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ARcanos Menores

Os arcanos menores na maioria dos baralhos da época actual são constituídos de


56 cartas, sendo 10 números de cada naipe, mais as figuras da corte.
Em tudo se assemelham ao baralho comum, que provavelmente foi derivado do
Tarot, com a exclusão da figura do Cavaleiro. Este, por significar liberdade e
independência, deve ter sido censurado e deliberadamente excluído dos baralhos
pelo receio que ficasse alimentando as fantasias das damas e donzelas de então...

Neste sistema é feita uma relação de correspondência dos 10 primeiros signos


com os 10 primeiros números, com cada elemento aproximando-se ou
afastando-se em relação à ideia básica do signo, de acordo com a maior ou
menor afinidade com o elemento daquele signo. Para tranquilizar a questão de
sempre sobre onde ficam os signos de Peixes e Aquário e evitando fazer a
brincadeira clássica de que eles não são importantes, posso dizer que eles são
signos de síntese, e lidam cada um à sua maneira com as energias de todos os
outros signos.

Este sistema tem a grande vantagem de simplificar a aprendizagem dos


arcanos menores, pois estaremos lidando com a interacção de 14
informações (4 naipes ou elementos e os 10 números) contra 56
informações (totalidade dos arcanos menores).

Vamos então pegar no baralho de cartas a fim de fazermos uma


aprendizagem prática desde o início.

 Cajados, bastões, paus: representam o poder já instalado que


permanece. Princípio activo positivo.

 Correntes cordas, punhais, espadas: representam a força em


todos os sentidos. Princípio activo negativo.

 Taças, tigelas, copos, copas: representam tudo o que for


perceptivo e deva ser guardado, preservado. Princípio passivo
emocional.

 Moedas, dinheiros, rodas, ouros: representam a matéria e tudo o


que envolve negócios. Princípio activo positivo.

Olhe com atenção para todos os pormenores expressos nas cartas.


Separe os 56 Arcanos Menores em 3 grupos: As figuras de Corte; os Ases;
os Números.
Analise-os.
Depois volte a juntá-los e separe por naipes: taças ou copas; bastões, varas
ou paus; moedas, pentagramas ou ouros; espadas.

Cada grupo de 14 cartas, cada um deles com a mesma sequência de 10


cartas numeradas de 1 a 10 e mais quatro figuras: Valete (ou Pajem),

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Cavaleiro, Rainha (ou Dama) e Rei, também conhecidas como figuras da
corte, possui um diferencial simbólico: bastão, moeda, espada e taça.
Esses grupos são popularmente reconhecidos como naipes de paus,
ouros, espadas e copas, os mesmos do baralho comum que utilizamos
nos jogos e passatempos.

Os naipes de Paus e Espadas, representam forças impulsionadoras


(fogo e ar)
Os naipes de Ouros e Copas, representam forças maleáveis (terra e
água)

Os naipes, ou séries, têm inúmeras correspondências, por exemplo, aos


quatro elementos da Astrologia e da Cabala: fogo (paus), terra (ouros), ar
(espadas) e água (copas).
Há quem veja, inclusive, analogia com as quatro classes sociais da Idade
Média: clero (copas), nobreza (espadas), comerciantes (ouros) e
camponeses (paus).

Embora os Arcanos Menores tenham sido muito difundidos pelo mundo, os


seus significados simbólicos são relativamente mais difíceis de serem
traduzidos que os dos Arcanos Maiores.
Para os estudiosos do Tarot, contudo, não há como fugir da questão dos
significados. De facto, estamos frente a duas ordens de símbolos: os
quatro naipes, ou quatro elementos, que se combinam com o significado
numerológico do 1 ao 10. É possível portanto, para as 40 cartas
numeradas, estabelecer uma base de compreensão, a partir da associação
dos quatro elementos com os símbolos numéricos.

Cada carta numerada está relacionada com a força simbólica desse mesmo
número, tendo cada um, uma representação ligada ao tipo de experiência a
ser aprendida, superada e concretizada.

É importante, para começar, compreender a natureza dos quatro naipes


do baralho a partir de uma base simbólica mais ampla que a do receituário
popular. O segundo passo consiste no estudo dos símbolos numéricos de
1 a 10. Também neste caso, o resultado se torna mais consistente quando
consegue transpor os significados corriqueiros da numerologia popular.
Caso contrário, corremos o perigo de cair num esquema acanhado e
contraditório, feito mais para ser decorado do que compreendido.

Quanto mais ampla for a compreensão do símbolo, mais rica e profunda


será a sua aplicação prática.
Quando estudei a astrologia, aprendi que os quatro elementos definem
muito correctamente os quatro temperamentos e por correspondência
directa, os naipes no Tarot.

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Os cinco mundos interiores

Os quatro naipes do tarot simbolizam, esotericamente, os quatro níveis


da alma humana, bem como os quatro elementos da natureza que
correspondem a esses níveis. As cartas da corte – as quatro figuras de
cada naipe – representam as posturas que assumimos diante dos
acontecimentos da vida. As cartas numeradas de cada naipe simbolizam
aquilo que estamos a tratar. Os arcanos maiores, por sua vez, são os
próprios eventos principais que todos os seres humanos no planeta estão
sujeitos, bem como as qualidades superiores a serem desenvolvidas ao
longo de sua caminhada de desenvolvimento pessoal.

Podemos considerar, então, que temos no tarot os cinco elementos da vida.


No naipe de paus, o fogo. No naipe de copas, a água. No naipe de
espadas, o ar. No naipe de ouros, a terra e por fim nos arcanos maiores
o espírito e as leis do Carma.

Numa leitura de cartas, quando um determinado número de naipes


predomina, podemos dizer que um dos cinco mundos interiores veio á tona
e nos “possui”. Do mesmo modo, quando um certo elemento não é
representado, pode significar a falta de sua qualidade específica ou de sua
atitude no nosso momento de vida. Numa leitura com a técnica da Cruz
céltica, por exemplo, se dentre as dez cartas saírem três de um
determinado naipe, isso terá grande relevância. Assim, quanto maior for o
número de cartas de um naipe, maior sua influência no momento
representado.

No mundo do Fogo
Com muitas cartas do naipe de paus, estamos possuídos por nossos
desejos, ansiosos por iniciar coisas novas ou essas coisas novas surgem de
modo quase impositivo. Com o naipe de paus estamos cheios de paixão, ou
de alegria e tudo o que é velho não nos interessa. O movimento, a
mudança, as viagens, o afã de tornar tudo melhor, o êxito, o sucesso
brilhante e o ímpeto de crescimento e expansão são a tónica. Do mesmo
modo a impaciência, a irritabilidade, a precipitação, o excesso de
passionalidade e a dependência de reconhecimento externo se fazem
presentes.

No mundo do Ar
Com muitas espadas numa leitura entramos na dimensão da mente, que
por sua natureza é sempre dual, traz conflitos e exige decisões, mudanças,
posicionamentos e um discernimento claro do que fazemos ou devemos
fazer. A mente, assim como os ventos, sopra em muitas direcções e é
influenciada pela colectividade; neste naipe encontramos as heranças
culturais. Tudo o que nos foi dito, por pais, professores e a sociedade entra,
num dado momento, em conflito com o que somos em essência. O naipe de
espadas também traz foco e direcciona-se para a mente, ajuda esclarecer
situações complicadas e dá coragem para defender posicionamentos.

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No mundo da Terra
Com ênfase no naipe de ouros estamos mudando de valores, ou
valorizando coisas novas, criando as bases para nossa estabilidade, conforto
e prosperidade. De algum modo temos de olhar mais atentamente para
nossa realidade e rever como estamos nos relacionando com nosso corpo e
o meio ambiente. A maneira como estamos cuidando da nossa saúde, das
nossas finanças e do mundo prático, no geral, também são temas
importantes. A sensualidade e a sexualidade evidenciam-se com este naipe.
Por outro lado o apego e a resistência à mudança, a inflexibilidade, a
avareza e o materialismo surgem como a sombra deste elemento que
sintetiza muitos aspectos dos outros três.

No mundo da Água
O excesso de naipe de copas denota muita emocionalidade, sentimentos
intensos e envolventes, amor, romantismo, idealização, imaginação,
memória e interiorização. Há um favorecimento dos assuntos românticos e
espirituais, uma vez que, o amor físico do homem, tanto quanto as
experiências de cunho transcendente, são puro arrebatamento para a alma.
Com copas há a busca de sentido na vida, de sentimento de pertencer a
algo, instituição, relacionamento, família, religião, corrente ou tendência,
sempre de modo ideal. As fantasias enganosas e escapistas, as confusões
emocionais, o aprisionamento ao passado ou o excesso de idealização do
futuro, bem como um excesso de interiorização que cria indiferença ao
mundo exterior também são atributos deste naipe.

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OS ELEMENTOS
Jean Chevalier e Alain Gheerbrant,
in Dicionário de Símbolos

Para as tradições ocidentais, os elementos são em número de quatro: a


água, o ar, o fogo, a terra. Eles não são irredutíveis entre si e
transformam-se uns nos outros, com um rigor semelhante ao do
raciocínio matemático. Por isso, no Timeu, de Platão, a teoria dos elementos
está ligada à das Ideias e dos Números, como também à da Participação,
que está no âmago da dialéctica platónica. Cada um desses elementos
subdivide-se em variedades, segundo as medidas da participação e das
misturas. Assim sendo, pode-se distinguir três espécies de fogo: a chama
ardente, a luz e os resíduos incandescentes da chama. Havia um quinto
elemento que se podia ligar tanto ao ar quanto ao fogo: o éter.
Cada elemento age como condutor para uma outra realidade que não é a
sua. A imagem do ar, por exemplo, está na base da psicologia ascensional,
que, por sua vez, tem seus contrários no alçar voo e na queda.

De igual modo os quatro elementos correspondem aos temperamentos:


a água ao fleumático ou linfático, a terra ao melancólico ou bilioso, o
ar ao sanguíneo, o fogo ao colérico ou nervoso.

Bachelard descreve os elementos como “hormónios da imaginação”, que


accionam grupos de imagens. Ajudam a assimilação íntima do real
disperso em suas formas. Através deles efectuam-se as grandes sínteses
que dão qualidades regulares ao imaginário.

Assim, o ar imaginário, em particular, é o hormónio que nos faz crescer no


sentido psíquico.
A psicologia moderna retomou a distinção tradicional entre os princípios
activos e masculinos, ar e fogo, e os princípios passivos e femininos, água e
terra. As variadas combinações desses elementos e de suas relações
simbolizam a complexidade e a infinita diversidade dos seres ou da
manifestação, bem como sua perpétua evolução de uma combinação a
outra, conforme a predominância de um determinado elemento. No plano
interior e espiritual, igualmente, a evolução psíquica se encontra evocada
pela valência de condutor própria a cada elemento.

O fogo é muitas vezes considerado como o elemento motor, que anima,


transforma, que faz com que evoluam de um para outro os três estados da
matéria: sólido (terra), líquido (água), gasoso (ar). O ser de fogo simboliza
o agente de toda evolução.

Os elementos estabelecem uma ligação entre a astrologia e a antiga


doutrina dos grandes filósofos (Pitágoras, Empédocles, Platão,
Aristóteles...), segundo a qual os diversos fenómenos da vida estão sujeitos
às manifestações dos elementos, que determinam a essência das forças da
natureza que, por sua vez, realiza sua obra de geração e de destruição por
meio desses elementos: a Água, o Ar, o Fogo e a Terra.

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Cada elemento surge da combinação de dois princípios primordiais: a Água
procede do Frio e do Húmido; o Ar, do Húmido e do Quente; o Fogo, do
Quente e do Seco; e a Terra, do Seco e do Frio.
Cada um deles é representativo de um estado: líquido, gasoso, ígneo e
sólido.

Cada um deles está relacionado a um conjunto de condições dadas à vida,


numa concepção cíclica. Assim, tem-se uma ordem quaternária da
natureza, dos temperamentos e das etapas da vida humana:

Inverno, Primavera, Verão e Outono;

da meia-noite ao nascer do sol; do nascer do sol ao meio-dia; do meio-dia


ao poente; do poente à meia-noite;

fleumático ou linfático, sanguíneo, melancólico ou bilioso, colérico ou


nervoso;

infância, juventude, maturidade, velhice;

formação, expansão, culminação, declínio etc.

As operações da alquimia, da astrologia e das disciplinas esotéricas


repousam na base desses valores universais.
Na iniciação maçónica, o Recipiendário começa por sair da Terra. Em
seguida, ele é sucessivamente purificado pelo Ar, pela Água e pelo Fogo.
Liberta-se, de escalão em escalão, da Vida material, da Filosofia e da
Religião e, por fim, consegue chegar à Iniciação pura.

Partes do Naipes do
Elementos Etapas
Ser humano Tarot
Fogo Espírito Iniciação Paus
Água Alma Religião Copas
Ar Mente Filosofia Espadas
Terra Corpo Vida material Ouros

Os elementos são conceitos básicos na astrologia tradicional: ao elemento


Fogo corresponde o ardor e o entusiasmo; ao elemento Água, a
sensibilidade e a emotividade; ao elemento Ar, a intelectualidade; ao
elemento Terra, a materialidade. As correspondências zodiacais com os
elementos são as seguintes:

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A realidade aparente sendo puramente ilusória, não tem nenhuma
materialidade – é o elemento ar.

Aquele que envereda pelo caminho da perfeição (tarik) e pretende


prosseguir nele terá de principiar, portanto, por queimar dentro de si as
imagens dessa realidade ilusória – é o elemento fogo.

Graças a isso, ele começará a apreender a divina e única realidade,


inicialmente no que ela tem de mais fluido e impreciso – é o elemento
água.

E, por fim, ele conseguirá fundir-se na total e única realidade, o Hak, a
divindade, a única verdadeiramente sólida – é o elemento terra.

Os quatro elementos são representados tradicionalmente por linhas com


variações ornamentais em torno do tema central:

Água - ondas:
Ar - volutas:
Fogo - relâmpagos:
Terra - quadrados:

Os triângulos e os quadrados, associados aos elementos fogo e terra,


remetem à simbólica dos números três e quatro, e ajudam, principalmente,
a compreender o valor masculino ligado ao número três, e o valor feminino
ligado ao número quatro.

Fogo (Paus)

O simbolismo do fogo encontra-se resumido na doutrina hindu, que lhe


confere fundamental importância. Agni, Indra e Surya são os fogos dos
mundos: terrestre, intermediário e celeste, ou seja, o fogo comum, o raio e
o Sol. Além disso, existem outros dois fogos; o da penetração ou absorção
(Vaishvanara), e o da destruição (outro aspecto do Agni).
Segundo o I Ching, o fogo corresponde ao sul, à cor
vermelha, ao verão e ao coração. Essa última relação, aliás, é
constante, quer o fogo simbolize as paixões (principalmente o
amor e a cólera), quer simbolize o espírito (o fogo do espírito,
que é também o sopro e o trigrama Li) ou o conhecimento
intuitivo a que se refere a Gita.

A significação sobrenatural do fogo estende-se das almas errantes (fogos-


fátuos, lanternas do Extremo Oriente), até o Espírito divino. Brama é
idêntico ao fogo.
O símbolo do fogo purificador e regenerador desenvolve-se do Ocidente ao
Japão. A liturgia católica do fogo novo é celebrada na noite de Páscoa. A do
Xinto coincide com a renovação do ano. Há, ainda, as línguas de fogo de
Pentecostes.

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O papel do ferreiro segue a direcção do alquimista, que fabrica a
imortalidade na chama de seu “fornilho”, e até mesmo, acreditam os
chineses, no fogo do cadinho interior, que corresponde, pouco mais ou
menos, ao plexo solar e ao manipura-chakra, que no Yoga é colocado sob
o signo do Fogo. De resto, os taoístas entram no fogo para liberar-se do
condicionamento humano, apoteose a propósito da qual não se pode deixar
de evocar a de Elias, em seu carro de fogo. Além do mais, eles entram no
fogo sem se queimar; e isso, permite-lhes chamar a chuva – bênção celeste
– mas evoca, também, o fogo que não queima do hermetismo ocidental,
ablução, purificação alquímica, simbolizada pela salamandra.

O homem é fogo, diz São Martinho; sua lei, como a de todos os fogos, é a
de dissolver (seu invólucro) e unir-se ao manancial do qual está separado.
Seria preciso acrescentar a esses fogos purificadores o da China antiga, que
acompanhava, nas entronizações rituais, o banho e a fumigação. Também
não se pode deixar de mencionar o fogo dos ordálios (= prova judiciária
feita com elementos da natureza e cujo resultado era interpretado como um
julgamento divino; juízo de Deus).
O Buda substitui o fogo do sacrificio do hinduísmo pelo fogo interior, que
é, ao mesmo tempo, conhecimento penetrante, iluminação e destruição do
invólucro: “Atiço em mim uma chama... Meu coração é a lareira, e a chama
é o eu domado.” Os Upanixades asseguram, paralelamente, que queimar
pelo lado de fora não é queimar. Daí os símbolo da Kundalini ardente na
Yoga hindu, e o do fogo interior no tantrismo tibetano.

O aspecto destruidor do fogo implica também, evidentemente, um lado


negativo e o domínio do fogo é igualmente uma função diabólica. A
propósito da forja, deve-se observar que seu fogo é a um só tempo celeste
e subterrâneo, instrumento de demiurgo e de demónio. A queda de nível é
representada por Lúcifer, portador da luz celeste, no momento em que é
precipitado nas chamas do inferno: Fogo que queima sem consumir,
embora exclua para sempre a possibilidade de regeneração.

Os inumeráveis ritos de purificação pelo fogo – em geral, ritos de


passagem – são característicos das culturas agrárias. Com efeito,
simbolizam os incêndios dos campos que se adornam, após a queimada,
com um manto verdejante de natureza viva.

O Fogo, nos ritos iniciáticos de morte e renascimento, associa-se ao seu


princípio antagónico, a Água. A purificação pelo fogo, portanto, é
complementar à purificação pela água, tanto no plano microcósmico
(ritos iniciáticos), quanto no plano macrocósmico (mitos alternados de
Dilúvios e de Grandes Secas ou Incêndios).

A significação sexual do fogo está ligada, universalmente, à primeira das


técnicas usadas para a obtenção do fogo: por meio da fricção, num
movimento de vaivém – imagem do acto sexual.

Podemos distinguir duas direcções ou duas constelações psíquicas na


simbologia do fogo, conforme a maneira como ele for obtido, isto é: por
meio da percussão ou da fricção. No primeiro caso, o fogo aparenta-se ao
relâmpago e à flecha, e possui um valor de purificação e de iluminação;

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ele é o prolongamento ígneo da luz. Puro e fogo, em sânscrito, são
conceitos designados pela mesma palavra.
Ao fogo espiritualizante relacionam-se os ritos de incineração, o Sol, as
fogueiras de elevação e de sublimação, enfim, todo fogo que transmita uma
intenção de purificação e de luz. Esse fogo opõe-se ao fogo sexual, obtido
por meio da fricção, tal como a chama purificadora se opõe ao centro
genital da sede matriarcal, e tal como a exaltação da luz celeste se
distingue de um ritual de fecundidade agrária. Assim orientado, o
simbolismo do fogo marca a etapa mais importante da intelectualização do
cosmo, e afasta o homem cada vez mais da condição animal.

Assim como o Sol, pelos seus raios, o fogo simboliza por suas chamas a
acção fecundante, purificadora e iluminadora. Mas ele apresenta também
um aspecto negativo: obscurece e sufoca, por causa da fumaça; queima,
devora e destrói: o fogo das paixões, do castigo e da guerra.
Nessa perspectiva, o fogo, na qualidade de elemento que queima e
consome, é também símbolo de purificação e de regeneração. Reencontra-
se, pois, o aspecto positivo da destruição: nova inversão do símbolo.
Todavia, a água é também purificadora e regeneradora. Mas o fogo
distingue-se da água porquanto simboliza a purificação pela compreensão,
até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade; ao passo que
a água simboliza a purificação do desejo, até a mais sublime de suas formas
– a bondade.

Terra (Ouros)

Simbolicamente, a terra se opõe ao céu como o princípio passivo ao


principio activo; o aspecto feminino ao aspecto masculino da
manifestação; a obscuridade à luz; o yin ao yang; Tamas (tendência
descendente) a Sattva (tendência ascendente); e densidade, fixação e
condensação à natureza subtil, volátil, à dissolução.
Segundo o I Ching, a terra é o hexagrama K'un, a
perfeição passiva, recebendo a acção do princípio activo,
K'ien. Ela sustenta, enquanto o céu cobre. Todos os seres
recebem dela o seu nascimento, pois é mulher e mãe, mas
a terra é completamente submissa ao princípio activo do
Céu. O animal fêmea tem a natureza da terra.
Positivamente, suas virtudes são doçura e submissão,
firmeza calma e duradoura.

É necessário acrescentar a humildade, etimologicamente ligada ao húmus,


em direcção ao qual a terra se inclina e do qual foi modelado o homem.
A terra é a substância universal, Prakriti, o caos primordial, a prima
matéria separada das águas, segundo o Génesis, levada à superfície das
águas pelo javali de Vixenu; coagulada pelos heróis míticos do xintoísmo;
matéria de que o Criador molda o homem. A terra é a virgem penetrada
pela lâmina ou pelo arado, fecundada pela chuva ou pelo sangue, o sémen
do céu. Universalmente, a terra é uma matriz que concebe as fontes, os
minerais, os metais.

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A terra é “quadrada”, determinada pelos seus quatro horizontes. O império
chinês é também quadrado, dividido em quadrados e representado, no seu
centro, pelo quadrado do ming-t'ang.
A terra simboliza a função maternal: Tellus Mater. Dá e rouba a vida.
Prostrando-se sobre o solo, Jó exclama: Nu saí do seio materno, nu para lá
retornarei, identificando a terra-mãe com o colo materno.

Identificada com a mãe, a terra é um símbolo de fecundidade e


regeneração. Dá à luz todos os seres, alimenta-os, depois recebe
novamente deles o germe fecundo. Seguindo a Teogonia de Hesíodo, a
terra (Gaia) pariu até o Céu (Urano), que deveria cobri-la em seguida para
fazer nascerem todos os deuses. Estes imitaram essa primeira hierogamia
(hiero = sagrado, divino; gamia), depois os homens, os animais; revelando-
se à terra como a origem de toda a vida, foi-lhe conferido o nome de
Grande Mãe.

