaram após a era apostólica, pois o Evangelho, de acordo com a
geografia daqueles dias, já havia chegado aos confins da terra. A Bíblia anula esse falso ensino.
Interpretando equivocadamente as Escrituras, eles citam, por exemplo, 1ª Coríntios 13.8: "mas,
havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão (...)". Eles se esquecem do
versículo 10 que afirma: "Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado". Todavia, essa "era perfeita" ainda não começou; quando chegar, "então, veremos
face a face" (v.12). De conformidade com a profecia de Joel, o derramamento do Espírito Santo
e a distribuição dos dons espirituais, seriam mais intensos nos últimos tempos (Jl.2.28,29). Em
Jerusalém, no Dia de Pentecostes, esta profecia cumpriu-se parcialmente (At.2.16-18). Desde
então continua a cumprir-se onde quer que o evangelho seja ouvido e crido.
Lembremo-nos, tão somente, do conselho do Apóstolo Paulo sobre os dons: procurai
com zelo os maiores dons (1ª Co.12.31).

CONCLUSÃO
A guisa de conclusão, reafirmamos ao término desta lição que o Espírito Santo é Deus,
uma Pessoa da Trindade, e possui a mesma essência e atributos do Pai e do Filho.
Os frutos do Espírito são qualidades morais e essenciais cultivadas no crente pelo
Espírito Santo para o crescimento da igreja. É através dos frutos do Espírito que a imagem de
Deus no homem, corrompida pelo pecado, começa a ser restaurada. Todos que nascerem de
Deus entrarão nesse processo de santificação. É uma obra do Espírito na vida dos salvos. Sem
santificação ninguém verá o reino de Deus, é óbvio; ninguém pode dizer que é salvo e não é
potencialmente santo. Os que foram chamados segundo a presciência de Deus, crescem em
santificação.
Os dons são manifestações sobrenaturais do Espírito na vida do crente, concedidos
soberanamente por Ele para aquilo que é útil a Igreja e ao Reino. Os dons são atuais, estando
ao alcance de qualquer cristão, assim o Espírito Santo queira os manifestarem na vida dos seus.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO

1) CITE E EXPLIQUE PELO MENOS 03 (TRÊS) FRUTOS DO ESPÍRITO? Resposta


pessoal.

2) CITE E EXPLIQUE PELO MENOS 03 (TRÊS) DONS DO ESPÍRITO? Resposta


pessoal.

3) NO QUE DIZ RESPEITO A ATUALIDADE OU NÃO DOS DONS CONCEDIDOS


PELO ESPÍRITO SANTO, QUAL A DIFERENÇA ENTRE CESSACIONISTAS E
CONTINUISTAS? QUAL A POSIÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL?
Resposta. Os cessacionistas defendem que boa parte dos dons cessaram com a morte dos
apóstolos. Já os continuístas afirmar que todos os dons são atuais e estão sendo usados pela
Igreja. A ICB segue a linha continuísta.
63
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 07: BATISMO NAS ÁGUAS E CEIA DO SENHOR.


Bp. Antônio Tarcísio Barros

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER o Batismo como uma ordenança a ser observada pela Igreja, analisando
todas as suas características e simbologia.
• APRENDER sobre a Ceia do Senhor, outra ordenança deixava por Jesus a Sua Igreja,
estudando também sobre suas características e simbologia.
• TRATAR, ao término do estudo de cada ordenança, sobre alguns pontos controversos
que pairam sobre essas temáticas, dando a posição da ICA a respeito dos mesmos.

TEXTOS-BASE:
• “Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por
ele” (Mt.3.13).
• “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito
Santo” (At.2.38).
• “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer
e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16.15,16).
• “E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu
corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois da
ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é
derramado por vós” (Lc.22.19,20).

INTRODUÇÃO SOBRE O BATISMO


O batismo 31 cristão é uma das duas32 ordenanças que o Senhor Jesus instituiu para a
igreja. Pouco antes da Sua ascensão, Ele disse: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação dos séculos" (Mt.28.19,20). Estas instruções especificam que a igreja tem a
responsabilidade de ensinar a palavra de Jesus, de fazer discípulos e de batizá-los. Essas coisas
devem ser feitas em “todas as nações” até "à consumação dos séculos".
Através do batismo, o novo convertido que já faz parte do Corpo de Cristo pelo novo
nascimento, dá o testemunho público da sua transformação. Trata-se, portanto, de uma

31
O termo “batismo” vem do grego baptzõ, que significa “mergulhar”, “submergir”.
32
A outra ordenança é justamente a Ceia do Senhor, assunto este que também será abordado na presente lição.
64
confissão pública de fé em Cristo, por intermédio de atos e palavras, onde o batizando mostra
ter aceitado plenamente as verdades da Bíblia Sagrada.
Pretendemos, na presente lição, orientar e ajudar os amados irmãos a respeito desse tão
relevante assunto. Todos que acabam de chegar à igreja precisam dessas orientações a fim de
se conduzir de forma apropriada à nova vida na Igreja do Senhor Jesus.

1) POR QUE BATIZAR-SE?


A resposta para a pergunta que intitula o presente tópico é simples: O batismo não é
uma invenção da igreja, nem do Conselho da igreja, nem do Pastor da igreja, nem tampouco de
outra autoridade que se possa imaginar. Ele é uma ordenança de Jesus (Mt.28.19), a qual faz
parte da missão da Igreja em instruir os discípulos Dele, os quais, passarão a ser membros da
igreja local. Não é necessária nenhuma outra motivação para realizar tal mister.
As águas do batismo não visam limpar os nossos pecados. O NT mostra claramente ser
o sangue de Jesus, e não as águas do batismo, o que nos purifica e perdoa. Mediante o sangue
de Jesus somos justificados, nossa consciência é purificada e somos redimidos (Rm.5.9;
Hb.9.14; 1ª Pe.1.18,19).
O batismo é o meio de nos identificarmos com Cristo. Ele morreu na cruz, nós também
através do batismo; Ele foi sepultado, nós também através do batismo. Assim, nos identificamos
com Cristo e fazemos nossa a Sua dor, morte e ressureição.

2) QUEM É ELEGÍVEL PARA O BATISMO? QUANDO SER BATIZADO?


Todos os que sinceramente se arrependeram de seus pecados e receberam a Cristo
como Salvador e Senhor são elegíveis para o batismo (At.2.4), isto é, estão em condições de
serem batizados. O batismo nas águas é uma confissão pública de fé em Cristo, por intermédio
de atos e palavras, na qual o batizando mostra ter aceitado plena e voluntariamente as verdades
relativas à encarnação, morte e ressurreição de Jesus.
De acordo com a Bíblia, o batismo nas águas é somente para os que já se
converteram a Cristo. Segundo Mt.28.19,20 (citado no começo da lição) resta claro que a
ordem contida nesse texto é primeiro fazer discípulos e depois batizá-los. Em Marcos 16.16, o
crer precede o batismo. Quando o evangelista Filipe pregava e em nome de Deus realizava
milagres, as pessoas criam e, somente após o crer e confessar, eram batizadas (At.8.12). A
ordem lógica sempre foi essa. Importa informar que, em alguns casos, pessoas recebem o
Revestimento de Poder33 antes de serem batizadas em águas (até mesmo, no ato da
conversão/salvação), mas cristalino é o entendimento que o batismo em águas é somente para
aqueles que confessam Cristo como Salvador.
Não existe, nas Escrituras, um tempo determinado para que o novo convertido seja
batizado. Contudo, havendo condições para tal, espera-se que o novo decidido desça as águas
pouco tempo após sua conversão. Cabe a igreja a ao batizando, em comum acordo,
estabelecerem uma data apropriada. No tocante à Igreja de Cristo em Apodi foi estabelecida a
realização de 02 (duas) cerimônias batismais por ano. Essa periodicidade de 06 (seis) meses se
apresenta como um lapso temporal razoável para oportunizar que os novos convertidos sejam
batizados nas águas.
O procedimento administrativo para realização do batismo na Igreja de Cristo em
Apodi é mui simples: A igreja anuncia a data em que ocorrerá a cerimônia e o(a) irmão(ã),
novo(a) convertido(a), se apresenta ao Secretário 34 da Igreja para se inscrever gratuitamente.
No caso das congregações, os nomes dos batizandos são informados pelo líder/dirigente da
respectiva congregação ao Secretário da Igreja Central para fins de controle. Então, no dia

33
Para maiores informações sobre o assunto Revestimento de Poder ver a lição de número 06 do presente estudo.
34
Atualmente, o Secretário da Igreja de Cristo em Apodi é o Presbítero Tiago de Lima Fernandes.
65
determinado e em local previamente escolhido – espaço este que, certamente, disponha de
piscina, lagoa, rio ou outro reservatório d’água - se realizará a cerimônia. Assim, descerão as
águas muitos irmãos e irmãs que publicizarão sua confissão de fé, simbolizando sua morte para
o mundo (quando imergirem nas águas) e seu renascimento para Cristo (quando emergirem das
águas).
A ICB entende que somente os membros que já foram batizados poderão
participar da Ceia do Senhor. A razão disto é porque somente após o batismo que o crente,
de fato, cumpriu a ordenança que o próprio Cristo cumpriu pelas mãos de João Batista e agora,
cabalmente, o crente é partícipe da morte e ressureição de Cristo e está apto a vida na igreja.

2.1) Traje batismal


A ICA recomenda ao batizando que para participar da cerimônia se evite o uso roupas
finas, transparentes ou de cores claras, para que não haja transtornos. Reafirmamos a toda
membresia da igreja que deve ser respeitado o caráter solene dessa ordenança. Os membros da
IC devem primar por se vestirem de forma composta e que não provoque a sensualidade, não
somente no batismo, mas em qualquer outra reunião da igreja. Lembremo-nos que estamos
diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

3) SÍMBOLOS DO BATISMO
Em Romanos 6.2,3 o apóstolo Paulo afirma que somos agora mortos para o pecado. De
fato, se não houver morte também não haverá nova vida. Nada obstante isso, Jesus afirmou:
“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus” (Jo.3.3). E, se não aconteceu a mortificação para o mundo, o batismo não terá valor
algum. Sendo assim, vejamos a seguir quais símbolos estão ligados ao batismo:

3.1) A Sepultura
O ato de mergulhar ou imergir o convertido nas águas simboliza seu “sepultamento”.
Paulo defende que “fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo batismo; para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida” (Rm.6.4). Não podemos mais voltar ao mundo, pois já morremos e fomos
sepultados.

3.2) A Morte do Velho Homem


O velho homem que éramos antes de aceitar a Jesus foi crucificado na cruz com Ele, e
agora nosso Senhor vive em nós! (Gl.2.20). A natureza não regenerada, cujo desejo era
pecaminoso, foi desfeita na cruz. Resta claro que não só a vida, mas também o comportamento
do salvo (e agora batizado) tem de ser diferente. Afinal, se morrestes em Cristo e fostes
sepultado através do batismo, então, acontecerá a ressureição e agora serás nova criatura,
condição esta para o homem entrar no céu (Jo.3.3-5). A antiga maneira de viver e os usos e
costumes de outrora não servem mais: não combinam com a nova criatura. Vícios, modo de
falar e até a forma de se vestir, enfim, tudo agora será novo. Não é o batismo que proporciona
isso, más o Espirito Santo que habita no crente se, verdadeiramente, ele morreu e nasceu de
novo: pois uma coisa não pode acontecer sem a outra.

3.3) A Ressureição da Nova Criatura


Existe uma palavra tocante ao batismo chamada emersão, que no sentido bíblico
significa ressurgir, ressurreição. Quando o cristão emerge das águas na cerimônia batismal,
quer dizer que agora se inicia um novo período de sua vida, uma vida abundante, em caráter
oficial (2ª Co.5.17).
66
4) QUESTÕES CONTROVERSAS TOCANTES AO BATISMO
4.1) A questão da idade mínima para ser batizado
Não há na Bíblia nenhuma prescrição sobre isso. A ICA convencionou que, a partir
dos 12 (doze) anos de idade, o jovem pode ser batizado. O motivo disto é que, a partir da
citada idade, a pessoa não é considerada mais uma criança 35 e sim um adolescente, o qual já
tem certa maturidade física e psicológica para entender a relevância do batismo e optar,
voluntaria e conscientemente, em participar da referida cerimônia.

4.1.1) Crianças devem ser batizadas?


Atos 16.33,34 é um texto comumente citado por quem defende o batismo de crianças,
por estar escrito que “... e logo foi batizado, ele e toda a sua casa”. Para alguns intérpretes,
"..toda a casa.." do centurião incluía também suas crianças e/ou criancinhas. Este ponto de vista
é defendido especialmente pela Igreja Presbiteriana do Brasil e também pela Igreja Católico-
Romana. É improvável que houvesse crianças pequenas na casa do centurião. A razão imediata
para tal conclusão é porque o texto não declara isto. Trata-se de uma inferência inadequada para
uma correta interpretação.

O PONTO DE VISTA CATÓLICO-ROMANO DEFENDE QUE:


 As crianças, originalmente, estão perdidas! O batismo, então, salvaria as
criancinhas do pecado original fazendo-as cristãs, uma vez que nasceram pagãs.

REFUTAÇÃO BÍBLICA:
 Jesus considerou as crianças como sendo pertencentes ao Reino dos Céus
(Mt.19.13-15).
 O episódio da criança morta de Davi – Quando a criança de Davi morreu, ele
ficou em paz e declarou que a criança não podia voltar para ele, mas ele um dia
iria para onde ela estava, isto é, ele se encontraria com ela outra vez. Se Davi
tinha a esperança imarcescível de usufruir a ressurreição após esta vida (o que é
um fato – Veja Salmo 16.9-11), é na presença de Deus que sua criança iria
aguardá-lo. Veja também 2º Samuel 12.21-23.

O PONTO DE VISTA PRESBITERIANO DEFENDE A:


 Teologia da Aliança - A circuncisão representa o batismo que toda criança
israelita recebia, depois de oito dias de nascida. A Igreja e a nação Israelita
teriam a mesma natureza e colocação. O batismo seria o sinal da mesma aliança
agora sob a graça, como a circuncisão o era sob a lei.

REFUTAÇÃO BÍBLICA:
 Entre a Igreja e Israel existem muitas semelhanças. As lições espirituais para
Israel servem para a Igreja de Cristo, na Dispensação da Graça. Porém, não
podemos afirmar, de acordo com o ensino das epístolas paulinas, que ambos tem
a mesma natureza e, portanto, igual colocação. Nesse sentido, Gálatas 6.16; 1ª
Coríntios 10.32.
 O batismo não é um sinal da Dispensação da Graça. Isto não pode ser
comprovado dentro do NT, e se esse fosse o caso, tampouco poderia ser aplicado

35
O Art. 2º da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) aduz que: Considera-se
criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade.
67
às crianças. Não se observa de modo claro, indícios palatáveis de tal prática e
compreensão no NT.

Portanto, a ICA entende que em hipótese alguma se deve batizar e nem tampouco
validar o batismo de crianças, pois é necessário crer primeiro e então se batizar. Obedecemos
ao princípio bíblico de consagrar os filhos ao Senhor, mas só os batizamos depois que puderem
crer e professar sua fé. Entendemos que ninguém pode nem deve especular sobre a idade da
consciência de alguém, pois varia de pessoa para pessoa e somente Deus é que pode determinar
tal coisa. Contudo, a ICA entende, de forma sóbria, razoável e pelas razões até aqui expostas,
que a partir de 12 (doze) anos o jovem pode ser batizado. Enquanto for criança, não.

4.2) A questão do modus operandi36 do batismo: aspersão ou imersão?


A questão em comento não é das mais controversas embora também não seja pacífica.
Ao se analisar a palavra “batizar”, usada na fórmula de Mateus 28.19,20, percebemos que ela
significa, literalmente: “mergulhar”, “imergir, submergir”.
Alguns, mesmo pertencendo a igrejas que batizam por aspersão (ou efusão) 37, admitem
que a imersão é o modo primitivo de batizar.
Embora a igreja católica e algumas denominações evangélicas pratiquem o batismo por
aspersão, a história e a etimologia do verbo grego baptzõ mostram ser a imersão a forma bíblica.
Mt.3.6,11. Lc.3.16 Jo.3.23 corroboram nesse sentido.
No que diz respeito à fórmula do batismo, ainda que muitas seitas ensinem de modo
diferente, isto é, doutro jeito, a única fórmula bíblica é: “Em nome do Pai, do filho, e, do Espirito
Santo”.

4.3) A questão do convertido que morreu e não teve como ser batizado: ele foi salvo?
O batismo nas águas, em si, não salva ninguém. Jesus disse que quem crer (e for
batizado porque creu) seria salvo e quem não cresse seria condenado. Note que Ele não disse
“quem não for batizado será condenado”, mas sim “quem não crer”.
O batismo segue a fé que nos leva à salvação, mas ele em si não é um meio de salvação.
Que o diga aquele ladrão que foi crucificado com Cristo e a quem Jesus disse que estaria com
Ele ainda aquele dia no paraíso (Lc.23.39-43); ele somente creu e nem pôde ser batizado (pois
morreu pouco tempo depois), mas não deixou de ser salvo por isto. O batismo, portanto, não
salva, mas nem por isso deixa de ser importante e necessário. Aquele ladrão que se
converteu pouco antes de sua morte não teve condições de passar pelo batismo, mas alguém
que creu e tem condições (físicas e mentais) deve obedecer à ordenança de Cristo e ser batizado,
caso contrário estará em deliberada desobediência a Deus, o que poderá impedir-lhe de entrar
para a vida eterna com Cristo.
No ato do batismo, o convertido mostra ter morrido para o mundo e renascido para
Cristo, vivendo agora em novidade de vida. Portanto, repita-se que o batismo nas águas, em si,
não tem nenhum poder de salvar uma pessoa. Alguém que se converteu genuinamente a
Cristo, ainda que seja segundos antes de sua morte, verdadeiramente é salvo e estará com
o Senhor no Paraíso. Como arremate, podemos afirmar que não se batiza alguém para ele ser
salvo, e sim, porque já é salvo.

36
Modus operandi = Expressão em latim que significa "modo de operação". Utilizada para designar uma maneira
de agir, operar ou executar uma atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos.
37
Batismo por aspersão ou efusão, que é praticado pela Igreja Católica, significa "submergir em água por salpicar
água na cabeça da pessoa". Portanto, batismo por aspersão é um paradoxo, algo que se contradiz.
68
4.4) A questão do “rebatismo”.
O batismo nas águas deve ser ministrado uma única vez. É nesse sentido que Paulo
escreveu aos Efésios: “[…] uma só fé; um só batismo” (Ef.4.5). Assim sendo, é evidente que a
Bíblia é contra o denominado rebatismo, isto é, batizar novamente quem já fora batizado.
Quando um irmão de outra denominação deseja se congregar na ICB e o mesmo já foi
participante de batismo válido, ele não será batizado novamente. Entendemos por batismo
válido aquele que fora celebrado por qualquer Igreja Evangélica que entenda tal ordenança
como dever a ser observado pela Igreja de Jesus, que seja cônscio da sua importância, de sua
simbologia e do seu modus operandi. Importa, ainda, que tal cerimônia tenha sido celebrada
por obreiro/dirigente consagrado ao serviço do Senhor. O irmão que já é batizado nesses moldes
poderá participar normalmente de todas as atividades da igreja, inclusive, da Ceia do Senhor.

4.5) A questão do estado civil para os batizandos e suas implicações na vida na Igreja
O batismo é uma cerimônia onde podem participar pessoas nos seguintes estados civis 38:
solteiras, casadas, divorciadas ou viúvas. O caso de pessoa separada, isto é, que não vive
mais com o cônjuge, porém ainda não está divorciado(a) dele(a) bem como os casos dos
que estão em união estável – situação onde pessoas moram juntas, de forma pública e
notória, coabitam maritalmente, mas, sem serem casadas civilmente – precisam ser
regularizados.
O obreiro de cada localidade é a pessoa indicada para tratar do assunto com os
envolvidos, a fim de serem realizados os esclarecimentos devidos e a necessária regularização,
para, feito isto, então batizar. As pessoas que se encontram nas situações de separados ou em
união estável, além de não poderem ser batizadas, também não receberão oportunidade na igreja
de desenvolverem um serviço na casa do Senhor. Essa proibição se justifica em razão de
servimos a um Deus que não é apenas santo: Ele é santo, santo, santo (Is.6.3). Sem santificação
ninguém verá a Deus (Hb.12.7,14). Logo, não se pode admitir que uma pessoa que vive,
voluntariamente, de forma desobediente aos preceitos bíblicos tenha oportunidade de ministrar
qualquer serviço no Reino: eis a importância do bom testemunho do crente. Vale salientar
ainda que a ICA, em comum acordo com o casal, celebra o casamento religioso com efeitos
civis sem maiores dificuldades, bem como sem custos financeiros para os envolvidos. Logo,
não há desculpa para qualquer membro que viva de forma irregular no tocante ao seu estado
civil permanecer no erro. Vale salientar que, ao sabor do caso concreto, podem aparecer
situações onde o obreiro que celebrará o batismo precisará de discernimento para resolver se
batiza ou não39.

4.6) A questão de Jesus ter se submetido ao batismo


Há várias maneiras de discorrer sobre o presente tópico. De acordo com Lucas, era
necessário para que Jesus recebesse o poder do Espírito Santo a fim de cumprir sua chamada
como Messias. Em Mateus 3.15, Jesus disse: “Assim convém cumprir toda a justiça”. Ele
38
Estado civil, ou estado conjugal, é a situação de um indivíduo em relação ao matrimônio ou à sociedade
conjugal. De acordo com a lei brasileira, existem apenas cinco tipos de estado civil: solteiro, casado, separado,
divorciado e viúvo, os demais termos como amigado, amasiado etc. são utilizados coloquialmente e não tem
qualquer valor jurídico. Solteiro = É a pessoa que nunca se casou, independente se possui um relacionamento
estável ou não. Casado = É o indivíduo que possui uma união matrimonial através do casamento civil,
independente do regime de bens adotado. Separado = É quem não vive mais com o companheiro, porém ainda
não está divorciado (a). A pessoa que está separada, pode decretar a separação judicial, para acabar com os deveres
da sociedade conjugal. Divorciado = É a pessoa que teve homologado seu pedido de divórcio através da justiça,
ou de uma escritura. Viúvo = É o indivíduo que o cônjuge faleceu.
39
É o caso, a título de exemplo, de um casal que vive maritalmente, mas, um dos cônjuges se nega a casar. Seria
razoável que o cônjuge que deseja o matrimônio seja proibido de ser batizado? A ICA entende que obreiro da
localidade deverá analisar a situação, conversar com os envolvidos e decidir a respeito.
69
carecia de purificação de pecados? Não, pois o NT destaca que o entendimento que os primeiros
cristãos tinham de sacrifício exigia um sacrifício sem mancha nem pecado, como nos sacrifícios
judaicos. Jesus é apresentado como Cordeiro imaculado de DEUS para o sacrifício pascal
(Mt.26.1 7-29; Jo.1.29; Ap.5.6-8). Paulo também entendeu que JESUS não tinha pecados (2ª
Co.5.21); portanto, a purificação de pecados não é o ponto de debate para Jesus.
O frequente tema de Mateus, cumprimento, afiança a resposta: para “cumprir toda a
justiça”. A justiça dita por Mateus não é meramente guardar normas e regulamentos [...] A
verdadeira justiça está baseada numa relação com Deus, que está implícita no Seu perdão
misericordioso e num recebedor arrependido que deseja cumprir a justiça Dele - e não no
próprio entendimento que a pessoa tenha disso (Mt.5.20; 6.33). Jesus foi o Cordeiro substituto
da humanidade e, pecado seria, caso ele não tivesse sido batizado, posto que não teria cumprido
toda a Lei.

5) INTRODUÇÃO SOBRE A CEIA DO SENHOR


Não tenho a pretensão no presente tópico de falar o que eu penso da ministração da Ceia
do Senhor, pois não tenho nem preciso ter uma ideia diferente do que consta nas Escrituras:
seria irrelevante para o nosso alvo, isto é, o novo convertido. A orientação da palavra de Deus
é mais do que suficiente nesse propósito, pois seu ensino fiel é que liberta, esclarece e dá
segurança ao salvo. O que é a Ceia do Senhor? Quem pode participar dela? Como e quando
deve ser celebrada? São esses e outros questionamentos que pretendemos responder aos
nossos irmãos, na esperança de ajudá-los na caminhada cristã.

6) ENTENDENDO O CONTEXTO HISTÓRICO DESSA ORDENANÇA


A páscoa foi instituída por Deus, no Egito, por ocasião da saída de Seu povo dessa terra.
A mesma deveria ser celebrada a partir daquele êxodo em diante: isto serviria como memorial
de como o Deus Todo Poderoso agiu com mão forte e com braço estendido, livrando-os da
servidão no Egito (Dt.26.8). Fazendo uma aplicação a Igreja, isso simboliza a saída de cada
salvo do mundo de pecados para servir a Deus. Na época veterotestamentária, era sacrificado
um cordeiro de um ano, macho e sem defeito quando da celebração (Ex.12.5). O cordeiro era
assado e o comeriam com pães asmos 40 e ervas amargas (Ex.12.8). Deveriam comê-lo da
seguinte forma: Lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. (Ex.12.11). Tomariam do
sangue do cordeiro e poriam nos umbrais e na verga da porta da casa onde o comessem
(Ex.12.7). Esta era a páscoa do Senhor. Naquela mesma noite o anjo do Senhor passaria
executando juízo e matando todo primogênito do Egito, tanto dos homens como dos animais; e
onde houvesse o sinal do sangue, o anjo passaria e não feriria a ninguém.
Esta páscoa era celebrada pelos Judeus anualmente para lembrar sua saída do Egito. O
cordeiro morto simbolizava Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo.1.29).
Cristo se entregou a si mesmo pelos nossos pecados para conduzir-nos a Deus. O tempo de
duração da pascoa foi da saída do Egito até a morte de Cristo, o Cordeiro Pascoal, que a celebrou
com os Seus discípulos pouco antes de Sua prisão (Lc.22.14-18). Quando Jesus celebrou a
última páscoa com os seus discípulos e em seguida instituiu a Ceia (Lc.22.19-23). Não há,
portanto, motivo ou necessidade de celebrarmos a páscoa, pois o Cordeiro de Deus já veio e
realizou a obra redentora na cruz do calvário. A partir de então, celebramos a Ceia do Senhor,
conforme Ele ordenou.

40
Pão ázimo ou asmo, matzá (hebraico), é um tipo de pão assado sem fermento, feito somente de farinha de trigo
(ou de outros cereais como aveia, cevada e centeio) e água. A preparação da massa não deve exceder 18 minutos
para garantir que a massa não fermente.
70
7) CEIA DO SENHOR: UM MEMORIAL

“… o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e
disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante
modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no
meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim. Porque todas
as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele
venha” (1ª Coríntios 11.23-26)

A ceia do Senhor é um momento de recordação do que Cristo fez por nós ao morrer na
cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte
do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.
Em lugar algum das Escrituras é mencionado que o pão e o vinho se tornam,
literalmente, o corpo e o sangue do Senhor na hora em que os partilhamos. Pelo contrário, Jesus
deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: “fazei isto em memória de mim”.

8) DO QUE É COMPOSTA A CEIA DO SENHOR?

“E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo
oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o
cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”
(Lc.22.19,20).

 Do pão: Ele simboliza o corpo do Senhor que foi sacrificado na cruz, pelos nossos
pecados.
 Do vinho (cálice): que simboliza o Seu sangue derramado na cruz, para nos purificar
de todo pecado.

9) QUEM PODE PARTICIPAR?


A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram
em aliança com Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão
com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros. A ICB
considera isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem O serve de todo coração,
independentemente de tal pessoa se congregar ou não em nossa igreja. Se a pessoa faz parte do
Corpo de Cristo na Terra, então deve participar da mesa. A ICB orienta que só deve participar
da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas. Embora não haja previsão bíblica expressa
nesse sentido, tal orientação se mostra sóbria e prudente, pois aqueles que compreenderam e
participaram do batismo nas águas certamente estão mais cônscios da natureza solene da Ceia
do Senhor.
A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada
pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só as instruímos. Se a
pessoa insistir em participar de forma indigna não será impedida, mas, certamente colherá o
juízo divino. Repita-se para que não paire nenhuma sombra de dúvida: a ICB não proíbe
ninguém de participar da Ceia do Senhor, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que
cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi
proibido por Jesus de participar da Ceia 41 (Lc.22.3,21).

41
Importa informar que, na oportunidade em que Judas participou a mesa, tratava-se, ao mesmo tempo, da última
páscoa e, por conseguinte, da primeira Ceia.
71
Os critérios básicos para participar da Ceia são: estar aliançado com Cristo e com vida
espiritual em ordem.

10) ONDE ACONTECE?


Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia. Onde quer que estejam reunidos
os cristãos ela poderá ser feita.
No livro de Atos dos Apóstolos, lemos que o pão era partido de casa em casa (At.2.46),
o que nos deixa tranquilos quanto a celebrá-la até na residência dos irmãos que, às vezes se
encontram impossibilitados de dirigir a Casa de Oração por motivos justificáveis, tais como:
por estarem enfrentando alguma enfermidade ou por terem idade avançada. Nessa senda,
cumpre informar que a ICA delega ao corpo de Diáconos e Presbíteros a incumbência de se
dirigir até a casa dos irmãos que estão, por algum motivo, sem condições de irem ao templo.
Tais obreiros ministrarão a Ceia a esses irmãos.
Portanto, nos reunimos no templo e nas casas, à semelhança dos dias
neotestamentários, e também praticamos a Ceia do Senhor nesses dois locais de reunião, sendo
que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local.

11) QUAL A PERIODICIDADE PARA REALIZAÇÃO DA CEIA DO SENHOR?


Comumente as igrejas evangélicas celebram a Ceia do Senhor uma vez por mês. A
ICA celebra no primeiro domingo de cada mês. Os ingredientes usados, pão e vinho, não são
transubstanciados42 quando oramos consagrando-os a Deus, como ensina erroneamente o
catolicismo. Apenas tais elementos simbolizam o corpo e o sangue do Senhor Jesus.
A Igreja do Senhor celebra a Ceia do Senhor desde O seu regresso ao céu e o fará até o
Seu retorno, quando Ele vier buscar o Seu povo.

12) POR QUEM ELA É CELEBRADA?


No templo ela é celebrada pelo pastor, que normalmente se serve dos diáconos para o
ajudar na distribuição; já nas congregações, ela é celebrada pelo seu respectivo dirigente e seus
auxiliares.
Como o número de irmãos que participam da Ceia do Senhor é significativo, os
diáconos, previamente, cortam o pão em pequenos pedaços antes de distribuí-lo. No caso do
vinho, o mesmo também é, previamente, colocado em pequenos cálices individuais antes de ser
entregue aos irmãos.

13) A IMPORTÂNCIA DO EXAME PESSOAL

“Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do
corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e
beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a
razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados
pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1ª Coríntios 11.27-32).

42
Transubstanciação = Termo usado pela Igreja católica para explicar a conversão do pão e do vinho no corpo e
no sangue de Cristo. Em outras palavras, a Igreja Católica Romana ensina que uma vez que um padre ordenado
abençoe o pão da Ceia do Senhor, este é transformado na real carne de Cristo (apesar de manter a aparência, odor
e gosto de pão); e quando ele abençoa o vinho, este é transformado no real sangue de Cristo (apesar deste manter
sua aparência, odor e gosto de vinho).
72
Deve-se ter muito respeito e reverência ao participar da Ceia do Senhor. Por isso,
comunhão com Deus e com os irmãos é fundamental e necessária. Deve cada cristão examinar
sua própria vida, e não a dos outros, e só depois de cuidadosa reflexão, decidir participar
ou não da mesa do Senhor.
Quando não há reverência e santidade, o Senhor repreende por meio da Palavra, a fim
de que o irmão se corrija e continue sua vida cristã normal. Caso este insista no pecado, Deus
então o disciplina, como é a orientação do texto. “Fracos e doentes” representam as muitas
enfermidades ou limitações que o Senhor impõe aquele que não se examinou e participou da
Ceia indignamente. Por vezes, os problemas de saúde não conseguem sequer serem
identificados: o médico examina e não consegue diagnosticar e tratar porque o problema é de
ordem espiritual. “Dormem”, conforme a descrição paulina significa morrer. Deus pode
recolher o cristão que indignamente participa da Ceia do Senhor para não ser condenado com
o mundo (1ª Co.11.32). É muito bom ser crente, melhor ainda é ser crente fiel e consagrado a
Deus.

14) QUESTÕES CONTROVERSAS TOCANTES A CEIA DO SENHOR


14.1) Pode-se usar pão fermentado durante a Ceia ou ele tem de ser ázimo?
Esta pergunta tem demandado mais dissensão do que edificação entre o povo de Deus.
Sendo direto, a ICA entende que o pão ázimo (sem fermento) é o tipo de pão ideal para ser
utilizado durante a Ceia do Senhor. A razão disso é o significado de fermento o qual Jesus
diversas vezes se referiu na Bíblia (Mt.16.6; Mc.8.15). Contudo, a ICA também entende que, o
uso de pão fermentado durante a Ceia não macula a cerimônia. Isto se explica pelo fato de
não crermos na doutrina da transubstanciação, já explanada na página anterior. Entendemos,
ainda, que a Ceia é um momento especial, relevante e que toda membresia da igreja deve
participar, os que já forem batizados. Nada obstante isso, reafirmamos que a Ceia é um ato
simbólico onde, através do pão e do cálice, lembramos a morte e ressureição de Cristo (seu
corpo ferido por nossas transgressões e seu sangue vertido para remissão dos nossos pecados),
não carecendo, obrigatoriamente, de se observar tais questões secundárias como o tipo do
pão. O essencial é que cada participante examine-se a si próprio e participe da Ceia de forma
consciente, reverente e jubilosa.
UM SEGUNDO EXEMPLO DE QUESTÃO SECUNDÁRIA é que existem alguns
irmãos que entendem que deve ser um único pão a ser partido para toda membresia que
participará da Ceia. A justificativa que eles usam para defender isto é 1ª Co.11.23,24; pois na
citada passagem o termo “pão” que Jesus usou quando ceou com Seus discípulos estava no
singular. Ora, amados irmãos, a ICA entende isso como um exagero na interpretação da
citada passagem da epístola paulina. Uma igreja de pequeno porte até poderia ser possível
usar um único pão, feito especialmente de acordo com o número de congregados. Mas, e no
caso de igrejas de médio ou grande porte? Como não podemos quantificar de forma precisa o
número de irmãos que virão ao templo e, dentre eles, os que escolherão cear, o mais provável
é que houvesse desperdício desnecessário. Logo, até por uma questão de logística e celeridade
na distribuição do pão, os diáconos utilizam um número médio de pães, comprado em razão da
média de irmãos congregados, o que evita um maior desperdício em caso de seu não uso.
UM TERCEIRO EXEMPLO é que existem, ainda, alguns irmãos que entendem
que o pão deve ser partido somente instantes antes da celebração da Ceia e diante de toda
igreja. Além disso, os mesmos que defendem tão premissa argumentam que o pão não pode
ser cortado por instrumentos (faca, por exemplo), mas, deve ser partido com as próprias mãos.
A justificativa que eles mais usam para defender isto é a mesma que já comentamos, qual seja,
1ª Co.11.24. A ICA entende isso como outro exagero na interpretação da citada passagem
da epístola paulina, pelos mesmos argumentos usados para refutar o exemplo anterior.

73
Razoabilidade e bom senso são duas premissas que devem sempre serem levadas em
consideração, inclusive, na exegese bíblica.

14.2) Pode-se usar suco de uva ao invés de vinho durante a Ceia?


Eis aqui outra discussão que só será apaziguada, de uma vez por todas, na Eternidade.
O mesmo grupo de irmãos que defendem a obrigatoriedade do uso de pão ázimo durante a Ceia,
defende também a obrigatoriedade do uso de suco de uva, pois, segundo eles, o álcool do vinho
macularia o cálice, que representa o sangue bendito de Jesus. A posição da ICA mantem-se
mais coerente as Escrituras, ao recomendar que durante a Ceia do Senhor se use vinho e
não suco de uva. 1ª Co.11.18-21 deixa claro isso. Senão vejamos as palavras do Ap. Paulo:

“Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em
parte o creio. E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem
manifestos entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do
Senhor; porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um
fica com fome e outro se embriaga”.

Uma pergunta que cabe ante a citada passagem é: Quantas pessoas você já viu ficarem
embriagadas ao tomarem suco de uva? Existem aqueles que defendem que suco de uva tomado
em grande quantidade embriaga. Mas, não me parece razoável esse modo de pensar.
Historicamente falando, sabe-se que o vinho é extremamente usado pelos povos orientais,
inclusive judeus. E Jesus como bom judeu que era tomou um bom cálice de vinho.
Para concluir o presente tópico, segue mais uma citação do Ap. Paulo que corrobora
com o ponto de vista defendido pela ICA: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há
devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Ef.5.18). Resta claro que, em lugar nenhum da
bíblia é proibido ao crente tomar vinho, o qual contém um certo teor de álcool. O
problema está no caso daqueles que se embriagam. A estes, faltam-lhes o fruto do Espírito
denominado domínio próprio 43. Estudos modernos44, inclusive, defendem que a ingestão
regular de vinho tinto, em pequenas quantidades, faz muito bem ao corpo humano, até
prevenindo certos tipos de câncer.

CONCLUSÃO
São pequenos detalhes, ainda que muito simples, que ajudam a manter a identidade
moral e social da Igreja de Jesus. Já saímos, espiritualmente falando, de um mundo conturbado
e complicado, para o qual não devemos mais voltar nem ter saudades dele. A vida com Cristo
é muito melhor.

43
Domínio próprio (temperança) é um dos frutos que mais o crente deve buscar produzir, guiado pelo Espírito. A
razão disso é que por faltar tal controle em si próprio, muitos tem se deixado levar pelos exageros no falar, no
vestir, no comportamento e até no se alimentar. Em todos esses casos, o pecado se configura. É justamente por
isso que, ainda que não proíba a sua membresia que tome vinho por causa do álcool que faz parte de sua
composição, a ICA orienta, de um modo geral, que toda sua membresia se abstenha de toda e qualquer bebida
alcóolica. Não é contraditório isso. Ocorre que zelamos pelo testemunho de cada crente e, se este ao examinar-se,
não tem domínio em si próprio, melhor não se arriscar. Salutar é reconhecer, tal qual ensina as Escrituras, que o
poder de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza, por causa da Sua graça que nos basta (2ª Co.12.9a)
44
Segue citação extraída do livro ANTICÂNCER, escrito pelo Dr. David Servan-Schreiber, o qual ensina como
prevenir e vencer o câncer usando nossas defesas naturais, aliadas a alimentação e hábitos de vida saudáveis (2011,
p.170): “O vinho tinto contém numerosos polifenóis, dentre os quais o famoso resvesratrol. Como esses polifenóis
são extraídos por fermentação, sua concentração é mais importante no vinho que no suco de uva. O resveratrol
age sobre os genes conhecidos por proteger as células sadias do envelhecimento (sirtuins). Tem também a
capacidade de retardar as três etapas de progressão do câncer – iniciação, promoção e progressão.
74
Podemos, abertamente, afirmar com fez o apóstolo Paulo: “Nenhuma condenação há
para quem está em Cristo Jesus” (Rm.8.1). Tal versículo não deve ser interpretado como
liberdade para pecar, mas sim como liberdade para servir ao Senhor em novidade de vida
(Rm.7.6). A experiência de uma nova vida com Cristo não tem comparação, pois é algo
totalmente novo, e não existe nada a ser comparado. Nesse contexto, tanto o batismo nas águas
quanto a Ceia do Senhor são ordenanças que devem fazer parte da vida do crente que se
converteu genuinamente a Cristo. Ao Senhor, toda honra, toda glória e todo louvor!

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO

1) EXPLIQUE, COM SUAS PALAVRAS, QUAL A DIFERENÇA ENTRE BATISMO


NAS ÁGUAS, BATISMO COM ESPIRÍTO SANTO E REVESTIMENTO DE PODER.
Resposta sugerida. Batismo nas águas é a cerimônia onde, simbolicamente, o crente morre para
o mundo (ao imergir nas águas) e ressurge para Cristo (ao emergir). Batismo com Espírito Santo
é o selo que todo salvo recebe na hora em que se converte genuinamente a Cristo. É o
“passaporte” que te faz pertencer a família de Deus. Revestimento de poder é o cumprimento
da promessa de Deus aos discípulos, no qual eles deveriam orar e buscar essa capacitação
especial do alto para melhor servirem no Reino. É uma experiência posterior ao batismo com
Espírito Santo (salvação).

2) QUEM SE CONVERTEU A CRISTO, MAS MORREU ANTES DE SE BATIZAR


NAS ÁGUAS, ESTÁ SALVO? JUSTIFIQUE E EXEMPLIFIQUE SEU PENSAMENTO.
Resposta. Sim, se sua conversão foi genuína, verdadeiramente está salvo. O batismo nas águas
não é a garantia para a salvação de ninguém. O batismo com Espírito Santo sim. O exemplo
clássico de alguém que foi salvo, mas, que não teve como ser batizado nas águas, foi o ladrão
da cruz que se arrependeu (Lc.23.39-43).

3) QUAL A POSIÇÃO DA ICB SOBRE O SEGUINTE CASO HIPOTÉTICO:


ALGUÉM, NÃO CONVERTIDO E NEM TAMPOUCO BATIZADO, DESEJA
PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR? Resposta. A instrução bíblica é que a pessoa
examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos
ninguém, nem as proibimos, só as instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma
indigna não será impedida, mas, certamente colherá o juízo divino. Nem Judas Iscariotes, em
pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia (Lc.22.3,21).

75
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 08: CARACTERÍSTICAS, USOS E COSTUMES DO CRISTÃO


Ir. Damiana Sheila Gurgel Praxedes
Ir. Keila Siméia de Melo Teixeira Costa
Ir. Nicélia Lima Morais

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER que a nova vida em Cristo implica em um rompimento, dia após dia, com
as coisas do passado.
• IDENTIFICAR E ANALISAR algumas características que marcam um crente
genuinamente convertido ao Senhor.
• COMPREENDER que o bom testemunho do crente deve ser refletido não somente em
suas características, mas também em seus usos e costumes, pois ambos são atributos
indispensáveis na caminhada rumo ao céu enquanto vivermos aqui na Terra.

TEXTOS-BASE:
 “Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias
do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe
concedesse não se contaminar” (Dn.1.8).
 “O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de
joias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível
traje de um espírito manso e tranquilo, que és, para que permaneçam as coisas” (1ª
Pe.3.3,4).

INTRODUÇÃO
Já aprendemos que quando aceitamos a Jesus como nosso salvador, o Espírito Santo de
Deus começa a habitar em nós (1ª Co.3.16). Assim sendo, passamos a ter uma nova vida em
Cristo. Por isso, a nossa vida agora deve ser diferente de outrora. Está escrito: “Assim que, se
alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”
(2ª Co.5.17).
Embora o crente nascido de novo receba a nova vida no Espírito Santo, ele ainda tem
residente em si mesmo a natureza pecaminosa, com suas perversas inclinações (Gl.5.16-21). A
natureza pecaminosa que nele existe precisa ser mortificada e vencida pelo poder e graça do
Espírito Santo (Rm.8.13). É um processo, por vezes lento mas gradual, chamado santificação.
Para obtermos essa vitória precisamos negar tal natureza diariamente (Mt.16.24; Tt.2.11,12),
deixando todo impedimento ou pecado (Hb.12.1), e resistindo a todas as inclinações
pecaminosas.
76
Em virtude disso, o crente precisa apresentar características que o diferem das pessoas
que ainda não aceitaram a Jesus. Essas características são visíveis em um novo proceder, em
sua forma de pensar, falar, agir e se comportar tanto dentro quanto fora da Igreja.

1) CARACTERÍSTICAS DO CRISTÃO
Vivemos em um tempo em que está cada vez mais difícil identificar quem realmente
são as pessoas. Muitos têm se escondido atrás de suas “máscaras”, dos seus títulos, dos seus
talentos, dos seus cargos na Igreja ou na sua zona de conforto. Daniel se manteve firme, mesmo
na Babilônia, pois seu desejo era obedecer, mesmo que isso lhe custasse à vida (será que
estamos dispostos a tanto?). Agradar a Deus era a prioridade de Daniel (e qual tem sido a
nossa?). Isso era o mais importante! Essa era a renúncia de Daniel.
Precisamos lembrar que não é a Igreja nem tampouco a Palavra de Deus que
precisam se amoldar ao ser humano, mas este é quem precisa se amoldar ao padrão
estabelecido por Deus em Sua Palavra.
A regra de ouro para todo cristão é se perguntar em toda e qualquer situação, da
mais simples a mais complexa, o que faria Jesus em meu lugar? Como ele responderia? O
que falaria? O que vestiria? Como se comportaria? Ao fazer continuamente esse exercício,
estamos tomando por base o melhor exemplo de todos: o Senhor.

1.1) Ele é Reverente.


“Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor
do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal” (Eclesiastes 5.1).
Ser reverente é ter respeito profundo por alguém ou algo, em função das virtudes,
qualidades que possui ou parece possuir; consideração, deferência. A reverência a Deus implica
em diversas outras características que devem ser apresentadas pelo cristão. Vejamos algumas
delas no que diz respeito a casa de Deus:

1.1.1) Assiduidade: Significa não faltar a um dado compromisso ou reunião.


 Chega de “crente domingueiro”: todo dia é dia de adorar ao Senhor.
 Chega de pessoas que só vão a igreja se o pregador tal ou o cantor tal estiverem presentes
na oportunidade: vamos a Igreja porque o Senhor lá está.
 Chega de pessoas que colocam dificuldade para ir para o culto da igreja, mas, faz de
tudo para irem a um show gospel!

77
1.1.2) Pontualidade: Significa ser pontual, isto é, chegar no local da reunião ATÉ o horário
estabelecido para seu começo. Está escrito que “Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo
para todo propósito debaixo do céu” (Ec.3.1). Resta claro que só não há tempo para perder
tempo. De que horas começa o culto na sua congregação? Por que muitos sempre chegam
atrasados? É necessário um autoexame para refletirmos se servir a Deus no Seu templo tem sido
uma de nossas prioridades.

1.1.3) Disponibilidade: Significa ser comunicável, solícito, alguém que se pode contar para ser
útil na causa do mestre independentemente do tipo do serviço. Existem serviços que só Deus
tá vendo quando fazemos: temos certeza de que estes, que ninguém quer fazer, Deus
certamente tem galardão preparado para quem se dispõem a realizar. Exemplo disso são os
serviços inerentes a organização dos cultos (ajeitar cadeiras, preparar o som, limpar o local da
reunião, etc.).

O cristão precisa compreender, ainda, que a Casa de Deus é lugar de:

 ORAÇÃO: Registra-se em Mateus 21.13 que “A minha casa será chamada Casa de
Oração”. O propósito do culto é falar com Deus e ouvir Sua voz. Quando outras coisas
quaisquer tomam nosso tempo no culto, em detrimento ao tempo necessário de oração
e atenção a Palavra, o culto começa a perder o seu propósito.

 SILÊNCIO: Consta em Habacuque 2.20 “Mas O SENHOR está no seu santo templo;
cale-se diante dele toda a terra”. Interessante que em um cinema ou teatro,
incentiva-se o silêncio e as pessoas obedecem em respeito umas às outras. Na Igreja
78
precisa-se de um respeito ainda maior. A questão do silêncio que estamos tratando não
é no sentido de se “entrar no culto calado e sair mudo”: louvar a Deus e glorificar ao
Seu santo nome são coisas que todo o crente deve fazer cultuando a Deus. O ensino aqui
é no sentido de se evitarem ruídos desnecessários, tais como conversas paralelas,
deslocamentos dispensáveis durante o culto, uso do celular ou outros aparelhos que
desviam a sua ou a atenção dos demais irmãos, etc.

 CONCENTRAÇÃO: Está escrito em 2ª Coríntios 10.5 “e toda altivez que se levante


contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de
Cristo”. Você consegue se concentrar no culto? Mais que somente ouvir, é necessário
ouvir no propósito de compreender a letra dos hinos entoados e, principalmente, a
palavra que será lida ou pregada. Falando em concentrar-se, tem gente que termina o
culto e não lembra nem do que acabou de ser pregado da Palavra. A ilustração abaixo
demonstra alguns dos motivos disso ocorrer:

 PARTICIPAÇÃO: Não devemos ser apenas ouvintes da Palavra, mas, praticantes da


mesma (Tg.1.22). De igual forma, não devemos ir a um culto somente como ouvintes,
mas, também como participantes. Podemos participar:
o No altar: Exercendo algum ministério durante o culto, por vezes, fazendo uso
de algumas ferramentas, tais como: microfone para fazer leitura, louvar, pregar,
instrumentos musicais diversos, etc.
o No banco/cadeira: para sermos participantes do culto não é indispensável o uso
das ferramentas citadas no item anterior. É evidente que, a depender do número
de irmãos que estejam na reunião, não é razoável que todos participem no altar.
Logo, precisamos ter consciência e maturidade para, quando nos for dada

79
oportunidade a frente, fazermos para Deus o nosso melhor e, caso não seja
possível naquele dia, podemos adorar a Deus no lugar onde estivermos.

Reverência implica, por fim, em o crente ser cônscio da natureza solene do culto e de
que o mesmo é ininterrupto: a reunião pode até ter acabado no templo mas o culto continua fora
da igreja, em todos os lugares que frequentamos, mediante nosso testemunho e obras.

1.2) Ele busca crescer em conhecimento de Deus e em maturidade.


Como tem faltado conhecimento da Palavra e maturidade aos crentes de um modo em
geral. Temos visto irmãos afobados, preocupados, relaxados, ansiosos, que não se envolvem
com a Obra em nenhum aspecto. São irmãos que ano após ano continuam estagnados em
conhecimento bíblico, sem crescimento espiritual e muitos até com “síndrome de coitadinhos”.
Devemos buscar conhecer a Deus um pouco mais todos os dias e não nos acomodarmos.
Devemos parar de esperar as coisas acontecerem.
Algumas perguntas pertinentes para reflexão são: você está satisfeito com o grau de
profundidade no seu relacionamento com Deus? Será que você já conhece o suficiente
acerca de Deus? Acreditamos que suas duas respostas foram negativas. Afinal, há muito mais
de Deus para nós e podemos desfrutar de uma maior intimidade com Ele “se conhecermos e
prosseguirmos em conhecer o Senhor” (Os.6.3). Nesse sentido, Deus se revela através da Sua
Palavra. Nesse ínterim, outros questionamentos pertinentes são: tem dedicado um tempo
todos os dias a meditar na Bíblia? Tem ido aos cultos de Doutrina? Tem ido a Escola
Bíblica Dominical? Esperamos que a sua resposta tenha sido SIM para os três
questionamentos.
Ninguém é tão sábio que não tenha nada a aprender. Ninguém é tão incapaz que
não tenho algo a ensinar. Um jovem, um adolescente, uma criança e até um novo convertido
tem algo a nos ensinar. Deixemos todo o orgulho de lado e estejamos dispostos a aprender mais
de Deus a cada dia. Tempo de convertido não significa, necessariamente, em tempo de
aprendizado e maturidade no tocante as coisas de Deus. Podemos assimilar todo o
conhecimento presente na Bíblia e ainda sermos tolos. Conhecer por si só não basta. Bem-
aventurados os que conhecem e praticam os ensinos da Palavra de Deus.

1.3) Ele exerce boa influência.


Em Dn.2.48 está escrito: “Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes
dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também por principal
governador de todos os sábios de Babilônia”.
Daniel passou a liderar dentro de um reino que não era o seu. Ele ganhou destaque e
influência ao ponto de o rei Nabucodonosor incluir Deus como um dos deuses que o império
babilônico deveria adorar. Daniel influenciou o chefe dos eunucos e influenciou os seus amigos,
porque ele tinha as características de Cristo.
Exercer influência é diferente de ser influenciado. Hoje em dia tem muito “crente
modinha”, isto é, que não vigia e é levado “pela onda do momento”. Sejamos sóbrios e
guardemos os ensinos do Mestre para que, fazendo uso da boa influência que temos, inspiremos
nossos irmãos a permanecerem em Cristo e, ao mesmo tempo, sejamos canais para conduzir os
amigos não cristãos a Ele.

1.4) Ele procura cultivar os frutos do Espírito.


A Bíblia nos ensina em Gálatas 5.22,2345 que “o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a
paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio;

45
Para maiores informações sobre os Frutos do Espírito, ver lição 06 do presente estudo.
80
contra estas coisas não há lei”. Precisamos ser árvores que apresentem os citados frutos.
Afinal, “pelo fruto conhecereis” (Mt.7.16).

2) USOS OU COSTUMES46
É muito comum as pessoas confundirem doutrina e costume. Devemos entender que são
duas coisas totalmente diferentes. Costumes estão ligados a usar uma prática habitual particular
de uma cultura e no modo vigente daquele tempo e lugar. A palavra doutrina significa ensino,
instrução. A doutrina para ser cristã é preciso que ela esteja exposta no texto sagrado e seja
válida para todos os cristãos, ou seja, não é apenas algo local ou circunstancial, mas geral.
Outras diferenças entre doutrina e costume são:
 Quanto a origem: a doutrina é divina, o costume em si é humano.
 Quanto ao alcance: a doutrina é geral, o costume em si é local.
 Quanto ao tempo: a doutrina é imutável, o costume em si é temporário.

2.1) A questão do uso de roupas e acessórios.


Qual o critério do cristão ao se vestir e se adornar? É valido lembrar que a Bíblia foi
escrita em um determinado contexto temporal e cultural, o que nos faz avaliar e entender que
muitos usos e costumes bíblicos do AT e do NT são diferentes dos nossos. Observe o fato
interessante que segue:

 Em Corinto era proibido as mulheres cortarem o cabelo, e os homens de terem os


cabelos crescidos (1ª Co.11.4-16). Mas, em Israel era normal os homens terem longos
cabelos (Jz.13.1-5; 2º Sm.14.26);
 Em Corinto as mulheres podiam profetizar e orar nos cultos, e profetizar também era
ensinar (1ª Co.14.31); mas em Éfeso onde Timóteo estava elas não podiam fazer nada
disso (1ª Tm.2.11-12). Acontecia assim porque estas duas cidades tinham costumes
diferentes.

Todo cristão deve respeitar a cultura na qual está inserido, desde que ela não fira a
doutrina bíblica (Mt.22.2147). Assim, no caso de usos e costumes devemos saber se tal costume
no país em que vivemos é aceito ou não. Como a sociedade olha quem pratica tal coisa? Olha
como cristão? Sendo práticos: homens de brincos no Brasil são vistos como cristãos pela
sociedade? Mulheres com brincos pendurados no nariz são vistas como cristãs? Agora todos
nós sabemos que a sociedade não vê nada de errado em uma mulher cristã se adornar com seu
brinco na orelha, ou seu colar ao pescoço. Da mesma forma, não existe discriminação em um
homem usar um colar discreto. Existem algumas coisas que devem ser observadas pelo cristão
quando for se vestir e se adornar com seus enfeites. Não se deve usar tudo que a moda oferece.
Quando se for usar algo se deve fazer algumas perguntas:
 “Isto que estou usando serve para a glória de Deus?” (1ª Co.10.31).
 “Isto que estou usando me faz ser causa de escândalo para crentes ou descrentes?”
(Rm.14.13-16, 21; 1ª Co.10.32).
 “Isto que estou usando mostra que sou santo”? (1ª Pe.1.14-15).
 “Isto que estou usando Jesus usaria?” (1ª Jo.2.6).
 “Isto que estou usando mostra que meu corpo é templo do Espírito Santo?” (1ª
Co.6.18-20).

46
Usaremos nesta lição os termos usos e costumes como sinônimos.
47
Jesus respondeu dizendo (...) Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. O mestre respeitou
às leis romanas e, por conseguinte, sua cultura.
81
Muitas coisas podem até não ser pecado, mas para evitar o escândalo não devemos fazer
(1ª Co.10.23-31). O cristão deve adotar a modéstia em todo o seu procedimento. Se não adotar
o comedimento saiba que se está em pecado. Daí a recomendação do Ap. Pedro ao afirmar que
“O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de joias de
ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um
espírito manso e tranquilo, que és, para que permaneçam as coisas” (1ª Pe.3.3,4). O bom senso
deve ser praticado pelos crentes no uso dos seus trajes ou adornos, sob pena de fazer do templo
de Deus [que é o seu corpo] um templo profano. Ao usar uma roupa ou adorno pense sempre
no outro, e se aquilo está escandalizando o nome de cristão ou não. Que tipo de templo você é?
O princípio será sempre o mesmo: a busca pela ordem e decência, além do cuidado
de não fazer o seu próximo tropeçar, pois disse Jesus a seus discípulos: “É impossível que
não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!” (Lc.17.1). É justamente por isso que
a ICA tem um trabalho muito sóbrio de orientar toda a sua membresia sobre as características,
usos e costumes do cristão.
Naturalmente, milhares de casos concretos poderiam ser abordados no corpo desta lição,
tais como: a questão das tatuagens; o uso de piercings48, anéis e demais acessórios para o
corpo ou para as roupas; o tamanho e a cor dos cabelos de alguém; as medidas, decotes,
justeza e apresentações dos variados tipos de roupa; o uso de calças por mulheres; entre
tantos outros. Porém, ao longo da caminhada com Cristo, o aprendizado com a Sua Palavra e
as experiências com Ele, o próprio Espírito Santo nos amolda a cada dia a semelhança do Senhor
e nos mostra o que convém ou não usarmos. Roupa não é aferidor de santidade, mas, é um bom
indicativo de submissão aos princípios da Palavra de Deus. Alguém pode afirmar que conhece
uma pessoa que se veste como cristã, mas, é completamente desviada dos caminhos do Senhor
e dá mau testemunho: amados irmãos, que nossas referências não sejam os maus exemplos.
A nossa melhor referência é o próprio Cristo. Um dos erros mais comuns de alguém é justificar
os próprios pecados comparando-os com os dos outros. Você não é todo mundo: você foi lavado
e remido pelo sangue do Cordeiro! Aleluia!

