Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Integracao Curricular Das TIC No 1o CEB
Integracao Curricular Das TIC No 1o CEB
Conceição Coelho
Agrupamento de Escolas José Saraiva
Conceição Fernandes
Agrupamento de Escolas José Saraiva
Joana Viana
Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Pedro Silva
Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, Instituto Politécnico de Leiria
Resumo
O que parece estar em causa é o uso precoce das TIC, assim como o alargamento da
base sociológica da sua utilização, não só na escola, mas também noutros contextos,
nomeadamente na família.
No que se refere aos alunos e famílias, foram inquiridas metade das turmas, através
de uma amostra estratificada que permitiu a inclusão de turmas de todas as escolas
do Agrupamento. Para a seleção da amostra, outro dos critérios considerado foi
incluir os vários anos letivos, à exceção do 1º ano de escolaridade, por este ser o ano
de distribuição do computador, o que significava a chegada do computador de forma
faseada ao longo do ano, não sendo por isso possível recolher dados sobre a sua
utilização.
A turma etnografada foi alvo de um acompanhamento sistemático durante dois anos,
no 2º e 3º anos de escolaridade. A turma teve sempre 20 alunos, embora tenham
saído dois e entrado outros dois. No 2º ano a turma era constituída por 12 rapazes e 8
raparigas e no 3º ano 11 rapazes e 9 raparigas. A sala de aula contém 2
computadores de secretária, um deles ligado a um quadro interativo, uma impressora
e uma câmara Web.
Resultados
junho 10 maio 11
88.6 93.0
100
80
60
%
40
0
Sim Não
A esmagadora maioria dos professores refere que os seus alunos usam o Magalhães
nas aulas, percentagem que foi aumentando, gradualmente, situando-se nos 96,9% no
final do ano letivo 2010/2011.
Os dados indicam que pais e filhos estão mais próximos na sua apreciação sobre o
uso do Magalhães em contexto de sala de aula do que os professores, incluindo a
tendência de decréscimo de utilização. Significará esta aparente inflação estarmos
perante um efeito do “politicamente correto” por parte dos docentes?
100
80
65.2 67.2
64.0
60 54.5
45.5
%
36.0 34.8
40 32.8
Computador Magalhães nov 10
Computador Magalhães jun 11
20 Outros computadores nov 11
Outros computadores jun 11
0
Sim Não
Fonte: Inquérito aos alunos N= 181 (IA1 – computador Magalhães) N= 154 (IA2 – computador
Magalhães); N= 200 (IA1 – outros computadores) N= 174 (IA2 – outros computadores)
jun 10 jun 11
Língua 96.3
portuguesa 96.6
55.6
MatemáJca
69.0
44.4
Expressões
62.1
81.5
Estudo do meio
79.3
14.8
Outra
24.1
% 0 20 40 60 80 100
No final do ano letivo, de acordo com as respostas dadas pelos professores, observa-
se o aumento das atividades “fazer desenhos”, “fazer apresentações em PowerPoint”,
“aceder à Internet” e “escrever textos” com o Magalhães nas aulas, comparativamente
ao início do ano. Enquanto que, segundo os alunos, essas atividades diminuíram, à
exceção de “aceder à Internet” que aumentou tal como a atividade “jogar”.
Gráfico nº 4 – Atividades realizadas no Magalhães nas aulas segundo os professores
jun 10 jun 11
92.6
Escrever textos
100
33.3
Fazer cálculos
16.7
37.0
Fazer apresentações em PowerPoint
46.7
59.3
Fazer desenhos
73.3
Consultar enciclopédias do 70.4
computador 60.0
74.1
Fazer jogos didáJcos
73.3
14.8
Fazer jogos não didáJcos
16.7
59.3
Aceder à internet
66.7
7.4
Outra
No entanto, o paralelismo criado não é estanque nem unidirecional, pois cada área
poderá ser trabalhada através de diversas atividades, entre as que foram referidas nas
respostas dadas, nomeadamente, quando 74,1% dos professores indicam que os
alunos fazem jogos didáticos, qualquer uma das áreas poderá ser trabalhada.