Há enterros simbólicos, semelhantes à imersão baptismal, seja para


curar e fortificar, seja para satisfazer a ritos iniciáticos. A ideia é sempre a
mesma: regenerar pelo contacto com as forças da terra, morrer para uma
forma de vida, para renascer em uma outra forma.
Das Águas, que também dão origem às coisas, distinguimos a terra, pelo
fato de as Águas precederem a organização do Cosmo, e a terra produzir as
formas vivas. As Águas representam o conjunto do que é indiferenciado, a
terra, os germes das diferenças. Os ciclos aquáticos envolvem períodos
mais longos que os ciclos telúricos na evolução geral do Cosmo.

A terra fértil e a mulher são frequentemente comparadas na literatura:


sulcos semeados, o lavrar e a penetração sexual, parto e colheita,
trabalho agrícola e acto gerador, colheita dos frutos e aleitamento, o ferro
do arado e o falo do homem.
Quando as mulheres grávidas atiram sementes nos sulcos enriquecem as
colheitas, pois são fonte de fecundidade. Vossas mulheres, diz o Corão, são
para vós como os campos (11, 223). Foi em um sulco semeado que, na
primavera, Jasão uniu-se a Deméter (Odisséia).

No Japão, a terra é simbolicamente carregada por um peixe enorme; na


Índia, por uma tartaruga; entre os ameríndios, por uma serpente; no
Egipto, por um escaravelho; no sudoeste da Ásia, por um elefante etc. Os
terramotos são explicados por movimentos súbitos desses animais
geóforos, que correspondem a fases de evolução.

A denominação de Terra Santa se aplica, para os judeus e os cristãos, à


Palestina; mas é evidente que ela admite homólogos em outras tradições ou
recebe outros nomes, tais como: Terra dos Santos, dos Bem-Aventurados,
Terra de Imortalidade etc. Em todos os casos, trata-se de centros
espirituais, correspondendo ao Centro do mundo particular a cada tradição,
o próprio reflexo do Centro primordial ou do Paraíso terrestre.

A isso podemos relacionar a Terra prometida, objectivo de uma busca que


também é de ordem espiritual, e ainda a Terra negra (Kemi) dos egípcios,
cujo carácter principal não deixa dúvida alguma. A Terra prometida é um

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dos pólos do espírito (Dante), como Canaã para os hebreus, Ítaca para
Ulisses, a Jerusalém celeste para os cristãos... A Terra pura corresponde,
para Platão, ao que imaginamos como a Terra Santa.
Mas a terra definitiva não é estranha à das origens. Esta não abandona seu
carácter sagrado. Assim, quando um grupo quer regenerar-se
espiritualmente, pratica uma espécie de retorno à terra natal.

Com esse carácter sagrado, esse papel maternal, a terra intervém na


sociedade como garantia dos juramentos. Se o juramento é o elo vital do
grupo, a terra é mãe o sustento de toda sociedade.
Numa “psicogeografia” dos símbolos, em que a superfície plana da terra
representa o homem como ser consciente; o mundo subterrâneo, com seus
demónios e seus monstros ou divindades malevolentes, figura o
subconsciente; os cumes mais elevados, mais próximos do céu, são a
imagem do supra-consciente. Toda a terra se torna, assim, símbolo do
consciente e de sua situação de conflito, símbolo do desejo terrestre e de
suas possibilidades de sublimação e de perversão. É a arena dos conflitos
da consciência no ser humano.

Ar (Espadas)

O ar representa, como o fogo, um elemento activo, masculino, ao passo


que a terra e a água são considerados elementos passivos, femininos.
Enquanto estes dois últimos símbolos são materializantes, o ar é um
símbolo de espiritualização.
O ar é o meio próprio da luz, do alçar voo, do perfume, da cor, das
vibrações interplanetárias; é a via de comunicação entre a terra e o céu.
A trilogia do sonoro, do diáfano e do móbil é... uma produção
da impressão íntima de alívio, de alinhamento. Ela não nos é
dada pelo mundo exterior. É conquista de um ser outrora
pesado e confuso que, graças ao movimento imaginário, e
escutando as lições da imaginação aérea, se tornou leve,
claro e vibrante... A liberdade aérea fala, ilumina, voa.

O ser aéreo é livre como o ar e, longe, de ser evaporado, participa das


propriedades subtis e puras do ar. O elemento ar, diz São Martinho, é um
símbolo sensível da vida invisível, um móbil universal e um purificador.

O elemento ar é simbolicamente associado ao vento, ao sopro. Representa


o mundo subtil intermediário do céu e da terra, o mundo da expansão
que, dizem os chineses, é insuflado pelo sopro (k'i), necessário à
subsistência dos seres. Vayu, que o representa na mitologia hindu, está
montado numa gazela, levando um estandarte que tremula ao vento, que
se poderia identificar com um leque. Vayu é o sopro vital, o sopro cósmico,
e se identifica ao Verbo que é, ele próprio, sopro. Os vayu são, no nível do
ser subtil, as cinco funções vitais, consideradas modalidades do prana, o
sopro vital.

No esoterismo ismaelita, o ar é o princípio da composição e da frutificação,

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o intermediário do fogo e a água, o primeiro lam do Nome divino.
Corresponde à função do Tali, a Alma universal, origem da frutificação do
mundo, da percepção das cores e das formas, o que nos leva mais uma vez
à função do sopro.

Água (Copas)

As significações simbólicas da água podem reduzir-se a três temas


dominantes: fonte de vida, meio de purificação, centro de regeneração.
Esses três temas se encontram nas mais antigas tradições e formam as
mais variadas combinações imaginárias e, também, as mais coerentes.

As águas, massa indiferenciada, (re)apresenta a infinidade dos possíveis,


contém todo o virtual, o informal, o germe dos germes, todas as promessas
de desenvolvimento, mas de igual modo todas as ameaças de reabsorção.
Mergulhar nas águas, para delas sair sem se dissolver de
todo — salvo por uma morte simbólica — é retornar às
origens, carregar-se de novo num imenso reservatório de
energia e nele beber uma força nova: fase passageira de
regressão e desintegração, condicionando uma fase
progressiva de reintegração e regeneração (banho,
baptismo, iniciação).
Na Ásia, a água é a forma substancial da manifestação, a origem da vida e
o elemento da regeneração corporal e espiritual, o símbolo da fertilidade, da
pureza, da sabedoria, da graça e da virtude. Fluida, a sua tendência é a
dissolução; mas, homogénea também, ela é igualmente o símbolo da
coesão, da coagulação. Como tal, poderia corresponder a sattva; mas,
como escorre para baixo, para o abismo, sua tendência é tamas; como se
estende na horizontal, sua tendência é ainda rajas.

A água é a matéria-prima, a Prakriti: Tudo era água, dizem os textos


hindus; as vastas águas não tinham margens, diz um texto taoísta.
Bramanda, o Ovo do mundo, é chocado à superfície das Águas. Da mesma
forma, o Sopro ou Espírito de Deus, no Génesis, pairava sobre as águas.
A água é Wu-ki, dizem os chineses, o Sem-Crista, o caos, a indistinção
primeira.
As Águas representam a totalidade das possibilidades de manifestação e se
dividem em Águas superiores, que correspondem às possibilidades
informais (indeterminadas); e Águas inferiores, que correspondem às
possibilidades formais (determinadas). É a mesma dualidade que o Livro
de Enoc traduzirá em termos de oposição sexual e que a iconografia
representa frequentemente pela dupla espiral.
As águas inferiores estão, ao que se diz, fechadas num templo de Lhassa,
dedicado ao rei dos nagas. As possibilidades informais são representadas na
India pelas Apsaras (de Ap, água).

A noção de águas primordiais, de oceano das origens, é quase universal.


Pode ser encontrada até na Polinésia e a maior parte dos povos austros-
asiáticos situa na água o poder cósmico. A ela se junta muitas vezes o mito

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do animal mergulhador, como o javali hindu, que traz um pouco de terra
superfície, embrião que aflora à manifestação formal.

Origem e veículo de toda vida: a seiva é água e, em certas alegorias


tântricas, a água representa prana, o sopro vital. No plano corporal, e por
ser também um dom do céu, ela é símbolo universal de fertilidade e
fecundidade. A água do céu faz o arrozal, dizem os montanheses do sul do
Vietnã, sensíveis à função regeneradora da água, que consideram
medicamento e poção de imortalidade.

Da mesma forma, a água é o instrumento da purificação ritual. Do Islã ao


Japão, passando pelos ritos dos antigos fu-chuei taoístas (senhores da água
benta), sem esquecer aspersão dos cristãos, a ablução tem papel
essencial.
A água, oposta ao fogo, é yin. Corresponde ao norte, ao frio (no hemisfério
norte), ao solstício do Inverno, aos rins, à cor negra, ao trigrama K'an, que
é o abismo. Mas, de outro modo, a água está ligada ao raio, que é fogo. Na
alquimia interior dos chineses, o banho e a lavagem poderiam bem ser
operações de natureza ígnea. O mercúrio alquímico, que é água, é às vezes
qualificado como água ígnea.
Na tradição judaico-cristã, a água simboliza, em primeiro lugar, a origem
da criação. O mem (M) hebraico simboliza a água sensível: ela é mãe e
matriz (útero). Fonte de todas as coisas, manifesta o transcendente e deve
ser, em consequência, considerada como uma hierofania (= manifestação
do sagrado).
Por outro lado, a água, como, aliás, todos os símbolos, pode ser encarada
em dois planos rigorosamente opostos, embora de nenhum modo
irredutíveis, e essa ambivalência se situa em todos os níveis. A água é
fonte de vida e fonte de morte, criadora e destruidora.

Na Bíblia, os poços no deserto, as fontes que se oferecem aos nómadas


são outros tantos lugares de alegria e encantamento. Junto das fontes e dos
poços operam-se os encontros essenciais. Como lugares sagrados, os
pontos de água tem papel incomparável. Perto deles, nasce o amor e os
casamentos principiam. A marcha dos hebreus e a caminhada de todo
homem na sua peregrinação terrena estão intimamente ligadas ao contacto
exterior ou interior com a água. Esta se torna, então, um centro de paz e de
luz, oásis. A hospitalidade exige que se apresente água fresca ao visitante,
que seus pés sejam lavados, a fim de assegurar a paz do seu repouso. Todo
o Antigo Testamento celebra a magnificência da água. O Novo receberá
esse legado e saberá utilizá-lo.

É muito natural que os orientais tenham visto, assim, a água, primeiro


como um sinal e um símbolo de bênção: pois não é ela que permite a
vida? Quando Isaías profetiza uma era nova, diz: brotará água no deserto...
o país da sede se abrirá em fontes... (35, 6-7). No Apocalipse não fala outra
linguagem: O Cordeiro... os conduzirá às fontes das Águas da vida (Apoc. 1,
17).
A água se torna o símbolo de vida espiritual e do Espírito, oferecidos por
Deus e muitas vezes recusados pelos homens. Símbolo, antes de tudo, de
vida no Antigo Testamento, a água se tornou, no Novo, símbolo do Espírito
(Apocalipse, 21).

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Jesus retoma esse simbolismo no seu diálogo com a samaritana: Aquele
que beber da água que eu lhe darei não terá mais sede... A água que eu lhe
darei se tornará nele fonte de água a jorrar em vida eterna (João, 4, 4).

A água, possuidora de uma virtude lustral, exercerá um poder soteriológico


(= de salvação). A imersão nela é regeneradora, opera um renascimento,
por ser ela, ao mesmo tempo, morte e vida. A água apaga a história, pois
restabelece o ser num estado novo. A imersão é comparável deposição do
Cristo no santo sepulcro: ele ressuscita, depois dessa descida nas entranhas
da terra.
A água é símbolo de regeneração: a água batismal conduz explicitamente
a um novo nascimento (João, 3, 3-7), é iniciadora. O Pastor de Hermes fala
daqueles que desceram à água mortos e dela subiram vivos. É o simbolismo
da água viva, da fonte da juventude.

Se as águas precedem a criação, é evidente que elas continuam presentes


para a recriação. Ao homem novo corresponde a aparição de um outro
mundo.
Símbolo da dualidade do alto e do baixo: água de chuva – água do mar.
A primeira é pura; a segunda, salgada. Símbolo de vida: pura, ela é
criadora e purificadora (Ezequiel, 36, 25); amarga, ela produz a
maldição (Números, 5, 18). Os rios podem ser correntes benéficas ou dar
abrigo a monstros. As águas agitadas significam o mal, a desordem.

Dos símbolos antigos da água como fonte de fecundação da terra e de seus


habitantes podemos passar aos símbolos analíticos da água como fonte de
fecundação da alma: a ribeira, o rio, o mar representam o curso da
existência humana e as flutuações dos desejos e dos sentimentos. Como no
caso da terra, há que distinguir na simbólica da água a superfície e as
profundezas. A navegação ou o viajar errático dos heróis na superfície
significa que estão expostos aos perigos da vida, o que o mito simboliza
pelos monstros que surgem do fundo.

A região submarina torna-se, dessa forma, símbolo do subconsciente. A


perversão acha-se, igualmente, figurada pela água misturada à terra
(desejo terrestre) ou pela água estagnada que perdeu as suas propriedades
purificadoras: o limo, a lama, o pântano, a água gelada, exprime a
estagnação no seu mais alto grau, a ausência de calor na alma, a ausência
de sentimentos vivificante e criador que é o amor. A água gelada representa
a completa estagnação psíquica, a alma morta.

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OS QUATRO NAIPES

Do mesmo modo que os quatro elementos, os naipes podem ser vistos como
representações das forças ou energias constitutivas do universo: são quatro
atributos em pé de igualdade, tal como os quatro pilares do Trono de Deus; não se
pode dizer que um seja menos importante que os demais. No entanto, os naipes,
tais como os elementos, também podem ser entendidos como um referencial
simbólico para a ordenação evolutiva: degraus sucessivos no desenvolvimento do
homem e do cosmo.
Para dar uma visão de conjunto, apresentamos um quadro sintético de significações
dos naipes tal como aparecem nos manuais mais conhecidos.

PAUS (bastão, vara, trevo, troncos) representa o elemento Fogo

Está ligado à acção, à capacidade do Homem conseguir utilizar a sua fé e


motivação para chegar aos seus objectivos. O elemento fogo, fornece a
energia e impulsos necessários para fazer evoluir e transformar a vida
humana. Associado ao verbo: OUSAR

Vontade, inspiração, criação, força, ânimo. Iniciativa e Progresso.


Desenvolvimento, animação, invenção. Energia. Acontecimentos,
vivências. “Varinha de condão”, bastão do comando, ceptro da dominação
viril.
Pai, poder gerador do masculino. Idealista, moralista. No plano da
identidade individual significa força. Socialmente representaria os políticos,
produtores e agricultores; operários, empregados e camponeses.
Relaciona-se ao governo civil. Corresponde ao rei, entre as figuras do
baralho. São as salamandras, entre os espíritos elementares.

Função psicológica: INTUIÇÃO

As palavras-chave são: independência, força, empreendimento, energia,


acção, trabalho, criatividade, entusiasmo, paixão e optimismo.

Aspecto masculino de Paus: Herói (Aquiles, Hércules, Sansão).


Lado luminoso: o Guerreiro como Protector, o Homem de Negócios, o Político.
Dinâmico, auto-confiante, corajoso, tenaz, perseverante, voluntarioso.
Lado sombrio: o Mercenário, o eterno Caçador. Sedento de poder, materialista,
brutal, insensível, destrutivo. O estratega.

Aspecto feminino de Paus: Amazonas (Ártemis, Joana d'Arc).


Lado luminoso: a Companheira das lutas, independente, corajosa ao assumir
riscos, dinâmica, prestimosa, divertida, bem-disposta.
Lado sombrio: Mulher-macho, dogmática, dominadora, que gosta de rebaixar e
influenciar demais, sádica.

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OUROS (moeda, estrela de 5 pontas, diamante): elemento Terra

Está ligado à matéria, é a concretização dos nossos ideais. À


Alquimia. Associado às viagens, às trocas de informação e
comunicação com o meio. Representa o desejo de conseguir a
realização dos objectivos materiais. São os negócios, o mundo
material que é preciso modelar, transformar.
Associado ao verbo: QUERER

Manifestação, realização. Apoio da vontade, resultado da acção


espiritual. Esforço, estudo, inteligência prática.
Preservador, operativo, realista, sensível, sensual. Dinheiro, ganhos, lucros,
frutificação, desenvolvimento dos negócios.
No plano da identidade individual significa inteligência, esforço, estudo.
Socialmente representaria a burguesia, as finanças, o comércio e os bens
patrimoniais. Relaciona-se ao poder económico. Corresponde ao valete, entre as
figuras do baralho. São os gnomos, entre os espíritos elementares.

Função psicológica: SENSAÇÃO

As palavras – chave são: alimento, abrigo, trabalho, gratificação, segurança,


habilidades, bons resultados, firmeza, parte física e material.

Aspecto masculino de Ouros: o Patriarca (Zeus, Odin, Moisés, Abraão).


Lado luminoso: o Bom Pai. Provedor, bondoso, exemplar, forte, protector.
Lado sombrio: o Padrasto. Severo, inalcançável, tirânico, que impede o
desenvolvimento.

Aspecto feminino de Ouros: a Mãe (Mãe Terra, Mãe Coragem, Deméter).


Lado luminoso: a boa Mãe, nutridora, protectora, cuidadosa, fecunda, que perdoa
e oferece protecção.
Lado sombrio: a Madrasta, devoradora, destruidora, má, possessiva, enganadora,
ambiciosa.

ESPADAS (gládio, machado, lança) representa o elemento Ar

Ligado à auto-afirmação, à comunicação, aos estudos mentais, às ideias, à


forma de expressão e aos conflitos. Com espadas o Homem é colocado
perante os outros num contexto social, de forma a compreender o seu
papel como indivíduo social e comunitário.
Pensamento, inteligência, trocas e intercâmbio. Fusão, cooperação dos
opostos, acção penetrante do Verbo. Maturidade e equilíbrio. Racional,
teórico, filosófico, intelectual. Esforço, dificuldades, energia para a
renovação. Associado ao verbo: SABER

Arma que desenha uma cruz e recorda a união fecunda dos princípios
masculino e feminino. A espada simboliza também uma acção penetrante
como a do Verbo ou do Filho. No plano a identidade individual significa
maturidade e equilíbrio.
Socialmente representaria os militares e os guerreiros; policiais e fiscais;
toda actividade que toma das armas para manter uma ordem ou modificá-
la. Relaciona-se ao poder apoiado pela força. Corresponde ao cavaleiro,
entre as figuras do baralho. São os silfos e os gigantes, entre os espíritos
elementares.

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Função psicológica: PENSAMENTO

As palavras- chave são: área mental (mente inferior), pensamento, decisão,


comunicação, luta, conflito, discussão, criticismo e pessimismo.

Aspecto masculino de Espadas: o Adolescente (Átis, Adônis, Narciso).


Lado luminoso: o Intelectual. Espírito crítico. Táctico, móvel, vivo, bom
passatempo, perspicaz.
Lado sombrio: o Pretensioso. O eterno adolescente. Frio, cruel, sem consideração,
cínico.

Aspecto feminino de Espadas: Musas Inspiradoras (a Noiva do vento, as Sereias,


a Estrela de cinema).
Lado luminoso: a Sacerdotisa (“prostituta” do templo), a Mulher independente, a
Musa, a Esteticista, a Intelectual, encantadora, distante.
Lado sombrio: a prostituta das ruas, a Mulher calculista, fria, impiedosa, cínica,
histérica.

COPAS (taça, ânfora, coração) representa o elemento Água

O naipe de copas está ligado ao amor. A vida é estabelecida em perfeita


comunhão com o coração e com todos os sentimentos que dele advêm.
Tem como características: assimilar, absorver, aceitar, tolerar, unir.
Simboliza a paixão, a união, a arte, a fantasia, o romantismo. Com
copas o ser humano une-se a outro e forma uma família; constrói uma
vida plena de amor.
Sentimentos e emoções. Receptividade feminina, ânfora divinatória.
Sensibilidade, ideais, criações artísticas. Amores, afectos, prazeres.
Paixões e sentimentos profundos. Intuitivo, místico, romântico.
A Mãe. Artistas, religiosos, intelectuais e poderes adquiridos por meio
da cultura. Associado ao verbo: CALAR

No plano da identidade individual significa a sensibilidade, o amor, os


ideais, a criação artística. Corresponde à dama, entre as figuras do
baralho. São as ondinas e as sereias, entre os espíritos elementares.

Função psicológica: SENTIMENTO

As palavras – chave são: sentimentos, emoções, inconsciente, imaginação e


sonhos, receptividade, relacionamentos como expressão do espírito.

Aspecto masculino de Copas: o Místico (Mestre Eckhart, Rasputin, Nostradamus).


Lado luminoso: o Sábio Mediúnico, o Profeta. O caloroso ajudante na vida, o
Mago, um sentimental.
Lado sombrio: o capacho humano, o caótico. O Mago Negro. Fanático, demagogo.

Aspecto feminino de Copas: a Médium (Sibila, Hécate, Circe, Cassandra, a Fada


madrinha.
Lado luminoso: A mulher intuitiva, que realiza curas, espontânea, dedicada, que
se sacrifica, desapegada, inspiradora, imaginativa.
Lado sombrio: a mulher “angelical”, vaidosa, boba, seduzível. A mulher Bruxa, a
Fúria, a fanática, a destrutiva, possuída pela sede de poder.

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SIGNIFICADO DOS ARCANOS MENORES DO TAROT

Significados Tradicionais das Cartas do Tarô Segundo Arthur Edward Waite

Os Arcanos menores, são constituídos por cinquenta e seis cartas divididas


por quatro naipes (copas, paus, espadas, ouros). Representam a vida diária
e o livre arbítrio de cada um perante as situações.

COPAS

ÁS
Começo de nova relação sentimental, acreditar em si próprio, novos
empreendimentos.

Dois
Casamento feliz, sucesso no amor, harmonia, boas noticias, atracção.

Três
Nascimento, reconciliação, festa, abundância, alegria, sensação de alivio,
novas amizades.

Quatro
Insatisfação, inércia, depressão, perda de interesse, amor que falha.

Cinco
Depressão, mágoa, melancolia, dificuldades, atrasos, perdas.

Seis
Nostalgia, presença do passado, encontros, bem estar, prazer.

Sete
Prendas, bem estar passageiro, sonhos, fantasia ilusória.

Oito
Insegurança nos sentimentos, receios, procura de novos horizontes.

Nove
Prosperidade, felicidade, paz, tranquilidade.