CONCLUSÃO
Características, usos e costumes do cristão é um tema bastante amplo. Estamos
conscientes que apenas iniciamos uma discussão que poderia ser infindável, se tivéssemos a
pretensão de abordar e discutir as mais variadas questões que existem sobre esta temática.
Contudo, para os fins que se propõem a presente apostila, entendemos que as características
que devem apresentar o discípulo, o que ele pode ou não usar (dentro e fora da igreja) e quais
costumes merecem ser levados em consideração, necessariamente, precisam passar pelo crivo
da Palavra. Aquele que tem compromisso com Cristo deve se parecer com Ele. Não é à toa que
a primeira vez que os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos foi na cidade de
Antioquia. Eles receberam esse nome justamente porque lembravam o Mestre no modo de falar,
de se comportar e até de se vestir.
Deixemos de lado todo embaraço da vida de antes de nos convertermos. Se, de fato, o
Espírito Santo do Senhor habita em nós, Ele mesmo trabalhará de forma progressiva para nos
dar a convicção de como devemos andar em todo nosso proceder. Ouçamos e obedeçamos a
Sua voz, lembrando que “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm.
Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1ª Co.6.12).
Que nossas vidas sejam um testemunho fiel da graça e do amor do Senhor Jesus em todo
o nosso modo de viver. Amém.

48
Piercing é uma forma de modificar o corpo humano, normalmente furando-o a fim de introduzir peças de
metal esterilizado.
82
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO

1) NO QUE DIZ RESPEITO ÀS CARACTERÍSTICAS, USOS E COSTUMES DO


CRISTÃO, QUAL A REGRA DE OURO PARA SE AVALIAR SE DEVEMOS OU NÃO
AGIR DE UMA DETERMINADA MANEIRA? Resposta. Basta o cristão fazer
continuamente o seguinte exercício: “Em meu lugar, o que faria Jesus?”, “Como Ele agiria”,
“O que Ele falaria?”, “O que vestiria?”.

2) CITE E EXPLIQUE PELO MENOS 03 (TRÊS) CARACTERÍSTICAS QUE DEVEM


APRESENTAR O CRISTÃO. Resposta Sugerida. Reverência, assiduidade, pontualidade,
disponibilidade, buscar crescer em conhecimento de Deus e em maturidade, procurar exercer
boa influência, cultivar os frutos do Espírito.

3) DIFERENCIE, COM SUAS PALAVRAS, COSTUMES DE DOUTRINA. CITE


EXEMPLOS. Resposta. Costumes estão ligados a usar uma prática habitual particular de uma
cultura e no modo vigente daquele tempo e lugar. Doutrina significa ensino, instrução. Os
costumes em si são humanos, locais e temporais. A doutrina em si é divina, geral e atemporal.
Exemplos de doutrina são a Doutrina da Trindade, a Doutrina da Salvação. Exemplos de
costumes: ler a Palavra em pé ou sentado; orar de joelhos ao chegar no templo ou não, permitir
o uso de determinado tipo de roupa ou não.

83
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 09: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ICA.


Bp. Antônio Tarcísio Barros
Pr. David Marroque Teixeira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• IDENTIFICAR a composição da Estrutura Organizacional da Igreja de Cristo em
Apodi/RN.
• RESPALDAR a composição citada no objetivo anterior indicando qual o suporte
bíblico para tal Estrutura.
• ACLARAR algumas questões controversas no que toca o ministério feminino bem
como alguns ministérios masculinos que não são reconhecidos como atuais pela ICB.

TEXTO-BASE:
 “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus; e o que de mim
ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para
também ensinarem os outros. Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum
soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que
o alistou para a guerra. E também se um atleta lutar nos jogos públicos, não será
coroado se não lutar legitimamente. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a
gozar dos frutos. Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em
tudo. Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2ª Tm.2.1-7, 15).

INTRODUÇÃO
Diante de tantos modelos eclesiásticos propagados, tantos sistemas denominacionais
dividindo os cristãos, pensamos ser profundamente pertinente falar sobre a Estrutura
Organizacional da Igreja. Não temos a pretensão de propor algo novo, nem tampouco estamos
a fazer uma promessa de crescimento vertiginoso, nem muito menos se trata de uma nova
doutrina sobre a manifestação do corpo de Cristo na terra. Há em voga diversas formas de
agrupamento humano e, as formas menos sadias, são justamente as que massificam as pessoas
dissolvendo suas personalidades e desfigurando suas identidades.
De fato, nem sempre é possível ou mesmo prudente privilegiar a pessoalidade dos
relacionamentos. As organizações, atendendo às necessidades pós-modernas, estruturam-se de
forma a otimizar as relações interpessoais. Portanto não se pode radicalizar ao ponto de
condenar toda e qualquer estrutura organizacional que não prime pela personalidade humana.
Nada obstante isso, quando se trata da Igreja não podemos perder o foco. Paralelo ao que ocorre

84
na sociedade secular, no meio religioso há uma profusão de estruturas hierárquicas, formas de
governo e modelos a serem seguidos; ocorrendo ainda o peso da “sacralização” deste ou
daquele, fazendo com que existam estruturas tidas como ortodoxas e as não ortodoxas, sendo
até mesmo chamadas de heréticas.
Estudemos a seguir do que é composta a Estrutura Organizacional da ICA.

1) DO QUE É COMPOSTA A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ICA?


a) Do cabeça que é Cristo: Nós da Igreja de Cristo nem questionamos este assunto, exatamente
porque as Escrituras nos ensinam assim (Ef.5.23).

b) Depois do cabeça que é Cristo vem o Conselho da Igreja: é a reunião de todos os Pastores,
Presbíteros, Evangelistas, Diáconos, Dirigentes de congregações/núcleos missionários 49 e o
Bispo.

c) Abaixo do Conselho enquanto colegiado, estão o Pastor e o Bispo considerados


individualmente. Eles são uma espécie de “pau para toda obra”. Incumbe a eles acatarem as
decisões do Conselho e se certificarem que as mesmas estejam sendo cumpridas. Além disso,
eles presidem, pastoreiam, ensinam, ministram, aconselham, pregam, visitam e fazem mais uma
série de outras atividades não pouco sacrificosas que lhes são atribuídas.

d) Em seguida vem os Presbíteros e Evangelistas. Os primeiros têm a responsabilidade da


administração organizacional e das atividades relacionadas com a Palavra, especialmente no
que diz respeito ao ensino dos crentes. São obreiros maduros, experimentados na seara, aos
quais são confiados trabalhos que exigem sabedoria e liderança para tomada de decisões
complexas. Já os segundos tem seus ministérios voltados a pregação da Palavra, sendo sua
responsabilidade realizar trabalhos de evangelização, tanto o evangelismo de massa quanto o
evangelismo pessoal50. Incumbe ainda aos Evangelistas organizarem cruzadas e tantas outras
movimentações inerentes a sua responsabilidade precípua que é ganhar almas para Cristo.

e) Os Diáconos vem depois e eles tem por função basilar desempenharem um ministério de
serviço na causa do Mestre. São eles quem zelam pela ordem no culto. Eles ainda servem as
mesa na Ceia, cuidam da ação social, realizam visitas nas casas dos irmãos e dos amigos,
recebem os amigos visitantes e os irmãos na igreja bem como acomoda-os, além de outras
atividades correlatas.

Além dos obreiros já mencionados existem ainda os homens que são denominados
Dirigentes de Congregação ou Núcleo Missionário. São pessoas que podem ou não terem
sido consagradas a algum dos títulos supracitados. O trabalho deles é assemelhado ao de um
Pastor de Igreja, contudo, por não ainda terem a experiência necessária para serem consagrados
a tal, exercem função de pastor e vão ganhando experiência na seara dirigindo trabalhos
pequenos para, paulatinamente, terem sob sua responsabilidade trabalhos mais complexos.

49
Núcleo missionário é um trabalho evangelístico que está se iniciando ou pouco se desenvolveu em uma
comunidade ou em um bairro da cidade ou mesmo na zona rural. Chama-se assim, justamente porque as pessoas
que estiverem lá trabalhando tem por objetivo promover cultos de forma regular, especialmente evangelísticos,
para que a medida que as pessoas forem se convertendo, se viabilize a possibilidade real de se instalar naquele
local uma congregação da Igreja.
50
Para maiores informações a respeito de Evangelismo, ver a lição de número 12 desta Apostila.
85
De modo bem sintético, a Estrutura Organizacional da Igreja é composta por:
Cristo que é sua cabeça; os variados tipos de obreiros que somados compõem o Conselho da
Igreja e os Departamentos da Igreja51, onde estão engajados os irmãos.

2) ALGUMAS BASES BÍBLICAS PARA:


a) Cristo enquanto o Cabeça da Igreja:
 “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo” (Ef.4.15).
 “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja,
sendo ele próprio o salvador do corpo” (Ef.5.23).
 “E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade” (Cl.2.10).
 “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça
da igreja” (Ef.1.22).
 “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos,
para que em tudo tenha a preeminência” (Cl.1.18).

b) O Conselho da Igreja:
 A autoridade que possui o Conselho da Igreja é justamente por este ser composto do
corpo de obreiros consagrados ao serviço do Senhor. Importa destacarmos que a referida
autoridade não vem destes homens, mas, do Deus que eles servem. Logo, a ICA entende
que, de forma dialogada e consensual, as decisões que definem os rumos da Igreja são
mais acertadas se tomadas de forma colegiada, refletida e harmoniosa. Daí a criação do
Conselho.

c) O Pastor:
 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef.4.11).
 “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais
imitai, atentando para a sua maneira de viver” (Hb.13.7).
 “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas,
como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não
gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb.13.17).

d) O Bispo:
 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”
(At.20.28).
 “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão
em Filipos, com os bispos e diáconos” (Fl.1.1).
 “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher,
temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não
espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não
avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda
a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da
igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação
do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que
não caia em afronta, e no laço do diabo” (1ª Tm.3.2-7).

51
Para maiores informações a respeito dos Departamentos da Igreja, ver a lição de número 10 desta Apostila.
86
 “Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus, não
soberbo, nem irascível, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe
ganância” (Tt.1.7).

e) O Presbítero (também traduzido por ancião):


 “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que
ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:
Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não
possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Pois é necessário que o
bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus, não soberbo, nem irascível, nem
dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas hospitaleiro,
amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, temperante; retendo firme a palavra fiel, que é
conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como
para convencer os contradizentes” (Tt.1.5-9).
 “Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra,
especialmente os que labutam na pregação e no ensino. Porque diz a Escritura: Não
atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário. Não
aceites acusação contra um ancião, senão com duas ou três testemunhas”. (1ª
Tm.5.19).
 “O presbítero ao amado Gaio, a quem em verdade eu amo” (3ª Jo.1.1).
 “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com
eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar”.
(1ª Pe.5.1).
 “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele,
ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tg.5.14).

f) O Evangelista:
 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef.4.11).
 “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a
Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos
com ele” (At.21.8).
 “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o
teu ministério” (2ª Tm.4.5).

g) O Diácono:
 “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos
gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável
que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre
vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no
ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e
Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram ante os apóstolos, e
estes, orando, lhes impuseram as mãos” (At.6.1-6).
 “Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito
vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé numa consciência
pura. E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem
87
irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes,
temperantes, e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem
bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos,
adquirirão para si um lugar honroso e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”
(1ª Tm.3.12,13).

Cumpre informarmos que não consagramos um irmão a nenhum dos cargos já


mencionados se ele estiver fora das exigências bíblicas para tal. Exemplo disso é a situação
dos que não são legalmente casados ou que tenham um relacionamento amoroso divergente do
padrão das Escrituras [é o caso dos que vivem em união estável, vulgo “juntos”, maritalmente,
mas sem terem casado perante o Senhor]. Além disso, também não reconhecemos a
consagração de nenhum irmão que apresente quaisquer traço que macule um bom testemunho
cristão nem tampouco o colocamos como dirigente de congregação ou núcleo missionário.

3) QUESTÕES CONTROVERSAS
3.1) POR QUE NO ÂMBITO NACIONAL A IC CONSAGRA MULHERES AO
DIACONATO E AO PRESBITÉRIO E NO ÂMBITO LOCAL NÃO O FAZ?
O presente tópico 3 foi adaptado de um artigo denominado “Existe mulher pastora? O
que a Bíblia diz sobre o chamado ministério pastoral feminino?”, de autoria do Pastor Ciro
Sanches Zibordi; além da contribuição do texto denominado “07 razões porque eu não creio
em mulheres pastoras”, do Pastor Renato Vargens.
Nesses últimos dias, há um tipo de exegese (ou melhor, eisegese) pela qual se procura a
todo custo encontrar apoio bíblico para o que já está em vigor. É como se pudéssemos
oficializar, biblicamente, o usual, o que, na prática, já existe.
Ora, quem tem a Bíblia como a sua fonte primária de autoridade, como a sua regra de
fé, de prática e de vida, não deve viver à mercê da falaciosa exegese (exegese?) mencionada.
Estariam os homens impedindo as mulheres de exercer o ministério pastoral? Essa
questão tem gerado polêmica e dividido opiniões. Mas queremos mostrar, de maneira isenta —
apesar de sermos homens —, o que a Bíblia diz. Pedimos às irmãs que acreditem em nós, pois
não temos a intenção alguma de agradá-las ou irritá-las. Este artigo é uma exegese bíblica,
imparcial, de quem deseja andar segundo a vontade de Deus, e não conforme o que homens e
mulheres convencionam.
Antes de discorrermos sobre o “ministério pastoral feminino”, e para sermos imparciais,
devemos mostrar o que as Escrituras dizem sobre o relacionamento entre homem e mulher.

3.1.1) O que a Bíblia diz sobre a submissão?


Muitos homens devem reconsiderar a sua opinião acerca das mulheres, que, ao longo
dos séculos, vêm sendo discriminadas principalmente no meio religioso. Vemos que a atitude
inconveniente de alguns homens tem como resposta uma postura hostil por parte das mulheres,
gerando a chamada “guerra dos sexos”. Por que muitas mulheres cristãs estremecem ante o
ensinamento bíblico da submissão? Isto ocorre porque muitos maridos são autoritários e se
consideram superiores a elas, não respeitando a sua sensibilidade.
No cristianismo genuíno, não há espaço para machismo e feminismo, movimentos
extremados que não reconhecem a verdadeira posição do homem e da mulher na sociedade. O
primeiro considera a mulher inferior, enquanto o outro trata o homem como um demônio. No
Corpo de Cristo, há lugar para ambos os sexos, desde que reconheçam, à luz das Escrituras, a
sua posição.
Paulo compara a submissão da mulher à sujeição de Jesus a Deus Pai (1ª Co.11.3). Tanto
o Deus Filho quanto o Deus Pai pertencem à Trindade, sendo iguais em poder (Mt.28.19;
Jo.10.30). Todavia, Cristo, por amor ao Pai, submete-se voluntariamente, recebendo dEle toda
88
a honra (Fp.2.5-11). Além disso, Paulo ensina: “… assim como a igreja está sujeita a Cristo,
assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos” (Ef.5.24). E Cristo não
obriga ninguém a obedecê-lo (Lc.9.23; Tg.4.8).

3.1.2) O que a Bíblia diz sobre as diferenças?


Segundo a Bíblia, a relação entre homem e mulher deve ser, antes de tudo, de respeito
mútuo (1ª Co.7.3-5). Deus formou Eva a partir de uma das costelas de Adão (Gn.2.18-22) para
demonstrar que a mulher não deve estar nem à frente nem atrás, mas ao lado do homem, como
ajudadora. E ser ajudadora não é ser inferior, pois o próprio Deus é o nosso Ajudador
(Hb.13.5,6).
Na Palavra de Deus não há espaço para o falacioso igualitarismo feminista, porém a
Bíblia também não diz que a mulher é inferior ao homem. Ela é o “vaso mais fraco” (1ª Pe.
3.7). Quer dizer, mais frágil, mais sensível e, por isso, deve ser amada e honrada pelo marido
(Ef.5.25-29). O princípio que deve prevalecer é o da prioridade, e não o da superioridade (1ª
Tm.2.13).
Deus não faz acepção de pessoas (At.10.34). Por que, então, alguns homens se
consideram superiores? Deus fez a mulher diferente do homem para que ambos se completem,
no lar, na sociedade e no serviço do Senhor. Nesse caso, existem tarefas que o homem
desempenha melhor, enquanto há atividades em que o talento feminino se sobressai. E isso
também deve acontecer nas igrejas.

3.1.3) O que a Bíblia diz (ou não diz) sobre a ordenação.


Há ou não respaldo bíblico para a ordenação de mulheres? Reiteramos que nada temos
contra as mulheres, mas pedimos às nossas amadas leitoras que não fiquem bravas conosco.
Afinal, como já dissemos, a nossa fonte primacial é a Bíblia. Se fosse o nosso raciocínio a nossa
fonte máxima de autoridade, com certeza afirmaríamos, sem medo de errar, que as mulheres
têm todo o direito de reivindicarem a ordenação pastoral. Mas, quem somos nós ante a infalível
e inerrante Palavra de Deus? Vejamos:

 Na Bíblia, a única pastora mencionada é Raquel, uma pastora de ovelhas (Gn.29.9). E


o termo “bispa”, em voga na atualidade, sequer existe. Foi uma certa “episcopisa” que,
ao lado de seu marido “apóstolo”, o popularizou.
 Muitos têm dito que as mulheres sequer eram citadas nas genealogias, pois entre os
judeus elas eram desprezadas. Isso em parte é verdadeiro. Contudo, esse argumento não
é válido para o que está escrito na Lei, pois foi Deus quem entregou todos os preceitos
da Lei a Moisés. Seria Deus machista?
 Os defensores da ordenação feminina citam como exemplo a valorosa cooperadora de
Paulo e esposa de Áqüila, Priscila (At.18.26). Mas tudo não passa de conjectura, haja
vista não haver nenhuma referência que confirme o seu apostolado.
 Também citam Júnias, que — pelo que tudo indica — era um cooperador de Paulo
(Rm.16.7). Mesmo que fosse mulher, o texto não afirma, categoricamente, que se tratava
de alguém que exercesse o ministério pastoral ou apostólico.
 Na igreja primitiva, as mulheres se ocupavam da oração (At.1.14) e do serviço
assistencial (At.9.36-42; Rm.16.1,2). E algumas se notabilizaram como fiéis
cooperadoras do apóstolo Paulo, como Febe, a mencionada Priscila, Trifena, Trifosa,
etc. (Rm. 16), além de Lídia, a vendedora de púrpura (At.16.14). Não há nenhuma
referência a mulheres exercendo atividades pastorais.
 Alguns teólogos feministas — de maneira precipitada e infeliz — afirmam que Paulo
era machista, contrário às mulheres, em razão de sua formação. Isso não resiste a uma

89
exegese, pois nenhum machista aconselharia os homens a amarem a sua própria mulher,
como em Efésios 5.25. Nenhum machista citaria tantas mulheres, como em Romanos
16. Paulo, como imitador de Cristo (1ª Co.11.1), tratou as mulheres da mesma maneira
que o Senhor. E, quem dentre nós, tem autoridade para dizer que Jesus era machista?
 Se Paulo era machista, o que dizer de Jesus, que escolheu doze homens para compor o
ministério da igreja nascente, de acordo com Mateus 10.2-4? Ele teria se enganado? Ou
o Mestre tinha algum vínculo com fariseus, saduceus, escribas ou quaisquer grupos
machistas de sua época?
 Na escolha dos primeiros diáconos, que poderiam vir a ser ministros, caso tivessem
chamada de Deus para tal e servissem bem ao ministério (Hb.5.4; 1ª Tm.3.13), os
apóstolos disseram: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões…” (At.6.3).
 No primeiro concílio, em 52 d.C., os rumos da igreja foram traçados por homens
(At.15).
 Em Apocalipse 2 e 3, são mencionados os pastores das igrejas da Ásia.
 Como se vê, apesar de toda a polêmica em torno desse assunto, a Bíblia é clara. Embora
as mulheres tenham importante papel ao longo das páginas do Novo Testamento,
aparecendo na linhagem e no ministério de Cristo (Mt.1.3,5,6,16; Lc.8.1-3), Deus
conferiu aos homens, em regra geral, o exercício da liderança eclesiástica (Ef.4.8-11).

3.1.4) Uma palavra as irmãs em Cristo.


Amadas irmãs, pedimos-lhes que não fiquem bravas conosco. Talvez, se nós fossemos
mulheres, as irmãs aceitariam melhor o que temos exposto. Mas queremos lhes dizer que as
irmãs podem e devem pregar o evangelho, orar pelos enfermos e desempenhar todas as tarefas
de um seguidor de Jesus (Mc.16.15-18), pois também são cooperadoras de Deus (1ª Co.3.9).
O que lhes é vedado, não por nós, mas pela Palavra de Deus, é o desempenho de funções
reservadas aos ministros. Por exemplo, só os ministros podem ungir os enfermos (Tg.5.14;
Mc.6.13). Nem os homens, se não pertencerem ao ministério, podem fazer isso! Nesse caso, as
mulheres também não devem ungir, a menos que queiram agir por conta própria, e não segundo
os preceitos bíblicos.
Por outro lado, muitos obreiros — por falta de conhecimento ou amadurecimento — as
impedem de testemunhar, valendo-se erroneamente do texto de 1ª Coríntios 14.34,35. Aqui,
Paulo com certeza não se opôs à pregação feita por mulheres, visto que no capítulo 11 ele
mesmo disse que as mulheres podem profetizar na casa de Deus. Certamente, o apóstolo se
referiu ao falatório ou a um tipo de participação no culto que implicasse ascendência das
mulheres sobre os ministros do Senhor, o que infelizmente aconteceu na igreja de Tiatira
(Ap.2.20-22).
Outro texto que tem sido usado de modo errado para impedir as irmãs de ministrarem
em escolas dominicais, conferências, estudos, etc., é 1ª Timóteo 2.12. Mas o apóstolo Paulo,
claramente — à luz dos contextos imediato e remoto —, alude a um tipo de participação
feminina que resulte em enfraquecimento da autoridade masculina, quer no lar, quer na casa de
Deus, o que fere os conceitos bíblicos já expostos neste artigo.
Finalmente, reconhecemos, queridas irmãs, que há exceções, como mulheres que estão
no campo missionário. Mas não devemos transformar as exceções em regras, como tem
ocorrido em igrejas cujas esposas de pastores são declaradas, automaticamente, pastoras.
Quando fazemos valer a nossa própria vontade ou a de outras pessoas à nossa volta, e não a
vontade de Deus, corremos o risco de enquadramento no que o Senhor Jesus disse em Mateus
7.21-23.

90
3.1.5) Resumo do pensamento da ICA sobre o ministério feminino.
A ordenação de mulheres ao pastorado é uma significativa distorção teológica. Isto
posto, gostaríamos de elencar, de forma prática e objetiva, 07 (sete) motivos porque não cremos
no ministério feminino como tantos querem:

 As Escrituras não referendam a ordenação de mulheres ao ministério pastoral. Não


vemos na Bíblia nenhum texto que apoie a ordenação feminina ao presbiterado.
 Jesus não chamou apóstolas entre os doze. Todos os apóstolos escolhidos por Jesus eram
homens.
 As Escrituras não defendem o Igualitarismo 52 e sim o Complementarismo 53.
 Paulo não fala de diaconisas, presbíteras, bispas, muito menos pastoras. As referências
a essas vocações nas Escrituras sempre estão relacionadas aos homens. Não é preciso
muito esforço para perceber que não existiam pastoras nas igrejas do Novo Testamento.
 Os reformadores e os pais da Igreja não nunca defenderam o ministério pastoral
feminino.
 Os apóstolos determinaram que os pastores deveriam ser marido de uma só mulher e
que deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens
cristãos (1ª Tm.3.2,12; Tt.1.6).
 A mulher não possui autoridade sobre o marido (1ª Tm.2.12) Ora, se ela é pastora e o
seu marido não, ela fere o princípio de autoridade da Bíblia, tornando-se líder do marido.

Prezado(a) irmão(ã), quando afirmamos que mulheres não podem ser pastoras o
fazemos na perspectiva de governo. O governo da igreja juntamente com os oficiais que a regem
são eminentemente masculinos. Na Bíblia você não vê nem tampouco encontra mulheres que
governam a igreja. Todas as recomendações Paulinas quanto a presbíteros são para homens.
Todavia, o fato das mulheres não governarem a igreja, não impede que preguem ou ensinem a
Palavra de Deus, entenderam? O governo da igreja é masculino e não feminino. As mulheres
podem servir a Deus, contudo, governar é uma prerrogativa masculina.
Finalmente, podemos responder à questão que deu nome ao presente tópico: “Por que
no âmbito nacional a IC consagra mulheres ao diaconato e ao presbitério e no âmbito local
(em Apodi e região, por exemplo) não o faz?”. Ante ao que foi exposto até aqui, desejamos
esclarecer que no âmbito nacional o que existe é uma permissão de consagrar mulheres ao
ministério, o que não é o mesmo que obrigação de consagrá-las. Cada região da ICB tem
autonomia para fazer uso ou não dessa permissão. A ICA entende que não existe base bíblica
para o ministério feminino, quer seja como pastora, bispa, presbítera, diaconisa ou
qualquer outro título. Por isso, não consagramos nenhuma mulher ao ministério nem
tampouco reconhecemos aquelas que, em outras oportunidades (ou localidades), foram
consagradas a tal. Talvez a melhor solução para tentar resolver essa situação paradoxal seja a

52
Igualitaristas: Esta corrente, afirma que Deus originalmente criou o homem e a mulher iguais; e que o domínio
masculino sobre as mulheres foi parte do castigo divino por causa da queda, com consequentes reflexos sócios-
culturais. Segundo os igualitaristas, mediante o advento de Cristo, essa punição e reflexos foram removidos;
proporcionando consequentemente a restauração ao plano original de Deus quanto à posição da mulher na igreja.
Portanto, agora, as mulheres têm direito iguais aos dos homens de ocupar cargos de oficialato da Igreja.
53
Além dos Igualitaristas, encontramos os Complementaristas, que por sua vez entendem que desde a criação –
e portanto, antes da queda – Deus estabeleceu papéis distintos para o homem e a mulher, visto que ambos são
peculiarmente diferentes. A diferença entre eles é complementar. Ou seja, o homem e a mulher, com suas
características e funções distintas se completam. A diferença de funções não implica em diferença de valor ou em
inferioridade de um em relação ao outro, e as consequentes diferenças sócios-culturais nem sempre refletem a
visão bíblica da funcionalidade distinta de cada um. O homem foi feito cabeça da mulher – esse princípio implica
em diferente papel funcional do homem, que é o de liderar. Essa é a posição oficial da ICA.
91
criação de uma Confissão de Fé 54 das ICB, o que vincularia todas as suas Igrejas a adotarem o
mesmo parecer ante os principais assuntos concernentes a fé cristã. Caro leitor dessa Apostila
e membro da Igreja de Cristo, anime o seu pastor a pleitear no âmbito nacional, a criação deste
valioso documento que só trará benesses para as ICB.

3.2) A BÍBLIA FALA DE APÓSTOLOS, PROFETAS, DOUTORES E MESTRES.


