Você está na página 1de 6

Revista Escda de Minas, 40(3):3742, 1987

A Província Gemológica Brasileira

Darcy P. Svisero :
Rui Ribeiro Franco

ABSTRACT esverdeada, a alexandrita e o olho-de- gicas específicas sentido de am-

no
gato; f) o topázio imperial da região pliar o conhecimento das jazidas de
Presently, the main gemological de Ouro Preto e uma grande varie- minerais-gema conhecidos, ou de des-
provinces of the world are located in dade de outras gemas mais raras ou cobrir novos centros produtores de
Brazil, Soviet Union, United States menos conhecidas. É também o nos- gemas.
of America, India, Republic of Mal- so País um produtor histórico de ouro Estamos assistindo, nos dias de ho-
gaxe, Sri Lanka, Burma, Indochina e diamante, materiais que desempe- je, ao estabelecimento da Gemologia
Peninsula (Thailand, Laos, Cambodia nharam um papel decisivo na con- como ciência, e nela, o estudo dos
and Vietnan) and Australia. The quista e na definição do nosso terri- minerais-gema constitui um dos capí-
Brazilian gemological province is a re- tório, especialmente no caso do ouro. tulos de conexão com a Geologia
markable producer of emerald, aqua- Aliás, depois de um período de rela- (Franco & Campos, 1965) . Muito
marine, tourmalines, topazes, morga- tivo esquecimento, viu esse metal re- embora o conceito de gema extra-
nite, heliodore, agate, chrysoberil, nascer sua procura de forma quase pole o de mineral, abrangendo outras
cat's eye, alexandrite, kunzite, hidde- assustadora nos dias atuais, mobili- categorias de substâncias além de mi-
nite, garnet, opal, amethist, citrine, zando e deslocando contingentes de neral e de rocha, é preciso ter em
morion, rose quartz, euclase, phena- populações de todos os locais do país mente que o grupo dos minerais-ge-
kite, andalusite and many other rarer para novas e antigas áreas de garim- ma constitui exatamente o grupo mais
gemstones. The State of Minas Ge- pos (DNPM, Avulso n.° 5) . O resul- importante de gemas, justificando,
rais alone could be considered a ge- tado dessa nova corrida, iniciada por portanto, atenção especial dos geó-
mological province being a great pro- volta de 1979, colocou novamente o logos, principalmente no que diz res-
ducer of gold, diamond, and the finest Brasil no rol dos grandes produtores peito aos processos de gênese desses
colored Brazilian gemstones. Although desse metal precioso. materiais. A pujança e a diversidade
Brazil has been considered the main Acresce-se a esses fatos a desco- das gemas encontradas na chamada
supplier of colored gems in the world, berta, nos últimos anos, de uma sé- província gemológica brasileira, por
little is known concerning the mine- rie de ocorrências de gemas que, até outro lado, constitui um estímulo per-
ralogical and geological characteris- pouco tempo, se supunha não exis- manente e uma certeza de futuro pro-
tics of our gem deposits. tirem no Brasil, de que são exem- missor para os que se dedicarem a
plos a safira do Rio Coxim (Campos, essa linha de trabalho.
INTRODUÇÃO 1960), a turquesa do município da Este artigo discute algumas das
Casa Nova, Bahia (Cassedanne & principais características das pro
O Brasil tem sido, nos últimos Cassedanne, 1976), o zircão do Peixe víncias gemológi t's da atualidade,
anos, um dos maiores produtores de (Iwanuch et alii, 1984), para citar entre as quais se destaca o Brasil,
pedras coradas do mundo (Sauer, apenas alguns casos. Merece desta- pelo número, diversidade e qualidade
1981). Sob a designação "pedra co- que especial a descoberta das jazidas de nossas gemas. Paralelamente, dis-
rada" (Abreu, 1973), enquadram-se de esmeralda de Itabira (Bastos, cutem-se alguns dos problemas rela-
todas as variedades de gemas colori- 1981), de Santa Teresinha de Goiás cionados com o desenvolvimento des-
das, exceto o diamante e seus subs- (Cassedanne & Sauer, 1984), e de sa área do conhecimento, especial-
titutos sintéticos. Carnaíba-Socotó (Couto & Almeida, mçnte no que diz respeito às suas in'-
Entre as pedras coradas brasilei- 1982) . Ainda dentro desse contexto, ter-relações com as ciências geológi-
ras destacam-se: a) o grupo do berilo devem ser mencionadas as descober- cas.
com as variedades esmeralda, água- tas de kimberlitos nos Estados de
marinha, morganita e heliodoro; b) o Minas Gerais, Piauí, Rondônia Ma- PROVÍNCIAS GEMOLOGICAS
e
grupo da turmalina com as variedades to Grosso (Svisero et alii, 1979, 1984), O termo "província gemológica",
rubelita, indicolita, verdelita e os ti- e em Santa Catarina (Scheibe, 1980) . utilizado para definir certos produ-
pos policrômicos; c) o grupo da sí- Todos esses fatos caracterizam o tores de minerais-gema, ainda é um
lica com as suas inúmeras variedades Brasil como uma das maiores e mais conceito pouco discutido, sendo, por-
entre as quais merecem destaque a importantes províncias gemológiças tanto, sujeito a controvérsias. Segun-
ametista, o citrino, as ágatas e as opa- do mundo. Entretanto, apesar desse do Franco (1981), o termo define
las; d) o grupo do espodumênio com imenso potencial (Suszczinski, 1975),
• Instituto de Geociéncias da USP•
as variedades kunzita e hiddenita; o Brasil não tem aproveitado, de for-
e) o grupo do crisoberilo, reunindo, ma racional, essas riquezas, nem tam- Instituto de Pesquisas Nucleares da
além do crisoberilo de cor amarelo- pouco desenvolvido pesquisas geoló- USP.

