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1 Telemática e comunicações de dados

1.1 Redes de dados

Assumindo um papel de cada vez maior relevância, a zona em que se fundem as áreas de
Informática e Telecomunicações, a Telemática, tem evoluído a um ritmo frenético,
acompanhando assim a cada vez maior dependência da sociedade, da informação que está a
ser constantemente produzida, e que precisa de canais de comunicação para ser transmitida.

Uma rede de computadores consiste na interligação de dois ou mais computadores em


condições de troca de mensagens e de partilha de recursos, quer sejam recursos de hardware
– como seja uma impressora partilhada – , quer sejam de software – como seja a partilha de
páginas web. A dimensão e complexidade de uma rede de computadores pode variar desde a
simples ligação de dois computadores próximos um do outro, até uma rede de dimensão
mundial como a Internet.

Uma rede de comunicação de dados pode integrar outros dispositivos intermediários da


comunicação, que podem ter a função de reunir, gerir e encaminhar as mensagens entre o
emissor e o receptor. Exemplos deste tipo de dispositivos são os hubs, switchs e routers. Cada
um desses dispositivos constitui um nó da rede. Em regra, uma rede de computadores é
caracterizada pela sua extensão, abrangência e tecnologia de transmissão, bem como por
características internas como o débito, meio de transmissão usado, topologia, número máximo
de dispositivos de rede, distância entre dispositivos, etc.

1.2 Topologias

A topologia de uma rede de computadores, descreve-nos de algum modo a geometria usada


na transmissão da informação pela rede e nas ligações aos computadores.
As principais topologias que se podem encontrar são:
-Barramento ou Bus


terminador Barramento
de
comunicação

topologia em linha

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-Anel ou Ring

Canal de
Nó comunicação

topologia em anel

-Estrela ou Star

Cabos de
comunicação entre
os nós e o
dispositivo central

topologia em estrela

1.3 Cobertura geográfica da rede de comunicação de dados

A cobertura geográfica da rede pode variar desde a simples ligação de dois computadores
numa sala, até à interligação de redes de computadores de duas fábricas localizadas em
diferentes continentes.

Relativamente à cobertura geográfica, as redes de dados dividem-se vulgarmente em três


classes:

LAN: quando a cobertura geográfica da rede se limita a algumas dezenas ou


eventualmente centenas de metros, ou seja a um edifício, então a rede designa-se como
de área local ou LAN (Local Area Network).
MAN: se a rede interligar, por exemplo, vários edifícios localizados perto uns dos outros,
então a área de cobertura da rede é de aproximadamente uma povoação, e a rede
designa-se como sendo de área metropolitana ou MAN (Metropolitan Area Network), o
suporte preferencialmente utilizado para implementação deste tipo de redes é a fibra
óptica.
WAN: no caso em que a rede interliga locais mais distantes, por exemplo conexão entre
cidades ou mesmo entre países, então recorre-se a outros meios para efectuar esse tipo
de ligações como por exemplo a rede pública comutada ou redes de comutação de
pacotes, diz-se então que a rede é de cobertura alargada ou WAN (Wide Area Network). A
Internet é o exemplo derradeiro da WAN.

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2 Internet
2.1 Resenha Histórica da Internet

A palavra InterNet vem do Inglês NET (rede) e INTER (entre). Em informática uma rede é
um conjunto de computadores interligados entre si para troca de informação. A Internet é
então um grande conjunto de redes informáticas interligadas por todo o mundo.
As origens da actual Internet remontam aos anos 60, em plena época de guerra fria. Na
altura começaram a aparecer novos impulsos no chamado Processamento Electrónico de
Dados (EDP), fomentados pelos departamentos de defesa das grandes potências militares da
altura, com o intuito de manter as ligações entre diferentes pontos dos países em caso de
guerra nuclear.
A Internet surgiu então a partir de um projecto que foi criado em 1969 pelo Defense
Advanced Research Projects Agency (DARPA) (www.arpa.mil) chamado de ARPNET. Este
projecto consistia no desenvolvimento de uma rede segura para a transmissão de informação
entre instituições norte-americanas que trabalhavam no desenvolvimento e fornecimento de
recursos militares.
O grupo responsável por este projecto reuniu-se pela 1ª vez em Outubro de 1968; A
primeira ligação com sucesso efectuada entre dois computadores distantes foi realizada em
Novembro de 1969 (entre Los Angeles e Standford); em Dezembro de 1969 a ARPNET foi
oficialmente criada tendo ligados 4 computadores (Los Angeles, Standford, Santa Barbara,
Utah); em 1972 já eram 40 computadores ligados na ARPNET;
A rede foi crescendo interligando cada vez mais redes de computadores de
universidades por todo o mundo, até aos dias de hoje que interliga computadores de todos os
tipos de organizações para além de universidades, instituições militares e computadores
pessoais. Actualmente existem milhões de equipamentos interligados pela Internet, numa
rede de redes muito heterogénea no tocante a tecnologias de interligação e de
processamento, bem como no software usado, como seja o caso das aplicações e dos sistemas
operativos.

