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RESUMO : O presente trabalho apresenta uma nova proposta de estudo dos sítios
de arte rupestre da região Sudeste do Piauí onde utilizamos técnicas de exame e de
análises físico-químicas para fornecer dados sobre a técnica de execução dos grafismos,
casos de pinturas retocadas, superposições, técnicas de fabricação dos pigmentos, cons
tituição química dos pigmentos, localização de fontes de matéria-prima, relações exis
tentes entre pinturas rupestres e camadas estratigráficas e estado de conservação das
pinturas. Nosso estudo visou sobretudo o conhecimento mais preciso dos pigmentos
utilizados nesta arte rupestre, sua composição química, mineralógica e suas relações
com o suporte rochoso.
No Sudeste do Piauí encontra-se uma das maio (1979) e de seu tombamento pela UNESCO como
res concentrações de sítios arqueológicos do Bra Patrimônio da Humanidade (1991). O presente tra
sil. Ali uma equipe interdisciplinar, chefiada pela balho é uma nova proposta de estudo dos sítios de
Dra. Niède Guidon, desenvolve pesquisas desde arte rupestre do referido PARNA, onde se utiliza
1970. Esses trabalhos evidenciaram uma arte técnicas de exame e de análises físico-químicas para
rupestre muito rica, tanto do ponto de vista fornecer dados sobre a técnica de execução dos
estilístico quanto do da técnica de execução dos grafismos; casos de pinturas retocadas; super
grafismos e diversidade de cores (vermelho, ama posições; técnica de fabricação dos pigmentos;
relo, cinza, branco e preto) (Fig. 1). Foram tam constituição química dos pigmentos; localização
bém evidenciados sítios com restos de animais da de fontes de matéria-prima; relações existentes en
megafauna e sítios de agricultores-ceramistas, tre pinturas rupestres e camadas estratigráficas; bem
além de sítios de caçadores-coletores que forne como sobre o estado de conservação das pinturas.
ceram datações muito antigas para o continente
americano.
A presença de tantos remanescentes arqueoló
gicos inseridos numa região de caatinga, que guar Problemática
da imensas riquezas naturais foi a principal causa
da criação do Parque Nacional Serra da Capivara A aplicação das ciências naturais ao estudo
arqueológico fornece dados interessantes aos es
pecialistas em arte rupestre. Abaixo observamos
(* ) P rofessora A djunta da U niversidade Federal do Piauí/ um quadro recapitulativo de pesquisas neste sen
P esquisadora da F U M D H A M e do C N Pq. tido, onde encontram-se enumerados os sítios, os
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SOARES MENESES LAGE, M.C. Análise química de pigmentos de arte rupestre do Sudoeste do Piauí. Rev. d o M useu de
A rq u eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplemento 2: 89-101, 1997.
países, a cor dos pigmentos existentes, a composição química e/ou mineralógica e o ano da publicação dos
trabalhos.
(con tin u a)
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A rq u eo lo g ia e E tn ologia, São Paulo, Suplemento 2: 89-101, 1997.
(co n t.)
vermelho hematita
Gruta de Espanha preto carvão animal
Altamira vermelho violáceo oligista
cinza chumbo mica+ilita 1978
branco ilita+quartzo
rosa calcita+kaolinita+quartzo+clorita
(C o n tin u a )
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A rqu eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplemento 2: 89-101, 1997.
(C o n t.)
A maior parte dos trabalhos realizados até o Inicialmente elucidamos o problema das técni
momento tiveram como objetivo principal a deter cas de preparo e de execução dos grafismos, desde
minação da composição química e mineralógica dos a procura da matéria-prima até a realização das fi
pigmentos, assim como a eventual existência de guras. Para isso é preciso analisar os pigmentos,
ligantes. identificar sua composição química e sua evolu
No nosso estudo, buscamos conhecer mais pre ção no tempo.
cisamente os pigmentos utilizados na arte rupestre Nos questionamos sobre a existência de dife
do sudeste do Piauí, sua composição química, rentes tonalidades de vermelho no interior de um
mineralógica e suas relações com o suporte rocho mesmo sítio. Se as cores observadas hoje são idên
so. Foram também questionados problemas liga ticas às originais ou resultam de uma transforma
dos a origem da matéria-prima utilizada na fabrica ção físico-química ao longo dos anos de exposição.
ção desses pigmentos. A reconstituição das técnicas Qual é a influência de um determinado depósi
de preparo e sua aplicação no suporte rochoso. Todo to de alteração sobre um pigmento. Será que reage
esse trabalho esteve sempre associado a preocupa com o pigmento e altera sua tonalidade?
