Quando D. Inês se despediu de Lourença, esta ficou muito triste e sentiu que a mãe queria livrar-se dela. Apesar de estar magoada, Lourença consolou-se com um prato de arroz requentado. Por outro lado, Dentes de Rato comeu bem, atraído pelo cheiro familiar da casa que lhe abria o apetite.
Quando D. Inês se despediu de Lourença, esta ficou muito triste e sentiu que a mãe queria livrar-se dela. Apesar de estar magoada, Lourença consolou-se com um prato de arroz requentado. Por outro lado, Dentes de Rato comeu bem, atraído pelo cheiro familiar da casa que lhe abria o apetite.
Quando D. Inês se despediu de Lourença, esta ficou muito triste e sentiu que a mãe queria livrar-se dela. Apesar de estar magoada, Lourença consolou-se com um prato de arroz requentado. Por outro lado, Dentes de Rato comeu bem, atraído pelo cheiro familiar da casa que lhe abria o apetite.
Quando D. Inês se despediu [...], Lourença rompeu em pranto. [...]
– Mas, Lourença, porque não disse que queria ficar mais tempo? – disse D. Inês. A mãe pediu-lhe que não fizesse caso. E, entre lágrimas vivas e grandes soluços que saíam do peito como quem destapa o ralo duma banheira, Lourença achava-as a ambas hipócritas. [...] 5 Percebia que D. Inês estava morta por livrar-se dela, e aquilo ofendia-a. Quando ela se foi embora, Lourença, [...] consolou-se com um prato de arroz requentado, como se fosse uma pobre e não comesse há muito tempo. [...] Dentes de Rato, porém, comera bem, sem falar das bananas todas que engoliu e das nozes de chocolate. Era o cheiro da casa que lhe abria o apetite; aquele cheiro familiar de coisas 10 conhecidas e guardadas na memória do coração. O arroz arrancado do tacho com um forte garfo e que saía em placas tostadas sabia-lhe como o melhor manjar do mundo. Lourença dizia: – Nunca vou querer ser rica.
BESSA-LUÍS, Agustina – Dentes de Rato. 21.ª Edição. Lisboa: Babel, 2012. 978-972-665-674-6. p. 38-39. [com supressões]