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POTENCIALIDADES, RESTRIÇÕES E ALTERNATIVAS SUSTENTÁ VEIS DE USO


DA TERRA NO ESTADO DO ACRE

Book · August 2011

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4 authors, including:

Edson Araújo Eufran Amaral


Federal University of Acre Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)
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Edson Alves de Araújo
João Carlos Ker
Eufran Ferreira do Amaral
João Luiz Lani

POTENCIALIDADES, RESTRIÇÕES
E ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS
DE USO DA TERRA NO ACRE

EDITORA CRV
Curitiba - Brasil
2011
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Editora CRV
Revisão: Os Autores
Foto panorâmica Rio Jordão (e praia), no município de mesmo nome.
Todas as fotos de autoria de Edson Araújo.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A688u

Araújo, Edson Alves de


Potencialidades, restrições e alternativas sustentáveis de uso da terra no Acre/
Edson Alves de Araújo, João Carlos Ker, Eufran Ferreira do Amaral & João Luiz
Lani. - 1.ed. - Curitiba, PR : CRV, 2011.
106 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8042-119-4

1. Solos - Acre. 2. Solo - Uso - Acre. 3. Desenvolvimento sustentável - Acre. I.


Ker, João Carlos. II. Lani, João Luiz, 1955-. III. Título.

11-2722. CDD: 631.498112


CDU: 631.4(811.2)

13.05.11 17.05.11 026401

2011
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem a autorização da Editora CRV.
Todos os direitos desta edição reservados pela:
Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418
www.editoracrv.com.br
E-mail: sac@editoracrv.com.br
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................7

1. INTRODUÇÃO.............................................................................9

2. OCUPAÇÃO E USO DAS TERRAS NO ACRE......................... 13


2.1. Antecedentes..................................................................... 13
2.2. Tendências Atuais.............................................................. 19
2.2.1. Agricultura itinerante.................................................. 21
2.2.2. Ecossistemas de pastagem extensiva....................... 30

3. PEDOPAISAGENS DOMINANTES NO ACRE ......................... 35


3.1. Considerações gerais........................................................ 35
3.2. Pedopaisagem I (Planalto rebaixado da
Amazônia Ocidental)......................................................... 40
3.3. Pedopaisagem II (Depressão Rio Acre/Javari).................. 48
3.4. Pedopaisagem III (A Planície Amazônica) ........................ 51

4. POTENCIALIDADES E RESTRIÇÕES PARA O USO


AGRÍCOLA DOS SOLOS DO ACRE............................................. 55
4.1. Considerações gerais ....................................................... 55
4.2. Argissolos........................................................................... 62
4.3. Cambissolos....................................................................... 63
4.4. Gleissolos........................................................................... 65
4.5. Latossolos.......................................................................... 66
4.6. Luvissolos.......................................................................... 70
4.7. Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais)................................... 71
4.8. Plintossolos........................................................................ 72
4.9. Vertissolos.......................................................................... 76

5. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS DE USO DA


TERRA NO ACRE..........................................................................79
5.1. Sistema Agroflorestais (SAFS)........................................... 80
5.2. Sistema de Plantio Direto................................................... 86
5.3. Outras alternativas............................................................. 86

