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Resumo
O Piauí está situado em uma área de transição entre os
biomas Amazônia e Mata Atlântica, na qual se encontram os biomas
Cerrado e Caatinga, principais no Estado. Parte significativa desses
biomas tem sido devastada pela ação antrópica. Da necessidade de
preservação dos recursos disponíveis, como flora, fauna, solo e rios,
em tais biomas foram instituídas as Unidade de Conservação (UC’s).
Esta pesquisa tem como foco as Unidades de Conservação do Estado,
dividindo-as em categorias, de acordo com o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação-SNUC, com suas respectivas áreas e biomas
de ocorrência. Os dados foram levantados através de pesquisas às
instituições oficiais, publicações científicas e visitas às UC’s. O estado do
Piauí possui 39 unidades de conservação com área que pode variar de
dois a milhares de hectares. Aproximadamente 10% da área do Estado
está em unidades de conservação, estando dentro do limite mínimo
estipulado pela IUCN (International Union for Conservation of Nature
and Natural Resources). Entretanto, algumas unidades não possuem
plano de manejo ou estão abandonadas, enquanto outras cumprem
efetivamente o seu papel de assegurar integridade aos biomas. A
maior parte das unidades ocorre em Caatinga, que se encontra bem
protegida, principalmente por unidades federais – maior abrangência
no Estado.
Palavras-chave:
Unidades de conservação; Categorias SNUC; Biomas.
Abstract
The Piauí state is in a transition area between the Amazon
and Atlantic forest biomes, which are the Cerrado and Caatinga
biomes, leading in the state. Significant part of these biomes has
been devastated by human action. The need for preserve resources
available, such as flora, fauna, soil and rivers in these biomes were
imposed for the Conservation Unit (UC’s). This research focuses on the
Conservation Units of the state, dividing them into categories according
INTRODUÇÃO
O
s problemas ambientais nunca foram tão notados
como nos últimos anos. Por séculos, o homem foi
“senhor” da natureza, utilizando-se dessa como bem
lhe aprouve sem, no entanto, tomar medidas conservacionistas para
manutenção dos recursos naturais. Com o passar do tempo notou-se
que a forma de lidar com o meio ambiente não seria sustentável em
longo prazo e surgiram, assim, os primeiros debates e as primeiras
atitudes no sentido de preservar o meio ambiente. Dentre essas
atitudes, está a instituição de áreas protegidas, denominadas de
Unidades de Conservação (UC’s), com o objetivo de que, além de
proteger a área em si, flora e fauna, fossem diminuídos os efeitos
negativos causados pela ação antrópica.
No mundo, os primórdios das unidades de conservação
(UC’s) datam de 1872, quando os Estados Unidos, prevendo a
necessidade de implantação e preservação de áreas naturais,
instituiu o primeiro Parque Nacional, o de Yellowstone, que veio
a ser uma região reservada e proibida de ser colonizada, ocupada
ou vendida (VALLEJO, 2003). Todavia, somente 100 anos depois
foi que o mundo despertou efetivamente para a preservação do
meio ambiente, através dos debates ocorridos na Conferência de
Estocolmo.
Em 1934, o Código Florestal Brasileiro, entre outras
referências à natureza, já instituía a criação dos Parques Nacionais.
Hoje há um amplo leque de leis e derivados que abordam a questão
ambiental e coordenam a forma de uso dos recursos de forma
sustentável, prevendo, inclusive, punições para os infratores.
METODOLOGIA
Área de estudo
O estado do Piauí possui 223 municípios e está localizado a
noroeste da região Nordeste; tem como limites o Oceano Atlântico
(N), os estados do Ceará e Pernambuco (L), Bahia (S e SE), Tocantins
(SO) e Maranhão (O e NO). Ocupa uma área de 252.378,6 km²
(IBGE, 2004a), estando situado entre as coordenadas geográficas
2º 44’ 49” e 10º 55’ 05” de latitude sul e entre 40º 22’ 12” e 45º
59’ 42” de longitude oeste.
De acordo com IBGE (2004b) três tipos climáticos ocorrem:
Tropical Quente Semi-úmido (sul do Estado), com quatro a cinco
meses secos, Tropical Quente Semi-árido com seis meses secos
(ocorrendo no norte e parte do sul do Estado) e de sete a oito meses
secos (sudeste do Estado), a média de temperatura é superior a
18ºC em todos os meses.