Dez
Triunfo, fama, êxito, maturidade, equilíbrio, sucesso.

Pagem/Valete
Jovem apaixonado, inicio de uma relação, comunicação.

Valete/Cavaleiro
Viagem, encontro, novas propostas, manipulação, mentiras.

Rainha/Dama
Mãe, esposa, mulher inteligente, protecção de uma mulher.

Rei

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Sucesso, criatividade, intuitivo, sensível, homem inteligente.

PAUS

ÁS
Possibilidade de nascimento de uma criança, inicio, força, empreendimento.

Dois
Energia, equilíbrio, avaliar as situações, estabilidade.

Três
Novas actividades, originalidade, esperteza, capacidade de realização.

Quatro
Amor correspondido, êxito, paz e felicidade, protecção.

Cinco
Luta, conflitos, cuidado, desafios, manipulação.

Seis
Noticias favoráveis, avanços, promoção, amor retribuído, assuntos
familiares.

Sete
Decisões fortes, coragem, ganhos, autoconfiança.

Oito
Revelação inesperada, rapidez, grande actividade, sedução.

Nove
Período de reflexão, dificuldades que são vencidas, desbloquear situações,
previsão.

Dez
Renovação, excesso de trabalho, opressão.

Pagem/Valete
Novos projectos, amigos, nova fase da vida.

Valete/Cavaleiro
Viagens, noticias, poder de sedução.

Rainha/Dama
Mulher de grande energia, apaixonada pela vida, carinho, sinceridade.

Rei
Homem honesto e maduro, líder, conquista, decisões.

ESPADAS

ÁS

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Lutas conflituosas, vitoria, acção, ambição.

Dois
Poder pessoal, alianças, capacidade de enfrentar situações.

Três
Dor, frieza, rotura, afastamento, separação, frieza nos sentimentos.

Quatro
Descanso do confronto, retirada, isolamento, recuperação lenta.

Cinco
Dificuldades, traições, obstáculos, desentendimentos.

Seis
Viagens, noticias, documentos, triunfo.

Sete
Êxito parcial, falta de resultados, filhos, confiança.

Oito
Indecisão, confusão, criticas desfavoráveis.

Nove
Infelicidade, desespero, doenças, fazer-se de vitima.

Dez
Desolação, ruína, paranóia, fim.

Pagem/Valete
Jovem, traições, desespero, curiosidade.

Valete/Cavaleiro
Noticias rápidas, factor de surpresa, criticas.

Rainha/Dama
Mulher só, rival, dor e sofrimento.

Rei
Homem inteligente racional e com poder de decisão, autoridades.

OUROS

ÁS
Segurança, riqueza, prosperidade, alegria de viver.

Dois
Bem-estar, ganhos financeiros com dificuldades, pequenos atrasos.

Três
Trabalho, conhecimento e capacidade.

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Quatro
Prosperidade material, avareza, recompensas.

Cinco
Dificuldades materiais, perca de emprego.

Seis
Equilíbrio financeiro, prosperidade, triunfo.

Sete
Ganhos inesperados, promoção, aprender de novo.

Oito
Melhorias económicas futuras, aprendizagem, prudência.

Nove
Investimentos, ganhos materiais, empréstimos.

Dez
Riqueza e investimentos, sucesso financeiro.

Pagem/Valete
Jovem responsável, trabalhador, noticias.

Valete/Cavaleiro
Fascinação e envolvimento, negócios.

Rainha/Dama
Poder material, mulher que ajuda, casamento com mulher bem sucedida.

Rei
Homem prático ligado ao dinheiro, tendência ao sucesso financeiro.

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As Cartas da Corte
As Cartas da Corte – Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem (ou Valete) – repetem-se nos
quatros naipes – fogo, água, ar e terra – no total de 16 cartas.

Desde as tradições mais antigas, o rei pode ser considerado o modelo do herói
primordial. Como imagem arquetípica é a representação do homem universal; o
Adam Kadmon dos cabalistas, o Adão terrestre, levando o desenvolvimento da
encarnação ao seu maior potencial. Como Adão, é também metáfora transparente
do pai, do fundador dos povos, do poder gerador.
Num plano iniciático é o que concluiu seu caminho, o guru ou instrutor, e pode ser
relacionado ao Ermitão (IX) dos Arcanos Maiores. Por analogia simbólica tem
relação com o Sol entre os planetas, com Júpiter entre os deuses, com o ouro entre
os metais.
Com sua dignidade simboliza sempre o grau mais elevado de evolução ou grandeza
de uma espécie (como é o caso do leão, rei da selva).
A coroa, seu elemento característico, é símbolo universal de realização, de obra
concluída, de dignidade intransferível, e supõe a culminação da trajectória
individual na procura da identidade.
A astrologia é tão rica em termos psicológicos que é útil estabelecer associações
entre as cartas de figuras e os planetas e signos. Estas associações não são
inflexíveis, mas podem auxiliar as nossas interpretações. Tal como nos Arcanos
Menores, os naipes correspondem aos quatro elementos e aos três signos
astrológicos de cada elemento.
Deixar que a carta lhe fale como se fosse um planeta num signo particular, pode
fortalecer a sua compreensão e intuição simbólica.

No Tarot de Marselha, dois dos reis (de copas e de ouros) são mais velhos e têm
barbas brancas, enquanto que os outros dois são jovens; o de ouros é o único que
não tem coroa, mas sim um chapéu de grandes abas, e cujo trono se encontra ao
ar livre, sobre a terra; o de espadas lembra o protagonista do Carro (VII) pelas luas
crescentes que adornam os seus ombros; o de paus é o único que se encontra de
frente e com as pernas separadas; o de ouros tem as pernas cruzadas, como o
Imperador (IV) dos arcanos maiores; o de copas guarda relações com Júpiter-
Peixes (ou Neptuno) pelo aspecto flutuante de sua vestimenta e pelo simbolismo
aquático da série.

Os Reis

Tradicionalmente, Os Reis representam pessoas mais velhas mas, mais uma vez,
não estão rigorosamente limitados a uma determinada faixa etária. Podem também
representar os pais, pessoas com quem temos relações profissionais e pessoas
maduras para a idade ou que detêm posições de autoridade. Quando a leitura é
feita a um homem, representa-o ou seja, a carta que descreve a sua natureza e a
sua situação particular.
- Se estiverem ao pé de um Ás, e uma vez que o Ás caracteriza o principio e a
realização do mesmo, este principio a que se refere é espiritual e abstracto.

Todos os reis são representantes do elemento fogo em cada naipe, expressando


acção, iniciativa e poder de diversas maneiras.
Os Reis determinam prazos até um ano.
Estão associados ao Sol – luz do dia, que regula tudo o que é masculino, a Júpiter –
o planeta do conhecimento e da expansão, e Saturno – o planeta da idade, da
experiência e da disciplina.

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Rei de Paus
Imagem: rei no seu trono (poder), cujo ceptro é a vara. A
salamandra representa o fogo.

Significados gerais
Sucesso material conquistado através de um trabalho preciso,
equilibrado e executado com firmeza. Vontade forte, grande
capacidade de dominar os outros. Auto-confiança, capacidade de
liderança, optimismo, intolerância, incapacidade de compreender
fraquezas ou desespero.

Mental: certeza de julgamento, clareza nas pesquisas com as coisas


que exigem energia. Decisão.

Anímico: espírito de conquista, empreendedor. Desabrochar de


energia material. Procriação.

Físico: arrojado nos negócios.


Saúde excelente. Carácter mutável, mas generoso.

Interpretações usuais:
Personagem útil às necessidades e projectos do consulente. Pode haver demoras.

É o símbolo do poder adquirido pelo mérito e o trabalho, sendo o emblema da


protecção de pessoas altamente colocadas. Este Arcano diz: "Procura para os teus
empreendimentos um poderoso protector. Se tiveres vontade e fé, tu o
encontrarás; e ele te elevará".

Homem casado ou viúvo. Amigo fiel. Homem do campo, homem bom e severo,
pessoa bem intencionada e honesta. Representa um agricultor, homem
consciencioso e justo que protegerá o consulente. Mas também um magistrado
venal. Processo perdido.

Para uma mulher, casamento com quem ama. Para um homem, o seu rival.

Chegada de um parente. Amigo rigoroso. Poder da vontade, poder da revelação e


poder da acção dinâmica. É alguém enérgico, capaz e digno, todas as qualidades
positivas associadas ao signo de Leão. Trata-se de um líder natural, alguém que
tende a inspirar respeito, mas também apreço e afeição. É o orientador por
excelência.
Sugere que qualidades como a imaginação, a energia e o gosto pela vida vão
surgir na vida do consultante, através de uma introspecção ou de uma pessoa que
vai aparecer na sua vida. É divertido e generoso, com bom sentido de humor. É
um visionário optimista e sob a sua influência a vida raramente é aborrecida – ou
pacífica.

Negativo: má aplicação da energia em assuntos materiais. Embriaguez,


libertinagem por excesso de energia gasta com o prazer.

Como situação
O Rei de Paus indica que os assuntos estão sob controle e têm capacidade e visão.
Em alguns casos, entusiasmo, inspiração e inteligência poderão compensar a falta
de experiência prática.

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Pergunta: COMO ESTÁ A USAR AS SUAS CAPACIDADES DE
LIDERANÇA? ... COMO EXPRESSA O SEU SENTIDO DO EU?

Rei de Ouros
Imagem: um rei sentado no seu trono muito satisfeito com a vida e
cheio de abundância à sua volta.

Significados gerais:
Domínio das construções e realizações materiais, através da ciência
e do conhecimento prático.

Mental: inteligência forte, universal, perspicaz; capacidade de


introspecção em todos os domínios.

Anímico: neutro em assuntos de afeição. Materialização das


esperança, apoio na matéria.

Físico: negócios variados e muitos activos.


Saúde: conflitos devidos aos movimentos do temperamento.

Interpretações usuais:
Personagem sólido como uma rocha. É o tipo de pessoa que podemos procurar em
tempo de crise. Tem grande sentido de lealdade. Sucesso nos negócios ou na vida
profissional. Êxito. Generosidade, coragem, embora não muito virado para a
aventura. Grande capacidade de realização.

Poder da materialização, da realização e poder sobre a matéria. É alguém em


quem se pode confiar, responsável e que dá apoio. Tem uma vida boa e em geral
abastada, e é um símbolo de estabilidade e de segurança. Este Rei tem uma
abordagem prática e estável, é uma imagem de fertilidade e de abundância, mas
precisa de uma boa razão para fazer alguma coisa, não actuando por impulso.

Homem casado ou viúvo, pode representar um pai, um homem de negócios, um


gestor ou um benfeitor. Mas também pode ser estrangeiro e insolente. Difícil nos
negócios, volúvel no amor.

Para uma mulher, representa um homem bem-vindo. Para um homem, um


adversário, louro com as piores intenções para com o consulente.

O pai. Homem leal e poderoso. Ascensão, protecção de um homem muito rico.


Para as mulheres: casamento rico, protecções importantes com boa vontade mas
inoperante.
O Rei de Ouros, indica a energia positiva necessária para ter êxito, tanto em

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assuntos materiais como nos de posição e estatuto. Pode aparecer na vida do
consultante que o estimulará a conseguir mais, ou então o próprio, pode querer
desenvolver essa faceta em si mesmo.

Negativo: extrema desordem, falência. Ausência de escrúpulos, imaginação


orientada para recursos desonestos. Inimigo, traidor. Adversário muito perigoso
por sua hipocrisia. Inimigo, traidor. Adversário muito perigoso por sua hipocrisia.
Pode ser uma pessoa perigosa.

Como Situação
O Rei de Ouros indica que tudo é muito promissor e bem organizado. Seja quem for
o responsável, tem tudo sob controlo e sabe exactamente o que fazer. Esta carta é
um bom augúrio para empreendimentos comerciais de todos os tipos e aponta para
produtividade e lucros.

Pergunta: COMO ESTÁ A USAR A SUA CAPACIDADE PARA GERIR OS


SEUS ASSUNTOS MATERIAIS?

Rei de Espadas
Imagem: um rei sentado no seu trono, empunhando uma espada.
Usa uma coroa amarela: muita energia mental.

Significados gerais:
Homem com inclinação para as actividades intelectuais, mentais,
quando acompanhadas pela reflexão. Indica sucesso.

Mental: Julgamento equilibrado e profundo. Brilho em todos os


domínios. Capacidade de esclarecer e encontrar soluções.

Anímico: Protecção e conforto.

Físico: desperta o que estava adormecido.


Saúde incerta, com risco de desagregações vindas do passado.

Interpretações usuais:
 Funcionário hostil ao consulente. Homem moreno mal-intencionado. Processo
perdido. Homem austero, dominador, justo, honesto, inteligente e racional.
Forte personalidade.

Símbolo do poder da comunicação, da visualização e do planeamento. É alguém


justo e lógico, controlado e rígido, por vezes severo. O seu recurso mais
importante é um espírito aguçado. Representa uma pessoa analítica, eficiente e
com uma inteligência acima da média.

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Falso amigo. Pai ruim. Marido brutal e avarento. Homem académico ou
professor.

Para um homem: rival. Para uma mulher: amante.


Homem de toga, juiz, conselheiro, advogado, médico. (-) desacordos nos
negócios, onde poderá surgir a necessidade de um advogado, de modo a
resolver a situação.
Fortuna na carreira das armas ou na magistratura, inimigos poderosos entre
militares.

Em termos emocionais, o Rei de Espadas, pode representar alguém desligado das


suas necessidades ou sentimentos, alguém que usa o cinismo e uma feroz
independência para evitar intimidade, alguém com fortes convicções e uma moral
rígida que vai entrar na vida do consultante ou que procurará essas qualidades em
si mesmo. Também pode ser alguém insensível ou distante, e manter uma relação
de intimidade com ele poderá ser uma dura batalha. Gosta de exercer o poder, o
comando e o julgamento. Exerce uma profissão em que a palavra é dominante.

Negativo: cólera, grosserias, prazeres baixos.

Como situação
O Rei de Espadas diz-nos que precisamos de uma abordagem racional. As
expectativas têm de ser realistas e é muito importante proteger as suas
necessidades. Tem de pensar com a cabeça em vez de se deixar guiar pelo coração.

Pergunta: COMO ESTÁ A USAR A SUA CAPACIDADE LÓGICA,


RACIONAL E ANALÍTICA PARA RESOLVER AS SITUAÇÕES?... PORQUE NÃO A USA
MAIS?

Rei de Copas
Imagem: um rei sentado no seu trono, homem de poder. Tem uma
taça numa mão e um ceptro na outra. Um colar com um peixe
(criatividade) pendurado ao pescoço. Por detrás do seu trono, um
peixe salta (mente criativa em actividade). O trono está no mar (vida
emocional).

Significados gerais
Renúncia à personalidade voluntária a fim de se abrir ao Universo
com confiança.

Mental: segurança no julgamento.

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 26
Anímico: amor expandido, reconfortante. Sentimento dinâmico.
Protecção psíquica.

Físico: Abundância. Negócios fortes, prosperidade, importância


social.
Saúde conforme o estado psíquico, muita emoção.

Interpretações usuais:
Homem poderoso. Pode haver obstáculos para proteger o consulente.

Poder dos sentimentos, das emoções, do carisma e do magnetismo. É alguém


sonhador, mas com poucas certezas, imaginativo, mas não muito concentrado.
Esta pessoa tende a ser meditativa e sensível, mas tem um lado negativo que é
ter a tendência para se enganar a si próprio. É uma pessoa madura com
experiência da vida e com muito respeito pelo Divino. É um optimista inteligente
que aceita facilmente as novas ideias, que aplica em óptimos negócios.

Homem casado ou viúvo. Feliz. Amigo afectuoso. Pode-se confiar. O chefe. Amigo
fiel. Imaginação criativa, maturidade, sensibilidade, intuição. O seu trono
sobrepõe-se às flutuações (instabilidade) emocionais.

Homem louro, honesto, íntegro e serviçal. Um homem justo e de posição. Amizade


sincera, benevolência de um homem poderoso. Para uma mulher indica casamento
rico e com pessoa de alta posição.
O Rei de Copas é uma mistura curiosa de alguém que quer desesperadamente
envolver-se em relacionamentos e anseia por compromissos íntimos com outros,
mas ao mesmo tempo tem receio de tais desejos. Quando esta carta surge, parece
desafiar o consultante a enfrentar os medos nos relacionamentos e examinar de
boa fé as suas evasivas.

Negativo: abatimento, dificuldade para se desembaraçar, demorar para alcançar


os objectivos. Hostilidade por parte de um homem. Avareza.

Como Situação
Demonstra que as coisas ainda não assumiram a sua forma própria. Os pormenores
estão pouco claros ou desordenados. Os sonhos e os planos podem ser sedutores,
mas revelarem-se de pouca substância.

Pergunta: QUE SENTIMENTOS ESTÁ A MANTER SOB CONTROLE?

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 27
As Rainhas

As rainhas simbolizam geralmente as mulheres das nossas vidas, no entanto esta


interpretação não é infalível. O mais importante é perceber o tipo de pessoa que
cada uma descreve e o papel que essa pessoa desempenha, antes de assumirmos
que se trata de uma mulher. As Rainhas podem ser de qualquer idade, e também
podem representar pais ou autoridades.

Num primeiro nível, a dama é claramente a Mãe, mas a importância deste papel
varia segundo seja considerada em relação a cada uma das outras três figuras,
masculinas em sua totalidade. Para realizar este ternário em si mesma, é evidente
que deve ser filha do rei, esposa do cavaleiro e mãe do valete, mas as variáveis
interpretativas são múltiplas e não excluem situações “menos respeitáveis”, por
exemplo o papel de amante.

Seja como for, é evidente que corresponde a todo simbolismo do feminino e que
reúne — num plano mais modesto — a significação dos arcanos maiores 2. A
Papisa, 3. A Imperatriz, 8. A Justiça, 11. A Força e 18. A Lua.

No plano iniciático representa as diversas etapas da via húmida e, por analogia,


associa-se à Lua, a Vénus e à prata.
É a Eva paradisíaca, mas também a Lilith das tradições talmúdicas, e a Ísis dos
mistérios.
Todas as rainhas são representantes do elemento água em cada naipe,
demonstrando a força das emoções e sentimentos, diversas formas de afecto,
amorosidade e expressões do feminino.
Determinam prazo até um ano.

- Se ao pé de um Ás, o principio a que se refere é de enriquecimento e


transformação fecundante.
Associadas a Vénus, - planeta do amor, do prazer e do relacionamento, e à Lua, - a
senhora da noite, que regula tudo o que é feminino e, às emoções.

Rainha de Paus
Imagem: mulher sentada no seu trono dá uma imagem calma com
flores na cabeça. O gato preto defende-a das agressões da vida.

Significados gerais
Princípio feminino e maternal. Fecundidade ou virgindade. Atracção e
protecção. Simbolismo lunar; água, mar. Realização de algum
projecto, apreciação quente e apaixonada da vida. Pessoa sincera,
honesta e de confiança que vive a vida de uma forma enérgica e
alegre. Capacidade para o negócio.

Mental: Confiança absoluta nos empreendimentos.

Anímico: protecção contra discórdias e desunião. Faz renascer a


confiança.

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Físico: grande energia interna, preservação nos negócios e na
saúde.

Interpretações usuais:
Mulher do campo, honesta, virtuosa e serviçal. Receptividade, temperança,
sabedoria. Mãe, esposa, namorada. Grandes danos devidos a inimiga loura. Mulher
estranha, insípida, ciumenta. Tem valor variável, com tendência negativa.

Expressa o afecto de uma maneira mais intensa e assertiva, com muita firmeza, às
vezes até de uma maneira dura. É alguém com capacidades, com recursos, forte e
digno. É o centro do seu próprio universo e pode representar o elemento
preponderante numa família.

É um líder natural, com excelentes capacidades de organização. Esta é aquela


pessoa que pode ter dificuldades em delegar, pois acredita que ninguém faz as
coisas tão bem como ela. No máximo do seu poder pode ter capacidades
psíquicas.

Mulher apaixonada. Relações com uma mulher pouco virtuosa.

A amiga. Viúva, divorciada. Busca de novo parceiro.

Ao lado de uma figura masculina, denota fidelidade a pessoa representada por
esta figura. Junto a outra senhora, representa alguém que se interessa pela
pessoa que consulta. Símbolo de um nascimento em posição elevada ou da
protecção de uma senhora da alta sociedade. Este Arcano diz: "O seu futuro
depende do poder de uma mulher; se você souber procurá-la, por intermédio dela,
chegará ao poder."

Negativo: abatimento, confusão, vulgaridade; dificuldade para se livrar dos


obstáculos. Mulher influente, falsa e caluniadora

A Rainha de Paus simboliza o desenvolvimento de qualidades como a lealdade, a


firmeza, a diligência e o talento criador, no próprio consultante ou em alguém que
vai entrar na vida deste. Pode representar uma pessoa cheia de cordialidade e
compaixão, mas forte, independente e positiva. Ama e ocupa-se essencialmente do
seu lar. Detesta ser posta em cheque. É uma boa amiga e generosa e uma temível
inimiga.

Como situação
A Rainha de Paus simboliza assuntos que estão bem controlados, pois alguém tem
uma ideia correcta do cenário geral.

Pergunta: COMO ESTÁ A EXPRIMIR AS SUAS ENERGIAS CRIATIVAS?

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Rainha de Ouros
Imagem: uma mão que segura um disco (ou moeda) de ouro, um
pentáculo.

Significados gerais
O trabalho intuitivo que deve preceder qualquer construção,
qualquer troca, a fim de que sejam realizadas do melhor modo
possível. o ouro representa o Sol, o pentáculo estrela de cinco
pontos é protector.

Mental: Certeza de sucesso nas pesquisas, principalmente nos


assuntos práticos e estruturais.

Anímico: conforto, afeição sólida, poderosa, radiante.

Físico: Saúde boa; no caso de doença, certeza de recuperação.


Negócios bem equilibrados, conduzidos de modo prático e racional.

Interpretações usuais:
Boa mulher que ama o consulente e que está satisfeita com ele. Desconfiar de
uma amiga morena.

Expressão de afecto através do cuidado de uma maneira prática e concreta. É


alguém que está confortável, à vontade no meio ambiente e desfrutando das
coisas boas da vida na terra da plenitude.

Mulher casada ou viúva. Amiga fiel, Amante.


Para uma mulher: rival; para um homem: casamento.

Chegada de uma mulher da família com quem não se vive. Uma mulher se opõe.