Revista Escola de Minas


37
"uma região da crosta terrestre pro- viética, Estados Unidos da América, tro produtor importante de rubi, sa-
dutora de um número considerável India, Birmânia, Sri Lanka, Repú- firas, zircão, espinélios, pedra-da-lua,
de minerais gemológicos" . A litera- blica Malgaxe e na península da Indo- alexandrita, kornerupina, taaffeíta e
tura, entretanto, não define nem china onde estão localizados o Vietnã, sinhalita. A República de Malgaxe,
estabelece com precisão o número e a o Camboja, o Laos e a Tailândia. A da mesma forma que o Brasil, é fa-
natureza das gemas necessárias para descoberta de lamproítos diamantí- mosa por suas jazidas pegmatíticas
que uma certa área produtora de ge- feros, na região noroeste da Austrá- de onde são extraídas diversas gemas
mas seja considerada uma província lia, elevou esse país à categoria de do grupo da turmalina, do berilo, do
gemológica. Apesar dessa limitação, feldspato, do topázio, do espodumê-
parece haver consenso entre os ge- província gemológica, que passou a nio, além de outras gemas raras. Com
mólogos que as principais províncias constituir a nona região importante relação à Península da Indochina, os
gemológicas conhecidas na atualidade no que diz respeito à, produção de países aí incluídos (Vietnã, Laos,
estão situadas no Brasil, União So- gemas (Figura 1). Camboja e Tailândia) produzem, so-
bretudo,rubi, safiras, zircão e espiné-
lios ide excelente qualidade gemoló-
gica. Por fim, a Austrália, elevada à
categoria de província gemológica em
virtude de importantes descobertas
ocorridas em seu território nos últi-
mos anos, produz diamante, opala
nobre, rubi, berilos, topázios, turmali-
nas e ouro. Com relação ao diaman-
te, existe um ambicioso programa de
exploração em andamento que deve-
rá tornar a Austrália o 3.° produtor
mundial dessa gema por volta de
1990.
Por outro lado, é interessante
observar que existem diversos países,
produtores isolados de algumas ge-
mas, que não estão incluídos na cate-
goria de províncias gemológicas. É
o caso específico da Colômbia, que
tem produzido as melhores e mais
famosas esmeraldas de todos os tem-
Fig. 1 — As principais províncias gemológicas do mundo (1-9) e alguns produ- pos (Sinkankas, 1981); do Afeganis-
tores importantes de certos tipos de gemas (A-G) . tão e Irã, que produzem, respectiva-
mente, lápis—lazúli e turquesa desde
1) Brasil A) Colômbia (esmeralda) a mais remota antiguidade (Webster,
2) União Soviética B) África do Sul (diamante) 1983); do México com as suas opalas
3) Estados Unidos da América C) México (opala de fogo) de fogo; da República Sul-Africana,
4) India D) Irã (turquesa) que, apesar de ser o mais famoso pro-
5) Sri Lanka E) Afeganistão (lápis lazúli) dutor mundial de diamantes, não é
6) República Malgaxe F) ) apão (pérola cultivada) uma província gemológica, e assim
7) Península da Indochina G) Alemanha, Suíça, França e Estados por diante.
8) Birmânia Unidos da América (gemas sinté- Outro ponto que merece alguns
9) Austrália ticas) comentários é a inclusão do Japão,
Alemanha, Suíça e França no quadro
dos produtores de materiais gemológi-
Todos os países acima menciona- mais raras. Os Estados Unidos da cos . Embora esses países não sejam
dos são produtores famosos de mine- América, por sua vez, possuem diver- produtores de minerais-gema, todos
rais-gema, considerando-se aqui a va- sas áreas de ocorrências de gemas, têm-se destacado de alguma forma na
riedade e a qualidade das gemas pro- merecendo destaque especial a re- produção de gemas sintéticas, princi-
duzidas. Resumidamente, sabe-se que gião de Pala e San Diego, na Califór- palmente a Suíça, a Alemanha e a
a União Soviética, devido a sua gran- nia; onde são encontradas kunzita, França. Os Estados Unidos da Amé-
de extensão territorial e conseqüente morganita, turmalinas e diversas ge- rica, além de ser uma das províncias
diversidade geológica, produz prati- mas raras. A India produz gemas gemológicas do mundo, é também
camente todos os tipos de gemas co- desde a mais remota antiguidade. um produtor respeitável de gemas
nhecidas, com destaque especial para Apesar e a produção ter diminuído sintéticas. Quanto ao Japão, a sua
a esmeralda, a alexandrita e o criso- consideravelmente através do tempo, colocação neste quadro é devida à in-
berilo dos Montes Urais. Além disso, a India continua produzindo safiras, dústria da pérola cultivada, técnica
esse país é um dos principais produto- rubi, esmeralda, água-marinha e ou- que consiste em reduzir o tempo de
res mundiais de diamante, ouro e pla- tras gemas de excelente qualidade. A desenvolvimento de uma pérola me-
tina, possuindo jazidas importantes de Birmânia, especialmente na sua parte diante a criação de moluscos selecio-
malaquita topázio, lápis-lazúli, tur- norte, produz rubi, safiras, espinélios nados em condições favoráveis e con-
quesa, turmalina e berilo, além de e jade da melhor qualidade gemológi- troladas. Em síntese, a Figura 1 rela-
uma grande quantidade de gemas ca. O Sri Lanka, antigo Ceilão, é ou- ciona, simultaneamente, produtores de

