Uma modelização matemática das redes informáticas: Uma aplicação dos Espaços de

Alexandroff de tipo finito

RESUMO

Mostra-se o laço entre os espaços de Alexandroff de tipo finito e a informática teórica,

especialmente as redes informáticas. A interconexão entre dois computadores p e q é definido
pelo arco p → q à inclusão Bq ⊂ B p dos elementos da base irredutíveis B. Por B p entende-se o
menor aberto de X contendo p de X, onde X é um espaço de Alexandroff de tipo finito B p .
Assim uma topologia sobre um conjunto finito X represente um modelo de uma rede
informática (até mesmo comercial) e reciprocamente.
Palavras-chave: Topologia finita, topologia de redes, base irredutível, rede informática, matriz
binária, modelização matemática.

ABSTRACT

The paper shows the link between finte Alexandroff spaces and the theoritical comuter
science, specially computer networks. The connection between two computers p and q is
defined by p and q to inclusion Bq ⊂ B p of the elements of the irreductible B. For B p, we think
of the smaller opened set of X containing p of X, in which X is a finte Alexandroff space B p.
Só, a topology on a finite set X represent a model of a computer network (like a commercial
one) and reciprocally.

Key-words: Finite topology, network topology, irredutible base, graphs, binary matrix,
mathmatical modelling.

1. Introdução

Actualmente os espaços de Alexandroff de tipo finito aplicam-se em vários campos das

ciências, em particular na Matemática, e engenharia. Mostra-se em [5] que um espaço de
Alexandroff de tipo finito pode ser representado por um reticulado distributivo cujos
elementos irredutíveis são precisamente os abertos B p da base irredutível da topologia de
Alexandroff, que uma topologia de Alexandroff e sua co-topologia podem ser descritas por
um (di)grafo e vice-versa. Ainda mais, se M() é uma matriz da topologia  finta, a matriz da
sua co-topologia é a matriz M t , transposta de M().
No que segue usaremos as topologias de Alexandroff de tipo finito para modelar
matematicamente reses informáticas. Estabeleceremos uma equivalência entre a topologia
finita, seu reticulado, seu digrafo e sua matriz booleana [5], [11], [12] e [7].
Iniciaremos por uma breve resenha das redes informáticas de cabos. Estabelece-se em
particular um laço entre topologias de redes e a estrutura topológica num conjunto finito X.
No tratamento de imagens digitais e nas situações onde as relações espaciais são
modeladas num computador, recorre-se muitas vezes a uma classe especial de espaços finitos:
os “espaços de Alexandroff”. Do outro lado, sabe-se que a topologia digital foi no princípio
concebido para imagens binárias e utiliza dois grafos definindo as vizinhanças de cada ponto
do objecto de interesse e do seu complemento: o seu fundo. E é exactamente neste sentido que
os espaços tornam-se o quadro matemático que idealiza melhor esta conexão.
Por espaço de Alexandroff entende-se todo espaço topológico X para o qual a intersecção
arbitrária dos abertos é sempre aberta o que equivale a dizer que todo aberto é fechado. A
propriedade fundamental destes espaços é que eles são isomorfos à categoria dos préordens e,
além disso a categoria dos T 0–espaços de Alexandroff é isomorfo à dos posets. O que explica
o interesse tardio destes espaços para os matemáticos e informáticos. Vários trabalhos
demonstram que um espaço de Alexandroff represente uma rede informática e reciprocamente
[5], [8], [10] e [9].
Num espaço de Alexandroff de tipo finito X, o interesse está na base irredutível cujo
elemento típico, denotado B p, é definido como o menor aberto de X contendo o ponto p de X.
Em [5] como em [10] mostrou-se que a interconexão entre dois computadores, p e q, tomados
como ponto sde X, é definida pelas inclusões dos conjuntos B p B q ou Bq B p traduzidas pelos
arcos (p, q) ou (q, p) de um (di)grafo no qual os computadores p e q tornam-se vértices, tendo
a estrutura p q ou q  p, respectivamente.