EXISTEM ESSES OBREIROS ATUALMENTE? COMO A ICA VÊ ISSO?
O presente tópico foi adaptado dos texto Aos crentes que não gostam de hierarquia nas
Igrejas, do Pastor Ciro Sanches Zibordi; e O ministério de mestre ou doutor – subsídio para
lição bíblica, do Pastor Altair Germano, ambos da Assembleia de Deus.
De acordo com o texto de 1ª Co.12, Deus pôs na Igreja primeiramente apóstolos (como
ministério, e não como título); em segundo lugar, pôs profetas (pregadores da Palavra de Deus,
nesse caso); em terceiro, mestres. Depois, pôs milagres (operação de milagres), e não
milagreiros!
De acordo com 1ª Coríntios 12.28, há uma hierarquização dos dons e ministérios —
estabelecida por Deus, isso é evidente. Ela existe, não para que um portador de certo dom e
ministério se considere superior aos outros, e sim para que haja ordem na casa do Senhor.
Deus pôs na igreja “primeiramente apóstolos” (1ª Co.12.28; Ef.4.11). Existem
apóstolos hoje? Sim! Mas é claro que há também pseudoapóstolos, que propagam muitas
“apostolices”. Quem são os apóstolos do Senhor, então? São homens de Deus, enviados por
Ele, com grande autoridade, e não autoritarismo. Eles formam a liderança maior da igreja,
independentemente dos títulos empregados pelas denominações (pastores-presidentes, bispos,
reverendos, pastores, presbíteros, etc.).
É importante não confundir títulos com ministérios e dons. Estes vêm do Espírito Santo,
enquanto os títulos são recebidos dos homens. Na Assembleia de Deus [e na Igreja de Cristo],
por exemplo, não existe o título de apóstolo. Mas isso não significa que não exista o ministério
apostólico. Este, segundo a Bíblia, perdurará “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”
(Ef 4.13).
O texto de 1ª Co.12.28 afirma, ainda, que Deus pôs na igreja “em segundo lugar,
profetas”, mencionados — na mesma posição, depois dos apóstolos — em Efésios 4.11. Não
confunda esses profetas com os crentes que falam em profecia nos cultos, também chamados
de profetas em 1ª Co.14.29. O ministério profético neotestamentário é formado por
pregadores (pregadores, mesmo!) da Palavra de Deus, portadores de mensagens
proféticas.
Em seguida, a Palavra do Senhor, em 1ª Co.12.28, assevera: “em terceiro, doutores”.
Veja como essa hierarquização ocorria na igreja de Antioquia da Síria: “havia alguns profetas
e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora
criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo” (At.13.1). Nesse caso, os doutores, que atuam
juntamente com os profetas, são ensinadores da Palavra de Deus.
O termo grego διδασκάλους (didaskálous) pode ser traduzido por doutores ou
mestres. Jesus é citado como mestre cerca de 40 (quarenta) vezes, designado “rabi” treze vezes,
título comum para um mestre público.
Observemos alguns conceitos e considerações sobre o dom ou ministério de doutor ou
mestre da Palavra:

54
As confissões e declarações de fé são documentos criados pelas igrejas para expor sistematicamente as doutrinas
defendidas por elas. Essas declarações de fé por muitos anos foram o texto utilizado para estudos bíblicos e
discipulados dentro das igrejas.
92
Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e
proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo [....]. A igreja que rejeita, ou
se descuida do ensino dos mestres e teólogos consagrados e fiéis à revelação bíblica, não se
preocupará pela autenticidade e qualidade da mensagem bíblica nem pela interpretação
correta dos ensinos bíblicos. A igreja onde os mestres e teólogos estão calados não terá firmeza
na verdade. Tal igreja aceitará inovações doutrinárias sem objeção; e nela, as práticas
religiosas e ideias humanas serão de fato o guia que tange à doutrina, padrões e práticas dessa
igreja, quando deveria ser a verdade bíblica.

O texto acima faz a associação entre mestres e teólogos com bastante propriedade, pois
um mestre é um profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, um contínuo estudante das
verdades bíblicas.

Mestre é o ministro que recebe de Deus o dom de ensinar. [...] Para isto, aqueles que
possuem este importante dom de ensinar devem dedicar-se em fazê-lo com diligência, não
esquecendo que os dons espirituais, não obstante a sua procedência divina, dependem também
do cuidado e do zelo de quem o recebe. Paulo ensina: “Portanto, se desejais dons espirituais,
procurai progredir para edificação da Igreja (1ª Co.14.12). “Não te faças negligente para com
o dom de Deus que há em ti” (2ª Tm.4.14). “Admoesto-te que reavives o dom de Deus que há
em ti” (2ª Tm.1.6).

Temos ainda às citações bíblicas acima 1ª Timóteo 4.15 e 2ª Timóteo 2.15.

[...] refere-se ao dom concedido por iniciativa de Deus a alguns de seus servos tendo
como objetivo, por meio deles, instruir os discípulos do seu rebanho e defender a fé cristã
contra os inimigos da Igreja.

Um mestre ou doutor da Palavra não é possuidor desse título por méritos acadêmicos,
embora a academia possa contribuir muito para o desenvolvimento deste dom, através do
ensino-aprendizagem das línguas originais, dos princípios que norteiam a interpretação e
exposição bíblica, da teologia bíblica e sistemática, além de outras disciplinas e saberes.
Um mestre ou doutor da Palavra é alguém que necessita e ama a prática da leitura de
bons livros (2ª Tm.4.13). Um mestre ou doutor da Palavra discorre sobre verdades profundas,
mas com linguagem simples e acessível aos seus alunos e ouvintes (1ª Co.2.1). Um mestre ou
doutor na Palavra deve ensinar na unção e poder do Espírito (1ª Co.2.4-5). Um mestre ou doutor
na Palavra não se gloria nos conhecimentos adquiridos, nem em sua capacidade de comunicá-
los (1ª Co.10.31; Gl.6.14). Um mestre ou doutor na Palavra é de fato um teólogo, na medida
em que não apenas reproduz doutrina, mas questiona e suscita reflexões doutrinárias,
produzindo conhecimento através de pesquisas e publicações bem fundamentadas (Lc.1.1-4;
At.1.1-3). O mestre ou doutor na Palavra, dessa forma, cumpre o seu ministério enquanto ensina
por meio da fala e da escrita (livros, artigos, etc.). Um mestre ou doutor na Palavra deve em
última instância, ter Jesus como o seu grande referencial, modelo, exemplo.
Há casos, como o de Paulo, em que três ou dois dos ministérios mencionados
(apóstolo, profeta e doutor) se intercambiam (1ª Tm.2.7). Os ministérios de pastor e
evangelista certamente fazem parte dos três escalões mencionados em 1ª Coríntios 12.28, posto
que são títulos relacionados com a liderança maior da igreja.
Finalmente, em 1ª Coríntios 12.28, está escrito: “depois, milagres, depois, dons de
curar, socorros, governos, variedade de línguas”. Milagres só vêm depois de apóstolos,
profetas e doutores? Isso mesmo. Na hierarquização feita por Deus, o ministério da Palavra é
mais prioritário que os milagres, haja vista serem estes o efeito da pregação do Evangelho
93
(Mc.16.17). Observe que João Batista foi considerado por Jesus o maior profeta dentre os
nascidos de mulher, mesmo sem ter realizado sinal algum (Jo.10.41).
Se não houver hierarquia nas igrejas, para que servirão os cargos e funções? Qualquer
pessoa, dizendo-se usada por Deus, poderá mandar no pastor. Aliás, isso estava acontecendo na
igreja de Tiatira, e o próprio Senhor Jesus repreendeu o obreiro frouxo que não estava exercendo
a liderança que recebera do Senhor (Ap.2.20).
A Igreja de Cristo, nacionalmente, não reconhece os títulos de Apóstolo, Profeta,
Mestre, Doutor e nem o de Bispo. Contudo, reconhece os títulos de Presbítera e Diaconisa
para as mulheres. Ao nosso ver, está claro o equívoco na orientação do Nacional. Nada
obstante isso, reiteramos que a consagração ou não dos irmãos e irmãs aos títulos citados são
orientações [e não obrigações], logo, a Igreja local tem a faculdade de aderir ou não. A Igreja
de Cristo em Apodi/RN entende que deveria ser ao contrário a orientação em comento:
não vemos problemas em reconhecer os títulos citados neste parágrafo, excetuando os
concernentes a consagração feminina, por cristalina falta de suporte bíblico para estes
últimos, conforme explicitado no tópico 3.1.

CONCLUSÃO.
Ao longo desta lição iniciamos o estudo sobre a Estrutura Organizacional da Igreja de
Cristo em Apodi/RN, tratando dos variados tipos de obreiros que trabalham na Seara do Senhor.
Esperamos que você, querido aluno, possa ter compreendido que muitos são os títulos,
ministérios e dons que existem na Igreja do Senhor. Nada obstante isso, independentemente de
qualquer chamado que recebamos e o seu conseguinte título, sirvamos a Deus com alegria. Na
lição seguinte trataremos de forma mais detalhada sobre os Departamentos da ICA. Que Deus
nos abençoe!

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO.

1) DE QUE É COMPOSTA A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA IGREJA DE


CRISTO EM APODI/RN? Resposta. De Cristo como seu cabeça, do Conselho da Igreja
(formado por todos os obreiros) e dos Departamentos da Igreja.

2) ESCOLHA DOIS DOS VÁRIOS OBREIROS DESCRITOS NA PRESENTE LIÇÃO


E DISCORRA SOBRE ELES. Resposta pessoal.

3) PORQUE A IGREJA DE CRISTO EM APODI/RN NÃO CONSAGRA MULHERES


A DIACONISAS OU PRESBÍTERAS, MESMO EXISTINDO TAL POSSIBILIDADE
NO NACIONAL? Resposta. A ICA entende que não há suporte bíblico para consagrar
mulheres enquanto obreiras: nem presbíteras, nem diaconisas e muito menos pastoras. No
nacional existe a permissão de assim fazê-lo, mas, cada igreja local tem a autonomia para fazer
uso ou não de tal permissão.

94
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 10: DEPARTAMENTOS DA ICA.


Ir. Damiana Sheila Gurgel Praxedes
Ir. Keila Siméia de Melo Teixeira Costa
Ir. Nicélia Lima Morais
Pb. Tiago de Lima Fernandes

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• DEFENDER a importância dos Departamentos para o trabalho organizado e eficiente
com as variadas faixas etárias e gêneros de pessoas que compõe a Igreja.
• ABORDAR os principais pontos de cada Departamento da ICA (Central), o que serve
tanto para o conhecimento de sua membresia como de referência para suas
congregações.
• ANIMAR o(a) novo(a) decidido(a) a se sentir, de fato, parte da Igreja bem como
incentivá-lo(a) a engajar-se em um ou mais departamentos.

TEXTO-BASE:
 “Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si
mesmo mais do que convém; mas que pense de si com equilíbrio, conforme a medida
da fé que Deus repartiu a cada um. Pois assim como em um corpo temos muitos
membros, e todos os membros não têm a mesma função, assim também nós, embora
muitos, somos um só corpo em Cristo e, individualmente, membros uns dos outros”
(Rm.12.3-5).

INTRODUÇÃO
Todos os Departamentos fazem parte da Estrutura Organizacional da Igreja de Cristo
em Apodi. Contudo, dada a sua especialidade, dedicamos uma lição inteira somente para essa
temática.
Compreendemos que a divisão e a confusão que existem no mundo religioso em nossos
dias são contrárias à oração de Jesus na noite anterior à sua morte (João 17.20-21). Há
centenas de denominações ensinando e praticando coisas diferentes. Sabemos que Deus não
criou essa confusão. O modelo que ele dá na Bíblia não é difícil de entender, nem impossível
de praticar. O problema é que séculos de "modificações", "tradições" e "melhoramentos"
humanos anuviaram nossa visão da simplicidade do plano original revelado pelo Espírito

95
Santo no Novo Testamento. Em lugar nenhum isto é mais evidente do que na diversidade dos
planos de organização de igrejas55.
Nesta lição, queremos desafiar cada leitor a tentar deixar de lado tradições humanas e
ideias pré-concebidas para ver claramente a simplicidade do padrão do NT de organização de
uma igreja. Tão certamente quanto os primitivos cristãos foram capazes de organizar-se em
agrupamentos que funcionaram, conhecidos como igrejas locais, sinceros seguidores de Jesus
podem fazer o mesmo hoje em dia. Mas como isto é possível? Em todas as outras esferas da
vida precisamos pôr de lado nossas preferências, opiniões e políticas, para humildemente
estudarmos e aplicarmos o ensinamento das Escrituras (Tg.1.21-25).

1) A IMPORTÃNCIA DA DIVISÃO EM DEPARTAMENTOS


A divisão da membresia em Departamentos leva em consideração o desenvolvimento
físico e psicológico de cada faixa etária, bem como as diferenças entre os gêneros. Assim sendo,
tal divisão não é no propósito de criar castas ou “grupinhos” na Igreja nem muito menos desunir
o corpo de Cristo. O intuito disso é tão somente otimizar o serviço no Reino de Deus,
considerando as especificidades já citadas.
É relevante mencionarmos que cada faixa etária ou gênero tem necessidades diferentes,
as quais precisam ser levadas em consideração. A metodologia de trabalho para ensinar uma
criança é completamente diferente da voltada para um adulto. De igual modo, homens e
mulheres, rapazes e moças, carecem de ensino específico voltado para os papéis que agradam
ao Senhor que desenvolvam, conforme cada caso. Vale salientar ainda que mesmo a
metodologia sendo diferente para cada Departamento, a base doutrinária continua sendo única:
A Palavra de Deus. Não existe um Evangelho para crianças, outro para adolescentes, outro para
jovens e outro para adultos ou anciões. O Evangelho continua sendo um só. Vejamos a seguir,
de forma um pouco mais detalhada, cada departamento da ICA:

2) DEPARTAMENTO INFANTIL
O DEPARTAMENTO INFANTIL da ICA trabalha com crianças de 06 (seis)
meses aos doze anos de idade incompletos, crentes e não crentes. Tem como objetivo
evangelizar e ensinar à doutrina de Cristo as crianças por meio do ensino Bíblico. Cremos que
“Uma criança ganha para Deus é uma vida inteira a serviço de Deus!” (APEC56).
Estamos vivenciando um ataque maciço contra nossas crianças, que vem sendo
assoladas por um conjunto de valores e conceitos contrários aos Princípios Bíblicos, através da
mídia, escolas e até mesmo em suas famílias. Por isso a necessidade de ganhá-las para Cristo e
instruí-las biblicamente a serem verdadeiras seguidoras do Senhor.
O Departamento Infantil da ICA apresenta as seguintes convicções que norteiam a
educação cristã de suas crianças:

 Todos pecaram e isto inclui as crianças (Rm.3.23).


 Crianças são eternas.
 Crianças precisam de Deus.
 Crianças que amam a Deus chegaram mais longe, pois assumirão seu destino eterno.
 Jesus morreu e ressuscitou também pelas crianças.

55
O artigo inteiro - O que a Bíblia Ensina sobre a Organização da Igreja? - de autoria de Dennis Allan, está
disponível em <http://www.estudosdabiblia.net/a14_8.htm>. Acesso em: 13/12/2015.
56
APEC é a Aliança Pró-Evangelização das Crianças. Instituição que desenvolve uma série de ações voltadas a
Educação Infantil nos caminhos de Cristo. Maiores informações podem ser obtidas em <http://apec.com.br/>
96
 A salvação é um presente também destinado as crianças.
 O poder de Deus opera sobre as crianças que creem em Jesus, fonte de todo poder e
autoridade aqui na Terra.

O trabalho com crianças é um ministério específico de cuidado, de apascentar como


disse o próprio Jesus quando se referia aos cordeiros, que são os filhotes de ovelhas: “Disse
Jesus: Apascente os meus cordeiros” (Jo.21.15). Os professores apascentadores de crianças se
dedicam a ajudar seus pais a “ensinarem seus filhos no caminho em que devem andar, para
quando crescerem não se desviarem dele” (Pv.22.6). Segundo o dicionário Aurélio, apascentar
significa: doutrinar, ensinar, guiar, pastorear, nutrir, alimentar, sustentar, recrear, deleitar,
entreter. Através deste ensino, a vida da criança será transformada. Vida esta, que deve
expressar no meio em que vive, a fim de levar Cristo a outros, visando o crescimento do Reino
de Deus. Por isso duas bases são imprescindíveis para o ministério infantil:
 01) A Bíblia e 02) um intenso amor pelas almas.

Apresentamos também sete condições para um ministério infantil dar certo:

 Líderes convictos que o ensino bíblico é útil (2ª Tm.3.16-17).


 Apoio do Pastor/demais líderes da igreja.
 Apoio da Congregação.
 Professores treinados e motivados.
 Local adequado para ensino.
 Um planejamento de ensino bíblico, adequado para cada faixa etária.
 Priorizar o aluno, amá-lo.

Para um melhor desenvolvimento da obra do Senhor Jesus o Departamento Infantil da


ICA é composto, atualmente, por uma equipe com 16 (dezesseis) professoras e 13 (treze)
auxiliares que se dedicam em prol da evangelização e discipulado das crianças. Ainda dentro
dessa equipe existe uma Diretoria que é responsável pelo planejamento, organização e execução
das atividades que esse departamento exerce na casa de Deus. A Diretoria é composta por:
Presidente, Vice-presidente, Secretaria, Tesoureira, Coordenadora Pedagógica e Supervisora
Pedagógica.
Um dos projetos executados pelo Departamento Infantil é intitulado como Pequenas
Sementes de Jesus, o qual apresenta o seguinte lema: Crianças não dão trabalho; crianças dão
frutos para a Glória de Deus! Acreditamos que quando as crianças são evangelizadas e aceitam
a Jesus como Senhor é Salvador das suas vidas, ao recebem os devidos ensinamentos bíblicos,
elas podem produzir muitos frutos para a Glória de Deus. Também acreditamos que as nossas
crianças não são apenas o futuro da igreja, mas o presente da mesma, pois desde a infância é
possível servir a Deus. Na Bíblia encontramos diversos exemplos nesse sentido, tais como o de
Samuel, um menino que foi entregue ainda pequeno por sua mãe para servir a Deus (1º Sm.1.24-
28), que ouviu Sua voz Deus (1º Sm.3.1-14) e que se tornou Juiz, Profeta e Sacerdote em Israel
(1º Sm.7.15-17; 9.9,19).
Esse projeto tem como objetivos:

 DESENVOLVER um trabalho específico para a criança na igreja.


 EVANGELIZAR as crianças da nossa cidade e comunidades rurais.
97
 MOSTRAR aos pais a importância de desenvolver na criança, desde cedo, o amor a
Deus e a vida em comunidade, para que a mesma tenha um crescimento espiritual sadio.
 DESCOBRIR E APERFEIÇOAR os dons e talentos de cada criança entregues por Deus
para engrandecimento da Sua obra.
 ENSINAR a criança os preceitos bíblicos para desenvolver nela uma fé inabalável.

Alguns trabalhos desenvolvidos pelo Departamento Infantil são:

 GRUPO DE LOUVOR que participa nos cultos e eventos especiais da Igreja.


 GRUPO DE ARTES que apresenta peças, jograis e coreografias.
 EVANGELIZAÇÃO NAS ESCOLAS, onde as crianças cantam e apresentam peças
evangelísticas.
 ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL, com 04 (quatro) salas segundo as respectivas
faixas etárias: Berçário (06 meses a 02 anos); Pré-escolares (03 a 05 anos); Alunos do
fundamental (06 a 08 anos) e Pré-adolescentes (09 a 12 anos incompletos).

Além do projeto Pequenas Sementes de Jesus e dos outros trabalhos já citados, em que
estão envolvidas as crianças da ICA, o Departamento Infantil ainda realiza treinamentos para
capacitar seus professores da EBD Infantil bem como presta assistência as congregações que
desejam trabalhar com crianças. Acreditamos que o professor do Departamento Infantil deve
ser um Evangelista de Criança e, para tanto, necessita apresentar as seguintes características:

 Crer em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.


 Ser dedicado e chamado por Deus.
 Amar e compreender as crianças.
 Ter visão da necessidade de ganhar as crianças para Cristo.
 Ter senso de responsabilidade: não faltar e ser pontual.
 Separar tempo para a preparação de sua aula.
 Viver uma vida Cristocêntrica.
 Dar bom exemplo em sua vida diária.
 Depender da oração, do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
 Não desanimar facilmente.
 Estar pronto a ouvir as sugestões e ideias de outros.
 Esperar resultados na vida de seus alunos.

O CULTO INFANTIL acontece todo domingo à noite, na sede do Departamento,


a partir das 19:30min. Enquanto as crianças são instruídas pelas professoras no caminho em
que devem andar, ao mesmo tempo, seus pais e/ou responsáveis podem participar do culto na
Central despreocupados, pois seus filhos estarão sendo bem cuidados e instruídos na Palavra.
Regularmente, existe ainda um outro Culto Infantil, temático, normalmente realizado em
um sábado à noite, onde as crianças participam de toda a programação: oram, fazem a leitura
da Bíblia, cantam, apresentam jograis, peças e até pregam.
Assim sendo, o Departamento Infantil da ICA tem contribuído significativamente para
o ensino e cuidado das crianças da nossa Igreja e também das crianças não crentes, no propósito
de dar frutos de edificação e crescimento do Reino de Deus na Terra mediante o serviço dos
pequeninos.

98
3) DEPARTAMENTO DE ADOLESCENTES
O trabalho do DEPARTAMENTO DE ADOLESCENTES da ICA é voltado para
pessoas a partir de 12 (doze) e menores que 18 (dezoito) anos de idade, crentes e não
crentes. Tem como objetivo orientar tais indivíduos em fase de desenvolvimento a melhor
conhecerem o Senhor e a Sua palavra, no propósito de servir no Reino. Afinal, está escrito
“Confia no SENHOR de todo o coração, e não no teu próprio entendimento” (Pv.3.5).
Esse Departamento tem também o intuito de orientar os seus membros a não se
envolverem com as coisas que não agradam a Deus. Sabemos que a adolescência é uma fase
muito difícil para qualquer ser humano. Inúmeras são as mudanças hormonais, transformações
corporais, despertamento de relacionamentos amorosos, além das mudanças sociais, estudantis
e, as vezes, até ligadas ao trabalho. Portanto, entendemos que toda e qualquer ação voltada a
faixa etária em comento são essenciais para a adequada transição da fase infantil a fase adulta.
Incontáveis homens e mulheres de hoje são adultos frustrados por não terem tido, quando ainda
eram adolescentes, o devido acompanhamento por parte de seus pais ou responsáveis. A Igreja
não toma essa responsabilidade exclusivamente para si. Continuamos acreditando que os pais
ou responsáveis são os primeiros e mais importantes professores dos seus filhos. Contudo, nos
colocamos a disposição como parceiros nesse mister.
Reconhecemos, ainda, que existem uma série de propostas apresentadas pelos
veículos de transmissão em massa, notadamente a Televisão e a Internet, especificamente
voltadas para os adolescentes e jovens. São novelas, seriados, reality-shows, incontáveis
redes sociais, aplicativos para relacionamentos e tantas outras portas para desobediência aos
Ensinos do Mestre. Nesse contexto, a pessoa em desenvolvimento é mais vulnerável a
contaminar os seus caminhos, justamente por estar numa fase de transição para a vida adulta.
Felizmente, no tocante a situação em tela, o salmista faz um questionamento e logo em seguida
o responde: “Como o jovem guardará puro o seu caminho? Vivendo de acordo com a Tua
Palavra” (Sl.119.9). É evidente que somente pelo conhecimento e prática das Escrituras é que
não somente o adolescente, mas qualquer cristão, conseguirá manter-se em obediência a Deus
e longe deste mundo vil e que jaz no maligno (1ª Jo.5.19).
O Departamento de Adolescentes desenvolve uma série de trabalhos na Igreja do
Senhor, dos quais destacamos:

 GRUPO DE LOUVOR: intitulado Filhos do Rei, o qual ensaia regularmente para


adorar ao Senhor não só nas reuniões dos sábados à tarde no templo, mas, também nas
diversas programações especiais, aniversários e em todo e qualquer evento onde forem
convidados a participarem.
 GRUPO DE TEATRO: que conta com a participação dos adolescentes que se
interessam por desenvolverem peças, pantomimas e jograis, notadamente de viés
evangelístico, durante os muitos eventos que a ICA realiza.
 GRUPO DE EVANGELISMO: é composto pelos adolescentes que, especialmente
durante as Cruzadas Evangelísticas Jovens para Cristo 57 se somam a outros irmãos
para, durante a tarde, realizarem o evangelismo das pessoas das comunidades onde a
cruzada realizar-se-á, bem como o convite destes amigos para a reunião da noite.
 ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: Existe uma classe exclusiva para adolescentes, a
classe Calebe, o qual recebe ensino específico voltado para essa faixa etária de pessoas,
instruindo-os, semanalmente, na Palavra de Jesus.

57
As Cruzadas Evangelísticas Jovens para Cristo são programações na responsabilidade da mocidade da ICA,
organizadas no propósito de ganhar almas para o Reino de Deus. Todas as congregações interessadas podem
receber um cruzada como esta em sua comunidade. Na oportunidade serão desenvolvidos trabalhos de
evangelismo pessoal a tarde e culto evangelístico a noite.
99
O Departamento de Adolescentes é liderado por uma Diretoria composta por:

 Presidente: pessoa que elabora eventos, estudos e estimula a participação de todos nas
programações.
 Vice-presidente: pessoa que trabalha ao lado do presidente, auxiliando nas decisões e
articulando o melhor convívio coletivo entre os membros.
 Tesoureiro(a): cuida das finanças, recebe mensalidades, faz anotações de entrada e de
saídas do caixa.
 Secretário(a): realiza várias funções, tais como lista de chamada, agendamento de
eventos, divulgação das decisões do Departamento entre os membros, etc.
 Vogais: são duas pessoas escolhidas para substituir qualquer membro da Diretoria, se
preciso for.

O CULTO DOS ADOLESCENTES é realizado todos os sábados, ás 15:30min, no


Templo Central da ICA. Aproveitamos a oportunidade para convidar você a nos visitar bem
como vir somar com este Departamento que tem dado importante contribuição na causa do
Príncipe da Paz.

4) DEPARTAMENTO DE JOVENS
O trabalho do DEPARTAMENTO DE JOVENS da ICA é voltado para pessoas
maiores de 18 (dezoito) anos de idade, crentes e não crentes. Eis uma excelente oportunidade
para a juventude da Igreja crescer na graça e no conhecimento de Cristo, bem como convidar
os seus amigos para visitarem um culto animado e cheio da graça do Senhor. A Bíblia não
poderia ser mais clara ao afirmar pelos escritos do Ap. João, que disse: “Eu escrevi, jovens,
porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno” (1ª
Jo.2.14b). Em outras palavras, o Apóstolo divinamente inspirado por Deus direcionou parte de
sua carta ao jovem, reconhecendo nele o agente que talvez tenha a maior capacidade entre todos
na Igreja de promover mudanças na Obra e de servir no Reino, justamente porque são fortes e
já venceram o Maligno.
Quem você acha que tem forças para estudar, trabalhar e ainda evangelizar? Quem se
adapta mais facilmente as novas tecnologias, tais como: o uso de smartphones, tablets,
notebooks, e as diversas redes sociais (Facebook, Instagram, Snapchat, Messenger, Whatsapp,
etc.) podendo usar cada um desses meios para falar do amor de Cristo? Quem você acredita que
tem mais energia para ir aos hospitais, aos presídios, as ruas, as praças, as comunidades
distantes, a todo e qualquer lugar onde se encontre alguém carente do Evangelho de Jesus? Para
todas essas perguntas a resposta mais acertada é uma só: o jovem cristão.
Com base nas afirmações do parágrafo anterior, é evidente que o Inimigo das nossas
almas não deixaria isso barato. O diabo tem investido grandemente contra a vida dos jovens,
sejam eles cristãos ou não. O propósito dele já foi revelado na Bíblia, é matar, roubar e destruir
completamente suas vidas (Jo.10.10). Portanto, mais do que nunca, a Igreja do Senhor precisa
trabalhar intensamente no discipulado, instrução e acompanhamento dos jovens de sua
mocidade. A sexualidade e a ganância (amor ao dinheiro e sua busca incessante) são duas das
muitas formas que o diabo tem feito uso para tentar retirar do caminho aqueles são o futuro
próximo da Igreja. Somente o Espírito do Senhor pode firmar o jovem crente e socorrê-lo, para
que não dê lugar ao pecado. Isso é possível, nas palavras do salmista, escondendo a Palavra de
Deus em nossos corações para não pecarmos contra Ele (Sl.119.11). Onde houver erro e
pecado é possível conserto, pela graça do Senhor.

100
Nesse contexto é onde o Departamento de Jovens apresenta sua grande importância: ele
serve como instrumento para firmar os passos do jovem cristão rumo ao Céu, não tendo prazer
nas coisas deste mundo.
Das muitas atividades que são desenvolvidas pelo Departamento em comento,
destacamos duas: as Cruzadas Evangelísticas Jovens para Cristo e o Retiro de Jovens. A
primeira já foi descrita anteriormente (nota de rodapé); o segundo, engloba a programação
realizada no período de Carnaval, onde a mocidade da Igreja literalmente se retira para um
local adequado, onde é desenvolvida uma programação sadia em prol do crescimento Espiritual
de todos os participantes. Existem ainda os encontros de Jovens Regional e também o Nacional:
ótimas oportunidades de conhecermos irmãos e irmãs das mais variadas naturalidades e
partilharmos de nossa comunhão em Cristo. O Departamento de Jovens ainda conta com:
um Grupo de Louvor58, um Grupo de Artes59 e um Grupo de Evangelismo 60. Não podemos
esquecer que há também uma classe na Escola Bíblica Dominical exclusiva para os Jovens 61.
Deseja conhecer um pouco mais desse Departamento da sua Igreja? Você é
convocado a estar conosco todo sábado, ás 19:30min, no Templo Central. É nesse dia e
hora que começa o culto na responsabilidade dos jovens na Igreja. Quando não ocorrem as
reuniões no Templo Central aos sábados é porque os jovens estarão em alguma Cruzada ou em
outra programação (aniversário de alguma congregação, por exemplo) apoiando o respectivo
evento. Uma coisa é certa: muito é o trabalho a ser feito e você pode e deve contribuir! A Deus,
toda honra e toda adoração!

