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(1) (1)
M a r c o n d e s L i m a da C O S T A , A n n a Cristina R e s q u e L o p e s da SILVA , R ô m u l o
1
Centro de Geociências/Universidade Federal do Pará, C. P. 1611, 66075-110, Belém-ΡA, Brasil
(2)
Universitaet Halle-Wittenberg, Domstrasse 5, D - 06108 Halle (Saale), Alemanha
†3
"In memoriam"
Introdução América do Sul, alcançando a
Amazônia, ocupando-a, passando antes
Conforme foi apresentado por pela América do Norte. Essa idéia foi
Costa et al. (2002) os muiraquitãs são refutada pela maioria dos pesquisadores
artefatos liticos, herdados dos povos antigos (Moraes, 1932; Ihering, 1906;
pre-cabralinos (pre-colombinos) que Kohler-Asseburg, 1951; Boomert, 1987)
habitavam o Baixo Amazonas, e que os e mesmo pelos mais modernos
utilizavam como amuletos e símbolo de (Roosevelt et al. 1996). Estudos
comércio e poder. Estão intimamente arqueológicos mostram que os
relacionados às lendas das guerreiras muiraquitãs eram utilizados pelos povos
amazonas, descritas por Carvajal, du- da tradição Tapajó/Santarém e Konduri
rante a expedição de Orellana, descendo (Koehler-Asseburg, 1951; Barata, 1954)
o rio Amazonas pela primeira vez, de do Baixo Amazonas, povos mais
1540-1542. São peças hoje muito raras, desenvolvidos da região, como mostra
encontradas no Museu Paraense Emílio a sua cerâmica cerimonial policrônica
Goeldi (MPEG), em Belém-Pará e no bem elaborada.
Museu de Arqueologia e Etnologia
Embora a literatura seja bastante
(MAE) da Universidade de São Paulo
rica em aspectos históricos e
(USP), em São Paulo, Brasil, entre
arqueológicos sobre os muiraquitãs,
outros. Algumas peças encontram-se
pouco foi dedicado à caracterização
com colecionadores particulares na
mineralógica destes artefatos, isso
Amazônia, e a literatura comenta que
porque, os arqueólogos,
muitas outras foram ainda nos séculos
aparentemente, se contentavam com a
passados levadas para a Europa. A
denominação genérica de jade, ou
maioria dos relatos e publicações a esse
talvez, como os m é t o d o s de
respeito (Rodrigues, 1899; Moraes,
identificação mineralógica de então,
1932: Kohler-Asseburg, 1951; Barata,
eram destrutivos, o alto valor histórico
1954; Boomert, 1987; Silva, 1997; Silva
das peças não permitia q u a l q u e r
et ai 1997; Costa et a/.2002) descrevem
agressão às mesmas.
que os muiraquitãs foram,
genericamente, confeccionados em Na literatura em geral j a d e
j a d e nefrítico. Incialmente, eram corresponde geralmente a um material
denominados mais freqüentemente de esverdeado, microfibroso e duro, visto
pedras verdes, pierres vertes, pedras das mais como uma rocha do que um
amazonas, amazon-stone, mineral. Existem muitas publicações
Amazonsteine, pierre divine, etc. que tratam da mineralogia de jade, e
Rodrigues (1899) desconhecendo jade de jade em artefatos arqueológicos e
no Brasil, e influenciado pelas pesquisas sua importância etnográfica, com
de Fischer (1880 a; b), sugeriu que os enfoque gemológico e arqueológico
muiraquitãs ou a sua matéria-prima (Hobbs, 1982; Harder, 1992; Htein &
tivessem vindo da Ásia durante as N a i n g , 1994, 1995; D ' A m i c o et
migrações de povos dessa região para a al. 1995; Weisse, 1993; Ward & Ward,
1996). Há muito tempo sabe-se que peças de muiraquitãs do Museu
jade pode ser constituído de jadeíta, Paraense Emílio Goeldi (MPEG),
NaAlSi 0 ( um piroxênio) ou nefrita
2 6
cinco do Museu de Arqueologia e
(anfibólios). O termo nefrita não mais Etnologia (MAE) da universidade de
corresponde a um mineral. Em geral São Paulo (USP) e uma peça da Profa.