A mãe. Honrada e amorosa; super protectora e superficial.

Opulência, riqueza, luxo, segurança, liberdade.


Significa, para um homem, casamento rico e feliz, fortuna pela protecção de
senhoras influentes.

É estável, protectora, construtiva e apreciadora. (fortes semelhanças com a


Imperatriz). Generosa e atenta às necessidades dos outros, é uma organizadora
por natureza. É sensível e sensual, mantendo-se nos limites do respeito.
A Rainha de Ouros sugere que o consultante vai conhecer uma pessoa com as
qualidades da terra, ou que precisa de dar atenção às exigências materiais
interiores. Também pode significar que o consultante precise de um tratamento
físico ou talvez um alerta para assuntos de saúde, alimentação e exercício.

Negativo: embaraços, confusão, dificuldades para se livrar de situações difíceis.

Como situação
A Rainha indica que as rosas do jardim não têm espinhos. Simboliza grande
estabilidade, quer em termos financeiros quer emocionais, ou que essa maior
segurança está próxima e as condições serão melhores.

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Pergunta: QUE NOVAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO, DE
DINHEIRO E DE SAÚDE SURGIRÃO?... DE QUE FORMA PODE USAR ESTA DÁVIDA
RECENTE?

Rainha de Espadas
Imagem: rainha no seu trono, sentada não de frente mas de lado.
Ela está acima das nuvens. Um pássaro voa alto (símbolo de pureza)

Significados gerais
Escutar a intuição antes de agir; despertar através da concentração
experiências sobre as questões que devem ser enfrentadas. Pessoa
que já passou pela experiência da dor e da mágoa e por isso ganhou
sabedoria. Usou a espada do seu intelecto para se libertar da dor, da
confusão, da dúvida e do medo. Aceitando a dor ela encontrou a
sabedoria. Coragem.

Mental: julgamento baseado na intuição.

Anímico: protecção dos sentimentos pela percepção íntima de suas


possíveis consequências.

Físico: Físico: sem muita acção no plano material; sua força está
mais no planeamento que na acção. No caso da saúde, pode indicar
médicos ou remédios pouco eficazes.

Interpretações usuais:
Viúva triste e atormentada. Morena. Divorciada. Deseja um novo parceiro.

O afecto aparece através do desapego e sentimento de liberdade, como um águia


que induz seus filhotes ao voo, quando estão prontos.

É alguém com um carácter duro e independente, uma pessoa disposta a enfrentar


dificuldades e a lutar por aquilo que quer. Pobreza, privação, falta.

É justa, sensata, lógica e prática. É uma carta de independência e de liberalização.


Simboliza as acções secretas e a sequência de ideias. Alguém que sabe o que
significa estar sozinho e enfrentar a adversidade.

Mulher triste e embaraçada nos seus negócios. Se for uma moça que consulta,
será traída por aquele a quem ama. Grandes lutas por causa de mulheres, ódios
femininos, perigos por ciúmes de mulheres.

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Tradicionalmente esta rainha é uma viúva mas também pode representar alguém
divorciado, separado ou que está sozinho há muito tempo e que não se envolve
facilmente com outras pessoas. Indica que o consultante pode precisar de aprender
a suportar as dificuldades sem se queixar e adquirir força através do conhecimento
e da experiência. A ansiedade deve ser controlada com paciência e coragem, até
que as circunstâncias sejam mais favoráveis.

Negativo: injustiças, calúnias. Mulher má, ciumenta e rancorosa. Desfavorável.


Caluniadora. Causa danos.

Como situação
A Rainha de Espadas pode indicar uma severa oposição e negociações árduas. Os
resultados não surgirão facilmente e talvez seja preciso protestar contra regras
rígidas ou atravessar um qualquer muro de betão difícil de transpor. Os assuntos
serão tratados com justiça, mas exactamente como manda a lei, sem espaço para
sentimentos pessoais.

Pergunta: COMO ESTÁ A USAR AS SUAS CAPACIDADES MENTAIS E


DE COMUNICAÇÃO?... COMO USA O QUE JÁ APRENDEU NO PASSADO PARA
ULTRAPASSAR NOVAS EXPERIÊNCIAS DE DOR E SOFRIMENTO?

Rainha de Copas
Imagem: uma rainha com uma taça na mão muito trabalhada,
muito criativa. Tem um peça em terra e outra na água.

Significados gerais
Sentimentos de altruísmo que o ser humano tem no fundo de si, mas
que só pode manifestar através do esforço quotidiano de dedicação e
afeição. Criatividade, abundância e acção sentimental, realização das
suas esperanças. O amor dá significado às suas acções. Equilíbrio
nas emoções.

Mental: transcendência. Relação com forças universais, com


grandes inteligências.

Anímico: amor universal, o altruísmo superior.

Físico: Físico: domínio, sucesso. Assunto sentimental que se realiza


plenamente. Saúde perfeita.

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Interpretações usuais:
Mulher virtuosa de quem se podem esperar favores. Casamento rico e feliz para
um homem. Em geral indica amizade de senhoras de posição.

É empática, criativa, idealista e, possivelmente ingénua. Compaixão, empatia,


capacidade de perdoar e acolhimento. Trata-se de alguém de natureza romântica,
com grandes sonhos e imaginação fértil. É alguém que se está a apaixonar, com
um brilho nos olhos e envolto nas maravilhas de um mundo mágico. Terna, gentil,
sensível e intuitiva.

Mulher serviçal. Amiga afectuosa. A irmã. Presságios em geral alegres. Mulher


desejável. Amizade com uma mulher. Renitente ao matrimónio. Amorosa e
tranquila.

A Rainha de Copas, sugere um tempo para reflexão e contemplação interiores.


Pode representar uma pessoa que vai entrar na vida do consultante possuidora de
poder introspectivo e constituindo um exemplo para ele, ou pode significar que
esta é a altura para desenvolver essas qualidades dentro de si próprio.
Se estiver junto de cartas difíceis, pode representar alguém sem noção da
realidade, ou cujos sonhos nunca passarão de castelos no ar. Pode haver a
necessidade de separar a realidade da fantasia.

Negativo: obscurecimento, alucinação. Necessidade de ajuda (do Valete ou do


Cavaleiro de Espadas); esperanças retardadas. Rival das mulheres e amante dos
homens.

Como situação
A Rainha de Copas anuncia ideias frutuosas, mas não muito viáveis. É necessário
que sejam confrontadas com a realidade, pois sejam projectos ou um
relacionamento, poderão não ser concretizáveis.

Pergunta: COMO É QUE ESTÁ A LIDAR OU A EXPRESSAR O SEU


INCONSCIENTE OU A EXPRIMIR AS SUAS EMOÇÕES?

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Os Cavaleiros ou Valetes (ou Princesas)

A figura do cavaleiro é talvez a mais rica quanto às possibilidades de especulação


histórica, visto que responde a um simbolismo concretamente relacionado ao ritual
das ordens de cavalaria. Neste sentido é interessante observar a coincidência entre
o período de formação do Tarot e a existência histórica e lendária da Ordem dos
Templários, fundada sob os muros de Jerusalém em 1118, e aniquilada pela aliança
de Clemente V e Filipe, o Formoso, entre 1307 e 1314.

O carácter esotérico dos Templários, seu ritualismo, seus contactos comprovados


com os sobreviventes orientais da gnosis alexandrina, e seu fim espectacular
devem ter influído na visão totalizadora que Les imagiers du Moyen Age projetaram
sobre o Tarot.

Num sentido mais geral, pode-se dizer que o simbolismo do cavalo está sempre
relacionado ao papel de intermediário entre o mundo inferior ou terrestre e o logos
ou espírito que prevalece sobre a matéria, representado pelo cavaleiro. Esta figura
encontrará sua explicitação nos arcanos maiores 6. Os Enamorados e 7. O Carro e,
no aspecto iniciático, corresponde ao período dos trabalhos e dos esforços
concretos para a realização. Psicologicamente, refere-se aos estados intermediários
ou de transmutação, presentes também na fase transformadora da Grande Obra
alquímica.

Os Cavaleiros representam jovens adultos. Normalmente os Cavaleiros, tendem a


representar alguém aproximadamente da idade do cliente, ou estão relacionados
com colegas e amigos que podem ser mais velhos ou mais novos.
Todos os cavaleiros são a essência do elemento ar em cada naipe, representando
liberdade, movimento, independência, coragem, comunicação e disponibilidade.
Se ao pé de um Ás, o principio que representa é o estado intermédio, o
mensageiro.

Associados a Marte, - planeta da guerra, da acção e da energia.


Determina prazo de meses.

Nota: Os cavaleiros do tarot podem representar homens, mulheres, profissões,


ambientes, estado de espírito e outras eventuais interpretações. Cabe ao “tarólogo”
conhecer e intuir a variedade de significados, e fazer uso além do material
apresentado.

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Cavaleiro de Paus
Imagem: cavaleiro exaltado no seu cavalo que vai a galope.

Significados gerais
Dinamismo unificador, poder de actuar. Transmissor de vida e
actividade. Os factos imediatos e transformadores, clima e
disposição dos acontecimentos. Incubação de energias materiais e
de acção colocadas à disposição do ser humano. Impaciência.
Movimento. Executivo, filho mais velho, namorado.

Mental: actividade inteligente e intuitiva na matéria, acção e


realizações felizes.

Anímico: amizades, afectos, associações. Actividade protectora.

Físico: realização harmoniosa. Sucesso em negócios.


Saúde: restabelecimento, renovação de vida.

Interpretações usuais:
Partida. Uma viagem. Avanço para o desconhecido. Arrojo. Mudança de residência.
O protector. É uma figura cativante e glamourosa, que vai em busca de seus
desejos a qualquer custo, por vezes encarna o espírito arrogante, porém heróico.

Gosta do desconhecido e tem tendência a convencer outras pessoas do que


acredita, mesmo quando suas crenças são frívolas ou imaturas. Para este
cavaleiro, a rotina pode ser perturbadora, pois gosta de desafios e de novas
aventuras.

Partida, mudança, fuga, dissensão, separação, abandono. Indicador dos altos


empregos secundários, da luta para conquistar uma posição, do poder adquirido
pelas lutas. Este Arcano diz: “Age e trabalha; o futuro é um campo que é preciso
cultivar. Tanto no bem como no mal, todo trabalho produz frutos.”

Personifica a vivacidade, e algumas características positivas deste arcano são a


ousadia, o dinamismo, o optimismo e o carisma. O poder de sedução, a vaidade e
sua disposição temperamental, bem como sua agradável presença, podem ser
encarados como bons ou ruins, de acordo com o propósito do momento.

Pode aparecer em tiragens como alguém bastante entusiasmado e de bem com a


vida, embora não seja de todo confiável, por viver mais direccionado para o
momento. Gosta de chamar atenção para si e levar a vida como uma grande
aventura. É do tipo que toma iniciativas e usa a imaginação e a intuição ao seu
favor, que devem ser consideradas por visões mais realistas que a sua. Conquistar
é seu forte, desde que não se comprometa com nada nem ninguém, e possa
preservar seu egocentrismo. Tem boa disposição para viajar, sem que haja data
marcada para o regresso, o espírito liberto é vital para suas jornadas.

Negativo: atrasos, resistências. Perigo de traições. Discórdia. Interrupção.


Mudança inesperada. Desentendimento. Rompimento de relações pessoais.
Descontinuidade. A liberdade em perigo.

Como situação
O Cavaleiro de Paus indica desafios, oportunidades de educação, novos
empreendimentos ou acontecimentos repentinos. Seja qual for a força motriz, há
aqui a sensação de um ímpeto forte.

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Pergunta: QUE ASSUNTO INSISTE EM CONTINUAR?

Cavaleiro de Ouros
Imagem: cavaleiro estático no seu cavalo.

Significados gerais
Condução calma das energias práticas e mentais para construir uma
obra sólida e durável. Responsável, trabalhador, alguém que não se
lamenta. Ao se ter dedicado exclusivamente a tarefas práticas,
desligou-se das questões mais profundas. Necessidade de
transformação de valores de matéria.

Mental: inteligência para construir na matéria; resolução de


problemas geométricos e arquitectónicos.

Anímico: sentimentos afectivos, calmos, estáveis, progressivos.

Físico: orientação para resolver problemas nos negócios e nos


empreendimentos. Saúde boa. Cura assegurada.

Interpretações usuais:
Pessoa amadurecida e responsável. Digna de confiança. Metódica, paciente.
Persistente, tem capacidade de levar uma tarefa a bom termo. Organizada, capaz,
digna de confiança. O marido. Namorado.

Estagnação, descuido, inércia. Falta de determinação ou de orientação.


Mentalidade tacanha. Limitado por opiniões dogmáticas. Preguiça.

Chegada inesperada, visita, vantagem, ganho, lucro, interesse, paz, tranquilidade.


Êxito, porém com grandes lutas, conquista de fortuna, apesar de todos os
obstáculos. Paz e tranquilidade final.

Não assume a expressão do herói que vai à luta, tampouco se mostra com
glamour, suas características estão ligadas à solidez, típico de quem não arrisca no
desconhecido e é mais voltado para coisas metódicas. Tem facilidade de enfrentar a
mesmice do quotidiano, que pode ser encarada como boa ou má, de acordo com os
interesses em questão. O trabalho diligente é seu ponto forte, fá-lo bem e de bom
grado.

Os factores positivos deste arcano são a responsabilidade ao assumir qualquer


compromisso, a cautela, o zelo, a humildade e o carácter incorruptível. A falta de
ambição e a relutância de envolvimentos com assuntos e pessoas que não são da

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sua mesma natureza ou de seu interesse, podem aparentar falta de paixão,
mostrando-se um tanto relaxado.

Pode aparecer em tiragens como alguém que ainda não se estabeleceu na vida, ou
uma pessoa que não tem curso superior, no entanto, sabe dominar os assuntos e
as tarefas que assume com muita sabedoria. O realismo do Cavaleiro de Ouros tem
um sentido muito peculiar: o de não arriscar para não perder, correndo o risco de
não sair do lugar e jamais crescer dentro de uma profissão, financeiramente ou
mesmo em seus relacionamentos. Sente prazer quando está no campo, em meio à
natureza e aos animais. A sensualidade também está presente em suas aparições.

Negativo: impedimentos na acção. Embusteiro.

Como situação
O Cavaleiro de Ouros significa geralmente que acabará por haver um resultado final
positivo numa situação que se vem desenvolvendo há algum tempo, mesmo que
esta se tenha vinda a arrastar e a ameaçar desembocar num beco sem saída. Com
esta carta, os resultados não costumam ser rápidos, mas quando chegam, vêm
para durar e vale a pena esperar.

Pergunta: QUEM É ESTÁVEL E DE CONFIANÇA PARA SI?

Cavaleiro de Espadas
Imagem: um cavaleiro que corta o vento com uma espada na mão.

Significados gerais
Comando rápido; prontidão diante de acontecimentos inesperados e
dos imprevistos do destino. Alguém que vai ao encontro dos
problemas, embora não faça tudo aquilo que diz capaz de fazer.
Tenta superar as dificuldades. Mensagens, deslocações.

Mental: clareza nos projectos, solução dos imprevistos, percepção


dos múltiplos aspectos envolvidos numa situação ou projecto.

Anímico: intercâmbio, contribuições rápidas e vibrantes.

Físico: realização imprevista, que nada deixa antever.

Interpretações usuais:
Bravura, perícia. Força e ímpeto de um homem jovem. Acção heróica. Investida
impetuosa para o desconhecido, sem temor. Mostra-se como um guerreiro hábil,
corajoso, impetuoso e que não foge à luta, e pode ser visto como um herói “que

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 37
compra a briga” de terceiros. Tem grande capacidade de encontrar soluções
racionais, embora esteja inclinado a entrar em conflitos. É de seu feitio fazer
mudanças por onde passa, liberando a energia mental que acumula facilmente,
pois sua mente sente necessidade de trabalhar activamente.

Pode aparecer em tiragens como um indivíduo de carácter tempestuoso, que faz


alardes antes de agir.

Ataque, agressão, crítica, sátira, zombaria, calúnia, difamação, oposição,


resistência. Perigo pelo fogo ou por inimigos ocultos, lutas com pessoas de
posição. Aptidão para a carreira militar, porém perigo de morte nesta profissão.

A sua disposição é agressiva, e tem como características positivas o senso prático,


a perspicácia, a objectividade, saber contornar imprevistos com facilidade e brigar
pelo que acredita. Revela-se com suas aspirações calculistas e sua capacidade de
abstracção, que podem ser consideradas factores que ajudam ou atrapalham,
dependendo da ocasião e proposta a ser seguida.

A atmosfera diplomática que envolve este cavaleiro não dura muito tempo, devido
a sua vontade de concretizar com rapidez, a mesma com que pensa e a que
predomina em suas acções, o que pode acarretar precipitação. Há sempre em
questão a escolha entre avançar ou recuar na hora certa, tácticas indispensáveis
para fazer uso da inteligência esquemática. Seus âmbitos de conquistas não são
necessariamente afectivos, podendo direccionar para qualquer sector da vida.

Negativo: Antagonismo. Guerra. Embaraços, aborrecimentos, reviravoltas nos


negócios e empreendimentos. O inimigo. Notícia destorcida. Más notícias.
Incapacidade, imprudência.

Como situação
O Cavaleiro de Espadas significa acontecimentos repentinos ou totalmente
inesperados. Existe o risco das coisas degenerarem para o caos a não ser que
alguém assuma o controlo

Pergunta: PORQUÊ TANTA PRESSA? PORQUE NÃO FAZ TUDO O QUE


ESTÁ AO SEU ALCANCE?

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Cavaleiro de Copas
Imagem: cavaleiro que caminha lentamente contemplando a sua
taça.

Significados gerais
O elemento sensível e afectivo do ser humano, capaz de impulso
generoso e de devoção. O sonhador, o trovador, pessoa que vive no
mundo das emoções (taças).

Mental: ideias fecundas, inspiração, intuições espontâneas, dom de


pressentir.

Anímico: florescimento de dons artísticos. Ânimo para a realização


dos ideais.

Físico: casamentos felizes, bem combinados. Óptima saúde.

Interpretações usuais:
Convite ou uma oportunidade em breve. Boa notícia. Chegada, aproximação,
progresso. Atracção, estímulo. Encanto, sedução. O filho. Alegre e vivaz. Encarna
a imagem da beleza dos sentimentos e dos nobres ideais.
A sua atmosfera pode ser sentida através do êxtase espiritual que não exclui a
sexualidade da essência romântica.

Chegada, acolhimento, viagem, proposta, convite, aproximação.


Apresenta-se como uma pessoa apaixonada por alguém ou por algum ideal,
disposta a viver intensamente seus sentimentos, pois acredita que entrega ao outro
o melhor de si, e tudo que se presta a fazer é com muito ardor.

Personifica as boas intenções, bem como os ambientes fartos de harmonia, de bons


princípios e de calor humano. Os factores positivos deste arcano são a rectidão de
carácter, a afectividade verdadeira, a fidelidade que acredita ter em tudo que se
propõe e a diplomacia. A paixão arrebatadora, a entrega total dos sentimentos e o
eterno estado de êxtase, podem ser considerados positivos ou negativos, de acordo
como é percebida a sensibilidade em cada momento.

Pode aparecer em tiragens como um indivíduo amoroso, apaixonado, de bem com a


vida e com grande coração. Sua presença faz lembrar o namorado, o amante, o
amigo sincero com quem se pode contar, ou mesmo o amor à moda antiga, do tipo
que faz belas serenatas para encantar a mulher desejada. É bastante envolvente,
no entanto, se deixa seduzir com facilidade, que indica perigo por enxergar a vida
através do coração. A educação, delicadeza e a gentileza são distintivos ímpares
deste cavaleiro.

Negativo: Atrasos e embaraços. Armadilha, falsidade. Fraude. Pessoa hipócrita e


astuta. Escândalo, ciúme e rejeição. Pessoa ciumento e que se sente rejeitada.
Rivalidade no amor, lutas por causa de uma mulher; casamento atrasado, adultério
perigoso.

Como situação
O Cavaleiro de Copas pode representar todos os tipos de propostas, desde uma
oferta de negócios até ideias e planos particularmente atraentes para si. Se esta
carta aparecer conjuntamente com outras que surgiram dificuldades, então as
ofertas têm de ser analisadas mais minuciosamente.

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Pergunta: QUE SONHO, VISÃO OU IDEAL ESTÁ A SEGUIR?

Os Pagens (ou Principes)

O seu simbolismo básico é o de filho, num sentido estático, e de mensageiro ou


peregrino, num sentido dinâmico. É o que soluciona os conflitos emanados das
outras três figuras e, por contraposição, o grau inicial da via iniciática. Nesta
acepção – e também por sua riqueza potencial – relaciona-se aos arcanos maiores
1. O Mago, 12. O Pendurado e 22. O Louco.

O Pajem, como o próprio nome sugere, pode ser entendido como o ajudante,
aquele que presta serviços pessoais. Esse nome vem do francês valet (séc. XII:
vaslet, varlet), e significa "jovem proveniente de uma casa da nobreza, ainda não
armado cavaleiro, que executava vários trabalhos, geralmente funções de pajem ou
de escudeiro a serviço de um senhor". [1260, Dicionário Houaiss].

Todos os pagens são a essência do elemento terra reflectido em cada naipe,


representando esforço, trabalho, dedicação, confiança, praticidade.

Determinam prazos de semanas.

Se ao pé de um Ás é o realizador do principio, é o que pode e vai concretizar.

Associados a Mercúrio – planeta da juventude, das ideias e da comunicação.

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Pagem de Paus
Imagem: um pagem que contempla a sua vara.

Significados gerais
Fruto, produto, acabamento. Mensageiro, ajudante, servidor. Ofertas
e oportunidades que vêm de fora. Coisas em potencial, ainda sem
força suficiente para se concretizar. Filho mais novo, o jovem, o
dependente.
Fermentação das energias materiais de que o ser humano dispõe e
que sempre o incentivam a agir.

Mental: coisas levadas ao ponto de realização, prontas para serem


utilizadas. Planeamento de algo que dará certo.

Anímico: união próxima que prepara sua manifestação, sua


realização física.

Físico: actividade próxima. Saúde recuperada. Encaminhamento de um negócio


que está sendo preparado e passará do projecto à concretização.

Interpretações usuais:
Começo de projectos ou uma nova fase de vida. Casamento. (-) oposição dos pais
à esperada união.

Amante. Filho fiel. Amigo favorável. O parente.

Tentativa de unir. (-) intenção de desunir.

