Você está na página 1de 29

AER

Relatório Final da Herpetofauna


INFORMAÇÕES PRELIMINARES PARA A CRIAÇÃO DA UNIDADE
DE CONSERVAÇÃO DO MURÚ, MUNICÍPIO DO JORDÃO - ACRE

AER
RELATÓRIO DA HERPETOFAUNA (Anfíbios e Répteis)

RIO BRANCO – ACRE


OUTUBRO DE 2010
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS
NATURAIS DO ACRE

TERMO DE REFERÊNCIA Nº xx / 2010 Tarefa: xxxx/ Unidade de Conservação Murú/


SEMA-AC

Executor
Prof. Dr. Moisés Barbosa de Souza

Período da AER
21 a 31 de julho de 2010

Coordenação Geral:

Coordenação Científica:
1 - Introdução......................................................................................................................................................... 4
2- Material e Métodos............................................................................................................................................. 7
3 – Resultados...................................................................................................................................................... 10
3.1- Anfíbios......................................................................................................................................................... 10
3.1.1 - Riqueza de espécies................................................................................................................................. 10
3.1.2 - Endemismo e ameaças de extinção.......................................................................................................... 12
3.1.3 - Espécies de interesse científico e conservacionista..................................................................................12
3.1.4 - Espécie de interesse econômico e cultural............................................................................................... 13
3.1.5 – Espécies Comestíveis.............................................................................................................................. 14
3.2 - Répteis......................................................................................................................................................... 14
3.2.1 - Riqueza de espécies................................................................................................................................. 14
3.2.2 - Endemismo e ameaças de extinção.......................................................................................................... 17
3.2.3 - Espécies de interesse científico e conservacionista..................................................................................18
3.2.4 - Espécie de interesse econômico............................................................................................................... 18
4 - Principais impactos e problemas identificados a afetarem a herpetofauna.....................................................19
5 – Identificação e delimitação de áreas de maior relevância local para a conservação de espécies, populações
e comunidades herpetofaunísticas....................................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................... 21

LISTA DE SIGLAS

AER – Avaliação Ecológica Rápida


ANVISA- Associação Nacional de Vigilância Sanitária
CCBN - Centro de Ciências Biológicas e da Natureza
DPG - Departamento de Patrimônio Genético
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
GPS - Sistema de Posicionamento Global
MMA – Ministério do Meio ambiente
PROBEM- Programa Brasileiro de Bioprospecção e Desenvolvimento Sustentável de Produtos da
Biodiversidade
RIMA- Relatório de Impacto Ambiental
SBH – Sociedade Brasileira de Herpetologia
SDS- Secretaria de Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável
UFAC - Universidade Federal do Acre
UTM - Universal Transverse Mercator

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Pontos com seus respectivos ambientes e coordenadas geográficas, onde foram realizadas as
amostragens para a herpetofauna.......................................................................................................................... 9
Tabela 2 - Relação de espécies de anfíbios anuros registradas na área do Murú, Jordão - Acre, através do
Método de Avaliação Ecológica Rápida (AER)..................................................................................................... 11
Tabela 3 - Relação de espécies de répteis registradas na área do, Murú, Jordão - Acre, através do Método de
Avaliação Ecológica Rápida (AER)...................................................................................................................... 16
1 - Introdução

O Brasil representa um dos maiores países em termos de megadiversidade (Olson &


Dinerstein 1998; MMA, 1998), sendo o primeiro em número de espécies de anfíbios e o quarto em
répteis. Apesar da grande riqueza de espécies de répteis e anfíbios catalogados para o território
nacional, ainda existem regiões não amostradas e faltam informações biológicas sobre grande parte
das espécies (Cunha & Nascimento, 1993; Ávila-Pires, 1995; Haddad & Abe, 1999; Rodrigues, 2005;
Silvano & Segalla, 2005).
A Amazônia brasileira cobre uma área de aproximadamente 362 milhões de hectares (Moran,
1981), representando hoje a maior área de floresta tropical do mundo. Embora freqüentemente
tratada como uma área de floresta uniforme, a floresta Amazônica é um complexo de diferentes tipos
de vegetação (Ducke & Black, 1953; Prance, 1987; Tuomisto et al., 1995) A importância da
preservação da biodiversidade e conservação dos recursos naturais tem sido reconhecida e
extensivamente discutida em todo o mundo. Entretanto, as ameaças de degradação avançam em
ritmo acelerado.
As maiores causas da destruição da floresta podem ser encontradas nos grandes projetos de
desenvolvimento como: construções de estradas de rodagem, hidroelétricas, formações de grandes
pastagens para criação de gado, extração de madeira, exploração de minérios e efeitos dos projetos
de colonização inapropriados (Anderson, 1990). A exploração inadequada da Amazônia poderá
causar a destruição de sua fauna e flora e a impossibilidade de conhecimento dessa grande biota.
Portanto, há a necessidade urgente de estratégias eficazes para o conhecimento e preservação de
amostras significativas e representativas da grande diversidade biológica existente na Amazônia.
Frente à ocupação humana nesse vasto bioma, problemas ambientais surgem mediante as atividades
antrópicas (e. g., Nepstad et a., 2000; Fearnside, 2005), tornando a busca do conhecimento dessa
biodiversidade de extrema importância, inclusive estudos que possam orientar decisões políticas e
sociais para o desenvolvimento sustentável e a conservação (e. g., Kerr, 2001; Meirelles-Filho, 2004;
Tabarelli & Gascon, 2005).
As unidades de conservação (Parques Nacionais, Estaduais Reservas Extrativistas, Reservas
Indígenas, etc.) na Amazônia são de fundamental importância para a conservação dessa
biodiversidade (Rylands & Brandon, 2005; Peres, 2005; Silva, 2005). Para se falar em conservação e
planos de manejo, é crucial primeiramente se conhecer o que existe na região e para isso ressaltam-
se os trabalhos visando o levantamento de espécies e estudos sobre os aspectos bio-ecológicos
dessas (Daly & Silveira, 2002; Peres, 2005). A partir do inventário da biodiversidade, pode-se dar um
passo para compreensão da real riqueza, o grau de endemismo regional e detectar a presença de
espécies estenobiontes e suas exigências quanto à qualidade e estrutura dos habitats. Espécies
bioindicadoras podem demonstrar o grau de perturbação ambiental e fornecer subsídios para avaliar
os tipos de pressões antrópicas que a região está sofrendo (Brown & Freitas, 2002).
Atualmente, são conhecidos em torno de 6.638 espécies de anfíbios no mundo (Frost, 2010).
Mais de 1.700 destas espécies vivem na América do Sul e o Brasil é o país com a maior diversidade,
877 espécies (SBH, 2010). Levantamentos recentes sobre inventários em anfíbios na Amazônia
brasileira revelam um total de 163 espécies registradas em 29 localidades inventariadas, sendo 13
inventários considerados de longa duração, tempo superior a dois meses (Azevedo-Ramos & Galatti,
2001; MMA, 2002). Entretanto, o conhecimento sobre a fauna de anfíbios da Amazônia ainda é muito
fragmentado. Para uma análise detalhada da composição e biogeografia dos anfíbios amazônicos se
faz necessário o conhecimento dessa fauna em muitas outras localidades.
O estado do Acre está localizado no extremo oeste do Brasil, em uma área de transição entre
a cordilheira andina e as terras baixas amazônicas e, inserido ou próximo de um dos mais
importantes Refúgios Florestais do Pleistoceno, o “Refúgio do Leste do Peru-Acre” proposto por
Haffer (1969, 1974); Vanzolini & Williams (1970), Prance (1973), Brown et al. (1974); contudo, não
corroborado por Ranzi (2000). A Amazônia sul - ocidental, em território brasileiro é caracterizada pela
presença de rios barrentos e meândricos, com cursos instáveis e terreno relativamente plano, exceto
em partes da bacia do alto Juruá, cuja topografia mais acidentada, revela morros, rochas, cachoeiras
e pequenas montanhas de até 600 m, em função da proximidade dos Andes.
O clima no Acre é caracterizado por uma média pluviométrica anual que varia entre 1.600 mm
e 2.750 mm, e pela duração da sazonalidade. No Acre o déficit hídrico pode se prolongar por até
cinco meses na região leste, diminuindo progressivamente no sentido Sudeste - Noroeste (Acre,
2001). Com uma estação seca pronunciada, o leste do Estado revela afinidades florísticas fortes com
o Brasil Central e as formações Peri - Amazônicas mais secas investigadas por Prado & Gibbs
(1993), enquanto no extremo noroeste mais úmido, há afinidades com os Andes e demais partes
periféricas da Amazônia Ocidental.
Resultados do Zoneamento Ecológico-Econômico do estado do Acre (Acre, 2001), no seu
componente “Indicativos para Conservação da Biodiversidade”, apontam que mais da metade da
superfície do Estado tem importância “extrema” e “muito alta“ para proteção da biodiversidade (Acre,
2001; MMA, 2002). O Acre, também é indicado como região prioritária para levantamentos biológico,
e como “hot spot" para diversos grupos, por causa da alta diversidade e de endemismos estreitos
(Conservation International, 1991; Dinerstein et al., 1995). No que diz respeito à fauna de anfíbios, o
Acre apresenta uma diversidade alta (Cardoso & Souza, 1996; Souza, 2003; Souza et al., 2003;
Souza, 2009).
Estudos sobre os anfíbios no Acre, não é muito diferente do resto da Amazônia, entretanto, os
dados obtidos são suficientes para afirmarmos que este é um dos locais de maior diversidade do
planeta (Souza, 2003; Souza et al., 2003). Atualmente, 134 espécies de anfíbios foram catalogadas
para o Acre (dados não publicados).
Estudos recentes realizados na região do Alto Juruá no estado do Acre registraram 126
espécies representantes das três ordens viventes: Anura, Caudata e Gymnophiona (Souza, 2003;
2009). A fauna de anfíbios do Acre é constituída por espécies adaptadas a ambientes abertos e
florestados; apresentam ampla variedade de estratégias reprodutivas, sendo que a maioria depende de
corpos d’água para a reprodução. Há espécies com distribuição na região tropical das Américas, com
ampla distribuição na Bacia Amazônica, restritas a Alta Bacia Amazônica, espécies com distribuição nas
regiões andina e subandina, além de espécies com distribuição nas regiões central e sudeste do Brasil
(Souza, 2003; 2009).
Com relação aos répteis, os dados para o Acre não são muito inferiores aos obtidos para os
anfíbios. Dados de literatura e informações pessoais indicam a existência de mais de 120 espécies
vivendo em ecossistemas aquáticos e terrestres.
A maioria dos estudos consta de dados não publicados e se refere a levantamentos isolados,
por exemplo: dados sobre ecologia de lagartos realizados em Porto Walter (Vitt et al., 1999),
descrição de uma nova espécie de lagarto do gênero Neusticurus (Ávila-Pires & Vitt, 1998), inventário
sobre répteis do Parque Nacional da Serra do Divisor (Souza, 1997), cobras da Reserva Extrativista
do Alto Juruá (Souza; et al., 2002), estudos de impacto ambiental (EIA) e relatório de impacto
ambiental (RIMA) da Rodovia Federal BR-364, no trecho entre os municípios de Sena Madureira e
Feijó no estado do Acre (Souza & Souza, 2004), dados sobre serpentes do estado do Acre: riqueza,
dieta, etno-conhecimento e situação de acidentes ofídicos (Silva, 2006), relatório de anfíbios e répteis
para o Plano de Manejo do Complexo de Florestas Públicas Estaduais do Gregório (Souza & Silva,
2006a), relatório de anfíbios e répteis para o Plano de Manejo da Floresta Estadual do Antimary (Souza
& Silva, 2006b), estudo para conservação de quelônios aquáticos na Reserva do Alto Juruá e no Parque
Nacional da Serra do Divisor (Pezzuti et al., 2007).
O município do Jordão é um dos locais do estado do Acre, onde praticamente não há informação
alguma sobre a herpetofauna (fauna de anfíbios e répteis).
O presente estudo, através do método de Avaliação Ecológica Rápida (AER), teve como objetivo
obter e fornecer informações preliminares sobre a herpetofauna, para a Criação de uma Unidade de
Conservação Ambiental (UCA) Murú na região do Jordão - Acre.
2- Material e Métodos