38 Terceiro Trimestre/87
minerais-gema e produtores de outros irando a extensão dos nossos garirn- produção, os garimpos mais impor-
tipos de gemas, além daquelas tradi- pos, a Figura 2 mostra as principais tantes continuam sendo os de Minas
cionais de natureza orgânica. províncias diamantíferas brasileiras. Gerais, Mato Grosso, Bahia, Mato
Apesar da precariedade dos dados de Grosso do Sul e Roraima.
A PROVINCIA GEMOLÓGICA
BRASILEIRA

O Brasil se destaca nesse contexto


como um dos principais produtores
de gemas naturais da atualidade, es-
pecialmente de pedras coradas (Bas-
tos, 1961). Entretanto, apesar dessa
posição privilegiada, existem inúme-
ros problemas relacionados com o
tratamento geológico do tema. Na
realidade, faltam estudos geológicos
sobre as áreas produtoras de gemas.
Com raríssimas exceções, a maior par-
te das jazidas de minerais-gema do
Brasil foram descobertas por garim-
peiros, que, em geral, têm cuidado
também da exploração desses mate-
riais (Mendes, 1975) . Embora para-
doxal, o fato é que a geologia das ja-
zidas de minerais-gema do Brasil am-
da está para ser feita. Faltam desde
simples cadastramentos até estudos
genéticos específicos, para não men-
cionar estudos mais refinados envol-
vendo a obtenção de dados químicos
de inclusões, por exemplo. Enfim, co-
mo não existem estudos pormenori-
zados dessas jazidas, faltam também
critérios de prospecção que permiti-
riam localizar novos centros produ-
tores, de vez que os tradicionais loca-
lizados ; sobretudo ,"na região nordeste
de Minas Gerais caminham para a Fig. 2 —Localização geográfica• das principais províncias diamantíferas
exaustão. do Brasil: 1) Tibagi, 2) Franca, 3) Alto Paranaíba, 4) Diansan-
tina 5) Alto Araguaia, 6) Taquari-Piqueri, 7) Paranatinga, 8)Cha-
DIAMANTE E KIMBERLITO NO pada Diamantina, 9) Gilbués, 10) Tocantins, 11) Amapá, 12) Tapa-
BRASIL jós, 13) Aripuanã, 14) Machado, 15) Pimenta Bueno,16) Leste Acre,
17) Oeste Acre, 18) Roraima.
Dados históricos mostram que o
diamante brasileiro foi descoberto no
longínquo ano de 1725 (Leonardos, Apesar de toda a tradição e fol- tificados com segurança corpos kim-
1956), no arraial de Tejuco, local on- clore que existem no Brasil a respeito berlíticos nos Estados do Piauí, Ron-
de se localiza atualmente a cidade de do diamante, toda a nossa produção dônia, Mato Grosso, Goiás e Santa
Diamantina, centro de Minas Gerais. é de origem detrítica. O conhecimen- Catarina. Outro ponto que chama a
Nas décadas seguintes, o País se tor- to dos kimberlitos brasileiros é ainda atenção é que, em geral, os kimber-
nou o primeiro produtor mundial e incipiente. As primeiras descobertas litos reconhecidos encontram-se em
só perdeu essa posição no final do foram feitas no final dos anos sessen- áreas de garimpagem. Esse fato é sig-
século dezenove quando a descoberta ta por companhias de mineração na- nificativo, mormente se levarmos em
dos campos kimberlíticos da África cionais e internacionais que se utili- conta que, até o presente momento,
do Sul modificou completamente o zaram da técnica de rastreamento de não são conhecidas rochas primárias
panorama internacional do diamante. minerais pesados. Atualmente já são portadoras de diamante.
Atualmente, somos um produtor mo- conhecidos kimberlitos em vários Es-
desto contribuindo com 1,0% da pro- tados do Brasil, principalmente na re- PEDRAS CORADAS
dução mundial. gido oeste do Estado de Minas Ge-
rais onde foram identificados com se- No que diz respeito às pedras co-
Entretanto o diamante ocorre em gurança pelo menos duas dezenas de radas (Abreu, 1973), o Brasil é um
quase todos os Estados brasileiros, corpos. Vários desses corpos encon- dos maiores produtores da atuali-
com exceção do Rio Grande do Sul, tram-se em fase de mapeamento geo- dade em quantidade e em diversidade
Santa Catarina, Rio de Janeiro, Esp-- lógico envolvendo a utilização de mé- de gemas. Esta situação está relacio-
rito Santo, e os Estados nordestinos todos geofísicos (Svisero et alii, 1986). nada com as características geológicas
situados entre a Bahia e o Piaw1lus- Além de Minas Gerais, já foram iden- do nosso País, constituído, em sua