5) DEPARTAMENTO DE SENHORAS
O trabalho do DEPARTAMENTO DE SENHORAS, intituladas de OBREIRAS, é
voltado para as mulheres da ICA em idade adulta ou em transição para a idade avançada.
Embora tenha esse viés, as mulheres mais jovens e os demais irmãos também são muito bem
vindos as programações. O Livro Santo é cristalino ao afirmar que “Mulher virtuosa, quem a
achará? Ela vale muito mais do que joias preciosas” (Pv.31.10). Portanto, resta claro que em
primeira e última instância, a ICA tem a preocupação de que suas mulheres sejam virtuosas,
cheias do Espírito Santo, prontas para toda boa obra.
Esse Departamento objetiva ainda a educação cristã das mulheres da Igreja, estimulando
o conhecimento de seu papel nos mais variados espaços: na sociedade, na Igreja, no casamento,
na criação dos filhos, enfim, em todo e qualquer ambiente, sempre tendo a Bíblia como
fundamento.
Entendemos a grande importância do Departamento em comento, entre tantas outras
razões, ante ao crescimento do movimento feminista62 na atual conjuntura social. A Igreja do
58
O Grupo de Louvor normalmente ensaia nos domingos à tarde e apresenta seu louvor a Deus nos cultos de
domingo à noite, bem como nas cruzadas e demais eventos em que os jovens participem.
59
O Grupo de Artes na responsabilidade dos Jovens intitula-se Adorarttes (Adoração + Artes). Esse agrupamento
de irmãos e irmãos em muito vem abençoando a Igreja transmitindo a mensagem de Cristo através de coreografias,
pantomimas e peças. Para mais informações, ver o tópico 8 desta lição.
60
O Grupo de Evangelismo é uma linda multidão de jovens que, normalmente durante as Cruzadas
Evangelísticas, reúnem-se no local da realização do evento e saem de casa em casa fazendo um evangelismo
pessoal e convidando os amigos para o culto à noite.
61
A Classe Josué é a classe da EBD exclusiva para jovens. Lá é feito um estudo direcionado, sempre promovendo
o diálogo com a mocidade da Igreja, no propósito de instruí-la nos caminhos do Senhor e tirar as suas dúvidas
sobre o tema abordado no dia. É uma rica oportunidade de aprender mais da parte de Deus.
62
Feminismo é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos entre mulheres e
homens. O movimento feminista no Brasil começou a tomar corpo no começo do século XX, mais precisamente
entre as décadas de 1930 e 1940. A estrutura familiar e social do brasileiro era totalmente construída sobre a figura
do homem; um regime patriarcal. O feminismo no país surgiu, assim como em outros cantos do mundo, como uma
tentativa de inserir a mulher brasileira na sociedade, dando voz e expressão às suas necessidades. Um dos grandes
marcos do movimento feminista no Brasil foi a conquista do direito ao voto nas eleições, em 1934, durante o
101
Senhor não pode se omitir de ensinar os seus membros no caminho em que devem andar,
temendo a Deus, para não serem levados pelo engodo das doutrinas contrárias a Bíblia. Afinal
de contas “Enganosa é a graça, e vã é a formosura; mas a mulher que teme ao Senhor, essa
será louvada” (Pv.31.30). Temos visto um significativo crescimento do citado movimento
contrariando princípios bíblicos, tais como: a submissão da mulher a seu esposo, a divisão dos
papéis na vida conjugal e na criação dos filhos, o homem como o cabeça do relacionamento,
entre outros. Em nenhum momento a Bíblia desconsidera a relevância da figura feminina.
Contudo, a Palavra é clara ao mostrar qual o papel do homem e qual o papel da mulher. Bem-
aventuradas são as mulheres que compreendem isso e não contrariam as orientações do Criador.
O papel das mulheres mais experientes também deve ser no sentido de educar as mais
jovens, senão vejamos: “as mulheres mais velhas, de igual modo, sejam reverentes no viver,
não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras do bem, para que ensinem as mulheres
novas a amarem o marido e os filhos, a serem equilibradas, puras, eficientes no cuidado do
lar, bondosas, submissas ao marido, para que não se fale mal da palavra de Deus” (Tt.2.3-5).
Do texto bíblico transcrito é razoável o entendimento de que o Ap. Paulo, escrevendo a seu
discípulo Tito, o orientou sobre a importância das mulheres de idade na Igreja. Elas devem ser
uma reserva moral, um exemplo adequado, um fiel paradigma no qual as mulheres mais jovens,
sobretudo as solteiras, devem se espelhar.
No que diz respeito a sua composição, a Diretoria é formada pelos seguintes
membros: Presidente, vice-presidente, 1º e 2º secretárias do Departamento, 1ª e 2ª tesoureiras,
uma Relatora e uma auxiliar, uma Coordenadora Geral, uma Coordenadora do Vozes de
Júbilo, além de uma obreira que fica à frente da Coordenação de Visitas.
O culto na responsabilidade dos senhoras, certamente, é uma das reuniões mais bonitas
da ICA. O empenho das irmãs em organizar as programações, contribuir com os projetos da
igreja e entoar hinos ao Senhor é coisa que dá gosto de se vê. A propósito, no tocante ao louvor,
existe um grupo formado só pelas senhoras intitulado Vozes de Júbilo. Tal grupo tem
participado de forma ativa dos mais variados trabalhos que a ICA desenvolve, tanto em caráter
doutrinário quanto nas reuniões evangelísticas.
Por que não conferir tudo isso de perto? Você será muito bem vindo em uma de
nossas reuniões que ocorrem semanalmente, todas as terças-feiras no Templo Central, a
partir das 19:30min. Prosseguiremos sempre “fixando os olhos em Jesus, o Autor e
Consumador da nossa fé, o qual, por causa da alegria que lhe estava proposta, suportou a
cruz, não fazendo caso da vergonha que sofreu, e está assentado à direita do trono de Deus”
(Hb.12.2).

6) DEPARTAMENTO DE SENHORES
O trabalho do DEPARTAMENTO DE SENHORES, intitulado de
DEPARTAMENTO VARONIL, é voltado para os homens da ICA em idade adulta ou em
transição para a idade avançada. Embora tenha esse público-alvo prioritário, os homens mais
jovens e os demais irmãos também são muito bem vindos nas programações. O Ap. Paulo
ensina que Tito deve exortar “os [homens] mais velhos para que sejam equilibrados,
respeitáveis, sóbrios, sadios na fé, no amor e na constância” (Tt.2.2). Esse Departamento
objetiva a instrução cristã dos homens da Igreja, estimulando-os a serem líderes, cabeças em
seus casamentos, pais presentes e exemplo para seus filhos e homens mais jovens.

governo do presidente Getúlio Vargas. Ante o exposto, conclui-se que o feminismo começou com uma proposta
boa e justa, qual seja: conseguir mais direitos para a mulher, tais como o direito de votar e ser votada, que lhe era
negado. Contudo, com o passar do tempo, o movimento passou a levantar outras bandeiras que ferem,
flagrantemente, os ensinos do Senhor registrado ao longo da Bíblia.

102
O Departamento Varonil desenvolve diversas atividades, das quais destacamos: as
visitas ao Hospital que ocorrem toda segunda-feira ás 15:00min, o Culto na feira-livre,
sempre aos sábados pela manhã ao lado da Lanchonete Big Lanche do irmão Estevinho, ás
8:30min; os Cultos Relâmpago 63 todo domingo à tarde, a partir das 16:00min, com local
anunciado no boletim semanal da Igreja; além do trabalho de visitas/evangelismo pessoal nas
ruas que fazem o entorno do local onde será a reunião dos cultos evangelísticos nas quartas-
feiras. Em todas essas oportunidades, os varonis buscam anunciar o Evangelho da Salvação aos
necessitados, consolar os aflitos e animar os amigos a servirem ao Senhor Jesus Cristo.
No que diz respeito a sua composição, a Diretoria é formada pelos seguintes
membros: Presidente, vice-presidente, secretário e tesoureiro.
Interessou-se em conhecer um pouco mais esse Departamento abençoado? Então,
animamos você a procurar qualquer um dos seus membros e se informar das
programações que são realizadas. Faça parte do Departamento Varonil! Deus quer
abençoar o trabalho das suas mãos junto aos varões do Senhor. Avancemos a cada dia, o Mestre
nos chama e as almas sem Cristo carecem de nosso serviço.

7) DEPARTAMENTO DE AÇÃO SOCIAL


O trabalho do DEPARTAMENTO DE AÇÃO SOCIAL é voltado para os anciões
da Igreja: homens e mulheres de idade avançada que merecem todo carinho e atenção por
parte da ICA.
Esse Departamento tem por objetivo manter ativos aqueles que tem muitos anos de vida
bem vividos na presença do Senhor e energia ainda para gastar no Seu Reino. Afinal de contas,
cremos na Palavra quando diz “Não sabes? Não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o
Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? O seu entendimento é insondável.
Ele dá força ao cansado e fortalece o que não tem vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão,
e os moços cairão, mas os que esperam no SENHOR renovarão suas forças; subirão com asas
como águias; correrão e não se cansarão; andarão e não se fatigarão” (Is.40.28-31). E as
Escrituras ainda registram “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do
Líbano. Plantados na casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice
ainda darão frutos, serão viçosos e verdejantes, para proclamar que o SENHOR é justo. Ele é
minha rocha, e nele não há injustiça” (Sl.92.12-15). O Senhor, em Sua onisciência, tem um
propósito para cada ser humano, independentemente de sua idade.
Não restam dúvidas de que existem muitos “Simeões” e muitas “Anas” cheios de vigor
e de experiência para contribuírem no labor do Mestre (Lc.2). Os idosos apresentam muitas
dificuldades inerentes aos anos vividos. Justamente por isso, alguns desses nossos irmãos e
irmãs não tem mais condições de se deslocar por si só até o local das reuniões ou mesmo ao
templo central. Nesse sentido, o Departamento em tela desenvolve um trabalho de
acompanhamento e visitas junto a estes irmãos, para lhes mostrar que eles são importantes para
a Igreja e que ainda são úteis, sobretudo, no ensino dos mais novos. Essa ação visa também
animá-los a desenvolverem os seus talentos ou atividades que desenvolviam quando eram
jovens, na medida do possível.
Os idosos contribuem com uma mensalidade, que é uma ajuda financeira por eles dada,
a qual é usada nas despesas de alguma comemoração, tais como: final de ano, dia das mães, dia
dos pais, aniversários, passeios, etc. A diretoria do Departamento se reúne regularmente para
elaborar as atividades que vão ser realizadas com os idosos e a conseguinte prestação de contas
das entradas e saídas de cada mês.

63
O Culto Relâmpago recebe este nome justamente por ser a reunião mais rápida de todas que a ICA realiza.
Normalmente, ele começa às 16:00min e acaba as 17:00 tendo, portanto, apenas uma hora de duração.
103
No que diz respeito a sua composição, a Diretoria é formada pelos seguintes membros:
Presidente, vice-presidente, 1º e 2º secretário(a), 1ª e 2ª tesoureiro(a), além de uma equipe de
apoio composta por 09 (nove) pessoas que auxiliam na realização das programações.
O culto na responsabilidade dos idosos, sem sombra de dúvidas, é um das mais animadas
e fervorosas reuniões da ICA. Se você tem dúvida disso, sinta-se convidado a visitar uma de
nossas reuniões que ocorrem toda última segunda-feira do mês, no núcleo do idoso, a
partir das 19:30min. Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm.8.31).

8) DEPARTAMENTO DE ARTES (ADORARTTES)


O trabalho do DEPARTAMENTO ADORARTTES é voltado para toda a
Mocidade da Igreja: crianças, adolescentes e jovens, de ambos os sexos, estão entre os que
mais se interessam em participar. Nada obstante isso, qualquer irmão(ã) que tenha o desejo
de colaborar será muito bem-vindo(a).
Os objetivos do Departamento Adorarttes são:

 LEVAR a Palavra de Deus através de peças teatrais, pantomimas e coreografias, como


um convite à reflexão sobre a vida secular e cristã.
 DEDICAR cada movimento, cada fala, cada música, cada imagem como um louvor a
Deus; para que aqueles que vejam a apresentação possam conhecê-lo mais a fundo,
através da mensagem que está sendo transmitida.
 TENTAR aproximar as pessoas a Jesus, com muita seriedade e reverência,
engrandecendo o nome do Senhor através dos gestos, fazendo uso da criatividade.

O Departamento em questão é uma oportunidade enorme para todos que queiram


contribuir através de alguma forma de arte, em prol do Reino de Deus. As modalidades mais
utilizadas atualmente são: 01) peças teatrais, 02) pantomimas e/ou 03) coreografias. As
primeiras, normalmente são apresentadas em eventos de cunho evangelístico. As segundas,
tanto são utilizadas de forma evangelística como doutrinária. Já as terceiras, comumente são
apresentadas em eventos festivos (aniversários de congregações, dia das mães, dia dos pais, dia
do pastor, etc.). Os ensaios para as futuras apresentações ocorrem nas sextas-feiras, das 17:00-
18:00min; e também nos domingos, de meio-dia às 14:00min. É fácil perceber que o
Departamento de Artes abre espaço tanto para o ensino infantil quanto para a evangelização de
adultos e idosos.
No que diz respeito a sua composição, a Diretoria é formada pelos seguintes
membros: Presidente, vice-presidente, 1º e 2º secretária, 1ª e 2ª tesoureira.
Muitas vidas tem sido tocadas com as mensagens imprimidas em cada apresentação.
Chegam a emocionar a singeleza dos movimentos em uma coreografia, o confronto entre os
personagens que representam a realidade da vida em uma peça e a presença de Deus que enche
os corações dos expectadores de cada pantomima: em todos esses cenários, de forma verbal ou
não-verbal, Cristo Jesus é apresentado como o caminho, a verdade e a vida (Jo.14.6). É
preocupante a posição de algumas igrejas evangélicas que retiraram ou proíbem o uso das
citadas formas de arte durante os cultos 64. A ICA entende que toda e qualquer forma de

64
Algumas igrejas, notadamente as de orientação Calvinista (Ex. Igreja Presbiteriana, Congregacional, parte dos
Batistas, etc.), não enxergam a dança e as formas de arte como elementos do culto. Eles alegam que a Bíblia não
dá margem para uso desses meios na adoração ao Senhor no templo. É bem verdade que no mundo cristão tem
acontecido muitos exageros, como pessoas que dançam forró, funk, hip hop, etc. no meio do culto afirmando
estarem adorando a Deus. Precisamos entender que se é um exagero por parte de alguns macular a natureza solene
do culto fazendo uso de certos ritmos e danças, igualmente é exagerado abolir a dança e demais formas de arte
simplesmente por causa do exagero dos que não tem domínio próprio nem discernimento espiritual.
104
arte pode ser utilizada em prol do Reino, desde que transmita uma mensagem bíblica,
ordeira e decente, bem como não promova a sensualidade.
Se você gostou do trabalho desenvolvido por este Departamento e tem o desejo de
somar os seus esforços com os de muitos outros irmãos que adoram a Deus através da Arte,
então não perca tempo: procure qualquer um dos irmãos e irmãs que fazem parte desse
Departamento e se coloque a disposição para participar das próximas apresentações. Deus
pode te usar também através da arte!

9) DEPARTAMENTO DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD).


Antes de tratarmos sobre o DEPARTAMENTO DE EBD da ICA, é necessário
conhecermos um pouco de como surgiu a EBD no Brasil e no mundo.
A Escola Bíblica Dominical ou simplesmente Escola Dominical como a conhecemos
surgiu pela iniciativa de um inglês da cidade de Gloucester, Robert Raikes (1736-1811).
Preocupado com a condição dos filhos dos operários que nos finais de semana invadiam as ruas
dos subúrbios e praticavam toda espécie de vandalismos, ele resolveu dar uma ocupação àquelas
crianças. Então, começou a reunir algumas delas aos domingos, a fim de alfabetizá-las e educá-
las conforme os princípios das Escrituras.
Não demorou muito e a escola de Raikes já era bem popular. Entretanto, a oposição não
tardou a chegar. Muitos eram os que o acusavam de estar quebrantando o domingo. Onde já se
viu comprometer o dia do Senhor com esses moleques? Será que o Sr. Raikes não sabe que o
domingo existe para ser consagrado a Deus? Indagavam muitos.
Robert Raikes sabia-o muito bem. Ele também sabia que Deus é adorado através de
nosso trabalho amoroso e incondicional. Embora houvesse começado a trabalhar em 1780, foi
somente em 1783, após três anos de oração, observações e experimentos, que Robert Raikes
resolveu divulgar os resultados de sua obra pioneira.
No dia três de novembro de 1783, Raikes publica em seu jornal, o que Deus operara e
continuava a operar na vida daqueles meninos de Gloucester. Eis porque a data foi escolhida
como o dia da fundação da Escola Dominical. Mal sabia Raikes que estava lançando os
fundamentos de uma obra espiritual que atravessaria os séculos e abarcaria o globo, chegando
até nós, a ponto de ter hoje dezenas de milhões de alunos e professores, sendo a maior e mais
poderosa agência de ensino da Palavra de Deus que a Igreja dispõe.
No Brasil, a Escola Dominical chegou por meio de um casal de missionários
escoceses, Robert e Sarah Kalley. Eles chegaram ao Rio de Janeiro no dia 10 de maio de 1855,
e no final de julho do mesmo ano, estabeleceram-se em Petrópolis. Obtiveram do embaixador
americano a permissão para iniciar ali uma escola dominical.
No dia 19 de agosto, Sara Kalley ministrou a primeira aula a uma classe dominical,
composta por um grupo de 05 (cinco) crianças da casa e de uma família vizinha. A primeira
lição foi baseada na história de Jonas. A professora e os alunos também cantaram hinos e
oraram.
Assim nasceu oficialmente a primeira Escola Dominical do Brasil. Uma classe de
adultos foi criada tempos depois, e as aulas eram ministradas pelo reverendo Robert Kalley.
Alderi Souza de Matos informa que a “a escola dominical cresceu e no ano seguinte surgiram
classes em alemão, inglês e português, para crianças de oito anos acima” (Matos, 2011).
O dia da Escola Bíblica Dominical é comemorando no 3° domingo do mês de setembro.

9.1) A Escola Dominical definida pelo nome.


Após conhecer a origem da mais importante instituição eclesiástica de ensino, podemos
defini-la de acordo com sua completa designação: Escola Bíblica Dominical.

105
 Escola: Como o nome indica, a Escola Dominical é uma instituição de ensino. Logo,
precisa de instalações adequadas ao seu funcionamento, de professores bem preparados,
alunos motivados, material didático de apoio de qualidade, procedimentos e métodos
pedagógicos. Com essa estrutura ela está apta a ministrar a crianças e adultos o ensino
baseado na Bíblia, a Palavra de Deus. Além disso, é necessário que possua secretaria e
obreiros que cooperem com seu funcionamento como escola.
 Bíblica: Após o abandono das matérias seculares, o ensino na Escola Dominical passou
a ser exclusivamente bíblico. As editoras que hoje produzem as revistas voltadas para
esse segmento elaboram currículos para vários anos, que podem proporcionar aos
alunos uma sólida base teológica e saudável orientação para a vida cristã.
 Dominical: O domingo é sem dúvida o dia mais adequado para a realização da Escola
Bíblica Dominical, pois permite a participação de praticamente todos e incorpora a
atividade à celebração do dia do Senhor. A maioria das pessoas está de folga nesse dia.
Além disso, ir à igreja no domingo pela manhã tem sido um hábito assimilado por
muitos e tem se tornado prática comum.

Para nosso estudo, considerando o contexto eclesiástico atual brasileiro, podemos


definir a Escola Dominical como “a principal agência de ensino da igreja, que concilia
instrução bíblica para o crescimento espiritual do povo de Deus com evangelização dos
povos”. Ela é o departamento que reúne as melhores condições de ensinar as Escrituras de
forma sistemática e progressiva objetivando o conhecimento de Deus e o desenvolvimento da
fé cristã.
De maneira mais simples, podemos dizer que a Escola Dominical é o braço forte e eficaz
da Igreja para alcançar as metas de evangelização, discipulado, integração dos membros e
formação de uma liderança bem preparada para o exercício ministerial e comprometida com o
Reino de Deus.

9.2) Estrutura da EBD da ICA.


Todo empreendimento que pretende ser bem-sucedido precisa de uma boa base, de uma
boa estrutura. O mesmo ocorre com a Escola Dominical. Se for bem estruturada, poderá prestar
um excelente serviço ao Reino de Deus. Uma igreja cujas classes de Escola Dominical oferecem
a estrutura adequada para atender a todas as faixas etárias não corre o risco de ficar vazia.
A estrutura da EBD é composta do seguinte grupo de pessoas: O pastor presidente
da igreja e o vice-presidente, o superintendente e o vice-superintendente, secretários,
tesoureiros, professores, alunos e os demais obreiros que atuam trabalhando como assessores e
cooperadores. Vejamos um pouco de cada um destes membros:

 Pastor presidente e vice-presidente: São os principais responsáveis pela atuação da


Escola Dominical. Sem a sua participação efetiva, o trabalho não florescerá e ficará
sempre à margem do que se espera, com desperdício do tempo dos envolvidos no
processo e dos recursos financeiros investidos.

 Superintendente: É o responsável pelo funcionamento da EBD junto a presidência da


igreja. Cabe a ele gerenciar todas as atividades, apresentando proposta para atender
bem às demandas da educação cristã e às necessidades de crescimento da igreja. O
superintendente deve ser indicado pelo pastor e deve desfrutar de sua confiança. A
igreja deve vê-lo como alguém vocacionado e comprometido com a educação cristã.
São ainda atribuições do superintendente: 1) Conhecer bem o trabalho geral da EBD e
seu esquema de funcionamento; 2) Gerenciar todos as atividades e os obreiros da EBD;

106
3) Responder pelo bom andamento da Escola Dominical junto à presidência da igreja;
4) Propor e implementar as mudanças necessárias ao bom funcionamento e a eficiência
da EBD; e 5) Propor e implementar cursos de capacitação e treinamento de professores
que visem à busca da excelência no ensino das Escrituras.

 Vice-Superintendente: Sua função envolve auxiliar o superintendente e apoiá-lo de


maneira fiel e consistente na busca de progresso e crescimento do projeto educacional
da igreja. Outras atribuições do vice-superintendente são: 1) Apoiar o superintendente
na implantação de mudanças e decisões que visem ao alcance dos objetivos da EBD;
2) Substituir o superintendente quando este, por motivo de força maior, estiver ausente,
exercendo assim todas as atividades da Escola Dominical; 3) Estar preparado
didaticamente para ministrar nas classes onde possa haver, eventualmente, ausência de
professores.

 Secretário(a): É responsável pela execução das atividades propostas pelo


superintendente. Ele deve gerir o processo de forma organizada, cuidando das classes
e dos professores. Outras atribuições do secretário são: 1) Distribuir os cadernos de
chamada no início da aula; 2) Receber os relatórios das classes e elaborar o relatório
geral; 3) Apresentar o relatório geral à igreja, com informações de todas as classes,
destacando os matriculados, presentes, ausentes, visitantes, bíblias, revistas e ofertas.
Abe ao secretário(a) destacar também os aniversariantes da semana; 4) Guardar e
preservar os cadernos de chamadas e demais documentos pertencentes ao
departamento; 5) Proceder à matricula dos alunos; 6) Estar sempre pronto para fornecer
ao superintendente as informações que lhe forem solicitadas.

 Tesoureiro(a): É o responsável pelo controle dos recursos financeiros da Escola


Dominical e pelo contato com a tesouraria da igreja para o envio do que é arrecadado.
A tesouraria da escola deve manter um relatório do balanço financeiro do
Departamento.

 Professor(a): O professor deve ser escolhido por sua vocação para o ensino, seu
potencial, seu interesse e sua dedicação ao estudo da Palavra de Deus e, principalmente,
por seu caráter cristão. Isso se justifica pelo fato de que ele pode, ao longo dos anos,
influenciar milhares de pessoas. Essa influência deve ser resultado de um bom exemplo
de vida. O professor deve dominar o uso de técnicas de ensino, os recursos educacionais
e planejar bem suas aulas. Seus alunos devem ser incentivados ao estudo da Bíblia e a
pesquisa.

 Aluno(a): A Escola Dominical existe em função dos alunos. Eles são o alvo de todos
os objetivos, sejam a salvação da alma, a formação da espiritualidade ou a preparação
para exercer funções de liderança na igreja. O segredo de uma Escola Dominical
dinâmica e eficaz depende, e muito, do aluno. E como deve ser o aluno da escola
dominical? Qual o perfil do aluno ideal? Antes de respondermos essas perguntas, é
importante dizer que por aluno ideal não nos referimos, propriamente, a um ser
extraordinário: brilhante, gênio, super intelectual. O aluno ideal é antes de tudo uma
pessoa bem intencionada. Como assim? Ele é dedicado, assíduo, pontual e responsável.
Vai à escola dominical com prazer e não para dizer simplesmente “estou aqui”,
“cheguei” ou “agora o superintendente não vai pegar no meu pé”. O verdadeiro aluno
da escola dominical não pensa assim. Ele faz a lição de casa. Lê a Bíblia e sua revista;
anota suas dúvidas e vem disposto a colaborar seriamente na sala de aula.
107
9.3) Classes da EBD da ICA
A igreja deve preocupar-se com as condições físicas e sociais dos seus alunos e procurar
distribuí-los da melhor maneira possível, de acordo com a faixa etária. Por essa razão, as classes
da EBD da IC em Apodi são distribuídas da seguinte forma:
 Classe Cordeirinhos de Jesus (Berçário: 06 meses a 02 anos de idade).
 Classe Pequenos Discípulos (Pré-escolares: 03 a 05 anos de idade).
 Classe Samuel (Alunos do fundamental: 06 a 08 anos de idade).
 Classe Daniel (Pré-adolescentes: 09 a 12 anos de idade).
 Classe Calebe (Adolescentes: 13 a 17 anos de idade).
 Classe Josué (Jovens: 18 anos de idade em diante).
 Classe Gideão (Adultos e Jovens da terceira idade).
 Classe Abraão (Adultos e Jovens da terceira idade).

Como podemos observar a EBD é uma escola para todos. Ela envolve alunos de todas
as idades: desde os pequeninos até os jovens da terceira idade. Existe uma classe apropriada
para todo cristão. E você? Já se matriculou em uma classe? Vamos juntos crescer no
conhecimento do alto!

CONCLUSÃO
Ante ao exposto, concluímos a presente lição entendendo que a divisão da membresia
da Igreja em vários departamentos é medida salutar, haja visto que assim se torna mais fácil
trabalhar com cada público alvo de acordo com sua faixa etária ou gênero. Entendemos ainda
que existe pelo menos um (podem existir mais de um) Departamento em que qualquer crente
pode (e deve) se engajar. Sendo ativo em seu Departamento o cristão só tem a ganhar, pois será
edificado com o ensino, aprenderá com o exemplo dos mais antigos e trabalhará nas várias
ações que são desenvolvidas em cada Departamento para que, em tudo isso, o nome do Senhor
seja glorificado!
E você, querido irmão(a)? O que está esperando? Já identificou qual ou quais os
departamentos que você fará parte? Deus tem muito a realizar através da sua vida! Amém.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO.

1) CITE O NOME DOS OITO DEPARTAMENTOS EXISTENTES NA IGREJA DE


CRISTO EM APODI. Resposta. Departamento Infantil (crianças), de Adolescentes, de
Jovens, de Senhoras (Obreiras), de Senhores (Varonil), de Ação Social, de Artes (Adorarttes) e
Departamento de EBD.

2) POR QUE É FEITA A DIVISÃO DOS IRMÃOS EM DEPARTAMENTOS? QUAL O


PROPÓSITO DISSO? Resposta sugerida. A divisão da membresia em Departamentos leva
em consideração o desenvolvimento físico e psicológico de cada faixa etária, bem como as
diferenças entre os gêneros. Assim sendo, tal divisão não é no propósito de criar castas ou
“grupinhos” na Igreja nem muito menos desunir o corpo de Cristo. O intuito disso é tão somente
otimizar o serviço no Reino de Deus, considerando as especificidades já citadas.

3) DE QUAIS DESSES DEPARTAMENTOS VOCÊ JÁ FAZ PARTE (OU PRETENDE


SE ENGAJAR)? Resposta Pessoal.

108
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 11: PRINCÍPIOS DA CONTRIBUIÇÃO


Pr. David Marroque Teixeira
Pb. Girnaldo Andrade Silva

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• DEMONSTRAR que a entrega65 do dízimo e das ofertas é pratica antiga, anterior a Lei
e que ainda permanece depois dela.
• DISCORRER sobre as ofertas, mostrando sua importância para a manutenção da Obra
do Senhor na Terra.
• ANALISAR alguns dos princípios norteadores da contribuição na Igreja, segundo as
Escrituras Sagradas.

