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TÉCNICO EM

MINERAÇÃO
MÓDULO I

Minerologia
MINEROLOGIA
Ficha Técnica

Elabroração - Escola Estadual de Educação Profissional


Capa / Diagramação - Gabriel Araújo Galvão
Diretor Pedagógico - Edilvo de Sousa Santos
Índice
Introdução.........................................................................................................05
Propriedades Físicas dos Minerais ............................................................08
Classes Mineralógicas....................................................................................18
Os Silicatos.........................................................................................................18
Referências Bibliográficas.............................................................................53
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1. Introdução Re Metallica, considerado um marco para a emergência


da mineralogia como ciência. O eminente cientista versou
sobre as práticas mineiras aplicadas na Alemanha e Itália
1.1 A HISTÓRIA DA MINERALOGIA e propôs uma classificação das substâncias cristalinas em
relação aos jazimentos em que elas se formavam. Logo a
Embora os minerais sejam utilizados pelo homem seguir, estudando relações de cristais de quartzo e hema-
desde a Antiguidade, somente em tempos mais recentes tita, o médico dinamarquês Niels Stensen (Nicolas Steno)
é que a Mineralogia foi reconhecida como uma ciência. (1638 -1686) enunciou em 1669, a Lei da Constância dos
Na Idade da Pedra o homem já utilizava os mine- Ângulos Diedros. Ele notou que a despeito da origem, ta-
rais, principalmente, em registros de pinturas rupestres manho ou hábito, os ângulos entre as faces correspon-
de cavernas, onde era utilizada a hematita (pigmentos dentes são sempre constantes. Estava sendo embasado o
avermelhados) e a pirolusita (pigmentos pretos). Subs- que viria a ser uma nova ciência: a Mineralogia. Na Rússia
tâncias como o ouro nativo, malaquita, lápis-lazúli e es- surgiu um dos maiores expoentes da Mineralogia, o quí-
meralda, já eram conhecidas, comercializadas e utilizadas mico Mikhail Vassilievich Lomonósov (1711 - 1765), que
pelas civilizações do vale do rio Nilo, na África, há cerca formulou a Teoria da Estrutura Cristalina das Substâncias.
de 5.000 antes do Presente. Em 1784, René J. Haüy (1743 -1822) mostrou que os cris-
A arte da mineração, nos registros arqueológicos, tais são construídos por ínfimos blocos, que ele chamou
já era amplamente conhecida pelas civilizações chinesa, de “moléculas integrais”, que correspondem a conceito
babilônia, egípcia e grega. Além do ouro nativo, cobre de celas unitárias da cristalografia moderna. Mais tarde
nativo e prata nativa, as civilizações da Antigüidade já desenvolveu a teoria dos índices racionais das faces cris-
conheciam jazimentos ricos em combinações de subs- talinas. Na Alemanha surgiu a Escola de Freiberg, encabe-
tâncias ricas em cobre, estanho e ferro e, assim, apren- çada por Abraham Gottlob Werner (1750 –1817), que in-
deram a extrair, fundir e processar esses minerais para fluenciou o desenvolvimento da mineralogia em todos os
forjar suas armas e instrumentos úteis em seu dia-a-dia. países da Europa Ocidental. No início do século XIX, em
Também coletavam pedras coloridas que, por sua beleza, Londres, William Hyde Wollaston (1766 -1828) inventou o
os deixavam maravilhados. Surgiu, então, na antiga Gré- goniômetro de reflexão que permitiu medidas precisas da
cia, com Platão (427 a.C. –347 a.C.) e Aristóteles (384 a.C. posição das faces dos cristais, tornando a cristalografia
–322 a.C), os primeiros estudos relacionados às substân- em uma ciência exata. Em meados do século XIX, a mi-
cias cristalinas. Seguiram-nos o grego Theophrastus (372 neralogia constitui-se definitivamente como a ciência dos
a.C. –287 a.C.) que descreveu as primeiras 16 espécies minerais. Separaram-se as rochas, até então considera-
mineralógicas. Após, o romano Plínio Gaio – “o Velho” (23 das minerais, e passou-se a considerar os minerais isola-
-79), que escreveu quatro tratados em que trazia todo o damente como indivíduos cristalinos, com estudos preci-
conhecimento a respeito dos minerais na época. Na Ida- sos sobre as formas cristalográficas e das características
de Média o Ocidente entrou em franco declínio científico, físicas e químicas através das primeiras análises químicas
devido à Inquisição, vindo, então, o Oriente, que assimi- completas dos minerais. O mineralogista russo Nicolai
lou a cultura grega e hindu ascendendo cientificamente. Yvanovich Koksharov (1818 -1893) fez a primeira sistema-
Destacou-se o médico árabe Avicenna (980 -1037) que tização dos minerais utilizando-se de critérios descritivos
publicou o “Tratado das Pedras”, fazendo a primeira clas- e parâmetros matemáticos dos cristais. Somente a partir
sificação taxonômica dos minerais conhecidos à época. do estabelecimento do Sistema Periódico dos Elementos,
Assim, em decorrência dessa treva cultural esta- pelo químico russo Dimitri Mendeleyév (1834 -1907), é
belecida durante a Idade Média, o estudo dos minerais que se conseguiu classificar quimicamente as substâncias
ficou restrito, por um longo período, apenas a especula- cristalinas. Começou-se, então, a se esboçar a minera-
ções sobre propriedades mágicas que as pedras teriam. logia moderna. Em 1828, o físico escocês, William Nicol
A Química se restringia apenas a estudos limitados e pri- (1770 -1851) inventou uma lente à luz polarizada que
mordiais da alquimia. Contudo, já se dava nomes primiti- permitiu o estudo ótico sistemático em substâncias cris-
vos às minas e às pedras. talinas, o que tornou o microscópio à luz polarizada, em
A partir do final da Idade Média, no século XVI, uma ferramenta fundamental na mineralogia. No final do
surgiu na literatura europeia o trabalho do médico da Bo- século XIX, o mineralogista russo Evegne S. Fedorov (1853
hêmia, Georgius Agrícola (1494 -1555), denominado De -1919) e o físico alemão Arthur Moritz Schönflies (1853

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-1928), quase simultaneamente, desenvolveram teorias


sobre ordem e simetria interna dos cristais que constitu-
íram a fundação dos trabalhos de cristalografia por raios-
-x. Em 1912, a difração de raios-x tornou-se um método
poderoso no estudo dos minerais, através de estudos do
cristalógrafo alemão Max Von Laue (1879 -1960), e em
1914, pela primeira vez uma estrutura cristalina é deter-
minada por difração, pelos físicos ingleses William Hen-
ry Bragg (1862-1942) e William Lawrence Bragg (1890-
1971).
A partir de 1960 o estudo da química mineral, em
microescala, foi possível com o advento da microssonda
eletrônica, dotada de feixes de elétrons, que pode forne-
cer análises in situ e em grãos tão pequenos quanto um
micrometro (0,001 mm). Desde 1970, outros instrumen- Figura 1: Feldspato
tos com feixes de elétrons podem magnificar a arquitetu-
ra interna dos minerais, milhões de vezes, com imagens Vejamos algumas implicações deste conceito em
da estrutura atômica, tais como os Microscópios Eletrôni- maior detalhe, abaixo:
cos de Transmissão (TEM) e o Microscópio Eletrônico de • Sólido: as substâncias gasosas ou líquidas são
Transmissão de alta resolução (HRTEM). excluídas do conceito de mineral. Assim, o gelo nas calo-
Atualmente estão validadas pela IMA mais de tas polares é um mineral, mas a água não. Algumas subs-
4000 espécies de minerais. Destes, cerca de 150 são con- tâncias que fogem a esta definição ainda assim são objeto
siderados comuns (quartzo, feldspatos, muscovita, talco, de estudo do mineralogista. É o caso do mercúrio líquido,
biotita, calcita, etc.), outros 50 são ocasionais (ouro, mo- que pode ser encontrado na natureza, em determinadas
libdenita, prata, etc.) e os restantes considerados raros situações. Nestes casos, a substância é chamada de mine-
ou extremamente raros. Alguns minerais, como o quart- ralóide.
zo, feldspatos, zircão e apatita apresentam uma vasta dis- • Homogêneo: algo que não pode ser fisicamen-
tribuição geográfica e petrológica, enquanto outros ocor- te dividido em componentes químicos mais simples. Este
rem de forma muito restrita, sendo que a maioria dos conceito é obviamente dependente da escala de observa-
espécimes descritos foi encontrada em poucas amostras, ção, uma vez que algo que é aparentemente homogêneo
provenientes de locais específicos do planeta, conhecidas a olho nu pode ser constituído de mais de uma substân-
somente por alguns pequenos cristais. cia, quando observado em escala microscópica.
• Natural: exclui as substâncias geradas em labo-
1.2 DEFINIÇÕES ratório ou por uma ação consciente do homem. Quando
estas substâncias são idênticas em composição e pro-
A mineralogia é a ciência que estuda os mine- priedades a um mineral conhecido, o nome deste mine-
rais, o que são eles, como são formados e onde ocorrem. ral pode ser usado, acrescido do adjetivo sintético. (por
Uma vez que os minerais estão por toda parte (são as exemplo, esmeralda sintética). Acima, consideramos o
substâncias formadoras das rochas, solos e sedimentos) gelo das calotas polares como um mineral. Entretanto,
e fornece uma grande parte das matérias primas usadas para seguir o conceito de mineral à risca, o gelo que fabri-
em aplicações tecnológicas e industriais, o potencial de camos na geladeira não constitui um mineral.
aplicação deste conhecimento é vasto. Na verdade, com • Composição química definida: significa que um
exceção das substâncias orgânicas, os demais materiais mineral é uma substância que pode ser expressa por uma
que usamos ou com os quais convivemos no dia a dia são fórmula química. Por exemplo, a composição do ouro na-
todos minerais ou de origem mineral. tivo é Au, a do quartzo é SiO2, a da calcita é CaCO3, e assim
MINERAL: “Um mineral é um sólido homogéneo, por diante. Entretanto em muitos minerais é possível a
natural com uma composição química definida (mas geral- substituição de um ou mais elementos da fórmula origi-
mente não fixa) e um arranjo atómico altamente ordena- nal por outros. Assim, a dolomita CaMg(CO3)2 admite a
do. É, normalmente, formado por processos inorgânicos”. substituição de Mg por quantidades variáveis de Fe e Mn,

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e a esfalerita ZnS admite a substituição de Zn por quan- CRISTAL: sólido geométrico regular limitado por
tidades variáveis de Fe. Em muitos casos, a composição superfícies planas e suaves que são a expressão externa
química dos minerais pode variar dentro de certos limi- do arranjo interno regular dos íons ou átomos constituin-
tes, sem que seja necessário alterar o nome do mineral. tes.
Em outros casos as variações são tão grandes que
caracterizam uma espécie mineral distinta.
• Arranjo atômico ordenado: implica na existên-
cia de uma estrutura interna, onde os átomos ou íons
estão dispostos em um padrão geométrico regular. Este
padrão obedece às regras de simetria que você estudou
na disciplina de cristalografia, e os sólidos assim consti-
tuídos pertencem a um dos sistemas cristalinos: triclínico,
monoclínico, ortorrômbico, tetragonal, hexagonal (trigo-
nal) e isométrico. Sólidos que possuem tal arranjo interno
ordenado são chamados de cristalinos. Os que não o pos-
suem são chamados de amorfos, e fogem á classificação
estrita de mineral, compondo o grupo dos mineralóides.
• Inorgânico: aqui o termo geralmente é incluído
por Klein e Hurlbut no conceito, para permitir o enqua-
dramento de substâncias que atendem a todos os requi- Figura 3: Cristal de Quartzo
sitos acima, mas são geradas naturalmente por (ou com
GEMAS: os materiais gemológicos naturais são
a ajuda de) organismos. Estes minerais são chamados
aqueles inteiramente formados pela natureza, sem inter-
de biogênicos e, à exceção da sua origem, são idênticos
ferência do homem. São de origem inorgânica: os mine-
aos minerais equivalentes formados por processos inor-
rais e as rochas; e orgânica: os de origem animal ou vege-
gânicos. O exemplo mais comum de mineral biogênico é
tal.
o carbonato de cálcio (CaCO3) presente nas conchas de
moluscos na forma dos minerais calcita, dolomita ou va-
terita. Alguns outros exemplos incluem alguns sulfetos,
sulfatos, fosfatos, fluoretos, óxidos, enxofre nativo e for-
mas amorfas de SiO2.
MINERALÓIDE: São materiais semelhantes aos
minerais, mas sem estrutura cristalina. Exemplos: opala
(SiO2 amorfa) (fig.2), minerais de U e Th, como o zircão
(ZrSiO4), onde a cristalinidade original é destruída pala ra-
diação de elementos radioativos presentes na estrutura
original e o vidro vulcânico.
Figura 4: Alguns exemplos de gemas lapidadas.

MINÉRIOS: Minério (do latim minera, mina) é um


mineral que é economicamente autossustentável para a
sua prospecção e exploração industrial (mineração).

Figura 5: Ilmenita: minério de titânio


Figura 2: Opalas

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ROCHAS: é um agregado sólido que ocorre na- gados; como cristais tabulares (achatados); como
turalmente e é constituído por um ou mais minerais ou agregados cristalinos com arranjos geométricos
mineralóides. característicos; ou mesmo como grãos sem uma
forma definida. Muitas espécies minerais ocorrem
preferencialmente com um determinado hábito.
Por exemplo, cristais de magnetita (Fe 3O 4) são fre-
quentemente octaédricos, pirita (FeS 2), comumente
ocorre como cristais em forma de cubos, e as micas
ocorrem como lamelas. Embora nem sempre um de-
terminado mineral tenha que apresentar seu hábito
característico, o fato de que isto ocorra com frequ-
ência é de grande auxílio na sua identificação.
Os termos mais comumente usados na des-
Figura 6: Granito crição do hábito dos minerais são:
• Prismático: Os cristais do mineral são fre-
CRISTALOGRAFIA: A cristalografia é a ciência ex- quentemente constituídos por prismas (ou com-
perimental que tem como objeto de estudo a disposição binações de mais de um prisma). Usualmente são
dos átomos em sólidos. É também a ciência experimental empregados adjetivos para qualificar os cristais
que estuda o cristal, ou cristais. prismáticos, como colunares (prismas alongados,
com uma direção geralmente coincidente com o
2. Propriedades Físicas dos Minerais
eixo “c” mais desenvolvido que os demais), acicula-
res (muito alongados e finos, com forma que lembra
2.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MINERAIS uma agulha), fibrosos, capilares ou filiformes (ain-
da mais finos, lembrando fios de cabelo) tabulares
As propriedades físicas dos minerais são o (achatados, com duas direções mais bem desen-
resultado direto de sua composição química e de volvidas do que a terceira), laminares (alongados e
suas características estruturais. Existe um conjunto achatados, como a lâmina de uma faca).
de propriedades físicas que podem ser examinadas • Cúbico, octaédrico, dodecaédrico, rombo-
ou testadas rapidamente, com auxílio de instrumen- édrico, etc: Minerais caracterizados pela ocorrência
tos simples como um imã, uma lupa de mão, um ca- frequente de cristais com as formas citadas.
nivete e uma placa de porcelana. Com, frequência • Micáceo: Cristais tabulares ou lamelares
estas propriedades são suficientes para a identifica- formados por placas finas (como as micas)
ção de um mineral desconhecido e, pela facilidade • Euédrico, subédrico, anédrico: Os minerais
de seu estudo, são de emprego corriqueiro por mi- ocorrem comumente como cristais bem formados
neralogistas, tanto no campo como em laboratório. (euédricos), ou com apenas algumas faces bem de-
As propriedades físicas são as seguintes: senvolvidas (subédricos), ou ainda como grãos sem
hábito, clivagem, partição, fratura, dureza, tenaci- faces cristalinas presentes (anédricos, embora deva
dade, densidade relativa, magnetismo, cor, traço e ser ressaltado que a ausência de formas cristalinas
brilho. visíveis externamente não signifique que o mineral
não possua uma estrutura cristalina ordenada).
2.1.1 HÁBITO

Por hábito de um mineral se entende a (s)


forma (s) com a qual ele aparece frequentemen-
te na natureza, por exemplo: como prismas alon-

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Figura 7: Hábitos mais comuns observados em minerais.

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Muitos dos termos citados, especialmente os metido a um esforço externo. Este comportamento está
relativos a prismas, podem ser igualmente aplicados a diretamente relacionado ao tipo de ligação química en-
agregados de cristais (por exemplo, agregados colunares, volvida e à eventual presença de defeitos ou descontinui-
agregados aciculares, etc.). dades na estrutura cristalina. Em presença de um esforço
Os seguintes termos são específicos da descrição externo um cristal poderá apresentar tendência a se rom-
de agregados cristalinos: per ao longo de direções em que:
Dendrítico: Arborescente, em ramos divergen- • A força de ligação é menor
tes, como os de uma planta. • Existem menos ligações por unidade de volume
Divergente ou radiado: Agregado de cristais (ge- • Existem defeitos estruturais
ralmente prismas colunares, aciculares ou tabulares) di- • Existe um maior espaçamento interplanar, em-
vergentes a partir de um ponto central. Tipos específicos bora as ligações químicas sejam do mesmo tipo. Cliva-
de agregados radiais podem ser: gem, partição e fraturas são propriedades físicas diferen-
a) Globular: Agregados de cristais radiais, for- tes. A distinção entre elas é extremamente importante do
mando pequenas superfícies esféricas ou semiesféricas; ponto de vista da identificação de minerais
b) Botrioidal: Formas globulares assemelhando- CLIVAGEM: Tendência de o mineral partir-se pa-
-se (em tamanho dos glóbulos) a um cacho de uvas; ralelamente a planos atômicos identificados por índices
c) Mamelonar: Grandes superfícies arredonda- de Miller, tais como faces do cristal. Os planos de cliva-
das, semelhantes a mamas, formadas por indivíduos ra- gem são, portanto, repetitivos desde a escala mesoscópi-
diais ou divergentes; ca (do cristal) a escala microscópica e até a escala da pró-
d) Reniforme: Agregados radiados terminando pria estrutura cristalina. A clivagem é sempre consistente
em formas arredondadas com forma de rins; com a simetria do cristal.
e) Colomorfo: Termo genérico aplicado a formas Para estudar a clivagem de um mineral não
arredondadas compostas de agregados radiados, sem é suficiente apenas reconhecê-la, mas é necessário
levar em conta o tamanho; caracterizá-la em termos de sua orientação e sua qua-
• Granular: Agregado simplesmente composto lidade. Em termos de orientação (geometria) a cliva-
por grãos (sem nenhuma conotação específica de forma gem pode ser descrita por adjetivos que a relacionam
ou tamanho); com formas cristalinas. Assim, pode-se caracterizar
• Concêntrico: Camadas mais ou menos esféri- a clivagem como cúbica como na galena (PbS), octa-
cas, superpostas umas às outras; édrica como no diamante(C), dodecaédrica como na
• Pisolítico: Massas arredondadas, mais ou me- esfalerita ( ZnS), romboédrica como na calcita(CaCO 3),
nos do tamanho de ervilhas; prismática como nos piroxênios e anfibólios, pinacoi-
• Oolítico: Massa arredondada, mais ou menos dal como a clivagem basal das micas, etc (Fig.8).
do tamanho de ovas de peixe; Outra maneira de expressar esse conceito é
• Bandado: Mineral formado por camadas de utilizando os índices de Miller para a forma cristalina
diferentes cores ou texturas; em questão, como {111} para a clivagem octaédrica.
• Maciço: Material compacto, sem formas ou Vimos que a clivagem está intrinsecamente
feições especiais. relacionada à estrutura cristalina. Portanto, se um mi-
Outros termos específicos, relacionados ao neral possui uma determinada direção de clivagem,
modo de ocorrência do agregado: existe o potencial para ocorrerem inúmeros planos de
• Drusa: Superfície coberta de pequenos cris- clivagem ao longo daquela direção. Entretanto, nem
tais; sempre a clivagem é perfeitamente desenvolvida nos
• Geodo: Cavidade (em uma rocha) cuja superfí- cristais. Assim, devem-se utilizar adjetivos para carac-
cie é coberta de pequenos cristais; terizar a qualidade da clivagem. Isto é feito de acordo
• Concreção: Massas formadas por deposição de com uma escala comparativa e empírica. Assim, pode-
material em torno de um núcleo. Algumas concreções -se dizer que uma clivagem é excelente (como a cliva-
são esféricas, mas outras podem ter forma variável; gem basal das micas e do grafite), boa, pobre ou ruim.
• Estalactite: Agregados em cilindros ou cones Finalmente, alguns minerais se caracterizam pela au-
pendentes (como por exemplo, em cavernas). sência de clivagem. O quartzo, um dos minerais mais
comuns não apresenta clivagem.
2.1.2. CLIVAGEM, PARTIÇÃO E FRATURA.