Revista Escola de Minas 39


maior parte, por terrenos antigos re- gemas do grupo da sílica,de que são exemplo), e não em função da espé-
pletos de intrusões pegmatíticas, com exemplos a ametista, o citrino, as cie mineral (quartzo, no caso) como
as quais estão relacionadas a maior ágatas, opalas e calcedônias. A ori- no esquema original do referido autor.
parte das nossas gemas coloridas. gem desses depósitos está relaciona- Ágata (calcedônia) — Alegrete,
A Figura 3 mostra, de forma sim- da com as fases finais da consolida- Camaquã, Catalão, Dom Pedrito, Li-
plificada, a distribuição das princi- ção dos derrames basálticos da Bacia vramento, Passo Fundo, Rio Pardo,
pais gemas coradas brasileiras. Cha- do Paraná. Uma terceira área de con- Rio Taquari, Santa Maria, São Borja,
ma a atenção do leitor a notável con- centração é a região fronteiriça dos São Gabriel, Soledade, Três Cruzes
centração existente no Estado de Mi- Estados do Ceará, Rio Grande do e Uruguaiana (RS); Castelo (ES);
nas Gerais,que, sozinho, produz qua- Norte e Pernambuco, onde ocorrem Uberaba, Salinas, Teófilo Otôni, Pa-
se todas as gemas conhecidas . Na inúmeras gemas coradas de qualidade trocínio, Diamantina e Araçuaí (MG);
verdade, só o Estado de Minas Ge- comparável às de Minas Gerais . O Canindé e Tauá (CE); Brumado, Vi-
rais poderia ser considerado uma pro- mapa da Figura 3 mostra ainda ou- tória da Conquista e Rio das Contas
víncia gemológica, tal a diversidade tras ocorrências menores ou isoladas, (BA); Picuí (PB) .
de suas gemas . Outra área de concen- geralmente relacionadas com pegma- Água-marinha (berilo) — Coro-
tração é formada pelos Estados do Rio titos, e em menor escala, com veios nel Murta, Araçuaí, Conceição do
Grande do Sul, Santa Catarina e Pa- hidrotermais, metamorfismo regional Serro, Mantena, Marambaia, Pedra
raná, produzindo este especialmente e de contato, e aluviões. Azul, Sabinópolis, Salinas, Santana
dos Ferros, São José de Brejaúba, Teó-
filo Otôni, Joaíma, Agua Vermelha,
Itamarandiba, Três Barras, Nanuque,
Medina, Itambacuri, Atalaia, Capeli-
nha, Carangola, Conselheiro Pena,
Espera Feliz, Santa Maria do Suaçuí,
Santana dos Ferros e Rio Mucuri
(MG); Itaguaçu, Itipiti, Vila Franca,
Santa Teresa, Pancas e Rio Novo
(ES); Solonópole (CE); São To-
mé (RN); Encruzilhada, Jaquetó e
Nova Conquista (BA) .