ção com a prevenção das obras rupestres. Só a partir Com relação às técnicas de preparo dos pigmen
de estudos dessa natureza é que podemos desenvol tos nos interrogamos sobre a eventual existência
ver pesquisas sobre o estado de conservação das de ligantes ou de processos de moagem para elimi
obras rupestres e dos suportes naturais. nar os cristais de quartzo das argilas naturais.
As múltiplas questões colocadas ao longo de A maior parte dos trabalhos consultados (J.
nosso estudo encontram-se resumidas no quadro Clarke, 1976; S. Walston e J. Dolanski, 1976; C.
da página seguinte. Couraud, 1985; Onoratini, 1985; W.R. Ambrose
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• O por que dos pigmentos dos pigmentos relação entre pigmento e suporte rochoso duplo contorno, ordem de materiais
das diferentes fontes de utilizados como pigmento e depósitos de alteração contorno de cor execução dos coletados como
tonalidades matéría-príma pigmento principais agressões: diferente de grafismos pigmento
• Misturas? • degradação do pigmento preenchimento
• Diferenças de • degradação da superfície rochosa
matéria-prima? • fatores climáticos
• envelhecimento? • destruição antropica
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terrogamos também sobre eventuais casos de pósitos e os pigmentos? Que danos podem causar
repintura. aos pigmentos ou a superfície rochosa ? Será que
Estas análises podem contribuir também na de estes depósitos exercem influência sobre a varia
finição das unidades dos grafismos puros. Por exem ção de tonalidade?
plo, se temos uma representação de cinco traços ver No estudo das paredes, podemos também nos
ticais, a unidade é representada por cada um dos tra interrogar sobre os depósitos animais, vegetais e
ços ou pelo conjunto deles? A unidade corresponde minerais e nos questionar se eles já estavam ali no
ao elemento ou à combinação dos elementos? momento da execução das obras rupestres. Será que
A análise das superposições de pinturas forne o homem pré-histórico pode utilizar ou recusar uti
ce dados para o estabelecimento de limites de uma lizar um depósito natural na sua composição
figura, e de indícios sobre a cronologia relativa de pictural? Pode ele trabalhar com as oposições das
elaboração das obras. tintas devido aos depósitos? Pode ele escolher um
A diferença de tonalidade observada no preen fundo claro que tinha uma cor integrável em sua
chimento de determinadas figuras (Fig. 3) é inten composição de pinturas? Ou pode ele recusar utili
cional? Terá sido efetuada pelo mesmo indivíduo zar uma parede ou uma parte da parede justamente
ou o mesmo grupo? Ou será o resultado de ocupa por causa de um depósito?
ções sucessivas de um mesmo sítio? Ou se trata Em última análise, tratamos de problemas li
simplesmente de um envelhecimento natural do gados a localização de jazidas minerais que servi
pigmento e de sua evolução físico-química? ram de matéria-prima aos pintores pré-históricos
As superposições são intencionais? Ou ainda, para fabricarem seus pigmentos. Os pigmentos
o sentido de unidade gráfica pode ser modificado pré-históricos foram comparados às substâncias
pela superposição? naturais (ocres, argilas, calcários, etc.) presentes
As substâncias coloridas evidenciadas ao lon nas jazidas.
go das escavações arqueológicas permitem a for Do ponto de vista da conservação, estudos so
mulação de hipóteses sobre a datação das pinturas bre a degradação dos pigmentos com relação à com
parietais. Um estudo comparativo entre a compo posição química das cores serão também realiza
sição físico-química destas substâncias e a das pin dos. Assim como os fatores responsáveis pela de
turas será efetuado a fim de verificar a existência terioração de alguns sítios:
ou não de identidade. - degradação natural (climáticas, biológicas,
Com relação aos traços de ocre observados geológicas, etc);
em blocos caídos da parede, nos interrogamos - degradação ligada ao vandalismo.
sobre sua origem. Foram pintados pelo homem
ou são simplesmente resultado de impregnações Métodos arqueométricos utilizados
naturais?