Um mineral pode apresentar (ou não) tendência


a s e romper segundo planos preferenciais, quando sub-

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Figura 8: Tipos de clivagem.

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de esforço sem ruptura. Em cristais formados essencial-


PARTIÇÃO: Assim como a clivagem, a partição mente por ligações metálicas, os quais podem fluir plas-
também está associada a planos cristalográficos, mas não ticamente, o atrito de um material de dureza mais alta
é tão bem desenvolvida. A partição pode ter outras cau- contra a superfície do cristal tende a produzir um sulco.
sas, como a presença de planos de geminação no cristal Minerais formados por ligações iônicas ou covalentes
ou ocorrer como resposta à aplicação de pressão. Assim, tendem a apresentar um comportamento mais rúptil.
ao contrário do que ocorre com a clivagem, alguns indiví- Ao ser submetido ao mesmo teste, a produção do sulco
duos de uma espécie mineral podem apresentar partição poderá ser acompanhada da produção de pó do mineral
enquanto outros não a possuem. Por exemplo, em uma mais mole.
população de cristais de um determinado mineral, pode Em compostos iônicos o tamanho e a carga dos
ocorrer que apenas os cristais geminados ou submetidos íons envolvidos afetam a dureza do mineral. Assim, para
à pressão apresentem planos de partição visíveis. um grupo de substâncias diferentes com o mesmo tipo
Outro critério útil para distinguir clivagem de par- de estrutura cristalina, quanto maior a distância Inter iô-
tição é o caráter menos penetrativo da última. Por exem- nica e quanto menores as cargas dos íons, mais fraca será
plo, um cristal pode se partir ao longo de planos de ge- a ligação e, consequentemente, menor será a dureza do
minação relativamente espaçados entre si, e ao mesmo mineral.
tempo fraturar-se de maneira irregular na região entre É importante ressaltar que a força global de uma
dois planos de partição. Exemplos comuns de partição in- estrutura cristalina é dada por uma combinação dos dife-
cluem a partição octaédrica da magnetita, a partição ba- rentes tipos de ligação química presentes, mas a dureza
sal dos piroxênios e a partição romboédrica do coríndon. desta mesma estrutura é uma expressão da sua ligação
FRATURA: Refere-se à maneira pela qual o mine- mais fraca.
ral se rompe, exceto aquelas controladas pelas proprie- A dureza é uma característica de cada mineral,
dades de clivagem e partição. Ocorre quando a força das e pode ser avaliada quantitativamente através do uso
ligações químicas é mais ou menos a mesma em todas as de equipamentos adequados. Entretanto, sua principal
direções e, portanto, o rompimento não ocorre ao longo utilidade na identificação mineralógica consiste em esti-
de nenhuma direção cristalográfica em particular. Assim, mar qualitativamente a dureza do mineral que se deseja
ao estudar as fraturas de um mineral, o estilo de fratura- identificar, comparando-o com outros minerais e/ou ma-
mento é a observação importante a ser feita. Alguns mi- teriais de dureza conhecida. O teste de dureza baseia-se
nerais apresentam estilos de fratura característicos, o que no fato de que um mineral de dureza mais alta é capaz de
pode auxiliar na sua identificação. provocar um sulco em um mineral de dureza mais baixa,
Os termos mais comuns usados para descrever mas o segundo não é capaz de sulcar o primeiro.
fraturas em um mineral são: O mineralogista austríaco F. Mohs idealizou uma
• Conchoidal: Superfícies lisas e curvas, seme- escala de dureza com base em dez minerais relativamente
lhantes à parte interna de uma concha, comum vidro e comuns, aos quais atribuiu graus de dureza relativa de um a
no mineral quartzo; dez. Esta escala ficou conhecida como Escala de Dureza de
• Fibrosa: Quando o mineral se rompe formando Mohs (Fig.9) e é de uso corrente entre mineralogistas e ou-
estilhaços ou fibras; tras pessoas interessadas na identificação de minerais.
•Serrilhada: Superfície denteada, irregular, com
bordas cortantes;
• Irregular: Superfícies rugosas e irregulares.

2.1.3. DUREZA

Esta é uma das mais importantes propriedades


para a identificação de muitos minerais. Define-se como
dureza de um mineral a resistência que uma superfície
lisa do mineral apresenta a ser arranhada (sulcada) por
outro material (outro mineral, a ponta de uma faca, etc.).
Em última instância, a dureza de um mineral está
relacionada à reação da estrutura cristalina à aplicação Figura 9:Escala de Dureza de Mohs

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Portanto, se um mineral que se deseja identifi- • Elástico: O mineral pode ser curvado, mas volta
car é capaz de sulcar a fluorita, mas não sulca a apatita, à sua forma original, depois de cessado o esforço.
pode-se dizer que este mineral tem uma dureza entre 4 Propriedades como ductilidade, sectilidade e
e 5. Um grupo de materiais de fácil acesso pode ser usa- maleabilidade são típicas de materiais constituídos por
do para testar dureza, em complemento aos minerais da ligações metálicas. Neste tipo de ligação o material é con-
escala. Assim, a unha humana possui dureza pouco acima siderado como cátions imersos em uma nuvem de elé-
de 2 (sulca talco e gipsita, mas não sulca calcita); o cobre trons de alta mobilidade. Quando é aplicado um esforço
tem dureza pouco abaixo de 3; o aço comum tem dureza externo, os cátions podem mover-se relativamente uns
pouco acima de cinco; o vidro comum tem dureza 5 ½ , aos outros sem necessariamente originar forças eletros-
o aço temperado tem dureza 6 ½ etc. Ao avaliar a dureza táticas repulsivas (e, consequentemente, sem perder co-
de qualquer mineral é imprescindível realizar o teste nos esão).
dois sentidos (ou seja tentar sulcar o mineral A com o mi- O comportamento flexível é típico de minerais
neral B e vice-versa), porque um mineral excessivamente com estruturas em folha, como talco e clorita, onde as
friável (pulverulento) ou quebradiço pode ser fisicamente folhas são unidas entre si por forças de Van der Waals ou
desagregado por outro, mesmo que este possua dureza pontes de hidrogênio (quando submetida a um esforço
mais baixa. externo, a estrutura desliza ao longo dessas ligações mais
Em termos de dureza absoluta, a progressão de fracas). Outro grupo de minerais com estrutura em folha,
talco (dureza 1) até diamante (dureza 10) não é linear, as micas, apresenta propriedades elásticas, porque nes-
mas segue uma curva exponencial, de tal maneira que a tes minerais as camadas da estrutura são mantidas uni-
diferença de dureza entre o diamante (10) e o coríndon das entre si por ligações iônicas envolvendo álcalis como
(9) é muito maior do que a diferença de dureza entre a K+ (consideravelmente mais fortes do que as forças de
gipsita (2) e o talco (1). Como a dureza é uma propriedade Van der Waals)
direcional, alguns minerais possuem dureza diferente se-
gundo direções cristalográficas distintas. Quando ocorre, 2.1.5. DENSIDADE RELATIVA
este fato frequentemente auxilia na identificação do mi-
neral. Por exemplo, os cristais de cianita possuem dureza Definida como a relação entre o peso do mineral
igual a 5 na direção do comprimento e dureza igual a 7 na e o peso de um volume igual de agua pura, é um número
direção perpendicular ao comprimento. adimensional, e não tem o mesmo significado que peso
específico (medido em unidades de peso por unidade de
2.1.4 . TENACIDADE volume). A densidade relativa é característica para cada
mineral, e depende basicamente de dois fatores: os ele-
A tenacidade é uma medida da coesão de um mentos químicos que constituem o mineral e a maneira
mineral, ou seja, a sua resistência a ser quebrado, esma- como estes elementos estão arranjados dentro da estru-
gado, dobrado ou rasgado. A tenacidade não guarda ne- tura cristalina.
cessariamente relação com a dureza. O exemplo clássico Os efeitos destes fatores podem ser facilmente
desta diferença é o diamante, que possui dureza muito avaliados comparando-se:
elevada, mas tenacidade relativamente baixa, quando Minerais com estrutura semelhante, mas com-
submetido a um impacto. Os seguintes termos qualitati- posição distinta, como os carbonatos ortorrômbicos de
vos são usados para expressar tenacidade de um mineral: Ca, Sr, Ba e Pb, onde a densidade relativa aumenta com o
• Quebradiço: O mineral se rompe ou é pulveri- aumento do peso atômico do cátion, de 2,95 na aragonita
zado com facilidade; (CaCO3) até 6,55 na cerussita (PbCO3). Por outro lado, a
• Maleável: O mineral pode ser transformado em diferença de densidade relativa entre o carbono puro na
lâminas, por aplicação de impacto; forma de grafite (2,2) e de diamante (3,5) ilustra o efeito
• Séctil: O mineral pode ser cortado por uma lâ- da estrutura cristalina sobre esta propriedade. Existem
mina de aço; vários métodos de determinação quantitativa de densi-
• Dúctil: O mineral pode ser estirado para formar dade em minerais, com o uso de equipamentos adequa-
fios; dos (balança de Jolly, balança de Berman, picnômetro), lí-
• Flexível: O mineral pode ser curvado, mas não quidos pesados (bromofórmio, iodeto de metileno, etc.),
retorna a sua forma original, depois de cessado o esforço; ou cálculos com base na cela unitária do mineral.

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Para um reconhecimento expedito, entretanto, pode ser usada como um critério de identificação. Devido
pode-se estimar a densidade relativa por comparação en- à possibilidade de alteração de muitos minerais por con-
tre amostras de diferentes minerais. Associada ao estudo tato com o ar, água, etc., a cor deve ser sempre observada
de outras propriedades físicas, esta análise comparativa preferencialmente em uma fratura recente do mineral.
de densidade é muitas vezes uma ferramenta fundamen- • Metais de transição: podem estar presentes
tal na identificação de minerais. em minerais em quantidades importantes (como os cons-
tituintes principais) ou em quantidades muito pequenas
2.1.6 . MAGNETISMO (como impurezas). Em ambos os casos, estes elementos
podem provocar o aparecimento de cor em estruturas
Materiais que apresentam a propriedade de ser cristalinas que admitem substituições de grandes quan-
atraídos por uma um imã são chamados de ferromagnéti- tidades de um cátion por outro, as variações químicas
cos. O número de minerais que apresentam esta proprie- podem implicar em um amplo espectro de variação de
dade é muito pequeno. Dentre os minerais comuns na cor. Este é o caso da esfalerita (ZnS), que admite a subs-
natureza, apenas a magnetita (Fe3O4) e a pirrotita (FeS) tituição do Zn por quantidades variáveis de Fe e cuja cor
apresentam esta propriedade. Portanto, quando presen- varia em tons de branco, amarelo, castanho e preto, de-
te em um mineral, o magnetismo é de extrema utilidade pendendo da quantidade de Fe presente.
na identificação. Em outros casos, onde um determinado metal
Adicionalmente, o fato de que diferentes mine- ocorre em pequenas quantidades na
rais possuem diferentes susceptibilidades magnéticas estrutura, variedades coloridas podem ocorrer em um
permite a separação física de grãos de minerais distintos mineral cuja composição química global é essencialmen-
mediante o uso de equipamentos. Ao serem aquecidos te constante. No caso do mineral berilo, por exemplo, a
acima de uma temperatura específica, os materiais ferro- presença de pequenas quantidades de Fe2+ produz cor
magnéticos perdem suas fortes propriedades magnéticas, azul enquanto a presença de Cr3+ como impureza produz
que são Escola Estadual de Educação Profissional substi- coloração verde. As variedades azul e verde do mineral
tuídas por um magnetismo comparativamente mais fraco berilo possuem importância econômica como gemas
(paramagnetismo). A temperatura à qual esta mudança preciosas (água-marinha e esmeralda, respectivamente).
ocorre é conhecida como temperatura de Curie. Para a Com exceção da cor, as demais propriedades físicas da
magnetita, este fenômeno ocorre a 85oC. água-marinha e da esmeralda são idênticas às do berilo
comum. O mesmo ocorre com o mineral corindon: a pre-
2.1.7 . COR sença de Cr3+ como impureza no corindon gera a varie-
dade vermelha conhecida como rubi.
Esta é provavelmente a primeira propriedade fí- • Transferência de carga: Este processo só ocorre
sica a chamar a atenção quando alguém examina um mi- em compostos que tenham pelo menos dois elementos
neral (Fig. 10). O que o nosso cérebro interpreta como com estados de oxidação diferentes e variáveis. O proces-
cor é, na verdade, o resultado da absorção seletiva de de- so pode produzir cores intensas em minerais e gemas, e
terminados comprimentos de onda da luz que atravessa envolve a transferência de elétrons entre elementos di-
o mineral. Os comprimentos de onda que não são absor- ferentes. Alguns exemplos de elementos que participam
vidos tornam-se dominantes no espectro que emerge do no processo de transferência de carga são: Fe2+ e Fe3+;
mineral, e a combinação destes comprimentos de onda é Ti3+ e Ti4+; Mn2+, Mn3+ e Mn4+, ou combinações entre
o que é percebido como cor. eles (por exemplo, minerais contendo ferro e manganês).
A maior parte dos mecanismos que produzem A transferência de um elétron de um átomo a outro en-
cor são produtos da interação de ondas luminosas com volve a absorção de energia, a qual pode ocorrer segundo
elétrons. A origem da cor em minerais está ligada a uma um comprimento de onda definido. Por exemplo, a trans-
variedade de razões, tais como a presença de íons metá- ferência de um elétron entre Fe2+ e Ti4+ envolve a absor-
licos (em especial metais de transição como Ti, V, Cr, Mn, ção de energia luminosa no comprimento do vermelho,
Fe, Co, Ni e Cu), fenômenos de transferência de carga, portanto produz a cor azul da Safira. O mesmo processo
efeitos de radiação ionizante, entre outros. Para muitos pode ocorre entre ânions (por exemplo, a cor azul do mi-
minerais a cor é uma característica diagnóstica funda- neral lazurita decorre da transferência de carga entre um
mental, enquanto para outros ela é tão variável que não triângulo de átomos de enxofre) ou entre cátion e ânion.

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• Centros de cor: São imperfeições na estrutura lana não polida com dureza é aproximadamente 7 (Fig.
cristalina que causam absorção de energia luminosa e, 11). Embora a cor de um mineral seja frequentemente
consequentemente, o aparecimento de cor. Na maioria variável, o seu traço tende a ser relativamente constante,
dos casos este fenômeno está associado à exposição à portanto é uma propriedade extremamente útil na iden-
radiação ionizante. A fonte da radiação pode ser natural tificação do mineral. Os óxidos de ferro magnetita (Fe3O4)
(elementos radioativos, como U, Th, K presentes em mi- e hematita (Fe2O3), por exemplo, podem ser distinguidos
nerais) ou artificial e, em raros casos, radiação ultraviole- por seu traço preto e avermelhados, respectivamente. Al-
ta pode produzir centros de cor. Quando um mineral é ex- guns minerais possuem dureza tão baixa que são capazes
posto à radiação, elétrons podem ser removidos de suas de deixar traço em materiais como papel, como é o caso
posições normais e, depois de perder energia, ficar apri- do grafite e da molibdenita (MoS2).
sionados em uma posição vaga na estrutura cristalina.
Estes elétrons aprisionados absorvem seletivamente de-
terminados comprimentos de onda, produzindo cor. Um
exemplo deste fenômeno é a variedade violeta (ametista)
de quartzo (SiO2). A presença de pequenas quantidades
de Fe3+ como impureza no quartzo produz cores amare-
las (variedade citrino). Quando submetido à radiação, o
Fe3+ pode perder um elétron (efetivamente tornando-se
Fe4+), o qual é aprisionado em um centro de cor na estru-
tura do quartzo, produzindo a cor violeta típica da ame-
tista. Como os centros de cor são um tipo de defeito cau-
sado por radiação, este defeito pode ser eliminado pela
adição de energia. Por exemplo, ao submeter à ametista
a um tratamento térmico, o processo é revertido, e a cor
passa de violeta a amarelo.
Na verdade, alguns tipos de ametista tendem a
perder a cor com a simples exposição prolongada a luz
(radiação ultravioleta). Tratamento térmico é um recurso
frequentemente usado na indústria de pedras preciosas,
para modificar, melhorar ou controlar a coloração de uma Figura 11: Traço da hematita
determinada gema.
2.1.9. BRILHO

Refere-se à aparência do mineral à luz refletida.