Alexandrita (crisoberilo) — Ma-
lacacheta, Padre Paraíso e Hematita
(Antônio Dias, MG); Colatina e San-
ta Teresa (ES); Carnaíba (BA).
Amazonita (feldspato) — Concei-
ção do Serro, Ouro Preto, São Miguel
de Piracicaba, Santana dos Ferros e
- 6° Ametisto,Citrino e Marinele (MG) .
• - Oz enfumaçado Ambligonita — Araçuaí, Itinga e
o - Agato Governador Valadares (MG) .
♦ - A'quo-Idorinho
Ametista (quartzo) — Bom Jesus
A - Turmolino
dos Meiras, Brejinho das Ametistas,
a - Granada
Vitória da Conquista, Ituaçu, Jaco-
o - Espoduménia
bina, Macaúbas e Rio das Contas
• - Crisoberilo
p - Moloquito (BA); Iraí, Lajeado, Livramento, Rio
+ - Esmeralda Taquari, Santa Maria, São Gabriel,
~ - Opala Soledade, Três Arroios, Erechim, Ben-
® - Topdzio to Gonçalves e Cruz Alta (RS); Viço-
sa, Ataléia e Itamarandiba (MG);
72° 64° 56° 48°
Russas, Quixeramobim e Solonópole
~
L I (CE); Petrolina (PE); Itapirapuã
(SP); Xambioá (GO); Timbó (SC);
Fig. 3 — Localização geográfica áproximada das principais regiões pro- Porto Guaíra (PR); Marabá (PA);
dutoras de gemas coradas no Brasil. Corumbá (MS) .
Anatásio — Uruaçu (GO); Dia-
De um modo geral, o Brasil pos- guir, embora siga de perto o esquema mantina (MG) .
sui inúmeras ocorrências e/ou jazi- original desse autor, contém diversas Andaluzita — Itaguaçu e Santa
das de gemas coradas. Relacionar to- modificações tendo em vista as des- Teresa (ES); Minas Novas, Itinga e
dos esses locais, tanto aqueles em cobertas ocorridas nos últimos anos, Teófilo Otôni (MG) .
fase de produção como os que se en- tanto de novas gemas como de novos Apatita — Ipirá (antiga Camisão)
contram parcial ou totalmente desa- centros produtores de gemas tradicio- e Rio das Contas (BA); Pedra F4zul
tivados, constitui tarefa difícil, porém nais, tais como turmalinas, berilos, (antiga Fortaleza), Salinas e Governa-
necessária para estudos geológicos etc. Outra modificação importante, dor Valadares (MG) .
futuros. Abreu (1973) apresentou introduzida nesta relação, é que as Brasilianita — Conselheiro Pena
uma das primeiras sistematizações das ocorrências e/ou jazidas estão reuni- e Governador Valadares (MG) .
ocorrências brasileiras de gemas co- das em função da variedade gemoló- Calcita — Corumbá (MS), Ube-
radas. A relação apresentada a se- gica propriamente dita (ametista, por raba (MG), Pedra Preta (PR).