É o enviado, o empregado; comunicação, aviso, advertência. Um namorado, um


jovem que procura uma moça. Ao lado de uma senhora, anuncia êxito. Ao lado de
uma figura masculina, indica que alguém falará por ele. (-): obstáculo e oposição
dos pais do moço ao casamento.

Trabalho com determinação e esforço para que sua vontade seja realizada. É
alguém confiante e de muitos recursos. Lembro que os paus estão associados ao
elemento de fogo, e é por isso que este valete tem características particularmente
fogosas, - enérgico, criativo e positivo. Este tipo de personalidade tende a possuir
calor e entusiasmo, por isso é alguém naturalmente popular, espontâneo e
pioneiro, que sabe como motivar e inspirar as outras pessoas.

Normalmente o valete de paus representa o despontar de ideias novas, muitas


vezes de natureza artística ou criadora. São acompanhadas por um entusiasmo e
uma fé crescente, necessárias para as ideias chegarem à maturidade. Qualquer
coisa jovem e pequena precisa de muita assistência nos primeiros tempos para
atingir o potencial máximo. Trata-se de alguém que poderá entrar na sua vida para
lhe ensinar alguma coisa. É aventureiro e pode mesmo ser estrangeiro, ou terá
relações com o estrangeiro.
Se o Valete estiver mal colocado, pode referir-se a alguém demasiado impulsivo,
inquieto ou com tendência para não acabar o que começa.

Negativo: atraso, confusão em projectos recentes. Fracasso, prisão, desgraça. O


mesmo, embora atenuado. É o símbolo da ruína por empreendimentos infrutíferos e
combinações erróneas. Profissões inferiores. Mau emprego das faculdades. Este
Arcano diz: “Seus trabalhos são infrutíferos; jamais colherá os frutos e a miséria o
alcançará, se não abandona os seus vãos projectos. Desconfia dos interesses
egoístas e das paixões dos que o rodeiam, se não quiser cair na servidão”.

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Como situação
O pagem de paus pode significar planos para umas férias ou para novos projectos
que requerem visão e talentos criativos. Também pode anunciar a chegada de
notícias do estrangeiro, tal como uma oferta de emprego noutro país ou notícias de
alguém que vive longe.

Pergunta: PORQUE ESTÁ ENTUSIASMADO? QUEMÉ O ENTUSIASTA


ACERCA DOS SEUS EMPENHOS?

Pagem de Ouros
Imagem: um homem novo fascinado com um pentáculo.

Significados gerais
Anúncio de realizações dos projectos, concebidos em harmonia com
o Alto e o baixo. Avaliação dos recursos disponíveis para a execução
dos projectos. pessoa fascinada pela matéria. Estudante perdido no
meio dos seus estudos. Alguém que inicia uma nova actividade, na
qual está muito envolvido e fascinado.

Mental: inteligência realizadora, escolha acertada dos meios


necessários a um empreendimento.

Anímico: escolha dos meios para realizar os objectivos.

Físico: equilíbrio nos negócios e na saúde.

Interpretações usuais:
O Pagem de Ouros é um bom augúrio para as ideias de ganhar dinheiro; também
pode indicar a necessidade de uma mudança de carreira. O irmão. Fortuna.
Também pode ser um jovem estrangeiro, interesseiro e adulador. Nenhuma ajuda.

Homem serviçal. É alguém atento e cuidadoso, tem características particularmente


terrenas – inspira confiança, é habilidoso, está em contacto com o mundo material
e consciente do valor do dinheiro.

Moço louro, mensagem, notícia, trabalho, ocupações, generosidade, aplicação.


Actividade nas ocupações profissionais e notícias favoráveis sobre assuntos
monetários. Dedicado, confiável, esforço para realizar ou concretizar algo.

Representa novos começos que, mesmo pequenos, são significativos e devem ser
levados a sério para que a semente possa germinar. Pode sugerir que os hobbies

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podem evoluir e transformar-se numa forma de rendimento, ou que é a altura de
iniciar uma carreira que parece prometedora apesar de começar no primeiro degrau
da escada.

Negativo: falta de conexão, acção improdutiva. Inconsequência. Mensageiro de


más notícias. Guerreiro perigoso. Perverso.

Como Situação
O Pagem de Ouros pode descrever o início de um projecto ou empreendimento. A
carta é de bom augúrio para qualquer tipo de ideia para ganhar dinheiro.
Normalmente aparece a alguém que caiu numa rotina e que precisa fazer uma
mudança de carreira, principalmente quando se trata de encontrar a sua verdadeira
vocação.

Pergunta: QUE NOVAS POSSIBILIDADES POSSUI DENTRO DE SI?

Pagem de Espadas
Imagem: fundo cheio de nuvens. Homem novo de espada em
punho parece lutar contra o mundo à sua volta.

Significados gerais
Elaboração mental do ser humano quando se dispõe a agir. Reunião
das informações necessárias para o planeamento de acções futuras.
Alguém que vai ao encontro dos problemas, embora não faça tudo
aquilo que diz capaz de fazer. Tenta superar as dificuldades.

Mental: acontecimentos em marcha, que estão próximos.

Anímico: isenção e impessoalidade.

Físico: distanciamento das questões materiais.

Interpretações usuais:
Homem jovem e moreno; tirste e negativo. Pode trair. Espião, vigilante,
observador; traição, cálculo, exame. Perigo de morte pública, grande perigo por
inimigos ocultos e mesquinhos.

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Trabalho para se tornar mais independente ou esforço para se libertar de algo que
o prende como, por exemplo, uma dívida. É alguém alerta e astuto, mas de certa
forma sem sentimento. As espadas estão relacionadas com o elemento ar e este
valete tem características vincadamente aéreas, - brilhante, rápido e cheio de vida.

Mas existe a tendência de deixar a cabeça dominar o coração e precisam de


aprender a empatia, a consideração e as consequências emocionais dos seus actos.
O pagem de espadas representa frequentemente um carácter enganador, alguém
que gosta de intrigas e de arranjar problemas, seja de propósito ou por
inconsciência. É alguém que não se liga ou relaciona facilmente com os outros e
tende a suscitar antipatia ou suspeita. Está associado a alguém ou algo em fase
embrionária.

Os pagens sugerem primeiros passos, e o valete de espadas representa o potencial


no campo do pensamento. Positivamente, indica um pensador claro e original e,
negativamente, um bisbilhoteiro, ou alguém que espalha boatos.

Negativo: obstruções, impotência, incapacidade de organizar os pensamentos.


Moço avarento, cruel e orgulhoso. Traidor. O credor. Também pode significar uma
viagem fracassada.

Como situação
O pagem de espadas pode descrever coisas feitas à pressa. Alguma coisa tem de
ser pesada mais cuidadosamente antes de se passar à acção ou ao ataque. Poderá
vencer uma batalha mas perder a guerra e é importante pensar qual é o resultado
final que se pretende. Há grande risco de impaciência, de tomar decisões
precipitadas, de fazer as coisas pelas razões erradas ou de não querer ver qual é a
sua motivação real.

Pergunta: PORQUÊ TANTA PRESSA? PORQUE NÃO FAZ TUDO O


QUE ESTÁ AO SEU ALCANCE?

Pagem de Copas
Imagem: pagem alegre que contempla uma taça com um peixe.

Significados gerais
Recurso espiritual, feliz, que alcança o ser humano quando sua
evolução psíquica é acompanhada pela oferenda da alma. Estudos,
meditação, contemplação de uma nova postura.

Mental: conforto nos pensamentos espirituais, nos projectos.


Extinção da dúvida.

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Anímico: reconforto nas esperanças, reanimação. Chegada de apoio
afectivo.

Físico: desligamento de casos sentimentais, libertação da tristeza.


Saúde: esperança de cura de uma doença grave.

Interpretações usuais:
Homem jovem ou uniformizado procura ser útil. Inconvenientes, para que esta
ajuda se concretize. Apaixonado. Início de uma relação.

Se o consyulente for homem sugere um jovem de bons sentimentos. Caso seja
uma mulher, pode ser o seu pretendente. Alegria, surpresa.
É alguém sensível, romântico ou artístico. As copas estão relacionadas com o
elemento água, uma associação intensamente ilustrada nesta carta, pois o oceano
e o peixe transportam-nos directamente ao simbolismo de Peixes.

Representa um rapaz louro e esperto. Denota estudo, trabalho, reflexão,


observação; jovem serviçal ou militar que deve aparecer dentro de poucos dias e
que estará muito relacionado ao consulente. (-) amores infelizes, traição por falsos
amigos, grandes contrariedades nas afeições, casamento infeliz.
Esforço para realizar algo que gosta ou para quem gosta.

Este pagem, ostenta características tipicamente aquáticas, – imaginativo,


emocional e altamente receptivo. Poderá haver alguma ingenuidade ou tendência
para sonhar acordado, uma vez que ainda precisa de aprender a lidar com a
realidade do mundo ou aprender a fazer com que os seus sonhos se materializem.

O significado mais tradicional desta carta é a notícia de um nascimento. Pode ser


literalmente o nascimento de uma criança, mas também pode indicar o nascimento
de ideias criadoras ou de sentimentos novos.
A este respeito pode sugerir um relacionamento numa fase inicial, exigindo um
cuidado mais terno para com alguém, novo e delicado, de modo a fazer aparecer o
seu melhor.

Negativo: abatimento, pobreza psíquica, sensação de abandono. Elogios que não


serão aproveitados. Traição.

Como Situação
O valete de Copas pode descrever alguma coisa que está em estado embrionário.
Todos os signos de água estão, de alguma forma, relacionados com a fertilidade ou
com a reprodução. Pode simbolizar o mundo dos sentimentos e das relações.

Pergunta: O QUE É QUE A SUA INTUIÇÃO LHE DIZ PARA FAZER?

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Os Números

A relação da Numerologia com o Tarot tem ainda muitos ângulos para serem
aprofundados. A maior parte dos manuais traz apenas significados sumários dos
números e não vai além de um receituário bem simples. Essa situação é
compreensível, pois o uso popular tanto da cartomancia quanto da numerologia
dispensa as noções de tríades (Lei de Três) e de suas sequências (Lei de Oitava).
Outra razão para tal lacuna é o grau de abstracção
dos símbolos numéricos. Dispomos, porém, de um
recurso didáctico: as imagens e representações
geométricas tornam bem mais acessíveis os
significados numerológicos.

Um exemplo nessa linha é a figuração do número 5


pelo desenho da pirâmide. Aqui, fica evidente que o
5 se refere um nível mais alto, mais subtil ou mais
central, que o plano do quadrado, do 4. Na visão
tradicional, o poder sacerdotal (5. O Papa, no Tarot)
está acima do poder temporal (4. O Imperador).

As quarenta cartas numeradas

Antes de entrar no detalhe do significado de todos os números e seus


elementos, gostaria de sugerir que pode ser traçado um caminho de cada
elemento manifestando-se de diversas formas ou números.
 O caminho de paus é dinâmico, relacionado ao impulso de ser, à
vontade, à criatividade e motivação, ao impulso de poder.
 O caminho de ouros está ligado à experiência do concreto, que nos
oferece a base e suporte material e estrutural para nossa
experiência.
 O caminho de espadas é ligado à experiência da mente, da
comunicação, da independência, da diversificação e da individuação.
 O caminho de copas está relacionado às emoções; às empatias,
simpatias e antipatias; ao envolvimento com pessoas e situações; ao
magnetismo.

Com esta base, podemos passar ao estudo dos números. Neste parâmetro
apresento as imagens de dois baralhos, uma vez que o de “Marselha” tem
apenas imagens tradicionais (numeração) e o de “Rider Waite” imagens
alusivas aos factos.

Dispomos de duas ordens de informações básicas para compreender as 40


cartas numeradas dos arcanos menores, as mesmas do baralho comum:
 os quatro elementos, que dão conta das qualidades de cada naipe,
e que já estudámos;
 os símbolos numéricos, que traduzem os atributos de cada uma
das cartas numeradas de 1 a 10.

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Assim temos:

1 ou ÁS é onde as coisas acontecem, portanto, a abertura ao novo. Os


Ases caracterizam o principio e a realização do principio!

O Dois
Representa a dualidade; a escolha de caminho para encontrar o equilíbrio.

O Três
É a primeira organização das coisas; a primeira estabilidade – a tríade de promessa
de caminho: A Trindade

O Quatro
É quando descansamos. A estabilidade. A solidez.

O Cinco
Instabilidade; na realidade não se consegue ficar estático. É a transgressão, a
agitação. Um grande abalo vindo do exterior.

O Seis
É quando as situações são resolvidas e entramos em meditação. É onde analisamos
o passado e perspectivamos o futuro. Podemos dizer que é a passagem, a
travessia.

O Sete
… De novo estamos a encarar as escolhas e o movimento do Mundo. A estabilidade
não é eterna. Aqui já se fazem as escolhas conscientes. Carácter auspicioso.

O Oito
Já adquirimos alguma estabilidade, estamos mais maduros, preparados para um
novo percurso.

O Nove
Chegamos à fase de desfrutar. Temos poder já com alguma sabedoria.

O Dez
Fechamos o ciclo. Voltamos a casa. Completamos um ciclo para voltar a abrir, com
uma outra maturidade.

O princípio, é combinar os significados dos quatro elementos com os dos


números de 1 a 10 para obtermos um bom ponto de partida para traduzir as 40
cartas numeradas do Tarot.
Na prática, o repertório de significados para as cartas de 1 a 10 é bastante
contraditório, variando de escola para escola, de autor para autor. Dificilmente se
conseguirá atravessar esse cenário relativamente confuso sem ajuda de alguém
com experiência. Só o tempo e o contacto, com os diferentes estilos, permitirá que
cada estudante encontre o seu método.

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Vamos continuar com o significado das lâminas por Naipe:

PAUS OU BASTÕES

ÁS DE PAUS

Imagem: uma mão (acção) envolta numa nuvem (expressão da


criação, símbolo do poder divino) e que segura um tronco bem espesso, do qual
nascem folhas e caem outras (constante renovação).

Significado: entusiasmo, força, acção, criatividade, energia, vontade de começar,


início de uma nova situação.

É o domínio da realização. Representa a força vital criadora na sua forma mais


pura; o poder e a dominação intelectual. É um principio activo e masculino. É a
altura da grande energia, que pode ser bem utilizada para lançar os alicerces dos
empreendimentos criadores. O seu interesse é o estudo, a procura de uma causa
ou de uma felicidade escondida. Sugere que as ideias inovadoras são abundantes e
que estão iminentes novos começos. Há muita inspiração e optimismo disponíveis
para idealizar novos projectos. Altura de muita protecção nas decisões a tomar.
Chegou o tempo do trabalho divino; energias espirituais trabalham a seu favor.

Pergunta: QUE NOVA OPORTUNIDADE SURGIU?

DOIS DE PAUS

Imagem: um homem na muralha de um castelo (o seu mundo


material) entre varas (novos projectos) com o globo na mão (poder).

Significado: a confrontação com novos projectos deverá estar ligada também à


intuição, para que tenha sucesso. Equilíbrio entre mente e corpo (homem entre as
duas varas). Controlo sobre a conquista.

Esta é uma carta prometedora que sugere que o êxito é possível embora exija

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muito empenhamento e trabalho árduo. Esta carta origina dúvidas, pois existe uma
certa melancolia e uma magia, podendo uma anular a outra. A energia inerente a
esta carta indica que vale a pena o esforço por esta recompensa. Sugere o desejo
de mudança e o anseio por variedade, tão típico deste naipe. Decisões importantes
têm que ser tomadas. Várias energias em oposição que têm agora de ser
combatidas.

Pergunta: QUE OPÇÕES TENHO A FAZER?

TRÊS DE PAUS

Imagem: um homem cujo apoio é uma vara (novo projecto) e tem


atrás de si mais 2 varas. Todas muito floridas (bom futuro nos projectos). Está de
costas para contemplar a paisagem e isso quer dizer que está mais voltado para si
próprio, para o que lhe vai na alma.

Significado: expansão material, novas possibilidades, mente receptiva a novas


ideias, situação material estável, disponibilidade para descobrir novas áreas em nós
próprios.

É uma carta positiva que representa um sentimento de realização e,


consequentemente, de satisfação. Novas propostas, deslocações, planos que
avançam. Também pode implicar um certo desapontamento porque só se
completou a fase inicial e ainda há muito para fazer, mas a esperança é grande e
os sentimentos são optimistas. A mensagem geral é a de continuar em movimento
e não perder o objectivo. O êxito vai chegar, uma vez que as dificuldades serão
vencidas. As cções que se seguem estão solidamente enraizadas.

Pergunta: PARA ONDE ESTÁ FOCALIZADA A ATENÇÃO?

QUATRO DE PAUS

Imagem: quatro varas muito enfeitadas. Ao fundo uma casa


(ambiente doméstico), protegida pelas 4 varas.

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Significado: ambiente com optimismo, paz, tudo positivo quanto à estabilidade
material e no lar.

É uma carta agradável que sugere uma época feliz, de satisfação e lazer. Pode ser
associada à época de férias ou a uma altura de descanso, ou pode representar
celebrações por causa do fim de exames, ou até mesmo o fim de um período de
esforço. Frutos finalmente recebidos, produto de trabalho árduo realizado. É uma
altura para relaxar, que se segue ao trabalho árduo, embora seja evidente que o
regresso à rotina diária é inevitável. Novos projectos estão para nascer mas, para
já, está rodeado de uma certa tranquilidade e harmonia.

Pergunta: O QUE JÁ INTEGROU NA SUA VIDA?... O QUE ESTÁ A CELEBRAR?

CINCO DE PAUS

Imagem: jovens lutando entre si, céu limpo e sem nuvens. Os ideais
estão a ser testados, no entanto, são discussões que contribuem para alargar os
horizontes. A competição impulsiona a ir mais longe.

Significado: teste das crenças. Luta para testar os seus próprios valores. Conflito
que tem como finalidade o alargamento dos horizontes e ensino do que sabe.
Competição.

Esta carta sugere um período em que a vida diária se torna febril, e todas as coisas
particularmente irritantes e difíceis. Nenhum destes obstáculos é intransponível,
mas no entanto, eles são frustrantes e entediantes. O cinco de paus simboliza as
dificuldades que podem surgir quando se tenta pôr ideias em prática. Deverá por
muito tacto nos problemas que irão surgindo, pois eles são inevitáveis. No entanto,
está em plena posse dos seus meios e por essa razão pode agir praticamente em
todos os domínios materiais da vida.

Pergunta: COMO E COM QUEM ESTÁ A COMPETIR? QUE OBSTÁCULO ESTÁ A


CONFRONTAR?

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SEIS DE PAUS

Imagem: cavaleiro montado num cavalo branco, com um semblante


de vitorioso, uma coroa de louros na cabeça, segura uma vara coroada de flores, no
fundo da imagem notam-se outras varas que o aplaudem. O cavaleiro regressa
vitorioso dos seus feitos.

Significado: qualidades de liderança, equilíbrio, vitória atingida quando


trabalhamos em conjunto para atingirmos um fim. Aqui líder e seguidores são
vitoriosos. Novos projectos que avançam. Auto-confiança que nos leva à realização.

É uma carta optimista. Muito positiva quanto a progresso e aprovação segundo os


padrões da sociedade, implicando êxito e reconhecimento pelo que se conseguiu
alcançar. Pode também traduzir uma perspectiva de realização e satisfação no
trabalho e na vida prática.

Pergunta: QUE FUNÇÕES DE LIDERANÇA E RESPONSABILIDADE ASSUMIU?...


QUE TIPO DE LIDERANÇA OS OUTROS PRECISAM?

SETE DE PAUS

Imagem: um homem num local alto, com uma vara na mão, numa
espécie de luta testando o seu empenho e provando-o a si próprio perante
situações difíceis e competitivas. Exprime coragem, é determinado, embora se note
que está um pouco assustado.

Significado: coragem, determinação, necessidade de testar o seu próprio


empenho.

Oposições e desafios a vencer. Esta carta desafiadora sugere a necessidade de nos


mantermos em movimento, aprendendo e aperfeiçoando a perícia e o talento.
Aponta para a competição, que pode ser saudável porque nos estimula a irmos
mais longe e implica uma progressão na carreira – mas vai ser difícil atingir o êxito.
Este arcano também sugere ensino, escrita e prelecção. È necessária muita
coragem e determinação, pois é possível realizar projectos e fazer associações.
Tem portanto todos os meios para vencer e dominar.

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Pergunta: SERÁ QUE ESTÁ A SER LEAL PARA CONSIGO PRÓPRIO?

OITO DE PAUS

Imagem: oito varas todas floridas que caminham em direcção a terra.

Significado: habilidade para expressar a nossa energia criativa numa só direcção


(tal como as varas), afim de que os projectos tenham um final positivo. Se a
energia não for bem direccionada a pessoa poderá entrar em stress.

Sugere um período para a acção e não para o pensamento. Já não há tempo para
planeamento, é altura de pôr em prática as ideias, agora que a energia criadora
pode ser aproveitada. O sucesso está a chegar, mas deverá ter em atenção as
precipitações, pois poderá desequilibrar essa transformação e o trabalho final.
Aproxima-se uma época atarefada mas feliz, e é provável que inclua viagens. Está
relacionada com o espírito, as ideias e os novos projectos.

Pergunta: EM QUE DIRECÇÃO ESTÁ A CORRER? PARA UMA CRENÇA, FILOSOFIA,


RELACIONAMENTO, PARA UMA NOVA ÁREA DE CRESCIMENTO?

NOVE DE PAUS

Imagem: um homem assustado em posição de defesa.

Significado: oportunidade para enfrentar os seus medos. Deverá continuar e


terminar uma tarefa criativa. No entanto, se não terminar com velhos hábitos,
tornar-se-á inflexível, o que o levará à exaustão emocional. É natural que necessite
de uma pressão exterior para terminar algum projecto.

Mostra uma reserva de força, é por isso mesmo que quando os acontecimentos nos
ultrapassam e a sorte não nos sorri, há a força e o poder suficientes para nos levar
até à recta final. Esta carta oferece coragem e determinação para ultrapassar
obstáculos e atingir objectivos, apesar das circunstâncias adversas. Viagens
relacionadas com dinheiro e negócios. Lentidão nos projectos. Prudência e reflexão.
O tempo joga a seu favor.

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Pergunta: QUE TAREFA É QUE TEM DE LEVAR A CABO POR SI PRÓPRIO?

DEZ DE PAUS

Imagem: um homem que carrega um grande molho de varas, que não


o deixa ver o caminho. O molho de varas representa o peso das responsabilidades.