o j a d e nefrítico é constituído de Amarilis Tupiassu/ Prof. Dr.
tremolita ou actinolita, C a ( M g ,
2
Raimundo Netuno Nobre Villas da
Fe) [Si 0,,/(OH)2] (um anfibólio). As
5 4
Universidade Federal do Pará (UFPa),
imitações mineralógicas são várias, totalizando 10 peças.
destacando-se: serpentina, grossulária, Análises Mesoscópicas e
vesuviana, crisoprásio, talco, zoisita, Preparação de Alíquotas para
pirofilita, malaquita, etc. Microanálises
O presente trabalho concentrou-
Inicialmente todas as peças fo-
se na investigação mineralógica e da
ram observadas macroscopicamente,
química mineral dos muiraquitãs, com
concentrando-se no design, forma,
base em técnicas mais modernas e não
dimensões, peso, densidade e brilho.
destrutivas, com o objetivo de discutir
De cada peça foi retirada, com
a p r o v e n i ê n c i a destes artefatos,
o auxílio de uma micro-perfuratriz
c o n s i d e r a n d o o atual quadro do
elétrica com broca de diamante
conhecimento geológico da Amazônia
( M i n i m o t - P r o x x o n ) , até 5 mg de
e do Brasil, muito mais desenvolvido amostra, da parede interna de um dos
e a sua potencialidade para jade, e furos laterais de cada muiraquitã (Fig.
assim avaliar a importância histórica 1). Para evitar o espalhamento e
e etnográfica dos m e s m o s . Uma conseqüente perda do material, a
revisão da história e dos aspectos amostra e a extremidade da broca fo-
lendários dos muiraquitãs foi feita por ram imersos em álcool em recipiente
Costa et al. (2002) nesta mesma de vidro de fundo chato. O álcool, foi,
revista. então evaporado e o pó residual, assim
depositado, recolhido. Uma alíquota
Aspectos Metodológicos
de cada amostra foi montada em
O Acervo Estudado
porta-amostra de quartzo com auxílio
Para a determinação mineral dos de solução agregante.
muiraquitãs foi feito todo um trabalho
Determinações Mineralógicas
cuidadoso e demorado, de demonstração
e conscientização aos proprietários (que As amostras montadas em porta-
tem a guarda dos muiraquitãs) de que a amostra de quartzo foram submetidas
equipe estava capacitada a manipular à análise mineralógica por difração de
condignamente as peças, e que dispunha raios X (DRX) em difratômetro
de técnicas de identificação não- Philips modelo PW 3710 e goniômetro
destrutivas. PW 1050 (tubo de Cu, a 45kV e 40
Estiveram disponíveis quatro mA e radiação CuKa, = 1.554050 Â,
Figura 1. Extração de microamostras a partir do interior dos furos laterais dos muiraquitãs. A)
extração de microalíquota no furo lateral: B) limpeza da peça com recuperação de material.
semi-automático, informatizado) do com os duplos furos laterais ;
Centro de Geociências da Patrimônio No. 571 — Muiraquitã
Universidade Federal do Pará. Os em nefrita similar a T-570, com
dados foram tratados com os softwares aspecto rugoso a cavernoso;
PDF-2 do JCPDS e APD versão 3.5b, Patrimônio T-2007 — Muiraquitã
da Philips. em estilo totem, em nefrita, amarelo
claro, com os duplos furos laterais
Análises Químicas
não visíveis frontalmente. Olhos são
Uma segunda alíquota de cada indicados por dois furos;
amostra retirada com a m i c r o - Profa. Amarilis-Muiraquitã (Fig. 2):
perfuratriz foi submetida à análise Amostra NET — Muiraquitã em
química através de microscopia jade verde claro, vítreo a resinoso,
eletrônica de varredura com sistema com fissuras secas e uma maior com
de energia dispersiva, M E V / S E D oxido de ferro ou argila. Os duplos
marca Jeol e modelo JSM 6300. Essas furos laterais não são visíveis
análises foram realizadas no Instituí frontalmente.