Somos conscientes do papel que pode ter a
presença de depósitos em contato com os pig Dada a importância excepcional do patrimônio
mentos. Quais as relações existentes entre os de arqueológico da região de São Raimundo Nonato
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B.P.F. 88.43
I. Depósito vermelho
B.P.F.88.03
B .P .F .88.10
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SO A R E S M E N E SE S L A G E , M .C . A nálise quím ica de pigm entos de arte rupestre do Su doeste do Piauí. Rev. d o M useu de
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I. Substância vermelha
B.P.F. 8 2 .1 4 0 6
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pigmentos vermelhos. Todos são ocres (óxido de uma primeira camada vermelha de pigmento
ferro) mas apresentam diferentes elementos traços. recoberta por um depósito de alteração branco, de
Concluímos, portanto, que os homens pré-históri pois uma nova camada vermelha de pigmento, ela
cos de tradições diferentes (etnias diferentes) e em também recoberta por uma camada de depósito de
épocas diferentes iam procurar a matéria-prima ne alteração. Não observamos traços de ocre verme
cessária à fabricação de seus pigmentos vermelhos lho misturados à camada do depósito, não deven
sobre as mesmas jazidas de ocre, ou que os ho do portanto se tratar de uma migração do pigmen
mens pertencentes à uma mesma tradição (mesma to, mas sobretudo de antigas pinturas, ou mesmo
etnia) poderia ir procurar a matéria-prima em jazi de um caso de repintura de uma figura antiga.
das diferentes. Com relação ao estado de conservação das obras
O exame no microscópio óptico mostrou que parietais do Sudeste do Piauí podemos dizer que inú
as camadas vermelhas de pigmentos da tradição meros agentes atuam acelerando a destruição destas
Nordeste estilo Serra Branca apresentam sempre obras. Dentre outros, citamos os ninhos de vespas,
mesma espessura e mesmo diâmetro de cristais de galerias de térmitas, eflorescências de sais, etc.
quartzo presentes. A diferença de tonalidade nos O estudo de camadas estratigráficas revelou que
pigmentos vermelhos está ligada à quantidade de existem amostras onde o depósito de alteração re
matéria corante e não à composição química. cobre a camada de pigmento e que em outros é
Com relação aos exames e análises de fragmen observado o inverso. Em alguns casos a camada de
tos de substâncias cinzas encontradas nas cama depósito ajuda até na proteção da camada de pig
das arqueológicas da Toca do Perna I pudemos mento. Nos casos onde o pigmento se encontra so
discernir as substâncias que foram utilizadas como bre um depósito de alteração ele é muito mais de
pigmentos das que provavelmente não se tratavam gradado e frágil. Em um único caso (B.P.F.88.02)
de pigmento. constatamos que o pigmento infiltrou na camada
Os pigmentos cinzas da Toca do Baixão do do depósito de alteração.
Perna I são idênticos e tem a mesma composição A análise química dos depósitos de alteração
química elementar que a substância cinza brancos revelou uma grande variação na composi
(T.P.I.86.8891) encontrada em uma camada ar ção química destes produtos, mesmo quando eles
queológica durante as escavações deste sítio. encontram-se próximos. Alguns são formados de
O resultado das análises de terras e argilas natu silicato, oxalato e nitrato outros são uma mistura
rais coloridas revelou que uma amostra (Brejo 89.01) de silicato, oxalato e sulfato, ou ainda encontra
tem uma composição química elementar semelhan mos alguns formados de aragonita, gipsita semi-
te à de três amostras do B.P.F. Isto significa que o hidratada e zeolitos.
homem pré-histórico pode ter utilizado os ocres da Para a Toca do Baixão do Perna I, a análise
Toca do Brejinho II para preparar seus pigmentos. microbiológica revelou a existência de algas. É pre
Da mesma maneira, os pigmentos cinzas foram ciso intervir imediatamente neste sítio para evitar a
efetuados com argilas cinzas do Zabelê. proliferação destes microorganismos
Nós pensamos, no terreno, que certos desenhos
brancos poderiam ter sido elaborados com os de
pósitos brancos que precipitam na parede rochosa
dos sítios. A análise por espectrofotometria Conclusão
infravermelha do depósito e dos pigmentos reve
lou, no entanto, que não se tratam das mesmas As amostras estudadas apresentam uma cama
substâncias. da estratigráfica em geral simples. Os pigmentos
Os resultados das análises físico-químicas per foram aplicados seja diretamente sobre o suporte,
mitem planejar futuros estudos sobre a datação seja sobre uma camada branca de depósito de alte
absoluta de pigmentos. Por exemplo, T.E.II.89.11 ração. Não houve uma preparação particular do
e T.E.n.89.12 são constituídos de carvão animal, o suporte para receber as pinturas.
que permite proceder a datações C-14 com o auxí As camadas de pigmento são de espessura vari
lio de um acelerador de partículas. ável, contínuas ou descontínuas, densas com con
O estudo estratigráfico evidenciou uma centrações pontuais de corantes e em geral
estratigrafia muito complexa para algumas amos recobertas por um depósito de alteração mais ou
tras da Toca do Baixão da Vaca. Pudemos observar menos contínuo.