Significado: ao preocupar-se demasiado com os problemas dos outros, deixa de


ter tempo para si próprio. Pessoa que cumpre as obrigações respeitantes aos
acordos.

Revela os perigos deste naipe, prevenindo contra a tendência para tomar


demasiadas responsabilidades. O elemento impetuoso dos paus está cheio de
imaginação, que muitas vezes viaja para além das planícies terrenas. Em resultado,
há um certo desapontamento com as restrições físicas. Esta carta previne contra a
armadilha de tomar muita coisa a cargo ou de ignorar os seus próprios limites.
Fardo pesado. Também o peso do êxito se revela sempre com contrapartidas
carregadas de contrariedades.

Pergunta: QUAL A SUA META?... QUE RESPONSABILIDADES ESTÃO A PESAR


DEMASIADO?

OUROS OU PENTÁCULOS

ÁS DE OUROS

Imagem: uma mão que segura um disco (ou moeda) de ouro, um


pentáculo.

Significado: o ouro representa o Sol, o pentáculo estrela de cinco pontos é


protector.

Indica perspectivas lucrativas em projectos financeiros ou negócios – segurança.


Pode sugerir a criação de empresas ou o início de novos projectos. Simboliza êxito

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material. Reflecte o nascimento ou algo de novo sob a forma material – as
sementes podem ser lançadas sob a forma de aceitação de um emprego,
organização de uma casa ou criação de um negócio. As causas e os efeitos estão
ligados à harmonia entre o espírito e a matéria. (Numa tiragem difícil, atenua os
efeitos das outras cartas).

Pergunta: QUE NOVAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO, DE DINHEIRO E DE


SAÚDE SURGIRÃO? DE QUE FORMA PODE USAR ESTA DÁVIDA RECENTE?

DOIS DE OUROS

Imagem: um jovem que brinca com dois discos de ouro, dentro de um


símbolo de infinito. Nas suas costas vemos ondas do mar, com barcos que sobem,
barcos que descem (altos e baixos da vida).

Significado: equilíbrio precário, pois a vida está sempre em transformação. Tempo


de divertimento. Mudanças favoráveis (não em demasiada). Alguma inconsciência e
imaturidade.

É necessário equilíbrio para suportar as grandes mudanças e variações que se


anunciam. No início, são necessárias muitas experiências e esta carta mostra a
necessidade de jogar habilidosamente com os diversos factores envolvidos para que
o empreendimento tenha êxito. As variações que esta carta anuncia, são
meramente profissionais.

Pergunta: QUAL É O SEU PROBLEMA?

TRÊS DE OUROS

Imagem: três personagens, um arquitecto, um sacerdote e um


pedreiro à entrada de um templo, discutindo a próxima construção. No pórtico
vemos três discos de outro, símbolos da matéria. A rosa mística na parede em cima
representa que o trabalho frutificará.

Significado: a mente (o arquitecto), o corpo (pedreiro) e o espírito (sacerdote)

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deverão estar em sintonia para realizar algo. Amor pelo trabalho. Harmonia. Obras
materiais, benefícios materiais, aumentos.

Representa uma sensação de satisfação quando se concretiza a primeira fase de


um projecto. Começa a desenhar-se um sucesso, fruto do seu trabalho. As linhas
gerais estão definidas, mas ainda há muito a fazer. É só um começo e manter o
esforço é essencial para se conseguir um resultado satisfatório.
Moralmente, esta carta anuncia grandeza de alma e elevação espiritual.

Pergunta: QUAL O SEU OBJECTIVO? COMO É QUE TRABALHA COM OS OUTROS?

QUATRO DE OUROS

Imagem: alguém avarento que guarda o seu ouro no chakra da coroa,


no do coração e nos pés.

Significado: dependência da matéria, negação da parte espiritual, avareza, poder


terreno, prosperidade material. Pessoa aprisionada pela matéria, muito fechada
sobre si própria.

Lembra os perigos decorrentes de não arriscar e não ter suficiente fé no que se


desconhece; só quando o consultante estiver disposto a dar, poderá esperar
receber. Segurança material em que deve dar atenção à partilha dos bens, pois
pode correr o risco da avareza. O dinheiro pode ser equiparado às emoções, e a
avareza pode ser extensível à repressão emocional. O medo tem de ser enfrentado.
É uma carta racional, pois a razão domina todos os actos. Aconselha ainda a
manter-se firme perante alguns acontecimentos.

Pergunta: DE QUE FORMA É PODEROSO? O QUE PRETENDE MANTER E POSSUIR?

CINCO DE OUROS

Imagem: dois mendigos caminhando na neve e com frio. Passam em


frente a uma igreja com um rico vitral, mas não dão conta dele.

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Significado: os pobres não desfrutam da prosperidade que o vitral pode
proporcionar, nem da paz no interior da igreja. Deverá assumir a pobreza com
dignidade, lutando para a ultrapassar. Dificuldades materiais, perda de emprego.

Está tradicionalmente associado a dificuldades financeiras ou materiais; há também


uma referência subtil ao facto de ser difícil encontrar um sentido, e um propósito na
vida. Esta carta avisa o consultante para dar atenção a todas as áreas emocional,
financeira e espiritual, sob pena de perder a noção do que é realmente importante.

Pergunta: DE QUE É QUE DESISTIU DE VIVER OU DE VIVER SEM? QUAIS SÃO AS


SUAS PREOCUPAÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA?

SEIS DE OUROS

Imagem: uma pessoa com uma balança na mão, equilibrando as suas


posses com necessitados.

Significado: o dar e receber em termos materiais ou emocionais. Partilha e


generosidade. Prosperidade. Aprender a dar sem condições e receber livremente o
que é dado para que encontremos a estabilidade nas relações. Voluntariado.

Este Arcano recorda-nos que a bondade e a generosidade nos fazem sentir bem. Os
amigos necessitados, são ajudados, ou o consultante é ajudado pela benevolência
de amigos, ou ele próprio ajuda os outros. O seis é o número da boa vontade, e o
naipe de Ouros mostra o auxílio e a assistência no plano prático. O trabalho será
recompensado e reconhecido com êxito. Deve no entanto haver cuidado, pois pode
ser uma ilusão.

Pergunta: COM QUEM ESTÁ A PARTILHAR A SUA PROSPERIDADE E RECURSOS? O


QUE É QUE TEM QUE DAR QUE OS OUTROS PRECISAM?

SETE DE OUROS

Imagem: um agricultor apoiado no seu cajado contempla a sua obra e

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o seu esforço. Perante as riquezas que juntou nota-se uma insatisfação ou um
compasso de espera após um período produtivo.

Significado: necessidade de vigiar e cuidar do que se fez para daí tirar os


melhores resultados.

Este Arcano sugere que se chegou a uma encruzilhada. Temos de decidir se


mantemos as coisas imutáveis, posto que estavam a correr bem, ou se devemos
arriscar. A carta não indica em que direcção deve seguir o consultante, só assinala
que vai surgir uma escolha que tem de ser tida em consideração. O seu sucesso
depende do seu esforço contínuo.

Pergunta: DE QUE FORMA OS SEUS ESFORÇOS VALERAM A PENA? O QUE É QUE


SE ESTÁ A DESENVOLVER QUE O PREOCUPA?

OITO DE OUROS

Imagem: uma espécie de ferreiro trabalha os pentáculos, mostrando


prazer no que faz.

Significado: segurança no propósito e no trabalho. Está a trabalhar bem os


recursos que tem. Pessoa que trabalha com prazer, disciplina e habilidade. Bons
resultados, ganhos inesperados.

Sugere um período bom para o estudo, a aprendizagem e para o aproveitamento


dos talentos em empreendimentos lucrativos. Mostra que o trabalho árduo pode
transformar-se na aplicação prática de ideias. E assim estabelecem-se os alicerces
para um empreendimento rendoso, tanto financeira como criativamente. Cuidado
com as dívidas e crises económicas. Use as suas capacidades pessoais para
multiplicar os seus bens materiais com boas compensações. No plano afectivo, é
uma carta que anuncia tranquilidade.

Pergunta: O QUE PREPARA PARA O FUTURO?

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 57
NOVE DE OUROS

Imagem: uma mulher num jardim, rodeada de pentáculos. Tem um


falcão de cabeça tapada junto dela.

Significado: o falcão representa o espírito e a intuição que estão tapadas, porque


a matéria que rodeia a figura é o mais importante para ela. Desenvolvimento
através da auto-confiança. Discriminação do que é mais importante na vida.

Simboliza conforto em várias áreas: física, financeira e emocional. O consultante


pode ter uma sensação de prazer primário, sabendo que alcançou uma coisa boa.
Esta carta indica um nível de elevada auto-estima que é duradoura e muito
gratificante. Depois de muito esforço, está à vista o sucesso nos empreendimentos
pessoais. Dinheiros em dívida finalmente pagos. Segurança, lucros e ganhos
seguros. Investimentos sensatos.

Pergunta: O QUE É MAIS IMPORTANTE NA VIDA PARA SI?

DEZ DE OUROS

Imagem: a lenda de Ulisses, a magia da vida. Vemos um arco,


entrada de uma cidade, onde está um casal. Um ancião, com uma capa colorida,
cheia de símbolos.

Significado: a descoberta da magia da vida através do oculto. Riqueza. Integração


do passado e do presente/futuro. O portão abre-se para experiências profundas nas
coisas normais. Segurança e conforto. Necessidade de arriscar para ver o mundo
através dos nossos horizontes. Ele vai para a fora à procura de um futuro melhor e
quando volta já só os cães o reconhecem.

Representa o desejo de criar raízes. Pode referir-se à formação de uma família, à


compra de uma casa ou de bens imóveis para a família, ou ao início de uma
tradição. De facto, sugere que algo deve ser feito para dar sentido de
permanência ou estabilidade na vida. A urgência de criar algo que dure é muito
forte. Vitórias a todos os níveis. Segurança financeira. Estabilidade emocional e
apoio familiar.

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 58
Pergunta: DE QUE FORMA É RICO? QUE TRADIÇÕES MANTÉM? SERÁ QUE VALE A
PENA?

ESPADAS OU GLÁUDIOS

ÁS DE ESPADAS

Imagem: uma espada erguida , com uma coroa na ponta. De um lado


um ramo de azevinho (yin-feminino), do outro lado uma folha de palma (yang –
masculino).

Significado: porque a espada está acima das montanhas, é uma mente muito
inteligente e lógica. Sabedoria que supera as ilusões, abrindo caminho à
compreensão e à verdade (espiritual).

Sugere um começo, que pode não parecer muito prometedor mas chegará a uma
conclusão satisfatória. São necessárias, força de vontade, determinação e justiça.
Mostra força e coragem, mesmo em situações perturbadoras, e finalmente, indica a
promessa de vitória “do bem sobre o mal”. Muitas vezes o conflito é necessário
para obrigar à mudança e, normalmente, encoraja a busca de soluções novas e
positivas. É sempre através do movimento, da essência do ar que a espada
trabalha, deslocando-se ora num sentido, ora noutro, mostrando sempre os vários
caminhos a seguir. É o principio da força que corta e que domina. Esta dominação
apoia-se no direito e no valor do mais forte. Indica ainda uma grande inteligência,
não perdoando nenhum erro. É intransigente.

Pergunta: CONSEGUE DETERMINAR A VERDADE DO ASSUNTO?

DOIS DE ESPADAS

Imagem: uma mulher sentada e de olhos vendados empunhando uma


espada em cada mão. Atrás de si vemos o mar, água (emoções).

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Significado: os olhos vendados significam que ela não quer escolher, não quer
ver. As espadas protegem-na de qualquer emoção, não deixando que a emoção a
toque. O mar é as águas das suas emoções em turbilhão, embora controladas.
Estagnação. Destacamento em relação à situação. Defesa emocional. Conformismo.
Indecisão.

Sugere um impasse, uma situação que embora não seja satisfatória, envolve uma
grande relutância em perturbar o equilíbrio existente. Instabilidade, oposições.
Duas forças em equilíbrio. O conflito normalmente reflectido no Dois é suprimido, e
daí resulta o impasse. Contudo, é óbvio que a tensão que esta carta representa tem
de ser resolvida, mais tarde ou mais cedo. É uma carta de luta e de tensões.
Sugere ainda que pode existir um antagonismo ou um inimigo oculto.

Pergunta: PORQUE HESITA? QUE DECISÃO PREFERIA NÃO TOMAR? COM QUEM
PRECISA FAZER AS PAZES?

TRÊS DE ESPADAS

Imagem: fundo muito nublado. Coração sofrido com três espadas


trespassadas.

Significado: coração magoado, separação, dor, tristeza. Solução para esta dor:
aceitá-la no nosso coração e transformá-la expressando os sentimentos de forma
criativa. O processo de cura fica bloqueado porque não aceitamos e assim nunca
nos livramos da dor.

Comunicações e mensagens que flúem com facilidade. Tristezas, perdas dolorosas.


Esta carta indica que é necessário e saudável resolver conflitos antigos, de forma a
encorajar e desenvolver novos projectos. Mostra uma sensação de perspectivas e
visão que pode desanuviar a tristeza e os tempos difíceis – “a hora mais escura é a
imediatamente antes do alvorecer” – a vida continua e existem novas esperanças,
com debates e movimento de ideias.

Pergunta: ALGUÉM FERIU OS SEUS SENTIMENTOS? ESTÁ A SENTIR CIÚME


DE ALGO?

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QUATRO DE ESPADAS

Imagem: um homem jaz sobre um túmulo. Não está morto, apenas


em estado de hibernação. As suas mãos estão em posição de oração.

Significado: devido ao peso das responsabilidades há momentos em que é


necessário parar um pouco e procurar aconselhamento. Ele necessita de um refúgio
para descansar das dificuldades da vida. Procura ajuda divina, por isso se refugia
numa igreja. Necessita saber o que vai fazer com a espada que está sozinha.
Através da meditação podemos alcançar algo de novo.

Tempo de repouso físico e espiritual após o fim dos aborrecimentos e das


dificuldades. É uma carta onde o consultante pode enfrentar realisticamente a sua
posição e agir de forma construtiva, em vez de cegamente e através da força tentar
chegar a uma solução que não vai resultar. É uma altura em que as limitações e os
bloqueios precisam de ser aceites antes de se fazerem mudanças. É a carta da
solidão, que pode ser aproveitada para meditar e criar novas forças. No campo
sentimental, indica um desencontro.

Pergunta: DO QUE É QUE NECESSITA REPOUSAR OU RETIRAR-SE?

CINCO DE ESPADAS

Imagem: ao fundo um céu carregado de nuvens turbulentas, o mar


irrequieto. Ao longe os vencidos da luta retiram-se, chorando a perda. O vencedor
tem um ar muito astuto.

Significado: derrota, traição, alguém astuto que nos provocou dificuldades. É


difícil comunicar ideias. Pensamento fragmentado que nos traz confusão e dúvida.
Sentimento interior de inadequação.

É uma carta em que o consultante pode enfrentar realisticamente a sua posição e


agir de forma construtiva, em vez de cegamente e através da força tentar chegar a
uma solução que não vai resultar. É uma altura em que as limitações e os bloqueios
precisam de ser aceites antes de se fazerem mudanças. Reaja sem orgulho e aceite

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 61
a derrota. Depois dos planos fracassados, haverá nascimento de novas actividades,
com muita acção e progressos satisfatórios. Existe ainda uma preocupação
exagerada quanto à opinião dos outros.

Pergunta: QUAL SERIA A COISA MAIS ÉTICA A FAZER? PORQUE É QUE NÃO SE
SENTE BEM COM O QUE FAZ? QUEM O PODE ESTAR A TRAIR?

SEIS DE ESPADAS

Imagem: um barco com um barqueiro e duas pessoas. O rio está


metade calmo e metade turbulento. A mulher está envolta num manto amarelo que
representa a sua mente activa. Seis espadas cravados no barco: o barqueiro levará
as pessoas para o outro lado do rio, onde uma nova vida os espera.

Significado: uma passagem calma por um tempo difícil, carregando com os nossos
problemas. Nota-se calma exterior, embora o interior esteja em actividade.

Representa o fim de um período conturbado e o início de uma época mais


controlada. Pode indicar um afastamento literal, quanto a mudança de ambiente,
de residência ou de país, ou pode ainda sugerir uma viagem no nosso íntimo, para
nos afastarmos de padrões de pensamento destrutivos e negativos, à procura de
mais optimismo e esperança. Pode também indicar uma deslocação ao estrangeiro
para conduzir uma acção, que pode ser de domínio económico, já empreendida há
tempos atrás.

Pergunta: QUAIS OS PROBLEMAS IMEDIATOS QUE TENTA RESOLVER? O QUE FAZ


PARA LIBERTAR A SUA MENTE? O QUE O PREOCUPA?

SETE DE ESPADAS

Imagem: um homem com um sorriso pouco fiável, matreiro,


carregando cinco espadas, pois não consegue levar todas. Olha para trás, tem
medo de ser perseguido (alguém sentimento de culpa e de que não está a agir
correctamente).

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 62
Significado: o “surrão”. Inimigo à espera de um erro cometido por nós para se
aproveitar. Habilidade para trabalhar nos bastidores. Atenção em quem
Depositamos a nossa confiança. “Ele espera que todos estejam em festa, para
roubar as armas”.

Este arcano implica que uma situação da vida do consultante requer que ele aplique
a energia mental de forma prudente. Esta carta mostra que não é altura certa para
agressividade ou confronto; em vez disso, devemos usar o tacto e a diplomacia e
até mesmo o subterfúgio – é aconselhável mostrar ao opositor a nossa habilidade.
Terá de usar a sua inteligência e astúcia para vencer o presente obstáculo. É uma
carta de esperança que deixa adivinhar um objectivo que acabará por se
concretizar. Sendo uma carta dirigida ao intelecto, existe a procura das causas que
fizeram malograr algum projecto, deve aproveitar-se para limitar o problema e
reagir positivamente.

Pergunta: CONFIA NAS PESSOAS À SUA VOLTA? QUAL É A SUA ESTRATÉGIA?

OITO DE ESPADAS

Imagem: uma mulher de olhos vendados, atada, achando que não tem
saída. Espadas espetadas. No entanto ela pode andar, pensar que está presa mas
não está. Só a mente está confusa.

Significado: sentimento de estar subjugada pelo destino, quando somos nós


próprios que criamos as situações, convencendo-nos que não temos alternativas.
Temos de perceber de que fomos nós próprios que criámos aquela situação.

Saúde frágil, múltiplas dificuldades a vencer. Sugere uma situação em que o


consultante se sente perplexo por ter de enfrentar uma escolha difícil ou sentir
receio de sair de uma situação infeliz, mesmo que esteja nas suas mãos fazê-lo.
Positivamente, esta carta prevê que surgirá um sinal para nos indicar o caminho a
seguir. Pode representar um acontecimento imprevisto, ou uma traição, ou ainda
um aumento de trabalhos.

Pergunta: COMO PODE LIVRAR-SE DOS OBSTÁCULOS?

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NOVE DE ESPADAS

Imagem: um jovem que mostra desespero e arrependimento. As


espadas estão suspensas (a dor não é física mas sim psicológica).

Significado: necessidade de transformar a dor pela experiência. É o último


desespero da mente racional. Pessoa que pode sentir-se vítima. Depressão. Não
deve perder as esperanças, pois o manto da cama tem flores, sinal de um futuro
melhor.

Sugere que o consultante pode estar sobrecarregado com dúvidas ou medos


interiores que talvez não correspondam a nada real. O suplício e a aflição parecem
existir na mente do consultante e, embora muito aflitivos, não há nada real a
temer. Contudo, as preocupações íntimas devem ser compreendidas e levadas a
sério. Aceite e situação actual, pois não resolve nada lutando contra a maré. Se
insistir, só poderá agravar a situação. Pode haver sofrimento provocados por
terceiros.

Pergunta: QUAL A FONTE DA SUA DEPRESSÃO? DE QUE FORMA É QUE FOI CRUEL
OU IRREFLECTIDO OU QUEM É QUE FOI CRUEL CONSIGO E O MAGOOU?

DEZ DE ESPADAS

Imagem: um homem caído por terra, com dez espadas espetadas


(grande dor). ao fundo um raiar do dia, símbolo de esperança.

Significado: sentimo-nos bloqueados quando pensamos que os ouros estão contra


nós. A situação não é tão má como parece. Devemos parar de lutar quando a
Batalha está perdida. Fim de uma situação e começo de um novo dia. Ver a
Situação de outra perspectiva.

Indica o final óbvio de qualquer coisa. Exactamente o que não é visível nesta
carta. Pode significar o fim de uma sociedade ou um relacionamento, um filho que
deixa o lar, o fim de um emprego, a mudança de casa – é uma questão em
aberto. Contudo, sempre que alguma coisa acaba, há qualquer coisa nova à

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espera de começar. Muita calma lhe é exigida. Pode ainda indicar uma deslocação
forçada, que não lhe trará nenhum prazer. Lentamente, o êxito anuncia-se, mas
só a nível material, pois a vida pessoal continua a não satisfazer o ser.

Pergunta: DE QUEM MANEIRA SE ESTÁ A SENTIR PARALISADO OU INCAPAZ DE


ACTUAR? AO ACEITAR A DERROTA ESTARÁ LIVRE PARA QUÊ?

COPAS OU TAÇAS

ÁS DE COPAS

Imagem: uma mão que segura uma taça da qual jorram cinco fontes
de água (5 sentidos). Uma pomba branca (Espírito Santo) tem no seu bico a Hóstia
Sagrada. A taça representa o Santo Graal.

Significado: misticismos, espiritualidade, energia de reiki, beleza interior, amor,


alegria, sentimentos e emoções.

Sugere um período de alimento emocional. Calor e afeição. Profunda paz interior.


Tradicionalmente está associado ao amor, ao casamento e à maternidade,
podendo, no entanto, significar um período frutífero e criador, cheio de potencial e
de possibilidades para a concepção de projectos pessoais e/ou o aparecimento de
uma pessoa nova. Emoções profundas, sempre relacionadas com o amor.
Representa o lar, a harmonia, o coração e sobretudo a energia espiritual, que lhe
dá toda a força.

Pergunta: QUE MENSAGEM ESTÁ A RECEBER DE SONHOS OU VISÕES?

DOIS DE COPAS

Imagem: um casal segurando cada um a sua taça. Ambos têm coroas,


ele de rosas (energia Yin, receptividade) e ela de louros (integrou a energia Yang).
O círculo energético está completo entre ambos.