fuer Geowissenschaften und MAE-Muraquitãs (Fig. 3):
Geiseltalmuseum der Universitaet Patrimônio No. RGA 536 - A
Halle-Wittenberg, em Halle, forma batraquiana, em pedra-sabão, é
Alemanha. Além dessas análises fo- indicada por pernas em estilo triangu-
ram obtidas imagens a partir do pó lar e traços da boca em sulco
desses materiais. O material restante profundo, com linhas horizontais en-
foi a r q u i v a d o no Laboratório de tre a cabeça e o tórax e ainda sete
Difração de Raios X do Centro de furos idênticos;
Geociências da UFPa. Patrimônio No. RGA 537 - A
forma batraquiana, em pedra-sabão,
Resultados e Discussão
mostra cabeça com traço triangular,
Descrições Morfológicas:
olhos indicados por dois círculos e nariz
Em termos gerais as peças de e pescoço por sulcos. Os furos laterais
muiraquitãs investigadas neste trabalho não são visíveis na parte frontal;
apresentam as seguintes características Patrimônio No. RGA 536 ν -
morfológicas (Figs. 2-3): Forma batraquiana bem estilizada,
MPEG — Muiraquitãs (Fig. 2): cilíndrica, em jade verde esmeralda,
P a t r i m ô n i o No. T-1045 - com os m e m b r o s i n d i c a d o s por
Muiraquitã em nefrita verde escura traços entalhados e a cabeça tem
com manchas esbranquiçadas. Olhos forma triangular. Os olhos estão
apenas desenhados por sulcos rasos; d i s p o s t o s l a t e r a l m e n t e . N ã o há
possui os duplos furos laterais típicos; indicação da boca nem das narinas;
Patrimônio No. T-570 — não apresenta os furos laterais.
Muiraquitã em nefrita verde clara com Patrimônio No. X 641 — Peça
manchas amareladas. Olhos e pernas s i m i l a r às do M P E G , em j a d e
representados por sulcos profundos, nefrítico, com olhos representados
C1 C2 D1 D2
Figura 2. Os muiraquitãs do MPEG e da profa. Amarilis. A l ) peça 570-T MPEG, vista frontal;
A2) vista posterior; BI) peça 2007- Τ MPEG. vista frontal; B2) idem vista posterior; C l ) peça
1045 MPEG, vista frontal; C2) idem vista posterior; D l ) peça 571 MPEG, vista frontal: D2) idem
vista posterior; E l ) peça profa. Amarilis Tupiassu, vista frontal; E2) idem, vista posterior.
A1 A2 B1 B2
E1 E2
Figura 3. Os muiraquitãs do MAE: A l ) peça RGA 536v, vista frontal; A2) idem vista posterior;
BI) peça X-641, vista frontal; B2) idem, vista posterior; C l ) peça 4 A, vista frontal; C2) idem,
vista posterior; D l ) peça RGA 537, vista frontal; D2) idem, vista posterior; E l ) peça RGA 536ps;
E2) idem, vista posterior.
por leve sulco e sem indicação de após laudo do Dr. William G.R.de
n a r i n a s . O d u p l o furo lateral é Camargo, da então Faculdade de
observado apenas no lado direito; Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo,
Patrimônio No 4A. — Maior no qual obteve densidade 3,03.
peça de t o d a s as e s t u d a d a s . Fisicamente, dois muiraquitãs
Apresenta forma muito atípica, com do M A E ( p e ç a s 641 e 536) se
traços batraquianos muito a s s e m e l h a m aos do M P E G . Por
estilizados. Apresenta dois grandes outro lado, divergem entre si no
furos na parte média inferior. estilo do entalhe (carving). Todas
Ε p o s s í v e l c o n c l u i r q u e há as p e ç a s do M P E G a p r e s e n t a m
maior similaridade entre as peças do furos laterais e polimento
MPEG, enquanto existe maior adequado, enquanto isto é
diversidade de forma e entalhe entre observado apenas na peça X-641
as peças do MAE. O muiraquitã com do M A E . O u t r a s três p e ç a s do
o corpo tipo totem, do MPEG (RGA- MAE (537, 536 e 4A) se destacam
2 0 0 7 ) , p a r e c e ser a p e ç a m a i s pela cor m a r r o m , d u r e z a b a i x a ,
contrastante em estilo entre todas as aspecto fosco, mais pesadas
investigadas. Já a peça do MAE ( m a s s a ) q u e as d e m a i s e a i n d a
(RGA 536 v), cilíndrica, é a de cor com acabamento inferior.
verde mais viva.