Figura 1: A Internet

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2.2 Conceitos introdutórios da Internet

A ARPANET original cresceu e deu origem à actual a Internet. A Internet foi baseada na
ideia de que haveria múltiplas redes independentes (começando com a ARPANET como rede
pioneira e incluindo posteriormente redes de satélites, de rádio, etc.). A Internet como
conhecemos hoje incorpora uma ideia-chave: rede de arquitectura aberta.
Numa rede de arquitectura aberta, as redes individuais podem ser
separadamente desenhadas e desenvolvidas e cada uma pode ter sua
interface própria que pode ser oferecida a utilizadores e fornecedores de
serviços. Cada rede pode ser desenhada de acordo com o ambiente e os
requisitos dos seus utilizadores
Para assegurar que diferentes tipos de computadores possam trabalhar em conjunto, os
programadores desenvolvem os seus programas utilizando Protocolos de Comunicação
standards
Um protocolo é um conjunto de regras que descrevem, em termos técnicos,
como “alguma coisa” deve funcionar.
Os protocolos da Internet englobam um vasto conjunto de protocolos de comunicação,
dos quais, dois dos mais conhecidos e utilizados são o Transmission Control Protocol (TCP) e o
Internet Protocol (IP).

2.2.1 Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP)

Os detalhes técnicos do que é o TCP/IP vão para além do âmbito desta disciplina, no
entanto será necessário conhecer algumas ideias básicas:
A informação na Internet não circula de forma constante, nem é transmitida toda de
uma vez só. A informação antes de ser transmitida é dividida em pequenos blocos de
informação – pacotes, que são depois enviados para o seu destino pelos mais diversos
trajectos.
Funcionamento resumido do processamento da Comunicação na Internet
A Aplicação que pretende enviar qualquer informação indica o destinatário e passa a
mensagem (ficheiros, imagem, etc.) para o TCP.
A responsabilidade da divisão da informação em segmentos é então do TCP. O TCP
numera sequencialmente cada segmento, colocando também neles, a morada do
“destinatário” e a morada do “remetente”.
O TCP também coloca em cada segmento alguma informação adicional
para controlo de erros.
A informação é depois enviada para a rede, sendo o Internet Protocol (IP) responsável
por a fazer chegar correctamente ao destinatário.
O IP do destinatário aceita então todos os datagramas que lhe são endereçados e
entrega-os ao TCP
O TCP recebe os segmentos e faz a verificação de erros.
Em caso de erro, o TCP pede ao remetente o reenvio dos segmentos com
erros.

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Após terem chegado todos os pequenos segmentos sem erros o TCP é responsável por
ordenar todos esses pacotes tal como estavam no remetente e entrega essa
informação à aplicação destinatário que estava à espera dela.

Em resumo: O IP tem o papel de pegar nos pacotes de informação e entrega-los no


destinatário, o TCP tem a função de controlar o fluxo de informação e garantir que tudo
funcione bem e sem erros.

2.2.2 Interligação de Redes

Tal como já foi referido antes, as redes individuais podem ter a sua estrutura própria,
que é desconhecida dos restantes.
Os Routers (Encaminhadores) são os responsáveis pela Interligações de diferentes
redes. Um router não é mais do que um dispositivo (computador /máquina) que liga redes e
está dedicado a executar software de encaminhamento de pacotes. Realizam funções de
controlo de tráfego e encaminhamento de pacotes pelo melhor caminho em cada momento

Figura 2: Interligação de Redes

As diferentes redes que constituem a Internet estão ligadas por routers.

2.2.3 Endereçamento

Como é que sabe onde é que está o destinatário ?