O diagnóstico ambiental foi desenvolvido conforme a metodologia elaborada por Sobrevilla &
Bath (1992) para o Programa de Ciências para a América Latina da The Nature Conservancy.

Para a definição dos sítios e pontos de observação, conforme orientações da AER foram
analisados mapas, imagens provenientes do sensoriamento remoto (satélite, fotos aéreas) e
escolhidas por consenso da equipe.
A pesquisa foi desenvolvida em uma única fase. A atividade de campo ocorreu no período de
21 a 31 de julho de 2010. Ao todo, foram 10 (dez) dias de observações e coleta, com atividade média
de 10 / horas / dia observador num total de 100 horas.
A amostragem herpetofaunística foi realizada em três tipos de tipologias florestais: I - Floresta
Aberta com Palmeira e Bambu, II - Floresta Aberta com Palmeira e III - Ambiente de Várzea, em
cada uma, fez-se mais de um ponto de coleta (Figura 1). Os pontos foram tomados geralmente às
margens de igarapés ou da estrada de rodagem / varadouro de integração que liga a cidade do
Município do Jordão à comunidade do Novo Porto (às margens do rio Murú). Para cada ponto
verificou-se a altitude, as coordenadas geográficas (em UTM) com GPS (Iniciais em Inglês - Global
Positioning System ou em Português - Sistema de Posicionamento Global) e fez-se uma breve
caracterizaçâo do ambiente (Figura 1 e Tabela 1).

O acesso aos pontos de coleta deu-se por via terrestre com uso de motocicleta (Honda® 125
cilindradas) ou através de caminhadas a pé.
Para o inventário de campo foram realizadas incursões diurnas e noturnas aos pontos pré-
estabelecidos para a AER ao longo da estrada de rodagem / varadouro e às margens de igarapés.
Foram realizadas observações através de procuras ativas que consiste na procura dos
animais em seus habitats naturais; procuras visuais e auditivas (coaxo dos anuros), tomadas de
fotografias, obtenção de dados sobre comportamento, recursos e habitats ocupados pelos anfíbios e
répteis.
A captura quando possível foi feita manualmente (anfíbios, lagartos e serpentes não
peçonhentas) e/ou com auxílio de ganchos próprios no caso de serpentes peçonhentas. Os sinais
acústicos foram registrados através de gravador portátil (Sony ® ICD-CX50) com microfone
unidirecional (YOGA® HT-81). As gravações serão arquivadas no acervo da coleção herpetológica da
UFAC, para possíveis elaborações de sonogramas, reconhecimento ou identificação de espécies.
Alguns espécimes coletados para registros foram sacrificados e fixados utilizando-se as técnicas
usualmente recomendadas (e.g., Pisani & Villa, 1974; Callefo, 2002; Franco & Salomão, 2002). Os
dados de nomenclatura utilizados para anfíbios estão de acordo com Frost (2010) e para répteis,
segue-se a Sociedade Brasileira de Herpetologia – SBH (2010). Todo o material se encontra
depositado na Coleção Herpetológica do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) da
Universidade Federal do Acre (UFAC) em Rio Branco - Acre.
Tabela 1 - Pontos com seus respectivos ambientes e coordenados geográficas, onde
foram realizadas as amostragens para a herpetofauna.

Ponto Ambiente (tipologia Alt Zona


Nome do ponto Latitude Longitude Data de coleta
AER florestal)
P01 Igarapé Jaminawá, 302 m 19L 0190558 8981108 23.07.10
Colocação Távora
(Acampamento),
Jordão AC.
P02 Igarapé Jaminawá, 322 m 19 L 0201386 8975948 23.07.10
Cachoeira do
Iracema
P03 Igarapé Pará, 312 m 19L 0186202 8981616 21.07.10
Colocação Pará,
Jordão AC.
P04 Igarapé Vai-quém- 299 m 19L 0185315 8982186 26.07.10
quer, Colocação do
Sr. Sérgio Roque
(Celso), Jordão
AC.
P05 Igarapé São João 276 m 19L 0183386 8981064 27.07.10
(foz do Igarapé
Pará) Colocação
Manaus, Jordão
AC.
P06 Igarapé São João 285 m 19L 0182919 8981288 27.07.10
(acampamento)
Colocação
Manaus, Jordão
AC.
P07 Estrada de acesso 340 m 19L 0184274 8981944 27.07.10
ao Murú (sentido
Manaus, Murú),
Jordão AC.
P08 Estrada de acesso 342 m 19L 0182167 8981074 27.07.10
ao Murú, Igarapé
das pedras, Jordão
AC.
P09 Colocação São 320 m 19L 0180905 8981428 27.07.10
Paulo, Jordão AC.
P010 Rio Murú 266 m 19L 0208744 8978806 29.07. 10
(Comunidade Novo
Porto), Jordão AC.
P011 Igarapé Bahia, 283 m 19L 0197080 8981098 30.07.10
Varadouro Jordão
Murú, Jordão AC.
P012 Igarapé Angelin, 276 m 19L 0201693 8980536 29.07.10
Varadouro Jordão
Murú, Jordão AC.
P0 13 Entorno da cidade
(município do
Jordão)
3 – Resultados

