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Prof.

Nilson Francisquini Botelho

MINERALOGIA

A CIÊNCIA DOS MINERAIS


1. INTRODUÇÃO
O curso de Mineralogia será dividido em três módulos:
1°) Conceitos básicos em Mineralogia: revisão de conceitos de
cristaloquímica; estudo de defeitos cristalinos e dos tipos de
variações composicionais que podem ser encontrados nos minerais.
Conceitos básicos de estabilidade mineral, soluções sólidas,
polimorfismo. Tipos de geminação e as propriedades físicas dos
minerais. Esta parte do curso é essencialmente teórica e constitui o
assunto da 1a. prova.
2°) Cristalografia óptica: conceitos básicos de ótica cristalina,
necessários à utilização do microscópio polarizador. Refração da luz,
polarização da luz. Dupla refração e birrefringência. Microscópio
polarizador e seu manuseio. Minerais uniaxiais e biaxiais. Esta parte
compreende aulas teóricas e práticas e será o assunto da 2a. prova
teórica. Este módulo é fundamental para o bom desempenho do
aluno no módulo seguinte.
3°) Mineralogia sistemática: estudo da classe dos silicatos, minerais
que constituem a grande maioria das rochas. Este módulo é
essencialmente prático, sendo abordados aspectos teóricos e
práticos referentes ao reconhecimento e à descrição macroscópica e
microscópica dos minerais.
2. METODOLOGIA
O desenvolvimento do curso será feito por meio de
aulas teóricas e práticas e de estudos dirigidos. Os estudos
dirigidos deverão ser desenvolvidos extra-classe, de
preferência em grupo e são importantes para o aprendizado
dos fundamentos teóricos do curso . O horário de
atendimento pelo professor fica, em princípio, fixado às
segundas-feiras, no período da tarde.

3. OBJETIVOS DO CURSO
1) conhecimento dos conceitos básicos de ciência dos
minerais;
2) capacitação para utilização do microscópio polarizador com
luz transmitida;
3) identificação macroscópica e microscópica dos principais
silicatos;
4) capacitação para a leitura e compreensão de textos sobre
mineralogia;
5) noções de interpretação geológica com base em texturas,
estruturas e paragêneses.
4. AVALIAÇÃO
A avaliação será feita por meio de quatro provas teóricas
e duas práticas, cujas datas constam no cronograma (item 6), e
de trabalhos práticos (descrição de lâminas delgadas e
construção de diagramas). Para os trabalhos práticos, cada aluno
receberá uma lâmina de estudo no início do 2° módulo e no início
da abordagem de cada subclasse de silicatos. Os alunos poderão
consultar o professor e os monitores e discutir entre os colegas
para realização dos trabalhos. Atenção: será preciso estudar
outras lâminas além daquelas do trabalho prático.
O conteúdo, que deve ser acompanhado com os estudos
dirigidos (www.unb.br/ig/cursos/Mineralogia2/index.htm), e
o peso de cada unidade de avaliação são os seguintes:
Estudo dirigido Peso
1. 1a Prova teórica 08 e 09 1,0
2. 2a Prova teórica 01 1,0
3. 3a Prova teórica 02, 03, 04, 05 1,0
4. 4a Prova teórica 02 a 10 2,0
5. 1a Prova prática 02, 03, 04, 05 1,5
6. 2a Prova prática 02 a 07 2,5
7. Trabalhos práticos 1,0
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. KLEIN,C. & DUTROW,B. 2007 Mineral Science. John Wiley &


Sons, 23a. edição, 596 p.
2. KLEIN,C. & HURLBUT JR.,C. 2002 Manual of Mineralogy.
John Wiley & Sons, 22a. edição, 596 p.
3. DEER,W.H., HOWIE,R.A. & ZUSSMAN,J. 1992 An
introduction to the Rock-Forming Minerals. 2a. edição, Longman,
Londres, 696 p. (versão em português: Minerais constituintes das
rochas: uma introdução. Calouste Gulbekian, Portugal).
4. HEINRICH, E.W. 1970 Identification Microscopica de los
Minerales.
5. BLOSS,F.D. 1971 Cristalography and Crystal Chemistry: An
Introduction. Holtm Rinehart & Winston Inc., New York, 545 p.
6. WAHLSTROM, E.E. 1969 Cristalografia óptica. Ao Livro
Técnico S.A., USP, 367 p.
7. PHILIPS,W.R. 1971 Mineral Optics: Principles and
Techniques. W.H. Freeman & Co., San Francisco, 249 p.
8. BATTEY,M.H. 1984 Mineralogy for Students. 2a. edição,
Longman,Londres, 355 p
9. MACKENZIE,W.S. & GUILFORD, C. 1980 Atlas of rock-
forming minerals in thin section. Longman, 98 p.
Páginas para consulta sobre mineralogia