Tal como cada uma das nossa casas tem uma morada única, também os computadores
que estão directamente ligados à Internet têm endereços únicos (endereço IP).
Cada endereço IP é formado por um conjunto de 4 Bytes em notação decimal (0..255)
separados por pontos: Ex: 193.136.195.220
A cada computador ligado directamente à Internet (host/anfitrião) é lhe então
atribuído um endereço único de 32 bits (4 bytes). Este endereço está dividido em duas partes:
O endereço de Rede (Network) e o endereço anfitrião (host).
O mesmo acontece nos números de telemóvel actuais (os primeiros dois
indicam a rede e os restantes, o número propriamente dito)

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Figura 3: O endereço IP: Conjunto de 32 bits, agrupados em 4 octetos

Devido ao esgotamento dos endereços baseados em 4 bytes (IPv4) ocorre actualmente um


upgrade do endereçamento da Internet. Assim, passarão a utilizar-se 6 Bytes( IPv6), contendo
os novos IPs 6 grupos de números, alargando assim o âmbito da Rede para mais de 280 mil
milhões de endereços disponíveis, face aos 4,2 mil milhões actuais.

Estes endereços IP podem ser estáticos ou atribuídos dinamicamente, Os endereços IP


estáticos são atribuídos a computadores com acesso directo à Internet (o caso das
organizações com ligação permanente à Net). No caso dos restantes sistemas (como o
utilizador doméstico), é-lhes atribuído um IP dinâmico, que é diferente de cada vez que se
efectua a ligação ao fornecedor de acesso à Internet (ISP - Internet Service Provider).

2.2.4 DNS – Domain Name Server

De forma a poder comunicar-se com um qualquer computador ligado à Internet é


preciso saber qual o seu endereço IP.
Em alguns serviços da Internet isso é transparente para o utilizador e são os programas
de comunicação os responsáveis por todo esse serviço, mas existem serviços (ex: www e ftp)
em que é o utilizador que diz a que computador (host) se quer ligar.
Os computadores lidam melhor com números e os humanos lidam, geralmente, melhor
com nomes. Como seria se fossemos conhecidos pelo nosso BI em vez do nosso nome. Para
não termos de fixar qual o endereço IP foram então criados os Servidores de Nome de
Domínio (Servidores DNS)
Os servidores DNS fazem a gestão de bases de dados em que são guardados
os IPs e respectivos nomes de domínio, permitindo assim fazer a tradução de
um sistema para outro.
Em toda a Internet não existe apenas um Servidor de DNS, tal seria actualmente
incomportável. Se um servidor DNS não consegue determinar o endereço IP de um
determinado nome de domínio, então faz um redireccionamento do pedido para outro
servidor DNS que o possa fazer. Esse processo é hierárquico.
Uma vantagem da utilização de nomes de domínio é que se pode alterar o
endereço IP de um computador mantendo o seu nome de domínio, sem que o
utilizador final se aperceba.

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193.136.195.220 www.ipb.pt
66.187.232.30 ftp.redhat.com
Alguns exemplos de nome de domínio e respectivos IPs versão IPv4.

2.2.4.1 Convenções dos nomes de domínios


Para a criação de nomes de domínios existem também um conjunto de regras que
permitem a quem analisa esse “nome” saber o que é que vai encontrar ao “visitar” esse
anfitrião.

www.esa.ipb.pt

Os domínios de topo (top level domains) - situados à direita do último . (ponto)


separador são:
Identificadores Nacionais
.pt Portugal
.es Espanha
.br Brasil
Geralmente este tipo de identificador é representado por duas letras e indicam o País
onde está registado (poderá estar situado em qualquer parte do mundo) o computador
ligado à Internet. Cada País é responsável pela gestão do seu Domínio geográfico. Em
Portugal essa tarefa é da competência da FCCN (Fundação para a Computação Científica
Nacional)
Identificadores Organizacionais
.com Comercial
.org Sem fins lucrativos
.edu Educacional (USA)
.gov Governamental
.mil Militar
Estes tipos de identificadores começaram por ser apenas utilizados nos Estados Unidos
da América, mas estão agora a ser utilizados em toda a parte do Mundo. A gestão destes
domínio de topo é da responsabilidade da InterNet Corporation for Assigned Names and
Numbers (ICANN).
O nome de domínio de cada computador é único, tal como o seu IP.