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Significado: união perfeita, amizade duradoura, harmonia, ajuda aos outros.

Hesitação no plano afectivo. Assinala uma época para cooperação e compromisso


numa parceria ou numa relação sexual ou platónica. Progressos nas amizades.
Pode indicar o fim das rivalidades, trazendo um período de reconciliação e uma
plataforma a partir da qual é possível trabalhar. Pode haver troca de ideias e pode
trabalhar-se sobre objectivos comuns. Esta carta pode sugerir um equilíbrio feliz
entre o amor espiritual e o físico. O dualismo harmonioso em que entram os
sentimentos, físicos, mentais e espirituais. O espírito acompanha e engloba todas
as acções.

Pergunta: O QUE É QUE STÁ A SER CURADO NA SUA RELAÇÃO? O QUE É QUE
ESTÁ A PARTILHAR COM AMOR? A QUEM ESTÁ A DAR A SUA AFEIÇÃO?

TRÊS DE COPAS

Imagem: três jovens que brindam entre si. Sol com frutos, abundância.
Túnicas de três cores: branca (espírito), vermelha (desejo) e amarela (mente).

Significado: harmonia, união entre o céu e a terra, celebração, partilha, alegria,


bons momentos, amizade, inspiração aos outros. Início de uma relação.
Convalescença rápida.

Representa um acontecimento alegre de qualquer espécie. Literalmente, pode


representar um casamento ou o nascimento de uma criança, ou uma época de
festividade e alegria que acontece na nossa vida, de tempos em tempos. Há uma
sensação de realização e de recompensa, que também pode indicar a cicatrização
de feridas emocionais e espirituais, com um regresso ao estado de saúde.
Abundância e conforto.

Pergunta: O QUE CELEBRA NA SUA VIDA? O QUE ESTÁ A DAR ALEGRIA? O QUE
PARTILHA COM OS OUTROS?

QUATRO DE COPAS

Imagem: um jovem sentado à sombra de uma árvore, de braços e

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pernas cruzadas. Três taças à sua frente e uma mão estendida oferecem-lhe uma
quarta taça (nova oportunidade).

Significado: indiferença, recusa em aceitar uma nova oportunidade, insatisfação,


apatia, falta de vontade.

Este arcano indica um tempo de tédio e/ou de frustração. Sugere a incapacidade


para utilizar as possibilidades à disposição e a tendência para se concentrar
intensamente nas dificuldades e nos obstáculos. Não significa que a vida seja mais
difícil ou árdua do que habitualmente, mas o consultante sente-a assim. Esta carta
avisa-nos contra as atitudes pessimistas. Desequilíbrio emocional que pode
provocar novas uniões. Sendo o amor somente físico, o ser ressente-se e fica
infeliz. Aspira a amores mais profundos sem o conseguir, acabando por levar o ser
a fazer exactamente o contrário.

Pergunta: O QUE ESTÁ A AVALIAR NA SUA VIDA E NAS SUAS RELAÇÕES?


PORQUE SE SENTE INSATISFEITO? DE QUE FORMA ESTE PERÍODO DE RETIRO O
ESTÁ A BENEFICIAR?

CINCO DE COPAS

Imagem: um homem vestido com um manto escuro, olha o solo onde


estão três taças caídas. Estas representam algo que ele perdeu no passado recente.
Atrás de si estão duas taças em pé à espera de serem colhidas.

Significado: perdeu algo do foro emocional, mas o rio e a ponte significam que a
dor pode ser superada pelo tempo e pela fé. Atravesse o rio para o outro lado, salte
para o outro lado onde não há dor. Aceitação. Renovar amigos e focalizar novos
projectos são formas de abandonar o passado.

Algo se perdeu – é um período de mudança que pode causar loucura e tristeza.


Contudo, embora chorando a perda, é necessário concentração em algo passível de
salvação. As mudanças raramente são fáceis, mas são necessárias e só serão
compreendidas passado algum tempo. Esta carta pode indicar uma época difícil,
mas também oferece esperança para o futuro. Oportunidades de novos amores,
renovação sentimental. É uma carta de tensões, mas não de discórdia ou de
infidelidade.

Pergunta: O QUE É QUE PARECE ESTAR PERDIDO? O QUE O FAZ ESTAR


DESAPONTADO, DESILUDIDO, ARREPENDIDO?

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SEIS DE COPAS

Imagem: crianças que brincam, vemos taças cheias de flores brancas.

Significado: as taças representam felicidade, alegria, pureza, vida e cor trazidas


pelas emoções. Relação do dar e receber entre duas pessoas com amor e amizade.
Momentos felizes, projecção na infância, boas lembranças.

Esta carta é de recordações e nostalgia. Sugere a tendência para idealizar ou


“viver” o passado, o que pode indicar pouca energia investida em projectos futuros
e presentes. Alternativamente, sugere que um sonho antigo ou ambição podem ser
alcançados. Pode ainda significar a oportunidade de uma reunião com os amigos de
infância ou antigas namoradas. Em relação ao momento actual, o ser deixa-se
submergir por pequenas complicações, que lhe causam problemas de saúde e falta
de acção.

Pergunta: O QUE DÁ E OFERECE NAS RELAÇÕES? QUE SIGNIFICADO É QUE AS


CRIANÇAS E SEUS DIVERTIMENTOS TÊM PARA SI?

SETE DE COPAS

Imagem: um homem de costas virado contempla sete taças cheias de


ilusões: um castelo (aventura), jóias (riqueza), serpente (sabedoria), louro (glória),
o dragão (inconsciente).

Significado: o que tem em mãos é uma ilusão, mas apenas uma taça e
verdadeira: a taça velada. Aprenda a discriminar.

Esta carta representa uma grande actividade mental e imaginativa. É preciso fazer
escolhas e tomar decisões mas, com tanto por onde escolher, é necessário ter
grande cuidado e ponderação. Há o perigo de que os desejos não passem de
sonhos e fantasias em vez de se tornarem realidade – esta abundância de talento
artístico e criativo não deve ser desperdiçada. Escolha bem, pois está na altura de
uniões fortes com grandes sentimentos amorosos. Cuidado com as ilusões.
Explosão do coração, necessitando por isso de um grande domínio de si.

Pergunta: QUAIS SÃO AS SUAS FANTASIAS? COM O QUE SE ESTÁ A ILUDIR?

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OITO DE COPAS

Imagem: um homem com o seu cajado caminhando com a luz do luar.


As taças (emoções) estão todas de pé: são uma homenagem ao seu esforço por ter
abandonado algo que lhe causava dor e ilusão.

Significado: regeneração através do mergulho no fundo de nós próprios. Esforço


para seguir um novo caminho. Insatisfação de algo passado. No entanto, tal como
com o Eremita há uma busca da verdade. Procure criar tempo para si próprio.

Perdas no campo afectivo e sentimental. Sugere um período adequado para


abandonar o passado; a maneira antiga de fazer as coisas já não resulta. Esta carta
indica que, apesar do esforço e da atenção investidos em empreendimentos
passados, fossem relacionamentos ou diligências criativas, eles já não resultam.
Pode indicar uma separação ou perda de alguém. No plano pessoal, representa uma
falta de entusiasmo de vida e de abandono de si, podendo provocar um atraso na
reconstrução dessa união.

Pergunta: PORQUE É QUE SE SENTE INSATISFEITO?

NOVE DE COPAS

Imagem: um homem satisfeito com a vida “Eu estou bem como


estou!”. Atrás de si existe uma mesa cheia de taças ao seu alcance.

Significado: carta nada espiritual. Felicidade trazida pelos prazeres da vida,


prosperidade. Evitar incómodos e problemas pela concentração nos prazeres
mundanos.

Tradicionalmente, pensou-se que o nove de copas era uma carta de desejo e


sugere que um desejo de grande importância para o consultante pode ser
realizado. Não é uma carta de profundo progresso espiritual, mas indica uma época
de satisfação e prazer sensuais – de profunda satisfação, tanto emocional como
física e material. Partilha de emoções e desejos que trazem grande equilíbrio. É tão
benéfica em amizade como no amor. Estes dois sentimentos harmonizam-se.

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Pergunta: COMO É QUE OS DESEJOS FORAM REALIZADOS? DE QUE É QUE SE
SENTE PRESUMIDO?

DEZ DE COPAS

Imagem: uma família feliz, sob um arco-íris com taças cheias de


alegria. Uma casa é avistada ao longe.

Significado: as crianças representam a inocência, despreocupação, família. O


casal é a união material e espiritual. O arco-íris é a ligação entre o céu e a terra. Há
uma realização. Harmonia, paz, irradiação de luz e alegria à sua volta.

Sugere felicidade e contentamento numa relação. É uma carta que indica a


prosperidade como resultado de uma luta ou esforço e não uma mera
oportunidade ou pura sorte. O trabalho árduo, tanto passado como presente, vão
requerer um empenhamento constante. Realizações plenas a nível familiar, com
alegrias no lar e muito amor. Representa o amor perfeito, sem entraves. No plano
dos negócios, anuncia obstáculos a vencer. Cuidado com a saúde, que pode ser
delicada.

Pergunta: O QUE É QUE PRETENDE NUMA FAMÍLIA? ONDE JÁ SE SENTE


REALIZADO?

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NOTA:
As cartas do tarot têm vários significados que são interpretados de acordo com seu
simbolismo, com o método de tiragem, o assunto, a intuição no momento de
leitura, etc.
Apresento um pequeno esboço das quatro lâminas que, em minha prática de
interpretação, de alguma forma tratam da temática "escolha/ decisão"

Os Enamorados, carta VI, é o único arcano maior que


aborda diretamente a temática "escolha/decisão". Quando
os Enamorados aparecem no jogo, acusa que há um
conflito no qual a dúvida pode ser a grande vilã do
problema apresentado. Alerta que é momento do indivíduo
optar entre dois ou mais caminhos, o que implica na
renúncia de algo ou de alguém. Avisa que se faz
necessária uma tomada de consciência, na qual o
consultante terá que arcar com as responsabilidades de
suas decisões. Ao enfrentar as próprias incertezas fazendo
uma opção necessária, já poderá encarar outras vias de
resolução que o momento solicita.
Tarô Rider-Waite

O arcano menor Sete de Ouros traz um tipo de decisão


bem peculiar. Quando este arcano aparece no jogo, o
indivíduo tem que escolher entre continuar a seguir o
mesmo tipo de comportamento e linha de raciocínio que
vinha percorrendo ou se desvencilhar do que acredita,
segue ou pratica, para optar por algo diferente ou mesmo
novo.
Normalmente este tipo de opção acontece quando o
caminho que está sendo seguido não tem rendido os
frutos desejados e o redirecionamento de suas ações pode
vir a ser a solução mais adequada. Vale ressaltar que,
quando o envolvimento com os desejos são demasiados
intrínsecos, a avaliação do que está sendo feito pode ficar Sete de Ouros
esquecida e é preciso fazê-la para dar o passo seguinte.
Tarô Rider-Waite

O Oito de Espadas traz um tipo de decisão nada


agradável. Este arcano menor indica que o indivíduo tem
que fazer uma escolha, mas seja qual for, terá um
resultado desagradável.
Quando o Oito de Espadas aparece no jogo, o indivíduo
está quase que impossibilitado de agir e fica temeroso
com as conseqüências de seus atos. Mesmo sem grandes
possibilidades, um caminho deve ser escolhido, ou o medo
tomará de conta do corpo e da mente.
As dificuldades que este arcano apresenta, tanto podem
aparecer no nível concreto, real, como puramente no
Oito de Espadas
âmbito psicológico, causando o aprisionamento da psique.
Tarô Rider-Waite

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 71
Na corte, também há momentos que uma decisão pode
ser fundamental, muito embora, a falta desta atitude
venha ser revelada pelo “Rei das Águas”. O Rei de Copas
peca por não conseguir escolher no momento necessário.
Quando este arcano aparece no jogo, mostra que o
indivíduo teme por fazer uma escolha, de tal forma que se
nega a fazê-la. Este arcano menor apresenta a falta de
ação, mostrando muitas vezes uma atitude covarde e
omissa, que é a de se manter neutro para não arcar com
as responsabilidades de suas escolhas. Em termo popular,
o Rei de Copas pode ser definido como “quem prefere ficar
em cima do muro e não tomar partido”.
Tarô Rider-Waite
Nota:
A abordagem do tema "Escolha e decisões" está longe de esgotar o que pode ser
encontrado nos arcanos apresentados.

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Unidade e Trindade

A trindade, desse ponto de vista, é dinâmica e baseia-se na


ideia-força de um poder de relação que une e que movimenta
as formas da dualidade.
No cristianismo o Espírito Santo, como declara São Bernardo,
é o “beijo do Pai e do Filho”, sua “respiração comum”.
Do mesmo modo, no final da Renascença Kepler utiliza a
imagem da esfera, que lhe é cara, para dizer que se o Pai é o
centro e o Filho a superfície, o Espírito é o raio que os une e
que, ao descrever o espaço ao redor do centro, gera a esfera
enquanto tal.

Entre os árabes, que não tratam da Encarnação e para os


quais Deus só pode ser pensado sob a referência do Único, o
Um é Allah, enquanto que o Dois simboliza a Inteligência
actuante que cria o início do múltiplo (do qual o dois é a
expressão mínima) e o Três representa a alma, poder de
mediação entre a Terra e o Céu.
Essas três instâncias podem ser colocadas em
correspondência aos três protagonistas do Conhecimento (o
Conhecedor, o Conhecido e o Conhecimento do Conhecido
pelo Conhecedor) que constituem o espelho da Divindade
Pai, Filho e Espírito Santo (que liga
criadora, visto que em Deus, bem como na visão mística que a boca do Pai à cabeça do Filho)
o apreende, Conhecedor, Conhecido e Conhecimento são uma
Ícone beneditino, séc. 12)
única e mesma coisa. [ www.traditions-monastiques.com ]

Apesar das aparências diferentes, essa formulação árabe está muito perto da trindade cristã:
basta substituir o Conhecedor pelo Pai, o Conhecido pelo Filho e o Conhecimento pelo Espírito
Santo para que as duas expressões se tornem homólogas.

Um, Dois, Três e Quatro

Se admitirmos que o número três indica o movimento interno da unidade, o número quatro
revelará a manifestação e a plenitude.
Essa dinâmica traduz o processo de construção da tetraktys de Pitágoras (a
perfeição do número dez como manifestação da unidade do múltiplo), que só pode
ser obtida mediante a adição do quatro (que é um número composto, ou seja, 2 +
2 ou 3 + 1) aos três primeiros números fundamentais: 1 + 2 + 3 = 6, mais 4 -->
6 + 4 = 10. O radical da palavra tetraktys é tetra, ou seja, ‘quatro’ na língua
grega.

A mesma ideia aparece no que se convencionou chamar, na alquimia, de “adágio de Maria


Profetisa”: “O um torna-se dois, dois torna-se três e do terceiro nasce o um como
quarto”.

Numa linha idêntica de pensamento e em relação ao que deveria ser a completude da


manifestação divina, C. G. Jung deu ainda, modernamente, um “valor arquetípico” ao mesmo
número quatro.
Jung considerava, por exemplo, a proclamação pelo Vaticano do dogma da Assunção física da
Virgem, que parecia escandaloso aos olhos de muitos de seus contemporâneos, como a
expressão de uma aspiração simbólica para concluir, de modo harmonioso, a Trindade, marcada
que é pelo selo da masculinidade, inserindo nela o elemento feminino (Sofia) para formar um
quadrado.

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Essa estrutura tradicional dos quatro primeiros números, da unidade original à
multiplicidade manifestada, mas que reflecte ainda essa unidade primordial, pode e deve
ser lida também de um modo paralelo e complementar: se o Um é o Criador primordial,
ele é forçosamente ao mesmo tempo o “Deus que se revela” e o Deus que podemos
conceber.
No entanto, se Deus é verdadeiramente Deus, se ele é totalmente transcendente, nós não
podemos concebê-lo e a única maneira de nos exprimirmos a seu respeito é falando
negativamente, ou seja, ele não poderá estar contido em nada do que podemos dizer dele.
Por essa razão, o Um se apoia no que os neo-platónicos, que não conheciam o zero,
chamaram de o “Um-que-não-é” e no que os gnósticos denominaram o “nada” (“Houve
um tempo em que nada existia; esse nada não era uma das coisas existentes e, para falar
claramente, sem rodeios, sem artifícios, absolutamente nada existia...” declara Basílio de
Alexandria sobre esse Deus).

No esoterismo do Islão ele foi designado como o “nada supra-essencial”: é precisamente o que
o zero significará desde que se admita que o zero “existe”. A passagem do Zero ao Um, do Um-
que-não-é ao Um-que-se-revela, corresponde à diferença que se estabelece, na Kabbalah,
entre o “nada” e o “eu” de Deus (do ain ao ani, do En-Sof ao Deus criador).

A mesma distinção que faz Mestre Eckhart entre Gottheit e Gott, ou seja, entre a deidade do
fundamento e Deus tal como se deixa apreender, ou ainda, em outros termos, entre o deus
absconditus (o deus oculto) e o deus revelatus (o deus revelado), entre as trevas essenciais e o
lampejo da luz, do qual Jocob Boheme nos fala nos Mysterium magnum.
A partir do Um revelado, a divisão pode então fazer-se no dois, sem
introduzir a dualidade (já que Pai e Filho são um só), mas a dualidade de
princípios, tal como os pares de opostos Yin e Yang.

Aqui existem dois caminhos possíveis; de acordo com a via chinesa, essa
dualidade se traduz por uma complementaridade: dois é o número da mulher,
o que tornará todas as cifras pares femininas.
Já entre os gregos, por um antagonismo declarado, o dois é também a cifra do
Diabo (dia significa ‘dois’ em grego), que se opõe a Deus e introduz a divisão
do Bem e do Mal.
Torna-se evidente a equivalência que tende a ser feita implicitamente entre a mulher e o
Diabo: e aí se inclui a enigmática figura de Lilith; é a Eva no Paraíso que escuta a
serpente; serão todas as feiticeiras que a cristandade lançará à fogueira; é toda a
ginecofobia tradicional de nossa cultura e o terror que o homem prova diante da mãe,
onde lê o poder da morte, e diante da mulher que o ameaça de destruição.

A quaternidade pode, então, ser tanto a adição de duas dualidades (a mulher e o Diabo
reunidos, que forma a totalidade da criação maléfica), quanto a adição da Trindade mais
um elemento: seja a Virgem (que marca a completude do divino pela introdução de Sofia),
seja o Diabo (que completa a divindade em sua parte de sombra, tal como se vê nas
relações de Lúcifer com Deus). Neste último sentido, designa a criação tal como fomos
levados a vivê-la, atormentados que somos entre os poderes de Satã e a graça do amor
divino.

Entre os árabes, como consequência directa de sua concepção dos três primeiros números,
o quatro é a assinatura da matéria prima a partir da qual vai se manifestar todo o
universo sensível: cinco será então a Natureza, seis o símbolo do Corpo do Mundo, sete o
número dos planetas, oito a cifra dos quatro elementos e nove o “último degrau dos oito
universais”, que correspondem a todas as criaturas, que são ao mesmo tempo realidades
derivadas dos elementos e compostas com eles.

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É notável, aqui, mais um paralelo que se pode estabelecer com a numerologia cristã, já que o
quatro, que é o signo da materia prima, pode equivaler a Maria, que, nas especulações
alquímicas, é o próprio símbolo do corpo humano, ou do corpo primeiro do mundo, ou seja, da
materia prima, cuja coroação ou Assunção marca as núpcias celebradas com a Trindade
(Speculum Trinitatis de Reusner)

O Quatro

Do ponto de vista simbólico, o quatro encontra-se entre os números considerados mais


importantes. O quatro está, de fato, relacionado à cruz e ao quadrado; existem quatro
estações, quatro rios no Paraíso, quatro temperamentos, quatro humores, quatro pontos
cardinais, quatro evangelistas, quatro grandes profetas – Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel –,
quatro doutores da Igreja – Agostinho, Ambrósio, Jerônimo e Gregório o Grande.

Há também quatro letras no nome de Deus, o


tetragrama JHVH, grafado ou vocalizado como Yahweh
ou Javé ou, ainda, “Jeová”, enquanto que os crentes
judeus o deixam sob sua forma de consoantes.
Na China, encontramos as quatro portas da
residência imperial, considerada o “centro do mundo”,
os quatro mares lendários ao redor do império e as
quatro montanhas (que correspondiam igualmente aos
nomes dos suseranos), e as quatro estações eram
divididas de tal modo que se marcava o início delas
com quatro secções de quinze dias. Quatro grandes
rios lendários protegiam o imperador de jade Yu-
houang-ti, a divindade suprema da religião popular;
quatro amuletos afastavam as influências demoníacas;
as quatro artes eram simbolizadas pelo livro, a pintura,
a viola e o jogo de xadrez, enquanto que os quatro
Os quatro evangelistas tesouros dos sábios eram a paleta, o pincel, a tinta e o
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papel.

No Novo Mundo igualmente o número quatro faz parte dos conceitos cosmológicos essenciais.
Entre os maias, os pontos cardinais estão associados às cores e aos “dias que representam o
ano” no calendário. Quatro árvores do mundo suportam o céu, na cosmologia asteca. “Os quatro
pontos cardinais representam o lugar de origem dos ventos, onde também se encontram os
quatro grandes cântaros de onde caem as chuvas”, a exemplo dos quatro Bacab, os deuses dos
pontos cardinais que também sobreviveram à “destruição do mundo pelo Dilúvio”.

Todas as civilizações conceberam os seus sistemas de orientação e de representação espacial


como conjuntos de quatro elementos. A fim de representar as posições no espaço e no tempo
onde se desenvolvem as funções, os matemáticos apelam à estrutura das coordenadas
cartesianas (abscissas e ordenadas), que é fundamentalmente idêntica ao cruzamento dos eixos
norte-sul e leste-oeste. Além dessa estruturação do espaço, que é a própria realidade do
universo manifestado, o quatro é em quase todas as civilizações a cifra da perfeição e da
completude.

É por essa razão que o texto sagrado dos Vedas é dividido em quatro partes, e que “os quatro
quartos de Brama” designam a totalidade do conhecimento que se pode adquirir.

Para C.G. Jung, os números seriam esquemas de ordenação do mundo, tanto do ponto de vista
físico (matemático) como do ponto de vista psíquico (simbolismo numérico).