Mineralogia
Características Físicas Gerais
Os difratogramas de raios X
As características físicas dos (DRX) em microamostras de cada
muiraquitãs descritos estão apresentadas peça de muiraquitã estudado estão
nas Tabelas 1 e 2 e na Figura 4. Duas apresentados na Figura 5 e os
peças do MAE são de cor verde, brilho minerais identificados apresentados na
vítreo a resinoso e translúcidas; as outras Tabela 3. Todas as quatro peças do
três são marrons e quase opacas. Seus pe- MPEG e a da profa. Amarilis, segundo
sos e dimensões são muito variáveis. Os DRX, são constituídas essencialmente
muiraquitãs do MPEG são esverdeados, de tremolita (JCPDS 44-1402) . Por
vítreos, com pesos e medidas também sua vez os dois muiraquitãs verdes do
variáveis, e com densidade entre 2,84 e MAE (RGA 536v e X - 6 4 1 ) ,
3,00. Koehler-Asseburg (1951) descreve catalogados como j a d e , são
peça (Patrimônio No. RGA 453 do constituídos de tremolita-actinolita
Museu Paulista), com dimensões (JCPDS 41-1366 e 44-1402). O hábito
ligeiramente diferentes da RGA 536v, microfibroso é mostrado na Figura 6.
porém com cor, forma (cabeça tringular, Duas peças (RGA 536ps e RGA 537),
olhos laterais, ausência de boca e narinas; catalogadas como p e d r a - s a b ã o e
não há perfurações), material (maciço) e esteatito, são formadas de talco e a
entalhe, muito semelhantes àquela peça 4a de pirofilita. Praticamente
última (RGA 536v). Koehler-Asseburg todas as peças são monominerálicas
(1951) conclui tratar-se de jade nefrítico aos raios X, no limite da amostragem
Patrimônio No. RGA- 537 RGA-536ps X- 641 RGA- 536v
Fazenda Santo
Estado do
Proveniência: Óbidos-Pará Desconhecida Antônio Janari - Desconhecida
Pará
Manaus
Brilho: vitreo à
Fosco Fosco Vítreo Fosco
resinoso
Material de
Talco Talco Jade nefrítico Jade nefrítico Não indicado
Catalogação
Aspecto: maciço à
maciço maciço maciço Maciço
micro-poroso
Densidade: 3,00 2,84 2,96 2,97
Comprimento: 5,9 c m 5 cm 5,1 c m 5,5 cm
L a f
9 - méx.ma: 2,0 c m 3,5 c m 5,8 cm 5 cm
L a r
9- m M m „ :
1 cm 2,9 c m 2,4 cm 4,5 c m
Espessura: 1,1 c m 0,96 c m 1,5 cm 1,5 c m
Material Jade
J a d e nefrítico J a d e nefrítico J a d e nefrítico Jade
Catalogado Nefrítico
T-2007 (MPEG)
i. MUJLM JW
1 RGA-536 (MAE)
j X-641 (MAE)
• T-0570 (MPEG)
1 ll ll
V
j T-0571 (MPEG)
J
| Ι T-1045 (MPEG)
Vi ι
j
S ι
Mui-NET
Amarilis
10 20 30 40 50 60 ( 2 0°)
)NTRON
SiOj Wl.% 61.88 61.09 61.67 62.29 61.29 60.66 61.47 57.11 61.19 54.76 57.51 58.54
TiO,
F e
A - • 3.11 0.22
MnO ir
MgO 27.15 25.53 25.17 24.46 23.80 26.55 24.21 16.87 26.37 21.26 21.80 24.45
CaO 8.88 10.90 11.32 11.03 10.90 9.76 12.14 25.13 9.S4 14.31 14.65 13.59
Na,0 0.27
κο ; 0.12
Μα 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1,0 1.0 0.92 0.87 0.98
Mg* Fe
Hfi* (2) 2.12 2.12 2.12 2.12 2.12 2.12 2.12 2.12 2.12 3.72 3.39 2.12
P
A 0.40
Tabela 5. Composição química dos muiraquitãs do MAE obtidas por MEV/SED. Análises
recalculadas a 100% considerando PF = 2.12 % em peso.