40 Terceiro Trimestre/87
Cassiterita — Garimpos nos Es- bastião do Maranhão (MG); Equa- Petalita — Araçuaí e Itinga (MG)
tados de Rondônia, Mato Grosso e dor (RN) . Quartzo azul — Boquira (BA) .
Amazonas. Fenacita — Rio Piracicaba (MG) . Quartzo rosa — Governador Va-
Cianita — Rio das Contas, Vitória ladares, Malacacheta, Joaíma, Teófilo
Fluorita — Conceição do Serro Otôni , Itinga, Divino das Laranjei-
da Conquista (BA); Capelinha, Ita- (MG); Santa Luzia (PB); Uruçanga,
marandiba e Diamantina (MG); Santa ras e Medina (MG); Vitória da Con-
Tubarão e Crisciúma (SC); Rio Bo- quista, Encruzilhada e Nova Conquis-
Teresinha de Goiás (GO) . nito (RJ) .
Citrino (quartzo) — Catalão, Cris- ta (BA); Cruzeiro e Moji das Cru-
Gahnita (espinélio) — Conselhei- zes (SP) .
talina, Santa Luzia e Serra dos Cris- ro Pena (MG); Itambé (BA); Rio Ti-
tais - (GO); Bom Despacho, Campo Quartzo rutilado — Ibitiara (BA);
bagi (PR); Morro do Giz (RN) . Diamantina (MG);
Belo, Conselheiro Mota, Diamantina, Garnierita — Jacuí e Livramento
Salinas e Sete Lagoas (MG); Caetité, Quiastolita (andaluzita) — Ita-
(RS); Itaporanga (SP); Niquelândia guaçu e Santa Teresa (ES); Itinga e
Encruzilhada, Divisópole e Mata Ver- (GO) .
de (BA); Baixo Guandu (ES). Teófilo Otôni (MG); Serra do Itaqui
Granada — Barra do Cuieté, Ara- (SP) .
Cornaliga (calcedônia) — Ubera- çuaí, Resplendor, São José da Safira,
ba (MG); Santa Cruz do Rio Pardo Rodonita — Lafaiete (MG); Uran-
Itinga, Conselheiro Pena, Itaobim, di (BA) .
(SP); Concórdia (SC); Cuiabá e Ron- Santana dos Ferros, Barbacena, Entre
donópolis (MT); Livramento, Soledade Rubi (coríndon) — Rio Paraguaçp
Rios e Governador Valadares (MG); e Vitória da Conquista (BA); Peixe
e Rio Taquari (RS) . Colatina e Santa Teresa (ES); Itambé
Crisoberilo — Padre Paraíso, Teó- (GO); Guanhães (MG) .
(BA); Picuí (PB); Rondônia, Ceará e Rutilo — Diamantina (MG); Vi-
filo Otôni e Água Vermelha (MG); Rio Grande do Norte.
Itaguaçu, Colatina, Santa Teresa e tória da Conquista (BA); Corumbá
Heliodoro (berilo) — Minas No- (MS) .
Vargem Alta (ES); Mata Verde (BA); vas, Sabinópolis, Serro, Lufa, Gua-
Rio Jauru (MT); Patrocínio Paulista Safira (coríndon) — Rios Coxim,
nhães, Galiléia e Juerana (MG) . Jauru e Caxipó (MS); Peixe (GO);
(SP) . Heliotrópio (calcedônia) — Rio
Crisocola — Itapeva (SP) Cama- Lajes (SC); Malacacheta, Datas e
Uberabinha (MG); Rios Paraná, Tie- Diamantina (MG) .
quã (RS) . tê e Paranapanema (SP); Rios Tibagi
Crisoprásio (calcedônia) — Nique- Sodalita — Vitória da Conquis-
e Taquari (PR); Rio das Garças e ta e Itabuna (BA).
lândia (GO) . Araguaia (MT) .
Cristal de rocha (quartzo) — Cris- Titanita — Capelinha (MG) .
Hematita — Itabira, Ouro Preto, Topázio — Araçuaí, Virgem da
talina (GO); Corinto, Curvelo, Dia- Mariana (MG); Brumado e Rio das
mantina, Teófilo Otôni, Governador Lapa, Marambaia, Teófilo Otôni,
Contas (BA) . Barra de- Salinas, Pavão, Serro, Água
Valadares e Araçuaí (MG); Jacobina Hiddenita (espodumênio) — Ara-