Predominam no Estado três formações vegetais: Caatinga,
Cerrado e Floresta. Ocorrem também as transições Floresta/Cerrado
e Caatinga/Cerrado (CODEVASF, 2006). A Caatinga, vegetação típica
da região tropical semi-árida brasileira, ocupa uma área de mais de
935.000 km², abrangendo grande parte da região Nordeste e do
norte do estado de Minas Gerais. Tem sua ocorrência registrada no
sul e sudeste do estado do Piauí. É composta por cactos, arbustos e
COLETA DE DADOS
Foram consultados os órgãos que têm registros das unidades
de conservação no estado do Piauí, a saber: Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais-IBAMA (sobre as unidades
federais), Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Piauí-
SEMAR (a respeito das unidades estaduais) e Secretaria Municipal do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos-SEMAM (unidades municipais).
Não se encontram informações sobre todas as unidades nos órgãos
responsáveis por seus registros (como área e bioma ocorrente), por
isso foram feitas consultas à Associação Caatinga, sobre as RPPNs
e a pessoas físicas responsáveis por algumas unidades (no caso,
o Parque Ambiental Paquetá e da APA Lagoa Nazaré). Os dados
também foram obtidos através de levantamento bibliográfico.
Para os cálculos das áreas por bioma não foram consideradas
as Unidades que estão inseridas em áreas de outras UC’s, como o
Parque Ecológico Cachoeira do Urubu, cuja área está dentro dos
limites da APA Cachoeira do Urubu, ou aquelas inclusas em “outras
categorias”.
As Unidades foram divididas por esfera de poder: federais,
estaduais e municipais e outras categorias. Nesta estão as Unidades
não contempladas pelo SNUC, unidades com pequena área florestada
ou que não representam um bioma definido, o que não permite a
sua inclusão em um dos biomas citados no trabalho, como é o caso
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do levantamento realizado, discorre-se que o estado do Piauí
possui um total de 39 unidades de conservação, considerando-se as
três esferas: municipal, estadual e federal (Quadro 1). Tais Unidades
estão assim distribuídas: 05 APAs estaduais, 04 APAs federais,
01 APA municipal, 06 RPPN’s, 04 Parques nacionais, 03 Parques
estaduais, 04 Parques municipais, 01 Flona, 01 Resex, 01 Estação
Ecológica e 09 em “outras categorias”. As RPPNs representam a
maior porcentagem das Unidades (20,0%), seguidas pelas APAs
estaduais (16,7%). As APAs federais somam mais de um milhão e
meio de hectares, representando 55,64% da área total das unidades
de conservação (Tabela 1).
(-) não registrada; (?) não informado; ¹ Inserido na APA Cachoeira do Urubu;
² Inserida no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba; ³ Incorporado
ao PARNA Nascentes do Parnaíba; 4 Incorporada à APA Delta do Parnaíba; *
Categorias que não constam no SNUC, unidades com pequena área florestada,
sem informações sobre a área ou sobre o bioma ocorrente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Piauí possui 39 Unidades de Conservação, sendo que
somente 28 dessas estão inclusas nas categorias do SNUC, as demais
não se adequam às normas do mesmo. Algumas se encontram
bem preservadas, outras, como o Horto Florestal de Campo Maior
– cujo nome e os objetivos devem ser mudados para adequar-se
às categorias do SNUC – estão abandonadas pelo poder público.
São quase três milhões de hectares preservados em biomas como
a Caatinga e Cerrado. As Unidades abrangem uma maior área de
Caatinga, embora a quantidade de Unidades seja a mesma nos dois
biomas. A categoria que apresenta o maior número de unidades é a
APA. No estado do Piauí há um maior número de Unidades federais,
comparado ao estadual e municipal.
Referências Bibliográficas
CAMACHO, Ramiro Gustavo Varela; BAPTISTA, Gustavo Macedo de Mello.
Análise geográfica computadorizada aplicada à vegetação da Caatinga
em unidades de conservação do Nordeste: Estação Ecológica do Seridó-
ESEC/RN/Brasil. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, XII.
v. 1. p. 2611-2618. 2005.
Sobre a autora
Marlete Moreira de Sousa Mendes
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade
Federal do Piauí; Professora da UFPI.
e-mail: mendes758@hotmail.com