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 89

7. REFERÊNCIAS..........................................................................91
APRESENTAÇÃO

A Amazônia Brasileira ocupa mais de 5 milhões de km2,


aproximadamente 61% da área do país. Nas últimas décadas,
tem sido alvo de acirrados debates, uma vez que, apresenta
uma das maiores áreas florestadas e um dos maiores índices
de biodiversidades do planeta. Mesmo assim, a Amazônia tem
sido desmatada num ritmo acelerado, dando lugar a grandes
extensões de pastagens e monocultivos, assentamentos rurais,
núcleos urbanos, dentre outros. O processo utilizado no des-
bravamento constitui-se, predominantemente, na derruba da
floresta e queima. Esse sistema tem sido alvo de severas crí-
ticas, principalmente por contribuir com a emissão de gases
de efeito estufa, desperdiçar grande quantidade de recursos
florestais madeireiros e não-madeireiros e, tem trazido sérios
transtornos às populações locais, no período de queima (mais
intenso nos meses de agosto e setembro) tais como, cancela-
mento de voos e enfermidades respiratórias.
O Estado do Acre, situado no extremo oeste da Amazô-
nia ocidental, encontra-se em fase inicial de desmatamento de
suas florestas. Atualmente cerca de 12% do estado (1,9 mi-
lhões de hectares) encontra-se desflorestado. A ação antrópica
tem se concentrado principalmente na região leste do estado,
ao longo das BRs 364 e 317 e as margens dos diversos cursos
d´água. O grande desafio no Estado é utilizar os recursos natu-
rais (água, solo e floresta) de forma cada vez mais sustentável,
ao se considerar que o modelo de utilização da terra, em ou-
tras regiões do país, tem se mostrado altamente prejudicial ao
meio ambiente e ao homem.
Um dos primeiros passos para utilização racional dos
recursos naturais, em particular o solo, é o conhecimento de
suas características morfológicas, físicas, químicas, minera-
lógicas, geológicas e geomorfológicas de forma a intervir de
8

maneira mais eficaz e com menores impactos negativos sobre


o meio ambiente.
O Acre apresenta solos com características diferenciais
marcantes em relação aos demais da região amazônica. Isso
se deve em parte a formação do solo que teve contribuição
direta de sedimentos provenientes dos Andes. Esse fenômeno
resultou na formação de solos mais jovens e de fertilidade
natural mais expressiva. Em detrimento dos baixos teores de
fósforo disponível, em grande parte advindos do processo de
reciclagem de nutrientes. No entanto, algumas particularida-
des do solo inviabilizam sua utilização de forma mais inten-
siva, tais como: a pouca profundidade (solos rasos a pouco
profundos), a restrição de drenagem e ao endurecimento ex-
cessivo na estação seca. Além disso, a classe dos Latossolos
considerados mais aptos à utilização mais intensiva para a
produção de alimentos (grãos), encontram-se em pequena
porção (3%), e, em sua maioria, têm sido utilizados com pas-
tagens extensivas de braquiária.
Assim posto, este livro se propõe a reunir informações so-
bre os solos do Acre, com ênfase em sua gênese, classificação,
uso e manejo. Abordam-se informações contidas em relatórios,
trabalhos científicos e publicações afins, além da experiência
acumulada pelos profissionais em viagens de correlação e clas-
sificação de solos na região. Espera-se que possa auxiliar no
uso racional dos solos do Acre e como subsídio à formação
profissional de técnicos agrícolas, agrônomos, engenheiros
florestais, profissionais de áreas afins e correlatas, produtores
rurais e a comunidade em geral.

Os autores
1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do sudoeste da Amazônia brasileira,


e mais especificamente do Acre, foi construído a partir de dois
modelos distintos. O primeiro baseou-se no extrativismo ve-
getal de produtos florestais tais como a borracha, castanha e
madeira e foi o responsável pelas primeiras imigrações no Es-
tado e a base da economia local por muitas décadas, particu-
larmente o extrativismo da borracha. Embora ambientalmente
sustentável este modelo apresenta limitações quanto aos bai-
xos preços dos produtos oriundos do extrativismo e as dificul-
dades de um manejo competitivo, impedindo que o sistema
fosse economicamente e socialmente sustentável (HOMMA,
1989, 1992; FADELL, 1997, SOUZA, 2001).
Surgiu daí um novo conceito de extrativismo: o neoextrati-
vismo. Esta abordagem baseia-se na diversificação da produção
extrativista por intermédio de práticas como adensamento de
plantas, ilhas de alta produtividade (cultivo de espécies nativas
em pequenas áreas cercadas pela floresta) e sistemas agroflo-
restais (cultivo de espécies lenhosas perenes, na mesma área,
em conjunto com culturas agrícolas e/ou criações) que não inte-
gram o conceito de extrativismo (REGO, 1999). Mais recente-
mente, diversas ações foram tomadas com o intuito de reverter
a situação do declínio em que o extrativismo da borracha e da
castanha se encontrava (SILVEIRA, 1999; BRASIL, 2001).
O segundo modelo teve seu ápice a partir do início da
década de 1970, tendo como principal âncora os incentivos
federais Direcionados ao setor agropecuário e a criação de
Projetos de Assentamentos Rurais Dirigidos (FEARNSIDE,
1984; INCRA, 2000; RANIERI, 2003) e foi acompanhado
pela construção de rodovias, ligando os centros econômicos
da região, como as BRs 364 e 317. Este processo de desen-
10