Em uma classificação ampla, o brilho dos minerais pode
ser dividido em metálico e não metálico, com uma cate-
goria transicional (sub-metálico) entre eles. Os termos
geralmente utilizados para descrever o brilho dos mine-
rais são:
• Metálico: Brilho semelhante ao dos metais. Ca-
racterístico de minerais dominados por ligações metálicas
ou parcialmente metálicas. Minerais de brilho metálico
geralmente (mas nem sempre) apresentam traço escuro.
Figura 10: Exemplo de cores dos minerais Este tipo de brilho é comum em minerais do grupo dos
metais nativos, sulfetos e óxidos.
2.1.8. TRAÇO • Não metálico: Sem aparência de metal. Típico
de minerais dominados por ligações iônicas ou covalen-
É definido como a cor do pó fino de um mineral. tes. Geralmente possuem traço claro. Uma série de ter-
A observação do traço de um mineral é geralmente feita mos é usada para descrever os tipos de brilho não metá-
atritando-se o mineral contra uma superfície de porce- lico:

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• Vítreo: Brilho como o do vidro. O exemplo típi- • Translúcido: Há passagem de luz, mas não é
co é o mineral quartzo. possível distinguir contornos de objetos;
• Resinoso: Brilho semelhante ao de resina • Opaco: Não permite a passagem de luz, mesmo
• Nacarado: Brilho semelhante ao brilho da pé- em seções delgadas;
rola. Normalmente é mais bem observado nos planos de • Refração: Mudança na direção da luz, quando
clivagem passa de um meio para outro de densidade diferente (por
• Gorduroso ou graxo: Brilho que lembra uma su- exemplo, do ar para o mineral). Depende do índice de re-
perfície coberta de óleo. O mineral nefelina é um exem- fração (n) do mineral. Para minerais com n = 2, a velocida-
plo típico de da luz no mineral é a metade da velocidade no ar. Esta
• Sedoso: Brilho que lembra a seda. Comum em propriedade é de vital importância para os minerais uti-
agregados fibrosos, como o asbesto e a gipsita fibrosa. lizados como gemas, pois influencia o tipo de brilho dos
• Adamantino: Brilho que lembra o brilho do dia- minerais transparente. Assim, um mineral com n = 1.5
mante. Além do diamante, ocorre tipicamente em mine- tenderá a apresentar brilho vítreo, enquanto um mineral
rais transparentes de chumbo, como a cerussita (PbCO3) com n = 2.4 tenderá a apresentar brilho adamantino.
e a anglesita (PbSO4). • Dupla refração: Quando um raio de luz penetra
em um mineral ele se desdobra em dois raios, cada um
2.1.9. OUTRAS PROPRIEDADES DEPENDENTES DA LUZ viajando com velocidade e direção diferentes. A dupla re-
fração ocorre na maioria dos minerais não isométricos,
• Jogo de cores: A cor muda em sucessão rápida, mas geralmente é muito fraca para poder ser observada.
quando o mineral é girado (diamante, opala); Uma exceção notável é a calcita de qualidade ótica (espa-
• Mudança de cores: Idem, mas a variação é len- to de Islândia), que possui dupla refração forte.
ta (labradorita);
• Iridescência: Espectro de cores no interior (fra- 2.1.10. PROPRIEDADES ELÉTRICAS
turas, clivagens) ou na superfície (revestimento superfi-
cial) do mineral (bornita, calcopirita); A condução de eletricidade em minerais é forte-
• Opalescência: Reflexão leitosa ou nacarada no mente controlada pelo tipo de ligação existente. Assim, mi-
interior do mineral (opala); nerais formados exclusivamente por ligações metálicas (p.ex.
• Embaçamento: A cor da superfície é diferente os metais nativos) são condutores, minerais formados por
da cor do interior do mineral (calcocita, bornita, calcopiri- ligações parcialmente metálicas (p.ex. alguns sulfetos) são
ta); semicondutores, e minerais formados por ligações iônicas e/
• Asterismo: Formação de raios de luz como uma ou covalentes são maus condutores de eletricidade.
estrela, quando o mineral é observado ao longo do eixo • Piezoeletricidade: Produção de eletricidade
vertical. Ocorre principalmente em minerais hexagonais; por aplicação de pressão ao longo de um eixo
• Luminescência: Emissão de luz, exceto as pro- polar (eixo com formas cristalinas distintas em cada uma
vocadas por incandescência. Normalmente é tênue, me- das pontas). Este efeito só pode
lhor observável no escuro; ocorrer em cristais que não possuem centro de simetria.
• Triboluminescencia: Emissão de luz provocada • Piroeletricidade: Produção de eletricidade por
por atrito. Ocorre em minerais não metálicos e anidros variação de temperatura. Ocorre apenas em minerais que
(fluorita, esfalerita); não possuem centro de simetria e têm pelo menos um
• Termoluminescência: Emissão de luz provoca- eixo polar (piroeletricidade verdadeira). A piroeletricida-
da por aquecimento (fluorita); de secundária ocorre em minerais que sofre expansão
• Fluorescência e fosforescência: Emissão de luz desigual ao longo de direções distintas, ao serem aqueci-
provocada por exposição a determinados tipos de radia- dos. A deformação do retículo resulta em pressão locali-
ção, como luz ultravioleta, raios-x, raios catódicos. (fluori- zada, gerando piezoeletricidade.
ta, scheelita);
• Transparência: Capacidade do mineral de ser 2.1.11. RADIOATIVIDADE
atravessado pela luz;
• Transparente: É possível ver contornos de obje- Ocorre em minerais formados por elementos ra-
tos através do mineral; dioativos, tais como U e Th, e pode ser um importante
critério de identificação nestes casos.

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3. Classes Mineralógicas pados sob a designação de grupo do arsênio. Sua estru-


tura não pode ser representada por esferas, porque cada
átomo está mais próximo de alguns vizinhos do que de
3.1. CLASSE DOS ELEMENTOS NATIVOS outros, resultando em um tipo de ligação intermediário
entre metálica e covalente, que fornece a estes minerais
sua baixa tenacidade, além de simetria mais baixa e con-
dutividade térmica e elétrica menor que as dos metais. A
estrutura é acamadada, paralelamente a {0001}, confe-
rindo uma boa clivagem nesta direção.
Os não metais nativos compreendem o grupo do
Carbono (diamante e grafite), e o enxofre. As estruturas
cristalinas e os tipos de ligação química no diamante e no
grafite são muito contrastantes, embora ambos possuam
a mesma composição química. Enquanto o diamante é
formado por uma rede tridimensional de tetraedros de
átomos de carbono fortemente unidos entre si por liga-
ções covalentes, o grafite é formado por planos parale-
Figura 12: Elementos Nativos
los a {0001}, onde os átomos de carbono também estão
ligados covalentemente, mas entre um plano e o outro
Minerais dessa classe são compostos idealmen-
as ligações são muito fracas (forças de van der Waals). As
te por arranjos de átomos de um único elemento quími-
diferenças no tipo de ligação presente explicam o enor-
co (ou por soluções sólidas envolvendo elementos afins
me contraste observado em algumas propriedades físicas
como, por exemplo, a do ouro com a prata). Algumas das
do diamante e do grafite, como por exemplo, a dureza. O
propriedades físicas desses minerais são semelhantes
enxofre nativo pode ocorrer sob a forma ortorrômbica ou
àquelas dos próprios elementos químicos, isto é metais,
monoclínica, embora a última seja muito rara. No enxofre
semi-metais e não metais. Outras propriedades são tipi-
ortorrômbico, os átomos estão organizados em anéis com
camente conferidas pelo tipo de ligação química envolvi-
oito átomos de enxofre ligados covalentemente entre si.
da na formação dos minerais desta classe.
A ligação de um anel com outro é feita através de forças
Os metais nativos importantes podem ser sub-
de van der Waals. Ao contrário do grafite, entretanto, no
divididos em: a) grupo do ouro; b) grupo da platina; c)
enxofre nativo os anéis não estão posicionados ao longo
grupo do ferro. O grupo do ouro inclui Au, Ag e Cu nativos
de um único plano, o que explica a ausência de uma cli-
como minerais importantes e Pb e Hg como raras curio-
vagem proeminente (como a do grafite) neste mineral.
sidades mineralógicas. No grupo da platina os principais
As principais características macroscópicas dos
elementos nativos são a platina (Pt), o paládio (Pd) e li-
elementos nativos mais importantes são fornecidas no
gas naturais como Platina-Irídio (Pt, Ir) e Ósmio-Irídio (Os,
resumo abaixo.
Ir). Os minerais significativos no grupo do ferro são o Fe
e as ligas naturais de Níquel-Ferro (Ni,Fe) mais comuns
3.1.1. OURO – Au
em meteoritos como a Kamacita e a Taenita. Ta, Sn e Zn
podem ocorrer como elementos nativos, mas são muito
raros. As características gerais dos metais nativos incluem
dureza baixa, alta maleabilidade, ductilidade e, em alguns
casos, sectilidade. São bons condutores de calor e eletri-
cidade, possuem baixo ponto de fusão e brilho metáli-
co. Estas características gerais são conferidas em grande
parte pela ligação metálica, enquanto as características
particulares de cada metal (como cor, densidade, etc) são
resultado das propriedades atômicas do elemento res-
pectivo. Figura 13: Ouro nativo
Os semi-metais nativos compreendem o arsênio
(As), antimônio (Sb) e bismuto (Bi), normalmente agru- Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m

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Hábito: Cristais octaédricos, raramente faces do- 3.1.2. PRATA – Ag


decaédricas, cúbicas e trapezoedrais.
Frequentemente em agregados de cristais arbo-
rescentes (dendríticos), filiformes, reticulados ou espon-
josos. Também maciço, formando grãos (pepitas) irregu-
lares, rugosos, arredondados ou achatados.
Propriedades físicas:
Fratura: irregular
Maleável, dúctil e séctil
Dureza: baixa (2,5 a 3,0)
Peso específico: 19,3 (Au puro). Diminui com a
Figura 14: Prata nativa
presença de prata, cobre, etc em solução sólida.
Brilho: metálico
Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m
Cor e traço: Amarelo-ouro. Tons variam em
Hábito: cristais mal formados em grupos arbo-
função da pureza (mais esbranquiçado com a presen-
rescentes ou reticulados. Encontrados principalmente
ça de prata, mais alaranjado ou avermelhado em ligas
como massas irregulares, escamas, placas e agregados
com Cu), Opaco
filiformes.
Composição e estrutura: Uma solução sólida
Propriedades físicas:
completa existe entre Au e Ag, e o ouro nativo fre-
Fratura: irregular
quentemente contém 10 a 15% Ag. Para proporções
Dureza: baixa (2,5 a 3,0)
de prata maiores que 20% a liga recebe o nome de
Peso específico: 10,5 (Ag pura). Muda com a pre-
“electro”. Pequenas quantidades de Cu e Fe podem
sença de ouro ou cobre em solução sólida.
estar presentes, além de Bi, Pb, Sn, Zn e os metais do
Brilho: metálico
grupo da platina. Estrutura cúbica compacta.
Maleável, dúctil e séctil
Paragênese e usos: A proporção média de
Cor e traço: Branco prata. A superfície é frequen-
ouro na crosta terrestre é de 4 ppb (partes por bi-
temente escurecida para marrom ou preto acinzentado,
lhão). Entretanto, o ouro pode atingir concentrações
por efeito de embaçamento. Opaco
bem mais altas, se for relativamente concentrado por
Composição e estrutura: prata nativa frequente-
processos geológicos, em condições e ambientes ge-
mente contém Au, Hg, Cu, mais raramente traços de Pt,
ológicos específicos. Concentrações de ouro ocorrem
Sb e Bi. Estrutura cúbica compacta
comumente associadas a pirita e outros sulfetos em
Paragênese e usos: Prata nativa ocorre em pe-
veios de quartzo de origem hidrotermal. Au é também
quenas quantidades na zona de oxidação de depósitos
um subproduto comum da mineração de sulfetos de
minerais ou como produto primário de deposição de so-
metais básicos, onde ocorre associado a pirita, calco-
luções hidrotermais. Em sistemas hidrotermais, prata na-
pirita, pirrotita, esfalerita. Em depósitos sedimentares
tiva pode estar associada a uma variedade de minerais: a)
do tipo placer (aluvião) associa-se a outros minerais
sulfetos, zeolitas, calcita, barita, fluorita e quartzo (Kongs-
pesados resistentes ao intemperismo. A concentração
berg, Noruega); b) arsenietos e sulfetos de cobalto, níquel
relativa de ouro pode ocorre também em solos residu-
e prata, e bismuto nativo (Freiberg, Alemanha; Cobalt,
ais.
Canadá); c) uraninita e minerais de cobalto e níquel (Gre-
O ouro foi historicamente utilizado como las-
at Bear Lake, Canadá); d) cobre nativo (Michigan). Entre-
tro de moeda por muitos países, mas este uso tem
tanto, a maior parte da produção mundial de prata vem
diminuído consideravelmente em tempos modernos.
de outros minerais, tais como acantita (Ag2S), proustita
Os principais usos do ouro são como investimento fi-
(Ag2S) e pirargirita (Ag3SbS3). A prata tem usos variados,
nanceiro, como matéria prima na indústria joalheira,
incluindo fotografia, galvanoplastia, componentes eletrô-
aplicações em odontologia, galvanoplastia, revesti-
nicos, refrigeração, joalheria e utensílios de prata.
mento de componentes eletrônicos, e na indústria de
Historicamente a prata foi muito importante na
equipamentos científicos.
cunhagem de moedas, mas foi gradativamente substitu-
ída por outros metais, como o cobre e o níquel, e poste-
riormente por outras ligas metálicas.

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3.1.3. COBRE – Cu 3.1.4. PLATINA – Pt

Figura 15: Cobre nativo


Figura 16:Platina nativa
Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m
Hábito: Faces tetrahexaedro são comuns. Tam- Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m
bém cubo, dodecaedro e octaedro. Cristais normalmente Hábito: cristais cúbicos são raros, normalmen-
mal formados, formando grupos arborescentes. Normal- te mal formados. Geralmente encontrados como grãos
mente ocorrem como massas irregulares, escamas, pla- pequenos e na forma de escamas.
cas e formas torcidas, semelhantes a fios. Propriedades físicas:
Propriedades físicas: Dureza: 4,0 a 4,5 (alta para um metal aumenta
Fratura: irregular com o teor em Fe)
Dureza: 2,5 a 3,0 Peso específico: 21,45 quando pura.
Peso específico: 8,0 a 9,0 Brilho: metálico
Brilho: metálico Maleável e dúctil
Maleável, dúctil e séctil Cor: cinza azulado com forte brilho. Opaco
Cor: vermelho do cobre em superfície fresca. Magnética quando rica em Fe.
Normalmente escuro com brilho fosco devido à oxidação. Composição e estrutura: Platina nativa forma
Opaco liga com ferro (até 28% Fe) e menores quantidades de
Composição e estrutura: Cobre nativo frequen- Ir, Os, Rh, Pd e também Cu, Au e Ni. Estrutura cúbica
temente contém pequenas quantidades de Ag, Hg, As, Sb compacta.
e Bi. Estrutura cúbica compacta. Paragênese e usos: A platina ocorre quase
Paragênese e usos: Cobre nativo é um constituin- exclusivamente na forma nativa (exceto pelo mineral
te comum de zonas oxidadas de depósitos sulfetados de sperrilita – PtAs2), associada com: a) rochas ultrabá-
cobre, onde está associado a minerais como cuprita, ma- sicas (com olivina, cromita, piroxênio e magnetita,
laquita e azurita. Bushveld, Africa do Sul); b) subproduto de minério
Também como produto de sistemas hidrotermais de níquel-cobre (Sudbury, Canadá), c) em aluviões ou
(Cu nativo primário), especialmente associados a rochas como subproduto da mineração de ouro e, mais rara-
ígneas básicas, associado à prehnita, datolita, epidoto, mente, do cobre. Algumas das principais aplicações da
calcita e zeolitas. A maior parte da produção de cobre platina derivam de sua maior dureza e ponto de fusão
vem de sulfetos, e não de cobre nativo. Os principais usos mais alto do que outros metais nobres. Platina é usada
do cobre são para fins elétricos, especialmente sob a for- na indústria automobilística (catalisadores), química e
ma de fios, e na produção de ligas metálicas como o latão de petróleo, odontologia, instrumentos cirúrgicos e de
(cobre e zinco), o bronze (cobre e estanho, com algum laboratório, joalheria e equipamentos elétricos.
zinco) e a prata alemã (cobre, zinco e níquel).

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3.1.5. FERRO – Fe 3.1.6. ARSÊNIO – As

Figura 17: Ferro nativo Figura 18: Arsênio nativo

Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m Dados cristalográficos: hexagonal (trigonal) 3


Hábito: Cristais são raros. Em materiais terrestres: Fe 2/m
nativo (α-Fe) ocorre como raros grãos ou massas as- Hábito: cristais pseudocúbicos são raros. Usual-
sociados com rochas basálticas (uma exceção notável mente maciço granular, reniforme, estalactite.
é Disko Island, na Groenlândia, onde as massas de Fe Propriedades físicas:
nativo podem atingir várias toneladas). Ligas naturais Clivagem: {0001} perfeita
de níquel-ferro ocorrem raramente, como pequenas Dureza: 3,5
placas e grãos, produto da alteração de olivina em ser- Peso específico: 5,7
pentinitos. Em meteoritos, Fe (kamacita) ocorre como Brilho: quase metálico, em superfície fresca.
placas e massas lamelares, em intercrescimentos re- Quebradiço
gulares com Ni-Fe (taenita). Cor: branco em superfície fresca e oxida para cin-
Propriedades físicas (α-Fe): za escuro. Traço: cinza. Opaco Fortemente metálico
Clivagem: {001} pobre Composição e estrutura: Arsênio nativo frequen-
Fratura: irregular temente mostra uma limitada substituição de Sb; traços
Dureza: 4,5 de Fe, Ag, Au, Bi.
Peso específico: 7,3 a 7,9 Paragênese e usos: Arsênio nativo é um mine-
Brilho: metálico ral raro, associado com minérios de prata, cobalto e ní-
Maleável quel. Podem estar também associado à barita, cinábrio,
Cor: cinza aço a preto. Opaco Fortemente realgar, stibnita, ouropigmento e galena. A produção co-
magnético mercial de arsênio, para uso na industria química (her-
Composição e estrutura: α Fe sempre contém bicidas, inseticidas) e em ligas, vem de outros minerais
algum Ni e frequentemente pequenas quantidades de como arsenopirita (FeAsS), enargita (Cu3AsS4) e tenantita
Co, Cu, Mn, S, C. kamacita: pode conter até 5,5 % em (Cu12As4S13)
peso de Ni Taenita: teor de Ni variável, de 27% a 65%
em peso α Fe e kamacita: cúbico de corpo centrado Ta- 3.1.7. ENXOFRE – S
enita: cúbico de face centrada. Estrutura cúbica com-
pacta Paragênese e usos: Fe nativo é extremamente
raro em materiais terrestres. Em alguns meteoritos,
kamacita e taenita estão associadas à troilita (FeS). As
principais fontes de ferro para a indústria são os mine-
rais da classe dos óxidos (hematita, magnetita).

Figura 19: Enxofre nativo

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Dados cristalográficos: ortorrômbico, 2/m 2/m uma aparência graxosa. Alto índice de refração (n=2,42),
2/m brilho forte.
Hábito: cristais comuns, tipicamente piramidais Cor: amarelo pálido, incolor, tons pálidos de ver-
(combinações de dipiramides, prisma e pinacóide basal). melho, laranja, verde, azul e marrom. Tons mais escuros
Massas irregulares imperfeitamente cristalizadas (reni- são raros. Carbonado é preto ou preto acinzentado (não
formes, estalactites, incrustações, terroso). tem clivagem, é opaco e menos brilhante que os cristais).
Propriedades físicas: Composição e estrutura: puro Carbono
Fratura: conchoidal a imperfeita Paragênese e usos: diamante ocorre em rochas
Dureza: 1,5 a 2,5 ígneas alcalinas (kimberlitos, lamproitos), e em depósitos
Peso específico: 2,05 a 2,09 sedimentares do tipo aluvião. Além do uso como gema,
Brilho: resinoso diamante possui várias aplicações industriais, como abra-
Quebradiço sivo e na fabricação de instrumentos de corte e polimen-
Cor: amarelo enxofre to. O diamante pode ser sintetizado em escala comercial,
Pobre condutor de calor. e a maior parte do total do diamante consumido no mun-
Composição e estrutura: enxofre nativo pode do tem origem artificial. Os processos de fabricação de
conter pequenas quantidades de Se em substituição ao S. diamante ainda não conseguem, entretanto, competir
Paragênese e usos: S nativo é encontrado em comercialmente com as gemas naturais de boa qualida-
regiões de vulcanismo recente e também em sequências de.
sedimentares que contém sulfatos junto com matéria or-
gânica (associado à anidrita, gipsita e carbonatos). O en- 3.1.9. GRAFITA – C
xofre e os compostos de enxofre são utilizados em uma
variada gama de processos industriais como a produção
de fertilizantes, inseticidas, borracha, sabão, tecidos, pa-
pel, couro, tintas, corantes, explosivos, medicamentos,
plásticos, etc.