3.1- Anfíbios

3.1.1 - Riqueza de espécies

Os dados aqui apresentados resultam de um esforço em torno de 100 horas de observações e


coletas de informações sobre anfíbios e répteis registrados na área proposta para a criação da Unidade
de Conservação do Jordão. Ao todo foram registradas 48 espécies de anfíbios, 20 gêneros e nove
famílias, pertencentes às Ordens: Anura e Caudata (Tabela 2). Esse número é considerado alto
quando comparado com estudos realizados em outras localidades do Estado e utilizando-se a mesma
metodologia. Por exemplo: Souza & Souza (2004), através de estudos de impacto ambiental (EIA) e
relatório de impacto ambiental (RIMA) da Rodovia Federal BR-364, no trecho entre os municípios de
Sena Madureira e Feijó, obtiveram 48 espécies de anfíbios - esforço 144 horas; Souza & Silva
(2006a) estudos para o Plano de Manejo do Complexo de Florestas Públicas Estaduais do Gregório
(44 espécies de anfíbios - esforço 300 h); Souza & Silva (2006b) anfíbios e répteis da Floresta
Estadual do Antimary (44 espécies de anfíbios - esforço 170 horas); Souza & Rodrigues (2007)
Anfíbios e Répteis registrados na bacia hidrográfica do riozinho do Rôla, (29 espécies de anfíbios –
esforço 60 h). Souza et al. (2008) Plano de manejo: herpetofauna do Parque Estadual Chandless
(63 espécies – esforço 600 horas). Informações preliminares para a criação da unidade de
conservação do Jurupari (57 espécies - esforço 140 horas) dados não publicados.
Apesar do número de espécies de anfíbios registrados até o presente momento, ser considerado
alto, quando comparado com outras áreas do Estado em que se aplicou o mesmo método de
amostragem, esse número poderá ser bem maior desde que: (1) aumente o esforço de amostragem e
(2) diversifique as épocas de amostragem. Neste último caso, o período amostrado (julho)
corresponde ao período considerado mais seco na região, época em que a atividade reprodutiva da
maioria das espécies de anfíbios da região está suspensa. Além do mais, o período amostrado
coincidiu com a chegada de uma frente fria (fenômeno da friagem) com temperaturas durante as
noites, inferiores a 15oC, havendo dias em que a temperatura ficou abaixo de 10 oC, o que limitou em
muito a atividade de muitas espécies. Outro fator agravante foi a presença do luar (lua-cheia), quando
muitas espécies diminuem suas atividades. Há espécies como Hypsiboas boans (sapo canoeiro) que
se reproduz durante o período de estiagem das chuvas, enquanto que outras tidas como de
reprodução explosiva se reproduzem durante as chuvas torrenciais; outras têm atividades durante o
ano inteiro. Com a metodologia utilizada (AER) é provável que muitas espécies tenham deixado de
ser amostradas. O ideal seria que as coletas fossem realizadas no mínimo, pelo período de um ano,
desta forma, atingir-se-ia um ciclo completo e teria maiores possibilidades de obter-se uma
amostragem mais precisa das espécies ali existentes.
As espécies Ameerega petersi, Dendrophryniscus minutus, Hemiphractus helioi, Hemiphractus
scutatus, Lithobates palmipes, Osteocephalus subtilis, Ranitomeya vanzolinii e Ranitomeya
ventrimaculata apesar de serem encontradas com pouca freqüência na maioria das áreas estudadas,
esperava-se que fossem encontradas na área proposta para a Unidade de Conservação Murú, por se
tratar de espécies de áreas bem conservadas. A não constatação de todas essas espécies pode
corroborar com a deficiência do método de amostragem utilizado (AER). A ausência dessas espécies
na área estudada pode estar relacionada a uma possível baixa de freqüência das espécies na
localidade, como constatada nas demais áreas.
As entidades aqui tratadas como: Allobates sp., e Osteocephalus sp., podem ser novas para a
ciência, necessitando de mais estudos.
A fauna de anfíbios registrada na área proposta para a Unidade de Conservação Murú é
constituída por espécies tanto de ambientes abertos (com ação antrópica) como ambientes de
floresta, o que já era esperado e é considerado padrão para a região Amazônica (Souza, 2003,
2009). Entretanto, estes resultados poderão ser alterados com a continuação de novos
levantamentos.

Tabela 2 - Relação de espécies de anfíbios anuros registrados na área proposta para criação da Unidade
de Conservação Ambiental Murú, Jordão, Acre, através do Método de Avaliação Ecológica Rápida
(AER). No período de 21 a 31 de julho de 2010.

Táxon Táxon
Classe Amphibia 17. Hypsiboas fasciatus (Günther, 1858)
Ordem Anura 18. Hypsiboas geographicus (Spix, 1824)
FAMÍLIA ARAMOBATIDAE 19. Hypsiboas lanciformis (Cope, 1871)
1. Allobates femoralis (Boulenger, 1884) 20. Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862
2. Allobates marchesianus (Melin, 1941) 21. Osteocephalus sp.
FAMÍLIA BUFONIDAE 22. Phyllomedusa bicolor (Boddaert, 1772)
3. Rhaebo guttatus Schneider, 1799 23. Phyllomedusa camba De la Riva, 1999
4. Rhinella gr. margaritifer (Laurenti, 1768) 24. Phyllomedusa palliata Peters, 1873 “1872”
5. Rhinella marina (Linnaeus, 1758) 25. Phyllomedusa vaillantii (Boulenger, 1882)
FAMÍLIA CERATOPHRYIDE 26. Scinax garbei (Miranda-Ribeiro, 1926)
6. Ceratophrys cornuta (Linnaeus, 1758) 27. Scinax cf. ruber (Laurenti, 1768)
FAMÍLIA DENDROBATIDAE 28. Sphaenorhynchus lacteus (Daudin, 1802)
7. Ameerega hahneli (Boulenger, 1884) 29. Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907)
8. Ameerega macero (Rodriguez & Myers, 1993) 30. Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768)
9. Ameerega trivittata (Spix, 1824) 31. Engystomops petersi (Jiménez de la Espada,
FAMÍLIA HYLIDAE 1872)
10. Dendropsophus leucophyllatus (Beireis, 1783) 32. Leptodactylus andreae (Müller, 1923)
11. Dendropsophus cf. minutus (Peters, 1872) 33. Leptodactylus hylaedactylus (Cope, 1868)
12. Dendropsophus sarayacuensis Shreve, 1935 34. Leptodactylus leptodactyloides (Andersson,
13. Dendropsophus triangulum Günther, 1869 1945)
“1868” 35. Leptodactylus lineatus (Schneider, 1799)
14. Hypsiboas boans (Linnaeus, 1758) 36. Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768)
15. Hypsiboas calcaratus (Troschel, 1848) 37. Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864)
16. Hypsiboas cinerascens (Spix, 1824)
38. Leptodactylus rhodomystax Boulenger, 1884 43. Pristimantis conspicillatus (Günther, 1858)
“1883” 44. Pristimantis diadematus (Jiménez de la Espada,
FAMÍLIA LEIUPERIDAE 1875)
39. Edalorhina perezi (Jiménez de la Espada, 1871 45. Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864)
“1870” 46. Pristimantis lacrimosus (Jiménez de la Espada,
40. Engystomops petersi (Jiménez de la Espada, 1872)
1872 47. Pristimantis skydmainos Flores & Rodriguez,
FAMÍLIA MICROHYLIDAE 1997
41. Hamptophryne boliviana (Parker, 1927) ORDEM CAUDATA
FAMÍLIA STRABOMANTIDAE
42. Oreobates quixensis (Jiménez de la Espada, FAMÍLIA PLETHODONTIDAE (01)
1872) 48. Bolitoglossa altamazonica (Cope, 1874)

3.1.2 - Endemismo e ameaças de extinção

Todas as espécies encontradas até o presente momento, com exceção de Allobates sp. e
Osteocephalus sp., que aqui são conhecidas somente a nível de gênero , apresentam ampla
distribuição no estado do Acre e região amazônica brasileira e de países vizinhos (Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru). Apesar de pouco conhecimento sobre a biologia e distribuição geográfica da maioria
das espécies aqui catalogadas, nenhuma é tida como endêmica para a área de estudo ou está na
lista brasileira de espécies de anfíbios ameaçadas de extinção.