volvimento foi orientado para a formação de grandes fazendas


destinadas à pecuária extensiva e áreas de assentamento, oriun-
das da colonização oficial pelo INCRA (KOHLHEPP, 2002).
Esses dois modelos são conflitantes. Enquanto o primeiro
proporciona a proteção da floresta, o segundo fundamenta-se
na substituição da floresta por áreas de pastagem e ativida-
des agrícolas. Além disto, as explorações que se sucedem à
floresta nas áreas desmatadas apoiam-se, em sua maioria, na
fertilidade natural do solo. Esse fato conduz ao modelo de
agricultura migratória, na qual as pastagens e a agricultura são
sustentadas nos primeiros anos pelos nutrientes liberados pela
queima da floresta e, a seguir, a área é deixada em pousio, para
que a regeneração natural recupere parte da fertilidade do solo
perdida e a área possa ser novamente aproveitada.
Na atualidade, o Acre apresenta-se como uma das últi-
mas fronteiras agrícolas do país. A maior parte das áreas des-
florestadas no Estado vem sendo utilizada com pastagens e as-
sentamentos rurais, em sua maioria, na região leste do Estado.
O desmatamento concentrou-se, nos últimos anos, ao longo
das principais rodovias e rios da região.
A tendência de utilização do solo com pastagens exten-
sivas tem sido verificada em vários segmentos produtivos do
Estado. No entanto, observa-se que, em muitos casos, o solo
não tem sido utilizado conforme sua aptidão agrícola e sem as
adequadas práticas de conservação e manejo. O mesmo tem
ocorrido em relação aos recursos florestais madeireiros e es-
pécies não madeireiras de valor econômico, que são desper-
diçados durante o processo de desmatamento e subsequente
queima da biomassa. Isso tem gerado vários debates com re-
lação aos impactos negativos desse sistema sobre a biodiver-
sidade, o ciclo hidrológico, os recursos hídricos, a ciclagem
de nutrientes e exposição do solo às intempéries (sol, chuva,
vento). Este último favorece os processos erosivos e de perda
de nutrientes e de mineralização da matéria orgânica do solo.
O Acre apresenta uma diversidade de solos e condições
POTENCIALIDADES, RESTRIÇÕES E ALTERNATIVAS
SUSTENTÁVEIS DE USO DA TERRA NO ACRE 11

de relevo e vegetação distintas dos demais solos da Amazônia.


Na porção leste do Estado predominam solos mais desenvol-
vidos (Argissolos e Latossolos), em sua maioria, com aptidão
regular para lavouras (BRASIL, 1979; Acre, 2006; BARDA-
LES et al., 2010).
Os solos da região central, em sua maioria Cambisso-
los, são pouco profundos (“baixo grau de desenvolvimento”),
eutróficos (ricos quimicamente), de argila de atividade alta
(“barro liguento”) e relevo ondulado. Como consequência
dessas particularidades os solos apresentam baixa capacidade
de armazenamento de água, lençol freático mais próximo à
superfície, susceptíveis à erosão e com restrições a mecaniza-
ção, fatores que inviabilizam uma agricultura mais intensiva
e tecnológica, favorecendo os sistemas de manejo menos in-
tensivos (SCHAEFER et al., 2000).
Em razão das particularidades dos solos do Acre, tem
sido uma preocupação recente a busca de alternativas de pla-
nejamento ambiental (WADT et al., 2004) e de indicadores
ambientais que, integrados, possam quantificar a degradação
(SILVA & RIBEIRO, 2004; ARAÚJO, 2009) e a vulnerabili-
dade ambiental (AMARAL et al., 2005) e, desta feita, possibi-
litar seu monitoramento ao longo do tempo. O conhecimento
dos recursos naturais da região (solo, vegetação, água) e sua
relação com o meio poderão direcionar seu uso e manejo de
forma mais sustentável.

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