(BA) . Vermelha, Topázio e Pedra Azul
çuaí, Governador Valadares e São (MG); Senador Pompeu (CE); Ari-
Diamante — Rios Tibagi e Cinzas José da Safira (MG) .
(PR); Rios Itararé, Verde, Canoas e quemes (RO); Rio Caxixe (ES) .
Iolita (cordierita) — Virgolãndia Topázio Imperial — Ouro Preto
Pardo (SP); Triângulo Mineiro, Alto (MG); Picuí (PB).
Paranaíba, Diamantina e Grão Mo- (Distritos de Rodrigo Silva, Dom
gol (MG); Chapada Diamantina (BA); Jaspe (calcedônia) — Campina Bosco e Antônio Pereira, MG) .
Barra do Garças, Rondonópolis, Cha- dos Pupos, Ilha Sará, Rios Tibagi e Turmalina — Araçuaí, Barra de
pada dos Guimarães, Dirnartino e Taquari (PR); Rio das Garças e Pa- Salinas, Governador Valadares, Ma-
Batovi (MT); Rios Coxim e São Lou- raná (MT); Uberaba (MG) . lacacheta, Turmalina, Rubelita, Novo
renço (MS); Mineiros ( GO); Ma- Kunzita (espodumênio) — Gali- Cruzeiro, Itaporé, Rubim, Conselhei-
rabá (PA); Gilbués (PI); Rio Macha- léia, Itambacuri, Divino das Laran- ro Pena, Araguari, Coronel Murta,
do (RO); Tepequém (RR); Impera- jeiras, Virgem da Lapa e Itinga (MG); Taquaral; Santa Maria do Suaçuí, Co-
triz (MA); Santa Maria (AP) . Lazulita — Diamantina (MG) . imbra, Itamarandiba e São José da
Diopsídio — Araçuaí, Salinas, Lepidolita — Araçuaí (MG) . Safira (MG); Quixeramobim, Quixa-
Bom Sucesso e Conceição do Serro Malaquita — Itapeva (SP); Ca- dá, Senador Pompeu e Solonópole
(MG) . maquã (RS) . (CE); Mata Azul (GO); Tremendal
Eosforita — Medina (MG) . Morganita (berilo) — Rio Doce, e Encruzilhada (BA) .
Epidoto — Salinas (MG); Equa- Salinas, Água Vermelha, Galiléia Turquesa — Casa Nova (BA) .
dor (RN); Santa Maria (PE). (MG); Equador (RN) . Zircão — Rio das Mortes e Peixe
Escapolita — Itaguaçu e Aracruz Olho-de-gato (crisoberilo) — Ma- (GO); Poços de Caldas (MG) .
(ES); Governador Valadares (MG). ta Verde (A); Teófilo Otôni, Mala-
Esfalerita — Tiros e Itacarambi cacheta (MG); Colatina e Santa Te-
(MG) . resa (ES) . AGRADECIMENTOS
Esmeralda (berilo) — Santa Te- Opala — Rios Taquari, Lajeado
resinha de Goiás e Itaberaí (GO); Vi- e Soledade (RS); Boa Nova e Boquira Os autores expressam seus mais
tória da Conquista, Anagé, Saiininha (BA); Crateús (CE); Pedro II e Piri- sinceros agradecimentos aos Prof s.
(Pilão Arcado), Carnaíba-Socotó piri (PI); Currais Novos (RN) . Júlio César Mendes e César Mendon-
(BA); Itabira e Santana dos Ferros Pedra-sabão (talco) — Ouro Preto ça Ferreira, ambos do Departamento
(MG); Tauá (CE) . (MG); Brumado (BA) . de Geologia da Universidade Federal
Espeeularita (hematita) — Ouro Peridoto (olivina) — Teófilo Otô- de Ouro Preto, pela leitura e revisão
Preto, Mariana e Itabira (MG) . ni, Bom Sucesso e Conceição do Ser- cuidadosa do texto, bem como pelas
Estaurolita — Araçuaí, Governa- ro (MG) . valiosas informações prestadas no to-
dor Valadares (MG) . Pirita — Diamantina, Ouro Preto cante às ocorrências brasileiras de mi-
Euclásio — Ouro Preto, São Se- e Nova Lima (MG); Cuiabá (MT). nerais-gema.