Em outros termos, como diriam os platónicos da Antiguidade, os números estariam ligados às


potências da alma, tanto em sua realização quanto em sua manifestação. De fato, o quatro

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comporta a dupla ideia de unidade e de totalidade ou, se preferirmos, o conceito de que a
totalidade das coisas se oferece sob o signo do quaternário e que essa totalidade é una em seu
princípio, razão pela qual deveríamos falar estritamente de uni-totalidade.

É importante lembrar que ao quatro, se junta frequentemente o cinco, na medida em que este
representa o centro, seja o da cruz, do qual partem os quatro braços, seja o do quadrado, no
qual se cruzam as diagonais.
O cinco, não é tanto a unidade do quatro, mas sim o lugar por onde passa o eixo perpendicular
(zênite-nadir) que completa a manifestação horizontal do quatro e remete ao que está aquém e
além dele: a quinta-essência da alquimia ou o quinto elemento da figuração chinesa.
Esse centro oferece a particularidade de ser ao mesmo tempo pleno (ele é a totalidade potencial
do quatro) e perfeitamente vazio (pois transcende o quatro).
Tudo brota dele e tudo se reabsorve nele, num sentido próximo ao do zero activo, na medida em
que o zero é a cifra que as tradições denominaram como o Um-que-não-é (o Um antes da
revelação do Um), o Nada supra-essencial, o Deus absconditus de onde emerge o Deus
revelatus, a deitas ou deidade, o Nada ou o abismo do divino; em suma, aquele do qual nada se
pode dizer sem traí-lo.

No Séc. XX, C.G. Jung retomou esse conceito do quatro, aplicado às quatro funções psíquicas
(pensamento, sentimento, intuição e sensação) e às quatro figuras da anima: Eva, Helena, Maria
e Sofia. Todos os quaternários que enuncia estão em relação com o que ele chama de Si (Self),
ou imago Dei, arquétipo do pleno e do vazio e, como ele explica em várias passagens, supra-
ordenador do conjunto da psique na medida em que, ao mesmo tempo, participa e não participa
das manifestações da psique. Nesse sentido é semelhante ao Si-mesmo do hinduísmo ou ao
Atma-Brama.

O Cinco e o Seis

O número cinco desempenha um papel importante enquanto


princípio da ordem, como mostra por exemplo o pentagrama
ou pentáculo.

Quando uma de suas pontas está voltada para o alto, pode


nele ser inscrito o homem com sua cabeça, braços e pernas. Já
o pentagrama invertido é considerado como signo da magia
negra.

A Torá do Antigo Testamento é constituída do Pentateuco, os cinco livros de Moisés. Jesus com
cinco pães alimentou quatro mil pessoas. Cinco cruzes são gravadas nas pedras dos altares como
lembrança dos cinco estigmas. Para os autores medievais que tratam da simbólica, os cinco
sentidos do homem se reflectem nas cinco pétalas de inúmeras flores.

O cinco representa assim o princípio do centro, não só geográfico, mas energético e espiritual. É
ele que permite equilibrar e regular o jogo constante do yin e do yang em suas diferentes
manifestações e assegurar a unidade do fluxo perpétuo das coisas. Também considerado o
número de Cura, o cinco representa a adição do dois, de essência feminina, ao três, de essência
masculina. Simboliza, portanto, a totalidade do universo.

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O cinco (wu) era, na China antiga, um número sagrado em razão dos cinco
pontos cardinais (o quinto no centro), aos quais correspondiam cinco tons ou
notas, cinco costumes, cinco especiarias, cinco classes de animais, cinco
relações humanas e os “cinco clássicos”.
Os chineses estabeleciam ainda a correspondência dos cinco pontos
cardinais com os cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água), aos
quais eram atribuídas cinco cores fundamentais. Os cinco bens da felicidade
eram a riqueza, a longevidade, a paz, a virtude e a santidade.

Na alquimia, por fim, através da quinta-essência, o cinco indica a unidade da Obra além de
seus quatro estágios, bem como a unidade espiritual da criação além de seus quatro elementos
que constituem a manifestação visível.
O seis é um número com menor carga simbólica. Designa-se a criação do mundo pelo nome
Hexameron (criação em seis dias), pois no sétimo dia Deus repousa após concluir sua obra.
(Gênese, 2,3).
Santo Agostinho considerava o seis significativo, desse ponto de vista, pois representa a soma
dos três primeiros números (1 + 2 + 3), mas sem tirar conclusões a respeito.
A descrição das seis obras de misericórdia, no Evangelho segundo Mateus
(25,35-37), é uma referência relativamente rara com relação ao número seis.
O único símbolo verdadeiramente importante no Ocidente, baseado no seis, é
o hexagrama ou a estrela do “Selo de Salomão”, composta de dois
triângulos, com seis pontas que correspondem aos 7 planetas da Astrologia
tradicional, menos o Sol. Neste caso é importante lembrar que o Sol ocupa o
centro do hexagrama, instituindo o sete como unidade do seis, o que
simboliza a multiplicidade da criação.

O Sete

O sete, é o número sagrado mais importante, após o três, nas tradições das civilizações
orientais. Nas literaturas suméria e acadiana encontram-se sete demónios representados pelos
sete pontos que aparecem na constelação das Plêiades.
Entre os judeus, o septenário oriental se manifesta no candelabro com
sete braços (a Menorá) que remete à divisão das quatro fases da
revolução lunar (28 ÷ 4 = 7), bem como aos sete planetas.
No Apocalipse de São João, o sete representa um elemento de
estruturação do texto (sete igrejas, sete cornos da besta, sete
manifestações da cólera no “livro dos sete selos”).
Uma cena célebre do Antigo Testamento, baseada no septenário, trata
igualmente de destruições realizadas pela cólera divina: sete sacerdotes,
munidos de sete cornos de carneiros (schofar) rodearam as muralhas de
Jericó durante seis dias. No sétimo dia, contornaram sete vezes a cidade
e, quando as trombetas soaram e os israelitas gritaram com força, as
muralhas ruíram por terra.

Na Europa, durante a Idade Média, também se apreciavam essas séries.


Havia os sete dons do Espírito Santo, representados na época gótica
sob a forma de pombas, sete virtudes, sete artes e ciências, sete
sacramentos, sete idades da vida humana, sete pecados capitais, sete
preces dirigida ao Senhor no Pai Nosso.
Pode-se mesmo perguntar se não foi sob o peso dessa tradição que se reconheceram
naturalmente sete tonalidades no arco-íris, quando na verdade sabemos, hoje, que o
espectro luminoso é contínuo.

Na China, enquanto número ímpar, o sete está associado ao princípio masculino, yang, mas

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representa a sucessão de anos da vida da mulher: ao cabo de 2 x 7 anos começa “a vida yin”
(primeira menstruação), que termina após 7 x 7 anos (menopausa). O quarenta e nove (7 x 7)
aparece também no culto aos mortos, pois a partir do sétimo dia do falecimento e até o
quadragésimo nono, eram feitas festas de oferecimentos em memória do defunto. A série de
sete planetas é, na China, menos tradicional que a série mais antiga que comporta apenas os
cinco planetas e à qual se atribui influência indiana.

O sete responde a algumas temáticas ou a algumas regras de composição muito precisas. É o


caso em relação às quatro fases do mês lunar (crescente, cheia, decrescente e nova), bem como
em relação ao número dos céus e dos planetas tradicionais da astrologia (os dois luminares,
Sol e Lua, e os cinco planetas visíveis a olho nu, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno).
Existem ainda os sete círculos do inferno ou do paraíso de Dante, na Divina Comédia.
É também o número que unifica os seis elementos anteriores, ultrapassando-os,
como pode ser visto na descrição bíblica da criação do mundo, em que Deus
repousa no sétimo dia, o que significa o coroamento de seu trabalho.
Representa, enfim, a soma do três e do quatro, a trindade e o quaternário,
indicando a totalidade do universo em sua dialéctica do dinamismo que percorre
o desenvolvimento de sua manifestação, bem como a união do céu e da terra,
do masculino e do feminino.
Os diversos significados do septenário são com frequência entremeados, criando uma
infinidade de sentidos possíveis. Os sete dias da semana cristã trazem nomes dos deuses antigos
ligados à astrologia (excepto no português). O Selo de Salomão corresponde ao mesmo tempo
aos sete planetas e à estruturação em seis elementos exteriores mais o elemento central que é o
ouro.
Um dos significados do sete, quando associado à “sétima casa” do horóscopo, referente ao
casamento, pode ser o da esposa “megera”, como Xantipa, mulher de Sócrates, pois os
aspectos astrológicos tensos nesta casa indicam disputas.

Do ponto de vista aritmológico, o sete lunar está inscrito na série 7 – 14 – 28 e, eventualmente,


42 (um mês lunar mais sua metade) enquanto que, o sete ligado à adivinhação, ao Além e à
unidade encontra a sua mais alta perfeição na sua potência quadrada, ou seja, 7 x 7 = 49. São
utilizadas 49 varetas para o sorteio do I Ching, ao mesmo tempo em que este é o número axial
do Bardo Todol (O Livro Tibetano dos Mortos).
Na aritmosofia, o sete participa ao mesmo tempo do princípio lunar (pois 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6
+ 7 = 28) e do princípio da unidade através do dez ou da tetraktys de Pitágoras, visto que 28
–> 2 + 8 = 10 –> 1 + 0 = 1.

O Oito e o Nove

O número sete, embora tenha um simbolismo bastante rico, muitas vezes é menos levado em
conta que o oito. Considera-se, de fato, que a Ressurreição do Cristo e o início da nova era teve
início no oitavo dia da Criação, o que explica por que os baptistérios têm com frequência uma
forma octogonal.

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As estrelas de oito pontas da arte
romana, as rosáceas com oito pétalas e a
cruz de malta com oito braços têm o
mesmo significado. O budismo repousa
sobre o “caminho com oito direcções”
e o oito é, na China, a assinatura da
ordem e da harmonia das coisas. É assim
que a rosa dos ventos indica as oito
direcções, enquanto o Buda se mantém
no centro do lótus de oito pétalas ou no
cubo da roda de oito raios, do mesmo
Rosa dos ventos modo que existem oito caminhos para Moeda com os 8 trigramas
seguir o Tao.
No Ming-tang, o quadrado com nove casas, que é equivalente à rosa dos ventos, os quadrados
por intermédio dos quais se indicam os pontos cardinais, o quadrado do meio designa o eixo do
mundo vertical entre o Céu e a Terra.
Como o quatro simboliza a Terra, a manifestação (os
quatro elementos, os quatro pontos cardinais, etc), quando
ela é projectada sobre um plano forma então um quadrado e
representa uma superfície (quatro é a potência quadrada do
dois, o feminino e o passivo).
Desse modo, o oito pode também simbolizar a Terra, se
for descrito no espaço que ela ocupa, pois o oito é o cubo de
dois (23 = 8) e designa por isso mesmo um volume.

Nesse sentido, o I Ching pode ser considerado perfeito, pois


seus 64 hexagramas pertencem à ordem do oito multiplicado
por si mesmo.
O número nove tem por base o número três, do qual é o quadrado, e designa o coro dos
anjos e as nove esferas sucessivas do cosmo medieval. Do mesmo modo que o cinco é, na
China, o centro dos elementos, o nove é o centro da terra e das oito direcções, onde se
estabelece a conjunção da Terra e do Céu.

O Dez, o Onze e o Doze

O dez é o símbolo da realização e da perfeição que remete à unidade primordial. É a tetraktys


dos pitagóricos que se resolve sempre no Um.
Podemos somar 1 + 2 + 3 + 4 = 10, e este nos dá, segundo a aritmologia, 1 + 0 = 1. O mesmo
ocorre com a soma de todos os elementos do 10, que dá: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 8+ 9 + 10 =
55 e se reduz a 5 + 5 = 10 e 1 + 0 = 1.
Além disso, se somarmos os quatro primeiros números do seguinte modo: (1 + 2) + (3 + 4),
perceberemos que o 10 é também a soma dos dois primeiros pares masculino-feminino e que é,
portanto, um duplo andrógino, o que o (re)conecta ao quatro como unidade da manifestação.

De todos os modos que considerarmos, o dez representa ao mesmo tempo o Todo e o Um, o
Um-todas-as-coisas sobre o qual tanto reflectiram os últimos neoplatónicos da Antiguidade,
conceito que foi amplamente retomado pela meditação alquímica.

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Esse conceito foi tão rico que o filósofo matemático
Nicômaco denomina o Dez, no primeiro século de nossa era,
com o nome de Pan (Todo), pois “serviu de medida para o
Todo como o esquadro e o prumo nas mãos Daquele que
tudo ordenou”.
No judaísmo, nesse mesmo sentido de revelação do divino
ou de seus poderes, encontram-se os Dez Mandamentos
entregues a Moisés e as dez pragas do Egipto que
permitiram a fuga dos hebreus, enquanto que o Templo
construído por Salomão tem a necessidade de dez véus para
ocultar o Santo dos Santos. Do ponto de vista esotérico,
O dez pode ser traduzido
considera-se, enfim, que os dez sefirot da Cabala são na ressonância entre a Tetraktys
como uma árvore invertida que tem suas raízes no céu e sua e Árvore da Vida da Cabala.
copa na terra, de acordo com os dez nomes misteriosos de
Deus.
Os números simbolicamente significativos que vêm depois do dez são o onze, investido algumas
vezes de conotação nefasta, mas sobretudo o doze, ao qual se atribui uma grande importância
(número dos signos do zodíaco, base do sistema senário babilónico, número das tribos de
Israel e dos apóstolos, etc).
Doze deuses constituíam, desde o século 5º a.C., o panteão da Grécia: Zeus, Hera, Deméter,
Apolo, Artemis, Ares, Afrodite, Hermes, Athena, Hefestos, Poseidon e Héstia, que era com
frequência substituída por Dionísio (Baco).
Quanto à sua composição, o doze pode ter sido formado
tanto pela multiplicação do quatro por três (três vezes
cada um dos quatro elementos – fogo, terra, ar e água –
que constituem os signos astrológicos) quanto pela
multiplicação do três pelo quatro (quatro vezes cada uma
das três modalidades dos signos – cardinal, fixo e mutável
– ou, em outros termos, pelas três forças: positivo,
negativo e neutro). Ele representa, de todo modo, a íntima
aliança entre a dinâmica do três e a completude do quatro.

As diferentes manifestações do doze – tribos, apóstolos


ou signos zodiacais – foram muitas vezes colocadas em
relação recíproca por autores cristãos:
“Os doze apóstolos têm na Igreja o lugar que os doze
signos do zodíaco ocupam na Natureza, visto que, como os
signos governam os seres sublunares e presidem sua
geração, os doze apóstolos presidem a regeneração das
almas” (São Clemente de Alexandria, citando Teodato, o
Gnóstico).
Outro exemplo: “o Cristo é o dia verdadeiramente eterno e
Os doze apóstolos sem fim que tem a seu serviço as doze horas nos Apóstolos
e os doze meses nos Profetas.” (Zenon de Verona,
Tractatus).

E Santo Agostinho, não teme escrever nas Enarrationes in Psalmos: “Existem doze apóstolos
porque o Evangelho devia ser pregado aos quatro cantos do mundo em nome da Trindade: ora,
quatro e três dão doze”.

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Do Treze ao Quarenta

O número treze é quase sempre considerado de mau augúrio. Hesíodo (século 8º a.C.) prevenia
os camponeses para não começarem a semear no dia 13 do mês. No ano bissexto dos babilónios
existia um 13º mês colocado sob o signo do “corvo de mau augúrio”.
O Diabo teria sido o décimo terceiro convidado ao “sabat” dos doze feiticeiros. Judas, o
décimo segundo apóstolo e portanto o décimo terceiro participante da Ceia, na instituição
da eucaristia pelo Cristo, trairia seu mestre por trinta dinheiros e acabaria por se enforcar
ao se consumar o sacrifício de Jesus na cruz. Como é necessário, no entanto, que os
apóstolos permaneçam doze, ele será substituído por Saulo, que passará a ser chamado de
Paulo após sua iluminação.
Outras interpretações, que vão além da falta e da infelicidade, aparecem igualmente para
o treze. Enquanto número da morte, pode também significar a morte simbólica que
muda o Ser de nível, que leva portanto ao renascimento e leva o homem a alcançar os
mistério do céu: parece ser este o sentido mais profundo da carta 13 do Tarot.

Assim como o 5 era a unidade central do 4, e o 9 a do 8, pode o 13 ser considerado para o 12


como o Cristo em relação aos apóstolos ou Iahweh para seus profetas. O treze pode, enfim,
completar o doze introduzindo-o numa outra dimensão: é assim que aos doze descendentes de
Jacó se junta uma décima-terceira criança, sua filha Diná, do mesmo modo que, nos Evangelhos,
vem juntar-se aos doze apóstolos a misteriosa figura de Maria Madalena.

Vinte e quatro é o número das horas de um dia e dos anciãos no Apocalipse de São João (4,4).
Ele está intimamente ligado ao doze por ser evidentemente o seu dobro, mas também, segundo
os cálculos da aritmosofia, a metade: 24 --> 2 + 4 = 6, que é a metade de doze. O vinte e
quatro é assim um “enquadramento” do doze, e é sem dúvida por isso que, no sistema de
cálculo senário (de base 6) e em relação aos doze signos do zodíaco que eles conheciam
perfeitamente, os astrólogos babilónios introduziram os 24 “Juízes do Universo”, ou seja, 24
estrelas, das quais 12 se encontram ao sul e doze ao norte”.

O vinte e seis representa na Cabala a soma das cifras do tetragrama sagrado (as quatro letras
do nome de Deus JHVH, ou seja: 10 + 5 + 6 + 5 = 26).

Vinte e oito, que representa um mês lunar e corresponde igualmente ao número de letras do
alfabeto árabe, é evidentemente 4 x 7 e 2 x 14, o que explica por quê Osíris, deus da Lua, reinou
por 28 anos antes de ser desmembrado por seu irmão Set em catorze pedaços. Mais tarde
ressuscitado por Isis, ganhou o Amenti, que é composto por catorze regiões, para lá julgar as
almas dos defuntos cercado por 42 deuses.

Trinta e três recebeu um significado particular no cristianismo por ser a idade de Jesus no
momento de sua morte. Indica o número de cantos na Divina Comédia de Dante, bem como os
degraus da “escada mística” na teologia bizantina.

Quarenta é o número da prova, do jejum e da solidão. Segundo os preceitos bíblicos, a


mulher que acaba de dar à luz deve permanecer 40 dias no isolamento. Entre os gregos, o
repasto fúnebre se desenrolava por quarenta dias e quarenta noites.
Moisés esperou pelo mesmo lapso de tempo no Monte Sinai que Deus proclamasse seus
mandamentos. A travessia dos filhos de Israel pelo deserto durou quarenta anos, bem como o
jejum de Jesus após o baptismo durou 40 dias, tal qual a quaresma do ano religioso.

Santo Agostinho considerava quarenta como o próprio número da peregrinação neste mundo
inferior e da espera pelo Reino.
A alquimia retomou esse significado ao indicar que tanto a obra em negro (nigredo: prova e
sofrimento) quanto o conjunto da obra (peregrinação da alma e a espera do ouro filosofal)
exigem a duração de quarenta dias.

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O par e o ímpar

Do ponto de vista da simbólica dos números, o par e o ímpar constituem um “casal” de


opostos. O melhor exemplo talvez seja uma passagem da Metafísica de Aristóteles, em que ele
se inspira em certas considerações de Pitágoras: “Os elementos dos números são o par e o
ímpar. O par é inacabado, o ímpar é completo. O Um participa do dois, por ele ser ao mesmo
tempo par e ímpar”.

Esta oposição não é a única, pois Aristóteles cita em relação ao ímpar atributos ou ideias como
o Um – o repouso ou o bem – enquanto que o par tem a ver com o múltiplo (todo número par
é um múltiplo de dois, e o dois representa uma adição do um consigo mesmo), com o
movimento e com o mal.
É nesse linha de considerações que reencontramos a temática do Diabo, o “dia-bolos”, que
quebrou a unidade e começa por isso mesmo o trabalho do múltiplo e de seus antagonismos.
[Já num sentido oposto, "sim-bolo" traduz a ideia de reconhecimento, de nexo.]
Mas como se pode explicar que o Um está ao lado do ímpar e que participa do par e do
ímpar?
A distinção que se pode introduzir aqui é, de um lado, a do Um que de acordo com a aritmética
participa do par e do ímpar, visto que ambos procedem desse um, e de outro lado o Um
metafísico, ou Mónada, que só pode estar ao lado do completo e do bem, ou seja, da perfeição,
portanto do ímpar.

Para representar o número cinco, por exemplo, pode-se dispor dois pontos na
vertical de um “ponto de origem”, o um, e dois outros pontos na horizontal. Tem-
se assim cinco pontos que se articulam em torno do um original, num fenómeno de
simetria. Por essa razão o um era considerado como equilibrado e completo.

Com relação ao primeiro “casal” de opostos podemos acrescentar um segundo, que é o do Um


(ímpar) com o quatro (par), na medida em que Pitágoras sempre afirmou que a tétrade era a
própria figura da perfeição. Para compreender esta afirmação, é necessário saber que a
tétrade é essencialmente compreendida no plano metafísico no qual ela designa a completude de
todas as possibilidades de existência ou, dito de outro modo, a estrutura da manifestação do Um
no universo sensível.

Já a mentalidade moderna, ao contrário, tem a tendência de valorizar o par que é simétrico


por definição, divisível por dois (6 = 3 + 3), enquanto que o ímpar é sempre desequilibrado (7 =
6 + 1 ou 5 + 2 ou 4 + 3).
Segundo os comentários de Teão de Esmirna, um é o ponto do partida do qual tudo é gerado,
o dois corresponde à linha, o três à superfície e o quatro ao volume que engloba
definitivamente e recapitula as três outras figuras. Pelo fato de gerar as categorias metafísicas
das coisas, o um é assim perfeito; e porque essas categorias estão todas compreendidas no
quatro, torna este número perfeito enquanto manifestação do Um.

No plano da psicologia das profundezas, C.G. Jung retomou essas intuições pitagóricas em sua
utilização do quaternário, ao afirmar que traduz a manifestação da unidade primordial. Ele se
apoia, nessa afirmação, sobre o axioma alquímico de Maria Profetisa: “O um torna-se dois, o dois
torna-se três e do terceiro nasce o um como o quatro”. Nos dois casos estamos diante de uma
conjunção de opostos, ainda se levarmos em conta que em todos os sistemas simbólicos
conhecidos, da China às Américas, o ímpar é tradicionalmente masculino e o par, feminino.

Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 82

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