2. Generalidades sobre as redes informáticas

2.1. Definições e classificação das redes de cabos
1. Definição
Uma rede informática é um conjunto de máquinas e
Computadores autónomos conectados entre eles por meio de cabos (ou fios) e que comunicam
[3].
Em sua concepção, uma rede informática é caracterizada por:
(1) Seu campo de acção
(2) Sua extensão geográfica
(3) Seu funcionamento
2. Classificação de redes informáticas
2.1. Rede quanto a seu campo de acção
Existe dois tipos de redes:
a) Rede fechada: é uma rede não acessível ao público. Este tipo de rede é reservado a
uma empresa e é chamada de “intranet”.
b) Rede aberta: é uma rede acessível ao público. Este tipo de rede é chamado de
“extranet”.
2.2. Rede quanto à extensão geográfica
Existe três tipos de redes:
a) Redes locais (LAN: Local Area Network): Uma rede local
(LAN) é um conjunto de computadores e máquinas pertencendo a uma mesma empresa ou
organização e ligados entre eles numa área geográfica pequena de aproximadamente algumas
centenas de metros, tal como os nossos cyber café. Como subdivisões, temos os DAN
(Department Area Network), BAN (Building Area Network) e CAN (Campus Area Network).
b) As MAN (Metropolitan Area Network) ou redes metropolitanas.
Estas redes reagrupam um pequeno número de redes locais ao nível duma cidade. A MAN
efectua a interconexão de vários sites duma mesma cidade. Ela tem capacidade de
interconectar redes locais de vários edifícios e pode tomar conta da gestão global dos sites
conectados. Tal o “Mbongue” em Saurimo.
c) As WAN (Wild Area Network) ou redes estendidas.
São redesque permitem a interconexão das MAN na Escala de um pays (Sistema de
interconexão nos bancos em Angola, por exemplo), de um continente (IBurst-Africa, por
exemplo)ou ainda da planeta. A WAN utiliza, em geral, as linhas da rede pública (o serviço
de telecomunicação, cabo óptico) e funciona com routers que permitem escolher o trajecto
mais apropriado para atingir um nó da rede.
2.3. Rede quanto ao seu funcionamento
Existe dois tipos de redes:
a) Redes posto a posto: Não há servidor específico. Cada máquina ou
computador pode ser simultaneamente servidor e cliente, e cada máquina está livre de
compartilhar os recursos.
b) Redes organizadas em torno de um servidor (cliente/servidor): é um modo
de diálogo entre dois procedimentos: o cliente e o servidor. O primeiro (cliente) pede a
execução do serviço ao segundo (servidor).
2.2. TOPOLOGIAS DE REDES
Nas redes informáticas, existem dois tipos de topologias: a Topologia lógica e a
Topologia física.
2.2.1. Topologia Lógica:
Ela descreve a maneira como circula a informação
dentro da rede. Isto é, a topologia lógica representa o modo de transição dos dados nos cabos.
Temos neste caso o Ethernet, o Token-Ring e o Fiber Distributed Data Interface (FDDI)
(Consultar [4] e [14], para mais informações).

2.2.2. Topologia Física: Ela representa o arranjo físico

ou geométrico dos equipas, permitindo a conexão entre elas (máquinas, computadores).
Distingue-se nesta categoria várias topologias que apresentamos a seguir, sem entrar em
detalhas técnicas [2], [4] e [14].
a) Topologia de barramento.
Comummente chamada topologia em “bus”, nesta topologia, todos os computadores
são conectados a um cabo (ou fio) comum ou a mesma linha de transmissão por meio de cabo,
geralmente coaxial. O termo “bus” designa linha física que une as máquinas.

b) Topologia em anel
Numa topologia em anel as máquinas estão conectadas na forma dum anel fechado
constituído de nós e de ligações, cada nó sendo conectado unicamente a dois nós adjacentes
isto é, as máquinas estão em cadeia umas às outras de modo similar. Para que a informação
circule, cada estação deve transmitir à estação vizinha.

c) Topologia em estrela
Esta topologia possui um nó central donde partem todas
as ligações.

d) Topologia malhada ou completa

Nesta topologia, cada nó está directamente ligado a cada um dos outros nós da rede.
O quadro da nossa pesquisa sendo a matemática aplicada à informática teórica, voltamos ao
objecto de interesse.

2. Modelização matemática das redes informáticas

3.1. Equivalência entre a topologia finita, seu reticulado, seu digrafo e sua matriz
binária.
Para descrever a junção entre estas topologias de redes e as topologias finitas de Alexandroff,
consideramos uma topologia  de Alexandroff sobre um conjunto finito
X ={1 , 2, 3 , … , p ,… , n } de cardinal n (n ∈ N ¿−{1}). Para todo pX, apoiando-nos em [1],
[2], [6] e [12], definimos
B p=⋂ {V ⊂ X :Vaberto contendo p }
O menor aberto de X contendo o ponto p (no sentido da inclusão de conjuntos). Denotamos B
¿ ¿ p∈ X B p a base da topologia , chamada a base irredutível de . Mostra-se em [3] que esta
base caracteriza todo espaço de Alexandroff X e do outro lado, a topologia  pode ser
identificada sob a forma de uma matriz binária M()= (a pq )n × n quadrada de ordem n, tal que

a pq={ 1 se q∈Bp
0 caso contr á rio
.