www.unb.br/ig/cursos/Mineralogia2/index.htm

www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/elearn.html

http://webmineral.com

www.mindat.org

Acesso ao Moodle-UnB (aprender.unb.br)


senha: MINE009
6. CRONOGRAMA DO CURSO
18/08 a 28/08 Revisão de conceitos em cristaloquímica.
Estudo Dirigido 1: variações estruturais e
composicionais; diagramas de estabilidade.

Estudo Dirigido 2: propriedades físicas dos minerais.

01/09 1a PROVA TEÓRICA

01/09 a 18/09 Estudo Dirigido 3: cristalografia ótica.


Aulas práticas: utilização do microscópio polarizador e
determinação das propriedades óticas dos minerais.

22/09 2a PROVA TEÓRICA

22/09 a 16/10 Estudo Dirigido 04: Classificação dos


silicatos.
Estudo Dirigido 09: Tectossilicatos
20/10 a 06/11 Estudo Dirigido 05: Nesossilicatos
Estudo Dirigido 06: Soro e
Ciclossilicatos. Minerais acessórios e
minerais secundários não silicatos:
carbonatos, espinélio, fluorita, apatita.

10/11 3a PROVA TEÓRICA


12/11 1a PROVA PRÁTICA – TURMA A
13/11 1a PROVA PRÁTICA – TURMA B

17/11 a 04/12 Estudo Dirigido 06: Inossilicatos:


piroxênios e anfibólios
08/12 a 11/12 Estudo Dirigido 07: Filossilicatos

15/12 4a PROVA TEÓRICA


17/12 2a PROVA PRÁTICA – TURMA A
18/12 2a PROVA PRÁTICA – TURMA B
O que é mineral?
Klein & Dutrow (2007) sólido de ocorrência natural, de
composição química definida, mas não necessariamente
fixa, com arranjo atômico altamente ordenado, e
geralmente formado por processos inorgânicos.

• Sólido
→ gases e líquidos excluídos
→ gelo (H2O): mineral água (H2O): não
→ mercúrio (Hg) (líquido): não Elemento nativo
cristalizado a -38,9 °C → mineral do sistema hexagonal

2. Natural
→ exclui laboratório, vontade:
→ só o gelo natural, formado de “água doce, H2O” é
um mineral! Ex. geleiras, lagos, rios
→ “minerais” sintéticos – gemas sintéticas
- o gelo da geladeira!
3. Possui composição química definida e homogênea
→ pode ser expressa por uma fórmula química:
SiO2 – quartzo
CaCO3 – calcita
Os minerais não são compostos daltonianos, então não
possuem a fórmula ideal usada para descrevê-los → Calcita
(Ca0.8 Mg0,1 Fe0,1) CO3

4. Possui arranjo ordenado de seus átomos


→ estrutura cristalina
→ sólidos naturais amorfos: vidro vulcânico, obsidiana; opala,
etc.

5. Formado por processos inorgânicos


→ em geral sim, mas existem muitos casos de processos
orgânicos:
→ dentes: Ca5(PO4, CO3)3 (OH, F, O) → apatita
→ cálculos renais: hidroxil-apatita, cloro-apatita
→ conchas: CaCO3 → calcita
→ vários outros minerais → biomineralização Ex.: precipitação
de sulfetos por bactérias.
Importância dos Minerais
Qual o objetivo da Ciência dos
Minerais?

Descrição
Caracterização
Aplicação
mineralogia descritiva
geologia, petrologia
metalogenia, gemologia, tratamento de
minérios, geometalurgia
indústria de materiais, ecologia, geologia
médica

Quem estuda minerais?