TEXTOS-BASE:
 “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus
Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o
Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus
inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gn.14.18-20).
 “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos?
Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a
mim me roubais, sim, vós, esta nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro,
para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor
dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal
bênção, que dela vos advenha a maior abastança” (Ml.3.8-10).
 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e
do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a
misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas” (Mt.23.23).
 “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por
constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2ª Co.9.7).

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje iremos tratar sobre a atualidade dos dízimos e ofertas como as formas
deixadas por Deus para manutenção da Sua Obra aqui na Terra. Abordaremos também alguns

65
Nesta lição usaremos os verbos entregar, dar e devolver como sinônimos. Este último, diz respeito a consciência
cristã de que tudo que temos foi Deus quem nos deu. Logo, ao trazer os valores devidos a Tesouraria o crente não
está “pagando o dízimo”, pois não é uma conta. Mais apropriado é afirmar que ele o está devolvendo: afinal, ele
está a devolver uma parte do todo que Deus lhe permitiu ter.
109
dos princípios da Palavra ligados a contribuição na Igreja. Procuraremos, ainda, responder os
seguintes questionamentos: Existem bênçãos para quem é dizimista fiel e ofertante liberal?
Em relação a questão anterior, existe punição para quem não o é nem um nem outro?
Onde devo entregar os dízimos e as ofertas? A quem entregar? Por fim, analisaremos
algumas questões controversas tocantes ao presente estudo. Que o Senhor nos conduza nessa
jornada.

1) O DÍZIMO
A palavra dízimo significa décima parte. Em termos percentuais, a décima parte
corresponde a 10% (dez por cento). Nem é preciso perguntar onde é que tem dizendo na Bíblia
que o dízimo é dez por cento, porque o próprio significado da palavra já explica.

1.1) A entrega do dízimo já era prática existente antes da Lei:


 Abraão o entregou – “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era
sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo
Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que
entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gn.14.18-
20).
 Jacó fez voto para o entregar: “Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for
comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e
vestes para vestir, de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o
meu Deus, então esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo
quanto me deres, certamente te darei o dízimo”. (Gn.28.20-22).

1.2) O dízimo foi regulamentado na Lei:


“Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher
do campo” (Dt.14.22).
“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo
ministério que executam, o ministério da tenda da congregação” (Nm.18.21).
E prossegue a Palavra afirmando que nos dias de Neemias, quando da
reconstrução de Jerusalém, o dízimo foi negligenciado e Neemias o recuperou abençoando
assim a obra de Deus: “Também entendi que o quinhão dos levitas não se lhes davam, de
maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua
terra. Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus?
Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto. Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão,
do mosto e do azeite aos celeiros. E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o
sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de
Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a
distribuição para seus irmãos”. (Ne.13.10-13).

1.3) O dever de entregar o dízimo foi confirmado por Jesus no NT.


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o
cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém,
fazer estas coisas, e não omitir aquelas” (Mt.23.23).
No tópico 5.1 do presente estudo está registrado um melhor detalhamento e aplicação
do versículo citado neste tópico. Mas, a título de considerações iniciais sobre essa questão, é
muito importante o fato de Jesus ter ratificado o dízimo no NT. Muitas são as pessoas que
desconsideram tudo o que se passou no AT por entenderem que não se aplica tais deveres a
Igreja contemporânea. Precisamos compreender que os princípios da Palavra de Deus

110
permanecem eternamente e que, um único versículo, como o acima transcrito, é mais do que
suficiente para endossar que o dízimo é atual para a Igreja e deve ser observado por todo crente.
Ninguém mais ninguém menos que o próprio Senhor Jesus foi quem afirmou isso.

1.4) Consequências para os que entregam ou não o dízimo.


 Não devolver o dízimo é motivo de maldição da parte de Deus: “Desde os dias de
vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para
mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que
havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em
que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque
a mim me roubais, sim, toda esta nação” (Ml.3.7-9).
 Entregá-lo é motivo de bênçãos da parte de Deus: “Trazei todos os dízimos à casa
do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto,
diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre
vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa
de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa
vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos
chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos
Exércitos”. (Ml.3.10-12).

Entendemos que tudo que temos e tudo que viermos a ter vem do Senhor. Portanto,
o cristão que não devolve o dízimo está em desobediência a Palavra de Deus. Isso é muito
perigoso, justamente porque tal prática estará revelando um coração avarento, ingrato e infiel.
“O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1ª Tm.6.10). Deste modo, devolver o dízimo
é um exercício constante do cristão que é grato a Deus por todos os Seus benefícios.
Está registrado ainda: “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda
a tua renda; assim se encherão de fartura os teus celeiros, e trasbordarão de mosto os teus
lagares” (Pv.3.9-10). Quem é dizimista fiel testemunha abertamente que não tem faltado nada.
O Senhor ainda multiplica o azeite na botija da viúva (2ª Rs.4.1-7). Contudo, aqueles que não
são dizimistas ou o são de forma infiel, colhem para si dificuldades: a impressão que fica é que
ao invés de ficarem melhor financeiramente passam é a ter dificuldades. Ora, aquilo que o
homem plantar, isto também colherá (Gl.6.7). Avareza é pecado e é também uma forma de
idolatria (Mt.6.24, Cl.3.5, Ef.5.5).

1.5) Onde entregar o dízimo? A quem entregá-lo?


Temos ouvido bastante a seguinte interrogação: “--- Onde é a casa do tesouro que devo
entregar o dízimo?”. Todo crente, seja batizado ou não, membro da Igreja ou não, deve ser fiel
a Deus no dízimo e nas ofertas. Em At.20.35 está escrito: “Mais bem-aventurada coisa é dar
do que receber”. Portanto, entregue o seu dízimo e suas ofertas na Igreja de onde você é
membro, pretende ser ou está frequentando (Ml.3.10). Isto responde a pergunta do onde
entregar nossas contribuições. Neemias elegeu tesoureiros para receberem os dízimos e ofertas
para manutenção na Casa do Senhor, senão, vejamos: “E por tesoureiros pus sobre os celeiros
a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles
Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a
eles a distribuição para seus irmãos”. (Ne.13.13). A ICA tem a sua Tesouraria e nela a
pessoa do 1º e 2º tesoureiros. A estes devem ser entregues os dízimos e as ofertas. Isto
responde a quem devemos entregar nossas contribuições.
O membro da Igreja não deve dividir seu dízimo ou reduzir suas ofertas para
ajudar em outra Igreja. Se fizer isto, estará administrando os recursos de Deus por conta
própria, contrariando a Bíblia. A administração é feita por pessoas eleitas e aprovadas pelo
111
Conselho da Igreja, investidas dessa autoridade, que recebem orientação de Deus para esse
ministério. Ocorre que, muitas vezes o irmão se solidariza com uma dada congregação ou
simpatiza com um determinado projeto ou causa e, para ajudar financeiramente, negligencia o
compromisso de devolver o dízimo no local onde se congrega. Existe um ditado popular que
ilustra muito bem essa atitude equivocada: é descobrir um santo para cobrir outro.
Qualquer membro que sentir o desejo de ajudar alguma outra Igreja/Congregação
ou alguma pessoa em particular, deve fazê-lo, mas com recursos extras, sem diminuir o que
costuma entregar em sua Igreja. Infelizmente, muitos santos de Deus, não querendo cumprir
Sua vontade que redunda em bênçãos para eles e suas respectivas famílias, procuram
argumentação deste tipo para não entregar o dízimo no seu devido lugar.

2) AS OFERTAS
As ofertas são formas de contribuição cujo valor não é estipulado. Se o dízimo é
sempre igual, na proporção de dez por cento, as ofertas não tem valor fixo. Para as ofertas,
valem as mesmas respostas dadas as perguntas onde devo entregar o dízimo? A quem entregar?
explicadas no tópico anterior.
No AT estão registrados alguns tipos de oferta que variavam de acordo com a sua
destinação, quais sejam:

 Ofertas alçadas – “E será para Arão e para seus filhos por estatuto perpétuo dos filhos
de Israel, porque é oferta alçada; e a oferta alçada será dos filhos de Israel, dos seus
sacrifícios pacíficos; a sua oferta alçada será para o Senhor”. (Ex.29.28)
 Ofertas voluntárias – “E oferecei o sacrifício de louvores do que é levedado, e
apregoai as ofertas voluntárias, publicai-as; porque disso gostais, ó filhos de Israel,
disse o Senhor DEUS” (Am.4.5). “E alguns dos chefes dos pais, vindo à casa do Senhor,
que habita em Jerusalém, deram ofertas voluntárias para a casa de Deus, para a
estabelecerem no seu lugar” (Ed.2.68). “E o povo se alegrou porque contribuíram
voluntariamente; porque, com coração perfeito, voluntariamente deram ao Senhor; e
também o rei Davi se alegrou com grande alegria. (1º Cr. 29.9)
 Ofertas das primícias – “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes
entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho
das primícias da vossa sega ao sacerdote” (Lv.23.10). “E, se fizeres ao Senhor oferta
de alimentos das primícias, oferecerás como oferta de alimentos das tuas primícias de
espigas verdes, tostadas ao fogo; isto é, do grão trilhado de espigas verdes cheias”
(Lv.2.14). “Dar-lhe-ás as primícias do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e as
primícias da tosquia das tuas ovelhas”. (Dt.18.4).

No NT um caso interessante a ser analisado para identificarmos como agradar o Senhor


com nossas ofertas é o que segue:

“Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava


a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes
quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de
muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta
viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes
sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver” (Mc.12.41-44).

O texto acima transcrito deixa claro que o Senhor não está interessado,
necessariamente, na quantidade que é ofertada: mas sim, na motivação da oferta! Alguém
pode ofertar uma grande quantia em dinheiro, mas, com a motivação de “aparecer”, de mau
112
grado, queixoso, murmurante. Outro pode fazer que nem a viúva pobre, ofertando algo de
pequeno valor financeiro, mas pelas motivações corretas: desprendimento, desinteresse,
sacrifício e amor. Essa regra vale também para os dízimos entregues.

3) ALGUNS PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM A CONTRIBUIÇÃO NA


IGREJA.
Neste tópico é possível passear pelas Escrituras Sagradas e, de Gênesis a Apocalipse,
poderíamos intitular inúmeros princípios que fundamentam a questão da contribuição na Igreja.
Contudo, pela proposta da nossa apostila, nos deteremos apenas em alguns princípios que
julgamos fundamentais para nossa reflexão. Vejamos eles:

3.1) LIBERALIDADE E ALEGRIA


“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por
constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2ª Co.9.7).
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da
macedônia; Como em muita prova de tribulação houve abundância de sua alegria” (2ª
Co.8.2a).
Os crentes macedônios viviam em meio a muitas provas e tribulações. Naqueles tempos
a Macedônia havia sido saqueada pelos romanos, que tomaram suas riquezas, o ouro e a prata
de suas minas; e impuseram pesados impostos sobre tudo que aquele país produzia nas suas
indústrias e minas de cobre, ferro e fundições. Não bastasse isso, Roma ainda explorou o sal e
a madeira dos macedônios. E a tudo isso, os romanos acrescentaram perseguições que
empobreceram gradativamente os cristãos. Mas, o povo de Deus se ajudou mutuamente e
fizeram isto de forma liberal, cada um contribuiu segundo o que propôs no seu coração.

3.2) GENEROSIDADE
“e sua profunda pobreza abundaram em riquezas da sua generosidade (2ª Co.8.2b).
Generosidade significa característica da pessoa generosa; particularidade de quem se
sacrifica em benefício de outra pessoa; magnanimidade. Ação generosa; comportamento que
expressa bondade, liberalidade. Na situação em que aqueles crentes macedônios viviam, eles
tinham tudo para dizer a Paulo: “--- Nós o amamos muito, Pr. Paulo, e gostaríamos de
contribuir para o seu ministério e na assistência aos necessitados, mas como o senhor mesmo
está vendo, na situação de sofrimento e pobreza em que estamos, nada podemos dar”. Contudo,
eles não procederam dessa maneira. Antes, foram em tudo generosos com os mais necessitados.
Isso ocorreu porque:
 A generosidade não depende da situação.
 Quem é generoso o é na pobreza ou na riqueza.
 Quem é avarento também o é na pobreza ou na riqueza.
 Os macedônios mostraram que eram ricos para com Deus. De sua pobreza eles
produziram riquezas da generosidade.

3.3) VOLUNTARIEDADE, PROPORCIONALIDADE E SACRIFÍCIO.


Está registrado no Livro Santo: “Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas
posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente, pedindo-nos, com muito
encarecimento, o privilégio de participarem deste serviço a favor dos santos; e não somente
fizeram como nós esperávamos, mas primeiramente a si mesmos se deram ao Senhor, e a nós
pela vontade de Deus” (2ª Co.8.3-5). Com outras palavras, eles disseram: “--- Queremos
participar da graça de dar. Queremos trabalhar para Deus e para vocês, apóstolos e pastores
da Igreja. Queremos fazer a vontade de Deus”. Eles consideravam que contribuir para a obra

113
de Deus é um privilégio do verdadeiro cristão. Dar-se a Deus é a maior oferta do crente e as
outras dádivas materiais complementam aquela.
“Segundo as posses” quer dizer que aquele que tem menos dá menos e quem tem mais
dá mais, porém, todos dão em igualdade proporcional perante Deus. Eis aqui claramente o
princípio da proporcionalidade. A proporção de 10% (dez por cento) pode ser bem
compreendida aqui, fazendo uma aplicação aos dízimos. Tanto os que têm mais devolvem 10%
(dez por cento) como os que têm menos, sendo todos iguais, pois todos devolveram 10% (dez
por cento) do que possuem, isto é, cada um dá conforme as suas posses. “Ainda acima das suas
posses” fala de uma contribuição sacrificial. Eis aqui, inequivocamente, o princípio do
sacrifício. O povo de Deus contribuiu até com mais do que podia, porque o amor ao próximo
foi maior do que o amor ao próprios recursos. Fica claro ainda, pela expressão “porque Deus
ama ao que dá com alegria” (2ª Co.9.7) que Deus aceita o que é dado de boa vontade. Ele não
pede o que a pessoa não tem, mas sim, daquilo que ela tem. “Voluntariamente” demonstra que
não foi uma coação ou obrigação que motivou a ajuda dada, mas sim, um coração voluntário,
solidário e fraterno. Eis aqui o princípio da voluntariedade.
A Palavra ainda registra: “agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como
houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. Porque, se há
prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. Pois
digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, mas para que haja igualdade,
suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a
abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; como está escrito: Ao
que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou”. (2ª Co.8.11-15).

4) ALGUMAS ILUSTRAÇÕES SOBRE CONTRIBUIÇÕES NA IGREJA.


 Um irmão perguntou ao pastor: “--- Pastor, por que o senhor pede tanto dinheiro a
Igreja?” O pastor respondeu: “--- É porque se eu não pedir vocês não dão”.
 Uma irmã entregou duas moedas de igual valor a filha que ia para a Escola Dominical
e lhe disse: “--- Filha, uma moeda é sua e a outra é do Senhor. A filha saiu com muita
alegria, correndo, pulando e, de repente, uma das moedas que carregava escorregou e
caiu no esgoto que passava perto. A menina parou, olhou para a outra moeda restante e
sentenciou: “--- Lá se foi a moeda do Senhor”.
 Dizem que as cédulas do real estavam reunidas e começaram a perguntar umas às outras
por onde andavam. As cédulas de 100, 50 e de 20 reais, bem esticadinhas, disseram que
andavam nos shoppings, nos hotéis cinco estrelas, nos bancos e nos grandes centros
econômicos. As cédulas de 10 e de 05 reais disseram que andavam nos grandes
supermercados, lojas e lugares semelhantes. A cédula de 02 reais, toda amassada,
respondeu que só andava nas Igrejas.

As ilustrações acima foram colocadas no propósito de exemplificar a atual situação


ligada a questão das contribuições na Igreja. Seriam ilustrações cômicas mesmo se não fossem
trágicas! Na nossa casa temos compromisso que não podem deixar de serem atendidos: água,
luz, aluguel, alimentação, telefone, etc. No templo, que é a casa de Deus, não é diferente.
Existem compromissos que precisam ser honrados e, a fonte de recursos para isso não é outra:
são os dízimos e as ofertas. Deus não precisa de banco, nem de cadeiras, nem ventiladores, nem
de condicionadores de ar e nem de tantas outras coisas que são usadas nos templos: nós, seres
humanos, somos quem precisamos e quem desfrutamos disto.
Portanto, queridos irmão(ã), reflita sobre o que tem sido exposto até aqui e tome a
decisão mais acertada, que é contribuir liberal e fielmente na causa do Mestre.

114
5) QUESTÕES CONTROVERSAS
5.1) O DÍZIMO É COISA DO PASSADO?66
Nesses últimos dias, muitas verdades da Palavra de Deus vêm sendo abandonadas,
enquanto outras, conquanto extra bíblicas, apresentadas como verdadeiras. É o caso do
pensamento, que a cada dia ganha novos adeptos, de que o dízimo é coisa do passado.
Ora, ainda que ofertar e dar o dízimo sejam atos voluntários, e não meios de chantagem
ou negociação com Deus, não há dúvidas de que também são mandamentos com promessas
para o crente, hoje. Se não há muita ênfase ao dízimo no Novo Testamento, também não existem
passagens desaprovando esse tipo de contribuição. E, nesse caso, os mandamentos
veterotestamentários, conquanto tenham sido dirigidos especificamente a Israel, revestem-se de
importância e aplicam-se a nós, como demonstra a Epístola aos Hebreus. Afinal, tudo quanto
dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito (Rm.15.4).
Não é só o Antigo Testamento, como muitos pensam, que apresenta o dízimo como uma
obrigação do crente, conquanto não devamos contribuir por obrigação, e sim espontaneamente
(Ex.25.2; Ml.3.8-10). Jesus referiu-se ao dízimo como sendo um dever quando disse aos
fariseus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro
e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas” (Mt.23.23, grifo meu).
Alguém argumentará: “--- De acordo com a Hermenêutica, um único versículo não
pode servir de base para uma doutrina”. Bem, procura-se quem inventou essa falácia! Com
certeza, não é um professor de Hermenêutica temente a Deus o autor dessa equivocada regra.
Afinal, o que o Senhor disse é verdade. E ponto final. Se Ele disse que é dever valorizar o mais
importante da lei, o juízo, a misericórdia, a fé e o dízimo, cabe a nós atentar para isso, e não
para os que não querem andar segundo as Escrituras.

CONCLUSÃO
Ante ao exposto, esperamos que tenha ficado claro que os dízimos e as ofertas foram
instituídos por Deus desde o princípio e para todos os tempos. Eles já existiam antes da Lei,
perduraram durante a Lei e foram ratificados por Jesus no NT. Dízimo é 10% (dez por cento)
do que se ganha, nem um centavo a mais ou a menos. As ofertas serão conforme a decisão do
coração do ofertante.
A principal contribuição que Deus requer é a nossa própria vida doada a Ele, sob a forma
de ofertas de sacrifício, louvor e adoração. Destas dependem as outras, porque o dízimo é uma
questão de fidelidade. Já as ofertas são uma questão de liberalidade e generosidade. Cristo quer
ser Senhor de nossa vida para nos usar em Sua obra. Todos os que são infiéis a Deus nos dízimos
e nas ofertas vivem debaixo da maldição dos pecados da avareza, ingratidão e idolatria. Porém,
os que são fiéis vivem felizes e de nada têm falta. DUVIDA? Faça você mesmo uma prova
com Deus! Seja um dizimista fiel e um ofertante liberal e comprove o quanto Deus vai te
abençoar pelo fato de você ter assumido esse compromisso.
A manutenção da obra de Deus é realizada com os dízimos e as ofertas. Separe o dízimo
do bruto67 do que você recebe antes de suas despesas e os entregue a Deus na Igreja onde se

66
Esse tópico é uma transcrição fiel da opinião do Pastor Ciro Sanches Zibordi, membro da Assembleia de Deus,
disponível em http://pastorciroresponde.blogspot.com.br/2008/08/dzimo.html. Acesso em: 15/12/2015.
67
Quando nos referimos a uma renda bruta ou dizemos que um produto tem um custo bruto, queremos dizer que
esse montante não sofreu ainda nenhum tipo de desconto ou retenção. Ou seja, R$ 1.000,00 brutos serão
simplesmente R$ 1.000,00. Pelo contrário, ao falarmos de líquido, expressa-se um montante de dinheiro que sofreu
descontos, impostos e retenções que lhe correspondem, gerando um valor menor que o bruto. Por exemplo, se aos
R$ 1.000,00 brutos que mencionamos antes descontarmos 11% de INSS, o montante líquido será de R$ 890,00.
Então, a diferença entre bruto e líquido é que o primeiro é um montante que ainda não conta com deduções, e
115
congrega com alegria e gratidão. Faça como os crentes macedônios: ofereça-se a si mesmo a
Deus e aos pastores da sua Igreja para fazer a obra do Senhor com liberalidade, alegria,
generosidade, voluntariedade, proporcionalidade e, se desejar, de forma sacrificial.
Seja um dizimista fiel e vá além do dízimo oferecendo ao Senhor a sua oferta de
Primícias no valor que seu discernimento e generosidade o guiar. Seja voluntário para dar
ofertas especiais como sacrifício de amor a Jesus e ao Evangelho. Pratique isso como adoração
a Deus para o progresso da obra do Senhor aqui na Terra, pois esta é a vontade de Deus para
você.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO

1) DIFERENCIE, COM SUAS PALAVRAS, DÍZIMOS DE OFERTAS? Resposta pessoal.

2) CITE E EXPLIQUE PELO MENOS 03 (TRÊS) PRINCÍPIOS DA CONTRIBUIÇÃO


NA IGREJA. Resposta pessoal.

3) QUAIS TIPOS DE PECADOS PODEM ESTAR COMETENDO AQUELES QUE


NÃO DEVOLVEM O DÍZIMO FIELMENTE NEM TAMPOUCO OFERTAM
LIBERALMENTE? Resposta. Avareza, ingratidão e idolatria.

não é o que finalmente acabaremos por receber após os descontos de impostos etc. Enquanto o montante líquido é
aquele que disporemos finalmente.
116
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 12: NOÇÕES SOBRE ESCATOLOGIA68.


Ir. Maria Helena de Melo Teixeira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER que a escatologia é uma das disciplinas que mais interessam os estudiosos
das Escrituras e, ao mesmo tempo, talvez a menos compreendida pela Igreja e pelos
crentes de um modo em geral.
• ASSIMILAR a sequência dos fatos e eventos que se darão a partir do arrebatamento da
Igreja, a luz do que foi profetizado no AT e do que está registrado no NT, especialmente
no livro de Apocalipse.
• IDENTIFICAR a posição doutrinária da ICB quanto a doutrina do fim dos tempos.

TEXTOS-BASE:
 “Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta
profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”
(Ap. 1.3).
 “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som
da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós,
os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao
encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1ª Ts.
4.16,17).
 “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes
não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão
com ele durante os mil anos” (Ap. 20.6).

INTRODUÇÃO
A escatologia é o ramo da teologia que estuda a doutrina das últimas coisas. Está
relacionada aos tempos do fim, em que a história humana chegará ao seu final e a Igreja terá
ingressado na eternidade.
A sequência escatológica na visão pré-milenarista (e pré-tribulacionista) inicia-se com
a morte e o estado intermediário. Seguem-se, nesta ordem, o arrebatamento da Igreja, a Grande
Tribulação (simultânea ao Tribunal de Cristo seguido das Bodas do Cordeiro), o retorno de

68
A presente lição foi adaptada do capítulo intitulado Noções de Escatologia, do Manual de Educação Cristã
(p.167-179), 2012, cuja autoria é do Pastor Gilmar Vieira Chaves, publicado pela Editora Central Gospel.

117
Cristo em glória com os Seus santos, o Milênio, o Juízo Final e o estado eterno, quando novos
céus e novas terras serão criados.

1) O ESTADO INTERMEDIÁRIO.
O estado intermediário é a condição do ser humano entre a morte e a ressureição. Em
razão da morte de Cristo e da obra redentora que se consumou, o mundo dos mortos vive agora
uma realidade diferente.

1.1) Antes da morte de Cristo.


No AT, o mundo dos mortos é chamado de Seol (Jó. 17.16; Sl.139.8). No NT, ele é
denominado Hades (At. 2.27,31). A história sobre o rico e Lázaro parece indicar que o destino
dos santos e dos ímpios era o mesmo antes da ressurreição de Jesus: “Veio a morrer o mendigo,
e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado. No
Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu
seio”. Havia, porém, uma divisão entre eles, como Abraão explica ao rico: “E além disso, entre
nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós
não poderiam, nem os de lá passar para nós.” (v.26).
Entretanto, existem passagens no AT que dão a entender que algumas pessoas, como
Enoque e Elias, deixaram este mundo e foram diretamente para o céu (Gn. 5.24; 2º Rs. 2.11).
No salmo 49.15, o salmista confessa que tem esperança de evitar o Seol, e Asafe declara que
será recebido em glória (no céu; Sl. 73.24).

1.2) Após a morte de Cristo.


De acordo com Paulo, Cristo conquistou na cruz uma nova condição para os justos:
“Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto
– ele subiu – que é, senão que também desceu às partes mais baixas da terra?” (Ef.4.8,9).
Entende-se com isso que os justos que estavam no seio de Abraão foram levados ao paraíso (2ª
Co. 12.1-5), e para lá vão as almas dos jutos mortos durante a era da Igreja. Os ímpios que
morreram continuam no Hades, porque dali todos serão encaminhados para o Juízo Final (Ap.
20.13).

2) O ARREBATAMENTO DA IGREJA.
A Igreja vive a expectativa, que aumenta ou diminui conforme a época, do
arrebatamento, também conhecido pela expressão segunda vinda de Cristo (Hb.9.28; 1ª Ts.
4.13-18). A maneira como ocorrerá, todavia, é entendida de várias formas, em relação ao tempo
da chamada Grande Tribulação.

2.1) Visão pós-tribulacionista.


De acordo com a corrente pós-tribulacionista, a Igreja passará pela Grande Tribulação,
mas os cristãos serão poupados dos castigos que Deus enviará para punir a humanidade ímpia.
Não haverá um rapto secreto da Igreja, porque a segunda vinda de Cristo será apenas em glória
de forma visível a todos.

2.2) Visão mesotribulacionista.


A corrente mesotribulacionista entende que o arrebatamento se dará no meio da Grande
Tribulação. Essa teoria concorda com o pré-tribulacionismo ao afirmar que o arrebatamento da
Igreja é um acontecimento distinto da segunda vinda, que o restringidor de 2ª Tessalonicences
2 é o Espírito Santo e que a Igreja tem promessas de libertação da ira. Tem em comum com o
pós-tribulacionismo as crenças de que a igreja tem promessas de tribulação aqui na terra e

118
necessita de purificação, que as Escrituras não ensinam a doutrina da iminência e que a Igreja
é vista na terra depois de Apocalipse 4.1.
A doutrina da iminência diz que a segunda vinda de Cristo pode ocorrer a qualquer
momento, sem depender de nenhuma sucessão de fatos.

2.3) Visão pré-tribulacionista.


Esta é a teoria adotada pela ICB e por algumas outras igrejas pentecostais, tais como
as Assembleias de Deus.
A sequência em que se darão os fatos, segundo esta visão, explica que a segunda
vinda de Jesus ocorrerá em duas fases distintas. Na primeira, haverá o arrebatamento da
Igreja. Jesus voltará invisível aos olhos do mundo, detendo-se nas nuvens, e, em um abrir e
fechar de olhos, arrebatará para si todos os santos. Isso ocorrerá antes da Grande Tribulação. A
segunda fase da vinda do Senhor acontecerá sete anos mais tarde, já no fim da Grande
Tribulação. Dessa vez Ele voltará em grande poder e glória, visível aos olhos de todos e
acompanhado dos santos que foram arrebatados. Virá, então, para salvar e restaurar o povo de
Israel, destruir o anticristo, amarrar o diabo e governar a terra por mil anos.
Podemos também explicar essa segunda vinda em duas fases: na primeira, Ele virá nos
ares; na segunda, pisará na terra; na primeira, Ele virá para os cristãos; na segunda, com os
cristãos; a primeira é chamada arrebatamento; a segunda, revelação; na primeira, Ele virá
acompanhado de anjos; na segunda, dos santos; a primeira será seguida da Grande Tribulação;
a segunda, do Milênio.

2.4) O Tribunal de Cristo


Quando vier buscar a Sua Igreja, Cristo trará consigo o seu galardão (Ap.22.12). Logo
após ao arrebatamento, os salvos arrebatados comparecerão diante do Tribunal de Cristo, onde
as obras de cada um serão julgadas (2ª Co.5.10). O propósito desse tribunal não é condenar
ninguém, e sim recompensar cada cristão de acordo com o serviço que prestou ao Reino de
Deus (1ª Co.3.12-15). A Bíblia não revela em que consiste esse galardão.