Esta matriz caracteriza completamente a topologia .

Assim por exemplo, suponhamos X = {1, 2, 3, 4} um conjunto não-vazio dotado da topologia
de Alexandroff  = {,{1}, {1,2}, {1, 3}, {1, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1, 3, 4}, X}
Temos então
B1={1 }∩ {1,2}∩{1 , 3}∩{1 , 4 }∩{1 , 2, 3 }∩{1, 2 , 4 }∩{1 , 3 , 4 }∩ X ={1}
B2= {1,2 } ∩ { 1 ,2 , 3 } ∩ { 1, 2 , 4 } ∩∩ X={1, 2 }
B3= {1,3 } ∩ { 1 , 2, 3 } ∩ { 1 ,2 , 4 } ∩ { 1, 3 , 4 } ∩ X={1, 3 }
B4 ={ 1,4 } ∩ { 1 ,2 , 4 } ∩ { 1, 3 , 4 } ∩ X={1,4 }
A matriz booleana constrói-se da seguinte maneira;
a 11=1 , pois 1 B1 a 21=1, pois 1 B2
a 12=0, pois 2∉ B1 a 22=1, pois 2∈ B2
a 13 =0, pois 3∉ B1 a 23=0, pois 3∉ B2
a 14 =0, pois 4∉ B1 a 24 =0, pois 4∉ B2
a 31=1 , pois 1 B3 a 41 =1, pois 1 B4
a 32=0, pois 2∉ B3 a 42 =0, pois 2∉ B 4
a 33 =1, pois 3 B3 a 43 =0, pois 3 B4
a 34 =0, pois 4∉ B3 a 44 =1, pois 4∉ B 4

Portanto a matriz booleana associada à topologia  é:

( )
1 0 0 0
1 1 0 0
M ( )=
1 0 1 0
1 0 0 1 4 ×4

Considere-se agora os pontos de X como vértices dum digrafo D() cujas arestas ou setas são
definidas pela regra: “(p,q) é uma aresta do digrafo D() se e somente se Bq ⊂ B p”
Reciprocamente, se um digrafo D() sobre um conjunto finito X é dado, constrói-se uma
topologia  tendo como digrafo D() assumindo para todo pX,
B p= { p } ∪ {q ∈ X : ( p , q ) é uma aresta de D(τ)}
Tais objectos B p assim definidos formam uma sub-base dos abertos para a topologia  [3] e
[5].
O grafo G() da topologia finita  é obtido a partir do digrafo eliminando as setas nas arestas
do digrafo D(τ ). Assim, voltamos a considerar novamente o exemplo anterior em que
X ={1 , 2, 3 , 4 } e a topologia finita  = {, {1}, {1,2}, {1, 3}, {1, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1,
3, 4}, X}.
Recordamos que o digrafo D() foi definido por:
“(p,q) é uma aresta do digrafo D() se e somente se Bq ⊂B p”  “p q se e somente se
Bq ⊂B p”.
O diagrama de Hasse associado é dado na figura abaixo:

1234
134
124
123
14
13
12
1
Os elementos da base irredutível que são os elementos irredutíveis do reticulado acima são:
{1}, {1,2}, {1,3} e {1,4} tais que
B1={1 } , B2= {1 , 2 } , B3= {1 , 3 }, B4 ={ 1 , 4 }
E como temos B1 B2, B1 B3, B1 B4 e que B2 , B3 e B4 não são comparáveis, o digrafo D() da
topologia  é então
2

4 31
1

A matriz de adjacência desta topologia finita pode ser definida por

α pq = {10 se ( p ,q ) ∈ D ( τ ) e p ≠q
caso contr á rio

( )
0 0 0 0
1 0 0 0
A ( D ( τ ))=
1 0 0 0
1 0 0 0

No digrafo D ( τ ) acima os vértices 1, 2, 3 e 4 podem ser considerados como computadores