3.1.3 - Espécies de Interesse Científico e Conservacionista


Do ponto de vista biológico, todas as espécies têm interesse científico e conservacionista, até
mesmo porque, pouco se sabe sobre a biologia e interações ecológicas dessas espécies.
A presença das espécies de Aromobatidae Allobates femoralis e Allobates marchesianus; os
Dendrobatidae: Ameerega hahneli, Ameerega macero e Ameerega trivittata; os Strabomantidae:
Oreobates quixensis, Pristimantis conspicillatus, P. diadematus P. fenestratus, P. Lacrimosus, P.
ockendeni, P. skydmainus e os Hylidae: Phyllomedusa bicolor, P. camba e P. vaillantii, demonstram
que a área apresenta boas condições de conservação ambiental. Tal conclusão se dá em decorrência
das exigências reprodutivas e fisiológicas apresentadas por estas espécies. Os aromobatídeos,
dendrobatídeos e os strabomantídeos (gênero Pristimantis), carregam os ovos e / ou filhotes no
dorso ou depositam os ovos ou larvas em tanques fitotelmata, ou sob folhagem, troncos úmidos no
solo; ao passo que os Phyllomedusineos (Phyllomedusa bicolor, P. camba e P. tomopterna)
depositam os ovos sobre folhas da vegetação acima da água onde as larvas devem gotejar e
desenvolver-se em águas lênticas, modo 24 (sensu Haddad e Prado, 2005). Todas essas espécies
estão altamente correlacionadas com regiões ou ambientes de alta umidade (Lynch, 1979; Duellman,
1982, 1988, 1990) e precisam de áreas cobertas por vegetação a qual evita a radiação solar direta no
solo, limitando a evaporação da água do solo e mantendo a umidade e a temperatura do ambiente
mais ou menos constante, o que é favorável para todas as espécies de ambientes de floresta.
Espécies com essas características podem ser consideradas especiais, por isso, podem ser
consideradas úteis como boas indicadoras de ambientes ecológicas sadios.

3.1.4 - Espécie de interesse econômico e cultural


A espécie conhecida popularmente como “Kambô, Kampú, Kampum, Sapo-da-injeção ou
Sapo-da-vacina” Phyllomedusa bicolor, possui ampla distribuição na Amazônia e se encontra
distribuída pela área em estudo. Sua secreção (toxina), que há dezenas ou centenas de anos vinha
sendo usada somente por grupos indígenas que vivem na região amazônica, próxima à cordilheira
dos Andes (Katukinas, Kaxinawás, Ashaninkas, etc.) para tratamento e prevenção de doenças, nos
últimos anos vêm sendo largamente usada e divulgada por pessoas de diversas partes do planeta,
com os mais diferentes fins. Na literatura antropológica, existem diversas indicações sobre o uso
tradicional do kambô. Segundo os indígenas, o kambô tira a “panema”, (espécie de fraqueza do corpo
e do espírito ou a má sorte de uma maneira geral), (Souza, 2002).
Vários artigos científicos têm sido publicados com resultados de estudos bioquímicos sobre a
composição dessas substâncias e alguns têm demonstrado efeitos de biomoléculas sintetizadas a
partir de componentes desta secreção. Atualmente, há patente norte-americana de substâncias
sintetizadas a partir dessa secreção, além da tramitação de uma série de novos pedidos de patentes
de outras moléculas.
Os índios Katukinas do rio Liberdade, apesar de terem sido os primeiros a denunciarem junto
ao Poder Público sobre a biopirataria e requerer os direitos sobre o uso do veneno da Phyllomedusa,
são ao mesmo tempo, alvos de denúncias sobre o emprego de biopirataria do veneno da espécie.
Além destas, há várias outras pessoas que vêm comercializando o veneno do Kambô, ou através de
aplicações da chamada “vacina” ou através da venda da secreção cristalizada em pedaços de
madeira (palitos). Ultimamente, com a divulgação do uso do veneno do sapo pela mídia nacional e
internacional, tem havido uma procura muito grande por diversas pessoas em busca de cura dos
mais diferentes tipos de enfermidades ou simplesmente pela curiosidade.
Recentemente, uma denúncia do DPG (Departamento de Patrimônio Genético) do Ministério
do Meio Ambiente do Brasil junto a ANVISA (Associação Nacional de Vigilância Sanitária) sobre o
uso e propaganda indevida da “vacina do sapo” resultou na publicação da resolução no 8, de 29 de
abril de 2004, que determinou a suspensão em todo o território nacional, inclusive na Internet, de
propagandas alegando propriedades terapêuticas e / ou medicinais da vacina do sapo. Esta denúncia
foi realizada temendo danos à saúde, além do risco da captura indiscriminada e de biopirataria da
espécie, até mesmo porque o valor da aplicação da tal vacina, dependendo da região e de quem
aplica, varia de 20 a 250 reais, ou mais.
Hoje se encontra em andamento um projeto do Ministério de Meio Ambiente (MMA), através
da Secretaria de Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (SDS), Programa Brasileiro
de Bioprospecção e Desenvolvimento Sustentável de Produtos da Biodiversidade (PROBEM), para
um estudo completo (biologia, ecologia, etnoconhecimento, etnoecologia, etc.) sobre a Phyllomedusa
bicolor. Pouco se sabe sobre o tamanho populacional, biologia e ecologia da espécie, além de outras
espécies da Subfamília Phyllomedusinae que podem, também, estar sendo usadas por grupos
tradicionais. Por estes e outros motivos a espécie é considerada um elemento fundamental de
estudo, onde se procura integrar o conhecimento tradicional com a pesquisa científica.

3.1.5 – Espécies Comestíveis


De acordo com informações prestadas por membros das tribos dos índios Kaxinawá e Kulina
do Alto rio Purus, algumas espécies de anfíbios, são utilizadas como alimentos para estes grupos. As
espécies mais apreciadas são: sapo canoeiro “Txashush” (nome em Kaxinawá) Hypsiboas boans, a
perereca-de-banheiro “Panu” (Kaxinawá) Trachycephalus venulosus e a espécie conhecida
popularmente como rã ou caçote “Heu” (Kaxinawá) Leptodactylus pentadactylus. A espécie
Hypsiboas boans que é a maior espécie deste gênero e uma das maiores da família Hylidae que
ocorre na região. A espécie reproduz nas margens de rios, lagos, igarapés e açudes durante os
períodos de estiagens das chuvas. Machos geralmente cavam os ninhos em bancos de areia ou lama
(lodo) nas margens dos corpos d'água. Nessa época os índios saem para capturá-las, pois os
animais estão em atividade reprodutiva e ficam mais vulneráveis aos predadores. A espécie foi
encontrada em grande abundância às margens dos igarapés durante a pesquisa.
Trachycephalus venulosus - Esta espécie pode ser encontrada habitando ambientes de
floresta primária, secundária e áreas totalmente alteradas pelo homem, inclusive áreas urbanas.
Apresentam atividade reprodutiva explosiva. Isso geralmente ocorre durante as chuvas torrenciais de
novembro a janeiro, quando os animais formam grandes congregações em poças temporárias
formadas pelas chuvas.
Leptodactylus pentadactylus - É um dos maiores leptodactilídeos da região, reproduzem
durante a estação chuvosa. Durante a estação de seca, são encontrados às margens de rios, lagos e
igarapés em atividade de forrageio e é nesse período que podem ser facilmente capturados pelos
humanos.

3.2 - Répteis

3.2.1 - Riqueza de espécies


Ao todo foram registradas 40 espécies, distribuídas nos seguintes táxons: Ordem Squamata,
subordem Amphisbaenianus (2 espécies, 1 gênero, 1 família); Subordem Serpentes (19 espécies, 17
gêneros e 4 famílias); Subordem Lacertília (12 espécies, 9 gêneros e 6 famílias); Ordem Chelonia
(=Testudines) (4 espécies, 4 gêneros e 4 famílias); Ordem Crocodylia (3 espécies, 3 gêneros e 1
família) (Tabela 3).
O número de espécies de répteis registradas até o momento para a área proposta para criação
da Unidade de Conservação Murú é considerado bom, ou seja, está dentro da média esperada,
quando comparado com o número de espécies registradas para o Acre (em torno de 120) ou com
estudos realizados em outras localidades do Estado e utilizando-se a mesma metodologia (AER). Por
exemplo: Souza & Souza (2004), por meio de estudos de impacto ambiental (EIA) e relatório de
impacto ambiental (RIMA) da Rodovia Federal BR-364, no trecho entre os municípios de Sena
Madureira e Feijó, encontraram 38 espécies de répteis - esforço 144 h; Souza & Silva (2006a)
estudos para o Plano de Manejo do Complexo de Florestas Públicas Estaduais do Gregório (45
espécies - esforço 300 h); Souza & Silva (2006b) anfíbios e répteis da Floresta Estadual do Antimary
(34 espécies - esforço 170 h); Souza & Rodrigues, (2007) Anfíbios e Répteis registrados na bacia
hidrográfica do riozinho do Rôla, (31 espécies – esforço 60 h). Souza et al. (2008) Plano de manejo:
herpetofauna do Parque Estadual Chandless (40 espécies – esforço 600 horas); Souza & Venâncio
(2010) Informações preliminares para a criação da Unidade de Conservação Juruparí – AC (42
espécies – esforço 140 horas), dados não publicados.
Acredita-se que a riqueza de espécies de répteis da área em estudo, seja bem maior que a
registrada até o presente. Muitas espécies provavelmente deixaram de ser inventariadas em
decorrência dos mesmos fatores já indicados para os anfíbios, tais como: (1) baixo esforço de
amostragem e (2) sazonalidade (épocas das coletas).
Para a coleta de répteis o melhor período é o de estiagem das chuvas (época de seca). No
entanto, isso não foi corroborado com os estudos no Jordão, visto que no período da coleta houve
uma queda brusca de temperatura em decorrência do fenômeno da friagem o que faz com os répteis
diminuam suas atividades. No que diz respeito à coleta de répteis, diversos autores, afirmam que ela
é eminentemente aleatória (principalmente as de serpentes), não existindo uma sistematização nas
coletas que permitam amostrar rapidamente esta fauna. Assim sendo, o presente levantamento ainda
não é suficiente para caracterizar a fauna de répteis da área. Acredita-se que um dos meios de se
obter informações mais precisas seria a utilização contínua de coletores residentes, por um período
de no mínimo um ano. Espera-se que com a continuidade dos estudos, obtenham-se informações
precisas sobre a real diversidade de répteis da localidade e que esta diversidade seja bem maior que
a atualmente apresentada.
Tabela 3 - Relação de espécies de répteis registrados na área proposta para criação da Unidade de
Conservação Ambiental Murú, Jordão, Acre, através do Método de Avaliação Ecológica Rápida (AER).
No período de 21 a 31 de julho de 2010.