2.3 Serviços na Internet

Ao contrário do que vulgarmente se diz, a Internet não é somente a Web (nem é a


WEB!), mas sim um conjunto de serviços.
A Internet oferece vários serviços, entre os quais:
- Correio electrónico (e-mail), utilizada para enviar/receber mensagens e ficheiros (de
todo o tipo). – Protocolo de aplicação SMTP (Simple Mail Transfer Protocol), para troca

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de emails entre servidores, e POP (Post Office Protocol) ou IMAP (Internet Message
Access Protocol), para transferência de email entre aplicações cliente (e.g. thunderbird)
e servidores.
- Grupos (ou fóruns) de discussão (Newsgroups), utilizada para possibilitar a
comunicação entre pessoas com interesses comuns. Protocolo de aplicação utilizado é o
NNTP (Network News Transfer Protocol).
- Chat (IRC, ICQ e Webchats), utilizado para conversação em tempo real. O protocolo
utilizado é o IRC (Internet Relay Chat).
- Partilha de Ficheiros (FTP), para procura e transferência de ficheiros. FTP (File Transfer
Protocol)
- Emulação de terminal (Telnet), para ligação a sistemas remotos. Protocolos utilizados:
Telnet e mais recentemente o SSH (Secure Shell)
- World Wide Web (WWW), utilizada para consultas de páginas Web e pesquisa de
qualquer tipo de informação. Protocolo de aplicação utilizado é o http (HyperText
Transfer Protocol) ou o https (versão segura do http).

2.3.1 Correio Electrónico: e-mail

O correio electrónico (e-mail), foi um dos primeiros serviços a ser implementado na


Internet e ainda hoje é provavelmente aquele que é utilizado com maior frequência.
Permite a troca de mensagens entre utilizadores. Essas mensagens, além de texto,
podem conter sons, imagens, entre outros tipos de dados. As mensagens podem chegar ao seu
destino apenas alguns minutos ou mesmo segundos depois de terem sido enviadas.

Um endereço de e-mail consiste em duas partes separadas pelo símbolo @ ("at" ou


arroba):
- O username (nome do utilizador) – É o nome que identifica o utilizador. Pode ser um
nome real ou um pseudónimo.
- O domain name (nome do domínio) – É a localização da conta do utilizador na Internet.
As várias partes do nome do domínio são separadas por pontos (.).
Um exemplo de endereço electrónico: geral@ipb.pt

2.3.1.1 Funcionamento e Protocolos


O funcionamento do correio electrónico pode ser descrito da seguinte forma:
- A mensagem de correio electrónico é escrita.
- Depois de endereçada, a mensagem é enviada até ao servidor de correio electrónico do
remetente.
- O servidor de correio electrónico do remetente envia a mensagem para o servidor de
correio electrónico do destinatário, que a guarda na caixa de correio respectiva.
- Quando o destinatário procurar por novas mensagens, ela será transferida do servidor
para o computador local.
- A mensagem de correio electrónico é lida.

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O protocolo que descreve a forma como o correio electrónico deve ser entregue de um
computador para outro chama-se SMTP (Simple Mail Transfer Protocol).
Por toda a Internet há milhões de computadores que correm programas
(agentes de transporte) que asseguram que as mensagens são transportadas
de forma organizada, de acordo com o protocolo SMTP.

Para utilizarmos o serviço de correio electrónico, também é necessário correr um


programa designado por Cliente de Correio Electrónico. Sempre que esse programa pretender
enviar ou receber correio, tem de ligar-se a um Servidor de Correio Electrónico. Exemplos de
clientes são: Microsoft Outlook Express, Netscape Mail, Eudora ou Thunderbird. Para receber
as mensagens de correio electrónico, o cliente acede ao servidor através de um dos seguintes
protocolos:
POP3 (É o protocolo mais utilizado), IMAP (o menos utilizado) ou http (utilizado pelo
webmail).
O Webmail é uma forma particular de utilização de correio electrónico, no
qual todas as acções são feitas via Web, sem necessidade de utilização de
nenhum outro programa cliente de mail, a não ser um simples navegador

2.3.2 Partilha de Ficheiros: FTP

O FTP é um protocolo de transferência de ficheiros, permitindo pesquisar ficheiros


armazenados em computadores de todo o mundo e copiar aqueles que interessam.
Com o FTP não existe apenas a possibilidade de recolha (download) de ficheiros, mas
também o inverso, a transmissão (upload). Um site FTP é um lugar na Internet que armazena
ficheiros. Estes sites são mantidos por instituições de ensino, departamentos governamentais,
empresas e particulares.