cuja interconexão entre dois quaisquer computadores p e q é definida como seguinte:
“p é conectado a q se e somente se B p ⊂ Bq ou Bq ⊂ B p” [5].
Assim obtém-se uma rede informática cuja topologia física está descrita pela estrutura do
grafo G(τ ) e a sua topologia lógica pelo digrafo D ( τ ) . Reciprocamente, se uma rede
informática é dada, seja X o conjunto das máquinas conectadas. A topologia lógica da rede
defina um digrafo gerando uma topologia em X que se determina a partir dos elementos
irredutíveis associados ao diagrama de Hasse, o que nos dá a base irredutível do espaço de
Alexandroff X [10].
Portanto uma topologia de Alexandroff sobre um conjunto finito X representa um modelo de
uma rede informática [4], [5] [14], [7], [10] e [11]. Em outras palavras, a cada uma das
topologias físicas em redes corresponde um modelo matemático desta rede informática, que
pode ser orientada quanto quisermos.
No que segue, descrevemos cada modelo apoiando-nos em exemplos concretos.
Assim uma topologia num conjunto finito X representa um modelo duma rede
informática. Em outros termos, a cada uma das topologias físicas corresponde um
modelo matemático desta rede informática, que pode ser orientada conforme as
 necessidades. Para ilustrar isso, consideramos X = {1, 2, 3} e  = {, {1}, {1,3}, X}.
Então, ={B1, B2, B3} onde

1. Exemplos de modelagem matemática em redes informáticas

1. Rede informática dotado duma topologia em bus

Seja X um conjunto formado de quatro computadores enumerados 1,2,3 e 4.

Define-se sobre X uma estrutura topológica por

A base irredutível da topologia 

é dada por: B e seu grafo é

dado pelo seguinte esquema que descreva a rede informática possuindo uma topologia
física em bus.

Orientando a circulação da informação por: « p q se e somente se B p  Bq», a rede

informática admite a seguinte topologia lógica:
1 2 3 4

2. Rede informática dotado duma topologia em anel

Seja X um conjunto de três computadores enumerados 1, 2 e 3. X ={1, 2, 3} cuja topologia de

Alexandroff está dada por ¿ {,{1 },{1,2}, X } . A base irredutível da topologia está dada por
B={{1 }, {1,2 }, {1,2,3 }} com B1={1 }, B2={1,2 }, B3= {1,2,3 }. A rede informática modelizada
por (X , τ ) tendo a base irredutível acima terá seu grafo descrendo portanto uma rede
informática com uma topologia física em anel como mostra a figura
Orientando a circulação da informação nesta rede pela relação “p q se e somente se
Bq ⊂B p”, obtém-se uma rede em anel modelizado pelo digrafo

3. Rede informática dotado duma topologia em estrela

Seja X um conjunto de cinco computadores enumerados 1, 2,3,4 e 5. X ={1, 2, 3,4,5} cuja
topologia de Alexandroff está definida pela seguinte base irredutível
ß={ { 1 } , { 1,2,3,4 } , { 3 } , { 4 } , {4,5 }} com B1={1 }, B2={1,2,3,4 }, B3={3} , B4 ={ 4 } , B5= { 4,5 }.
A rede informática modelizada por (X , τ ) tendo a base irredutível acima está dada por

2 5

3 4
1

que pode ser considerada como uma rede coma topologia física em estrela e cuja topologia
lógica esta ilustrada pela orientação das setas.
4. Rede informática tendo uma topologia malhada
Seja X um conjunto de cinco computadores enumerados 1, 2,3,4 e 5. X ={1, 2, 3,4,5} cuja
topologia de Alexandroff está definida pela seguinte base irredutível
B= {B1 ={ 1,3 } , B2= {2,4 } , B3= { 3,5 } , B4 ={ 1,4 } , B 5={ 2,5 } }
A rede informática modelizada por (X , τ ) tendo a base irredutível acima está ilustrada por

1 2

3
que é uma rede informática possuindo uma topológica completa ou malhada

CONCLUSÃO

O presente post tinha como objectivo de mostrar a importância dos espaços de

Alexandroff na informática teórica e na teoria de grafo. Para tal, procuramos mostrar
quanto as topologias de Alexandroff de tipo finito são eficazes na informática teórica.
Para tal, mostrou-se que um T0-espaço de Alexandroff finito é um conjunto ordenado e
reciprocamente, o que permita a utilização informática destes espaços. Depois
representou-se um espaço de Alexandroff finito por um reticulado, por um digrafo, e
por uma matriz quadrada binária. Graças a esta abordagem, chagamos a realizar que
um espaço de Alexandroff finito equivale a uma rede informática na qual as máquinas
são representadas pelos pontos do espaço de Alexandroff e a conexão entre máquina p
e máquina q é dada pelas inclusões de conjuntos BpBq ou BqBp.
Como se pode constatar na leitura e no exposto, muitas outras coisas interessantes ainda estão
para se fazer nesta área que está no limiar das Matemáticas e da Informática Teórica.

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