REVISÃO DE CONCEITOS DE
CRISTALOQUÍMICA

Halite
Na
Cl

Cl Cl

Cl
Tabela Periódica
Eletronegatividade de elementos mais comuns (Bloss, 1971)

metalóides
Tabela Periódica
Preenchimento de orbitais e valências

Banda de valência

Cr3+ 1s2 2s2 .....3d3


Átomos e íons mais importantes (Bloss, 1971)

(BO3)3- (CO3)2- (NO3)3-

(AlO4)5- (SiO4)4- (PO4)3- (SO4)2-


4. LIGAÇÕES IÔNICAS
Presentes na maioria dos minerais:
Œ Empacotamento máximo dos ânions
Œ Cátions preenchem os interstícios entre os ânions:
P Disponibilidade de diferentes sítios intersticiais

P Nem todos os tipos de sítios

são ocupados
P Ocupação apenas o suficiente

para atingir a neutralidade halita


elétrica
Œ Compostos com ligações
puramente iônicas:
P Alta simetria

P Dureza e densidade

média a baixa
Exemplo: halita NaCl
LIGAÇÕES FRACAS
1. Ligações de Van der Waals
Não envolvem elétrons de valência
Polarização entre átomos próximos, causando uma
concentração de elétrons em um dos lados do átomo →
efeito dipolo →
Moléculas neutras (cristais moleculares) mantidas coesas por
forças residuais fracas
Embora ocorram em vários
minerais, é mais comum em
compostos orgânicos
Dureza baixa, Clivagens
perfeitas
Exemplos: grafita, micas,
argilo-minerais
2. LIGAÇÕES COVALENTES
Átomos de eletronegatividade alta e similar
Interdigitação entre os orbitais externos
Rede de ligações fortes sem nenhum elo fraco
Ligações direcionais →
Baixa simetria, em geral,
e baixa densidade

Exemplo: diamante
LIGAÇÕES COVALENTES
Estrutura do diamante
Todos os átomos de carbono em
coordenação IV

Cela unitária do tipo FCC


3. LIGAÇÕES METÁLICAS

Envolvem átomos de eletronegatividade similar


Formadas por forças atrativas entre um núcleo de
carga positiva, devida à falta dos elétrons de
valência, e uma nuvem de elétrons móveis;
Ligações metálicas independem de direção →
propriedades físicas:
Altas: simetria, densidade, plasticidade, tenacidade,
ductibilidade, condutividade elétrica
Dureza geralmente baixa
Brilho metálico
Exemplos: elementos nativos (total), sulfetos (parcial)
ESTRUTURAS ORDENADAS E
DESORDENADAS E DEFEITOS
CRISTALINOS

α β Ax Bx α β Ax Bx
α α α α α α α α β α βα β
α α α α α α α βDom α íβnioα2 β α
α α α α α α α α αβ αβ α β
α α α α α β α α β α βα α
α α α α α α α βα βα α β
α α α α α α α α α α
α α α α α α Domαínio 1 α α α β
α α α α α α α α Dom β α β α
α α α α α α α α β α βínioα3 β
α α α α α α α α α βα βα

Fig 10-2 de Bloss, Crystallography and Crystal Chemistry. © MSA


Defeitos estruturais
1. Defeitos pontuais
a) Schottky (vacância) - ausência de um
cátion e de um ânion – manutenção do
equilíbrio eletrostático

a. Schottky defect

b) Frenkel - cátion (mais comum) ou


ânion deslocados de seu sítio
estrutural para um interstício

b. Frenkel defect
Defeitos estruturais
c) Impureza
Œ Entrada de íon estranho:

Œ Interstício

Œ No lugar de outro íon

b. Defeito Intersticial (impureza)


Defeitos Estruturais
2. Defeitos Lineares
Deslocamento axial

Deformação dúctil

Fig 10-4 de
Bloss,
Crystallography
and Crystal
Chemistry.©
MSA
Defeitos Estruturais
Defeitos Lineares
Deslocamento helicoidal (auxilia o crescimento do
cristal). Eixo helicoidal não faz parte da simetria do
cristal.

Fig 10-5 de
Bloss,
Crystallography
and Crystal
Chemistry. ©
MSA
Defeitos Estruturais
3. Defeitos planares
Presentes como estrutura linear ou cristal em mosaico. Limites entre
porções de orientação ligeiramente distinta dentro de um mesmo
cristal
Retículos são próximos o bastante para que o cristal pareça contínuo
Possui somente ordem de curto alcance (V4).

Fig 10-1 de Bloss, Crystallography and Crystal Chemistry. © MSA


FIM
Gelo é um mineral!
Cristais de gelo – H2O, hexagonal
Mercúrio Hg – sólido a -38,9°C, hexagonal

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