2.3.2.1 Funcionamento
O processo genérico para aceder a um determinado recurso via FTP é:
- Estabelecer uma ligação com o servidor de FTP que armazena o ficheiro pretendido.
Poderá ser necessário efectuar uma autenticação através de username e
password.
- Navegar até à directoria remota que contém o ficheiro pretendido.
- Definir as opções de transferência.
Nomeadamente definir se se trata da transferência de um ficheiro de texto
(ASCII) ou binário (binary).
- Seleccionar o ficheiro a transferir.
- Navegar até à directoria no computador local para onde queremos transferir o ficheiro.
- Iniciar a transferência do ficheiro.
- Encerrar a ligação com o servidor de FTP.

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2.3.3 Emulação de terminal: Telnet

O serviço de emulação de terminal ou telnet é, juntamente com o correio electrónico,


um dos mais antigos serviços da Internet. Trata-se de um protocolo de nível de aplicação, que
permite a um utilizador ligar-se a um computador da Internet e passar a trabalhar nele como
se o seu computador local fosse um terminal do outro. Isto permite, obviamente, consultar
informação que se encontre disponível no computador remoto, correr programas desse
computador, etc.

2.3.4 World Wide Web: WWW

World Wide Web: (WWW) ou simplesmente Web – é um sistema composto por uma
infinidade de ficheiros e bases de dados. Aqui podemos aceder à informação que se encontra
armazenada em milhões de computadores (servidores Web) em todo o mundo. Basicamente,
WWW designa a vastidão de páginas existentes na Internet.
Um erro algo comum é pensar-se que as palavras Internet e World Wide Web, ou
apenas WEB, significam o mesmo. A verdade é que estas duas palavras não são sinónimas uma
da outra. A Internet é uma rede gigante, que liga milhões de computadores, onde a
informação viaja através de uma variedade de linguagens denominadas por protocolos e que
permite uma grande quantidade de serviços, entre os quais o WWW. A World Wide Web ou
simplesmente Web utiliza apenas um desses protocolos, o HTTP para transmitir dados. A Web
utiliza os browsers para aceder a documentos chamados páginas Web, que estão ligadas entre
si por hiperligações ou hyperlinks, ou mais simplesmente links. Estes documentos estão
normalmente agrupados e articulados, sendo o suporte para uma grande quantidade e
variedade de informação, constituída por gráficos, sons, texto e vídeo, e são vulgarmente
designados por websites.

2.3.5 Utilização mundial da Internet

Não é possível quantificar com rigor o número de utilizadores da Internet, mas as estimativas
actuais apontam para números impensáveis há apenas meia dúzia de anos. O quadro seguinte
ilustra a situação em Janeiro de 2007.
Tabela 1 – Uso da Internet a nível mundial

Utilizadores
Variação Penetração
Regiões do Mundo População (2007) % %
2000-2007 (%)
da Internet

África 933.448.292 14,2 % 32.765.700 3,0 % 625,8 % 3,5 %

Ásia 3.712.527.624 56,5 % 389.392.288 35,6 % 240,7 % 10,5 %

Europa 809.624.686 12,3 % 312.722.892 28,6 % 197,6 % 38,6 %

Médio Oriente 193.452.727 2,9 % 19.382.400 1,8 % 490,1 % 10,0 %

América do Norte 334.538.018 5,1 % 232.057.067 21,2 % 114,7 % 69,4 %

América do Sul 556.606.627 8,5 % 88.778.986 8,1 % 391,3 % 16,0 %

Austrália 34.468.443 0,5 % 18.430.359 1,7 % 141,9 % 53,5 %

Total Mundial 6.574.666.417 100,0 % 1.093.529.692 100,0 % 202,9 % 16,6 %

Fonte: www.internetworldstats.com (Janeiro de 2007)

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3 World Wide Web: WWW
3.1 Introdução