Revista Escola de Minas 41


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANCO, R. R. Brazilian gemstones. SCHUMAN, W. As gemas do mundo.
Earth Science Reviews, 17:207-19, São Paulo, Livro Técnico, 1982.254 p.
1981. SINKANKAS, J. Emeralds and other
FRANCO, R. R. & CAMPOS, J. E. S. As beryls Chilton Book Co., 1981.665 p.
ABREU, S. F. Recursos Minerais do Bra- pedras preciosas. São Paulo, 1965. SUSZCZINSKI, E. Os recursos minerais
sil. São Paulo, Blucher, 1973. p. 155p. ( Coleção Buriti. ) atuais e potenciais do Brasil e sua
267-311.
IWANUCH, W.; SVISERO, D. P; SOU- metalogenia. São Paulo, Interciên-
BASTOS, F. M. The gemstones of Bra- cias, 1975. 533 p.
zil.-Gems & Gemology, 10:195-201, ZA,. I. M. O minério de zircônio do
Complexo Alcalino do Peixe, Goiás. SVISERO, D. P.; HARALYI, N. L. E.;
1961.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CRETELLI, C. A. Geologia dos
Emeralds from Itabira, MG, Kimberlitos Vargem 1 e Vargem 2,
GEOLOGIA, 33. Anais... 1984. v. 8,
Brazil. Lapidary Journal, 35 ( 9 ): Coromandel, MG. In: CONGRESSO
p. 3831-40.
1842-8,1981. BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 34.
LEONARDOS, O. H. Recursos minerais
CAMPOS, J. E. S. Safiras do Rio Coxim, Anais... 1986. v.4, p. 1658-71.
do Triângulo Mineiro, Mineração e
Mato Grosso. Gemologia, 6:1-15, SVISERO, D. P.; MEYER, H. O. A.; HA-
Metalurgia, 71-7; 133-42; 219-26,
1960. RALYI, N. L. E.; HASUI, Y. A note
1956.
CASSEDANNE, J. P. & CASSEDANNE, on the geology of some Brazilian
J. O. Descrição da primeira jazida brasi- MENDES, M. H. P. T. Posição do De- kimberlites. Journal of Geology, 93:
leira de turquesa. In: CONGRESSO BRA- partamento Nacional da Produção Mi- 334-8, 1984.
SILEIRO DE GEOLOGIA, 29. Anais_ 1976. neral com relação às pedras preciosas SVISERO, D. P.; MEYER, H. O. A.; TSAI,
v.3, p. 133-40. brasileiras. Gemologia, 21: 13-51, 1975. H. M. Kimberlites in Brazil; an initial
CASSEDANNE, J. P. & SAUER, D. A. report. In: BOYD, F. P. & MEYER,
The Santa Teresinha de Goiás SAUER, R. S. Brasil; paraíso de pedras H. O. A., eds. Kimberlites diatremes
emerald deposits. Gems & Gemo- preciosas. AGGS, Ind. Gráficas S/A, and diamonds; their geology, pe-
logy, 20: 4-13, 1984. 1984. 136p. trology and geochemistry. Washin-
COUTO, P. A. & ALMEIDA, J. T. Geo- SCHEIBE, L. F. O distrito alcalino de gton, American Geophysical Union,
logia e mineralizações na área do garim- Lajes, Santa Catarina. In: CON- 1979. p. 92-100.
po de Carnaíba ( Bahia). In: CONGRES- GRESSO BRASILEIRO DE GEO- WEBSTER, R. Gems; their sources, des-
SO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 32. LOGIA, 31. Anais... 1980. p. 25-31. criptions and identification.4th,ed.
Anais._ 1982. v.3, p. 850-61. ( Boletim especial nº 3. ) Butter worths, 1983. 1006 p.

Vindo a Ouro Preto,


não deixe de visitar
as novas instalações
do Museu de Minera-
logia da Escola de Minas

42 Terceiro Trimestre/87

Você também pode gostar