CLASSE REPTILIA (40)


ORDEM CHELONIA (=TESTUDINES) (04)
FAMÍLIA TESTUDINIDAE (01)
1. Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766)
FAMÍLIA CHELIDAE (01)
2. Chelus fimbriatus (Schneider, 1783)
FAMÍLIA KINOSTERNIDAE (01)
3. Kinosternon leucostomum Duméril & Bibron,1851
FAMÍLIA PODOCNEMIDIDAE (01)
4. Podocnemis unifilis (Troschel, 1848)
ORDEM CROCODYLIA (03)
FAMÍLIA ALLIGATORIDAE (03)
5. Caiman crocodilus (Daudin, 1802)
6. Melanosuchus níger (Spix, 1825)
7. Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801)
ORDEM SQUAMATA
SUBORDEM AMPHISBAENIANUS (02)
FAÍLIA AMPHISBAENIDAE (02)
8. Amphisbaena alba (Linnaeus, 1758)
9. Amphisbaena fuliginosa (Linnaeus, 1758)
SUBORDEM LACERTILIA (=SAURIA) (12)
FAMÍLIA GEKKONIDAE (1)
10. Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)
FAMÍLIA IGUANIDAE (01)
11. Iguana iguana (Linnaeus, 1758)
FAMÍLIA HOPLOCERCIDAE (01)
12. Enyalioides palpebralis (Boulenger, 1883)
FAMÍLIA POLYCHROTIDAE (04)
13. Anolis auratus (Daudin, 1802)
14. Anolis fuscoauratus (D'Orbigny, 1837)
15. Anolis nitens (Wagler, 1830)
16. Anolis punctatus Daudin, 1802
FAMÍLIA TEIIDAE (04)
17. Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758)
18. Dracaena guianensis Daudin, 1802
19. Kentropyx pelviceps (Cope, 1868)
20. Tupinambis teguixin (Linnaeus, 1758)
FAMÍLIA SCINCIDAE (01)
21. Mabuya bistriata (Spix, 1825)
SUBORDEM SERPENTES (=OPHIDIA) (19)
FAMÍLIA BOIDAE (04)
22. Boa constrictor Linnaeus, 1758
23. Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758)
24. Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758)
25. Eunectes murinus (Linnaeus, 1758)
FAMÍLIA COLUBRIDAE (09)
26. Clelia clelia (Daudin, 1803)
27. Chironius carinatus (Linnaeus, 1758)
28. Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796)
29. Drymarchon corais (Boie, 1827)
30. Helicops angulatus (Linnaeus, 1758)
31. Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758)
32. Leptophis ahaetulla (Linnaeus, 1758)
33. Oxybelis aeneus (Wagler, 1824)
34. Xenoxibelis argenteus (Daudin, 1803)
FAMÍLIA ELAPIDAE (03)
35. Micrurus lemniscatus (Linnaeus, 1758)
36. Micrurus spixii Wagler, 1824
37. Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817)
FAMÍLIA VIPERIDAE (03)
38. Bothrops atrox (Linnaeus, 1758)
39. Bothriopsis bilineata (Wied, 1825)
40. Lachesis muta (Linnaeus, 1766)

3.2.2 - Endemismo e ameaças de extinção

Dentre as espécies registradas nenhuma é considerada endêmica para a região de estudo


propriamente dita. A maioria apresenta ampla distribuição por toda a Amazônia. Dentre as espécies
encontradas há, contudo, algumas que podem ser consideradas ameaçadas, ao menos, localmente.
Entre tais espécies estão àquelas utilizadas na alimentação dos habitantes locais como: jabuti
Chelonoidis denticulata, tartaruga, tracajá, Podocnemis unifilis, jacarétinga Caiman crocodilus e
jacaré-açu Melanosuchus niger.
Para a espécie Podocnemis unifilis, uma das principais causas da redução das populações
dessa espécie é a caça predatória de animais adultos e a captura de ovos pelo homem, além da
utilização dos bancos de areia para o desenvolvimento de culturas sazonais, os quais são usados
pela espécie como sítios de oviposição. Já a espécie Chelonoidis denticulata é ameaçada tanto
pela caça de indivíduos adultos como pela alteração dos ecossistemas (desmatamentos e
queimadas). A espécie Melanosuchus niger (jacaré-açu) muitas vezes é abatida pela população, não
para fins alimentícios e sim, pelo perigo que a espécie pode oferecer para os seres humanos e suas
criações (animais domésticos). Com relação às demais espécies, não se têm informações precisas
sobre seus graus de ameaças ou extinção.
Nas áreas estudadas parece que o impacto da população de humanos sobre a herpetofauna é
muito pequeno visto que a densidade populacional de humanos é muito baixa e não tem causado
grande impacto nem no aspecto de alterações do habitat nem na caça predatória.
3.2.3 - Espécies de interesse científico e conservacionista

Do ponto de vista biológico, todas as espécies têm interesse científico e conservacionista, até
mesmo porque pouco se sabe sobre a biologia e interações ecológicas dessas espécies. Entretanto,
merecem destaques, as espécies de serpentes das famílias Viperidae e Elapidae. Nessas duas
famílias encontram-se as espécies peçonhentas e que são capazes de causar a morte de humanos e
de outros animais. Entretanto, as toxinas produzidas por estes animais, são hoje instrumentos de
estudo para a cura de muitas enfermidades. Por estas razões, são consideradas de interesse
científico.

3.2.4 - Espécie de interesse econômico


As únicas espécies de interesse econômico, isto é, se for feito um plano de criação e manejos
são: os Chelonia: Podocnemis unifilis e Chelonoidis denticulata e os Crocodylia: Caiman crocodilus e
Melanosuchus niger que são utilizados como fontes de alimento pelas comunidades. Os quelônios
compreendem os maiores alvos de caça para fins alimentícios na região.
Outro grupo de interesse econômico são as serpentes, como visto anteriormente, espécies
das famílias Viperidae e Elapidae, que culturalmente são conhecidas mais pela periculosidade de
suas peçonhas do que pelas propriedades medicinais contidas nas substâncias produzidas pelas
glândulas de venenos. Essas substâncias quando isoladas e dosadas podem ser utilizadas no
combate a muitas enfermidades. Como são poucas as instituições e pessoas envolvidas com a
criação e extração das substâncias produzidas por estes animais, há carência de produtos para
atender as pesquisas e produção de medicamentos. Por estas e outras razões, as substâncias
produzidas por espécies dessas duas famílias têm alto valor comercial, principalmente no comércio
internacional onde um grama do veneno poderá ser vendido por mais de US$ 31,000.00 (Envolverde,
2008; Renctas, 2004).

3.2.5 - Espécies peçonhentas ou danosas

Do que se conhece, apenas algumas espécies de répteis da área de estudo são capazes de
causar danos ao homem. Neste caso, podemos citar representantes das seguintes famílias:
Viperidae: surucucu ou jararacuçu Bothrops atrox, cobra-papagaio ou papagaia Bothriopsis bilineata e
surucucu-pico-de-jaca ou pico-de-jaca Lachesis muta; Elapidae: cobra-coral ou coral Micrurus
lemniscatus, Micrurus spixii e Micrurus surinamensis. Entre estas espécies, as maiores causadoras
de acidentes são as do gênero Bothrops que correspondem a 73,57 % dos acidentes no município de
Rio Branco, em segundo lugar vêm as do gênero Lachesis com 1,07 % e por último, as do gênero
Micrurus com 0,71% dos acidentes (Silva, 2006). A outra família com espécie que é vista como
perigosa e temível ao homem é a Boidae: sucuri, sucuriju, sucurijuba ou anaconda Eunectes murinus
que é capaz de engolir um ser humano adulto desde que não muito grande e animais do porte de um
carneiro ou de um bezerro.
Para a maioria das pessoas da localidade, todas as serpentes podem causar acidentes ao
homem. Este fato os leva a matar de forma indiscriminada a toda e qualquer espécie. Por este e
outros motivos se faz necessário um trabalho de conscientização com a população sobre a
importância desses animais no contexto global ou visto como uma potencialidade para o fornecimento
de matéria prima para produção de soro antiofídico e de outros produtos utilizados na medicina.