O conceito de páginas Web (a face mais visível e mais mediática da Internet), como o
conhecemos hoje, apenas foi inventado em 1993, e foi esta tecnologia utilizada na Internet a
responsável pela verdadeira explosão de número de utilizadores, número de computadores e
de redes ligadas.
Até essa altura, os utilizadores da Internet apenas trocavam Email,
descarregavam ficheiros e utilizavam serviços baseados em texto.
Em 1990, no CERN - Laboratório Europeu de Física de Partículas, na Suíça, um cientista
Inglês chamado Tim Berners-Lee inventou uma forma de disponibilizar páginas de texto com
'links' onde se podia clicar para saltar para outras páginas (texto com ligações = HiperTexto).
Lee desenvolveu este método de navegação na informação porque queria ter
a possibilidade de obter mais informação sobre um dado termo ou tópico
presente num texto, quando necessário.
A este sistema de distribuição de informação baseado em hipertexto deu-se o nome de
Web (rede), tendo o mundo como biblioteca, uma vez que as “hiperligações” poderiam ligar
computadores situados em diferentes partes da Internet, tudo de uma forma transparente
para o utilizador.
Em 1990 Robert Cailliou juntou-se a Berners-Lee e começaram a desenvolver a Web no
CERN. Produziram o primeiro programa de navegação e o primeiro servidor Web (server),
lançando as bases para tudo o que se seguiu.
Em 1992 nascem os primeiros browsers com interface gráfica - GUI (Erwise e Viola) e
mais alguns sites aderem à Web.
No inicio de1993 já há cerca de 50 sites na Web.
A Comissão Europeia aprovou o seu primeiro projecto Web em 1993 tendo o CERN
como parceiro. No mesmo ano o NCSA - National Center for Supercomputing Applications
(EUA) - lançou os programas de navegação Mosaic,(primeiro navegador gráfico) fazendo
chegar a Web a utilizadores quer da Apple Macintosh, do Microsoft Windows ou de sistemas
X-Windows.
O CERN anuncia oficialmente que liberta a WWW de qualquer pagamento de direitos.
No final de 1993 já há cerca de 200 sites na Web.
Em 1994 Marc Andreessen (autor do navegador mosaic) funda a Netscape com
elementos da NCSA.
O CERN é um laboratório puramente de investigação e em 1994 o Laboratório decidiu
que era necessária uma nova sede para o trabalho da Web. Com o encorajamento activo do
CERN surge o consórcio W3 (World Wide Web Consortium - www.w3.org) tendo como
anfitriões o INRIA - Instituto Nacional para a Investigação da Ciência de Computação e Controle
(França), e o MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA)
A primeira versão do Microsoft’s Internet Explorer (IE) apareceu apenas em 1995
juntamente com o sistema operativo da Microsoft Windows 95.

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Actualmente cada utilizador pode escolher um qualquer navegador (browser) de entre
uma grande variedade de oferta (ie, firefox, lynx, mosaic, opera, safari, chrome, etc). Os
programas de navegação, apesar de usarem protocolos de comunicação comuns para partilhar
a informação (sobre TCP/IP), podem interpretar e apresentar essa mesma informação de
maneiras diferentes. Existindo então a necessidade de haver uma entidade controladora da
forma como é passada toda essa informação:
A Organização responsável por isso é a W3C (World Wide Web Consortium), responsável
por todas as normas Web da actualidade, sendo responsável pelo aperfeiçoado da Web até à
maturidade.
Mesmo assim, com o tempo e o evoluir da linguagem HTML e das linguagens
de scripts (javascript, vbscript, etc.) existem na www muitas páginas que só
são bem visualizadas recorrendo a um navegador específico.

3.2 Modelo WWW

A Word Wide Web baseia-se num modelo cliente/servidor. Isto é, um utilizador usa um
software específico no seu computador (Cliente Universal – navegador) que lhe permite
interpretar mensagens de um outro computador que executa um outro software específico
(Servidor Universal – servidor WEB).

Assim, a WWW é um conjunto de milhões de páginas de informação, armazenadas em


milhares de computadores ligados á Internet. Os Computadores que têm a informação que
pode ser acedida por outros computadores na Web designam-se por Web servers e os
computadores que acedem a essa informação designam-se por Web clientes ou Web
Browsers.

Para poder interpretar estas mensagens os computadores conhecem e utilizam um


conjunto de regras comuns, ou seja um protocolo de comunicação que permite que ambos se
liguem. O protocolo mais utilizado para navegar na Web é o HTTP (HiperText Transport
Protocol - Protocolo de Aplicação)
Existem também outros protocolos de comunicação capazes de ser utilizados
na www.
A Web é uma colecção de documentos ligados electronicamente, sendo que todos
esses documentos (páginas) residem na internet e são escritas em HTML, Javascript, PHP, ASP,
ect. (Interface com o Utilizador Universal)