3.1.8. Diamante – C

Figura 21:Grafita nativa


Figura 20:Diamante nativo octaedro, proveniente do Zimbawe. 10 mm
Dados cristalográficos: hexagonal, 6/m 2/m 2/m
Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m Hábito: cristais tabulares hexagonais com proe-
Hábito: cristais geralmente octaédricos, mas po- minente plano basal. Geralmente em massas foliadas ou
dem ser cúbicos e dodecaédricos. Faces curvas são co- escamosas, pode ser radial ou granular.
muns. Propriedades físicas:
Propriedades físicas: Clivagem: {0001} perfeita
Clivagem: {111} perfeita Dureza: 1,0 a 2,0
Dureza: 10 Peso específico: 2,23
Peso específico: 3,51 Brilho: metálico
Brilho: adamantino. Cristais não cortados tem Cor e traço: preto

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Sensação graxosa. Flexível, mas não elástico (foliável) Propriedades físicas:


Composição e estrutura: Carbono, com impure- Clivagem: {110} pobre
zas de óxido de ferro, argilas ou outros minerais. Dureza: 2,5-3,0
Paragênese e usos: A grafita natural ocorre prin- Peso específico: 5.5 – 5.8
cipalmente em rochas metamórficas e, mais raramente, Brilho: metálico
em pegmatitos, diques e veios associados com rochas íg- Cor: cinza chumbo brilhante oxida facilmente de-
neas. Além do grafite usado no lápis (mistura de grafita senvolvendo coloração preta sem brilho.
e argila), o mineral é usado na fabricação de refratários Traço: preto acinzentado
(moldes de fundição), lubrificantes, tintas, eletrodos, Composição: Cu 79,8% e S 20,2%. Pode conter
equipamentos elétricos, etc. pequenas quantidades de Ag e Fe.

3.2. CLASSE DOS SULFETOS 3.2.2. BORNITA – Cu5FeS4

Com o estudo da classe dos sulfetos damos início


a um trabalho mais sistemático de identificação macros-
cópica. Em decorrência disso você vai precisar ter sempre
à mão (e usar) os seguintes equipamentos:
- Lupa
- Imã
- Placa de porcelana
- Canivete
A classe dos sulfetos é muito importante porque
inclui grande número de minerais minério. A fórmula ge- Figura 23: Bornita nativa
ral dos sulfetos pode ser expressa como XmZn, na qual
o X representa o elemento metálico e o Z o elemento Dados cristalográficos: tetragonal, 2m (abaixo de
não metálico. Seguindo a orientação de Klein & Hurlbut 228 oC), isométrico 4/m 2/m (acima de 228 oC).
(1985) os minerais listados abaixo estão organizados em Hábito: A mais comum forma do mineral é tetra-
ordem decrescente da razão X:Z. gonal. Cristais octaédricos, dodecaédricos e pseudocúbi-
cos são raros. Geralmente maciço
3.2.1. CALCOCITA – Cu2S Propriedades físicas:
Dureza: 3
Peso específico: 5,06 – 5,08
Brilho: metálico
Cor: bronze amarronzado em superfície fresca,
mas oxida rapidamente para tons azuis e roxos e final-
mente para preto.
Traço: preto acinzentado.
Composição e estrutura: Cu 63,3%, Fe 11,2% e S
25,5% para Cu5FeS4 estequiométrico, mas extensa solu-
ção sólida no sistema Cu-Fe-S ocorre. A estrutura de alta
temperatura é relativamente complexa, com átomos de
Figura 22: Calcopirita nativa
enxofre ocupando os vértices e centros de faces de um
arranjo cúbico do tipo F, os átomos de Cu e Fe estão então
Dados cristalográficos: Monoclínico, pseudo-
tetraédricamente coordenados ou S. A estrutura de baixa
-ortorrômbico, 2/m ou m (abaixo de 105 oC); hexagonal
T é derivada da estrutura de alta T apenas apresentando
(acima de 105 oC ).
uma série de defeitos.
Hábito: cristais são incomuns, geralmente pe-
Alteração: altera facilmente para covelita e calco-
quenos e tabulares com formas hexagonais. Mais comu-
cita.
mente maciço e de granulação fina.

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3.2.3. GALENA – PbS Hábito: Tetraedros, dodecaedros e cubos são


formas comuns, mas os cristais são frequentemente alta-
mente complexos mal formados ou em agregados arre-
dondados, mostram geminação polissintética em {111}.
Geralmente encontrados em massas quebráveis, de gra-
nulação fina a grosseira. Compactos, botrioidais, cripto-
cristalino.
Propriedades físicas:
Clivagem: {011} perfeita, mas a maioria dos cris-
tais é muito fina para que a clivagem possa ser observa-
da.
Dureza: 3,5 – 4,0
Figura 24: Galena nativa Peso específico: 3,9 – 4,1
Brilho: não metálico e resinoso a sub-metálico,
Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m
também adamantino.
Hábito: geralmente em cubos, algumas vezes
Cor: incolor quando puro, e verde quando quase
truncados por octaedros. Dodecaedros e trioctaedros são
puro. Geralmente amarelo, preto, marrom, ficando mais
raros.
escuro com o aumento do teor de Fe. Também vermelho.
Propriedades físicas:
Transparente a translúcido.
Clivagem: {001} perfeita
Traço: branco a amarelo e marrom
Dureza: 2,5
Composição e estrutura: Zn 67% e S 33% quando
Peso específico: 7,4 – 7,6
puro. Quase sempre contém Fe, sendo que a quantidade
Brilho: metálico
desse metal depende da temperatura e da composição
Cor: cinza chumbo
química do ambiente de formação. Se Fe está em exces-
Traço: cinza chumbo
so (normalmente indicado pela presença de pirrotita), a
Composição e estrutura: Pb 86,6% e S 13,4%. Ag
quantidade de FeS na esfalerita pode atingir 50% molal.
está normalmente presente em solução sólida ou como
Mn e Cd ocorrem em pequenas quantidades em solução
inclusões de minerais de prata, tais como acantita e tetra-
sólida. A estrutura da esfalerita é similar à estrutura do
edrita. Inclusões devem também ser responsáveis pelas
diamante, com metade dos átomos de carbono substituí-
pequenas quantidades de Zn, Cd, Sb, As e Bi presentes.
dos por Zn e a outra metade por S.
Selênio pode substituir S. Galena tem a mesma
estrutura do NaCl, com Pb no lugar de Na e S no lugar de
3.2.5. CALCOPIRITA – CuFeS2
Cl.
Alteração: Galena oxida para anglesita (PbSO4) e
cerussita (PbCO3)

3.3.4. ESFALERITA – ZnS

Figura 26: Calcopirita nativa

Dados cristalográficos: tetragonal, 2 m


Hábito: geralmente apresenta um aspecto tetra-
edral com dominância do diesfenóide. Geralmente maci-
ça.
Propriedades físicas:
Figura 25: Esfalerita nativa Dureza: 3,5 – 4,0
Dados cristalográficos: isométrico, 3 m Peso específico: 4,1 – 4,3

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Brilho: metálico 400 oC) que é caracterizado por simetria hexagonal. A mais
Cor: amarelo, frequentemente oxida apresentan- baixa temperatura o campo de estabilidade da pirrotita é
do uma coloração bronze ou iridescente. mais restrito e a variedade hexagonal única dá lugar a vários
Traço: preto esverdeado tipos hexagonais e monoclínicos. A variedade monoclínica é
Composição e estrutura: Cu 34,6 %, Fe 30,4% estável de 0oC até 254 oC, quando inverte-se para hexagonal.
e S 35,0%. Desvia-se muito pouco da composição ide- A estrutura da pirrotita é bastante complexa, onde os átomos
al CuFeS2. Estrutura derivada da estrutura da esfalerita de S estão arranjados em empacotamento fechado aproxi-
onde metade do Zn está substituído por Cu e a outra me- madamente hexagonal.
tade por Fe, esse efeito leva ao duplicamento da célula
unitária. 3.2.7. PENTLANDITA – (Fe,Ni)9S8
Alteração: Calcopirita é a principal fonte de cobre
para os minerais secundários malaquita, azurita, covelita,
calcocita e cuprita. Concentração de cobre em zonas de
enriquecimento supergênico são frequentemente o re-
sultado de tal alteração e remoção de cobre em solução
com sua deposição subsequente.

3.2.6. PIRROTITA – Fe1-xS

Figura 28: Pentlandita nativa

Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m


Hábito: Maciço, geralmente em agregados gra-
nulares com partição octaédrica.
Propriedades físicas:
Partição: {111}
Dureza: 3,5 – 4,0
Figura 27: Pirrotita nativa Peso específico: 4,6 – 6,0
Brilho: metálico
Dados cristalográficos: monoclínica, 2/m para Cor: bronze amarelado
variedade de baixa temperatura, estável abaixo de 250 Traço: marrom claro
oC ; hexagonal 6/m 2/m 2/m para forma de alta tempera- Composição e estrutura: (Fe,Ni)9S8, geralmente
tura. a razão Fe:Ni é próxima de 1:1. Geralmente contém pe-
Hábito: Cristais hexagonais, geralmente tabula- quenas quantidades de Co. A estrutura da pentlandita é
res ou piramidais indicam cristalização como polimorfo muito complicada, trata-se de uma estrutura cúbica de
de alta temperatura. face centrada, onde os átomos metálicos estão em coor-
Propriedades físicas: denação octaédrica e tetraédrica com S. Pura (Fe,Ni)9S8
Dureza: 4,0 sem Co é estável até 610 oC no sistema Fe-Ni-S. Pentlan-
Peso específico: 4,58 – 4,65 dita com até 40,8 % de Co é estável até 746 oC. Geralmen-
Brilho: metálico te ocorre como lamelas de exsolução na pirrotita.
Cor: bronze amarronzado
Traço: preto 3.2.8. COVELITA – CuS
Magnética, mas de variável intensidade, quanto
maior o teor de ferro, menor o magnetismo.
Composição e estrutura: A maioria das pirrotitas
tem deficiência em ferro em relação ao S, como indicado
pela fórmula Fe1-xS, onde x fica normalmente entre 0,0 e
0,2. Solução sólida completa entre FeS (com 50% de Fe) e
pirrotita com 44,9% de Fe existe no campo de estabilidade
de alta temperatura (entre 1190 oC, temperatura de fusão e Figura 29: Covelita nativa

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Dados cristalográficos: hexagonal, 6/m 2/m 2/m. Cor: vermelho quando puro a vermelho amar-
Hábito: raramente como cristais hexagonais ta- ronzado quando impuro. Transparente a translúcido
bulares. Geralmente maciça recobrindo ou disseminada Traço: vermelho
com outros minerais de Cu. Composição e estrutura: Hg 86,2%, S 13,8%, com
Propriedades físicas: pequenas variações no teor de Hg. Se e Te podem subs-
Clivagem: {0001} perfeita tituir S. Geralmente impuro misturado com argilas, óxido
Dureza: 1,5 – 2,0 de ferro e bitume. A estrutura do cinábrio difere de todo
Peso específico: 4,6 – 4,76 e qualquer sulfeto, é baseada em espiral infinita de Hg-
Brilho: metálico -SHg que se estende ao longo do eixo “c” cristalográfico.
Cor: azul índigo ou mais escura
Traço: preto a cinza chumbo 3.2.10. REALGAR – AsS
Composição e estrutura: Cu 66,4%, S 33,6%. Uma
pequena quantidade de Fe pode estar presente. A estru-
tura da covelita é muito complexa, um tipo de átomo de
Cu está tetraedricamente coordenado com S, sendo que
dos vértices do tetraedro formam camadas. Um segundo
tipo de Cu está em coordenação trigonal com o S, dando
origem a camadas planares. A excelente clivagem {0001}
é paralela a essa estrutura acamadada. Covelita é estável
até 507 oC.

3.2.9. CINÁBRIO – HgS Figura 31: Realgar nativo

Dados cristalográficos: monoclínico, 2/m


Hábito: cristais prismáticos curtos geralmente es-
triados. Frequentemente de granulação grosseira a fina,
muitas vezes terroso e como incrustações.
Propriedades físicas:
Clivagem: {010} boa
Dureza: 1,5 – 2,0
Peso específico: 3,48
Brilho: resinoso
Cor: vermelho a laranja; transparente a translúci-
Figura 30: Cinábrio nativo do.
Traço: vermelho a laranja
Dados cristalográficos: hexagonal (trigonal), (po- Composição e estrutura: As 70,1, S 29,9. A estru-
limorfo de baixa temperatura, estável até aproximada- tura do realgar é caracterizada por anéis de As4S4, simila-
mente 344 oC); isométrico, (polimorfo de alta temperatu- res aos anéis de S8 no enxofre nativo. Todos os As estão
ra, conhecido como metacinábrio). ligados covalentemente a outro As e a 2 átomos de S.
Hábito: cristais geralmente romboédricos apre-
sentando geminação penetrativa. Faces trapezoedrais 3.2.11. OUROPIGMENTO – As2S3
são raras. Geralmente de granulação fina, maciço, tam-
bém terroso, como incrustações e disseminações através
da rocha.
Propriedades físicas:
Clivagem: {1010} perfeita
Dureza: 2,5
Peso específico: 8,10
Brilho: adamantino quando puro, até terroso
Figura 32: Ouropigmento nativo
quando impuro.

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Dados cristalográficos: monoclínico, 2/m Cu. A estrutura da estibnita é definida por cadeias em zi-
Hábito: cristais pequenos tabulares ou prismáti- gzag de átomos de Sb e S que são paralelas ao eixo “c”
cos curtos. cristalográfico. A distância entre Sb-S nas cadeias varia
Propriedades físicas: de 2,5 a 3,6 Å. Os prismas longos, estriados de estibnita
Clivagem: {010} perfeita são paralelos a esta estrutura em cadeia (//c). A clivagem
Dureza: 1,5 – 2,0 {010} ocorre entre cadeias Sb-S.
Peso específico: 3,49
Brilho: resinoso, nacarado na face de clivagem. 3.2.13. PIRITA – FeS2
Cor: amarelo limão
Traço: amarelo pálido
Composição e estrutura: As 61,0%, S 39,0 %.
Contém até 2,7 % de Sb. Pirâmides trigonais de As S3 di-
videm vértices formando anéis de seis membros. Esses
anéis estão ligados formando uma estrutura em camadas
enrugadas de As2S3. As ligações dentro das camadas são
de natureza residual. A clivagem {010} perfeita é paralela
a essas camadas.

3.2.12. ESTIBNITA – Sb2S3

Figura 34: Pirita nativa

Dados cristalográficos: isométrico, 2/m .


Hábito: frequentemente em cristais, as formas
mais comuns incluem o cubo, o piritoedro e o octaedro.
Também maciço, granular, reniforme, globular, estalactí-
tico.
Figura 33: Estinibita nativa
Propriedades físicas:
Fratura: conchoidal
Dados cristalográficos: ortorrômbico, 2/m 2/m
Dureza: 6,0 – 6,5
2/m
Peso específico: 5,02
Hábito: prismático, zonas prismáticas vertical-
Brilho: metálico
mente estriadas. Cristais frequentemente com termina-
Cor: amarelo pálido, podendo ser mais escura
ções marcantes e algumas vezes curvadas ou dobradas.
devido à oxidação
Grupos de cristais radiais ou em forma de lâminas com
Traço: preto amarronzado a esverdeado.
clivagem proeminente são comuns. Maciço de granula-
Composição e estrutura: Fe 46,6 %, S 53,4%.
ção grosseira a fina.
Pode conter pequenas quantidades de Ne e Co. A com-
Propriedades físicas:
pleta solução sólida ocorre entre bravoita (Fe,Ni)S2 e piri-
Clivagem: {010} perfeita, com estrias paralelas a
ta. Pode conter pequenas quantidades de Au e Cu como
{100}
impurezas microscópicas. A estrutura da pirita pode ser
Dureza: 2,0
considerada como uma estrutura modificada da estrutu-
Peso específico: 4,52 – 4,62
ra do NaCl com Fe na posição do Na e S2 na posição do Cl.
Brilho: metálico, brilho intenso na superfície de
Alteração: pirita altera facilmente para óxidos de ferro,
clivagem.
geralmente limonita. Cristais pseudomorfos de pirita são
Cor: preto a cinza chumbo
comuns.
Traço: preto a cinza chumbo
Composição e estrutura: Sb 71,4%, S28,6%. Po-
dem ocorrer pequenas quantidades de Au, Ag, Fe, Pb e

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3.2.14. MARCASITA – FeS2 curtos. Comumente foliados, maciços ou em escamas.


Propriedades físicas:
Clivagem: {0001} perfeita, laminada, flexível mas
não elástica.
Dureza: 1,0 – 1,5
Peso específico: 4,62 – 4,73
Brilho: metálico
Cor: cinza chumbo
Traço: preto a cinzento
Composição e estrutura: Mo 59,9 %, S 40,1%, de
composição constante. Na estrutura da molibdenita uma
folha de átomos de Mo está ensanduichada entre duas
folhas de átomos de S, as três folhas juntas definem uma
Figura 35: Marcasita nativa estrutura em camadas. As forças de ligações nas folhas
são muito mais fortes do que as forças de ligações entre
Dados cristalográficos: ortorrômbico, 2/m 2/m as folhas, dando origem à excelente clivagem {0001}.
2/m
Hábito: cristais normalmente tabulares {010}. Al- 3.2.16. ARSENOPIRITA – FeAsS
gumas vezes prismáticos {001}. Frequentemente gemina-
dos. Geralmente em formas radiais. Formas estalactíticas
geralmente com um centro com estrutura radial e cober-
to com grupos de cristais irregulares. Também globular e
reniforme.
Propriedades físicas:
Dureza: 6,0 – 6,5
Peso específico: 4,89
Brilho: metálico
Cor: amarelo bronze pálido até quase branco na Figura 37: Arsenopirita nativa
superfície de fratura. Oxida para amarelo a marrom.
Traço: preto acinzentado. Dados cristalográficos: monoclínico, 2/m, pseu-
Composição: composição constante FeS2, poli- do-ortorrômbico.
morfo de pirita. O campo de estabilidade de pirita e mar- Hábito: cristais comumente alongados ao longo
cassita não está bem definido, mas considerando as ocor- do eixo cristalográfico “c” e menos comumente ao longo
rências geológicas marcasita parece indicar mais baixa do “b”. Geminação ao longo de {100} e {001} produz cris-
temperatura de formação do que pirita. tais pseudoortorrômbicos, geminação ao longo de {110}
gera geminação de contato ou penetração.
3.2.15. MOLIBDENITA – MoS2 Propriedades físicas:
Clivagem: {101} pobre
Dureza: 5,5 – 6,0
Peso específico: 6,07
Brilho: metálico
Cor: branco prata
Traço: preto
Composição e estrutura: composição próxima a
FeAsS, com pequena variação no conteúdo de As e S, va-
riando de FeAs0,9S1,1 e FeAs1,1S0,9. Co pode substituir
Figura 36: Molibidenita nativa parte do Fe e uma série estende-se até glaucodota, (Co,
Fe)AsS. A estrutura da arsenopirita é derivada da estrutu-
Dados cristalográficos: hexagonal, 6/m 2/m 2/m ra da marcasita na qual metade do S está substituída por
Hábito: cristais em placas hexagonais ou primas As.