Gráfico nº 5 – Utilização da Internet na aula pelos alunos segundo os professores
jun 10 jun 11
11.1
Não uJlizam
13.8
88.9
Pesquisar informações
86.2
33.3
Jogar
31.0
11.1
Aceder a blogs
20.7
14.8
Trocar mensagens
17.2
7.4
Outra
%
0 20 40 60 80 100
jun. 10 jun. 11
76.9
Individualmente
23.3
76.9
Aos pares
86.7
34.6
Em grupos
73.3
3.8
Outra
O facto do Magalhães já não ser visto como “brinquedo novo”, mas sim como
instrumento de trabalho - a par dos manuais e outros materiais didáticos – terá
contribuído para uma maior e mais espontânea partilha, o que, de certo modo,
contraria a ideia de que o computador “isola”. Outra razão tem a ver com a
necessidade de agrupar os alunos dada a quantidade de Magalhães que
frequentemente avariam.
Uma das vantagens que se pode realçar na utilização dos Magalhães na turma é o
facto dos alunos com diferentes níveis de aprendizagem poderem trabalhar cada um
ao seu ritmo, sem se incomodarem uns aos outros, desenvolvendo diversas
aprendizagens de forma orientada, mas autónoma. A procura, seleção e
descodificação de informação, a redação de diferentes tipos de textos, entre outras
atividades, serviu para apoiar, reforçar e consolidar as aprendizagens efetuadas nas
diferentes áreas disciplinares.
Outro facto a realçar prende-se com a constatação de que, desde que os Magalhães
chegaram, todas as crianças da turma, independentemente da sua condição social,
podem na escola e também em casa ter o “seu computador”, privilégio a que
anteriormente só os mais favorecidos tinham direito. Pode-se afirmar que este aspeto
contribuiu para melhorar a sua autoestima e motivação pessoal para as aprendizagens
escolares. O acesso a um instrumento de aprendizagem que a experiência profissional
revela como “poderoso”, quando utilizado de forma adequada, veio contribuir para
uma situação de maior equidade e justiça social.
Os alunos são unânimes em referir como os Magalhães são importantes não só para
brincar, mas também para aprender. À pergunta “para que serve ter um Magalhães?”
respondem que, para além dos jogos com que podem brincar, também podem
aprender muitas outras coisas:
Adorei usá-lo, é giro! Eu fiz vários PowerPoint: do Natal, do Dia das Bruxas, do S.
Martinho, das lendas, do tigre, etc. Também fiz muitos desenhos e textos.
À Internet vou pesquisar e jogar, mas só quando a professora deixa.
Em casa faço aulas da Escola Virtual. O meu pai e o meu irmão também. [Maria
Guarda]
Conclusões
A maioria dos pais declarou ter adquirido o Magalhães pelas vantagens que acredita
trazer para os seus filhos. As vantagens reportadas enfatizam o melhor desempenho
no uso das TIC e a aquisição de conhecimentos, em geral. Para além da referência a
outros aspetos menores, não deixa de ser relevante a distinção feita pelos próprios
encarregados de educação entre a aquisição de mais conhecimentos – mesmo
escolares – e o rendimento escolar.
Não deixam de ser interessantes, mais uma vez, os dados qualitativos da nossa
pesquisa (turma) que apontam para que o trabalho com o computador, mesmo
pessoal, não deixa de promover a troca e a partilha entre os alunos, rompendo, assim,
com a ideia do eventual isolamento que tenderia a fechar o aluno numa espécie de
casulo. Por outro lado, também esta componente da investigação sublinha que o
computador pessoal permite ao aluno, quando necessário, progredir ao seu próprio
ritmo, o que não seria possível com a existência de apenas alguns PC na sala de aula.
Referências Bibliográficas