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Figura 4: Modelo WWW

3.2.1 Esquema de Nomeação Universal (URL)

Para aceder a uma qualquer página localizada na Internet é necessário indicar o seu
endereço.
http://www.esa.ipb.pt/contactos.php
em que:
http indica o protocolo de comunicação. Hyper Text Transport Protocol,
O HTTP é o protocolo de comunicação usado para navegar na Web
através de browsers. Cada um dos serviços disponibilizados pela
Internet tem um ou mais protocolos de comunicação bem definidos.
.pt: indica o domínio de top da máquina.
esa.ipb: indica o nome de domínio da organização a quem pertence esta
máquina. Qualquer computador pertencente a esta mesma
organização, e ligado à Internet, terá o seu nome terminado por
esa.ipb.pt.
www: indica o nome da máquina na organização esa.ipb.pt ligada à
Internet. O endereço da máquina é então www.esa.ipb.pt
contactos.php: indica o recuso a ser acedido

Este método de endereçamento designa-se por URL (Uniform/Universal Resource Locator ou


Localizador Uniformizado/Universal de Recursos).
Este método permite identificar e localizar qualquer recurso da Internet, ou
seja uma página Web (em formato http://), um site FTP (em formato ftp://),
um ficheiro local (em formato file://), uma aplicação telnet (em formato
telnet://) ou o conteúdo de um grupo de notícias (em formato news://).

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3.3 Hipertexto, Hipermédia e Multimédia

Um texto (estes apontamentos) tem uma estrutura linear (sequencial) e contínuo (lido e
relido sempre da mesma forma).
Um bloco de texto é composto por sequência de letras, palavras, frases e
parágrafos. Sendo limitado na definição de contexto e limitado na narrativa.
O termo hipertexto designa um texto com conexões múltiplas interligadas. É não linear
(vários percursos alternativos) e dinâmico (percorrido e actualizado).
Estende as possibilidades do texto, acrescentando: pontos sensíveis, ligações,
saltos, âncoras. Permitindo uma riqueza na representação de contexto e uma
maior liberdade narrativa.
A ideia nasceu das experiências de Douglas Englebart da Universidade de Standford (o
sistema NLS (on line system) que permite colocar na internet a estrutura hipertextual) e vai
buscar a designação aos trabalhos de Ted Nelson, na Universidade de Brown em 1965.

Figura 5: Estrutura Hipertexto

O conceito hipermédia decorre da noção de hipertexto e, de algum modo, pode ser


considerado como uma evolução do primeiro. Hipermédia é a fusão de hipertexto e
Multimédia. As ligações que se estabelecem em hipermédia permitem que palavras, imagens e
sons integradas em unidades de significação múltipla se associem de modo dinâmico a textos e
a outros segmentos audiovisuais de molde a permitir um sistema de navegação fluente.

Figura 6: Documento Multimédia

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A linguagem para codificar a disposição dos conteúdos hipertexto e hipermédia da Web é o
HTML, que é interpretado pelos browsers permitindo-lhes reproduzir a informação do servidor
Web no cliente que solicitou a página Web.

3.4 HTML

HTML (HyperText Markup Language) é a linguagem mãe da Web, todas as pessoas a


conhecem e entendem, é de fácil aprendizagem e todos na Web necessitam dela.
Desenvolvido pelo inventor da Web Tim Berners-Lee, o HTML rapidamente se
converteu, devido à explosão da Web, no formato com mais sucesso e o mais difundido no
mundo inteiro.
HTML é uma linguagem para estruturação de texto, permitindo também a integração
de imagens e conteúdos multimédia.
Com o HTML é possível criar textos simples, títulos, parágrafos de texto, listas,
tabelas, integrar formulários, etc. Podem ser criadas referências a outras
páginas na Web e oferece uma interface para linguagens complementares tais
como folhas de estilo (css) ou javascript.
O HTML, por si só, não pode satisfazer todas as necessidades da Web, como por
exemplo os Web designers que gostam de controlar cada pixel no monitor, nem os
especialistas em Base de Dados que habituados a bases de dados relacionais desejariam que
existissem soluções especificas para os seus problemas. Por estas razões hoje em dia existem
linguagens de estilo (css) e soluções como XML, que permitem o desenho de dados em
aplicações específicas.
Apesar disto o HTML é a linguagem da Web por excelência. O Consorcio W3C, que é o
responsável pela criação de standards de HTML, tem feito um grande esforço para corrigir os
erros dos primeiros standards de HTML e criar uma linguagem pura de estruturação de texto.