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3.3. CLASSE DOS ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS ou pela substituição acoplada de Fe2+ + Ti4+ no sítio octaé-
drico.
Óxidos formam um grupo de minerais caracteri- •Espinélios de estrutura normal:
zados por combinação de oxigênio com um ou mais me- Espinélio Mg Al3+2O4
tais. As características gerais dos minerais desta classe in- Hercinita Fe Al3+2O4
cluem dureza e densidade relativamente alta, e o fato de Gahnita Zn Al3+2O4
que várias espécies são relativamente refratárias. Óxidos Galaxita Mn Al3+2O4
são amplamente distribuídos. Ocorrem em rochas ígneas, Franklinita Zn Fe3+2O4
metamórficas e sedimentares, em proporções acessórias Cromita Fe2+ Cr3+2O4
ou formando minérios. São os principais minérios de Fe, Magnesiocromita Mg Cr3+2O4
Cr, Mn, Sn e U, mas também ocorrem associados a outros • Espinélios de estrutura invertida
tipos de minérios (como sulfetos, por exemplo). As carac- Magnetita Fe3+ (Fe2+,Fe3+)O4
terísticas gerais dos minerais desta classe incluem dureza Magnesioferrita Fe3+ (Mg2+,Fe3+)O4
e densidade relativamente alta, e o fato de que várias es- Jacobsita Fe3+ (Mn2+,Fe3+)O4
pécies são relativamente refratárias. As ligações químicas Ulvoespinélio Fe2+ (Fe2+ , Ti4+ )O4
nos óxidos são em geral fortemente iônicas (ao contrário Crisoberilo BeAl2O4
dos sulfetos, que tipicamente tem ligações mistas: iônica, Columbita-Tantalita (Fe, Mn)(Nb, Ta)2O6
covalente e metálica) •Outros
Criptomelano KMn8O16
3.3.1. ÓXIDOS Alguns dos principais minerais representantes
desta classe são descritos abaixo.
Os óxidos podem ser classificados de acordo com
o tipo químico, em função da razão metal/oxigênio. Os 3.3.2.CUPRITA -Cu2O
seguintes grupos podem ser reconhecidos:
• X2O - Cuprita . Cu2O
• XO - Zincita . ZnO
•X2O3 - Grupo da Hematita:
Corindon . Al2O3
Hematita . Fe2O3
Ilmenita . FeTiO3
• XO2- Grupo do Rutilo
Rutilo - TiO2
Pirolusita . MnO2
Figura 38: Cuprita nativa
Cassiterita . SnO2
Uraninita . UO2
•XY2O4 - Grupo do espinélio: Dados cristalográficos: isométrico 4/m 2/m
Hábito: comumente ocorre em cristais cúbicos,
A fórmula dos espinélios pode ser expressa em octaédricos ou dodecaédricos, frequentemente em com-
termos de cela unitária como X8Y16O32, onde os cátions binação. Algumas vezes como cristais capilares alonga-
podem estar em posições tetraédricas (X) ou octaédricas dos.
(Y). Dois tipos de estrutura são reconhecíveis. Propriedades Físicas :
Nos espinélios de estrutura normal, oito átomos Dureza: 3,5 . 4,0
do tipo X ocupam as oito posições tetraédricas e os áto- Densidade relativa: 6,1
mos do tipo Y ocupam os 16 sítios octaédricos, sendo Brilho: metálico-adamantino em variedades per-
representados pela formula X8Y16O32. Nos espinélios de feitamente cristalizadas
estrutura invertida, oito átomos do tipo Y ocupam os oito Cor: vários tons de vermelho; pode ser transpa-
sítios tetraédricos, gerando uma fórmula do tipo Y(YX)O4. rente
Os espinélios de estrutura invertida são caracterizados Traço: vermelho amarronzado
pela presença de cations trivalentes no sítio tetraédrico Composição e estrutura: Geralmente puro, mas
FeO pode estar presente como impurezas.

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Estrutura: átomos de oxigênio ocupam o centro pegmatitos, rochas metamórficas (mármores, xistos,
e os vértices de um tetraedro. Cobre ocupa posição inter- gnaisses), depósitos sedimentares residuais ou transpor-
mediária (metade do caminho) entre 2 átomos de oxigê- tados (resistente ao intemperismo e erosão). Produzido
nio. artificialmente em escala industrial. Usos: gema e abra-
Ocorrência e usos: Ocorre na zona oxidada de sivo.
depósitos de cobre, associada com limonita, Cu nativo,
malaquita, azurita, crisocola. 3.3.4. HEMATITA. Fe2O3

3.3.3. CORINDON . Al2O3

Figura 40: Hematita nativa

Dados cristalográficos: hexagonal (trigonal), 2/m


Hábito: cristais comumente finos a espessos, ta-
bulares segundo {0001}. Planos basais mostram marcas
triangulares, sendo que nas bordas destas placas podem
Figura 39: Coridon nativo
se desenvolver romboedros. A associação de placas finas
pode levar ao desenvolvimento de rosetas. Também bo-
Dados cristalográficos: hexagonal (trigonal), 2/m
trioidal a reniforme. Pode ser foliado e micáceo (varieda-
Hábito: cristais comumente tabulares segundo de especularita).
{0001} ou prismáticos {11 0}.Frequentemente como bi- Frequentemente terroso. Também chamada de
pirâmides hexagonais achatadas, arredondadas na forma martita, quando ocorre como substituição pseudomórfi-
de barris com estrias profundas horizontais. Pode apre- ca de cristais octaédricos de magnetita.
sentar faces romboédricas. Geralmente maciço ou crista- Propriedades físicas:
lizado grosseiramente. Geminação polissintética comum Partição: {1011}, gerando ângulos próximos a
segundo {10 1} e {0001}. 90o, mais raramente {0001}
Propriedades Físicas Dureza: 5,5 . 6,5
Partição: {10 1}, gerando ângulos próximos de Densidade relativa: 5,26, para cristais
90o e {0001}. Partição prismática mais rara. Brilho: metálico em cristais, Especular na varie-
Dureza: 9 dade especularita.
Densidade relativa: 4,02 Cor: marrom avermelhado a preto.
Brilho adamantino a vítreo. Traço: vermelho claro a vermelho escuro.
Cor: Variável, geralmente tons de marrom, rosa Composição e estrutura: Fe 70%, O 30%. Essen-
ou azul, ou incolor. Algumas variedades coloridas são usa- cialmente pura, quando formada a baixa temperatura
das como gemas (Rubi vermelho, Safira azul ou varieda- (embora possa conter pequenos teores de Mn e Ti. For-
des gemológicas de outra cor que não vermelho). ma solução sólida completa com a ilmenita acima de 950
Composição e estrutura: Al 52,9 %, O 47,1 %. o
C . Estrutura similar à do Corindon.
A estrutura consiste de um empacotamento hexagonal Ocorrência e usos: Ocorre em uma ampla varie-
compacto de O e Al em coordenação octaédrica. Dois dade de rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. É
terços do octaedro são ocupados por Al e 1/3 está de- o principal minério de ferro para a indústria siderúrgica,
socupado. Ocorrência e usos: Ocorre como um mineral mas em geral os depósitos precisam ser grandes (várias
acessório (isto é, em pequenas quantidades) em rochas dezenas de milhões de toneladas) para ter importância
ígneas deficientes em sílica (sienitos, nefelina-sienitos), econômica.

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3.3.5. ILMENITA . FeTiO3 Dados cristalográficos: tetragonal 4/m 2/m 2/m


(anatásio e brookita são polimorfos tetragonal e ortor-
rômbico, respectivamente).
Hábito: cristais geralmente prismáticos, com ter-
minações bipiramidais e faces prismáticas verticalmente
estriadas. Germinação em joelho é comum. Cristais finos
aciculares. Também compacto e maciço.
Propriedades físicas:
Clivagem: {110} distinta
Dureza: 6,0 . 6,57
Densidade relativa: 4,18 . 4,25
Brilho: adamantino a sub-metálico
Figura 41: Ilmenita nativa
Cor: vermelho, preto a marrom avermelhado
Traço: marrom pálido Geralmente translúcido,
Dados cristalográficos: hexagonal (trigonal)
pode ser transparente
Hábito: cristais normalmente tabulares espessos
Composição e estrutura: Ti 60%, O 40%. Embora
com proeminentes planos basais e truncados por rombo-
rutilo seja essencialmente TiO2, algumas análises repor-
edros. Frequentemente em placas finas. Geralmente ma-
tam a presença de Fe2+ , Fe3+, Nb e Ta. Na estrutura do ru-
ciço e compacto, também em grãos ou como areia.
tilo, Ti4+ está localizado no centro de octaedros de oxigê-
Propriedades físicas:
nio, os quais são unidos pelas arestas, formando cadeias
Dureza: 5,5 . 6,0
de octaedros paralelas ao eixo c. As cadeias são ligadas
Densidade relativa: 4,7
entre si pelos vértices dos octaedros.
Brilho: metálico a sub-metálico
Ocorrência e usos: Rutilo ocorre em granitos,
Cor: preto
pegmatitos, mármores e dolomitos, e em areias negras.
Traço: preto a marrom-avermelhado escuro
Também pode ser produzido artificialmente. Fonte de ti-
Composição e estrutura: Fe 36,8%, Ti 31,6 %, O 31,6%
tânio, mais raramente aproveitado como gema.
para ilmenita estequeométrica. A fórmula pode ser mais rea-
listicamente expressa como (Fe,Mg,Mn)TiO3, com substituição
3.3.7. PIROLUSITA . MnO2
limitada de Fe por Mg e Mn. A ilmenita pode conter quantida-
des limitadas de Fe2O3 (menos de 6% em peso) a temperatura
ordinária. Acima de 950 oC existe uma solução sólida completa
entre Fe2O3 e FeTiO3. Estrutura similar à do corindon e da he-
matita, com Fe e Ti alternandose em camadas com coordena-
ção octaédrica perpendiculares ao eixo c.
Ocorrência e usos: Ocorre como acessório em ro-
chas ígneas, podendo estar concentrado em segregações
com magnetita em rochas em rochas ígneas básicas a inter-
mediárias plutônicas. Em areias negras, com magnetita, ruti-
lo, zircão e monazita. Pode ser uma fonte de titânio.

3.3.6. RUTILO . TiO2

Figura 43: Pirolusita nativa

Dados cristalográficos: tetragonal, 4/m 2/m


2/m Hábito: raramente como cristais bem desenvolvi-
dos, geralmente como fibras ou colunas radiais. Tam-
bém maciço, granular, ou em formas dendríticas ou
reniformes finamente intercrescido com outros óxidos
Figura 42: Rutilo com hemaita na forma nativa
de Mn.

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Propriedades físicas: Composição e estrutura: Sn 78,6 %, O 21,4%. Pe-


Clivagem: {100} perfeita. quenas quantidades de Fe3+ podem estar presentes, e pe-
Dureza: baixa (1,0 . 2,0) . suja os dedos. Quando quenas quantidades de Nb e Ta substituem Sn. Estrutura
bem cristalizada (polianita) tem dureza bem mais alta (6- igual à do rutilo.
6,5). Ocorrência e usos: Ocorre como acessório em
Densidade relativa: 4,75 granitos e pegmatitos, ou mais frequentemente como
Brilho: metálico produto de processos hidrotermais associados a intru-
Cor: preto sões graníticas (associada a minerais portadores de F ou
Traço: preto B, como turmalina, topázio, fluorita, apatita). É o princi-
Composição e estrutura: Mn 63,2 %, O 36,8 %, pal minério de estanho.
comumente contém também alguma H2O. Estrutura igual
à do rutilo, com Mn em coordenação com oxigênio. 3.3.9. URANINITA . UO2
Ocorrência e usos: A pirolusita é geralmente um
produto de dissolução de pequenas quantidades de Mn
presentes em rochas ígneas e metamórficas, e sua pre-
cipitação em ambientes sedimentares. É o mais comum
minério de manganês, importante principalmente para a
indústria siderúrgica.

3.3.8. CASSITERITA . SnO2

Figura 45: Uraninita nativa

Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m


Hábito: cristais geralmente octaédricos, subordi-
nadamente faces cúbicas e dodecaédricas se desenvol-
vem. Mais comumente maciço ou botrioidal com estru-
Figura 44: Cassiterita na forma nativa tura bandada = variedade pitchblenda.
Propriedades físicas:
Dados cristalográficos: tetragonal, 4/m 2/m 2/m Dureza: 5,5
Densidade relativa: 7,5 a 9,7 para cristais; 6,5 a
Hábito: formas comuns são prismas {110} e {010} 9,0 para pitchblenda. A densidade relativa diminui com
e as bipirâmides {111} e {011}. Geralmente apresenta a oxidação de U4+ para U6+ Brilho: sub-metálico a sem
geminação em joelho (plano de geminação {011}). Geral- brilho
mente granular maciço, comumente formas reniformes, Cor: preto
com aparência fibrosa radial (estanho madeira). Traço: preto amarronzado.
Propriedades físicas: Composição e estrutura: uraninita está sempre
Clivagem: {010} imperfeita parcialmente oxidada, então a composição oscila entre
Dureza: 6,0 . 7,0 UO2 e U3O8 (= U4+O2 + U6+O3). Th pode substituir o U
Densidade relativa: alta (6,8 . 7,1) e uma série completa entre uraninita e thorianita (ThO2)
Brilho: adamantino a sub-metálico já foi preparada sinteticamente. Além de Th, pequenas
Cor: geralmente preto a marrom, raramente quantidades de Pb, Ra, Ce, Y, N, He e Ar) podem estar
amarelo ou branco presentes. O chumbo ocorre como um dos dois isótopos
Traço: branco Geralmente translúcida, raramente estáveis (206Pb ou 207Pb) que resultam do decaimento ra-
transparente dioativo do U. As estruturas da uraninita e da thorianita

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são semelhantes à da fluorita, onde o oxigênio ocupa o 3.3.11. CROMITA . FeCr2O4


lugar do fluor e o metal ocupa o lugar do Ca.
Ocorrência e usos: Ocorre como um constituin-
te primário raro de rochas graníticas, também em veios
hidrotermais de alta temperatura (associada com cassite-
rita, calcopirita, pirita e arsenopirita) ou média tempera-
tura (com prata nativa e minerais de Co-Ni-As). É o princi-
pal, embora não o único, minério de urânio.

3.3.10. MAGNETITA . Fe3O4

Figura 47: Cromita nativa

Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m


Hábito: cristais octaédricos, mas geralmente pequenos e
raros. Comumente maciço granular a compacto.
Propriedades físicas:
Dureza: 5,5
Densidade relativa: 4,6
Figura 46: Magnetita nativa
Brilho: metálico a sub-metálico.
Cor: preto a preto-amarronzado
Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m Traço: marrom escuro
Hábito: cristais geralmente octaédricos, rara- Sub-translúcida
mente dodecaédricos. Também granular maciço, gros- Composição e estrutura: quando pura, FeO 32,0
seiro a fino. % e Cr2O3 68,0 %. Mg está sempre presente, substituindo
Propriedades físicas: Fe2+ , e Al e Fe3+ sempre substituem o cromo. Extensa so-
Partição: octaédrica é comum em muitos cris- lução sólida existe entre cromita e magnesiocromita (Mg-
tais Cr2O4).
Dureza: 6,0 Ocorrência e usos: O hábito da cromita depen-
Densidade relativa: 5,18 de da origem: em serpentinitos associados a zonas de
Brilho: metálico subducção forma cristais grandes, envoltos por massas
Cor: preto de serpentina (cromita .pelede-onça.). Em complexos
Traço: preto. básicos-ultrabásicos acamadados é granular, com textu-
Fortemente magnética. ra cumulus, frequentemente em camadas. A cromita é o
Composição e estrutura: Fe 72,4% e O 27,6%. único minério de Cr, metal que tem usos importantes na
Algumas análises reportam a presença de Mn2+ e Mg usado na indústria metalúrgica, como refratário e na in-
substituindo Fe2+ , e Al, Cr, Mn3+ e Ti4+ substituindo dústria química.
Fe3+. Acima de 600 oC a solução sólida completa ocorre
entre magnetita e ulvoespinélio, Fe2TiO4.
3.4. HIDRÓXIDOS
Ocorrência e usos: Minério de Fe. Ocorre em
formações ferríferas (meta-sedimentos), em concen-
São caracterizados pela presença de grupos (OH)-
trações magmáticas (cumulados em rochas básicas e
ou moléculas de H2O, o que causa o aparecimento de
ultrabásicas, caso em que é frequentemente titanífe-
ligações químicas muito mais fracas que as dos óxidos.
ra e geralmente acompanhada de ilmenita). Também
Possuem estruturas geralmente em folhas (como as das
como produto sedimentar, em areias negras.
micas), por vezes em cadeia. As camadas ou cadeias são
unidas entre si por ligações fracas. Frequentemente for-
mam agregados botrioidais, mamelonares ou estalactíti-
cos. Em alguns casos, ocorrem como misturas, como é o

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caso da bauxita, limonita e psilomelano. Note que estas 3.4.2. MANGANITA . MnO(OH)
misturas não podem ser consideradas espécies minerais
no sentido estrito. A maioria dos hidróxidos é de origem
supergênica, formados em ambiente oxidante, como pro-
duto de alteração de outros minerais. Em alguns casos
estes produtos de alteração podem representar impor-
tantes depósitos minerais (como no caso das bauxitas) ou
indicar a presença de minerais metálicos em sub-superfí-
cie (como no caso dos chapéus de ferro).

3.4.1. BRUCITA. Mg(OH)2

Figura 49: Manganita nativa

Dados cristalográficos: monoclínico, 2/m (pseu-


do-ortorrômbico)
Hábito: cristais geralmente prismáticos paralelos
ao eixo .c. e verticalmente estriados. Frequentemente co-
lunar a fibrosos grosseiro. Geminado segundo {001}, for-
mando tanto geminações de contato quanto geminações
penetrativas.
Propriedades físicas:
Figura 48: Brucita nativa Clivagem {010} perfeita
Dureza: 4,0
Dados cristalográficos: hexagonal 2/m Densidade relativa: 4,3
Hábito: cristais geralmente tabulares segundo Brilho: metálico
{0001}, podendo apresentar truncações romboédricas. Cor: cinza chumbo a preto
Geralmente foliado, maciço. Traço: marrom escuro
Propriedades físicas: Opaco
Clivagem {0001} perfeita Composição e estrutura: Mn 62,4%; O 27,3%;
Dureza: 2,5 H2O 10,3%. A estrutura consiste de um empacotamento
Peso específico: 2,39 hexagonal fechado de oxigênio e grupos de (OH)- com
grupos Mn3+ em coordenação octaédrica com O-2 e (OH).
Brilho: perláceo na seção basal, vítreo a graxoso
Ocorrência e usos: Minério pouco importante de
nas outras faces.
Mn. Ocorre com outros óxidos e hidróxidos de manganês,
Cor: Branco, verde, amarelo. em depósitos formados por águas meteóricas. Também
Composição e estrutura: MgO 69%, H2O 31%. em veios hidrotermais de baixa temperatura, com barita,
Fe2+ e Mn2+ podem substituir o Mg. Estrutura consiste de siderita e calcita. Altera frequentemente para pirolusita.
Mg2+ octaedricamente coordenado com (OH)-, os vérti-
ces dos octaedros estão posicionados de tal forma que a 3.4.3. GOETITA . αFeO.OH
estrutura se desenvolve em camadas perpendiculares ao
eixo c.
Ocorrência e usos: ocorre associada com serpen-
tina, dolomita, magnesita e cromita. Também como pro-
duto de alteração de periclásio e silicatos de magnésio,
especialmente serpentina. Ocorre ainda em calcários e
dolomitos metamorfizados. Pode ser usada como maté-
ria prima para refratários. Pouco importante como fonte
de magnésio
Figura 50: Goetita nativa

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Dados cristalográficos: ortorrômbico 2/m 2/m Propriedades físicas:


2/m Dureza: 1,0 . 3,0
Hábito: raramente como cristais prismáticos ver- Densidade relativa: 2,0 . 2,55
ticalmente estriados. Frequentemente achatados parale- Brilho: ausente a terroso
los a {010}. Cristais aciculares. Também maciço, renifor- Cor: branco, cinza, amarelo, vermelho
me, estalactítico, em agregados fibrosos radiais. Foliados. Translúcido
Propriedades físicas: Composição e estrutura: uma mistura de óxidos
Clivagem: {010} perfeita hidratados de alumínio. Como resultado, bauxita não é
Dureza: 5,0 . 5,5 um mineral, mas na realidade uma rocha.
Densidade relativa: 4,37 quando puro, a densi- Ocorrência e usos: a bauxita tem origem super-
dade relativa pode ser reduzida devido à presença de im- gênica. Comumente é produzida pela lixiviação (retirada)
purezas. de sílica e outras substâncias a partir de rochas ricas em
Brilho: adamantino a ausente, em variedades fi- alumínio, durante intemperismo prolongado em condi-
brosas, escamosas ou de granulação fina pode apresen- ções tropicais a subtropicais. É o minério de alumínio.
tar um brilho sedoso.
Cor: marrom amarelado a marrom escuro 3.4.5. LIMONITA – Fe(OH)3.nH2O
Traço: marrom amarelado
Sub-translúcido
Composição e estrutura: Fe 62,9%, O 27%, H2O
10,1%. O conteúdo de Mn pode atingir até 5%. Varieda-
des maciças podem conter H2O adsorvida ou capilar. Es-
trutura: consiste de Fe em coordenação com oxigênio e
(OH)-, formando octaedros de FeO3(OH)3.
Ocorrência e usos: Mineral extremamente co-
mum. Ocorre em ambientes oxidantes, como produto de
alteração de minerais portadores de ferro. Forma os gos-
sans, ou chapéus de ferro, como produto de alteração su- Figura 52: Cristais de limonita
perficial de veios mineralizados com metais. Constituinte
importante das lateritas. Pode estar presente em fontes Mistura de vários hidróxidos de ferro, incluindo
ou poças d’água, formada por precipitação inorgânica ou goetita, lepidocrocita e hidrolepidocrocita, além de impu-
biogênica. rezas como matéria argilosa e quartzo.
Dados cristalográficos: mistura
3.4.4. BAUXITA . MISTURA DE DIÁSPORO . αAlO.OH; GI- Hábito: forma crostas, crostas esferulíticas, mas-
BBSITA . Al(OH)3; BOEMITA . γAlO.OH sas terrosas e ocres. Hábito oolítico é comum. Pseudo-
morfos de limonita podem substituir pirita, marcasita,
siderita e outros minerais.
Propriedades físicas: são muito variáveis, depen-
dendo da composição.
Dureza: variável de 1,0 nas variedades terrosas,
até 5,0, em variedades compactas nas quais o conteúdo
de água é desprezível.
Composição e estrutura: uma mistura de óxidos
hidratados de ferro. Não pode ser considerada um mine-
ral.
Figura 51: Bauxita nativa Ocorrência e usos: ocorre muito comumente
como produto de alteração (oxidação) de outros minerais
Dados cristalográficos: mistura ricos em Fe.
Hábito: pisolítico, em grãos concrecionários
arredondados, também maciço, terroso, parecendo
argila.