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Certos corantes evidenciados nas escavações Estas análises permitiram diferenciar os vestí
arqueológicas assim como os pigmentos das pin gios de pinturas rupestres e os restos de origem
turas pré-históricas têm o aspecto de uma pasta ho animal (ninho de insetos).
mogênea formada essencialmente de ocre com al Um certo número de observações de ordem
guns grãos de quartzo de pequena espessura. En metodológica se impõem no que concerne a
quanto que os ocres e argilas coletados nas jazidas amostragem e as técnicas de análise utilizadas. Para
próximas aos sítios apresentam uma maior quanti a análise de figuras é necessário efetuar duas ou
dade de cristais de quartzo e estes de maior espes três amostragens em pontos distintos de uma mes
sura. Isto nos sugere que antes de sua utilização, ma figura, para ver se a composição do pigmento é
estas substâncias coloridas sofreram um tratamen uniforme e verificar a presença dos mesmos ele
to especial para eliminar os grãos de quartzo. A mentos maiores, menores e traços.
localização exata das fontes de ocre é difícil de pre No que concerne as técnicas de exames e análi
cisar pois elas são numerosas em tomo dos sítios. ses trabalhadas, sublinhamos a importância das in
Mas pudemos determinar que os pigmentos cinzas formações dadas no estudo estratigráfico, sobre
são provenientes de jazidas do povoado Zabelê. tudo a evidenciação de ordem de execução de
As diferentes tonalidades observadas para os grafismos, casos de repinturas e superposição de
pigmentos vermelhos (claro, médio e escuro) não grafismos. Sobre os métodos de ahálise destaca
são homogêneas e no microscópio óptico observa mos a espectrometría de Fluorescência de raios X
mos pontos mais ou menos concentrados. Na reali como a mais importante para o nosso estudo pois
dade, os pigmentos vermelhos são formados de uma ela fomece, sem destruir, a composição química
mistura de ocres vermelho, alaranjado, amarelo e elementar das amostras.
marrom. E a variação de tonalidade do vermelho Esta nova metodologia abre novas perspectivas
está ligada à quantidade mais ou menos importan de estudo para a arte rupestre de uma região, mas
te de matéria corante sobre a superfície rochosa. ela não pode ser feita aleatoriamente. A amostragem
Em geral, o pigmento se concentra nas depressões é um ato essencial para o estudo do pigmento ou
da superfície rochosa; o que deixa a tonalidade do do produto de alteração e só pode ser feito por um
vermelho mais escura. especialista. Um certo número de regras têm que
Pudemos constatar que as pinturas pretas da ser seguidos. “Não retiramos amostras por nada,
Toca da Extrema II foram obtidas a partir da tritu- mas para resolver problemas bem precisos” (J.
ração e calcinação de ossos. O que é inédito para o BRUNET - L.R.M.H. - França). Um exame preli
Brasil, pois, até o presente, as pinturas pretas eram minar da área e das figuras a serem estudadas é
consideradas como sendo formadas de carvão ve imprescindível. Assim é preferível operar amostra
getal ou de óxido de manganês. gem em zonas com pinturas já destruídas.
A análise dos depósitos de alteração mostra uma Em geral as técnicas de exame e análise utili
grande complexidade. Obtivemos resultados vari zadas para este tipo de estudo necessita apenas
áveis para amostras efetuadas sobre uma mesma de alguns miligramas de amostras, quantidades
zona. maiores são inúteis.
SO A R E S M E N E SE S L A G E , M .C. C hem ical analysis o f pigm ents in Brazilian rock art (Piaui).
Rev. d o M useu d e A rq u eo lo g ia e E tnologia, São Paulo, Suplem ento 2: 89-101, 1997.
ABSTRACT: The purpose of this article is to present new perspectives in the study
of rock art in Southeastern Piaui, Brazil. Our main goal was to detect, through chemical
anlysis, the composition of pigments, their superposition, the chemical composition of
the different colours, the sources of the different pigments and the relations established
between pigments and the underlying rock support as well as associations with defined
stratigraphical layers. Our study affects also the preservation of these paintings.
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A rq u eo lo g ia e E tn ologia, São Paulo, Suplemento 2: 89-101, 1997.
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