Muiraquitãs MAE (esle trabalho) Machados(1) Tremolita Muiraquitãs MAEiesle trabalho) Γη 11.- = M.JirílCi.ilãf, PlrOfimta
Mármore (2) (2) MAE 12)
leste trabalho)
Número 636 ν 536 VI 536 ν X 641 X641 563 564 537' 537 ! s
536' ' 536° s!
4" 4"
SiO. VVl.% 42 78 49.4 50.09 49.52 51.69 54.76 57.51 58.54 66.65 56.12 58 61 59.47 62.50 61.08 57.32 66.04
ΑΙ,Ο, 0.05 0.05 0.30 0.04 0.15 4.08 3.11 0 73 2.99 0 50 33.12 32.52 26.15
Cr 0, ; o te
MgO 19 55 22 6 19.63 22 06 22.38 21 26 21.80 24.45 32.36 31.03 31.79 30.18 30.08 0.01
H.O-I2I 2 12 2.1 2.12 2.12 2.12 3.72 3.39 2.12 4 70 4 70 4.70 4.70 4.70 5 27 5.27 5.27
(1) Compilado de H. von lhering (1906) - não analisado 536 vi: recalculada a 100% omitindo Ti0 . 2
o MPEG
* Machadinhos
• MAE - Tremolita-actinolita
+ MAE-Talco
• MAE - Pirofilita
SíO
° MPEG
* Machadinhos
D
MAE - Tremolita-actinolita
+ MAE-Talco
• MAE - Pirofilita
AI O x10
2 3 FeOxIO
Figura 7.- Diagramas composicionais (SiO,, FeO e MgO; SiO„ ΑΙ,Ο, e FeO) mostrando a
variação da composição química dos muiraquitãs estudados.
razão Mg/Mg+Fe de 0,9 (MPEG), do Museu de Arqueologia e
1,0,
corresponde a tremolita ou tremolita- Etnologia (MAE) da USP e da profa.
actinolita. Apresenta filetes de tons maisAmarilis, investigadas neste trabalho,
escuros, que provavelmente não são todas de jade. As quatro peças
correspondam às análises com teores mais do MPEG e a da profa. Amarilis são de
elevados de FeO, embora ainda estejam no jade, formadas de tremolita,
campo da tremolita. Além disso dois correspondendo, portanto a j a d e
muiraquitãs nefríticos do MAE nefrítico, enquanto apenas duas do
apresentam de 2 a 4,3 % de S0 , fato não
3
MAE são de jade, mas formadas de
verificado nos do MPEG. Com base actinolita, e assim também jade
nessas análises, restritas a dez peças nefrítico. As demais do MAE não são
apenas, pode se concluir, preliminarmente, de jade: duas são de talco e uma de
que os muiraquitãs do MPEG e do MAE pirofilita, possíveis materiais utilizados
divergem entre si também na composição como simulante de jade. As peças de
química, termos de FeO e S0 . 3
jade do MAE são quimicamente
Comparados com a composição distintas das do MPEG e da profa.
química dos blocos e machadinhos de Amarilis, pois são mais ricas em ferro
rocha verde de Baitinga, Amargosa-BA, e ainda contém sulfato, ausente nas do
uma das ocorrências mais famosas de MPEG. Comparando com materiais
jade do Brasil (Hussak, 1904; Ihering, tipo jade descritos em Baytinga
1906; Moraes, 1932; Boomert, 1987; (Amargosa-BA) (Hussak, 1904; Ihering,
Hoovert, sem data), os muiraquitãs não 1906), o exemplo mais típico e melhor
poderiam ter sido confeccionados a partir descrito de jade no Brasil, as peças de
de tais materiais, já que eles contêm de muiraquitãs tanto do MPEG como do
3 a 4 % de A1,0 , praticamente ausente MAE são quimicamente muito distintas
3
nos muiraquitãs. Também não contêm deste jade. Portanto não podem ter sido
S 0 . Essas similaridades e diferenças a matéria-prima para a confecção dos
3