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3.4.6. PSILOMENLANO. É uma mistura de vários óxidos e Dureza: 3,0


hidróxidos de Mn, incluindo, entre outros, romanechita Peso Específico 2,71
.BaMn2+Mn4+8O16(OH)4, criptomelano - KMn8O16, manji- Brilho: vítreo a terroso
roita (Na,K)Mn8O16.nH2O, todorokita (Mn,Ca,Mg)Mn3O7. Cor: geralmente branco a incolor, mas pode ocor-
H2O rer um diferentes tonalidades: cinza, vermelho, verde,
azul, amarelo, também de marrom a preto, quando im-
puro.
Transparente a translúcido
Dupla refração em cristais incolores límpidos.
Efervesce facilmente com HCl diluido a frio
Composição e Estrutura: CaO 56% e CO2 44%.
Mn2+ Fe2+ e Mg2+ podem substituir o Ca e solução sólida
completa entre calcita e rodocrosita (MnCO3) é obser-
vada acima de 550 oC . A estrutura da calcita pode ser
interpretada como derivada da estrutura do NaCl, onde o
grupo triangular (CO3) substitui o Cl (que é esférico) e o
Ca substitui o Na.
Figura 53: Psilomelano Paragênese e Usos: a calcita é um dos minerais de
distribuição mais ampla, ocorrendo em rochas sedimen-
3.5. CLASSE DOS CARBONATOS (NITRATOS, BORATOS). tares (calcários de precipitação química ou biogênica),
metamórficas e magmáticas. Tem uma grande variedade
3.5.1. GRUPO DA CALCITA de usos, dentre os quais os mais importantes incluem
indústria agrícola (como corretivo de solo), indústria do
• CALCITA . CaCO3 cimento, indústria química, pedras ornamentais (mármo-
res), instrumentos óticos (espato de Islândia).

• MAGNESITA - MgCO3

Figura 54: Calcita

Dados Cristalográficos: trigonal 2/m


Hábito: cristais com hábito muito variável e fre-
quentemente complexos. Três hábitos importantes são: Figura 55: cristais de Magnesita
(a) prismático, prismas longos ou curtos, onde as faces
prismáticas estão bem desenvolvidas, terminações rom- Dados Cristalográficos: trigonal 2/m
boedrais ou com faces {0001} também são comuns; (b) Hábito: cristais raros (romboedrais =- {1011}).
romboedral; (c) escalenoedral, na qual escalenoedros Geralmente criptocristalino, em massas terrosas, brancas
predominam, freqüentemente com faces prismáticas e e compactas, menos frequentemente em massas granu-
truncamentos romboédricos. Todas as variações e com- lares finas a grosseiras, friáveis.
binações dos tipos descritos acima são comuns. Propriedades Físicas:
Propriedades Físicas: Clivagem {1011} perfeita
Clivagem {1011} perfeita Dureza: 3,5 . 5,0.

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Peso Específico: 3,0 . 3,2 A substituição de Fe por Ca é limitada devido à diferença


Brilho: vítreo de tamanho entre estes dois ions.
Cor: branco, cinza, amarelo, marrom Siderita é isoestrutural com calcita.
Transparente a translúcido Paragênese e Usos: A siderita ocorre mais frequentemen-
Pouco afetada por HCl diluido a frio. Efervesce te em rochas sedimentares, mais
com HCl diluido a quente. raramente em rochas metamórficas. Também como pro-
Composição e Estrutura: MgO 47,8 %, CO2 52,2 duto de alteração hidrotermal. A
%. Fe2+ substitui Mg e forma solução sólida completa que exploração de siderita como minério de Fe é importante
se estende até siderita (FeCO3). Pequenas quantidades de apenas em alguns países (Áustria e
Ca e Mn podem estar presentes. Magnesita é isoestrutu- Grã-Bretanha).
ral com calcita.
Paragênese e Usos: A magnesita é mais frequen- •RODOCROSITA - MnCO3
te como produto de alteração de rochas magmáticas ou
metamórficas ricas em magnesio, ou como produto do
metamorfismo de baixo grau de peridotitos em presença
de CO2. Ocorre ainda associada a atividade hidrotermal
e em depósitos de evaporitos. A magnesita pode ser cal-
cinada para MgO, para uso como refratário. É ainda uma
fonte de MgO para a indústria química.

• SIDERITA - FeCO3

Figura 57: Rodocrosita nativa

Dados Cristalográficos: trigonal, 2/m


Hábito: ocorre raramente como cristais romboé-
dricos, frequentemente com faces curvadas. Geralmente
maciço, granular a compacto.
Propriedades Físicas:
Clivagem {1011} perfeita
Dureza: 3,5 . 4,0
Peso específico: 3,5 . 3,7
Brilho vítreo
Figura 56: Cristais de siderita Cor: geralmente tons de rosa-vermelho. Pode ser
rosa claro a marrom escuro.
Dados Cristalográficos: trigonal 2/m Transparente a translúcida
Hábito: Cristais geralmente romboédricos, com Composição e Estrutura: MnO 61,7% e CO 2
faces curvadas. Concreções globulares. Geralmente gra- 38,3% quando pura. Fe 2+ substitui Mn e solução só-
nular. Pode ser botrioidal, compacto e terroso lida completa existe entre siderita e rodocrosita. Ca
Propriedades Físicas: pode substituir Mn. Mg pode também substituir Mn,
Clivagem: {1011} perfeita mas a série entre MnCO 3 e MgCO 3 é incompleta. Zn
Dureza: 3,5 . 4,0 pode substituir Mn. Rodocrosita é isoestrutural com
Peso Específico: 3,96 quando pura. A densidade calcita.
decresce com o aumento do teor de Mn2+ e Mg. Paragênese e Usos: Ocorre como produto de
Brilho: vítreo metassomatismo de alta temperatura, associada a outros
Cor: geralmente marrom claro a escuro minerais de manganês. Também em veios hidrotermais,
Transparente a translúcida em pegmatitos e como produto de metamorfismo de se-
Composição e Estrutura: Para puro FeCO3 tem-se FeO dimentos ricos em Mn. A rodocrosita é uma fonte pouco
62,21 % e CO2 37,9%. Mn2+ e Mg substituem Fe e solução importante de manganês, e raramente possui importân-
sólida completa se estende para rodocrosita e magnesita. cia econômica.

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SMITHSONITA . ZnCO3 Dados Cristalográficos: ortorrômbica, 2/m 2/m


2/m
Hábito: Três hábitos são comuns: (a) piramidal
acicular, consistindo de um prisma vertical terminado por
uma combinação de uma bipirâmide e um prisma {110}.
Geralmente em grupos radiais de cristais pequenos e
grandes. (b) Tabular, consistindo de proeminente {010},
modificada para {110} e um prisma curto {011}, freqüen-
temente geminado segundo {110}. (c) Em geminação
pseudo-hexagonal mostrando um prisma .hexagonal. ter-
minado por um plano basal. Estes são formados por um
Figura 58: Smithsonita nativa intercrescimento de três indivíduos geminados segundo
{110} e que têm em comum planos {001}. Esta geminação
Dados Cristalográficos: trigonal, 2/m cíclica pode ser distinguida das formas hexagonais verda-
Hábito: raramente como pequenos cristais rom- deiras porque o plano basal é estriado em três direções
boédricos ou escalenoédricos. Geralmente reniforme, diferentes. Aragonita é também encontrada em agrega-
botrioidal ou estalactítico. Incrustações cristalinas. Tam- dos reniformes, colunares e estalactíticos.
bém granular a terroso. Propriedades Físicas:
Propriedades Físicas: Clivagem: {010} distinta, {110} pobre
Clivagem {1011} perfeita Dureza: 3,5 . 4,0
Dureza 4,0 . 4,5 Peso Específico: 2,95
Peso Específico: 4,30 . 4,45 Brilho: Vítreo
Brilho Vítreo Cor: incolor, branco, amarelo pálido e vários tons.
Cor: geralmente marrom sujo. Pode ser incolor, Transparente a translúcida
branco, verde, azul ou rosa. A variedade amarela contém Composição e Estrutura: A maior parte da arago-
Cd. nita é relativamente puro CaCO3. Pequenas quantidades
Composição e Estrutura: Quando pura, ZnO 64,8 de Pb e Sr substituem Ca.
% e CO2 35,3 %. Fe2+ pode substituir Zn, mas em pequenas Paragênese e Usos: Aragonita é menos estável
quantidades, o mesmo se aplica para Mg e Ca. Pequenas do que calcita, em condições atmosféricas, e tende a re-
quantidades de Co e de Cu são encontradas nas varieda- cristalizar como calcita. Pode ser formada por precipita-
des rosa e verde azulada, respectivamente. Smithsonita é ção biogênica (conchas), ou depositada quimicamente,
isoestrutural com calcita. em um estreito intervalo de condições físico-químicas.
Paragênese e Usos: Fonte pouco importante de Encontrada também em xistos azuis (rochas metamórfi-
Zn cas formadas a baixas temperaturas e altas pressões).

3.5.2. GRUPO DA ARAGONITA • CERUSSITA PbCO3

• ARAGONITA CaCO3

Figura 60: Cristais de cerussita

Dados Cristalográficos: ortorrômbico 2/m 2/m


2/m
Figura 59: Cristal de aragonita Hábito: cristais de hábito muito variado e tam-

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bém em diferentes formas. Normalmente tabular segun- Cor: geralmente tons de rosa e bege. Pode ser in-
do {010}. Pode formar grupos reticulados, com as placas color, branco, cinza, verde, marrom ou preto. Ankerita é
cortando umas às outras, a um ângulo de 60o . Frequente- tipicamente branco amarelado, mas devido à oxidação do
mente apresenta geminação pseudo-hexagonal. Também ferro pode parecer marrom amarelado.
em agregados granulares cristalinos, fibroso, compacto Transparente a translúcida.
terroso. Reação fraca e lenta com HCl. Fragmentos gran-
Propriedades Físicas: des só dissolvem em HCl diluído a quente. Pó fino ferve
Clivagem: {110} boa, {021} razoável com HCl diluído a frio.
Dureza: 3,0 . 3,5 Composição e Estrutura:
Peso Específico: 6,55 Dolomita: CaO 30,4% MgO 21,7%, CO2 47,9%
Brilho: adamantino Ankerita: CaO 25,9% FeO 33,3 %, CO2 40,8%
Cor: incolor, branco ou cinza Dolomitas naturais desviam-se da razão Mg:Ca
Transparente a sub-translúcido 1:1, e a razão Mg:Ca varia de 52:58 até 52,5:47,5. Solução
Composição e Estrutura: a maioria das cerussitas sólida completa se estende até ankerita.
está composicionalmente muito próxima de PbCO3, onde Paragênese e Usos: Dolomita ocorre principal-
PbO =83,5 % e CO2 = 16,5 %. É isoestrutural com aragoni- mente como mineral essencial de rochas sedimentares
ta. (dolomitos) e seus equivalentes metamórficos (mármo-
Paragênese e Usos: Ocorre na zona de alte- res dolomíticos). Ankerita ocorre comumente em forma-
ração supergênica de depósitos de sulfetos de Pb e Zn ções ferríferas. Em rochas magmáticas tanto dolomita
(galena+esfalerita),onde associa-se a outros minerais quanto ankerita são raras, exceto nos carbonatitos. Do-
secundários, como anglesita, piromorfita, smithsonita e lomita e rochas dolomíticas tem ampla aplicação como
limonita. Minério deChumbo. material de construção, pedra ornamental e na produção
de alguns tipos de cimento.
3.5.3. GRUPO DA DOLOMITA
• MALAQUITA Cu2CO3(OH)2.
• DOLOMITA . CaMg(CO3) - ANKERITA - CaFe(CO3)

Figura 61: Cristais de dolomita (A) e amkerita(B).

Dados Cristalográficos: trigonal


Hábito: Dolomita - cristais geralmente romboé-
Figura 62: Malaquita nativa
dricos, com faces curvadas. Outras formas são raras. Em
massas granulares grosseiras até massas de granulação
fina e compacta. Geminação segundo {0001} comum, ge- Dados Cristalográficos: monoclínico 2/m
minação lamelar segundo {0221}. Ankerita - geralmente Hábito: cristais aproximadamente prismáticos,
não ocorre em cristais bem formados, quando presentes mas raramente distintos. Cristais podem ser pseudomor-
os cristais são semelhantes aos da dolomita. fos de azurita. Geralmente em fibras radiais formando
Propriedades Físicas: massas botrioidais e estalactíticas. Frequentemente gra-
Clivagem: {1011} perfeita nular ou terroso.
Dureza: 3,5 . 4,0 Propriedades Físicas:
Peso Específico: 2,85 (aumenta com a substitui- Clivagem: {201}perfeita, mas raramente observa-
ção por Fe, em direção à ankerita) da
Brilho: vítreo, perláceo em algumas variedades. Dureza: 3,5 . 4,0

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Peso Específico: 3,9 . 4,03 oxigênio do grupo triangular (CO3) é ligado a um cobre.
Brilho: adamantino a vítreo em cristais, frequen- Paragênese e Usos: Idem malaquita.
temente sedoso nas variedades fibrosas. Sem brilho nas
variedades terrosas 3.5.4. CLASSE DOS SULFATOS E WOLFRAMATOS
Cor: verde brilhante
Translúcido • BARITA . BaSO4
Traço: verde pálido
Composição e Estrutura: CuO 71,9 %, CO2 19,9
%, H2O 8,2 % . Cu2+ é octaedricamente coordenado com
O2- e (OH)- em octaedros CuO2(OH)4 e CuO4(OH)2. Esses
octaedros estão ligados ao longo dos vértices formando
cadeias que são paralelas ao eixo. c.. As cadeias estão li-
gadas por grupos (CO3)2.
Paragênese e Usos: Associado a outros produtos
de alteração supergênica (como azurita, cuprita, cobre
nativo e óxidos de ferro) de depósitos de cobre. Por sua
cor distinta, frequentemente é útil para indicar a presen-
ça de minerais de cobre em uma paragênese. Também Figura 64: cristal de barita
utilizada como gema.
Dados cristalográficos: ortorrômbico, 2/m 2/m
• AZURITA Cu3(CO3)2(OH)2 2/m
Hábito: cristais geralmente tabulares segundo
{001}, frequentemente apresentando hábito de diaman-
te. Prismas {0kl} e {h0l} são comuns. Cristais podem ser
muito complexos. Grupos divergentes de cristais tabula-
res formando flores ou outras formas complexas. Tam-
bém laminado grosseiro, granular e terroso.
Propriedades físicas:
Clivagem {001} perfeita, {210} menos perfeita
Dureza: 3,0 a 3,5
Peso específico: 4,5
Brilho: vítreo, em alguns espécimes é perláceo
Cor: incolor, branco, e tons claros de azul, amare-
Figura 63: Azurita nativa
lo, vermelho
Transparente a translúcido.
Dados Cristalográficos: monoclínico 2/m
Composição e estrutura: BaO 65,7 % e SO3 34,3
Hábito: variável. Cristais geralmente complexos e
% para barita pura. Sr substitui Ba e uma completa solu-
mal formados. Também em grupos esféricos radiais.
ção sólida existe entre barita e celestita, mas a maioria
Propriedades Físicas:
dos espécimes apresenta composição próxima a um dos
Clivagem: {011}perfeita, {100} razoável
dois extremos da solução sólida. Pequenas quantidades
Dureza: 3,5 . 4,0
de Pb podem substituir Ba. Estrutura: cada ion de Ba está
Peso Específico: 3,77
coordenado a 12 oxigênios pertencentes a sete diferen-
Brilho: vítreo
tes grupos (SO4). Os sulfatos de Sr (celestita) e de Pb (an-
Cor: azul intenso
glesita) são isoestruturais com a barita.
Transparente a translúcido
Paragênese e usos: Barita é um mineral comum,
Composição e Estrutura: CuO 69,2 %, CO2 25,6 %,
de ampla distribuição. Ocorre como ganga em veios hi-
H2O 5,2 % . A estrutura da azurita contém Cu em grupos
drotermais, associada à mineralizações de Ag, Pb, Cu, Co,
quadrados coplanares com 2 O2 e 2 (OH)- . Estes grupos
Mn e Sb. Associada a calcita em veios em rochas calcá-
quadrados estão ligados em cadeias paralelas ao eixo .b..
rias ou em depósitos argilosos residuais sobre calcários.
Cada grupo (OH)- é compartilhado por três Cu2+ e cada

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A maior parte da barita é usada como lama pesada na GIPSITA - CaSO4.2H2O


exploração de óleo e gás. É também a principal fonte de
Ba, o qual é empregado nas indústrias química, de tintas,
papéis, roupas e cosméticos, e como material de contras-
te em radiologia.