4 - Principais impactos e problemas identificados a afetarem a herpetofauna

Como citado anteriormente a região proposta para a criação da Unidade de Conservação Murú,
apresenta baixa densidade populacional de humanos, e quase todos desenvolvem agricultura, caça e
pesca de subsistência com exceção da presença de pequenos pecuaristas (criação basicamente de
gado de corte). Em decorrência disso, a área tem sofrido apenas pequenas alterações com as
derrubadas e queimadas da floresta, principalmente nas margens do ramal / varadouro de Integração
que liga a cidade de Jordão à comunidade de Novo Porto no rio Murú. É provável que com a abertura
da estrada que liga as duas comunidades, haja a ocupação de forma desordenada por parte da
população humana nessas áreas, o que poderá causar grandes problemas para a herpetofauna da
localidade, principalmente pela a alteração dos ambientes ou caça predatória de algumas espécies. A
estrada atravessa pelo menos sete igarapés de médio porte (Igarapé -das - pedras, São João, Vai-
quém-quer, Pará, Jaminawá, Bahia e Angelin), o relevo na região é ondulado com colinas
acentuadas, caso haja a retirada da vegetação, o solo sofrerá lixiviação, o que poderá causar o
assoreamento (desbarrancamento e aterramento) dos igarapés, trazendo inúmeros problemas tais
como: seca ou enchentes repentinas dos igarapés e com isso o extermínio de espécies que
necessitam desses ambientes para sobreviver.
Os governos: Estadual e Municipal, deverão estrategicamente criar uma política de zoneamento
e implementar um sistema eficiente de orientação, monitoramento e controle para assegurar a
integridade dessas zonas.
Outro problema a afetar a herpetofauna, ocorre principalmente com os quelônios. Além da caça
dos adultos, há a prática secular da coleta de ovos nos ninhos em praias e tabuleiros da região. Com
o aumento da população de humanos na localidade, há também o uso desses tabuleiros para os
plantios de culturas sazonais o que faz com que os quelônios não os usem para suas posturas
anuais.
Um terceiro problema é a falta de conscientização por parte da população sobre a importância
dos anfíbios e répteis no contexto global. Anfíbios são muitas vezes perseguidos e mortos por
simples medo ou em funções de lendas e crendices de quê sua urina, ao cair nos olhos causa a
cegueira, seu veneno é letal (causa a morte), de que sua presença gera “mau agouro”, pode ser
usado como magia e feitiçaria, dentre outras. O mesmo se sucede para a maioria das espécies de
serpentes em que praticamente todas são consideradas como peçonhentas e capazes de causar
danos ao homem e às suas criações. Por esta razão, são mortas pelas pessoas. A falta de
conscientização exige prontamente a realização de programas de educação ambiental de modo que,
envolva a comunidade local em um processo contínuo de conservação.

5 – Identificação e delimitação de áreas de maior relevância local para a conservação de


espécies, populações e comunidades herpetofaunísticas

• Por se tratar de uma das regiões de alta diversidade herpetofaunística, praticamente toda a
área é considerada de interesse para a conservação das espécies e comunidades de anfíbios
e répteis locais. Mesmo as áreas onde há maior concentração humana, são importantes, uma
vez que tais áreas abrigam a ocorrência de espécies ainda pouco ou nada conhecida pela
ciência. Pelo fato de que o uso da terra gera inevitavelmente alguns impactos sobre a flora e a
fauna regional, algumas áreas devem ter a partir do ponto de vista da herpetofauna seu uso
bastante restrito ou mesmo evitado.
REFERÊNCIAS

Acre. 2006. Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre.


Zoneamento Ecológico-Econômico, Fase II: Documento síntese – Escala 1:250.000. Rio Branco:
SEMA. 356p.

Acre. 2001. Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre.


Zoneamento Ecológico-Econômico: Recursos Naturais e Meio Ambiente - Documento Final. Rio
Branco: SECTMA, v. 1.

Anderson, A. 1990. Alternatives to Deforestation. New York: Columbia Univ. Press.


Ávila-Pires, T. C. S. 1995. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Zoologische
Verhandelingen.p.3-706.

Ávila-Pires, T. C. S, & Vitt, L. J. 1998. A new species of Neusticurus (Reptilia: Gymnophthalmidae)


from the Rio Juruá, Acre, Brazil. Herpetologica 54:235-245.

Azevedo-Ramos, A, & Galatti, U. 2001. Relatório Técnico sobre a diversidade de Anfíbios na


Amazônia brasileira. In: Copobianco, J. P. R. et alli. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira:
Avaliações e Ações Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de
Benefícios. São Paulo: Estação Liberdade: Instituto Socioambiental,. p.79-88.

Brown, K. S. JR, & Freitas, A. V. L. 2002. Diversidade Biológica no Alto Juruá: Avaliação, Causas e
Manutenção. Pp. 33-42 In: Cunha, M. C.; Almeida, M. B. (Orgs.). Enciclopédia da Floresta: O Alto
Juruá: Práticas e Conhecimentos das Populações. Companhia das Letras, São Paulo-SP.

Brown, K. S. Jr et alli. 1974. Quaternary refugia in tropical America: Evidence From Race Formation
in Heliconius Butterflies. Proc. Roy. Soc. London (B), 187:369-378.

Callefo, M. E. V. 2002. Anfíbios. Pp. 43-73 In: P. Auricchio & M. G. Salomão (Eds.), Técnicas de
Coleta e Preparação de Vertebrados para Fins Científicos e Didáticos. São Paulo, Instituto Pau
Brasil de História Natural.

Cardoso, A. J, & Souza, M. B. 1996. Distribuição Temporal e Espacial de Anfíbios Anuros no Seringal
Catuaba, estado do Acre, Brasil. pp. 271-292. In: J. E. Perfaus (ED.). Herpetological Neotropical
Actas del II Cong. Latin. Amer. Herp., vol. 2. Universidade de los Andes, Consejo de
Publicaciones, Consejo de Desarrollo Cientifico, Humanistico y Tecnologico, Merida – Venezuela, 451
p.

Conservation International. 1991. Prioridades Biológicas para Conservação na Amazônia. Mapa


desenvolvido durante o Workshop 90, Manaus, Brasil.

Cunha, O. R, & Nascimento, F. P. 1993. Ofídios da Amazônia. As cobras da região leste do Pará.
Bol. Mus. Par. Emílio Goeldi, Sér. Zool. 9:1-191.

Daly, D. C, & Silveira, M. 2002. Aspectos Florísticos da Bacia do Alto Juruá: história botânica,
peculiaridades, afinidades e importância para a conservação. Pp. 53-63 In: Cunha M. C. & Almeida,
M. B. (Orgs.). Enciclopédia da Floresta: O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos das
Populações. Companhia das Letras, São Paulo-SP.
Dinerstein, E. D et alli.. 1995. A conservation Assessment of the Terrestrial Ecoregions of Latin
America and Caribbean. World Wildlife Fund - The World Bank, Washington DC.

Ducke, A, & Black, G. 1953. Phytogeographical Notes on the Brasilian Amazon. Annals Academia
Brasileira de Ciências, 25, p.1-46.

Duellman, W. E. 1982. Quaternary Climatic-Ecological Fluctuations in the Lowland Tropics: frogs and
forests. In: PRANCE, G. T. (Ed.). Biological Diversification in the Tropics, Columbia, Univ. Press,
New York, cap. 21, p.389-402.

Duellman, W. E. 1988. Patterns of Species Diversity in Anuran Amphibians in the American Tropics.
Ann. Missouri Bot. Gard., v.75, n.1, p.79-104.

Duellman, W. E. 1990. Herpetofaunas in Neotropical Rainforests: Comparative Composition, History,


and resource Use. In: GENTRY, A. H. (Ed.). Four Neotropical Rainforests. Yale University Press,
New Haven, CT. cap. 24, p.455-505.

Envolverde, 2008. Veneno de Cobra da Amazônia é Vendido por U$$ 31 mil no exterior.
Disponível em: < http://www.amazonianamidia.blogspat.com> acesso em: 24 set. 2008.

Fearnside, P. 2005. Desmatamento na Amazônia Brasileira: história, índices e consequências.


Megadiversidade 1. p.113-123.

Franco, F. L, & Salomão, M. G. 2002. Répteis. Pp. 75-115 In: P. Auricchio & M. G. Salomão (Eds.),
Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados para Fins Científicos e Didáticos. São Paulo,
Instituto Pau Brasil de História Natural.