3.4.1 HTML como Linguagem de anotação/marcação

HTML significa HyperText Markup Language. O HTML é chamada uma linguagem de


anotação (Markup Language). Tem por função descrever os componentes lógicos de um
documento. Como linguagem de anotação, permite marcar elementos típicos de um
documento, ex: títulos, parágrafos, listas, tabelas ou referências a imagens.
O esquema de marcação HTML baseia-se numa estrutura hierárquica. O HTML assinala
o conteúdo dos documentos, a sua formatação e o layout. Os documentos possuem
propriedades globais (tais como <HEAD>, <TITLE>). O conteúdo propriamente dito do texto é
divido em elementos, tais como cabeçalhos (<H1>), parágrafos de texto (<P>), tabelas
(<TABLE>) ou imagens (<IMG>)
Alguns destes elementos podem possuir sub-elementos. Por exemplo numa
tabela temos ainda os sub-elementos linha (<TR>) e coluna/célula (<TD>).
Geralmente a marcação de um elemento implica a indicação do seu inicio e do seu fim.
Ex. <TITLE>titulo da página </TITLE>

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Os navegadores que podem visualizar documentos HTML interpretam as anotações no
documento fonte e apresentam o seu conteúdo formatado de acordo com essas anotações.
Qualquer navegador permite ver o código-fonte (HTML) que está subjacente à página
que estamos a visualizar. Veja-se o exemplo seguinte:

3.4.2 HTML para Hipertexto/Hipermédia

Uma das principais qualidades do HTML é a possibilidade de definir ligações dentro


dos documentos.
As ligações (hiperligações) podem ser de outros pontos dentro do mesmo documento,
de outros documentos dentro do mesmo servidor ou de outros lugares da WEB.

3.4.3 Outras linguagens para desenvolvimento web

- DHTML: Dynamic HTML, ou DHTML, é a união das tecnologias HTML , Javascript e CSS para
permitir que uma página Web seja modificada dinamicamente na própria máquina cliente,
sem necessidade de novos acessos ao servidor web.

- JAVASCRIPT é uma linguagem de programação criada pela Netscape para atender,


principalmente, as seguintes necessidades: * validação de formulários no lado cliente
(programa navegador);* interação com a página. Esta linguagem é utilizada, por exemplo, para
dar movimento a imagens ou criar botões que respondem a clicks do rato.

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- CSS: Cascading Style Sheets ou CSS são estilos para páginas web e envolvem um conceito
inovador: possibilitam a mudança da aparência simultânea de todas as páginas relacionadas
com o mesmo estilo.

- Jscript, xml, ajax, etc…

3.4.4 Software para desenvolvimento web

Os documentos HTML são simples ficheiros de texto, que podem ser criados com
qualquer editor de texto, como o Notepad (Bloco de Notas) do Windows. Contudo, por uma
questão de produtividade e facilidade de desenvolvimento de conteúdos para a Web, é usual e
recomendável usar um sistema de produção e gestão de conteúdos. Os mais conhecidos são o
FrontPage da Microsoft, o Dreamweaver da Adobe, ou o Drupal, este último de domínio
público e gratuito (acessível em www.drupal.org).

3.4.5 Alojamentos de Websites

Depois de produzir um website é necessário fazer o upload do mesmo para um servidor Web
para que o site possa estar acessível na Internet. A publicação do site pode ser feita via FTP ou
bem, usando as ferramentas de automatização de publicação que estão incluídas nas
ferramentas de desenvolvimento Web referidas na secção anterior.

Os alunos do IPB possuem uma conta no servidor web www.alunos.ipb.pt que podem usar
para alojar as suas páginas pessoais. A publicação deve ser feita na área da Página Pessoal /
Actualização (ver figura abaixo) no site de configuração dos serviços Web de cada aluno,
acessível através do endereço myconfig.ipb.pt

O endereço do site corresponderá a: www.alunos.ipb.pt/~aXXXXX (onde os Xs correspondem


ao nº mecanográfico do aluno).

Para fazer o upload dos ficheiros usa-se a seguinte interface:

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Seleccionar o
ficheiro a carregar

Eliminar o ficheiro

Se o site contiver sub-pastas, estas devem ser criadas inicialmente para seguidamente lá
depositar os respectivos ficheiros.

À medida que o upload dos ficheiros decorrer é possível ver o conteúdo da pasta e assim
controlar a publicação do site. Caso haja equívocos é possível eliminar os ficheiros já
carregados na página pessoal, clicando no respectivo ícone e confirmando a operação.

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