• ANIDRITA . CaSO4

Figura 66: Cristal de gipsita

Dados cristalográficos: monoclínico 2/m


Hábito: Cristais de hábito simples, tabulares se-
gundo {010}, em forma de diamante. Outras formas são
raras. Geminação segundo {100} é comum Propriedades
físicas:
Figura 65: Cristais de anidrita Clivagem: {010} perfeita, resultando em foliação
fina: {100} resultante em superfície conchoidal; {011}
Dados cristalográficos: ortorrômbico 2/m 2/m com fratura fibrosa.
2/m Dureza: 2,0
Hábito: Cristais raros, quando presentes são Peso específico: 2,32
tabulares espessos segundo {010}, {100} ou {001}; Brilho: geralmente vítreo, também perláceo e se-
também prismáticos paralelos a .b.. Geralmente maci- doso
ço ou em massas cristalinas se assemelhando a cristais Cor: incolor, branco, cinza; vários tons de amare-
isométricos com clivagem cúbica. Também fibroso ou lo, vermelho, marrom devido a impurezas.
granular. Transparente a translúcido
Propriedades físicas: Composição e estrutura: CaO 32,6 %, SO3 46,5 %
Clivagem: {010} perfeita, {100} quase perfeita, e H2O 20,9 %. Como resultado da desidratação da gipsita
{001} boa Dureza: 3,0 a 3,5 várias fases podem ocorrer, tais como γCaSO4 (onde todo
Peso específico: 2,89 a 2,98 o H2O é perdido) e uma fase metaestável CaSO4.½H2O.
Brilho: vítreo a perláceo nas superfícies de cli- Durante o processo de desidratação 1,5 molécula de H2O
vagem é perdida de modo relativamente contínuo entre 0 e 65oC,
Cor: incolor a azulado ou violeta. Também gerando apenas mudanças suaves na estrutura de gipsita.
pode ser branco ou com tons de rosa, marrom ou ver- Em torno de 70oC a ½ molécula de H2O restante está ain-
melho da fortemente ligada na estrutura do CaSO4.½H2O, mas
Composição e estrutura: CaO 41,2 %, SO3 58.8 em torno de 95ºC esta molécula é perdida e um estru-
%. Estrutura: cada ion Ca está coordenado com 8 oxi- tura polimorfa da anidrita é gerada. Estrutura: consiste
gênios pertencentes a diferentes grupos de (SO4). de camadas de grupos (SO4) paralelas a {010}, esse gru-
Paragênese e usos: Anidrita ocorre comumen- pos aniônicos estão fortemente ligados aos Ca. Camadas
te associada com gipsita, mas é menos comum. En- sucessivas desse tipo estão separadas por folhas de H2O.
contrada em camadas de depósitos evaporíticos, em As ligações entre H2O de diferentes folhas são fracas, o
calcários e, ocasionalmente preenchendo vesículas de que explica a excelente clivagem segundo {010}. A per-
rochas vulcânicas. Pode ser utilizada como um corre- da de moléculas de H2O ocasiona colapso na estrutura e
tivo de solo, como elemento retardador na fabricação transformação no polimorfo metaestável da anidrita com
de cimento Portland e como fonte de enxofre para fa- consequente perda da excelente clivagem e diminuição
bricação de ácido sulfúrico. no peso específico.
Paragênese e usos: Gipsita é um mineral fre-
quente, de ampla distribuição em rochas sedimentares.

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Camadas de gipsita podem ocorrer associadas a calcários nitos. Mais raramente em veios de sulfetos. Minerais co-
e folhelhos, ou nas seções inferiores de depósitos eva- mumente associados são cassiterita, scheelita, bismuto,
poríticos (é um mineral de cristalização precoce nos eva- quartzo, pirita, galena, esfalerita e arsenopirita. Principal
poritos). Comumente associado à halita, anidrita, calcita, fonte de tungstênio (W), usado para aumentar a dureza
dolomita, enxofre, pirita e quartzo. Usado principalmen- de ligas metálicas (vídea), usadas em ferramentas, válvu-
te para a produção de gesso, também como corretivo de las, instrumentos de corte, etc. Também para produção
solo e como retardador em cimento Portland. As varieda- de filamentos de lâmpadas elétricas.
des espato acetinado e alabastro são usadas como pedra
ornamental. • SCHEELITA - CaWO4

• WOLFRAMITA (Fe,Mn)WO4

Figura 68: Cristais de Scheelita

Figura 67: Wolframita nativa Dados cristalográficos: tetragonal 4/m


Hábito: Cristais geralmente bipiramidais sim-
Dados cristalográficos: monoclínico, 2/m ples {101}. A bipirâmide {112} assemelha-se a um oc-
Hábito: Cristais comumente tabulares paralelos a taedro em termos dos seus ângulos. Também maciço
{100}, gerando hábito laminar, com faces estriadas para- granular.
lelas a.c.. Em agregados laminares, lamelares ou coluna- Propriedades físicas:
res. Granular maciço Clivagem: {101} distinta
Propriedades físicas: Dureza: 4,5 a 5,0
Clivagem: {010} perfeita Peso específico: 5,9 a 6,1
Dureza: 4,0 a 4,5 Brilho: vítreo a adamantino
Peso específico: 7,0 a 7,5 aumentam com o au- Cor: branco, amarelo, verde, marrom
mento do teor de Fe Brilho: sub-metálico a resinoso Translúcido, alguns espécimes são transparentes
Cor: preto em febergita a marrom em huebeneri- Scheelita geralmente fluoresce (cor branco azulado) devi-
ta do à radiação ultravioleta. Composição e estrutura: CaO
Traço: varia de quase preto a marrom 19,4% e WO3 80,6%. Mo pode substituir por W e uma
Composição e estrutura: Fe2+ e Mn2+ substituem- série parcial se estende a powelita CaMoO4. A estrutura
-se mutuamente em todas as proporções e completa so- da scheelita consiste de tetraedros achatados de (WO4) e
lução sólida existe entre febergita FeWO4 e huebenerita poliedros de CaO8.
MnWO4. A percentagem de WO3 é 76,3 em febergita e Paragênese e usos: Scheelita é encontrada em
76,6 em huebenerita A estrutura da wolframita consiste pegmatitos graníticos, veios hidrotermais de alta tempe-
de grupos tetraedrais distorcidos de (WO4) e octaedrais ratura associados a rochas graníticas e em depósitos de
de (Fe,Mn)O6. A partir de dados de distâncias interatô- metamorfismo de contato (como escarnitos). Minerais
micas em torno do W, pode-se concluir que o W está em comumente associados incluem cassiterita, topázio, flu-
coordenação octaédrica distorcida. orita, apatita, molibdenita e wolframita. Localmente en-
Paragênese e usos: Ocorre em pegmatitos e contrada em veios de quartzo com ouro e prata. Minério
veios de quartzo de alta temperatura, associados a gra- de tungstênio.

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3.5. CLASSE DOS HALOGENETOS nos cantos e no centro das faces de uma cela cúbica (ar-
ranjo cúbico de face centrada). Os ions F estão em coor-
Halogenetos são minerais em que um elemento denação tetraédrica com 4 Ca2+ Cada Ca2+ está coordena-
do grupo dos halogêneos (Cl, Br, F e I) é o único ânion, ou do a 8 F. Outros exemplos desse tipo de estrutura são os
o ânion principal. Os halogênios formam íons grandes, de óxidos uraninita UO2 e torianita ThO2.
carga (- 1), facilmente polarizáveis. Quando estes ânions
combinam-se com cátions grandes, pouco polarizáveis e 3.5.1. HALITA (sal-gema) – NaCl
de baixa valência, como os metais alcalinos, formam os
exemplos mais próximos possíveis de ligação iônica pura,
o que confere a estes minerais as seguintes propriedades
gerais:
- Alto grau de simetria
- dureza relativamente baixa
- pontos de fusão moderados a altos
- baixa condutividade térmica e elétrica no esta-
do sólido
- aumento significativo da condutividade com a
temperatura.
Quando o cátion é menor e mais facilmente pola- Figura 69: Cristal de halita
rizável, as ligações químicas adquirem um caráter ligeira-
mente mais covalente, resultando em simetria mais baixa. Dados cristalográficos: isométrico 4/m 2/m
Existe uma diferença importante de ambiente geológico Hábito: Cúbico, outras formas são raras. Al-
entre os fluoretos e os demais halogenetos(cloretos, bro- guns cristais possuem forma de tremonha (pirâmide
metos, etc). A maioria dos halogênios (Cl, Br, I) ocorre pre- oca invertida), que resulta da maior taxa de cresci-
ferencialmente em minerais de rochas sedimentares (em mento nos cantos e arestas no cristal, relativamente
especial aquelas formadas pela evaporação da água do ao centro das faces. Ocorre também em massas gra-
mar os evaporitos), mas são raros em minerais de rochas nulares a compactas e em raras variedades fibrosas
ígneas ou metamórficas, estando presentes apenas como Propriedades físicas:
elementos menores ou traços em minerais como apati- Clivagem: {100} perfeita.
ta, sodalita e escapolita. Por outro lado, o Flúor, embora Dureza: 2.5
esteja presente em minerais de algumas rochas sedimen- Densidade relativa: 2.16 (baixa)
tares, é muito comum em minerais de rochas ígneas, de Brilho: vítreo, transparente a translúcido
pegmatitos, de veios hidrotermais, e de rochas formadas Cor: incolor a branco. Impurezas podem resul-
por metamorfismo de contato e metassomatismo. tar em tonalidades de amarelo, vermelho, rosa, azul e
Tipos de estrutura púrpura.
Dois tipos de estrutura são comuns nos haloge- Traço: branco
netos: Solúvel em água com extrema facilidade. Gos-
•Estrutura tipo halita ⇒ Muitos halogenetos do to salgado.
tipo XZ (isto é, relação cation:ânion de 1:1) possuem uma Composição e estrutura: Na 39.3 %, Cl 60.7 %.
estrutura em que cada cátion e cada ânion são cercados Impurezas comumente presentes incluem sulfatos de
por seis vizinhos em coordenação octaédrica. Minerais cálcio e magnésio e cloretos de cálcio e magnésio.
que cristalizam com este tipo de estrutura compreendem Paragênese e usos: halita ocorre em depósitos
halita NaCl, silvita KCl, e Cerargirita AgCl. Alguns sulfetos e sedimentares precipitados por evaporação de água
óxidos do tipo XZ também apresentam estrutura do tipo salgada (evaporitos), em associação com gispsita, sil-
halita: galena PbS, Alabandita MnS, Periclásio MgO. vita, anidrita, calcita e componentes detríticos como
•Estrutura tipo fluorita ⇒ Aplicável a muitos dos areias e argilas. Os principais usos são como sal de co-
halogenetos do tipo XZ2 (isto é: relação cátion:ânion de zinha e como fonte de cloro e sódio para a indústria
1:2). Na fluorita (CaF2) os cátions Ca2+ estão posicionados química.

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3.5.2. SILVITA – KCl 3.5.3. CERARGIRITA – AgCl

Figura 71: Cerargirita nativa

Dados cristalográficos: Isométrico, 4/m 2/m


Hábito: cúbico, mas raramente forma cristais.
Figura 70: Silvita nativa Frequentemente maciço, lembrando o aspecto
da cera.
Dados cristalográficos: isométrico. 4/m 2/m. Propriedades físicas:
Hábito: cristais cúbicos e octaédricos frequente- Dureza: 2 - 3
mente combinados. Frequentemente em massa cristali- Densidade relativa: 5.5
nas granulares. Cor: cinza perolado a incolor. Escurece rapida-
Propriedades físicas: mente até uma cor violeta ou marrom quando exposta à
Clivagem: {100} perfeita luz.
Dureza: 2 Séctil, pode ser cortada com o canivete.
Densidade relativa: 1.99 (baixa) Composição e estrutura: Ag 75.3 %, Cl 24.7 %.
Brilho: vítreo. Transparente a translúcido. Forma solução sólida completa com AgBr, e pode conter
Cor: incolor ou branco. Impurezas podem resul- pequenas quantidades de I, substituindo Cl ou Br.
tar em tons de azul, amarelo ou vermelho. A cor verme- Paragênese e usos: a cerargirita é um minério
lha, decorrente de pequenas inclusões de hematita, é co- supergênico de prata, encontrado na zona superior, enri-
mum. quecida de depósitos de prata. Associada com prata nati-
Traço: branco va, cerussita e produtos de alteração em geral.
Menos quebradiça que a halita, ao ser sulcada
com o canivete produz menos pó (tendência do mineral a 3.5.4. CRIOLITA . Na3AlF6
ser relativamente mais séctil). Gosto salgado, mais amar-
go do que a halita. A silvita é solúvel em água com muita
facilidade.
Composição e estrutura: K 52.4%, Cl 47.6%. Pos-
sui a mesma estrutura cristalina da halita. Solução sólida
entre halita e silvita é muito restrita, por causa da diferen-
ça de raio iônico entre o Na+ e o K+.
Paragênese e usos: ocorre nos mesmos ambien-
tes geológicos e paragêneses que a halita, mas silvita é Figura 72: Crstal de criolita
muito menos comum. Silvita é utilizada principalmente
na indústria de fertilizantes, pois combina alto teor de Dados cristalográficos: monoclínico. 2/m
potássio com um caráter facilmente solúvel. Também uti- Hábito: Formas comuns são {001} e {110}. É ge-
lizada na produção de hidróxido de potássio para a indús- ralmente maciça, mas pode ocorrer como raros cristais
tria química. pseudocúbicos.
Propriedades físicas:
Clivagem: partição segundo {110} e {001} resulta

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em formas de aparência cúbica para fertilizantes (embora não tanto quanto silvita).
Dureza: 2.5
Densidade relativa: 2.95 . 3.0 3.5.6. FLUORITA . CaF2
Brilho: vítreo a graxoso. Transparente a translúci-
da. Aspecto de gelo.
Cor: incolor a branco-neve
Aspecto de parafina. O índice de refração muito
baixo (próximo do da água) resulta no quase total desa-
parecimento do pó do mineral, quando imerso em água.
Composição e estrutura: Na 32.8%, Al 12.8%,
F 54.4%. O Al está em coordenação octaédrica a seis F.
Ions Na+ também são circundados por seis F, porém em
um arranjo menos regular. Isométrica (Fm3m) acima de Figura 74: Cristais de fluorita
550oC. Paragênese e usos: A criolita é um mineral raro,
utilizado para a fabricação de sais de sódio, certos tipos Dados cristalográficos: isométrico, 4/m 2/m
de vidro e porcelana. Criolita natural foi amplamente uti- Hábito: cristais cúbicos, frequentemente gemi-
lizada como fundente na industria de alumínio, mas com nados segundo [111]. tetrahexaédricas e hexaoctaédricas
o esgotamento das reservas foi substituída por um equi- são menos frequentes. Octaedros verdadeiros são raros,
valente sintético, fabricado a partir da fluorita. mas são frequentes as formas octaédricas produzidas pe-
los planos de clivagem. Também maciça, granular, colu-
3.5.5. CARNALITA . KMgCl3.6H2O nar.
Propriedades físicas:
Clivagem: {111} perfeita
Dureza: 4
Densidade relativa: 3.18
Brilho: vítreo
Cor: muito variável: comumente verde-claro,
amarelo, verde azulado, violeta. Menos comumente
branco, rosa, azul, marrom. Frequentemente bandada ou
zonada, em cores diversas. Fluorescência.
Composição e estrutura: Ca 51.3%, F 48.7%. Y e
Figura 73: Carnalita nativa terras raras, em especial Ce, podem substituir o Ca.
Paragênese e usos: A fluorita é amplamente dis-
Dados cristalográficos: ortorrômbico, 2/m2/ tribuída, ocorrendo em associação com um grande núme-
m2/m ro de minerais, como calcita, dolomita, gipsita, celestita,
Hábito: cristais são incomuns, pseudo-hexago- barita, quartzo, galena, esfalerita, cassiterita, topázio, tur-
nais. Normalmente maciça ou granular. malina e apatita. Comum em rochas sedimentares como
Propriedades físicas: calcários e dolomitos, e como acessório em rochas ígneas
Clivagem: não apresenta. Fratura conchoidal e pegmatitos. O principal modo de ocorrência é em veios
Dureza: 2.5 hidrotermais. Os principais usos (aproximadamente 90%)
Densidade relativa: 1.6 (baixa) da fluorita são na indústria química, para a produção de
Brilho: graxoso ácido fluorídrico, e como fundente na indústria do aço.
Cor: incolor a branco leitoso, amarelo, raramente Usos menos comuns são na fabricação de vidro, cerâmica
azulado. Freqüentemente vermelho, devido a inclusões e materiais óticos.
orientadas de hematita. Transparente a translúcido Gosto
amargo, altamente higroscópico, dissolve em ambientes 3.6. CLASSE DOS FOSFATOS, ARSENIATOS, VANADATOS.
úmidos.
Paragênese e usos: ocorre nas camadas superio- Os minerais desta classe são caracterizados pela
res de alguns evaporitos, em associação com halita, silvi- presença de unidades tetraédricas de (PO4), (AsO4) e
ta e kieserita (MgSO4.H2O). Importante fonte de potássio (VO4), onde os elementos P, As e V podem substituir-se

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mutuamente. Paragênese e usos: trifilita e litiofilita são mine-


Destas substituições podem resultar séries de so- rais de pegmatitos, comumente associados com outros
luções sólidas completas, como no caso dasérie da piro- fosfatos, espodumênio e berilo.
morfita, Pb5(PO4)3Cl . Mimetita Pb5(AsO4)3Cl . Vanadinita,
Pb5(VO4)3Cl. 3.6.2 - MONAZITA . (Ce,La, Y, Th)PO4
Alguns dos principais representantes desta classe
são:
- Trifilita, Li(Fe,Mn)PO4 . Litiofilita, Li(Mn,Fe)PO4
- Monazita . (Ce,La, Y, Th)PO4
- Grupo da apatita
- Apatita Ca5(PO4)3(F,Cl,OH)
- Piromorfita Pb5(PO4)3Cl
- Vanadinita Pb5(VO4)3Cl
- Ambligonita LiAlFPO4
Lazulita (Mg,Fe)Al2(PO4)2(OH)2
Scorzalita (Fe,Mg)Al2(PO4)2(OH)2 Figura 76: Monazita nativa

3.6.1 - TRIFILITA, Li(Fe,Mn)PO4; LITIOFILITA, Li(Mn,Fe)PO4 Dados cristalográficos: monoclínico 2/m


Hábito: cristais raros e geralmente pequenos, acha-
tados segundo {100} ou alongados segundo .b.. Geralmente
em massas granulares, frequentemente como areia.
Propriedades físicas:
Clivagem: {100} pobre
Dureza: 5,0 a 5,5
Densidade relativa: 4,6 a 5,4
Brilho: resinoso
Cor: marrom avermelhado a amarelado
Translúcida Radioativa, em função da presença
Figura 75: Trifilita nativa (A) litiofilita nativa (B) de Th.
Composição e estrutura: um fosfato de terras
Dados cristalográficos: ortorrômbico 2/m 2/m raras essencialmente (Ce,La,Y,Th)PO4. O teor de Th pode
2/m atingir 20% ThO2. Si está frequentemente presente (até
Hábito: cristais raros, geralmente em massas percentagem razoável de SiO2 ). Na estrutura da mona-
quebráveis. Também compacto zita, os elementos terras raras estão em coordenação 9
Propriedades físicas: com oxigênio, unindo seis tetraedros de PO4.
Clivagem: {001} quase perfeita; {010} imperfeita Paragênese e usos: monazita ocorre como acessó-
Dureza: 4,5 a 5,0 rio em granitos, gnaisses, aplitos, pegmatitos. Também em
Densidade relativa: 3,42 a 3,56 (aumenta com o areias monazíticas, como resistato. Associada comumente
teor de ferro) com zircão, magnetita, ilmenita, rutilo. É o principal minério
Brilho: vítreo a resinoso de Th
Cor: cinza azulado em trifilita até rosa salmão ou
marrom em litiofilita. 3.6.3 . APATITA . Ca5(PO4)3(F,Cl,OH)
Translúcido
Composição e estrutura: Uma série completa
Fe2+ - Mn2+ existe entre os dois membros extremos puros.
Na estrutura dos membros desta série o Li e o (Fe, Mn)
estão em coordenação. Esses octaedros estão ligados ao
longo dos vértices em cadeias em zigzag que são conec-
tadas por tetraedros de (PO4).
Figura 77: Apatita nativa

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Dados cristalográficos: hexagonal 6/m Dados cristalográficos: hexagonal 6/m