Frost, Darrel R. 2010. Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 5.4 (8 April,
2010). Electronic Database accessible at http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/
American Museum of Natural History, New York, USA. Acesso em 16 de agosto de 2010.

Haddad, C. F & ABE, A.S. 1999. Anfíbios e Répteis. In: Conservation International. Workshop
Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação dos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos,
São Paulo.

Haddad, C.F.B. & Prado, C.P.A. 2005. Reproductive modes in frogs and their unexpected diversity in
the Atlantic forest of Brazil. BioScience, 55(3):207-217.

Haffer, J. 1969. Speciation in Amazonian Forest Birds. Science, 165 (3889):131-137.

Haffer, J. 1974. Avian Speciation in Tropical South America. Cambridge. Mass.: Publications of the
Nuttall Ornithological Club, 14:1-390.

Kerr, W. E. et al., 2001. Aspectos Pouco Mencionados da Biodiversidade Amazônica. Parcerias


Estratégicas 12:20-41.

Lynch, J. D. 1979. The Amphibians of the Lowland Tropical Forest. In: Duellman, W. E. (Ed.). The
South American Herpetofauna: its Origin, Evolution, and Dispersal. Monogr. Museum of Natural
History University of Kansas, Lawrence, Kansas, n.7, p.189-215.
Meirelles-Filho, J. 2004. O Livro de Ouro da Amazônia: Mitos e Verdades Sobre a Região mais
Cobiçada do Planeta. Ediouro, Rio de Janeiro, 397p.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. 2002. Biodiversidade Brasileira - Avaliação e Identificação de


Áreas e Ações Prioritárias Para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da
Biodiversidade Brasileira MMA. Brasília. 33 404p.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. 1998. Programa Nacional da Diversidade Biológica. Grupo
de Trabalho Temático: Contribuição para a Estratégia de Conservação In-situ no Brasil. (Documento
Base, Versão 1.0). Ministério do Meio Ambiente, Brasília – DF, 22p.

Moran, E. F. 1981. Developing the Amazon. Indiana University Press, Bloomington, Indian. 292p.

Nepstad, D. et al., 2000. O Empobrecimento Oculto da Floresta Amazônica. Ciência Hoje 27:70-73.

Olson, D. M, & Dinerstein, E. 1998. The Global 2000: a Representation Approach to Conserving
the Earth's Most Biologically Valuable Ecoregions. Conservation Biology 12:502-515.

Peres, C. A. 2005. Porque Precisamos de Megareservas na Amazônia. Natureza & Conservação


3(1):8-16.

Pezzuti J. C. et alli. 2007. Relatório: Ecologia e conservação de quelônios na Reserva


Extrativista do Alto Juruá e no Parque Nacional da Serra do Divisor, Acre, 2004-2006. S.O.S
Amazônia / UFPA / NAEA.

Pisani, G. R, & Villa, J. 1974. Guia de Tecnicas de Preservacion de Anfibios y Reptiles. Soc. St.
Amph. Rept., Circ. Herpetol. 2:1-24.

Prado D. E, & Gibbs, P. E. 1993. Patterns of Species Distributions in the Dry Seasonal Forests of
South America. Ann. Missouri Bot. Garden, 80: 902-927.

Prance, G. T. 1973. Phytogeographic Support for the Theory of Pleistocene Forest Refuges in the
Amazon Basin, based on evidence from distribution pattern in Caryocaraceae, Chrysobalanaceae,
Dichapetalaceae an Lecythidaceae. Acta Amazonica, 3 (3):5-28.

Prance, G. T. 1987. Biogeography of Neotropical Plants. In: Whitmore, T. C. & Prance, G. T. (Ed.)
Biogeography and Quaternary History in Tropical América: Oxford Sci. Publ. p. 46-65.

Ranzi, A. 2000. Paleoecologia da Amazônia: Megafauna do Pleistoceno. Florianópolis, (Ed.)


UFSC; Rio Branco: UFAC. 101 p. : il., Maps.

Renctas (Rede Nacional Contra o Tráfico de Animais Silvestres), 2004. Ambiente Brasil tráfico de
animais Silvestre. Disponível em: <http://www.renctas.org.br/pt/informes/renctas_brasil_detail.asp?>
acesso em: 24. set. 2008.

Rodrigues, M. T. 2005. The Conservation of Brazilian Reptiles: challenges for a megadiversity


country. Conservation Biology 19(3):659-664.

Rylands, A. B, & BRANDON, K. 2005. Unidades de Conservação Brasileiras. Megadiversidade


1(1):27-35.
SBH. 2010. Brazilian amphibians – List of species. Accessible at http://www.sbherpetologia.org.br.
Sociedade Brasileira de Herpetologia. Captured on date of your online consult. Acesso em: 05 de abril
de2010.

Silva, M. 2005. O Programa Brasileiro de Unidades de Conservação. Megadiversidade 1.(1):22-26.

Silva, M. V. da. 2006. Serpentes do Estado do Acre: Riqueza, dieta etno-conhecimento e


acidentes ofídicos. Universidade Federal do Acre- Rio Branco, AC. 85f. (Dissertação de Mestrado).

Silvano, D. L, & Segalla, M. V. 2005. Conservation of brazilian amphibians. Conservation Biology


19:653-658.

Sobrevilla, C, & Barth, P. 1992. Evaluación Ecológica Rápida. Un manual para usuários de
América Latina y Caribe. Edición Preliminar. Arlington, EUA. The Nature Conservancy, 231p.

SOUZA, M. B. 2009. Anfíbios: Reserva Extrativista do Alto Juruá e Parque Nacional da Serra do
Divisor, Acre. IFCH, Campinas, 77pp. + 32 il. f.;

SOUZA, M. B. 1997. Relatório Para o Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Divisor.
“Avaliação Ecológica Rápida” Herpetofauna (Amphibia e Reptilia). Universidade Federal do
Acre / S.O.S. Amazônia. Rio Branco-AC. (Relatório Técnico).

SOUZA, M. B. 2003. Diversidade de Anfíbios nas Unidades de Conservação Ambiental: Reserva


Extrativista do Alto Juruá (REAJ) e Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD), Acre – Brasil
– UNESP- Rio Claro, SP. 152 f. : il., fotos. (Tese de doutorado).

SOUZA, M. B, & Rodrigues. M. L. 2007. Anfíbios e Répteis Registrados na Bacia Hidrográfica do


riozinho do Rôla, no município de Rio Branco – Acre. Relatório Parcial. Prefeitura Municipal de
Rio Branco.

SOUZA, M. B & SILVA, M. V. 2006a. Relatório de AER. - Herpetofauna Para a “Elaboração do


Plano de Manejo do Complexo de Florestas Estaduais do Gregório – Mogno, Liberdade,
Gregório”. STCP – Empresa de Consultorias. (Relatório Técnico).

SOUZA, M. B, & SILVA, M. V. 2006b. Relatório de ERA - Herpetofauna Para a “Elaboração do


Plano de Manejo da Floresta Estadual do Antimary”. STCP – Empresa de Consultorias. (Relatório
Técnico não publicado).

SOUZA, M. B, & Souza, V. M. 2004. Relatório de Impacto Ambiental (Rima) relativo à realização
de terraplenagem, pavimentação e obras complementares da Rodovia Federal Br 364, no
trecho entre os municípios de Sena Madureira e Feijó no estado do Acre. 20 fls. STCP –
Empresa de Consultorias. (Relatório Técnico -não publicado).

SOUZA, M. B. et al., 2002b. Anfíbios. Pp. 601-614 In: CUNHA, M. C.; ALMEIDA, M. B. (Orgs.),
Enciclopédia da Floresta. O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos das Populações. São Paulo:
Companhia das Letras.

SOUZA, M. B. et al., 2002a. Cobras. Pp. 577-600 In: CUNHA, M. C.; ALMEIDA, M. B. (Orgs.),
Enciclopédia da Floresta. O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos das Populações. São Paulo:
Companhia das Letras.
SOUZA, M. B. et al., 2003. Biodiversidade no Estado do Acre: Conhecimento Atual, Conservação e
Perspectiva. Revista T&C Amazônia Ano I - n III, p.45-56.

Tabarelli, M, & Gascon, C. 2005. Lições da Pesquisa Sobre Fragmentação: aperfeiçoando políticas e
diretrizes de manejo para a conservação da biodiversidade. Megadiversidade 1(1):181-188.

Tuomisto, H. et al., 1995. Dissecting Amazonian Biodiversity. Science, v.269, n.5220, p. 63-66.

Vanzolini, P. E, & Williams, E. E. 1970. South American Anoles: The geographic differentiation and
evolution of the Anolis chrysolepis species group (Sauria. Iguanidae). Arquivos de Zoologia, São.
Paulo, v.19 n.(1-2) p.1-289.

Vitt, L. J. et al., 1999. Historical Ecology of Amazonian Lizards: Implications for community ecology.
Oikos n.87, p.286-294.