2.5) As bodas do Cordeiro


Após o julgamento no Tribunal de Cristo, a Igreja rumará para as Bodas do Cordeiro
(Ap.19.7). Também não temos muitas informações de como será exatamente essa festa, mas
sem dúvida será grandiosa, marcada por imensa alegria.

3) A GRANDE TRIBULAÇÃO
A Grande Tribulação será um período de sete anos e ocorrerá ao mesmo tempo em que
a Igreja estiver no Tribunal de Cristo e, em seguida, nas Bodas do Cordeiro. Esse período será
marcado por grande angústia (Lc.21.24-26; Ap.7.14) e pela manifestação do anticristo, que de
início fará amizade com Israel, conquistando a lealdade desse povo e um lugar de proeminência
no templo (2ª Ts.2.4). Entretanto, “na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador” (Dn.9.27), ou seja, ele mostrará a
sua verdadeira face.
Está escrito que “sua vinda será segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e
sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem” (2ª
Ts.2.9,10). Essa descrição encaixa-se com a do ditador mundial que fará a aliança com Israel e
depois a violará (Dn.9.27), bem como a da besta, do governante mundial blasfemo, que é
fortalecido e habitado por Satanás, e cujo falso profeta realiza falsos milagres (Ap. 13.1-17). Já
no meio da Grande Tribulação, ele exige que cada um receba uma marca na mão direita, ou na
testa, marca esta que é o nome da besta, ou o número do seu nome.

119
O anticristo será derrotado definitivamente na batalha do Armagedom (Ap.16.16),
quando Cristo retornar com os Seus santos sobre o monte das Oliveiras, na segunda etapa de
Sua vinda (2ª Ts.2.8). Então o anticristo e o falso profeta – a segunda besta, que emergiu da
terra e “exerce todo o poder da primeira besta na sua presença e faz que a terra e os que nela
habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada” (Ap.13.12) – serão lançados
vivos no ardente lago de fogo e de enxofre (Ap.19.20).

4) O MILÊNIO
Destruído o anticristo, o Senhor Jesus irá então estabelecer na terra o Seu reino milenar.
Segundo a doutrina pré-milenarista, será um período real (literal) de mil anos (Ap. 20.4,6),
em que Jesus governará o mundo, assentado no trono de Davi (Lc.1.32,33). A capital desse
reino será Jerusalém, “a cidade do grande Rei” (Mt.5.35).
O período de mil anos em que a paz reinará absoluta no mundo é delimitado pela prisão
de Satanás: ele ficará preso no abismo para que mais não engane as nações, até que os mil anos
se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo (Ap.20.3).
Segundo as profecias, será um tempo de glória para Israel (Is.62.8,12) e os santos
reinarão com Jesus na condição de reis e sacerdotes. A Igreja participará do reino celeste, mas
em um estado de glória. O reino Messiânico, no entanto, é inteiramente para os judeus, ainda
que todas as demais nações gozem dos benefícios desse reino milenar.

4.1) Características do Milênio


O Milênio será caracterizado por sensíveis mudanças, percebidas no cotidiano dos
povos e na natureza, a começar pelos animais, que se mostrarão dóceis:
“Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e
o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. A vaca e a
ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá palha como o boi. A
criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova
do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra se
encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Is.11.6-9). Isaías continua
profetizando que: “O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o
boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo
monte, diz o Senhor” (Is.65.25). Consta em Os. 2.18 que “naquele dia farei por eles aliança
com as feras do campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e da terra tirarei o
arco, e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança”.
Outra mudança significativa será percebida no comportamento humano.
Influenciadas pelo governo divino, as pessoas abandonarão as práticas maldosas e
violentas. Jesus “anunciará paz ás nações; e o seu domínio se estenderá de um mar a outro
mar e desde o rio até ás extremidades da terra” (Zc.9.10).
O tempo de vida do ser humano será multiplicado. Hoje uma existência de 80
(oitenta) anos é marcada por canseira e enfado (Sl.90.10). Veja como será no milênio: “Não
haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias;
porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado”.
Isso parece indicar uma longevidade semelhante à dos povos antediluvianos (Gn.5). Na
política, as relações belicosas entre as nações deixarão de existir. Haverá uma paz universal, e
os povos desaprenderão a guerra: os armamentos não serão mais fabricados (Is.2.4). A terra,
livre da cobiça e da negligência, produzirá em abundância, havendo fartura de alimentos para

120
todos: “O deserto e os lugares secos se alegrarão com isso; e o ermo 69 exultará e florescerá
com a rosa” (Is.35.1).

4.2) O fim do Milênio


No final do Milênio, Satanás será solto por um breve espaço de tempo, e então
comandará a sua última revolta. Ele encontrará o coração natural inclinado para o mal, como
de costume, e facilmente reunirá as nações para lutar contra o Senhor e Seus santos. Esta última
dispensação se conclui, como as outras, com juízo.
Haverá uma grande batalha, e os exércitos rebeldes serão consumidos por fogo do céu.
Satanás será lançado no lago de fogo, encerrando assim as suas atividades malignas para sempre
(Ap. 20.8-10).

5) O JUÍZO FINAL
Deus é o Juíz de todos, mas realizará esse julgamento por meio de Jesus Cristo
(Hb.12.23; Jo.5.22,27), que julgará os vivos e os mortos (2ª Tm.4.1). Depois que Satanás for
lançado no lago de fogo, os mortos que não ressuscitaram por ocasião do arrebatamento da
Igreja (a primeira ressureição) ressuscitarão, comparecerão diante do grande trono branco e
serão julgados de acordo com suas obras, todas registradas nos livros (Ap.20.11-14).
O Tribunal de Cristo portanto, será para os salvos, e o julgamento do grande trono
branco será para os que rejeitaram o sacrifício de Cristo. Esses serão julgados conforme as
suas obras. Como os seus nomes não constam no livro da vida (v.15) serão lançados no lago de
fogo.

6) O ESTADO ETERNO: NOVOS CÉUS E NOVA TERRA


Depois de estabelecidos os destinos dos justos e dos ímpios, Deus criará “novos céus e
nova terra” (2ª Pe.3.13), e assim ingressaremos no estado eterno. Os cristãos que foram
arrebatados viverão para sempre na Nova Jerusalém. Sabemos que tal cidade será um lugar de
imensa beleza e luz (Ap.21.23; 22.50). Nela, haverá plenitude de conhecimento (1ª Co.13.12).
Será um lugar de interessantes atividades; será um lugar de descanso e refrigério (Ap. 4.13 e
21.4). Ali, prestaremos significativos serviços ao Senhor Jesus (Ap.7.15; 22.3). A Nova
Jerusalém será repleta de alegria (Ap.21.4).
Não haverá mais dor, nem solidão, nem sofrimento algum. Nossa bem-aventurança será
eterna, porque o pecado – de uma vez por todas e para sempre – será desarraigado do Universo
pelo Poderoso Conquistador: o Senhor, nosso Deus!

CONCLUSÃO
Entendemos que a Doutrina das Últimas Coisas é um dos assuntos mais controversos
do Santo Livro. Ocorre que, independente de qual seja sua posição doutrinária uma coisa é
certa: Cristo voltará para buscar Sua igreja. Se antes, durante ou depois da tribulação, isso é
secundário. Se haverá milênio literal ou se ele é simbólico, igualmente secundário. São questões
que precisamos nos posicionar doutrinariamente, mas, não são primárias para a fé cristã.
Portanto, podemos concordar mais uma vez com a Bíblia que afirma em Ap.22.17: “E o
Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem
quiser, receba de graça a água da vida”. Amém.

69
Ermo é uma palavra que tem origem do grego éremos, e do latim “eremu”, que significa solitário. Ermo é um
adjetivo que qualifica um local que é solitário, abandonado, que está ao acaso. Lugar ermo é um lugar deserto, um
lugar descampado, inóspito, sem habitantes, que causa medo e insegurança.

121
PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO E/OU A TÍTULO DE CURIOSIDADE
De forma diferente das outras lições até aqui [onde foram feitas cerca de três questões
por lição no propósito de fixá-la], excepcionalmente nesta lição, faremos um número maior de
indagações no propósito de bem compreender os muitos eventos descritos na Escatologia.
Vejamos:

01) É possível saber o dia da Segunda Vinda de Cristo? Absolutamente não. Jesus disse que
ninguém sabe, conforme Mt.24.36.

02) Em relação a questão anterior, Jesus disse que nem o Filho sabia o dia. Como podemos
entender isto? Quando Jesus declarou NEM O FILHO SABE Ele o fez para mostrar Sua
perfeita humanidade. Para ser homem perfeito, Jesus teve de abrir mão temporariamente de
Seus atributos. Logo depois da Sua Ressurreição Ele retomou esses atributos. Desde então, Ele
sabe com exatidão o tempo de Sua volta.

03) Existe algum versículo que que fale simultaneamente sobre as duas vindas de Cristo a
este mundo? Sim. Um exemplo clássico é Hebreus 9.27.

04) Qual o principal trabalho de Jesus no Céu, atualmente? O de Sumo Sacerdote, Hb.4.14;
10.12,13; 9.26.

05) Por que devemos crer na volta de Cristo? Porque é uma doutrina fundamental nas
Escrituras; porque Deus não mente; porque está mui próxima.

06) Quais os principais propósitos da volta de Cristo? 1) Ressuscitar os que morreram em


Cristo, 1ª Ts.4.15; 2) Transformar e arrebatar os salvos que estiverem vivos, 1ª Ts.4.16,17; 3)
Galardoar os servos fiéis, Ap.22.12; 4) Tomar vingança contra os Seus inimigos, 2ª Ts.1.7,10;
Ap.19.21,22. 5) Julgar as nações vivas, Mt.25.31,46; Sl.67.4; 98.9. 6) Libertar a terra da
maldição; At.3.20,21, Rm.8.21. 7) restabelecer o trono de Davi, Is.9.6,7; Jr.30.7,11.

07) Qual será o próximo grande acontecimento para o Povo de Deus na Terra? Sem dúvida
alguma será o ARREBATAMENTO.

08) Quais os principais textos que falam do ARREBATAMENTO da Igreja? 1ª Co.15.51


e 1ª Ts.4.16-18. Nos Evangelhos e em Isaías também existem referências expressivas.

09) O que acontecerá com as mães grávidas no dia do Arrebatamento? Muitos temem que
será uma tortura para elas, por causa da profecia de Mt.24. Aquela profecia ("ai das grávidas")
já teve seu cumprimento. Jesus referia-se às mulheres que foram mortalmente feridas pelos
soldados romanos, que sob a ordem do general Tito as esquartejavam, quando da destruição de
Jerusalém no ano 70 d.C., certamente as mulheres crentes grávidas que forem achadas fiéis
subirão com seus respectivos fetos. Deus nunca defendeu o aborto. Quem sabe naquele dia
acontecerá a aplicação final das palavras de Jesus: "Deixai vir a Mim as criancinhas...".
Lc.18.6. Além disto, leia cuidadosamente Rm.5.19.

10) Quais as crianças que estão cobertas pela provisão redentora do sangue de Jesus?
Aquelas que estão no estágio da inocência. Deus nunca mistura inocentes com culpados. Não
existe uma data padrão para definir o dia que termina o período da inocência. À luz de Is.7.15
é o momento em que a criança começa a distinguir o bem do mal.

122
11) Temos o direito de esperar algum grande Avivamento antes do Arrebatamento da
Igreja? Certamente, sim. Primeiro, porque o profeta Joel e o apóstolo Pedro se referiram ao
derramamento do Espírito Santo nos últimos dias. Também porque a Igreja na época do
Arrebatamento deverá ser muito mais poderosa que em qualquer época da História. E,
finalmente, a Bíblia declara que enquanto houver a Laodicéia, também haverá a de Filadélfia.

12) Existe algum sentido escatológico na vida de Enoque? Sim. Ele é um tipo da Igreja, que
será arrebatada. Assim como Enoque foi trasladado antes do Dilúvio, a Igreja subirá pelo
Arrebatamento, antes da Grande Tribulação.

13) Que relação existe entre a vida de Noé e a Escatologia? Noé, que foi salvo do Dilúvio
através da Arca, lembra a Igreja que tem sido salva do Mundo por Jesus Cristo. Jesus identificou
os dias que precedem Sua Segunda Vinda como os dias de Noé. Leia Gn.7.23; 8.1,4,16,19; 1ª
Pe.3.20,21; Mt.24.37,39.

14) Por que Ló é um tipo do Arrebatamento? Porque foi tirado de Sodoma antes de sua
destruição, Gn.19.22, 24.

15) É verdade que a vinda de Jesus se dará em duas fases? Sim. A primeira fase será a
ocasião do arrebatamento da Igreja; a segunda será a revelação pessoal de Cristo. Na primeira
fase Ele recebe a Igreja; na segunda, ele desce com a Igreja.

16) A trombeta de 1ª Co.15.52 é a mesma sétima trombeta do Apocalipse? Certamente que


não. Paulo fala da trombeta do arrebatamento, relacionada com a glória da Igreja. João se refere
a uma trombeta de juízo, destinado aos ímpios.

17) Para a Igreja, que acontecimento se seguirá ao Arrebatamento? O Tribunal de Cristo.

18) É realmente bíblica a doutrina do Tribunal de Cristo? Todos os crentes em Jesus devem
estar conscientes de que algum dia, após o Arrebatamento da Igreja, o Senhor Jesus se reunirá
com a Igreja a fim de promover o que as Escrituras chamam de TRIBUNAL DE CRISTO: um
encontro para julgamento das nossas obras, praticadas aqui na Terra, e a consequente entrega
dos galardões.

19) Qual o mais completo texto sobre o Tribunal de Cristo? 1ª Co.3.11-15.

20) Alguém será condenado no Tribunal de Cristo? Não, absolutamente. Será um Tribunal
para recompensa.

21. O Tribunal de Cristo será para recebermos a recompensa de nossa salvação? Não.
Nosso direito de entrar no Céu foi obtido mediante o derramamento do sangue de Jesus na cruz
do Calvário. Nosso galardão será alcançado mediante o resultado de nosso trabalho. A salvação
é pela fé (Ef.2.8). O galardão, pelas obras (Ap.22.10).

22) O Tribunal de Cristo será a mesma coisa que o Grande Trono Branco? Não devemos
confundir o Tribunal de Cristo com o Grande Trono Branco. Este será para os que não se
converteram a Cristo. Aquele, para os salvos. Este será depois do Milênio, aquele será após o
Arrebatamento da Igreja. Em ambos o Juiz será Jesus, porque Ele foi constituído pelo Pai como
Juiz dos vivos e dos mortos.

123
23) O que significa a expressão GRANDE TRONO BRANCO? Refere-se ao último
julgamento da História, quando todos os mortos, grandes e pequenos, de todos os séculos da
História se prostrarão diante do Senhor para serem julgados [e condenados].

24) Os salvos em Cristo serão julgados no Grande Trono Branco? Não, porquanto por sua
salvação foram libertos de condenação (Rm.8.1) e já foram submetidos ao Tribunal de Cristo.

25) Que fogo é aquele mencionado no texto de 1ª Co.3, relacionado com o Tribunal de
Cristo? O fogo tem muitos significados e aplicações na Escritura. Aquele fogo de 1ª Co.3
significa a glória pessoal do rosto de Cristo, como visto por João em Ap.1. Ao contemplar as
nossas obras, em Sua presença, o fogo consumirá ou projetará o mérito da referida obra.

26) O que acontecerá depois do Tribunal de Cristo? As Bodas do Cordeiro.

27) Quem participará das Bodas do Cordeiro? A Igreja, na condição de NOIVA DE


CRISTO.

28) O que acontecerá depois das Bodas do Cordeiro? Jesus Cristo descerá em glória COM
os santos.

29) O que significa a GRANDE TRIBULAÇÃO? Um período de catástrofes e inigualável


sofrimento que ocorrerá após o arrebatamento da Igreja. Será o "dia da vingança do Senhor", o
dia do sofrimento maior de Israel.

30) Quem dominará a Terra durante a Grande Tribulação? A Trindade Satânica, composta
de Dragão, Besta e Falso Profeta.

31) Que outro nome tem a besta, nas Escrituras? Anticristo.

32) Algum tempo os judeus pregarão o Evangelho? Alguns eruditos creem que durante o
período da Grande Tribulação 144.000 (cento e quarenta e quatro mil; doze mil descendentes
de cada uma das doze tribos de Israel) judeus andarão por várias partes do mundo pregando o
Evangelho do reino [Ap.7.4-8; Mt.24.14].

33) Qual o profeta do AT que se referiu primariamente à Grande Tribulação? Daniel.


Veja Dn.9.26,27. Confira com Ap.7.14.

34) De onde vem a palavra MILÊNIO? Esta palavra se origina de dois vocábulos latinos mille
(mil) e annum (ano). Ela significa, literalmente, um período de mil anos.

35) Qual será a condição dos crentes durante o período milenial? Nós seremos naquela
época iguais a como os anjos já são hoje. Faremos o trabalho que eles atualmente fazem, de
assessoria espiritual a Jesus.

36) Qual a posição de Jerusalém durante o Milênio? Será a capital do Mundo.

37) No período milenial, qual será a situação da sociedade? O quinto nome ou título de Jesus
em Is.9.6 é: PRÍNCIPE DA PAZ. No período milenial o Mundo experimentará o governo de
Jesus, cuja principal característica será a paz. Haverá longevidade e a terra conhecerá a
santidade e sossegará completamente. Leia Is.35.5,6,8; Zc.14.20,21.
124
38) O que significa Anticristo? A Bíblia chama de Anticristo uma pessoa que receberá o poder
de Satanás para ser um governante mundial durante a segunda metade dos 07 (sete) anos da
grande tribulação.

39) Qual será o fim do Anticristo? Jesus o destruirá, em Sua revelação [2ª Ts.2.8].

40) Algum dia Satanás será destruído? Não. A destruição de Satanás seria uma grande vitória
para ele, que assim pararia de sofrer. Ele será preso durante o milênio (Ap.20.2) e depois será
solto por um período para finalmente ser lançado no lago de fogo e enxofre, para todo o sempre.

41) Nós nos reconheceremos, na Eternidade? Sim, em todas os assuntos espirituais. Não
teremos lembrança das coisas materiais, que não eram intrinsecamente parte do REINO DE
DEUS. Leia cuidadosamente a história da transfiguração de Jesus.

42) É lícito orar pela volta de Cristo? Leia Mt.6.10; Ap.22.20; 1ª Pe.4.7.

43) Israel algum dia será destruído? JAMAIS. Deus tem um compromisso feito com Abraão
e renovado a Moisés e a Davi. Israel viverá para sempre.

44) O Céu é um Lugar ou um estado de vida? A Bíblia menciona exaustivamente que o Céu
é um lugar. Um lugar santo, espiritual, perfeito, divino e eterno. Você deve estar pronto para
viver lá com Cristo.

45) A última pergunta somente você poderá responder: VOCÊ ESTÁ PREPARADO
PARA A VOLTA DE CRISTO E PRONTO PARA MORAR NO CÉU COM ELE? Que
o Senhor nos conceda a convicção da salvação e que anelemos, todos os dias, Sua volta.

125
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
END. PRAÇA DA REDENÇÃO, Nº. 100. APODI-RN. CEP 59.700-000
www.igrejadecristoapodi.blogspot.com
projetodiscipulai@hotmail.com

LIÇÃO 13: TÉCNICAS DE EVANGELISMO.


Ir. Bruno Jeferson L. A. S. Oliveira

OBJETIVOS DESSA LIÇÃO:


• ENTENDER que evangelizar é uma ordenança dada a Igreja pelo Senhor Jesus.
• IDENTIFICAR E ANALISAR algumas características que marcam um bom
evangelista, segundo o apóstolo Paulo.
• COMPREENDER o senso de urgência para exercermos o IDE do Senhor, propagando
as boas novas do Evangelho.

TEXTOS-BASE:
• “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura”
(Mc.16.15).
• “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens
serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos,
mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas
negando-lhe o poder. Afasta- te também desses” (2ª Tm.3.1-5).
• “Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos,
pela sua vinda e pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo,
admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino. Porque virá tempo em
que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis,
ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os
ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as
aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2ª Tm.4.1-5).

INTRODUÇÃO:
O termo Evangelho vem do grego e significa “boa notícia”. O evangelho é a mensagem
de salvação anunciada por Jesus e pelos apóstolos destinada a toda humanidade. Evangelho(s)
também é o nome dado aos quatro primeiros livros do Novo Testamento (NT), os quais tratam
do nascimento, vida, morte, ressureição e assunção aos céus do Senhor Jesus.
Os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João foram os responsáveis para, no NT,
escreverem os fatos que narram a biografia de Jesus Cristo. Evangelista também é o termo
utilizado para designar o pregador/obreiro que vai de lugar em lugar anunciando a boa-nova de
Jesus Cristo (At.21.8).

126
Pretendemos na presente lição tratar a respeito desse tão importante assunto: o
evangelismo da humanidade. Procuraremos discorrer sobre algumas técnicas de evangelismo,
dando ênfase para o evangelismo pessoal.
Afinal de contas estão registradas nas Escrituras as palavras de Jesus: “E disse-lhes: Ide
por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer será condenado” (Mc.16.15).
Obedeçamos, pois, ao nosso Senhor!

1) EVANGELISMO: PONTUAÇÕES INICIAIS.


A Grande Comissão, nome dado a ordenança de Jesus para seus discípulos irem por
todo o mundo e pregarem o evangelho a toda criatura, está presente nos quatro Evangelhos:
Mateus 28.19,20; Marcos 16.15,16; Lucas 24.47 e João 20.21.

 O QUE? IDE, saindo da zona de nossa conforto e anunciando a Jesus.


 ONDE? Por todo o mundo [a começar por nossa própria família]
 A QUEM? A toda criatura [indistintamente]
 COMO? Pregando o Evangelho, puro e simples.

Está escrito em Isaias 52.7: “Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia
as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que
diz a Sião: O teu Deus reina!”
A seguir, reflitamos sobre a imagem abaixo:

1ª Imagem: A cruz era nossa e não de Jesus.

127
2ª imagem: Como anda nossa preocupação com os perdidos?

3ª imagem: Temos dado bons frutos ou seremos cortados e lançados no fogo?

128
4ª imagem: Como anda nossa meditação na bíblia que é alimento para alma?

2) CARACTERÍSTICAS DE UM BOM EVANGELISTA (2ª Tm.4)


2.1) “Pregues a Palavra” (v.02)
• A Palavra da cruz é suficiente para converter qualquer coração.
• Não é necessário falar difícil, complicar a mensagem ou usar “achismos”.
• A Palavra é divinamente inspirada e mais do que suficiente contra todo tipo de pecado
(2ª Tm.3.16).

2.2) “instes a tempo e fora de tempo” (v.02)


• Pregar a palavra de Deus é tarefa árdua e sagrada, que requer perseverança e coragem.
Instes significa que Timóteo deveria estar todo tempo atento a sua responsabilidade de
pregar, mesmo quando parecesse ser inoportuno.

2.3) “redarguas, repreendas, exortes (v.02)”


• Redarguir = Responder opondo com outro argumento, admoestar.
• Repreender = Censurar, advertir, avisar.
• Exortar = Induzir ou aconselhar alguém a pensar de determinada maneira.

2.4) “com toda a longanimidade e doutrina” (v.02).


Divisor de águas entre o bom e o mau evangelista: a longanimidade. Ela é um dos
frutos do Espírito de Gálatas 5.22. Doutrina, diz respeito a ensino. Quando estivermos
evangelizando é interessante que nos portemos como verdadeiros professores da Palavra,
interessados que o(s) nosso(s) ouvinte(s) verdadeiramente compreendam a mesma.

• O longânimo ora a Deus para saber o momento certo de falar.


• O longânimo ora a Deus para saber o momento certo de se calar.
• O longânimo redargui, repreende e exorta de forma que não provoca a ira no seu
semelhante.
• O longânimo consegue ser assim porque se coloca no lugar do pecador, mas, não abre
mão do que ensina a Sã Doutrina (por mais íntimo que seja do outro).

2.5) “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos”.
Muitos não suportarão a sã doutrina pelo simples fato que ela lhes confronta. Não
suportarão porque são contra os seus pecados. A expressão “comichão nos ouvidos” significa

129
que tais pessoas terão o desejo que ouvir apenas coisas agradáveis aos seus ouvidos. Elas não
querem saber da multidão dos seus pecados, mas, querem ouvir que os mesmos são aceitáveis
diante de Deus e, pior que isso, querem ouvir que suas práticas nem pecado são! Sempre
haverá quem minta e sempre haverá quem acredite na mentira.

2.6) “amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências e


desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
Temos visto essa passagem bíblica se cumprir em número maior a cada dia que passa.
Tem surgido falsos mestres e falsos líderes, multiplicando-se ao sabor da heresia e da
conveniência. Talvez essa seja uma boa explicação para se compreender o porquê se
criam tantas denominações ditas evangélicas. A esmagadora maioria delas nasceram, tão
somente, porque defendem algo que a Bíblia condena.
Nessa senda, aqueles que desejam ser acolhidos sem serem censurados por seus
próprios pecados vão procurar a denominação que prega o engodo de que Deus, por ser amor,
aceita tal prática. Exemplos claros destes “doutores” são os “pastores” e “pastoras” da causa
LGBT 70.

5ª Imagem: Os que negam voluntariamente a verdade bíblica.

3) TEMPOS TRABALHOSOS (2ª Tm.3)


Vivemos os últimos dias que antecedem a volta de Jesus. Dias estes mui trabalhosos,
posto que o mundo tem ido de mal a pior (v. 01). Aqueles que de bom grado cumprem a Grande
Comissão dada por Jesus precisam ter em mente que vivemos tempos de:

3.1) “Homens amantes de si próprio” (v.02)


Lembremo-nos de amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos
(Mc.12.30,31). Essa ensino paulino ao seu discípulo Timóteo tinha o propósito de orientá-lo
sobre os perigos do egoísmo, do orgulho e da soberba. Muitos seres humanos pensam
70
LGBT é a sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, que são orientações
sexuais, onde as pessoas tem uma escolha diferente do sexo designado no nascimento. Estão inclusos nesse
movimento os simpatizantes.
130
somente em si próprios. A miséria e o sofrimento alheios parecem lhes ser indiferentes. Alguns
chegam quase a um tipo de narcisismo 71 e hedonismo72 dos dias atuais, guiando suas vidas por
seus próprios interesses e pela busca desenfreada pelo prazer.

3.2) “Avarentos, presunçosos, soberbos” (v.02)


Avareza diz respeito a característica de quem é avarento, de quem tem apego excessivo
ao dinheiro, às riquezas. Presunção diz respeito a quem tem vaidade, que exalta a si próprio.
Soberba é o sentimento de altivez, sobranceria, orgulho.
Os remédios para os males do presente tópico são no sentido de que cada pessoa deve
ser comunicável (tratável) e disponível, considerando os outros superiores a si mesmos (Fl.2.3).

3.3) “Blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos (v.02)”


Blasfêmia é um enunciado ou palavra que insulta a divindade ou o que é considerado
sagrado. Seu sentido se alinha com o significado de profano, qual seja, aquilo que não pertence
ao âmbito do sagrado. Quanto a desobediência aos pais, lembremos do primeiro mandamento
com promessa registrado na bíblia: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus
dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Ex.20.12). Isto quer dizer que aqueles que
honram seus progenitores tem os dias de vida multiplicados; os que não honram, os dias que
poderiam ser prolongados sobre a Terra não o são. Por fim, ingratidão é a qualidade ou ação
de quem é ingrato; falta de gratidão, de reconhecimento por benesse recebida.

3.4) “sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor
para com os bons”
Ausência de afeição natural significa mudar o hábito natural das coisas. Exemplo disso
é o caso dos relacionamentos homo afetivos: simplesmente fogem ao propósito natural criado
por Deus para homem e mulher.
Irreconciliáveis são todos quantos não praticam o perdão. A reconciliação com o
próximo é ponto primordial na pregação de Cristo. Sem perdão, não seremos perdoados; mas
quantos nós conhecemos que ignoram o que Cristo nos disse e vivem à mercê do ódio e do
desamor? Sim, são muitos os irreconciliáveis. Estão ao nosso lado, dia após dia. Não esquecem,
não perdoam sob hipótese alguma, colocando, sem se questionarem, suas vidas na perdição.
Deus perdoou a todos por Cristo, mas estes, mesmo assim, não cedem jamais. O ódio os
dominam.
Caluniadores são aqueles que atribuem falsamente à alguém a responsabilidade pela
prática de um fato determinado definido como crime.
Incontinentes são os que não se controlam, não se contém, não tem comedimento,
moderação. Esses tem comportamento incontido, são imoderados nos gestos, palavras, atos e
sentimentos, inclusive, na sensualidade e na satisfação do apetite sexual.
Cruéis são tantos quantos são desumanos; que expressam maldade, tirania; que se
satisfazem fazendo o mal, maltratando ou atormentando. Muito se assemelha com o significado
de sem amor para com os bons, qual seja, os que são inimigos do bem.