Hábito: comumente ocorrem como cristais apre- Hábito: cristais geralmente prismáticos com pla-
sentando hábito em prismas longos, alguns prismas cur- no basal. Raramente mostrando truncações piramidais.
tos ou tabulares. Geralmente terminados por proemi- Frequentemente em forma de barril. Algumas vezes ca-
nentes bipirâmides, {10 1}, e freqüentemente um plano vernoso. Também em grupos de cristais paralelos. Fre-
basal. Muitos cristais mostram faces de uma bipirâmide quentemente globular, reniforme, fibroso e granular.
hexagonal, o que revela a simetria verdadeira. Também Propriedades físicas:
em massas granulares, maciças a compactas. Dureza: 3,5 a 4,0
Propriedades físicas: Densidade relativa: 7,04
Clivagem : Clivagem {0001} pobre Brilho: resinoso a adamantino
Dureza: 5,0 Cor: geralmente vários tons de verde, marrom,
Densidade relativa: 3,15 a 3,20 amarelo. Mais raramente amarelo alaranjado, cinza,
Brilho: vítreo a sub-resinoso branco.
Cor: geralmente tons de verde e marrom. Tam- Sub-transparente a translúcido
bém azul, violeta e incolor Composição e estrutura: Para Pb5(PO4)3Cl puro,
Composição e estrutura: Ca5PO4F fluorapatita PbO 82,2 %, P2O5 15,7 %, Cl 2,6%. (AsO4) substitui (PO4) e
é mais comum, mais raramente Ca5PO4Cl clorapatita e uma série completa se estende até mimetita Pb5(AsO4)3.
Ca5PO4(OH) hidroxilapatita. F, Cl e OH podem substituir-se Ca pode substituir o Pb. Estrutura: isoestrutural com apa-
mutuamente, gerando séries completas (CO3,OH) pode tita. Paragênese e usos: Mineral supergênico, encontrado
substituir (PO4) originando carbonato-apatita. O grupo na zona oxidada de minérios de Pb.
(PO4) pode ser substituído parcialmente por grupos (SO4).
A substituição P5+ por S6+ é compensada pela substituição 3.6.5 . AMBLIGONITA . LiAlFPO4
acoplada de Ca2+ por Na+. Além disso essa substituição P5+
por S6+ pode ser compensada pela substituição acoplada
de P5+ por Si4+. Ca pode ser substituído por Sr e Mn. Es-
trutura: os oxigênios dos grupos (PO4) estão ligados a Ca,
com 2/5 do Ca envolvido por 6 oxigênios mais próximos
na forma de prismas trigonais e 3/5 do Ca envolvido por
5 oxigênios e um F. Cada F (ou Cl, ou OH) está num triân-
gulo com 3 Ca.
Paragênese e usos: Apatita ocorre em rochas íg-
neas, sedimentares, metamórficas e hidrotermais, como
acessório ou por vezes formando concentrações impor- Figura 79: Cristal de ambligonita
tante. Colofana é o termo aplicado a apatita microscrista-
lina. O uso principal da apatita é na indústria de fertilizan- Dados cristalográficos: triclínico, 1
tes. Hábito: geralmente ocorre em massas grosseiras,
quebráveis. Cristais são raros, e geralmente grosseiros
3.6.4 . PIROMORFITA. Pb5(PO4)3Cl quando grandes. Frequentemente geminados segundo
{111}.
Propriedades físicas:
Clivagem : {100} perfeita, {110} boa, {011} distin-
ta
Dureza: 6,0
Densidade relativa: 3,0 a 3,1
Brilho: vítreo, perláceo na superfície de clivagem
{100}
Cor: branco a verde ou azul pálido. Raramente
amarelo.
Translúcido
Figura 78: Cristais de piromorfita

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Composição e estrutura: Li2O 10,1 %, Al2O3 34,4 4.1.1. OLIVINA: (Mg,Fe)2SiO4


%, F 12,9 %, P2O5 47,9 %. Li pode ser substituído por Na.
F pode ser substituído por (OH) provavelmente formando
uma série completa. Quando (OH) > F o mineral é deno-
minado montebrasita. Na estrutura da ambligonita, octa-
edros de AlO6 e os tetraedros de PO4 estão ligados pelos
vértices. Li está em coordenação e está posicionado entre
um tetraedro de PO4 e um octaedro de AlO6. Estrutura
compacta, que é refletida na alta densidade.
Paragênese e usos: ocorre em pegmatitos, com
espodumênio, turmalina, lepidolita, apatita. Minério de Figura 80: Cristal de olivina
Li.
Ocorre principalmente em rochas ígneas básicas
4. Os Silicatos e ultrabásicas e mármores magnesianos. Geralmente al-
tera-se a serpentinas (crisótilo e antigorita) e limonita. A
olivina altera-se durante o intemperismo.
Esta classe abrange a maioria dos minerais, pois,
95% da crosta terrestre é constituída de silicatos, predo- 4.1.2. GRANADA: (Ca,Mg,Fe,Mn)3 (Al,Fe,Cr)2(SiO4)3
minantemente do tipo feldspatos e quartzo. É por isso
que os silicatos são os principais minerais formadores das
rochas. Assim, o estudo sistemático das rochas é baseado
na identificação dos silicatos.
A estrutura fundamental dos silicatos é condicio-
nada pelo arranjo geométrico entre silício e oxigênio: o Si,
devido ao seu raio iônico menor (=0,40 Aº ), esta rodeado
por quatro oxigênios (raio iônico = 1,4 Aº ), originando
uma configuração tetraédrica, cuja composição é (SiO4)-4.
A carga negativa (-4) resultante desse arranjo te-
traédrico é compensado por ligações com íons positivos
(Si+4, Al+3, Mg+2, Fe+2, etc.), restabelecendo o equilíbrio
eletrostático. A união dos tetraedros (SiO4)-4 entre si, com
adição ou não de outros cátions, forma os vários tipos de
minerais silicatos. Figura 81: Cristal de Granada
O número de elementos que formam os silicatos
é relativamente pequeno, mas eles formam um grande A granada pode apresentar composição variada,
número de minerais porque os mesmos elementos po- contendo Fe, Mg, Al, Mn, Ca e Cr em quantidades diferen-
dem combinarse em diferentes proporções com os tetra- tes. Geralmente aparece em rochas metamórficas, asso-
edros de (SiO4)-4. Por isso, eles geralmente tem composi- ciada com hornblenda, augita, etc.
ção variada e complexa. A granada geralmente é resistente ao intempe-
Os silicatos são subdivididos em 6 subclasses de rismo, mas os tipos ricos em Ca alteram-se mais rapida-
acordo com o tipo de ligação entre estas estruturas tetra- mente do que os tipos ricos em Fe, Mg, Al. No solo, sob
édricas. São elas: condições ácidas, a decomposição é mais rápida.

4.1. NESOSSILICATOS 4.2. SOROSSILICATOS

Essa subclasse contém tetraédros (SiO4)-4 inde- Esta subclasse contém tetraedros (SiO4)-4 aos pa-
pendentes, isto é, não ligados a outras unidades. Elemen- res, ligados por um oxigênio em comum. Assim, a unida-
tos como Mg, Fe, Ca e Al é que interligam as unidades de fundamental é (Si2O7)-6.
tetraédricas.

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4.2.1. EPÍDOTO: Ca5(Al,Fe)Al2O(SiO4) (SiO7) (OH) 4.4. INOSSILICATOS

Esta subclasse contém unidades tetraédricas


(SiO3)-2 simples ou duplas (Si4O11)-6. Em vista disso, o
hábito desses minerais é geralmente alongado, na forma
de prismas, agulhas ou fibras.
Os inossilicatos são divididos em dois grupos:
grupo dos anfibólios e dos piroxênios.
São minerais escuros, onde há substituição par-
cial de Si+4 por Al+3, compensando a carga pela presença
de Ca+2, Mg+2 e Fe+2.

4.4.1. GRUPO DOS ANFIBÓLIOS

Este grupo é formado por cadeias duplas.


Figura 82: Cristais de epidoto com quartzo

4.4.1.1. TREMOLITA-ACTINOLITA: Ca2(Mg,Fe)5Si8O22(OH)2


Este mineral é encontrado em rochas metamórfi-
cas de baixo a médio grau de metamorfismo. Associa-se
com clorita, hematita, etc.

4.3 CICLOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraédros (SiO4)-4, ligados


por oxigênios em comuns, formando estruturas circula-
res, Assim, a unidade fundamental é (Si6O18)-12.

4.3.1. TURMALINA: Na(Mg,Fe)3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4


Figura 84: Cristais de tremolita-actinolita

São encontrados em rochas metamórficas. Esses


dois minerais, do ponto de vista prático, podem ser con-
siderados como um só. A tremolita associa-se ao talco,
granada, epídoto, calcita.

4.4.1.2. HORBLENDA: Na Ca2(Mg,Fe,Al)5(Si,Al)8 )22(OH)2

Figura 83: cristais de turmalina encrustados no quartzo

Figura 85: ristais de horblenda


É encontrada em pigmatitos graníticos e em ro-
chas metamórficas. Associa-se ao quartzo, feldspatos, mi-
É um mineral muito comum, encontrado em ro-
cas e apatitas. É resistente ao intemperismo, encontran-
chas ígneas e metamórficas. Associa-se ao quartzo, felds-
do-se nas areias.
patos, biotita, peiroxênios, clorita, epiídoto e calcita. É o
mineral mais comum do grupo dos anfibólios.

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4.4.2. GRUPO DOS PIROXÊNIOS 4.5.1.1. BIOTITA: K(Al,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2

Este grupo é formado por cadeias simples.

4.4.2.1. AUGITA: Ca(Mg,Fe,Al)(Al,Si)2O6

Figura 87: Lamelas de biotita

É um mineral comum, encontrado em rochas íg-


neas ácidas e intermediárias, e emrochas metamórficas
(xistos, gnaisses, etc.). Associa-se com o ortoclásio, quart-
Figura 86: Crital de augita zo, anfibólios, feldspatos, etc.
Do ponto de vista agronômico é importante por-
É o principal mineral deste grupo. É um silicato que possui pouca resistência a ação do intemperismo
ferromagnesiano muito comum em rochas ígneas bási- químico, sob climas quentes e úmidos, formando clorita
cas. Associa-se à olivina, feldspatos, magnetita e horn- e outros argilominerais.
blenda. A biotita é importante fonte de K às plantas. Ro-
Do ponto de vista agronômico, os piroxênios e os chas ricas em biotita, em geral, originam solos que rara-
anfibólios são minerais facilmente mente são deficientes em K.
alteráveis, liberando nutrientes (Ca, Mg, Fe) e/ou elemen-
tos (Fe, Al, Si, Mg, O) para formação de novos minerais. 4.5.2.2. MUSCOVITA: KAl3 (AlSi3O10)(OH)2

4.5. FILOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraédros (SiO4)-4 arranja-


dos em folhas ou camadas. Cada tetraédro é ligado a três
outros adjacentes por oxigênios em comum. Essas estru-
turas em folhas são formadas por uma série de cadeias
duplas estendendo-se indefinidamente em duas dire-
ções, em vez de uma só direção como no caso dos inossi-
licatos de cadeias duplas. Além da configuração tetraédri-
Figura 88: Muscovita
ca, apresentam uma outra denominada octaédrica, onde
um íon central (Al+3, Mg+2, Fe+2, Fe+3) está rodeado por 6
oxigênios ou hidroxilas. É um mineral comum em rochas ígneas, sedi-
mentares e metamórficas. Associa-se aos feldspatos, bio-
4.5.1. GRUPO DA MICAS tita, quartzo, etc. Minúsculas lamelas de muscovita são
comuns em rochas metamórficas e são chamadas de Se-
As micas são silicatos onde os tetraedros estão recita.
unidos formando lâminas, cujo empilhamento forma ca- A muscovita é mais resistente ao intemperismo
madas, dando aspecto plano estratificado. As micas mais do que a biotita e, embora contenha significativo teor de
comuns são a muscovita de cores claras, e a biotita de K na sua composição (10% K2O), esse mineral não repre-
cores escuras. senta reserva útil de K às plantas, em virtude da dificulda-
de de sua liberação.

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4.5.2. GRUPO DOS ARGILOMINERAIS a neutralização das cargas.


Esses outros cátions são geralmente o K, Na ou
Os argilominerais são minerais secundários, for- Ca.
mados a partir do intemperismo dos silicatos constituin-
tes das rochas. São encontrados em rochas sedimentares, 4.6.1. GRUPO DOS FELDSPATOS
sedimentos e em solos. Apresenta uma estrutura cristali-
na em camadas características dos filossilicatos, formadas Os feldspatos são os minerais mais abundantes
por lâminas tetraédricas unidas a lâminas octaédricas. A na crosta terrestre porque entram na composição da
importância dos argilominerais reside no fato de que fa- maioria das rochas. São minerais de cores claras, nos
zem parte da fração coloidal do solo, a qual se constitui quais parte dos tetraedros contém Al+3 em lugar do Si+4
no componente de maior importância nas propriedades que resulta uma deficiência de carga positiva que é com-
físicas e químicas do solo. pensada pela presença de cátions com Ca, Na e K.
A lâmina tetraedral é formada pela união de te-
traedros de SiO4-4, enquanto a lâmina octaédrica é forma- 4.6.1.1. FELDSPATOS POTÁSSICOS OU ALCALINOS
da pela união de octaedros de AlO4 -5. A união entre a lâ-
mina tetraedral e a octaedral dá-se através dos oxigênios 4.6.1.1.1. ORTOCLÁSIO: KAlSi3O8
apicais dos tetraedros, que são compartilhados com os
octaedros da lâmina octraedral. Esta ligação muito forte
entre lâminas tetraedrais e octraedrais forma camadas,
em geral 10 a 20 sobrepostas, constituindo o argilomine-
ral.
Quando as camadas são compostas por lâmina
tetraedral unida a uma lâminaoctraedral, os argilomine-
rais são denominados de 1:1. Quando as camadas são
constituidas de duas lâminas tetraedrais e uma lâmina
octaedral situada no meio destas, o argilomineral é cha- Figura 89: Ortoclásio
mado de 2:1. As ligações entre as camadas podem ser
muito fortes, impedindo a sua separação, constituindo os É um mineral muito comum. Ocorre em rochas
argilominerais não expansivos. Em outros casos, a ligação ígneas ácidas e em rochas sedimentares (arenitos). As-
entre as camadas não é tão rígida, permitindo o maior ou socia-se ao quartzo e biotita. Apresenta macla de dois
menor afastamento das camadas entre si, constituído os indivíduos do tipo penetração, conhecida pelo nome de
argilominerais expansivos. macla de Carlsbad. Frequentemente, durante o intempe-
A classificação dos argilominerais está, portanto, rismo químico, altera-se à caulinita.
baseada no arranjo dessas camadas tetraédricas e octa-
édricas, no espaçamento entre elas e nos elementos quí- 4.6.1.1.2. MICROCLÍNIO: KAlSi3O8
micos envolvidos.
Os principais argilominerais são a montmoriloni-
ta e a caulinita. Existem classificação mais completas dos
argilominerais, entretanto, aqui leva-se em consideração
o interesse didático.

4.6. TECTOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraedros (SiO4)-4 ligados


entre sí por oxigênios em comum, produzindo uma es-
trutura contínua tridimencional. Assim, a relação Si:O é Figura 90: Cristal de microclinio
1:2. Em muitos casos, o Al+3 substitui parte do Si+4 e, por
isso, ocorre a adição de outros cátions disponíveis na re- É encontrado comumente em pegmatitos, veios
gião em que os minerais estão cristalizado, para que haja hidrotermais e rochas metamórficas (gnaisses). É muito

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semelhante ao ortoclásio com relação às propriedades à sua alta resistência química e física. É o silicato com a
físicas e alteração. composição química mais simples (SiO2). O arranjo estru-
tural compacto dos tetraedros lhe confere grande resis-
4.6.1.2. FELDSPATOS CALCO-SÓDICOS OU PLAGIOCLÁ- tência à alteração. Nas rochas graníticas o quartzo é o mi-
SIOS: (Ca,Na)(Al,Si)AlSi2O8 neral de fácil reconhecimento, pois se assemelha ao vidro
quebrado. Como não tem clivagem, quebra-se com uma
superfície irregular, abaulada. Não contém nutrientes es-
senciais para as plantas, mas tem participação importan-
te na formação do esqueleto do solo, sendo o principal
componente da fração arenosa do solo.
O quartzo apresenta variedades cristalinas e crip-
tocristalina:

4.6.2.1. PRINCIPAIS VARIEDADES CRISTALINAS.

Figura 91: Plagioclásio 1. Quartzo hialino ou cristal de rocha: é quando se apre-


senta incolor, puro e transparente.
Os plagioclásios formam uma série contínua que 2 Ametista: de cor violeta (roxa) devido à presença de pe-
vai da albita (NaAlSi3O8) até a anortita (CaAl2Si2O8). quenos teores de Fe+3.
São encontrados em rochas ígneas, sedimentares 3. Quartzo róseo: de cor rosa devido à presença de pe-
e metamórficas. São, portanto, os mais abundantes mi- quenos teores de Ti.
nerais formadores de rochas. Pelo intemperismo químico 4. Quartzo citrino: de cor amarela devido à presença de
originam argilominerais. pequenos teores de Fe+2.
Do ponto de vista agronômico, os feldspatos são 5. Quartzo enfumaçado: cor cinza a preta devido a expo-
minerais importantes devido aos elementos úteis às plan- sição do mineral às radiações.
tas que eles contêm e, também, pela facilidade com que 6. Quartzo leitoso: cor branca leitosa devido às inclusões
eles são colocados em condições de serem assimilados fluidas líquida ou gasosa em grande
pelas plantas. número e pequeno tamanho que estão presentes no mi-
Os feldspatos são minerais de fácil desagregação neral. Às vezes, mostra brilho graxo.
e decomposição, liberando nutrientes
essenciais às plantas como o K, Na, Ca e de Al , Si e O para 4.6.2.2. VARIEDADES CRIPTOCRISTALINA
a formação de novos minerais.
1. Calcedônia: apresenta cores variadas, muitas
4.6.2. QUARTZO vezes em bandas (ágata, ônix), é translúcida e o brilho é
fosco ou graxo. Ocorre, geralmente, preenchendo cavida-
des em rochas vulcânicas, depositada por soluções aquo-
sas hidrotermais ricas em sílica. Neste caso é comum,
também, sua associação com variedades cristalinas de
quartzo (ametista, hialino)
O quartzo desempenha um papel importante
como constituinte principal da fração arenosa do solo,
exercendo influência direta na porosidade e permeabi-
lidade, capacidade de adsorção de bases e retenção de
Figura 92: Cristais de quartzo água no solo.
A abundância do quartzo na composição granulo-
O quartzo é um tectossilidato muito abundante, métrica do solo deve-se á natureza mineralógica da rocha
encontrado nas rochas ígneas, sedimentares e metamór- original e decorre da resistência do mineral á ação do in-
ficas. Ocorre como mineral mais comum na superfície temperismo. Assim, durante o intemperismo, o quartzo
do globo terrestre, entre as rochas sedimentares, graças não de decompõe, mas apenas se fragmenta.

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Referências Bibliográficas

BATEMAN, A. Yacimientos Minerales de Rendimiento Economico. Barcelona: Omega, 1968, 752 p.


CRAIG, J.R.; VAUGHAN, D.J. & SKINNER, B.J. Resources of the Earth, Origen, Use, andEnvironmental Impact. Upper
Saddle River: Prentice Hall, 2001, 520 p.
KLEIN, C. The Manual of Mineral Science. New York: John Wiley & Sons, 2003, 646 p.
MILOVSKY, A.V. & KONONOV, O.V. Mineralogy. Moscow: Mir Publishers, 1985, 320 p.

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