ANEXOS
ANEXO I. Relação de espécies de Anfíbios anuros registrados na área proposta para criação da Unidade de
Conservação do Jurupari Município de Feijó, estado do Acre, no período de 29 de janeiro a 05 de fevereiro de 2010,
através do Método de Avaliação Ecológica Rápida (AER) e seus respectivos pontos de observações e coletas.
Ocorrência: X - coletado ou observado pelos pesquisadores.
TÁXON PONTOS DE COLETA
P01 P02 P03 P04 P05 P06
Classe Amphibia
Ordem Anura
FAMÍLIA ARAMOBATIDAE
1. Allobates femoralis (Boulenger, 1884) X X

2. Allobates marchesianus (Melin, 1941) X X X X X X

3. Allobates sp. X X X X X
FAMÍLIA BUFONIDAE
4. Rhaebo guttatus Schneider, 1799 X X X X X X

5. Rhinella gr. margaritifer (Laurenti, 1768) X X X X X

6. Rhinella marina (Linnaeus, 1758) X X X X X X


FAMÍLIA CENTROLENIDAE
7. Centrolene sp. X X X X X X
FAMÍLIA CERATOPHRYIDE
8. Ceratophrys cornuta (Linnaeus, 1758) X
FAMÍLIA DENDROBATIDAE
9. Ameerega hahneli (Boulenger, 1884) X X X X X X
10. Ameerega trivittata (Spix, 1824) X X X X
FAMÍLIA HYLIDAE
11. Dendropsophus acreanus Bokermann, 1964 X X X

12. Dendropsophus brevifrons Duellman & Crump, 1974 X X X X X X


13. Dendropsophus leali Bokermann, 1964 X X
14. Dendropsophus leucophyllatus (Beireis, 1783) X X X X X

15. Dendropsophus cf. minutus (Peters, 1872) X

16. Dendropsophus rhodopeplus Günther, 1858 X

17. Dendropsophus sarayacuensis Shreve, 1935 X X X X X


18. Dendropsophus timbeba (Martins e Cardoso, 1987) X
19. Dendropsophus triangulum Günther, 1869 “1868” X

20. Hypsiboas calcaratus (Troschel, 1848) X

21. Hypsiboas cinerascens (Spix, 1824) X X X X X X

22. Hypsiboas fasciatus (Günther, 1858) X X X X X X

23. Hypsiboas geographicus (Spix, 1824) X


24. Hypsiboas lanciformis (Cope, 1871) X X X X X X
25. Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 X X X
26. Osteocephalus sp. X X X X

27. Phyllomedusa bicolor (Boddaert, 1772) X X X X X

28. Phyllomedusa camba De la Riva, 1999 X X

29. Phyllomedusa palliata Peters, 1873 “1872” X X X

30. Phyllomedusa tomopterna (Cope, 1869) X X


31. Scarthyla goinorum (Bokermann, 1962) X X
32. Scinax garbei (Miranda-Ribeiro, 1926) X X X X X

33. Scinax cf. ruber (Laurenti, 1768) X X X X X X

34. Sphaenorhynchus lacteus (Daudin, 1802) X

35. Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907) X X X X X X

36. Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768) X X X X X


37. Engystomops petersi (Jiménez de la Espada, 1872) X X X X X
38. Leptodactylus andreae (Müller, 1923) X X X X X X

39. Leptodactylus bolivianus Boulenger, 1898 X

40. Leptodactylus hylaedactylus (Cope, 1868) X X X X X

41. Leptodactylus leptodactyloides (Andersson, 1945) X X


42. Leptodactylus lineatus (Schneider, 1799) X X

43. Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) X X

44. Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) X X

45. Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864) X X X X X X

46. Leptodactylus rhodomystax Boulenger, 1884 “1883” X X X X X X

47. Leptodactylus stenodema (Jiménez de la Espada, X


1875)
48. Leptodactylus wagneri (Peters, 1862) X
FAMÍLIA MICROHYLIDAE
49. Hamptophryne boliviana (Parker, 1927) X X
FAMÍLIA STRABOMANTIDAE
50. Oreobates quixensis (Jiménez de la Espada, 1872) X X X

51. Pristimantis acuminatus (Shreve, 1935) X X

52. Pristimantis conspicillatus (Günther, 1858) X

53. Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864) X X X X X

54. Pristimantis lacrimosus (Jiménez de la Espada, 1872) X X

55. Pristimantis ockendeni (Boulenger, 1912) X


56. Pristimantis skydmainos Flores & Rodriguez, 1997 X
57. Pristimantis zimmermanea (Heyer & Hardy, 1991) X X X X

Total de espécies por ponto de coleta 36 38 29 32 29 32


ANEXO II. Relação de espécies de Répteis registrados na área proposta para criação da Unidade
de Conservação do Jurupari Município de Feijó, estado do Acre, no período de 29 de janeiro a 05
de fevereiro de 2010, através do Método de Avaliação Ecológica Rápida (AER) e seus
respectivos pontos de observações e coletas. Ocorrência: X - coletado ou observado pelos
pesquisadores; X* - espécies registradas através de informações prestadas pelos moradores locais.

TÁXON PONTOS DE COLETA


P01 P02 P03 P04 P05 P06
CLASSE REPTILIA (41)
ORDEM CHELONIA (=TESTUDINES) (04)
FAMÍLIA TESTUDINIDAE (01)
1. Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766) X X X X X X
FAMÍLIA CHELIDAE(01)
2. Chelus fimbriatus (Schneider, 1783) X*
FAMÍLIA KINOSTERNIDAE (01)
3. Kinosternon leucostomum Duméril & X
Bibron,1851
FAMÍLIA PODOCNEMIDIDAE (01)
4. Podocnemis unifilis (Troschel, 1848) X X X X X X
ORDEM CROCODYLIA (03)
FAMÍLIA ALLIGATORIDAE (03)
5. Caiman crocodilus (Daudin, 1802) X X X X X X
6. Melanosuchus niger (Spix, 1825) X* X* X* X* X* X*
7. Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801) X* X* X*
ORDEM SQUAMATA - AMPHISBAENIANUS (02)
FAÍLIA AMPHISBAENIDAE (02)
8. Amphisbaena alba (Linnaeus, 1758) X* X* X* X* X* X*
9. Amphisbaena fuliginosa (Linnaeus, 1758) X* X* X* X* X* X*
SUBORDEM LACERTILIA (=SAURIA) (15)
FAMÍLIA GEKKONIDAE (1)
10. Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, X X X X X X
1818)
FAMÍLIA IGUANIDAE (01)
11. Iguana iguana (Linnaeus, 1758) X* X* X* X* X* X*
FAMÍLIA HOPLOCERCIDAE (01)
12. Enyalioides palpebralis (Boulenger, 1883) X X
FAMÍLIA POLYCHROTIDAE (06)
13. Anolis auratus (Daudin, 1802) X X X X X X
14. Anolis fuscoauratus (D'Orbigny, 1837) X X X X X X
15. Anolis nitens (Wagler, 1830) X X X X X X
16. Anolis punctatus Daudin, 1802 X
17. Gonatodes concinnatus (O’ Shaughnessy, 1881) X*
18. Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855) X*
FAMÍLIA TEIIDAE (04)
19. Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) X X X X X X
20. Dracaena guianensis Daudin, 1802 X* X* X* X* X* X*
21. Kentropyx pelviceps (Cope, 1868) X
22. Tupinambis teguixin (Linnaeus, 1758) X* X* X*
FAMÍLIA GYMNOPHTHALMIDAE (01)
23. Cercosaura sp. X X
FAMÍLIA SCINCIDAE (01)
24. Mabuya bistriata (Spix, 1825) X
SUBORDEM SERPENTES (=OPHIDIA) (18)
FAMÍLIA BOIDAE (04)
25. Boa constrictor Linnaeus, 1758 X* X* X* X* X* X*
26. Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) X
27. Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) X
28. Eunectes murinus (Linnaeus, 1758) X* X* X* X* X* X*
FAMÍLIA COLUBRIDAE (09)
29. Clelia clelia (Daudin, 1803) X* X* X* X* X* X*
30. Chironius carinatus (Linnaeus, 1758) X
31. Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796) X
32. Helicops angulatus (Linnaeus, 1758) X
33. Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) X
34. Leptophis ahaetulla (Linnaeus, 1758) X
35. Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) X
36. Oxyrhopus petola (Linnaeus, 1758) X
37. Xenoxibelis argenteus X
FAMÍLIA ELAPIDAE (02)
38. Micrurus lemniscatus (Linnaeus, 1758) X* X* X* X* X* X*
39. Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817) X* X* X* X* X* X*
FAMÍLIA VIPERIDAE (03)
40. Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) X X* X* X* X X
41. Bothriopsis bilineata (Wied, 1825) X* X* X* X* X* X*
42. Lachesis muta (Linnaeus, 1766) X* X* X* X* X* X*
Total de espécies por ponto de coleta 33 22 23 22 20 24

Você também pode gostar