71
Narcisismo é o amor de um indivíduo por si próprio ou por sua própria imagem, uma referência ao personagem
da mitologia grega por nome Narciso, famoso por sua beleza e orgulho.
72
Hedonismo = do grego hedonê, que significa "prazer", "vontade". É uma teoria ou doutrina filosófico-moral
que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana.

131
3.5) “traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”:
A expressão mais amigos dos deleites do que amigos de Deus põem em pé de igualdade
os que são traidores, obstinados e orgulhosos. É o tipo de pessoa que não mede esforços para
conseguir seus objetivos, mesmo por meios escusos. Não reconhecem suas falhas e ainda
endurecem sua cerviz por causa da própria soberba. Estes precisam ser quebrantados pelo poder
do Espírito Santo com urgência, senão, sequer darão ouvidos ao que um evangelista for dizer.

3.6) “tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”
Incontáveis são os homens (e mulheres) que aparentam ter uma vida piedosa, isto é, nos
caminhos de Cristo. As aparências verdadeiramente enganam. O evangelista (e todo crente)
precisa pedir a Deus discernimento espiritual, para saber diferenciar quem verdadeiramente é
piedoso, cristão e espiritual dos que apenas aparentam o serem. Em se tratando dos amigos que
ouvirão o evangelho, muitos tem aparência de serem pessoas com vidas sóbrias, mas, de forma
contumaz, são, na realidade, amantes do pecado. Destes, a recomendação paulina é se afastar.
Assim sendo, devemos permanecer fiéis para que o evangelho por nós pregado
encontre legalidade em quem nos ouve. Testemunho cristão já! Lembremo-nos que seremos
perseguidos e/ou censurados em razão da fé professada em Jesus. Permaneçamos firmes
anunciando o evangelho da graça com ousadia onde quer que estejamos.

4) Os perigos de se lidar objetivamente com o pecado.


É necessário ensinar ao pecador que não podemos nos acostumar com o pecado ou com
a prática pecaminosa só pela fato dela ser comum.

6ª Imagem: Ainda que seja comum, a prática do pecado não é normal.

É necessário ao evangelista ter a ideia de três mecanismos criados pela mente do pecador
(que não é, ainda, a de Cristo) para tentar justificar suas práticas erradas. São eles:

• A racionalização: Ela argumenta sobre os motivos pelos quais se deve continuar


pecando.
• A fuga: Ela impede que a mente pense de forma objetiva sobre o pecado, tratando-o
como algo distante, ligado apenas ao outro.
• A hipocrisia: Ela lida com o pecado justificando-o com a observação de que o outro
peca ainda mais.

Vejamos melhor cada um desses mecanismos:

4.1) A Racionalização
Ela é facilmente perceptível em uma conversa. Quando o pecado é apontado na vida de
outro e este já possui um padrão de racionalização, sua primeira resposta é argumentativa e
explicativa. Ele não assume o erro, mas tenta descontruir a natureza pecaminosa do seu ato. Ele

132
até pode esboçar um reconhecimento de culpa, mas só depois de uma longa jornada de
explicações e acusações que são feitas para lhe dar uma ilusória justificativa.
O problema central da racionalização é que ela nos distancia da verdade. Ajuda-nos, tão
somente, a pensarmos sobre as razões que justificam nosso erro. Seus aliados são a soberba e
o orgulho, pois eles nos levam a pensar que o outro é inferior, está errado e que somos
vítimas no processo.
A melhor formar de combater a racionalização é cultivando a humildade.

4.2) A Fuga
Ela faz com que o pecado seja tratado como um objeto distante e que jamais deve ser
seriamente observado. Tal mecanismo é dissimulado, porém se tornará perceptível pelas
evasivas no pensamento e no discurso.
O bom evangelista entende que não pode obrigar ninguém a reconhecer que está fugindo
de reconhecer seu pecado, mas, ajuda o pecador a reconhecer por si próprio. Se necessário for,
o evangelista pode fazer perguntas que ajudem o pecador a caminhar, tais como: “O que você
acha sobre essas atitudes ou palavras?”, “Como você se sente nesse momento?”, “O que você
acha que está errado nessa atitude?”.
Lembre-se que a fuga faz com que o ouvinte da Palavra encontre meios de se esquivar
para justificar sua prática errada. Eis a importância da longanimidade já tratada para que o
evangelista saiba como agir.

4.3) A Hipocrisia
É um resultado direto da alma corrompida e promove maior corrupção. Leva aquele que
dela é possuído a tratar os erros dos outros com veemência, dureza e intolerância, enquanto
esconde em seu coração problemas semelhantes.
O legalista, em grande parte, representa um típico caso de hipocrisia. São pessoas
irredutíveis, como se pudessem distinguir aqueles que são ou não salvos, os que agradam ou
não a Deus. São os senhores da verdade: um verdadeiro farisaísmo dos dias atuais!

7ª Imagem: Os que são mais atentos a vida dos outros que a sua própria.

Para sabermos se alguém está tomando um caminho legalista deve-se procurar alguns
sinais, tais como:
133
• Facilidade no julgamento: o foco é observar e julgar o outro, perdendo, assim, sua
postura reflexiva, de avaliação do próprio coração.
• Arrogância: A falta de desejo e de disposição para ouvir o outro, suas ideias e posições.
A arrogância pretere o diálogo e assim, o legalista acusa, jamais dialoga.

Se o coração do evangelista tem o feito se tornar juiz de seus irmãos e pior, dos seus
amigos, é possível que o mesmo seja legalista. Porém, não é tarde para olhar para o Senhor e
buscar Sua misericórdia. Ele certamente concederá amor ao semelhante, zelo pela Palavra e um
coração puro, coerente com Sua bondade e graça que Ele derrama sobre nossas vidas.

5) A URGÊNCIA DO IDE E OS TIPOS DE EVANGELISMO.


Todos os dias milhares de pessoas morrem sem terem chegado ao conhecimento de
Cristo. Estou mais do que convencido que a Palavra de Deus pode transformar a vida de
qualquer ser humano, por mais cheio de pecados que ele seja. Entendo, por conseguinte, que a
pregação da palavra de Deus via evangelismo é algo que urge. Nesse exato momento em
que você medita no presente tópico muitas pessoas estão partindo para a eternidade sem Cristo
como Senhor e Salvador de suas vidas: pessoas estas, inclusive da sua família.
Bem mais importante do que quem está transmitindo a mensagem é a própria mensagem
por ele transmitida. E o modo como essa transmissão é feita também não é o mais relevante.
Na hora de evangelizar, peçamos sabedoria a Deus para usar de quaisquer meios lícitos (e que
convém) para podermos levar o maior número possível de pessoas a Jesus. Nesse sentido, as
formas de arte como a dança, a coreografia, a mímica, o uso fantoches, etc. enfim; podem e
devem ser usados para anunciar a Cristo. Nesse sentido, o apóstolo Paulo argumenta: “Pois,
sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: Fiz-me
como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se
estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão
debaixo da lei; para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco
para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar
a salvar alguns. Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante”
(1ª Co.9.19-23).
Nesse contexto, importante é tecermos alguns esclarecimentos sobre as formas de
evangelismo. São muitas e variadas formas de se evangelizar alguém, contudo, para os fins que
se propõem a presente lição, dividirei elas em dois tipos:

 O evangelismo de massa: É toda e qualquer forma de pregação da Palavra de


Deus que atinge um grande número de pessoas ao mesmo tempo. Exemplos
desse tipo de evangelismo são as pregações feitas no púlpito, nas ruas, na feira-
livre, nos programas de rádio e televisão, entre outros. É um método interessante,
porque atinge um número imensurável de pessoas, das mais variadas origens e
localidades, ainda que estejam bem distantes do local da transmissão da
mensagem.
 O evangelismo pessoal: Consiste na pregação da Palavra de Deus em caráter
individual, personalizado, particular. É a forma, a meu ver, mais eficiente de se
anunciar a Cristo. O evangelista tem a oportunidade de conhecer melhor a pessoa
que está sendo evangelizada, construir um laço de fraternidade com ela e,
paulatinamente, ir apresentando-a a Cristo. A distribuição de folhetos
evangelísticos, a visita regular a casa dos amigos no propósito de esclarecer as
Escrituras e o convite para visitar a Igreja são ótimos exemplos de evangelismo
pessoal.
134
Independente de qual seja o tipo de evangelismo utilizado ou o método escolhido para
evangelizar determinada pessoa, a mensagem deve ser a mesma: O plano de salvação de Deus.
Nesse ínterim, o evangelista deve transmitir os males causados pelo pecado (8ª imagem) e
qual o remédio para todos eles (9ª imagem):

O evangelista conta com a ajuda dos irmãos que, assim como ele, sempre devem
convidar seus amigos para virem ao culto. Essa prática é muito sadia e deveras importante, pois
o visitante precisa se sentir acolhido na Casa de Oração e estar apto a ouvir a Palavra que fará
o trabalho de conversão pela ação do Espírito Santo (Rm.10.17):
10ª imagem: a importância de convidar e receber visitantes.

135
5.1) Cumprindo o IDE também virtualmente
A Internet tem se mostrado como uma poderosa ferramenta a serviço do evangelismo.
O cumprimento do IDE de Jesus também pode ser feito através da grande rede. Facebook,
Instagram, Twitter, Snapchat, Messenger, Whatsapp e demais redes sociais e/ou bate-papos
podem e devem ser usados pelo crente no propósito de anunciar a Salvação de Deus aos
perdidos. A propósito, se a Internet é uma ferramenta útil ao evangelismo (11ª imagem),
ela também pode ser muito má aproveitada, para o que não edifica (12ª imagem).

Precisamos ter em mente que sempre tem alguém te observando e/ou te seguindo,
inclusive na Internet. Que a motivação destes seja porque você é um bom exemplo também
virtualmente. Jesus está sempre online, nós é que muitas vezes estamos ocupados para fazer a
obra Dele.

5.2) Conhecer a palavra é fundamental no evangelismo e na vida cristã

13ª imagem: Sem preparo, o evangelista “é quem vai ser evangelizado”.

136
CONCLUSÃO
Ao evangelizar, lembre-se:

 “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como
vos convém responder a cada um” (Cl.4.6).
 Seja educado(a): Educação é uma moeda de ouro que em todo lugar tem valor.
Expressões como “Com licença”, “Bom dia”, “Meu nome é fulano”, “Posso me sentar
um pouco e conversarmos sobre Jesus?”, “Posso ler um trecho da bíblia para você?”,
“Posso orar por você?” ainda fazem toda a diferença.
 Seja um bom ouvinte e fale de forma precisa e oportuna: “Sabei isto, meus amados
irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar”.
(Tg.1.19).
 Não negocie a verdade e a esperança que há em vós (1ª Pe.3.15).
 Não ataque a pessoa do pecador, mas, o pecado. Quando for fazer isso faça com toda
longanimidade e doutrina.
 Disponibilize-se sempre a distribuir literaturas de casa em casa e, quando for dada a
oportunidade, fale de Jesus.
 Participe dos grupos de evangelismo e visitas. Caso não haja onde você se congrega,
crie um sob a orientação do seu líder/pastor.
 Não evangelize com base na violência (seja física ou verbal): mas, sim, no
aconselhamento e no exemplo.
 Não evangelize com base em indiretas, diretas ou piadinhas: isso acaba por gerar um
mal estar no evangelizado e até mesmo no corpo de Cristo: ao invés de aproximar
distancia os envolvidos.
 E, como arremate, Deus só quer que você fale: a obra salvívica quem faz é Ele.

Como bem afirmou certa vez C. H. SPURGEON, reconhecido pregador da Palavra de


Deus: “Se você não tem nenhum desejo de levar outros para o céu, você mesmo não está indo
para lá”. É a uma frase dura, mas, muito verdadeira. Que possamos a cada dia cumprir o IDE
do Senhor com responsabilidade, esmero e amor pelas almas.

PERGUNTAS PARA FIXAÇÃO DA LIÇÃO

1) CITE E EXPLIQUE ALGUMAS CARACTERÍTICAS DE UM BOM


EVANGELISTA, COM BASE NO QUE PAULO ESCREVEU EM 2ª TIMÓTEO 4.
Resposta pessoal.

2) CITE E EXPLIQUE COM SUAS PALAVRAS AS DUAS FORMAS DE


EVANGELISMO EXPLANADAS NESTA LIÇÃO. Resposta sugerida. Evangelismo em
massa: É toda e qualquer forma de pregação da Palavra de Deus que atinge um grande número
de pessoas ao mesmo tempo. Exemplos desse tipo de evangelismo são as pregações feitas no
púlpito, nas ruas, na feira-livre, nos programas de rádio e televisão, entre outros. Evangelismo
pessoal: Consiste na pregação da Palavra de Deus em caráter individual, personalizado,
particular. Nessa forma, o evangelista tem a oportunidade de conhecer melhor a pessoa que está
sendo evangelizada, construir um laço de fraternidade com ela e, paulatinamente, ir
apresentando-a a Cristo. A distribuição de folhetos evangelísticos, a visita regular a casa dos
amigos no propósito de esclarecer as Escrituras e o convite para visitar a Igreja são ótimos
exemplos de evangelismo pessoal.

137
Considerações Finais

Findo o estudo das treze lições dessa Apostila, esperamos que você,
caríssimo aluno, tenha compreendido um pouco mais dos assuntos nela abordados
os quais são basilares para o crescimento de todo cristão.
O nosso desejo é que o Projeto Discipulai não pare por aqui. Que essa
versão para novos convertidos sirva para estimular a produção de outros materiais
assim, voltados para os mais variados públicos: crianças, adolescentes, homens e
mulheres maduros, anciões, obreiros, enfim, todo tipo de crente. O importante é
que a Palavra de Deus seja ensinada e que Seu povo conheça e prossiga em
conhecê-lo (Os.6.3).
No mais, não nos tornemos pessoas que guardam o conhecimento só para
si próprias. Propague esse ensino que recebeu para outros, querido aluno.
Ensine, explique e faça Cristo e Sua Palavra conhecidos através do que aprendeu.
E mais que somente aprender pratique o que Jesus te ensinou. De nada adianta
conhecermos se não pormos em prática as instruções do Mestre.
Todo esse material não é uma doutrina nova. A Apostila foi construída
somando recortes e comentários de irmãos simples que, guiados pelo Espírito
Santo, se posicionaram defendendo a doutrina que creem. A base para tudo isso
não podia ser outra: a Bíblia Sagrada.
Por fim, importa destacar que essa Apostila não tem fins lucrativos. Não
é propósito de nenhuma das pessoas envolvidas neste projeto ganhar dinheiro com
ela. Queremos, tão somente, que sua reprodução sirva para instruir o povo de Deus
sobre o que crê a Igreja de Cristo em Apodi/RN quanto aos assuntos abordados,
bem como pincelar outros posicionamentos correlatos, ainda que divergentes.
Portanto, todas as fontes referenciadas devem sempre ser citadas, dando crédito a
quem de direito. Reiteramos nossa admiração e profundo respeito por cada autor
referenciado que contribuiu com sua sapiência para enriquecer este trabalho.
Ao Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, sejam sempre toda honra, toda
glória e todo louvor!

Os autores

138
Referências
ALLAN, Dennis. O que a Bíblia Ensina sobre a Organização da Igreja? Disponível em:
http://www.estudosdabiblia.net/a14_8.htm. Acesso em: 13/12/2015

BANZOLI, Lucas. Calvinismo ou Arminianismo – Quem está com a razão? Disponível em


formato digital para download em <
http://www.arminianismo.com/index.php/downloads/category/3-livros#> Acesso em:
22/12/2015.

BRASIL. Lei nº 8.069 (Estatuto da Criança e do Adolescente), de 13 de julho de 1990.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em:
22/12/2015.

CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de Educação Cristã-CPEC. Rio de Janeiro-RJ: Central


Gospel, 2012.

GERMANO, Altair. O ministério de mestre ou doutor – subsídio para lição bíblica.


Disponível em: http://www.altairgermano.net/2014/06/o-ministerio-de-mestre-ou-doutor.html.
Acesso em: 25/12/2015.

JOINER, Eduardo. Manual Prático de Teologia. 2ª Ed. Rio de Janeiro-RJ: Central Gospel,
2007.

OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. Editora Reflexão: 2013.

RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B. O Novo Comentário Bíblico do Antigo Testamento,


com recursos adicionais – A Palavra de Deus ao alcance de todos. 1ª Ed. Rio de Janeiro-RJ:
Central Gospel, 2010.

RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B. O Novo Comentário Bíblico do Novo Testamento,


com recursos adicionais – A Palavra de Deus ao alcance de todos. 1ª Ed. Rio de Janeiro:
Central Gospel, 2010.

SERVAN-SCHREIBER, David. Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas


naturais. 2ª Ed. Rev. E ampl. – Rio de Janeiro-RJ: Objetiva, 2011.

VARGENS, Renato. 07 razões porque eu não creio em mulheres pastoras. Disponível em:
http://renatovargens.blogspot.com.br/2011/09/07-razoes-porque-eu-nao-creio-em.html.
Acesso em: 25/12/2015.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Aos crentes que não gostam de hierarquia nas Igrejas. Disponível
em: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2011/04/aos-crentes-que-nao-gostam-de.html. Acesso
em: 25/12/2015.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Blog do Ciro (trechos de postagens diversas). Disponível em <
http://cirozibordi.blogspot.com.br/>. Acesso em 21/12/2015.

139
ZIBORDI, Ciro Sanches. Existe mulher pastora? O que a Bíblia diz sobre o chamado
ministério pastoral feminino? Disponível em https://artigos.gospelprime.com.br/o-que-a-
biblia-diz-ou-nao-diz-sobre-o-chamado-ministerio-pastoral-feminino/. Acesso em: 25/12/2015

Bíblia de Estudo MacArthur. Barurei-SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.

Revista Lições da Palavra de Deus – Jovens & Adultos. Gilmar Chaves; Walmir Cohen
(comentaristas). Ano 10 – Nº 37. Rio de Janeiro-RJ: Central Gospel, 2014.

140
PLANO DE LEITURA BÍBLICA – Para ler, em 30 DIAS, alguns dos principais assuntos das
Escrituras (Para os novos convertidos terem uma visão geral da Bíblia) 73.

Orientações antes de começar a leitura:


 Peça a Deus para ajudá-lo a entender o que você estiver lendo. Ore algo como: “abre
meus olhos e meu coração para entender Tua Palavra”. Deus se deleita em se revelar
aos seus filhos à medida que eles se achegam a Ele em fé.
 A coisa mais importante não é que você faça estas leituras todos os dias, mas sim que
você entenda o que leu. Caminhe em seu próprio ritmo, esta é apenas uma direção para
você seguir.
 Escreva perguntas que você tenha à medida que ler converse com algum irmãos mais
experiente a respeito. Esse Plano não é para leitura completa da Bíblia, mas, aborda
alguns dos assuntos mais basilares para qualquer cristão. Bom proveito! [Grifos nossos]

____1º Dia – A Criação e a Queda da Humanidade – Gênesis 1.1–3.19


____2º Dia – Deus Chama um Povo para Si – Gênesis 12, 28.10-15; 32.22-28
____3º Dia – Os 10 Mandamentos – Êxodo 14.1–20.17
____4º Dia – A Obediência Flui do Amor – Deuteronômio 6.1–7.26, 11:13-21
____5º Dia – Ciclos de Desobediência entre o Povo de Deus – Juízes 1.1–2.19
____6º Dia – O Povo Exige um Rei – 1 Samuel 7–9
____7 º Dia – A Queda de Saul e a Ascensão de Davi – 1 Samuel 15-17
____8 º Dia – Como o Justo Reage em Tempos Difíceis – Jó 1–2, 38–42
____9 º Dia – Salmos que Enriquecem sua Alma – Salmos 1, 23, 139
____10 º Dia –Salmos para o Sofredor e o Pecador – Salmos 6, 38, 51
____11º Dia – Sabedoria para a Vida Cotidiana – Provérbios 3, 16, depois 5, 7 (homens) e 31
(mulheres)
____12º Dia – O Pecado de Israel contra seu Deus – Ezequiel 18.1-32, 20.5-26
____13º Dia – Jesus, o Rei Prometido – Jeremias 23.1-6; Isaías 9.6-7, 53, Zacarias 9
____14º Dia – Jesus se tornou Homem – João 1.1-18; Lucas 2
____15º Dia – Sinais e Milagres de Autoridade – Mateus 8–9; Lucas 13.10-17
____16º Dia – Jesus Cumpre a Lei – Mateus 5–7
____17º Dia – Jesus Ensina sobre a Nova Vida – João 3–4
____18º Dia – Jesus se Entrega Voluntariamente – João 18–19
____19º Dia – A Morte e a Ressurreição de Jesus – Mateus 26–28, Lucas 23–24
____20º Dia – Jesus, Nosso Salvador e o Sacrifício Final – Hebreus 3–4, 8–10
____21º Dia – A Pecaminosidade do Homem Exposta – Romanos 1–3
____22º Dia – A Graça de Deus em Jesus Cristo – Romanos 3–5
____23º Dia – Batalhamos contra o Pecado pelo Espírito – Romanos 6–8, Gálatas 5.16- 26
____24º Dia – Vivendo uma Vida de Adoração – Romanos 12–13
____25º Dia – A Nova Vida em Cristo – Efésios 1–6
____26º Dia – Vivendo uma Vida de Fé – Tiago 1–5
____27º Dia – Confiando em Jesus ao Enfrentar Perseguição – 1Pedro 1–5
____28º Dia – Andar na Luz da Verdade de Deus – 1João 1–2
____29º Dia – Amai-vos uns aos outros – 1João 3–5
____30º Dia – A Promessa da Eternidade – Apocalipse 19–22

73
KELL, Garrett. Pastor sênior da Del Ray Baptist Church em Alexandria, Virginia. 30 Day Reading Plan for a
New Believer. Tradução: Vinícius Silva Pimentel. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. Ministério Fiel: 2014.
Disponível em: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/01/plano-de-leitura-biblica-de-30-dias-para-novos-
convertidos/ Acesso em: 26/12/2015.
141
PLANO DE LEITURA BÍBLICA – Para ler, em um ano, todo o NOVO TESTAMENTO,
bem como os livros de SALMOS e PROVÉRBIOS74.

DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

1 Sl 1 Mt 1 Mt 2 Mt 3, 4 Mt 5 Mt 6 Sl 2, 3

2 Sl 4 Mt 7 Mt 8 Mt 9 Mt 10 Mt 11 Sl 5

3 Sl 6 Mt 12 Mt 13 Mt 14 Mt 15 Mt 16 Sl 7

4 Sl 8 Mt 17 Mt 18, Mt 20 Mt 21 Mt 22 Sl 9
19

5 Sl 10 Mt 23 Mt 24 Mt 25 Mt 26 Mt 27 Sl 11, 12

6 Sl 13 Mt 28 Mc 1 Mc 2, 3 Mc 4 Mc 5 Sl 14, 15

7 Sl 16 Mc 6 Mt 7 Mc 8 Mc 9 Mc 10, 11 Sl 17

8 Sl 18 Mc 12, 13 Mc 14 Mc 15 Mc 16 Lc 1 Sl 19, 20

9 Sl 21 Lc 2 Lc 3 Lc 4 Lc 5 Lc 6 Sl 22

10 Sl 23 Lc 7 Lc 8 Lc 9 Lc 10 Lc 11 Sl 24, 25

11 Sl 26 Lc 12 Lc 13 Lc 14 Lc 15 Lc 16, 17 Sl 27, 28

12 Sl 29 Lc 18 Lc 19 Lc 20 Lc 21 Lc 22 Sl 30, 31

13 Sl 32 Lc 23 Lc 24 Jo 1 Jo 2, 3 Jo 4 Sl 33, 34

14 Sl 35 Jo 5 Jo 6 Jo 7 Jo 8 Jo 9 Sl 36, 37

15 Sl 38 Jo 10 Jo 11 Jo 12 Jo 13, 14 Jo 15 Sl 39, 40

16 Sl 41 Jo 16 Jo 17 Jo 18, 19 Jo 20 Jo 21 Sl 42, 43

17 Sl 44 At 1 At 2 At 3, 4 At 5 At 6 Sl 45, 46

18 Sl 47 At 7 At 8 At 9 At 10 At 11, 12 Sl 48, 49

19 Sl 50 At 13 At 14 At 15 At 16 At 17 Sl 51

20 Sl 52 At 18, 19 At 20 At 21 At 22 At 23 Sl 53, 54

21 Sl 55 At 24 At 25 At 26 At 27, 28 Rm 1 Sl 56, 57

22 Sl 58 Rm 2 Rm 3 Rm 4 Rm 5 Rm 6 Sl 59, 60

23 Sl 61 Rm 7 Rm 8 Rm 9 Rm 10 Rm 11 Sl 62, 63

24 Sl 64 Rm 12, 13 Rm 14 Rm 15 Rm 16 1 Co 1 Sl 65, 66

74
Preparado pelo Rev. Donald B. Monteiro, disponível em: < http://www.sbb.org.br/conteudo-interativo/planos-
de-leitura-da-biblia/>. Acesso em: 26/12/2015.
142
25 Sl 67 1 Co 2, 3 1 Co 4 1 Co 5 1 Co 6 1 Co 7 Sl 68

26 Sl 69 1 Co 8 1 Co 9 1 Co 10 1 Co 11 1 Co 12 Sl 70, 71

27 Sl 72 1 Co 13 1 Co 14 1 Co 15 1 Co 16 2 Co 1 Sl 73

28 Sl 74, 75 2 Co 2 2 Co 3, 4 2 Co 5 2 Co 6 2 Co 7 Sl 76, 77

29 Sl 78 2 Co 8 2 Co 9, 2 Co 11 2 Co 12 2 Co 13 Sl 79, 80
10

30 Sl 81 Gl 1 Gl 2 Gl 3 Gl 4 Gl 5, 6 Sl 83

31 Sl 84 Ef 1 Ef 2 Ef 3 Ef 4 Ef 5 Sl 85, 86

32 Sl 87, 88 Ef 6 Fp 1 Fp 2 Fp 3 Fp 4 Sl 89

33 Sl 90 Cl 1 Cl 2 Cl 3, 4 1 Ts 1, 2 1 Ts 3,4 Sl 91, 92

34 Sl 93, 94 1 Ts 5 2 Ts 1, 2 2 Ts 3 1 Tm 1, 2 1 Tm 3, 4 Sl 95, 96

35 Sl 97, 98 1 Tm 5 1 Tm 6 2 Tm 1 2 Tm 2 2 Tm 3 Sl 99-101

36 Sl 102 2 Tm 4 Tt 1 Tt 2, 3 Fm 1 Hb 1 Sl 103

37 Sl 104 Hb 2 Hb 3 Hb 4 Hb 5 Hb 6 Sl 105

38 Sl 106 Hb 7 Hb 8 Hb 9 Hb 10 Hb 11 Sl 107, 108

39 Sl 109 Hb 12 Hb 13 Tg 1 Tg 2 Tg 3, 4 Sl 110-112

40 Sl 113, 114 Tg 5 1 Pe 1 1 Pe 2 1 Pe 3 1 Pe 4 Sl 115-117

41 Sl 118 1 Pe 5 2 Pe 1 2 Pe 2, 3 1 Jo 1, 2 1 Jo 3 Sl 119.1-56

42 Sl 119.57-112 1 Jo 4 1 Jo 5 2 Jo, 3 Jo Jd 1 Ap 1 Sl 119.113-


176

43 Sl 120, 121 Ap 2 Ap 3 Ap 4, 5 Ap 6 Ap 7 Sl 122-124

44 Sl 125-127 Ap 8, 9 Ap 10 Ap 11 Ap 12 Ap 13 Sl 128-131

45 Sl 132, 133 Ap 14 Ap 15 Ap 16 Ap 17 Ap 18 Sl 134, 135

46 Sl 136 Ap 19 Ap 20 Ap 21 Ap 22 Pv 1 Sl 137, 138

47 Sl 139 Pv 2 Pv 3 Pv 4, 5 Pv 6 Pv 7 Sl 140, 141

48 Sl 142 Pv 8 Pv 9 Pv 10 Pv 11 Pv 12 Sl 143, 144

49 Sl 145 Pv 13 Pv 14 Pv 15 Pv 16 Pv 17 Sl 146, 147

50 Sl 148 Pv 18, 19 Pv 20 Pv 21 Pv 22 Pv 23, 24 Sl 149

51 Sl 150 Pv 25 Pv 26 Lc 1 Lc 2 Mt 1 Mt 2

52 1 Co 13 Pv 27 Pv 28 Pv 29 Pv 30 Pv 31 Sl 103

143
144

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